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Um dos aspectos do nosso caminho que mais nos afasta da impecabilidade, nos
afeta negativamente e drena uma parte grande da nossa energia e poder
pessoal é a nossa autoimportância, ou importância pessoal.
Para os xamãs toltecas, ela é um dragão de 3 mil cabeças, quase invencível, que
parece nunca ter fim.
Gastamos uma quantidade enorme da nossa energia preocupados com o "eu".
Com o que os outros estão pensando sobre nós, ou sobre o que nós pensamos
sobre nós mesmos.
Gastamos muita energia querendo agradar as pessoas, querendo manter uma
imagem social, querendo parecer humilde demais ou "fodão" demais, ficando
ofendidos com qualquer coisa, nervosinho com qualquer coisa, decepcionados e
magoados com qualquer situação, sendo afetados pelas atitudes dos outros,
querendo dar satisfação pra todo mundo de tudo que faz, tendo uma imagem
exagerada de nos mesmos totalmente despropositada, querendo nunca
decepcionar ninguém, querendo ter sempre razão, querendo mostrar que está
bem, tendo pena de si mesmo, querendo provar algo as outras pessoas,
querendo ser bonzinho pra ser aceito, querendo ser legal pra receber amor,etc.
Ficamos tão preocupados com nossa imagem social e nosso auto-reflexo, que
em algum momento, gastamos toda nossa energia tentando equilibrar esse
circo todo que armamos em volta do nosso ego. Essa é a parte mais macabra e
dramática da influência da autoimportância em nossas vidas: você se torna
refém das suas loucuras e da loucura dos outros, e gasta toda sua energia numa
batalha que não é a sua, ficando preso as correntes invisíveis da sua história
pessoal e das expectativas irreais, suas e dos outros.
Você deixa de ser você mesmo e se desconecta da sua essência.
Isso tem que ser resolvido, antes de qualquer empreitada no caminho do
conhecimento.
Afim de se tornar um guerreiro impecável, toda essa energia gasta com nosso
auto-reflexo e culto ao "eu" precisa ser redirecionada para fins mais
produtivos.VO guerreiro deve batalhar dia-a-dia, momento a momento, para
controlar sua autoimportância.
A quantidade de energia que é liberada e direcionada para outros aspectos de
sua vida quando o guerreiro controla sua autoimportância e vaidade é tão
grande, que é inevitável uma mudança em curto prazo da sua visão de mundo e
de si mesmo.
Sua percepção da realidade fica muito mais sóbria e envolvente. Sem os apegos
e mesquinharias do ego, sem o desperdício de energia que outrora ocorria
sustentando uma visão de mundo baseada no culto ao "eu", o guerreiro "abre"
sua visão, como se lhe tirassem os antolhos que antes limitavam sua percepção,
e vê o mundo a sua volta de uma forma totalmente diferente.
O homem comum olha tanto para si mesmo, pensa tanto sobre o que vai fazer
e o que os outros vão pensar, fica tão ofendido e magoado com tudo que lhe
acontece, que não pode ver as maravilhas a sua volta. Ele não tem tempo nem
energia para isso, e acaba ficando paralisado.
Atitudes derivadas de explosões de autoimportância sempre trazem
consequências desastrosas e danosas ao guerreiro, pois faz com ele leve tudo
para o lado pessoal.
Assim, o guerreiro que busca a impecabilidade em vez de gastar tanta energia
com a autoimportância; prefere agir de forma impecável e impessoal, e
direcionar toda essa energia para fins mais produtivos, se tornando muito mais
eficiente em todos os aspectos de sua vida.
Um guerreiro sem autoimportância se torna praticamente invulnerável, pois
nada mais que venha de fora o afeta.
É a sobriedade e o poder pessoal invadindo sua vida, proveniente de uma
atitude impecável de escolher conscientemente aonde gastar sua energia.
Temos que cortar uma cabeça por dia, todos os dias, desse enorme e perigoso
dragão que está sempre à nossa espreita.
A ILUSÃO E O PESO DA IMPORTÂNCIA PESSOAL
"A educação formal e informal do homem ocidental não dá margem a nada estranho ou
diferente do consenso social. O que é fora da norma do nosso bom senso é considerado
anormalidade.
Também falta ênfase na noção de responsabilidade para consigo mesmo: não falamos
suficientemente de responsabilidade para as nossas crianças, e por esta razão poucos
deixam de ser crianças, e vivem a vida como crianças profissionais.
Explicando melhor: a criança profissional é a pessoa que precisa de carinho constante e é
recompensada por meio de atenção dispensada à sua pessoa Ela é auto-importante, um
eterno infant-terrible.
No passado eu queria deixar de uma vez por todas de ser criança, mas eu era muito querido
por mim mesmo, e sempre tinha uma desculpa para que continuasse alimentando minha
auto-importância. Não fazia nada, não produzia nada, ações eram abafadas pelos meus
planos e decisões, e pelo meu senso de importância pessoal. Até que aprendi com Don Juan
a deixar de ser criança profissional e me tornei um guerreiro.
Ficar sentado, esperando que me dessem tudo ou sonhando acordado com a glória da
minha autoimportância, não me trouxe nada. Eu tive que ir procurar coragem e disciplina.
De criança profissional a guerreiro-xamã .”.
C. Castaneda
O VAZIO DOS ANIMAIS SELVAGENS
Se alguém te xinga, calunia, prejudica ou ofende, você é desses que fica bravo,
ofendidinho, perde a cabeça e quer ir tirar satisfações ou brigar?
Agora se você passa na rua e um cachorro de uma casa fica latindo pra vc, vc
também vai lá tirar satisfações?
Se uma cobra te pica, depois vc vai voltar lá na mata dias depois pra se vingar
dela?
Uma zebra leva pro lado pessoal e fica ofendida com o leão, pq ele é seu
predador natural, quando ela está fugindo dele?
O leão ataca a zebra com raiva, quando tem fome e vai caçá-la?
Pois bem...
A orientação é que você reaja com qualquer tirano nas situações da sua vida da
mesma forma que vc reagiria com um cachorro que late pra vc.
Ou melhor ainda, que vc reaja com um tirano da mesma maneira que um
animal reage à outro na natureza selvagem: sem levar nada para o lado pessoal,
sem ficar ofendido ou chateado.
Ou seja: Sem autoimportância.
Só vazio, espreita, estratégia, caça e sobrevivência.
Agir levado pela autoimportância só esgota seu poer pessoal, pois isso nubla seu
raciocínio, te deixa desequilibrado emocionalmente e e entope o seu "ver".
Ao passo que agir a partir do seu vazio, sem importância pessoal, só aumenta sua
visão de jogo, sobriedade e eficiência.
Torne-se um animal selvagem implacável em vez de um humano domesticado e
ofendido.
A CHAVE DO UNIVERSO
" Dom Juan meramente zombava de mim, chamando-me de egomaníaco disfarçado, que
professava estar lutando contra a auto-importância e mesmo assim mantinha um diário
meticuloso e superpessoal chamado de "Meus Sonhos".
Sempre que tinha oportunidade Dom Juan afirmava que a energia necessária para liberar a
atenção sonhadora de sua prisão socializante vinha de redistribuir nossa energia existente.
Nada poderia ser mais verdadeiro.
O surgimento da atenção sonhadora é um corolário direto da remodelação de nossas vidas.
Já que, como disse Dom Juan, não temos como buscar uma fonte externa para reforçar
nossa energia, devemos redistribuir nossa energia existente através de qualquer meio
disponível.
Dom Juan insistia em que o caminho do guerreiro era o melhor jeito de lubrificar, por assim
dizer, as engrenagens da redistribuição da energia, e que de todos os itens do caminho dos
feiticeiros o mais eficaz é "perder a auto-importância" . Ele estava totalmente convencido
de que isso é indispensável para tudo que os feiticeiros fazem, e por isso fazia um esforço
enorme em guiar todos os seus alunos a cumprir essa exigência.
Era de opinião que a auto-importância não é apenas o inimigo supremo dos guerreiros, mas
a nêmesis da humanidade.
O argumento de Dom Juan era que a maior parte de nossa energia vai para o sustento de
nossa importância. Isso fica mais óbvio em nossa infinita preocupação com a
apresentação do Eu; com o fato de sermos ou não admirados ou amados ou
reconhecidos.
Ele dizia que, se formos capazes de perder parte dessa importância, duas coisas
extraordinárias nos aconteceriam: uma, libertaríamos nossa energia da tentativa de
manter a ideia ilusória de grandeza; e duas, daríamos a nós mesmos energia suficiente
para entrar na segunda atenção e vislumbrar a grandeza real do universo.“
P: Em seus livros recentes, Sonhos Lúcidos e A Travessia das Feiticeiras, vocês falam sobre
experiências pessoais que são difíceis de aceitar. Acessar outros mundos, viajar pelo
desconhecido, contatar seres inorgânicos são experiências que desafiam a razão. Fica-se
tentado a descrer por completo de tais relatos, ou de considerá-las seres que estão além
do bem e do mal, invulneráveis à doença, a idade ou à morte. Qual é a realidade cotidiana
de uma feiticeira? E como a vida no tempo cronológico se adequa à vida no tempo
mágico?
R: Não somos seres intelectuais e não somos de nenhuma forma capazes de participar em
exercícios nos quais o intelecto utiliza palavras que na realidade não tem significado.
Nenhuma de nós, em hipótese alguma, esta além do bem e do mal, da doença ou da
idade. O que aconteceu conosco foi que fomos convencidas pelo velho nagual de que há
duas categorias de seres humanos. A grande maioria de nós são seres que os xamãs
toltecas denominam (pejorativamente, poderíamos acrescentar) "os imortais". A outra
categoria é a dos seres que vão morrer.
O velho nagual nos contou que , como seres imortais, nunca tomamos a morte como
ponto de referência, e assim nos damos ao inconcebível luxo de viver nossas vidas
envolvidas em palavras, descrições, acordos e desacordos. A outra categoria é a dos
guerreiros, que nunca podem, sob qualquer circunstância, dar-se ao luxo de fazer
asserções intelectuais.
Se somos algo, somos seres sem nenhuma importância. E se temos algo, é nossa
convicção de que somos seres que estão caminhando para a morte e que um dia teremos
que encarar o Infinito. Nossa preparação é a coisa mais simples do mundo: nos
preparamos 24 horas por dia para encarar esse encontro com o Infinito.
O velho nagual conseguiu apagar em nós nossa confusa idéia de imortalidade e nossa
indiferença à vida, e nos convenceu de que, como seres que estamos caminhando para a
morte, podemos ampliar nossas opções de vida. Para os guerreiros, os humanos são seres
mágicos, capazes de atos e realizações estupendas uma vez que se livrem das ideologias
que os tornam seres comuns.
O que narramos em nossos livros são na verdade descrições fenomenológicas de feitos de
percepção acessíveis a todos nós, especialmente mulheres, feitos ignorados em virtude
do nosso hábito de auto-reflexão. Os guerreiros afirmam que a única coisa que existe para
nós seres humanos é Eu, Eu, e somente EU. Sob tais condições o único fato possível é o
que se refere a MIM. E por definição qualquer coisa que diga respeito ao "Eu" pessoal, só
pode conduzir à raiva e ao ressentimento.
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* Trechos de uma entrevista com Florinda Donner-Grau, Taisha Abelar e Carol Tiggs, as
bruxas do círculo interno de C. Castaneda, à jornalista Concha Labarta. Publicada em 1 de
Abril de 1997, Espanha.
ESMAGANDO FALÁCIAS MATRIXIANAS SOBRE O EGO
Hoje em dia o ego é o bode expiatório das pessoas. Tudo é culpa do ego. Não é?
Até porque a autoimportância é exatamente o ego agindo. A autoimportância vem
do ego, não é mesmo, soldado?
Devemos destruir o ego para então tirarmos todas as nossas máscaras e sermos
finalmente quem somos de fato. Correto?
Não é isso que eles te contaram?Ou mais ou menos por aí?
Pois bem...saiba que não é nada disso, meu camarada !!
ISSO É PAPO-FURADO!
Coisa de repetidores de clichês, que não se esvaziaram e nem sabem do que estão
falando na prática...
Falsos guros ou pseudo-xamãs que vomitam coisas sobre o ego e no fundo não
passam de egomaníacos querendo satisfação de desejos, reconhecimento ou
dinheiro, e se perdem no meio dos desafios do desconhecido.
São pessoas fracas como aqueles vasos de porcelana lindos por fora, mas que
quando enchem de água não suportam a pressão e implodem. São prisioneiros do
ego, correndo em círculos e só esgotando sua energia em pensamentos e ações
desastradas.
E isso ocorre pq o entendimento sobre a relação entre o ego e a energia está
errado. E já falamos aqui que quando só se ataca o sintoma e não a origem do
problema, não tem jogo.
Você tem que saber a real sobre a relação entre o ego e o seu poder pessoal, para
poder agir com precisão e eficiência nessa questão crucial do caminho.
Afinal de contas, o ego é nocivo?
Ele deve ser destruído?
O ego é a a autoimportância?
A autoimportância vem do ego?
Qual a visão Tolteca sobre o ego?
R: Os xamãs Toltecas acreditavam que há muito tempo atrás, em eras muito longínquas, o
ser humano era uma criatura mágica, com um conhecimento silencioso e direto do intento
e da energia como ela flui no universo, e capaz de proezas inimagináveis em termos de
consciência e percepção. Algo mais próximo dos animais selvagens, porém com um outro
tipo de inteligência e cognição que vinha de uma conexão mais limpa com a fonte de tudo
e com o infinito. Ocorre que em algum momento o ser humano começou a pensar sobre si
mesmo. Ele começou a refletir para si mesmo a sua própria imagem, através da parte
interna do nosso casulo luminoso, nossa bolha de percepção. Não se sabe direito o que
aconteceu primeiro, ou a causa disso (Don Juan achava que podia ter sido por causa da
chegada dos Voladores, seres inorgânicos vindos dos confins do universo, que se
alimentam até hoje da nossa energia e consciência, nos prendendo numa prisão mental,
uma espécie de matrix, mas também considerava o fato de começar a viver em sociedade
um fator importante para o surgimento do "eu"), porém o resultado prático é que estava
estabelecido o auto-reflexo, a ideia do "eu". O ego assim é apenas uma ferramenta criada
para sustentar essa ideia.
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P: O ego é nocivo?
R: Não. Ele não é bom nem ruim, ele simplesmente existe e é até importante para nossa
sobrevivência. É algo inerente ao ser humano, sendo fortalecido desde cedo através da
criação das crianças e toda a ideia do seu papel social. O que existe são pessoas que
sucumbem ao ego e suas doenças, deixando-o fora de controle; e para essas pessoas ele se
torna nocivo.
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P: Ele deve ser destruído?
R: Não. Deve ser apenas controlado. Isso é uma idiotice propagada pela nova era. A idéia do
"eu" nos dá um sentido de identidade que é importante para transitarmos por esse lindo
planetinha, inclusive no sentido da auto-preservação e auto-confiança, de querer bem a si,
de reivindicar uma vida boa, com realizações. De não se entregar. Além de ser muito
importante para ajudar a colocar ordem no caos energético e perceptivo que é o mundo e a
vida. O ego ajuda a sustentar a nossa razão, que deve ser protegida a todo custo, já que ela é
a essência do nosso tonal. E um tonal forte, ajustado e equilibrado é fundamental para
chegarmos a totalidade de nós mesmos. Não existe um nagual equilibrado sem um tonal
poderoso. Só com esse equilíbrio podemos despertar todo nosso potencial e chegar ao nosso
núcleo, nossa essência, e a partir daí sim ser queM nós somos de fato, e não destruindo
nosso ego e ficando malucos.
P: O ego é a a autoimportância?
R: Indiretamente sim, já que a autoimportância é uma doença do ego, porém a origem real
da autoimportância é a autopiedade. Podemos dizer que autoimportância é autopiedade
disfarçada de alguma outra coisa. A autoimportância é um mecanismo de defesa do ego
para mascarar o sentimento de pena de si mesma e inadequação que a pessoa tem.
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P: Qual a visão Tolteca sobre o ego?
R: Como já disse, o ego está diretamente ligado a razão, que sustenta nosso Tonal. E temos
que ter um tonal forte para chegarmos à nossa totalidade. Assim, nossa razão, e
indiretamente o ego, devem ser protegidos a todo custo. O que um guerreiro deve ter
ciência é que o ego e mesmo a nossa razão são uma parte muito pequena do nosso ser
total. Existe um "outro eu" muito maior, mais profundo e mais conectado com o Infinito,
que está aí para ser descoberto, integrado e utilizado por nós.
O problema do ser humano moderno é que ele se deixa dominar pelo ego e pela razão,
como se isso fosse tudo que temos.
Ele se identifica tanto com sua imagem social, com a sua ideia do "eu", que seu ego e sua
razão deturpada reinam soberanos em sua consciência, sempre querendo mais...mais
carinho, mais amor, mais atenção, mais aplausos, mais pena, mais amigos, mais
emoções...tudo é baseado no "eu" e seu mundo é sustentado pela sua auto-imagem,
criando uma loucura que o puxa e o desgasta num ciclo de autopiedade e diálogo interno
incessante e nervoso.
Um guerreiro, ao contrário, sabe que deve proteger e utilizar seu ego e sua razão, porém
também sabe que eles devem ser apenas o porteiro ou o zelador do edifício da
consciência, e nunca o rei.
Ele utiliza o ego, mas sem se identificar com ele, pois sabe que na real nós somos muito
mais do que uma simples idéia de nós mesmos ou uma imagem social. Um guerreiro sabe
que é um ser mágico, uma senda de energia e consciência que reflete antes de mais nada a
própria consciência do universo, a própria essência do infinito.
Ele conta com sua vontade, seu silêncio interior, seu "outro eu", muito mais potente e
misterioso, para sustentar suas decisões e seu viver.
E uma visão de mundo como essa do guerreiro, sustentada assim, é muito mais mágica,
abrangente e eficiente.
UMA PRISÃO CHAMADA AUTOIMPORTÂNCIA...
" Para poder manejar o mundo que nos rodeia temos tido que renunciar ao nosso
patrimônio perceptivo, e assim sacrificamos o vôo da consciência pela segurança
do conhecido.
Podemos viver vidas fortes, audazes, sãs; podemos ser guerreiros impecáveis,
porém não nos atrevemos!
A nossa herança é uma casa para viver, porém nós a temos convertido em uma
fortaleza para a defesa do ego, ou melhor dizendo, em um cárcere onde
condenamos a nossa energia a debilitar-se em uma repetição sem fim. Nossos
melhores anos, sentimentos e forças se vão à reparar e consolidar a casa, porque
nos identificamos com ela.
Quando uma criança se transforma em um ser social, ela tem adquirido uma falsa
convicção de sua própria importância, e o que no principio era um sentimento
são de autopreservação, termina se transformando em um reclame ególatra de
atenção.
De todas as dívidas que temos possuído, a importância pessoal é a mais cruel.
Converte uma criatura mágica em um pobre diabo pedante sem graça.
Por causa de nossa autoimportância estamos repletos até a borda de rancores,
dúvidas e frustrações; nos obrigamos a nos deixarmos guiar por sentimentos de
autopiedade e deixamos para lá a tarefa de nos conhecermos melhor, com o
pretexto de "isso me dá más recordações" ou "estou cansado agora‘.
Atrás de tudo isso há um desassossego que intentamos calar com um dialogo
interno cada vez mais denso e menos natural."
- O ego não é um problema, pelo contrário, ele é até necessário para que consigamos colocar
ordem no caos. O problema é a deformação do ego, a exacerbação do "eu", que chamamos
de autoimportância.
- Para acabarmos de vez com a autoimportância somente medidas paliativas não resolvem; é
preciso ir na origem , na raiz do problema, e matar sua autopiedade.
E afinal como acabamos com nossa autopiedade, para consequentemente matarmos nossa
autoimportância?
A seguir vamos ver quais são essas técnicas que vão nos permitir acabar com nossa
autopiedade, e assim matar nossa autoimportância.
COMBATENDO A AUTOPIEDADE PARA ACABAR COM A AUTOIMPORTÂNCIA
São elas:
O fato do ser humano ocidental de uma forma geral não pensar na morte o coloca
automaticamente numa posição de imortal.
Ele acha que vai viver pra sempre e tem todo o tempo do mundo pra mudar seu estado de
espírito, pra sair de uma depressão, pra virar uma página, pra mudar de vida, pra ficar
triste, pra ficar sofrendo pro alguém, pra ficar numa situação incômoda, num casamento
falido...
O ser humano médio acha que pode perder tempo ficando tristinho, ofendidinho,
magoadinho, atolando em estados de espírito onde ele fica meses ou anos sentindo pena
de si mesmo, todo sensível, e paralisado de medo diante da vida.
Afinal, ele, diferente de um guerreiro que pode morrer a qualquer momento, nunca vai
morrer, já que é um imortal.
Não temos tempo, amigos.
A morte nos espreita e pode nos tocar a qualquer momento, sem nos dar chance de se
agarrar a nada.
Sem a consciência da morte iminente, tudo é trivial, comum, já com a consciência da
impermanência, tudo fica mágico e misterioso.
Como dizia um velho nagual da nossa linhagem, num mundo onde a morte é o caçador,
não há tempo para estados de espírito bestas e sem sentido, só há tempo para decisões e
atos de poder.
Agir sempre como se esse fosse ser nosso último ato nesse lindo planetinha dá à esse ato a
profundidade, a potência e a lucidez que o transformam num ato impecável.
A morte nos dá a sobriedade e o desapego necessários para viver de forma plena por aqui.
É muito fácil culpar o mundo, o universo, as circunstâncias da vida ou outras pessoas pelas
nossas derrotas,fracassos ou frustrações.
Raulzito já falava que é sempre mais fácil colocar a culpa no outro.
Isso tira de nós a responsabilidade pelo que está nos acontecendo e nos permite ficar tristes
sem peso consciência.
Quando você atribui qualquer fato ou situação a fatores externos, imediatamente você se
coloca numa posição de vítima, como se o que aconteceu ou estiver acontecendo for muito
mais forte que você, como se você não tivesse forças pra lutar contra isso, ou como se você
achasse que não importa o quanto você lutar, as coias nunca vão melhorar, pois isso não
depende de você, está além.
Acontece muito em relacionamentos também, onde uma pessoa deposita todas suas
expectativas de vida e felicidade em alguém, idealiza totalmente o parceiro(a) e quando as
coisas não são tão recíprocas, automaticamente ela se faz de vítima, enganada ou iludida.
Pessoas assim são como folhas a mercê do vento, vivem sem volição ou intenção, e
invariavelmente acabam sendo pessoas tristes e amarguradas, porque no fundo sentem
que a vida está passando pelos seus olhos.
Você tem que assumir a responsabilidade por seus atos, por suas decisões e por sua
vida.
Quando você entende que é você que tem que ser seu próprio motor, que você tem que
arregaçar as mangas e ir a luta para mudar as coias, quando você entende que nada vai
cair do céu e que ninguem tem pena de você, você deixa de sentir pena de você mesmo
e desce pra arena.
Não há como existir mais a autopiedade quando você está no meio da batalha, atento a
tudo e focado no combate.
Entenda: qualquer situação ou estado de espírito que você estiver, a culpa é
inteiramente sua, que se deixou ficar nessa situação, e a responsabilidade de sair
também é só sua.
O Grande espírito faz seu caminho, mas quem decide o quão longe você vai nesse
caminho e em qual direção, é você, através da força das suas decisões e da sua vontade.
Perceba que você só pode sentir pena de si mesmo e perder tempo e energia com isso
quando as coisas que te aconteceram ou o peso das expectativas das pessoas sobre você e
sua vida te deixam triste; quando você acha que vai viver pra sempre e tem todo o tempo
do mundo pra curtir essa fossa e quando você deixa a vida te levar pra qualquer lugar ou
situação que você não queria e não consegue sair com as próprias pernas.
A partir do momento que você deixa o que passou pra trás e trava só as suas próprias
batalhas, sem ligar para as expectativas dos outros; que você assume sinceramente que
pode morrer a qualquer momento e entende que não tem tempo a perder; e quando você
assume a responsabilidade por seus atos e sua vida e entende que tudo parte de você, sua
autopiedade desaba. Ela não pode ser morta totalmente, mas vai mudar de fachada na sua
existência. Ela não vai mais ser a força-mestra em sua vida, aquela que dita seu caminho e
seu estado de espírito frequentemente; agora a autopiedade vai ficar escondida lá atrás,
nos porões da sua psiquê, pronta pra tentar voltar a ativa num momento seu de fraqueza,
mas muito mais enfraquecida.
Você já teve aquele sonho onde do nada você aparece completamente pelado na
escola?Lembra da sensação que você sentiu?
Um dos sintomas mais evidentes da autoimportância é a preocupação com nossa imagem
social. Gastamos uma quantidade enorme da nossa limitada energia preocupados com o
que os outros estão pensando ou achando de nós, se estamos causando uma boa
impressão ou se vão gostar de nós.
Agir estrategicamente construindo ou mantendo uma imagem por uma questão de
Espreita é uma coisa...ter como seu principal impulso na vida sua imagem perante as
outras pessoas por uma questão de ego inflado ou autopiedade é outra bem diferente. Um
exige um vazio e uma total falta de importância, te energiza e te torna eficiente e fluido...o
outro fomenta sua autoimportância e te enfraquece, te tornando pesado e vulnerável.
Vamos medir como anda sua autoimportância nesse segundo desafio Tolteca, e começar a
atacá-la impiedosamente?
Sua missão é ir ao shopping center mais movimentado da sua região no fim de semana,
entrar no banheiro e tirar os sapatos, tênis, sandália, chinelo ou qualquer outro calçado
que vc esteja usando.
Fique descalço, com uma roupa legal, e saia para dar uma volta no shopping assim, como
se nada estivesse acontecendo, por 30 minutos, no meio das pessoas.
Depois vá embora em completo silêncio interior para casa e não fale disso com ninguém,
nem com a pessoa que por acaso possa ter te acompanhado ao shopping.
Regiões que não tem shopping o exercício pode ser realizado na praça da cidade, em um
horário de movimento.
Esse é um exercício clássico de Espreita para trabalhar a autoimportância.
Tem coragem?
3* DESAFIO TOLTECA SOBRE AUTOIMPORTÂNCIA: TIRANDO O FOCO DO AUTO-REFLEXO