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Mas então há uma nova essência; esta já não é mais o Espírito Subjetivo (o
“espírito para si”) nem um “espírito para outro”, mas um “espírito em si”. Em
outras palavras, o espírito retorna para si mesmo através de sua própria
alienação. Assim surge o ciclo de partida e retorno, o segundo sendo de mais
importância para Hegel do que a partida. O segundo cria as pré-condições para
o retorno, e o retorno, ao findar todo o ciclo, retorna para o Espírito Subjetivo,
tornando-se o terceiro espírito – o Espírito Absoluto (Alemão: der absolute
Geist). Ou seja, primeiro há o Espírito Subjetivo, então o Espírito Objetivo e
então o Espírito Absoluto.
Outro importante ponto em Hegel é como ele define o fim político da história, o
pico da transformação da história política e a expressão do Espírito Absoluto.
Aqui, Hegel diz algo interessante sobre a Prússia e o estado alemão. Os
alemães não tinham um estado, então historicamente não existia tão
expressão. Dessa forma, os alemães absorvem a lógica de movimento
mundial, e o estado prussiano-alemão é a expressão do Espírito Absoluto.
Toda a história é um prelúdio para a formação da Alemanha no século XIX.
Hegel disse que os grandes povos são aqueles que têm um grande estado ou
uma grande filosofia. Ele disse que os russos têm um grande estado, enquanto
no século XIX os alemães não tinham nenhum estado. Dessa forma, os
alemães devem ter uma grande filosofia e então um grande estado.
Além disso, Hegel pensou que o melhor sistema político seria uma monarquia
iluminada dominada por filósofos políticos hegelianos, os portadores da Síntese
de todo o Espírito mundial, que reconhecem a lógica da história mundial. Hegel
considerava si mesmo um profeta da filosofia, da humanidade e da Alemanha,
e, de certa forma, ele era um místico. Metodologicamente, a filosofia de Hegel
era absolutamente racional, mas irracional em suas premissas. Ele mostrou
que a ideia de sociedade civil, a Revolução Francesa e o Iluminismo foram
outros momentos dialéticos na formação de uma monarquia iluminada. A
sociedade civil é aquela a partir da qual a monarquia se desenvolve e que a
monarquia abole. Portanto, Hegel era um monarquista místico que considerava
a lógica da história como o caminho de diferentes formas políticas em direção à
monarquia russa.
Não é surpresa que tal ideia tenha sido tomada pelos fascistas italianos,
especialmente na teoria do estado italiano de Giovanni Gentile, que era um
hegeliano. Paradoxalmente, nem o fascismo, nem o nazismo podem ser vistos
como representantes do nacionalismo clássico. Nessas duas visões de mundo,
havia certos elementos que não podiam ser considerados formas clássicas ou
até mesmo radicais do nacionalismo burguês europeu, pois, nesse caso, a
adição da instância hegeliana, na forma do Espírito Subjetivo e toda a
metafísica da história na qual Gentile construiu as fundações da teoria do
fascismo italiano, eram simplesmente o hegelianismo aplicado à Itália.
Essas ideias foram tomadas como premissa por Francis Fukuyama, que
empregou o termo “fim da história”. Tal termo foi de suma importância para
Hegel, na medida em que marca o momento final da realização do Espírito em
sua fase absoluta ao longo da história, o momento dialético do retorno do
Espírito para si, em si e por si – a Síntese.