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FACULDADE EDUCACIONAL DA LAPA – FAEL

EDUCAÇÃO: COM ÊNFASE EM HISTÓRIA E GEOGRAFIA

OS IMPACTOS DA LEI 10.639 NA ESCOLA

PAULO ADRIANO GOMES

BELO HORIZONTE - 2018


Resumo

O aumento dos crimes raciais nos últimos anos é uma triste realidade, principalmente, no
meio virtual. De acordo com o Atlas da Violência 2017, a população negra também
corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem
vítimas de violência. Fato que nos faz despertar a preocupação em relação ao papel da Commented [VZdA1]: Espaçamento simples.
educação escolar na formação de cidadãos cientes de seus direitos, mas principalmente
de seus deveres. E nesse contexto social, verificar os reais impactos em que a Lei 10.639
está cumprindo junto à juventude estudantil e a sociedade como todo do nosso país. Uma
vez que o objetivo da Lei 10. 639, é o desenvolvimento de práticas pedagógicas nas
escolas sobre a história da África e a cultura afro-brasileira, com vistas a um maior
conhecimento histórico das origens da nação brasileira. Construindo assim, uma
consciência multiétnico/racial, respeito e aceitação das diferenças. Para desenvolvimento
desse trabalho de pesquisa, duas escolas foram tomadas como referencial. Onde
realizou-se duas pesquisas simultâneas. Uma sobre a real aplicabilidade da Lei 10639 e
seus impactos. E outra, sobre ações pedagógicas, projetos e trabalhos com o objetivo de
produzir conhecimentos, bem como atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos
quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir respeitando as
diferenças na identidade cultural brasileira.

Palavras – Chaves:
Lei 10.639 – Racismo - Ações - Aplicabilidade – Impactos Sociais.

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Introdução

O racismo é crime e está previsto em lei específica, a Lei 7.716/1989. Trata-se de Commented [VZdA2]: Utilize parágrafos.
crime contra a coletividade. O crime de racismo é inafiançável e imprescritível. A pena de
reclusão vai de um a três anos e multa. Também é crime Injúria racial, conforme o artigo
140 do Código Penal, terceiro parágrafo. É quando se ofende uma ou mais vítimas, por
meio de “elementos referentes à raça, cor, etnia, religião e origem”. É um crime
inafiançável e a pena de reclusão é de um a três anos, mais multa.

É crescente o número de casos de denúncia de crimes de racismo e intolerância


étnico/racial. Que são recorrentes nos meios de comunicação televisiva, nos meios
digitais, em locais de trabalho, de lazer, ou outros. Dados do Observatório da
Discriminação Racial do Futebol Brasileiro, entidade dedicada a pesquisar e discutir o
tema no esporte, registrou no ano de 2017 um aumento de 64% em relação a 2016 de
crimes de cunho racial. Ou seja, prática de crime de racismo, injúria e de desrespeito às
diferenças. Uma política pública que visa combater esse crime é a Lei 10.639, com vistas
à educação. A Lei entrou em vigor no ano de 2003 e espera-se como resultado prático,
se obtenha a diminuição dos crimes de racismo no seio da sociedade brasileira. Xavier;
Ribeiro; Noronha (1994, p.278) comenta sobre a educação como instrumento do Estado.

Diante do quadro de profundas crises (política, econômica e social), o


Estado procura instrumentos de aproximação e de incorporação das Commented [VZdA3]: Espaçamento simples nas citações
massas populares mostrando a “intenção” de diminuir as desigualdades e com recuo.
de assistir os despossuídos. A Educação passa a representar uma das
estratégias destinadas a realizar a “justiça social.”

A Lei 10.639 tornou obrigatório nas escolas públicas e privadas, o ensino da


História e cultura africana e Afro-brasileira. Considerando que ao longo dos anos, o que
prevaleceu no meio acadêmico foi o ensino da História do Brasil a partir de Portugal, por
uma perspectiva eurocêntrica, deixando de lado uma gama cultural originada da matriz
africana, que é constituinte do povo brasileiro. As poucas abordagens referente a esse
tema se restringia no estudo do negro no Brasil como parte figurante na história e não
como a própria história de modo protagonista. E assim todo esse material cultural deixou
de ser valorizado, como se nenhum legado do povo negro africano tivesse sido
transmitido. O autor Darcy Ribeiro comenta sobre esse fato em seu livro “O povo
Brasileiro a formação e o sentido do Brasil”:

No plano étnico-cultural, essa transfiguração se dá pela gestação de uma


etnia nova, que foi unificando, na língua e nos costumes, os índios
desengajados de seu viver gentílico, os negros trazidos de África e os
europeus aqui querenciados. Era o brasileiro que surgia, constituído com
os tijolos dessas matrizes à medida que elas iam sendo desfeitas.
(Ribeiro 1995 p.31) Commented [VZdA4]: RIBEIRO

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Estamos acostumados a valorizar o estereótipo de origem europeia, o que resulta
na negação do negro e até mesmo do índio, o nativo da terra. Ainda hoje, milhares de
brasileiros apresentam dificuldades de reconhecer-se como negro, porque o ideal
dominante é o branco europeu. Nessa confluência, que se dá sob a regência dos
portugueses, matrizes raciais díspares, tradições culturais distintas, formações sociais
defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo. (Ribeiro 1970),

A inclusão de assuntos ligados à África e ao povo negro no Brasil, dentro da escola


e através da escola, na educação formal. É uma excelente oportunidade de descobrir,
conhecer e reconhecer a presença da matriz negra que contribuiu de maneira eminente
na formação / composição da população brasileira e da história do nosso país. Uma vez
que somos o reflexo de nossos antepassados. E a escola como um dos muitos lugares
de construção do conhecimento, não pode se calar diante dessa lacuna que está aberta,
ou seja, o desconhecimento da matriz africana como formadora do povo brasileiro. Pois
o silêncio tem aberto espaço para o crime de racismo. Arantes e Silva nos chama a
atenção quando diz que:

O silêncio da escola sobre as dinâmicas das relações raciais tem permitido que se
transmita aos alunos uma pretensa superioridade branca, sem que haja
questionamento desse problema por parte dos profissionais da educação e
envolvendo o cotidiano escolar em práticas prejudiciais ao grupo negro. Silenciar –
se diante do problema não apaga magicamente as diferenças; ao contrário, permite
que cada um construa, a seu modo, um entendimento, muitas vezes estereotipado
do outro que lhe é diferente. Esse entendimento acaba sendo pautado pelas
vivências sociais de modo acrítico, conformando a divisão e a hierarquização
raciais. (ARANTES E SILVA, 2001. P. 22)

Por isso se faz necessário a busca através de estudos e pesquisas para que se
tenham parâmetros válidos dentro de um contexto histórico / Geográfico, a despeito da
nossa história rea,l do povo brasileiro. Como diz o escritor Nina Rodrigues em seu livro
“Africanos no Brasil” 1895:

Apenas nos preocupam aqui aqueles povos negros, que, pelo número de colonos
introduzidos, pela duração da sua imigração, ou pela capacidade e inteligência
reveladas, puderam exercer uma influência apreciável na constituição do povo
brasileiro. ( p. 205)

“História e Cultura Afro-Brasileira,” não podemos prosseguir com uma educação,


sem desvendar às nossas crianças, jovens e adultos, todo o universo referente à cultura
negra no Brasil. É impossível obter uma visão holística sem reconhecer a importância
dessas matrizes de formação do povo brasileiro. Assim devemos direcionar nossos
alunos para atividades dinâmicas e desafiadoras que instigue a sua curiosidade e
interesse quanto ao tema, História e cultura Afro-brasileira. E inda, acrescenta-se, a
cultura indígena, conforme a Lei 11.645 de 10 de março de 2008, que altera a Lei no
9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de

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2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática.

Nesse sentido foi desenvolvido um trabalho de pesquisa junto à duas escolas com
características diferenciadas. Sendo uma Escola Estadual pertencente à Regional do
Barreiro. Localizada a sudoeste de Belo Horizonte, a região do Barreiro faz limite com os
municípios de Contagem, Ibirité, Brumadinho e Nova Lima. É formada por 54 bairros e 18
vilas, com 70mil domicílios que abrigam aproximadamente 300 mil habitantes. Dados da
Prefeitura de Belo Horizonte. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/barreiro acesso
em 25/08/2018. E ainda outra escola de ensino particular da região metropolitana de Belo
Horizonte, com mais de 15 anos de existência e pertence ao maior grupo educacional
privado do Brasil.

Os resultados das pesquisas sobre temas referentes aos impactos da Lei 10.639 são os
que se seguem. Responderam aos questionários, 320 participantes, no geral.

A primeira fase da Pesquisa: buscava junto a professores, pedagogos, diretores, alunos


e demais colaboradores, sobre aspectos inerentes ao tema, quanto à aplicabilidade da
Lei 10.639, ou seja, projetos realizados, percentual de objetivos e metas alcançados. E
principalmente, sobre os impactos percebidos junto à comunidade escolar.

Nas duas escolas alvos da pesquisa, o principal projeto referente à aplicabilidade da Lei
10.639 se resume na “Semana da consciência negra”, realizada semana do dia 20 de
Novembro, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Zumbi é considerado símbolo
de resistência contra a escravidão. Nesta semana são realizados debates, apresentações
teatrais, musicais, danças, literatura e artes. São expostos vários murais representativos
da luta contra o racismo e a intolerância racial.

A segunda fase da Pesquisa: Foi direcionada especificamente aos alunos, num total de
290, na faixa etária de 11 a 17 anos. Alunos da escola pública e privada.

- Sobre o amplo conhecimento da miscigenação do povo brasileiro, conforme pergunta,

“Na sua opinião, o tema miscigenação é amplamente estudado na escola, a ponto de


deixar claro a importância da cultura africana (e indígena) na formação do povo
brasileiro?”
52% responderam que sim. Número considerado muito baixo Commented [VZdA5]: ?

- Sobre a percepção dos elementos da cultura africana, conforme pergunta:

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“Você percebe elementos da cultura africana (indígena) em seu cotidiano, como na
música, palavras, alimentos, outros?”
51% responderam que sim. Número também considerado baixo diante o direcionamento
da própria pergunta (música, palavras, alimentos).

- Sobre citar exemplos da cultura africana, conforme pergunta:


“Se a sua resposta for “sim”, pode citar alguns exemplos?”
Poucos exemplos foram citados, os destaques são:
. Gêneros musicais: samba e pagode
. Culinária: Feijoada (erroneamente), pois vários estudos já foram publicados onde este
prato tem sua origem na Europa. Mas o imaginário popular ignora tal informação

Conclusão

Aspectos importantes da matriz africana não foram mencionados como tantos


exemplos que nos cercam todo o tempo como.
. Religião: Candomblé e a Umbanda que não foram citados nem uma única vez.
. Capoeira: expressão cultural africana conhecido e divulgado pelo mundo. Que
representa dança/luta ou luta dançada redesenhada no Brasil a partir dos elementos
africanos.
. Instrumentos musicais com influência africana como o Birimbau e vários tipos de
tambores, amplamente utilizado no Brasil, principalmente nas escolas de samba
. A cor da pele negra ou morena e o tipo de cabelo, também não foram mencionados na
pesquisa.
. A Língua, elemento principal não foi citado. Comprovadamente vários vocábulos
africanos estão no cotidiano do brasileiro, que usadas mesmo sem saber. Segundo a
pesquisadora e escritora Yeda Pessoa de Castro, como resultado de trabalhos na Bahia,
na República Democrática do Congo e na Nigéria, publicou vários trabalhos de pesquisa
e livros mostrando influência dos idiomas africanos na língua portuguesa. A escritora
afirma em sua obra, haver de centenas de palavras de origem africanas incorporadas em
nosso vocabulário e cita como exemplo: acarajé, angu, batuque, búzio, cachaça,
cachimbo, cafuné. E tantas outras conhecidas e utilizadas no cotidiano e que não
lembradas como de origem da matriz africana. Sobre isso Araujo escreveu:

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Penso, por fim, na ambiguidade desta nossa história de que são vítimas os
negros, numa sociedade que os exclui dos benefícios da vida social, mas
que, no entanto, consome os deuses do candomblé, a música, a dança, a
comida, a festa, todas as festas de negros, esquecida de suas origens. E
penso também em como, em vez de registrar simplesmente o fracasso dos
negros frente às tantas e inumeráveis injustiças sofridas, esta história
termina por registrar a sua vitória e a sua vingança, em tudo o que eles
foram capazes de fazer para incorporar-se à cultura brasileira. Uma cultura
que guarda, através de sua história, um rastro profundo de negros africanos
e brasileiros, mulatos e cafuzos, construtores silenciosos de nossa
Identidade. E não se pode dizer que não houve afetividade ou cumplicidade
nessa relação. A mestiçagem é a maior prova dessa história de pura
sedução, da sedução suscitada pela diferença, que ameaça e atrai, mas
acaba sendo incorporada como convívio tenso e sedutor, em todos os
momentos da nossa vida. Tudo isso é memória. Tudo isso faz parte da
nossa história. Uma história escamoteada que já não poderá mais ficar
esquecida pela história oficial. (ARAUJO. 2007, p.5)

Todos esses elementos deixaram de ser mencionados pelos entrevistados, fato


lamentável. Considerando que a união de povos deram origem ao povo brasileiro, um
povo miscigenado.
[...] Assim, quando falamos em mestiçagem do povo brasileiro, estamos
nos referindo basicamente às misturas entre africanos e os povos que eles
encontraram aqui, principalmente portugueses e indígenas. Foi essa
mestiçagem que, apesar de atormentar as elites brasileiras que tentaram
diluídas com outras misturas, se impôs como consequência da importação
de cerca de 5 milhões de africanos ao longo de mais de trezentos anos.
(SOUZA. 2008, p. 129)

Sobre a importância de conhecer o passado como ponte para o futuro, o historiador Eric
Hobsbawm escreveu:
[...] passado, presente e futuro constituem um continuum.
Todos os seres humanos e sociedades estão enraizados no passado – o
de suas famílias, comunidades, nações ou outros grupos de referências,
ou mesmo de memória pessoal – e todos definem sua posição em
relação a ele, positiva ou negativamente. Tanto hoje como sempre:
somos quase tentados a dizer “hoje mais que nunca.” E mais, a maior
parte da ação humana consciente, baseada em aprendizado, memória
e experiência, constitui um vasto mecanismo para comparar
constantemente passado, presente e futuro. As pessoas não podem
evitar a tentativa de antever o futuro mediante alguma forma de
leitura do passado. Elas precisam fazer isto. Os processos comuns da vida
humana consciente, para não falar das políticas públicas, assim o exigem.
E é claro que as pessoas o fazem com base na suposição justificada de
que, em geral, o futuro está sistematicamente vinculado ao passado, que,
por sua vez, não é uma concatenação arbitrária
de circunstancias e eventos.

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A pesquisa nos mostra neste grupo alvo, 290 alunos de idade entre 11 e 17 anos,
estudantes de escola pública e privada. Ainda há um grande desconhecimento sobre a Commented [VZdA6]: Ainda
história da África e da cultura Afro-brasileira, com vistas a um maior entendimento
histórico das origens da nação brasileira. Pois conhecer o legado histórico nacional é o
primeiro passo para valorizar e preservar a cultura. E principalmente para desenvolver o
respeito pelas diferenças étnico/raciais. Entendendo que as diferenças podem e devem
somar e não subtrair do aspecto cultural do povo brasileiro.

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Referências Commented [VZdA7]: Ver n o manual como construir
essa seção. Faltam negritos nos títulos.

_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 1996.

_________, (2004). Parecer nº CNE/CP 003/2004, aprovado em 10 de março de 2004.


Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o
ensino de história e cultura afro-brasileira e africana.

BRASIL, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações


Étnico-Raciais e para o Ensino de História Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Brasil, 2005.

BRASIL. Lei nº. 10.639 de 09 de janeiro de 2003. Inclui a obrigatoriedade da temática


“História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo oficial da rede de ensino. Diário Oficial da
União, Brasília, 2003.

RODRIGUES, RN. Os africanos no Brasil [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de


Pesquisas Sociais, 2010. 303 p. ISBN: 978-85-7982-010-6. Available from SciELO
Books http://books.scielo.org Acesso em 02/09/2018.

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http://www.usp.br/cje/anexos/pierre/ribeiro_darcy_povo_brasileiro_formacao_e_o_sentid
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Diversidade Étnico-racial, inclusão e equidade na educação brasileira: Desafios,


políticas e práticas. 2009. Disponível em:
http://www.anpae.org.br/iberolusobrasileiro2010/cdrom/94.pdf Acesso em 10/09/2018

Dez anos da Lei 10.639: O que mudou nos livros didáticos de História? Uma
proposta de análise. Rubia Caroline Janz. Disponível em:
http://www.encontro2014.sc.anpuh.org/resources/anais/31/1405545780_ARQUIVO_trab
alhocompleto_RubiaCarolineJanz.pdf acesso em 20/08/2018

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil Africano. Ática: São Paulo: 2008.

ARAUJO, Emanoel. Viva Cultura, Viva o Povo Brasileiro. Museu Nacional: São Paulo,
2007

HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

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