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SEGREDO DE JUSTIÇA – ASPECTOS PROCESSUAIS

CONTROVERTIDOS E LIBERDADE DE IMPRENSA1

Luiz Manoel Gomes Junior


Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Professor nos Programas de Mestrado em Direito da Universidade de
Itaúna (UIT-MG) e da Universidade Paranaense (Unipar-PR) e dos cursos de Pós-graduação da PUC/SP (Cogeae)
e da Escola Fundação Superior do Ministério Público do Mato Grosso (FESMP-MT). Consultor da Organização
das Nações Unidas – Relator da Comissão Especial do Ministério da Justiça para elaboração do anteprojeto da
nova Lei da Ação Civil Pública. Advogado.

Jussara Suzi Assis Borges Nasser Ferreira


Mestre em Direito pela UEL/PR e Doutora em Direito pela PUC/SP. Professora no Curso de Mestrado da
Universidade Paranaense (UNIPAR).

Miriam Fecchio Chueiri


Mestre em Direito pela UEL – Universidade Estadual de Londrina e Doutora em Direito pela PUC-SP –
Professora no curso de Mestrado em Direito e Coordenadora de Curso de Pós-Graduação e Diretora Geral da
Universidade Paranaense – Campus de Cianorte (UNIPAR-PR).

1. Introdução. 2. O Segredo de Justiça na Constituição Federal. 3. O


Segredo de Justiça no Código de Processo Civil. 2.1. Existência de
interesse público. 2.2. Processos vinculados ao Direito de Família. 2.3.
Acesso de terceiros aos dados de processo que tramita sob Segredo de
Justiça. 4. Liberdade de Imprensa x Segredo de Justiça. 5. Conclusões.

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar diversos aspectos


do Segredo de Justiça no Sistema Normativo Brasileiro (Constituição
Federal e Código de Processo Civil), bem como a sua aplicação e a Liberdade
de Imprensa.

Resumen - Este trabajo tiene por objetivo analizar los distintos aspectos del
Secreto de Justicia en el Sistema Normativo brasilenõ ( Constícion Federal y
Código de Proceso Civil), así como su aplicación y la Libertad de Prensa.

Palavras chave: segredo de justiça, publicidade processual. liberdade de


imprensa.

Palabras-Clave - secreto de justicia, publicidad procesal, libertad de prensa.

―Juízes, tribunais, seus procedimentos e os próprios julgamentos iluminam-se e são, aos poucos,

1
Trabalho publicado originariamente na Revista de Processo nº 156/2008 - Editora Revista dos
Tribunais.
2

trazidos para as praças públicas - aliás, seus mais verdadeiros e apropriados espaços. O eixo da
própria idéia de um processo judicial é sua natureza publicística, ou seja, o de uma obra
transparente, realizada aos olhos de todos e que não tem nada a esconder. (...)‖ (Alberto Silva
Franco. A comercialização de um julgamento. São Paulo: Folha de São Paulo, 03.06.2006, p. A3).

1. Introdução

Um dos temas mais relevantes, e infelizmente pouco analisado na doutrina,


reside no segredo de justiça, especialmente seus aspectos processuais. A
regra é a de que os processos judiciais sejam públicos, com amplo acesso a
todo e qualquer interessado quanto ao processamento e conteúdo das
decisões judiciais2.

O problema é que em determinadas situações há a necessidade de preservar


o conteúdo dos processos judiciais do acesso ao público em geral, limitando-o
às partes e respectivos procuradores, com possibilidade de conhecimento por
terceiros apenas se demonstrado o indispensável interesse jurídico.

O cerne da questão é justamente delimitar as restrições à publicidade e a


contraposição entre a necessidade de resguardar os dados processuais,
especialmente quando confrontado com a liberdade de imprensa. Qual deve
prevalecer?3

Estes são os aspectos que pretendemos abordar no presente trabalho,


esperando colaborar para o debate sobre este importante ponto do Sistema
Processual Brasileiro.

2
Conforme bem ponderado por Marcelo Lei (Efeito VLS. São Paulo: Folha de São Paulo, Caderno
Mais, 08.02.2004, p. 18), há mais de 200 anos que Immanuel Kant ―(...) ensinou ao mundo o princípio
da publicidade, segundo o qual todo ato de governo que necessite de segredo para se realizar é
contrário à moralidade pública, mas muitos funcionários públicos brasileiros (...) ainda carecem de
aprender essa lição básica‖.
3
―Nesse crescendo é que o povo passa a se dotar de uma santa curiosidade pelas coisas do poder.
Seja do poder político, seja do poder econômico, sabido que é do operar juridicamente limpo dessas
duas instâncias que mais depende a qualidade de vida da população. Donde a democracia ganhar um
tônus de acompanhamento crítico de tudo que se orne de dimensão coletiva, para que tudo venha a
lume sem tirar nem pôr. Passando a tomar o nome de cidadania, então, sabido que cidadania é uma
das mais expressivas formas do atuar democrático (a ponto de figurar como um dos explícitos
fundamentos da República Federativa do Brasil, conforme se vê do segundo inciso do artigo
introdutório da nossa Constituição de 1988). (...)‖ (Carlos Ayres Brito. Santa Curiosidade. São Paulo:
Folha de São Paulo, 30.10.2005 – p. A-3).
3

2. O Segredo de Justiça na Constituição Federal

Não há dúvidas de que a Constituição Federal optou, de forma expressa, pela


publicidade, no âmbito nos procedimentos administrativos (art. 37, caput, da
CF-88) e nos processos judiciais (art. 5º, inciso LX, da CF-88).

A regra é que os procedimentos administrativos e processos judiciais sejam


públicos, a absoluta exceção é a tramitação sob a égide do segredo de
justiça. A finalidade da publicidade é clara: a-) permitir a fiscalização quanto
à distribuição da Justiça; b-) garantia ao julgador perante à comunidade de
que o mesmo agiu com imparcialidade4.

Tem-se que não há um direito fundamental no sentido de garantir a


existência de um julgamento de natureza privada. A Administração da
Justiça, com a outorga da tutela jurisdicional, é uma atividade
essencialmente pública, não se traduzindo em uma função pessoal, apenas no
interesse das partes. O direito de ter acesso aos dados dos processos
judiciais, em linha de princípio, está vinculado a um direito fundamental de
comunicação e publicidade, vedada a existência de uma censura de natureza
jurisdicional5.

Há de ser anotado, ainda, que o Supremo Tribunal Federal tem sido


extremamente rigoroso na defesa da total transparência dos atos
processuais, considerando a relevância que é para a credibilidade do Poder
Judiciário e de suas decisões com a mais ampla publicidade6.

Conforme consignado pelo Ministro Celso de Mello7: ―Nada deve justificar,


em princípio, a tramitação, em regime de sigilo, de qualquer processo judicial,
pois, na matéria, deve prevalecer a cláusula da publicidade.

―Não custa rememorar, neste ponto, que os estatutos do poder, numa


República fundada em bases democráticas, não podem privilegiar o mistério.
Na realidade, a Carta Federal ao proclamar os direitos e deveres individuais
e coletivos (art. 5º), enunciou preceitos básicos, cuja compreensão é

4
Antonio Dall´Agnol (Comentários ao Código de Processo Civil . São Paulo: Revista dos Tribunais,
2007, vol. 2, p. 242).
5
Jonatas E. M. Machado (Liberdade de Expressão. Coimbra: Almedina, 2002, p. 561).
6
Gilmar Ferreira Mendes, Inocêncio Mártires Coelho e Paulo Gustavo Gonet Branco ( Curso de
Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 486). Segundo estes autores a Constituição
assegurou a ―publicidade plena ou popular‖.
7
STF - HC nº 83.471-0, rel. Min. Celso de Mello, j. 03.09.2003, DJU de 09.09.2003, p. 9.
4

essencial à caracterização da ordem democrática como um regime do poder


visível, ou, na lição expressiva de BOBBIO (―O Futuro da Democracia‖, p. 86,
1986, Paz e Terra), como ‗um modelo ideal do governo público em público‘.

―A Assembléia Nacional Constituinte, em momento de feliz inspiração,


repudiou o compromisso do Estado com o mistério e com o sigilo, que fora
fortemente realçado sob a égide autoritária do regime político anterior, no
desempenho de sua prática governamental. Ao dessacrilizar o segredo, a
Assembléia Constituinte restaurou velho dogma e expôs o Estado, em
plenitude, ao princípio democrático da publicidade, convertido, em sua
expressão concreta, em fator de legitimação das decisões e dos atos
governamentais‖.

Analisando a questão sob a ótica do Direito Alemão, mas em situação


perfeitamente adequada ao Direito Brasileiro, a doutrina 8 deixou consignado
que: ―A publicidade do processo deve robustecer a confiança popular na
administração da justiça. Um velho e natural preconceito suspeita do
processo à porta fechada; o que se passa perante os olhos e os ouvidos do
público, goza de melhor confiança. De facto, permite um controle seguro do
processo – por ex., como se comporta o juiz perante as partes e as
testemunhas, se conduz bem o julgamento – só se alcança pela publicidade
(por isso, no séc. XIX, foi novamente introduzido).

―Por isso, o GVG § 169 período 1 determina a publicidade da audiência


perante o tribunal que decide (não para o processo ante o juiz encarregado
ou deprecado) incluindo a publicidade das sentenças e despachos. É de notar,
evidentemente, que o processo de jurisdição voluntária não conhece, em
regra, a publicidade e, contudo, goza da confiança geral. Todavia, o ZPO

8
Othmar Jauernig. Direito Processual Civil. Coimbra: Almedina, 2002, p. 155.
Deve ainda ser lembrado precedente originário do Superior Tribunal de Justiça (STJ – REsp. n.º
171.531-SP – Rel. Min. Franciulli Netto – j.11.04.2000) sobre o tema: ―(...). A questão do princípio da
publicidade, ainda, extrapola o mero interesse das partes, pois, conforme o pensamento de Bentham,
―A publicidade é a mais eficaz salvaguarda do testemunho e das decisões que do mesmo derivarem: é
a alma da justiça e deve se estender a todas as partes do procedimento e a todas as causas‖ (in
Jeremias Bentham, Tratado de Las pruebas judiciales, Buenos Aires, EJEA, 1971, v. 1, pp. 140 a 146,
apud Carlos Alberto Álvaro de Oliveira – Do formalismo no processo civil, 1997, Editora Saraiva, p.
80).
―Rogério Lauria Tucci e José Rogério Cruz e Tucci, por sua vez, na obra Constituição de 1988 e
Processo – Regramentos e garantias constitucionais do processo, 1989, editora Saraiva, reafirmam a
ampla publicidade dos atos processuais como corolário do devido processo legal, asseverando que
está inserida ―na órbita dos direitos fundamentais, como pressuposto do direito de defesa e da
imparcialidade e independência do juiz (...)‖.
5

encara como tão essenciais as disposições sobre a publicidade para o


processo regular, que declarou a sua infração como fundamento absoluto da
revista (§ 551 n º 6; vd. Infra § 74 VII 2 c)‖.

Deste modo, o que se verifica é que o segredo de justiça será sempre uma
exceção no direito brasileiro9.

3. O Segredo de Justiça no Código de Processo Civil

No Código de Processo Civil o segredo de justiça é disciplinado no art. 155,


incisos I e II e seu § único10, até de forma limitada, o que se justifica em
decorrência exceção de tal tipo de restrição à regra da publicidade dos atos
processuais frente ao texto constitucional.

Contudo, deve ser anotado que o segredo de justiça refere-se aos atos do
processo e não à sua própria existência, que sempre será pública. Neste
sentido: ―(...). O Código não explica a extensão do segredo, que afeta todos os
atos praticados no processo, como acima ficou dito. Cumpre distinguir,
porém, entre o sigilo sobre o conteúdo do processo, que a lei impõe, e o
segredo quanto à existência mesma do processo, de que a lei não cogita; não
impõe. (...)‖11.

2.1. Existência de interesse público

A primeira hipótese que justifica a adoção do segredo de justiça no âmbito


do processo civil é quando presente o interesse público.

9
Em precedente originário do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul ficou bem delimitado que o
segredo de justiça é uma exceção: ―Descabe pretensão de decretação de segredo de justiça em
processo judicial quando o feito não se enquadra nas hipóteses do artigo 155 do Código de Processo
Civil que são: I - nos processos em que o exigir o interesse público e II – nos litígios que envolvam
assuntos de família ou de menores.
―Prevalece o princípio constitucional da publicidade dos atos processuais porque a demanda
indenizatória por danos morais envolve direito privado não estando em debate direitos de menores
ou decorrentes de relação familiar‖ (TJRS – Ag. In. nº 70021165543, rel. Des. Jorge Alberto
Schreiner Pestana, j. 27.09.2007 – DJ 11.10.2007).
10
Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos: I
- em que o exigir o interesse público; II - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos
cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. Parágrafo único. O direito de
consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O
terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da
sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite.
11
Egas Dirceu Moniz de Aragão (Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense,
1998, vol. II, p. 16/17).
6

Trata-se de um conceito vago, sem uma delimitação concreta por parte do


legislador, opção esta muito comum atualmente. Na adoção dos conceitos
vagos há uma maior atuação dos aplicadores do direito, com uma liberdade
ampla para analisar cada caso concreto e a sua adequação ao sistema
normativo.

Em outras palavras, os conceitos vagos não possuem limites precisos, sem


linhas claras para delimitar qual a sua real amplitude. Em outros termos: ―(...).
Juridicamente, consideram-se vagos ou indeterminados conceitos que têm um
grau maior de indeterminação, como, por exemplo, moderadamente, mulher
honesta, interesse público (...)‖12.

Acompanhamos, em princípio, a posição da doutrina13 no sentido de que


compete, como regra geral, ao legislador disciplinar o que seja e quando
haverá a caracterização do interesse público.

De qualquer modo, na disciplina normativa ora apontada não há qualquer


utilidade em se afirmar que é o legislador quem deve indicar quando presente
o interesse público, frente ao texto do inciso I, do art. 155, do Código de
Processo Civil. Será necessário analisar, em princípio, cada caso em concreto
para ser decidido se há, ou não, interesse público que justifique limitar o
acesso aos dados do processo.

Pensamos que estará presente o interesse público a justificar o segredo de


justiça quando a divulgação dos dados e dos atos processuais possa causar
prejuízo aos interessados, com violação ao direito constitucional da
intimidade e da vida privada. Exemplo que pode ser mencionado é de quando

12
Teresa Arruda Alvim Wambier (Súmula Vinculante: Desastre ou Solução? – São Paulo: Revista dos
Tribunais. São Paul: Revista dos Tribunais, Revista de Processo 98, ps. 304-305 e Controle das
Decisões Judiciais por Meio de Recursos de Estrito Direito e de Ação Rescisória - Recurso especial,
recurso extraordinário e ação rescisória: O que é uma decisão contrária à lei? São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2001, p. 235,236 e 237, nota 74).
13
―(...). Num Estado democrático só ao legislador cabe, em primeira linha, a definição daquele que
será o interesse público por excelência, <<o bem comum que constitui a raiz ou alma de uma
sociedade política, englobando os fins primordiais que caracterizam e fundam o Estado>> (...) <<é o
interesse público por natureza, a salus publica, que se pode exprimir sinteticamente na composição
de necessidades do grupo para a realização da Paz social segundo uma ideia de Justiça. (...)‖ (Maria
Fernanda dos Santos Maçãs. A Suspensão Judicial da Eficácia dos Actos Administrativos e a
Garantia Constitucional da Tutela Judicial Efectiva, Coimbra: Coimbra Editora, 1996, ps. 212-213).
7

houver a quebra do sigilo fiscal de uma das partes envolvidas 14.

Um outro caso em que se faz presente o interesse público, de modo a


justificar o segredo de justiça é quando se tratar de demanda na qual esteja
em discussão questões relacionadas com propriedade intelectual de programa
de computador (§ 4o, do artigo 14 da Lei 9.609/9815), nos termos do
precedente do Tribunal de Justiça de São Paulo 16: ―Medida cautelar de
produção antecipada de provas - Para a análise do conteúdo da demanda será
necessário apresentar informações confidenciais, tais como sistema e código
de criação desses programas de computador, os quais devem ser protegidos
mesmo durante eventual disputa sobre sua titularidade - § 4o, do artigo 14
da Lei 9.609/98 - Feito que deve tramitar em segredo de justiça — Recurso
provido‖.

Também já foi reconhecida a excepcionalidade da medida autorizando o


segredo de justiça, quando a parte autora, almejando o resguardo da sua
intimidade, postulou a decretação do segredo de justiça por ser portadora do
vírus da AIDS, tendo seu pedido sido acolhido pelo Tribunal de Justiça de
14
Neste sentido: ―Ademais, a garantia do sigilo fiscal será mantida com a simples determinação
judicial de que o processo deve tramitar em segredo de justiça, assegurando-se a intimidade da
parte (inciso LX do artigo 5.º da Constituição Federal) e impedindo-se, assim, o acesso aos autos de
pessoas estranhas à relação jurídica litigiosa. Não se pode olvidar que o permissivo legal que
autoriza a quebra do sigilo fiscal mediante ordem judicial encontra-se estampado no artigo 198, §
1.º, inciso I, do CTN, na redação que lhe foi conferida pela Lei Complementar n.º 104/2001, devendo
sê-lo interpretado em consonância com aquele preceito constitucional.
―Em que pese a natureza da demanda não se encontrar no rol enumerado no inciso II do artigo 155
do Código de Processo Civil é plenamente cabível que o magistrado confira, ao seu critério, em
virtude do interesse público, o processamento em segredo de justiça, consoante dispõe a regra
aberta do inciso I do artigo 155 do Código de Processo Civil, em plena conformidade com o
dispositivo constitucional do artigo 5.º, inciso LX, da Carta Magna. Assim, caberá ao magistrado, na
origem, fundamentar eventual decisão que decrete o processamento em segredo de justiça. (...)‖
(TJRS – Ag. In. nº 70013031950, rel. Des. Matilde Chabar Maia, j. 22.12.2005 – DJ 27.01.2006). No
mesmo sentido: TJSP – Ag. In. nº 508.262-4/3-00, rel. Des. Boris Kauffmann, j. 28.08.2007.
Contudo, se os dados cobertos pelo sigilo fiscal não forem juntados aos autos ou ficarem lacrados
com acesso restrito às partes, não há razão para ser decretado o segredo de justiça: TJSP – Ag. In.
nº 7.152.980-5, rel. Des. Candido Além, j. 14.08.2007.
15
§ 4º, do art. 14, da Lei nº 9.609/98: "Na hipótese de serem apresentadas, em juízo, para a defesa
dos interesses de qualquer das partes, informações que se caracterizem como confidenciais, deverá
o juiz determinar que o processo prossiga em segredo de justiça, vedado o uso de tais informações
também à outra parte para outras finalidades".
16
TJSP – Ag. In. nº 520.906-4/1-00, rel. Des. Beretta da Silveira, j. 06.11.2007. Também já se teve
como correta, até mesmo de ofício, a decretação do segredo de justiça quando no processo foi
juntada foto de uma das partes nua (TJSP – Ag. In. nº 337.975-4/6-00, rel. Des. A. C. Mathias
Coltro, j. 10.10.2007). De outro lado, entendeu-se que o Processo de Falência, como regra, deve ser
dotado de ampla publicidade sendo negado o pedido de decretação de segredo de justiça: TJSP – Ag.
Reg. nº 530.242-4/0-01, rel. Des. José Roberto Lino Machado, j. 26.09.2007.
8

São Paulo17.

Não se pode olvidar que mero interesse patrimonial não se confunde com
interesse público a justificar a decretação de segredo de justiça na linha da
jurisprudência18: ―Não estando em jogo a intimidade das partes e inexistindo
interesse social, sendo a questão de caráter meramente patrimonial, impõe-
se a publicidade dos atos processuais, conforme o disposto no artigo 155, do
Código de processo Civil, e artigo 5º, inciso LX, da Constituição Federal".

No mesmo sentido19: "Agravo de Instrumento. Contrato de Cessão de


Crédito. Segredo de Justiça. Interesse Social. Ausência. A inconveniência de
natureza puramente pessoal, privada, não justifica a decretação do segredo
de justiça previsto no art. 155, I, do CPC, não se confundindo o interesse da
parte com defesa do interesse social, esse sim apto a justificar a
providência. Recurso desprovido‖.

Afirma Pontes de Miranda20 que o ―(...) segredo de justiça pode ser ordenado
sempre que se trate de matéria que humilhe, rebaixe, vexe ou ponha a parte
em situação de embaraço, que dificulte o prosseguimento do ato, a
consecução da finalidade do processo, ou possa envolver revelação prejudicial
à sociedade, ao Estado, ou a terceiro. Interesse público é o interesse
transindividual, tendo-se como individuais os interesses das partes e de
outros interessados‖.

17
TJSP – Ag. In. nº 501.335-4/6-00, rel. Des. Natan Zelinschi de Arruda, j. 14.06.2007: ―O intuito
do segredo de justiça é garantir a privacidade e a intimidade dos envolvidos no processo, e, no caso
em exame, seu deferimento não implicará em qualquer prejuízo à parte contrária.(...)‖. Contudo, de
forma contraditória, há amplo acesso na internet no sítio do Tribunal de Justiça de São Paulo ao
acórdão com os nomes das partes.
18
TJPR – Ag. In. nº 132.164-8, rel. Des. Wanderlei Resende, DJ 03.02.03.
Um dos autores deste trabalho atua como advogado da entidade autora em um processo de
indenização contra uma famosa cantora que lançou diversas ofensas no programa televisivo
―Fantástico‖ da Rede Globo e, acionada judicialmente, postulou o resguardo da sua intimidade e que o
processo corresse em segredo de justiça, o que não tem qualquer sentido: para ofender pode utilizar
um programa de alcance nacional, mas sendo processada deseja que tudo corra em segredo do
público e da imprensa.
19
Extinto TAPR – Ag. In. nº 223369-6/01, rel. Juiz Hamilton Mussi Corrêa, j. 13.05.03. De igual
posição: ―(...). Com efeito, o artigo 5º, inciso X da Carta Magna estabelece a inviolabilidade da
intimidade, vida privada, honra e imagem, abrangendo também as pessoas jurídicas. Contudo, é
imperioso reconhecer que o curso regular de um processo judicial não constitui afronta ao texto
constitucional e sim em uma garantia também com status de direito fundamental, consubstanciada no
direito ao devido processo legal, previsto no inciso LIV do artigo citado‖ (TRF-4ª Região, Ag. In. nº
2004.04.01.054339-3/RS, rel. Juiz Federal Fernando Quadros da Silva, j. 18.12.2006 – DE
28.02.2007).
20
Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1996, tomo III, p. 52.
9

Adotando os mesmos fundamentos há o magistério doutrinário de Hélio


Tornaghi21: ―(...). O interesse público é mais facilmente compreendido quando
confrontado com o particular. Esse é o que decorre da utilidade para uma só
pessoa ou para determinadas pessoas; aquele é o que provém da vantagem
para um número indeterminado de pessoas. No interesse particular é sempre
possível apontar os interessados; ao público, ao contrario, qualquer pessoa
poderá estar ligada. O interesse público nunca é individual; é sempre coletivo,
social. Este código substitui a expressão interesse social, do anterior (art. 5º
), por interesse público. Se o fez por amor à eufonia, andou bem: a colisão de
sons sibilantes (interesse social: sessoci) cria quase um paraquema; evita-la
somente pode ser louvável. Mas se a razão de mudar foi a propriedade verbal,
então, parece-me, ter havido um prurido exagerado; (...)‖.

Temos que o segredo de justiça, na hipótese do inciso I, do art. 155, do


Código de Processo Civil, pode ser decretado ex officio, sem necessidade de
qualquer provocação das partes, mas nada impede a existência de
requerimento do interessado e decisão do Poder Judiciário, sempre
fundamentada, desafiando recurso de agravo de instrumento22.

Um alerta deve ser feito: não basta que a decisão judicial afirme que existe
interesse público, deve haver uma indicação precisa do elemento fático que o
justifique23, sob pena da decisão judicial ser considerada imotivada e,
portanto, nula por ausência de fundamentação24, especialmente por ser a
restrição uma exceção no sistema.

21
Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1978, vol. II, p. 11.
22
Apesar de não ser uma situação de urgência a justificar a via do agravo de instrumento (William
Santos Ferreira. Aspectos Polêmicos e Práticos da Nova Reforma Processual Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2002, p. 107 e Luiz Manoel Gomes Junior. O Novo Regime do Agravo de Instrumento (Lei
11.187, de 19.10.2005). São Paulo: Revista dos Tribunais, Revista de Processo (RePro), 2006, vol. 134,
p. 114), o fato é que não haveria utilidade na decisão judicial futura, caso seja utilizado o agravo
retido.
23
Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery (Código de Processo Civil Comentado. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 421, nota 1.
24
―(...). ―É que, se ―até os ditadores, nos regimes discricionários, sentem o imperativo de expor ao
público as razões dos seus decretos, o que fazem, geralmente, antepondo-lhes considerando
justificativos‖, com maior razão isso há de ocorrer em um regime democrático, em que os atos
judiciais, tanto quanto os administrativos, emanam de um agente do Estado que recebe seus
proventos não só para decidir desta ou daquela maneira, mas, principalmente, para dizer os motivos
pelos quais decide desta e não daquela maneira. E se ao prejudicado se assegura o direito de
impugnar os fundamentos da decisão, como fazê-lo sem os conhecer?‖ (Adauto Suannes. A
irrelevância da mera opinião do juiz. São Paulo: Revista Brasileira de Ciências Criminais, ano 12, maio-
junho/2004, nº. 48, p. 302).
10

2.2. Processos vinculados ao Direito de Família

Na segunda hipótese disciplinada no Código de Processo Civil (inciso II, do


art. 155, do CPC), há uma opção mais precisa por parte do legislador, qual
seja, nos processos relacionados com o Direito de Família (casamento,
separação, filiação, divórcio, alimentos ou guarda e menores, inclusive a união
estável – art. 9º, da Lei nº 9.278/9625) será, obrigatoriamente, decretado o
segredo de justiça, com acesso aos dados do processo limitado as parte e aos
seus procuradores. Não há qualquer margem para a atuação do julgador,
nestas hipóteses o segredo de justiça deve, sempre, ser decretado.

Uma observação mostra-se relevante: os processos que devem tramitar sob


segredo de justiça são apenas os relacionados com Direito de Família,
processos anexos26 ou que tramitem por dependência, devem ter seus dados
públicos, salvo mediante expressa e justificada decisão judicial em sentido
contrário, agora sob o argumento de que há interesse público.

Há uma diferença fundamental entre as hipóteses dos incisos I e II, do art.


155, do Código de Processo Civil. No primeiro caso, há necessidade de decisão
judicial, devidamente fundamentada, justificando a existência de interesse
público que respalde a imposição da exceção que é o segredo de justiça. Na
segunda hipótese, a imposição do segredo de justiça é decorrente de lei, ou
seja, independe de qualquer decisão judicial.

2.3. Acesso de terceiros aos dados de processo que tramita sob Segredo
de Justiça

O § único, do art. 155, do Código de Processo Civil permite que terceiro


tenha acesso aos dados de processo que tramita sob segredo de justiça, seja

25
Conforme bem apontado por Antonio Dall´Agnol (Comentários ao Código de Processo Civil ....ob.
cit., p. 244) e pelo Tribunal de Justiça de São Paulo: TJSP – Ag. In. nº 508.262-4/3-00, rel. Des.
Boris Kauffmann, j. 28.08.2007. Há outras situações especiais que podem justificar o segredo de
justiça: ―(...). Além dos casos mencionados no próprio dispositivo, o Código ainda autoriza a que se
procedam em segredo às justificações preliminares em arresto (art. 815), seqüestro (art. 823 e
busca e apreensão (art. 841). Nessas três hipóteses, o interesse predominante é do próprio
requerente, cuja pretensão poderia ficar comprometida sempre que, por ter conhecimento anterior
à efetivação da medida cautelar, a parte contraria pudesse frustar-lhe a realização, afetando, com
isso, a própria solução, futura, do litígio.‖ (Egas Dirceu Moniz de Aragão. Comentários ao Código de
Processo Civil...ob. cit., ps. 16/17).
26
Salvo as cautelares preparatórias ou incidentais (Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade
Nery (Código de Processo Civil Comentado....ob. cit., p. 422, nota 5), desde que envolvam direito de
família.
11

na hipótese do inciso I, seja quando presente uma das situações indicadas no


inciso II27. Contudo, será imprescindível a demonstração do interesse
jurídico que não se confunde com mero interesse econômico 28.

Analisando tal aspecto, Hélio Tornaghi 29 argumentou que: ―(...). Requisito para

27
Em algumas situações tem sido negado acesso aos autos até mesmo às partes e aos seus
procuradores, em especial quando se trata de inquérito policial: ―(...). É permitido o acesso dos autos
do inquérito em favor do advogado, mesmo habilitado, salvo quando presente a necessidade de sigilo,
o que se verifica, ao concreto, em que o delito praticado se deu por meio da Internet. A natureza da
investigação revela que a ciência antecipada do procedimento policial possibilita a adoção de medidas
destinadas a neutralizar o trabalho policial, até porque presente a familiaridade dos envolvidos com
o crime cibernético, facilitando a minimização ou destruição de eventuais vestígios em desfavor dos
mesmos. Harmonização dos dispositivos que regulam a matéria (art. 20 CPP; art. 7º, XII e XV da Lei
8.906/94 e art. 5º, XXXIII da CF/88). Ilegalidade não visualizada. (...)‖ (TJRS – MS nº
70012494647, rel. Des. Fabianne Breton Baisch, j. 21/09/2005).
Contudo esta posição não encontra respaldo na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: ―(...). 1.
Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa ao inquérito policial,
que não é processo, porque não destinado a decidir litígio algum, ainda que na esfera administrativa;
existência, não obstante, de direitos fundamentais do indiciado no curso do inquérito, entre os quais
o de fazer-se assistir por advogado, o de não se incriminar e o de manter-se em silêncio. 2. Do plexo
de direitos dos quais é titular o indiciado - interessado primário no procedimento administrativo do
inquérito policial -, é corolário e instrumento a prerrogativa do advogado de acesso aos autos
respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto da Advocacia (L. 8906/94, art. 7º, XIV), da
qual - ao contrário do que previu em hipóteses assemelhadas - não se excluíram os inquéritos que
correm em sigilo: a irrestrita amplitude do preceito legal resolve em favor da prerrogativa do
defensor o eventual conflito dela com os interesses do sigilo das investigações, de modo a fazer
impertinente o apelo ao princípio da proporcionalidade. 3. A oponibilidade ao defensor constituído
esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado (CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, quando
preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a assistência técnica do advogado, que este não lhe
poderá prestar se lhe é sonegado o acesso aos autos do inquérito sobre o objeto do qual haja o
investigado de prestar declarações. 4. O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as
informações já introduzidas nos autos do inquérito, não as relativas à decretação e às vicissitudes
da execução de diligências em curso (cf. L. 9296, atinente às interceptações telefônicas, de possível
extensão a outras diligências); dispõe, em conseqüência a autoridade policial de meios legítimos para
obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos do inquérito
policial possa acarretar à eficácia do procedimento investigatório. 5. Habeas corpus de ofício
deferido, para que aos advogados constituídos pelo paciente se faculte a consulta aos autos do
inquérito policial e a obtenção de cópias pertinentes, com as ressalvas mencionadas. (...)‖ (STF – HC
nº 90.232-AM, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 18.12.2006 – DJU 02.03.2007). Na mesma linha:
Jacinto Nelson de Miranda Coutinho (O Sigilo do Inquérito Policial e o Advogado. São Paulo: Revista
dos Tribunais, Revista Brasileira de Ciências Criminais, v. 18, p. 123/131).
Analisando o crime de violação a segredo de justiça, isto frente à regra do art. 325, do Código Penal,
a doutrina deixa claro que o crime somente é cometido se realizado com dolo, ou seja, a vontade
livre e consciente de que o fato deveria ser mantido em sigilo (Celso Delmanto. Código Penal
Comentado. Belo Horizonte: Renovar, 1998, p. 551).
28
TJSP – Ag. In. nº 1.114.644-0/6, rel. Des. Cristiano Ferreira Leite, j. 06.06.2007.
29
Comentários ao Código de Processo Civil....ob. cit., p. 12. Seguindo esta mesma posição: ―Restrito
porque somente será deferido o acesso àquele que demonstrar um interesse qualificado. O revogado
Código falava em ―requerimento motivado‖ (art. 19, parágrafo único), exigência que continua
12

o atendimento ao terceiro é que ele demonstre interesse jurídico em obter a


certidão, isto é, a relação que existe entre (interesse) ele e a utilidade da
certidão, reconhecida e protegida pelo Direito. A proteção pode ser direta
(direito subjetivo) ou reflexa (mero interesse decorrente de direito alheio).
O interesse jurídico nem sempre é econômico. Pode ser apenas moral ou até
psicológico. A utilidade pode ser imaterial, como no caso da tranqüilidade, da
paz, do sossego, da boa fama, da estima pública e assim por diante‖.

Haverá interesse jurídico, a nosso ver, quando a decisão judicial ou algum


dado existente no processo que tramita ou tramitou sob segredo de justiça
possa afetar, diretamente, situação ou relação jurídica da qual o terceiro
seja titular.

Deverá o interessado peticionar nos autos que estiverem tramitando sob


segredo de justiça, ou que já esteja arquivado, indicando os motivos pelos
quais postula o acesso. Antes de ser juntado ao processo, o pedido deve ser
analisado pelo julgador; se deferido, será cumprida tal providência,
franqueando o acesso. Indeferida a pretensão, a petição será devolvida ao
interessado30, com a certidão do ocorrido nos autos pelo Escrivão Diretor
para futuro conhecimento do caso, por exemplo, na hipótese de haver
posterior reiteração do pedido31, especialmente quando não indicados novos
fundamentos o que levará ao indeferimento automático nos termos do art.
471, do Código de Processo Civil.

A questão relevante é se deve ser dada oportunidade para as partes

presente, desde que a demonstração da qualidade do interesse há de realizar-se ao juiz que dirige o
processo, o qual, com discricionariedade, resolverá. Parcial porque dos processos que corram em
segredo de justiça dar-se-á certidão apenas da parte dispositiva da sentença, excluídas, pois, as
partes concernentes ao relatório e à fundamentação. Distinguindo o Código entre sentença, decisão
interlocutória e despacho, há quem entenda inviável a concessão de certidão de decisões
interlocutória ou de meros despachos proferidos em processos que corram em segredo de justiça.
Factível, ainda, o deferimento de certidão do inventário e partilha resultante de desquite (hoje,
separação judicial. Finalmente, indireto o acesso porque realiza-se ele através de certidão, que é ato
do escrivão (art. 141, V), não tendo o terceiro juridicamente interessado direito de consultar os
autos do processo (também não o têm os advogados que não o sejam das partes)‖ (Antonio
Dall´Agnol. Comentários ao Código de Processo Civil....ob. cit., p. 245).
30
Caso seja juntada, o peticionário terá que ter acesso aos autos, o que acabaria por afastar o
efeito do segredo de justiça. Seria, na verdade, uma forma de burlar a restrição legal originária do
segredo de justiça.
31
Por óbvio será sempre possível o recurso pelo interessado, no caso, o agravo de instrumento. O
problema prático será a dificuldade em instruir com as peças do processo. Terá que haver o
esclarecimento ao Desembargador Relator para que este possa requisita-las, isto com fundamento
no art. 399, do Código de Processo Civil, aqui aplicado por analogia.
13

originárias manifestarem-se quanto ao pedido. Entendendo o julgador, de


plano, que o pedido deve ser indeferido, pensamos que tal providência
mostra-se desnecessária, até porque não há nulidade sem prejuízo. Havendo
possibilidade de ser acolhida a postulação, mostra-se, a nosso ver,
indispensável a prévia oitiva das partes envolvidas sob pena de restar violado
o princípio constitucional do contráditório.

4. Liberdade de Imprensa x Segredo de Justiça

A liberdade de imprensa garantida pelo texto constitucional (inciso IX, art.


5º e 220) não é ilimitada, porquanto a própria Constituição Federal trouxe
limites (inciso X, art. 5º), os quais devem ser protegidos, sem que aquela
liberdade possa ser utilizada para afetar, de forma ilícita, a esfera desses
direitos, violando-os.

E o que não se ignora, é que uma vez violado qualquer daqueles direitos
elencados no art. 5º, inciso X, da CF/88, jamais serão reparados, porquanto,
―para construir uma imagem, leva-se uma vida. Para mantê-la, uma eternidade.
Para perdê-la, alguns segundos. Recuperá-la, nunca mais‖32.

Conforme bem ponderado por uma das vozes mais autorizadas do Tribunal de
Justiça de São Paulo33: ―A imprensa deve ser livre, para que tenha força;
deve ser responsável, para que respeite os direitos alheios. Portanto, não se
confunda ―liberdade com licença‖, enfatizou FREITAS NOBRE, de modo, que
para o patrulhamento da livre comunicação, nada obstante ser a sociedade
destinatária do direito de saber e de se expressar de forma naturalmente
irrestrita, existe, até em favor do próprio cidadão uma fórmula de controle
da legalidade desse atributo. O caput do art. 1.º, da Lei 5.250/67, que não foi
redigido com a clareza do dispositivo que promete ocupar seu lugar em se

32
Alberto Silveira Rodrigues (Ética, responsabilidade e as palavras. Folha de São Paulo, 13.03.2003,
p. A-3).
Analisando o tema: ―Estes direitos tutelam <<descentralizadamente>> a personalidade (cfr. Paulo
Mota Pinto, <<O Direito à Reserva sobre a Intimidade da Vida Privada>>, in Boletim da Faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra, vol. LXIX, 1993, p. 500) e estão ordenados à satisfação dos
diversos interesses nos quais essa personalidade está em jogo, interesses cuja forma de protecção e
respectivos limites determinam o regime particular de cada direito. Sem prejuízo, não são os
mesmos concebíveis ilimitadamente, conhecendo restrições que decorrem da ponderação casuística
dos interesses, das exigências da vida comum, da própria natureza do bem da personalidade
tutelado‖ (Tribunal Constitucional Português - Acórdão nº 436/00, rel. Conselheiro Tavares da
Costa, j.17.10.2000, Acórdãos do Tribunal Constitucional, setembro-dezembro/2000, v. 48, p. 33).
33
Ênio Santarelli Zuliani (Comentários à Lei de Imprensa. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p.
46).
14

aprovando o projeto em tramitação, estabelece que a liberdade de expressão


e de comunicação coexiste com o direito, igualmente fundamental, de
transmissão tecnológica verdadeira, cuja repercussão, por atender ao
interesse público, poderá, às vezes, sobrepor-se às pretensões individuais
daqueles que estão com o patrimônio próprio vulnerável diante da publicidade
aberta pela divulgação da matéria. Portanto, como primeira premissa da
legislação, tem-se que o direito à comunicação comporta um dimensionamento
na linha horizontal; o direito é absoluto quanto ao direito da informação
ajustada ou socialmente assimilável. Perde a majestade quando há abuso.
DARCY DE ARRUDA MIRANDA escreveu, ainda sob a égide da Lei 2.083/53, que
―a ninguém é permitido, sob o pretexto de manifestar o seu pensamento,
ofender os bons costumes, quebrantar a harmonia social ou política da nação
ou expor a deslustres a vida moral dos seus semelhantes. A imprensa é livre
para a divulgação de informações, fatos, notícia, crônicas, críticas etc., não
para divulgar ofensas, deturpar a verdade, pregar a sedição, fazer a apologia
de crimes e servir de veículos a fins extorsionários. A sua semeadura é a da
ordem, da cultura, do bem estar social, enfim, daquilo que seja
verdadeiramente útil à coletividade‖.

O problema a ser resolvido é: tramitando processo sob segredo de justiça


pode a imprensa divulgar seus atos e o conteúdo das peças processuais? 34

Não se desconhece a posição do Supremo Tribunal Federal35 no sentido de


que ―(...). 2. A publicidade e o direito à informação não podem ser
restringidos com base em atos de natureza discricionária, salvo quando
justificados, em casos excepcionais, para a defesa da honra, da imagem e da
intimidade de terceiros ou quando a medida for essencial para a proteção do
interesse público. (...)‖.

A nosso, ver o reconhecimento da revogação da Lei de Imprensa pelo


Supremo Tribunal Federal, não altera a análise do tema.

No Superior Tribunal de Justiça há dois precedentes analisando o tema. No


primeiro deles36, restou decidido que se o processo tramita sob segredo de
justiça não há possibilidade de divulgação dos seus atos pela imprensa:

34
Presente o aparente conflito entre o direito à informação e o direito à intimidade cuja solução não
é fácil para o aplicador do direito (Tomás Domingo. Conflictos entre Derechos Fundamentales.
Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales. 2001, ps. 285 e seguintes).
35
STF – RMS n° 23.036-RJ, rel. p/acórdão Min. Nelson Jobim, j. 28.03.2006 – DJU 25.08.2006.
36
STJ – RMS n° 3292-PR, rel. Min. Costa Leite, j. 04.04.1995 – DJU 08.05.2005.
15

―Liberdade de Imprensa. Segredo de Justiça. Se de um lado, a Constituição


assegura a liberdade de informação e que, de outro, há limitações, como se
extrai no parágrafo 1°, do art. 220, que determina seja observado o contido
no inciso X, do art. 5°, mostrando-se consentâneo o segredo de justiça
disciplinado na lei processual com a inviolabilidade ali garantida‖.

Já em outro julgado37, apesar de vinculado a direito de família (ação de


investigação de paternidade) a posição foi em sentido contrário, ou seja, que
simples notícia do julgamento de determinada demanda não viola o segredo
de justiça.

Em precedente originário do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul 38 o


tema ora em análise foi detidamente analisado: ―(...). No caso concreto, não
existia a publicidade do processo, que, à época, estava sob segredo de
justiça. Não fora isso, é relevante notar que uma coisa é a publicidade do
fato; outra coisa é a publicidade do inquérito policial ou do processo; e, outra,
bem diversa das duas primeiras, é a divulgação do fato e a divulgação do
inquérito ou do processo.

―De igual modo, uma coisa é a investigação policial (inquérito), outra, bem
diversa, é a investigação da imprensa. Da mesma forma, uma coisa é o
conteúdo do inquérito policial ou do processo; outra coisa é o conteúdo da
divulgação (notícia); uma coisa são os efeitos da publicidade do inquérito ou
do processo; outra coisa bem diversa são os efeitos da divulgação que se faz
e da maneira como se a faz, muitas vezes potencializados tais efeitos pelo
poderio quase universal dos meios que a veiculam. (...). Assim, pode haver
informações no inquérito ou no processo que, a despeito da publicidade
destes, não devam ser divulgadas na imprensa, em face dos efeitos de uma
coisa e de outra na vida das pessoas, particularmente com relação à
intimidade, à imagem, à honra e à vida privada dos envolvidos.

―Em suma: uma coisa é a publicidade do inquérito ou do processo, acessível a


qualquer pessoa; outra, bem diferente, é a divulgação na imprensa dos fatos
constantes do inquérito ou do processo. Ocorre que a veiculação da notícia,
no mais das vezes, em face da massificação da informação e do poder
avassalador dos órgãos de comunicação na formação da opinião pública,

37
STJ – RMS n° 398-MG, rel. Min. Fontes de Alencar, j. 16.03.1992 – DJU 03.08.1992 – RT
691/192.
38
TJRS – Apelação Cível nº 70007346398, rel. Des. Adão Sérgio do Nascimento Cassiano, j.
22.03.2006.
16

empresta, a uma simples investigação policial ou administrativa, foros de


verdade, de fato consumado, efeitos que tais tipos de mecanismos ou
institutos policiais ou administrativos absolutamente não têm. E se a
imprensa não tem o cuidado de averiguar a prova e a certeza do fato, e se
não tem o cuidado de avaliar a possível repercussão da divulgação, e se
também não tem o cuidado com o conteúdo da divulgação, com o modo, a
ênfase, o contexto, o sensacionalismo com que tal divulgação é feita, então é
responsável pelos danos que com a divulgação vier a causar.

―No mais das vezes, as divulgações não passam de uma aberrante


imprudência, pois têm a ver, na verdade, com a busca desenfreada de
mercado, espaço, leitores, audiência e lucros, mas nenhum compromisso com a
verdade. É por isso que alguns órgãos de comunicação se transformam em
tribunais de exceção que condenam sumariamente pessoas, sem qualquer
defesa e sem qualquer recurso ou apelo.

―É recomendável que os casos legais de sigilo ou segredo de justiça sejam os


mais restritos possíveis, por isso que são a exceção e não a regra – e, na
hipótese vertente, se estava justamente a tratar com tal exceção. Além
disso, a imprensa é que deve aprender, no exercício democrático de sua
imprescindível liberdade, a aferir as fontes – em relação às quais tem o sigilo
– a veracidade e a prova dos fatos, e, especialmente, fazendo a divulgação
sem sensacionalismos e sabendo, acima de tudo, ponderar o trinômio
liberdade, responsabilidade e direitos individuais. (...)‖.

Em princípio, a nossa posição é a de que tramitando processo sob as


limitações do segredo de justiça haverá uma restrição ao direito de
informação existente em favor dos órgãos de imprensa. Há uma opção legal
(art. 155, do CPC), com respaldo constitucional (art. 5°, incisos V e X, da CF-
88)39 para limitar a possibilidade de divulgação dos atos processuais e
decisões prolatadas em processos que tramitem sob segredo de justiça.

Não há interesse público que possa justificar a divulgação de dados de


processo que tramite sob segredo de justiça. Apesar da ampla possibilidade

39
―(...). ―A Constituição é norma em sentido material, tem força normativa própria (CONRAD
HESSE) e deve ser interpretada de acordo com a sua mais alta hierarquia; ou seja, à lei maior deve
corresponder uma maior eficácia. Exceto se a própria norma constitucional, inequivocamente, pedir o
adjutório de regra intercalar para a plenificação dos seus efeitos. Noutros termos, no ápice do
dilema entre reconhecer a pleno-operância de uma norma constitucional e sua dependência de
regração de menor estirpe, a opção do exegeta só pode ser pela operância plena da regra maior‖
(Carlos Ayres Britto. Teoria Da Constituição. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 198).
17

da imprensa divulgar atos de interesse da sociedade, no caso, como


adiantado, há uma limitação que deve ser respeitada pelos órgãos de
imprensa, sob pena de tornar letra morta as exceções legalmente previstas e
chanceladas pela Constituição Federal40.

Deve ser invocada, no ponto, a lição de Pontes de Miranda41 no tocante às


regras para interpretação do texto constitucional, quando diz: "Na
interpretação das regras jurídicas gerais da Constituição, deve-se procurar,
de antemão, saber qual o interesse que o texto tem por fim proteger. É o
ponto mais rijo, mais sólido: é o conceito central, em que se há de apoiar a
investigação exegética. Com isso não se prescreve a exploração lógica. Só se
tem de adotar critério de interpretação restritiva quando haja, na própria
regra jurídica ou noutra, outro interesse que passe à frente. Por isso, é erro
dizer-se que as regras jurídicas constitucionais se interpretam sempre com
restrição. De regra, o procedimento do intérprete obedece a outras
sugestões, e é acertado que se formule do seguinte modo: se há mais de
uma interpretação da mesma regra jurídica inserta na Constituição, tem de
preferir-se aquela que lhe insufle a mais ampla extensão jurídica; e o mesmo
vale dizer-se quando há mais de uma interpretação de que sejam suscetíveis
duas ou mais regras jurídicas consideradas em conjunto, ou de que seja
suscetível proposição extraída, segundo os princípios, de duas ou mais regras.
A restrição, portanto, é excepcional‖.

No caso, a restrição é prevista legalmente e encontra amparo no texto


constitucional, nos limites precisos e bem delimitados pelo legislador
ordinário.

Temos de igual modo, que a divulgação em desobediência aos mandamentos


constitucional e legal é causa de violação ao direito à honra e a intimidade e
caracterizadores de dano moral indenizável, ainda que não haja qualquer
prova de prejuízo que, na hipótese, é presumido na linha de pacífica

40
―O povo necessita da liberdade de imprensa, mas tem igual necessidade de respeito à honra, à
intimidade e à privacidade, bem como de outros direitos fundamentais, devendo-se procurar sempre
a conciliação e harmonização dos direitos. Numa sociedade democrática, ninguém deverá ser o único
árbitro dos limites e das conveniências quanto ao respeito aos direitos, pois tal privilégio seria uma
concessão totalitária, semelhante à do monarca absolutista que só se submetia ao julgamento de sua
própria consciência (...)‖ (Dalmo de Abreu Dallari. Liberdade e Intimidade: Direitos Fundamentais.
Folha de São Paulo de 06.08.2001, p. A3).
41
Comentários à Constituição de 1967 com Emenda Constitucional nº 1/69. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1974, vol. I - ps. 300/301.
18

orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça 42.

De qualquer modo, não é demais ressaltar que a existência do segredo de


justiça, por si só, não pode impedir que a imprensa atue por si própria, ou
seja, fazendo suas investigações sobre o caso em julgamento, sem que tenha
acesso aos dados contidos no processo judicial ou no inquérito policial. Como
anotado pela doutrina: ―(...). O segredo de justiça não pode ser sobre-
interpretado de forma a ter um efeito irradiante para o âmbito extra-
processual‖43.

5. Conclusões

Frente aos argumentos e considerações ora apresentados, podemos concluir


que:

a-) em princípio, os atos processuais devem ser públicos, inclusive como


forma de justificar a própria imparcialidade das decisões prolatadas pelo
Poder Judiciário;

b-) as hipóteses de segredo de justiça são excepcionais e delimitadas no art.


155, do Código de Processo Civil, havendo respaldo constitucional para tal
restrição (art. 5°, incisos V e X, da CF-88);

c-) estando o processo judicial tramitando sob segredo de justiça há vedação


constitucional e legal que impede aos órgãos de imprensa a divulgação de
qualquer ato ou decisão judicial, sob pena de caracterizar violação ao direito
à intimidade com o dever de reparar o dano moral que, no caso, é presumido
e;

d-) a existência de processo sob segredo de justiça não impede as


investigações próprias pelos órgãos de imprensa sobre os mesmos fatos ou

42
―Entendo que o prejuízo advindo do dano puramente moral é presumível. Dano moral pode ser dito
como aquele que, no sentido lato, perturba o interior, o íntimo do indivíduo, ou, na lição de Carlos
Roberto Gonçalves, ―passa no interior da personalidade e existe 'in re ipsa'‖ (―Responsabilidade
Civil‖, Editora Saraiva, 2002, p. 552). Por isso dispensa qualquer prova em concreto. (...). Tal situação
conduz, em ocasiões, a não requerer prova direta alguma, quando o dano surge 'in re ipsa', é dizer,
pela força dos fatos mesmos. Por exemplo, em caso de gastos porque o autor recorreu a taxistas,
como meio substitutivo de traslado por privação do próprio automóvel, porque seria um estorvo e
quase impossível para a vítima pedir um recibo a cada deslocamento'. (...)‖ (STJ – REsp. 608.918-RS,
rel. Min. José Delgado, j. 20.05.2004 – DJU 21.06.2004).
43
Jonatas E. M. Machado (Liberdade de Expressão...ob. cit., p. 568).
19

que haja a divulgação da própria existência da demanda que tramita sob


segredo de justiça.

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