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1) O documento discute as dificuldades da vida no seminário e como viver de acordo com a vontade de Deus.
2) Ele também fala sobre como descobrir a vocação sacerdotal e os sinais que Deus usa para mostrar Seus planos.
3) Por fim, relata a experiência do primeiro ano de adaptação no seminário.
1) O documento discute as dificuldades da vida no seminário e como viver de acordo com a vontade de Deus.
2) Ele também fala sobre como descobrir a vocação sacerdotal e os sinais que Deus usa para mostrar Seus planos.
3) Por fim, relata a experiência do primeiro ano de adaptação no seminário.
1) O documento discute as dificuldades da vida no seminário e como viver de acordo com a vontade de Deus.
2) Ele também fala sobre como descobrir a vocação sacerdotal e os sinais que Deus usa para mostrar Seus planos.
3) Por fim, relata a experiência do primeiro ano de adaptação no seminário.
Caros irmãos seminaristas, ao escrever esta obra gostaria de
em primeiro lugar relatar e refletir sobre as dificuldades que mais vivenciamos na vida de seminário, em segundo lugar buscar os meios mais fiéis e condizentes ao nosso estado de vida, no qual, apesar de não sermos clérigos, devemos viver como tais e levarmos nossa vida segundo a vontade de Deus. É claro que os meios aqui referidos não serão únicos até porque falo segundo minha experiência de vida, outros poderão encontrar outros meios, mas sinto que os que evidencio são de grande valia. Em terceiro lugar evidenciar o fato de que nós devemos ser antes de tudo exemplo para os fiéis leigos e buscarmos no caminho que percorremos ao lado de Cristo, seguí-Lo mais de perto. Ouso escrever não por ser habilidoso ou por dissertar bem, quem me conhece desde novo sabe disso, até por que a literatura nunca foi meu forte e nunca pensei em escrever na minha vida. Contudo, diante do interesse, no qual Cristo foi me introduzindo, em saber cada vez mais sobre Sua vida, fez-me apaixonar por toda História da Igreja e por tudo o que implica em conhecê-la cada vez mais, colaborando para o crescimento do Reino de Deus e para a santidade de seus filhos, por isso decidi assim escrever. Também pela vida a qual optei por seguir mais junto a Cristo, que nos faz não só aprendermos, mas também partilhar tudo o que aprendemos do Mestre, pois é ele mesmo quem nos fala: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim.” (Jo 15,4), por isso também nós devemos dar frutos e esses frutos podem ser dez, cem, mil, ou milhão, só depende de nós! Espero que com esta obra colabore para a vida de cada um de meus irmãos seminaristas de modo que possam enxergar a vida do seminário não com os olhos humanos, mas com olhos sobrenaturais, que divinizem cada um dos momentos vividos durante este longo e árduo período de formação. Desejo que após ter lido esta pequena obra você possa tirar bons propósitos para continuar sua caminhada na vocação, sem desanimar e colocando de forma prioritária que o seu maior formador é o Espírito Santo.
CAPÍTULO I COMO DESCOBRIR NOSSA VOCAÇÃO
Não querendo desanimar, antes estimular cada vez mais o
relacionamento que devemos ter para com Deus, digo já de cara que não existe uma regra ou fórmula que nos leve a conclusão de nossa vocação. Sua descoberta é algo muito pessoal cada um é chamado por Deus em um momento, em uma fase da vida, em um lugar e hora específicos, até por que nosso Pai que nos criou nos conhece muito mais que nós mesmos e sabe que somos filhos únicos. Ninguém jamais poderá nos substituir. Tomemos como exemplo a parábola do vinhateiro que necessitando de operários para trabalhar em sua vinha convida alguns trabalhadores pelo início do dia, outros pelo meio do dia e por último chama uns no fim do dia. No momento de pagar os operários ele começa pelos que foram chamados por último e paga-os tanto quanto aos primeiros que foram chamados no início do dia. E assim, como na parábola, Ele quer nos dar – aqui eu poderia dizer a felicidade eterna – tanto quanto aos primeiros. Deus não faz distinção pelo tempo de trabalho ou pela demora da resposta que demos ao seu chamado, Ele sabe nos respeitar e espera o momento certo para nos “fisgar”. Mas uma coisa é importante, não deixemos para respondê-Lo depois de velhos, afinal de contas queremos dar os ossos pela Igreja, ou a vida? Pensemos como Santo Agostinho: “Tenho medo da graça que passa sem que eu perceba”. Não deixemos a graça passar e façamos como Mateus, que era cobrador de impostos, e Cristo o vendo chama-o a seguir; Mateus não pensa duas vezes e o segue (Mt. 9,9). Como Pedro e André, que largaram as redes e as barcas para seguir ao Senhor, devemos nós também largar tudo que temos: família, bens, profissão, e se necessário até mesmo amigos, sem deixar de sê-lo. Amor à primeira vista Podemos dizer que o chamado ocorre como que um amor a primeira vista entre dois jovens – um rapaz que ao contemplar a beleza de uma jovem faz com que aconteça um esbarrão e oferece para pegar seus objetos que caíram – quem nunca viu seja até mesmo num filme uma situação dessas, somente para provocar um encontro casual? Dessa mesma forma Deus faz-nos chamar a atenção para Ele, seja numa missa, na hora da consagração, seja pelo exemplo de um sacerdote bem dedicado, que é bem comum – por isso meus irmãos, sejamos sacerdotes santos para atrairmos mais jovens para Cristo – ou até mesmo por uma palestra, uma pregação, um filme de um santo, enfim muitos são os caminhos pelos quais Deus se utiliza para nos enamorarmos dEle. Como todo chamado ocorre por meio de um diálogo, existe o que chama – Deus – e o que responde a esse chamado – nós. E é dentro desta resposta ao chamado que nos foi feito, que saberemos, ou pelo menos suspeitaremos de nossa vocação. O discernimento não se dará em um único fato, dificilmente por um simples acontecimento definiremos nossa vocação. Seria uma grande falta de prudência, se nos deixássemos levar por sentimentos momentâneos que futuramente poderão se tornar motivos de frustração. Muitos são os sinais pelos quais Deus se utiliza para nos mostrar seus planos, e poderíamos enumerar alguns, porque não posso eu limitar a criatividade de Deus e muito menos os meios que Ele se utiliza para tal. São eles: o medo de ter que deixar de fazer o que queremos para seguí-Lo, este eu diria que representa um sinal bem característico; a vontade de estar mais próximo de Deus; o ambiente no qual fomos criados; nossas amizades; pessoas com quem convivemos e que muitas vezes Deus nos fala através delas, etc. É de extrema importância, que ao suspeitarmos de que Deus nos chama para seguí-Lo de uma forma mais específica, aumentemos cada vez mais a intensidade de nossas orações, pois será, muitas vezes, por meio do diálogo que teremos com Nosso Senhor que Ele nos indicará o caminho a ser tomado; a freqüência na participação dos sacramentos, principalmente a Santa Missa e a Confissão, por meio dos quais, Deus se fará presente em nós por meio da Eucaristia e pelo qual nos abrimos ainda mais para que Deus possa entrar em nossos corações e nos falar no nosso mais íntimo. Acredito que a nossa vocação seja fruto de um desenrolar de uma história de vida, através da qual cada um vive e experimenta de forma única e irrepetível. Nunca se justificaria uma vocação que fosse investida por uma vontade da família, ou pela influência externa de uma amizade com quem queremos partilhar dos mesmos momentos, ou muito menos ainda, por uma visão de estabilidade financeira, por uma comodidade, uma falsa “segurança”.
UM ANO DE ADAPTAÇÃO
Neste capítulo gostaria de partilhar um pouco – a partir da
minha experiência – sobre o primeiro ano de Seminário, do qual chamamos de Propedêutico. Sem dúvida alguma a Igreja, sabendo das necessidades formativas que um vocacionado ao sacerdócio precisa para se moldar segundo a tradição católica, nos propõe a viver por um ano a rotina do seminário sem os compromissos com os estudos de Filosofia e Teologia, os quais requerem uma grande dedicação. Contudo, antes de relatar sobre este ano de 2009 – o qual ingressei ao seminário – vale ressaltar o tempo de encontros vocacionais que fiz. Comecei os encontros em 2007 quando ainda terminava meu último ano da faculdade de Medicina Veterinária. Formei-me, mas achei por bem ainda não ingressar no seminário, pois queria trabalhar e discernir melhor se essa realmente era a vontade de Deus para minha vida. Fiz mais um ano de encontros em 2008 e no final deste decidi entregar a Deus toda minha vida, porém – longe de achar que já entregamos tudo e que estamos prontos para viver a vida de comunidade – como o próprio Deus se revelou aos poucos, também a nossa entrega se dá aos poucos, ainda que a decisão por segui-lo pareça clara; por isso sempre teremos algo a mais para entregar. Pelo fato de já ter me formado na faculdade, os formadores daquele tempo diziam que haveria a possibilidade de entrar diretamente no Curso de Filosofia, o que me deixou muito animado, afinal de contas eu terminaria um ano mais cedo e junto com a turma de meu primeiro ano de vocacionado. Porém, os planos de Deus para mim não foram estes e agradeço a Ele por ter feito este ano de experiência no propedêutico. Esse ano foi de extrema importância para minha formação pessoal. A convivência com diferentes pessoas de diferentes culturas, educação, formação, enfim, aprendi um pouco a lidar com a individualidade de cada um, todavia sei que ainda aprenderei muito. Quando entramos no seminário muitas coisas à nossa volta colaboram para uma entrega, em contrapartida outras nos impedem de entregarmo-nos por inteiro à vontade de Deus. A primeira delas creio que para uma grande maioria seja o desligamento da família, o desapego do meio familiar, como poderíamos dizer popularmente: “o cortar o cordão umbilical”. É como que nascermos de novo, assim como uma criança que nasce é necessário cortar de vez este cordão que a liga à mãe – também nós – devemos cortar nossos laços que nos impedem de vivermos a vocação à qual fomos chamados. Para mim, esta não foi a mais difícil, pois por graça de Deus sempre recebi uma educação de meus pais de modo que eu assumisse minhas responsabilidades, já que eles bem sabiam que nem sempre os teria por perto. Minha mãe, por ser professora, sabia que devia criar e educar os filhos para o mundo, e isso, ela sempre soube fazer muito bem. No entanto, quanto aos sentimentos de minha mãe, não diria o mesmo, visto que minha entrada no seminário foi encarada como que uma perda, fazendo-a sofrer; aí então sofri um pouco, nada que por alguns dias não fosse superado por ambos. Alguns se perguntariam: mas tão rápido assim? – poderia parecer por falta de amor, mas não, muito pelo contrário foi exatamente por me amar que ela soube respeitar minha decisão e, sabendo que, estando eu feliz, ela também estaria. E uma coisa posso dizer, depois desse tempo, Deus nos congratula com a graça de ver nossos pais orgulhosos de ter um filho chamado ao sacerdócio. A segunda – e assim digo de modo particular para os que já tinham certa independência dos pais por trabalhar – é a entrega do emprego, da segurança financeira que possuímos antes de entrar no seminário. Às vezes achamos que será o mais fácil, mas digo que para mim, foi o mais difícil. Ter que deixar oportunidades de emprego, posições sociais e amizades do meio em que trabalhei. Tudo isso pode nos custar e muito, mas devemos sempre ter os olhos voltados para o alto e sabermos que se o fazemos é, em primeiro lugar, por amor a Deus e depois por amor às almas que devem ser aproximadas de Deus, que vendo o nosso desapego possam – não deixar de ter as coisas materiais, pois também são dons de Deus – mas para que não ponham nelas toda a finalidade de suas vidas. No Seminário Quando entrei no seminário, meus pais, juntamente com meu irmão, foram me ajudar a levar o que tinha de pessoal e que me serviria na nova casa em que eu acabara de me mudar. Meus pais à princípio preferiram ficar no carro e meu irmão me ajudou a levar meus pertences para o quarto onde me hospedaria. Lembro como se fosse ontem o comentário feito por ele – “as pessoas aqui são um bando de bicho-do-mato, ninguém vem para nos receber, não nos cumprimentam.” – eu então o expliquei que o ambiente do seminário é um pouco diferente do que tivemos a oportunidade de viver nos centros da Opus Dei, nos quais recebemos formação doutrinal, cultural e humana. Pedi que rezasse por mim, pois iria precisar. E de fato, depois de entrar para o seminário o primeiro obstáculo que tive foi o da convivência com pessoas tão diferentes, umas simples, as quais eu me admirava, outras ignorantes e até mesmo sem educação, que me assustavam. Eu me perguntava, meu Deus como pode uma pessoa dessas estar no seminário, mas depois que ouvi uma frase: “Deus escolhe os fracos para confundir os fortes” São Paulo (Cor 1,27) e pensando bem estou eu incluso nesses fracos. Noutra vez, um seminarista me contou que Mons. Paulo, que fora o cura da Catedral de Campos, dizia que Deus nos escolhe para o sacerdócio porque não encontrou ninguém pior, de fato ele tinha razão. Durante o ano todo de adaptação é essa luta de aprender a conviver, a respeitar, a tolerar, a sofrer, rezar, enfim, o seminário é e será sempre um tempo de formação contínua. Muitas vezes vamos ter que suportar intrigas, calúnias, olhares que poderão ser para nós motivo de desânimo, desistência, ou poderão ser bons meios de santificação se soubermos levá-los em silêncio por amor a Deus ou respondê-los com atitudes de quem sabe amar mesmo quando não se é amado. Aí, eu vos aconselho: quando sentir verdadeiramente todas essas cruzes pesar sobre seus ombros é preciso lembrar-se da cruz que Cristo carregou por cada um de nós. E para suportá-la foram necessários intensos momentos de oração com o Pai. Assim, também nós, devemos fazer: orar sem desfalecer, pois somente Deus é capaz de nos dar a graça e a força necessária para suportá-las. Quando iniciamos nossa vida de seminário, como já falei, os primeiros obstáculos que encontramos são os nossos companheiros de vocação e como dizia São Josemaría Escrivá: “serão estes os santos sacerdotes com quem conviveremos”. Aos poucos vamos compreendendo que as dificuldades desses irmãos existem para que possam – tanto eles como nós – servirmos melhor a Deus, principalmente, quando Ele permite que passemos pelas mesmas dificuldades. É por isso que São Paulo nos disse: “O sacerdote é retirado do meio do povo para que possa compreender as dificuldades do povo”, para que compreendendo as dores do povo, possa interceder melhor pelo povo – não foi à toa que o próprio Deus assumiu a humanidade encarnando-se. Em seguida passamos a ver problemas na estrutura do seminário, a falta de condições materiais; as dependências que pensamos que poderiam ser melhores, mais “adequadas”; a alimentação, etc. Com isso passamos a focar todos os nossos problemas, como que consequentes desses por menores, e acabamos por esquecer o espírito de sacrifício que tínhamos quando queríamos acompanhar a Cristo. Aos poucos vamos vendo que tais condições que até contribuiriam para uma melhor vivência comunitária são importantes. Contudo, passar por sacrifícios nos ajudam a viver a cada dia o desprendimento dos bens materiais – não por serem ruins, claro que não – mas por sabermos que mesmo podendo tê-los, por amor a Deus e às almas eu aceito sobreviver sem eles. Em terceiro lugar podemos acabar caindo no erro de pensar que os formadores e principalmente o reitor não fazem o máximo que poderiam para dar uma boa formação, mesmo que estejamos parcialmente certos de tal afirmação. Muitas vezes podemos nos deparar com um formador distante, imaturo, que aos nossos olhos parece não apresentar o perfil de formador, mas foi esse o formador que Deus permitiu termos e que nos fosse confiado a nossa formação. Grande parte de nossa formação será por aprendermos mais com os erros do que com os acertos. E é por isso que falei, no início deste capítulo e insisto, que a formação do seminário tem como primeiro protagonista o Espírito Santo, é Ele quem realmente irá nos formar se estivermos abertos a sua graça, embora seja indispensável uma boa equipe de formação. Quantas vezes ouvimos dizer que Deus sabe retirar coisas boas de fatos que aos nossos olhos são ruins? E são, principalmente, por meio desses acontecimentos – que apesar de nos parecerem contraditórios a uma formação divina – é que vamos nos formando e nos conduzindo por caminhos que não compreendemos. Poderíamos nos colocar como uma personagem no momento em que Cristo fala para Pedro: “Haverá dias em que não mais te cingirás, mas te cingirão e irás aonde não quereis ir.” Há momentos em que parece que não estamos sendo formados como gostaríamos de ser, mas é exatamente neste momento em que o Espírito Santo age nos formando naquilo que realmente somos e necessitamos. O nosso segundo protagonista nessa caminhada de formação somos nós mesmos – para isso é preciso ter um autoconhecimento – daí a importância de sermos sinceros em primeiro lugar conosco mesmos e com Deus. Sem este autoconhecimento é impossível sabermos onde devemos mudar nossa conduta. É pela busca do autoconhecimento que conseguimos em muitas ocasiões perceber os defeitos existentes em nós, que anteriormente nos pareciam ocultos. Conhecer-se! Eis uma tarefa difícil, pois os olhos pelos quais enxergamos os outros, não são os mesmos que nos vemos. Nessas horas é de fundamental importância contar com sinceros e verdadeiros amigos, dos quais devemos incluir nosso diretor espiritual. Em terceiro lugar estão os formadores, não desprezando suas funções, mas muito pelo contrário, valorizando-os, eles são os mediadores de nossa formação. Ao mesmo tempo, que nossa formação está em suas mãos, ela está principalmente nas mãos de Deus. É através do corpo formativo do seminário que o Senhor nos fará enxergar o que devemos ser, mas também nos fará enxergar o que não podemos jamais ser. Deus permite que enxerguemos as falhas, as dificuldades dos formadores, para que cheguemos à seguinte conclusão: “Verdadeiramente quem nos forma é o Espírito Santo” e também vemos claramente que a Igreja é guiada pelo Espírito Santo, pois se fosse diferente as misérias humanas já haveriam destruído com ela. Somente após firmarmos estas idéias em nossa formação que estaremos dispostos a caminhar juntos de Cristo apesar de todas as dificuldades deparadas durante nossa caminhada. Algo que também pode nos ajudar é a atitude de irmos ao Bispo, que deve ser encarado como nosso pai, e abrirmos o nosso coração e como um pai ele saberá nos escutar e encontrar a melhor solução para não desanimarmos. E também não sobrecarregar a comunidade com responsabilidades que não nos cabem, se notamos situações que aos nossos olhos precisam de mudança, é justo e necessário que as devidas autoridades tomem consciência, não agindo como um “X9” mas deixando que taus situações, que são obrigações dos formadores, sejam devidamente solucionadas.
CAPÍTULO II FILOSOFIA A BUSCA DA VERDADE
Após um longo ano de adaptação iniciam-se os três anos de
formação filosófica. Muitos conceitos que trazemos são quebrados e muitos outros são formados e juntamente com a formação intelectual vem a responsabilidade de não só adquirirmos o conhecimento, mas de praticá-lo como bem ensina a Filosofia, pois esta não é feita de teoria, mas também da prática. Torna-se ainda maior esse compromisso pelo fato de sermos cristãos e sermos comprometidos com a verdade. O primeiro ano, podemos assim dizer, que compreende também um tempo de adaptação, pois como disse anteriormente, os conceitos que adquirimos nos ajudam a ter uma “luz“ sobre os fatos cotidianos, passamos a ser mais críticos e, possivelmente, se não tomarmos o devido cuidado fazemo-nos donos da verdade. Nisto consiste um grande perigo à nossa formação, se não estivermos tomados da certeza de que nosso maior e principal formador é o Espírito Santo. E cujo principal alvo de críticas poderá ser o reitor do Seminário, não digo que não haverá críticas a seu respeito, até por que a sua humanidade se torna mais evidente com o convívio constante, mas não podemos traduzir nossos estudos, ou diria melhor, não podemos reduzir os nossos estudos a meros meios de formulação de críticas. Grandes são os desafios que enfrentamos na nossa caminhada como cristãos e poderíamos utilizar de todo o nosso intelecto para combater as falsas doutrinas, o ateísmo prático, as “sofias” – segundo uma concepção platônica e socrática - que querem muitas vezes desviar o foco da verdadeira Filosofia para semear pensamentos individualistas e relativistas. Porém mediante a tudo isso uma coisa eu vos digo não deixeis os vossos valores se perderem por medo de se viver a verdade, pois se nos ensinam que a Filosofia nos ajuda a compreender melhor o mundo, ela também nos trará a tona realidades que muitas vezes não gostaríamos de vivenciar e que por obediência acabamos tendo que nos omitir de fatos que podem colocar em risco a nossa vocação. Para tais tipos de situação é preciso primeiramente tratar o aspecto com serenidade para podermos enxergar um desígnio de Deus e encará-lo com uma visão sobrenatural; em segundo lugar ter a audácia de viver como o próprio Cristo nos ensina, mesmo que venha a desagradar o reitor. Certa vez, em uma das convivências oferecidas pela Opus Dei, ouvi um sacerdote dizer em sua homilia que muitos seminaristas se preocupam em agradar ao reitor para que no final de sua formação sejam apresentados com um currículo isento de críticas e esquecem que um seminarista autêntico se faz na medida em que nos preocupamos em agradar a Deus, somente a Ele nos interessa ser fiel. Aí então eu me questionaria: que compromisso com a verdade teria um seminarista que só pensasse em ficar bem na “fita”? Será que esses é que são os verdadeiros discípulos de Cristo? Após uma interpretação errônea do Concílio Vaticano II, muitos seminários sofreram a degradação de uma formação íntegra e em comunhão com a Santa Igreja Universal Romana, de modo que penetrou no seio dessas casas de formação um relativismo ocultado por uma liberdade de expressão cultural. Tem se tornado um grande desafio a tomada de decisões ou correções em resposta às devidas atitudes erradas cometidos por seminaristas e que em inúmeros casos, erros esses que perduram por toda a vida, pelo simples fato dos formadores não agirem corretivamente. É comum nos depararmos com atitude de respeitos humanos, como o uso dos dizeres do próprio Cristo: “Atire a primeira pedra quem não tem pecado.” De fato não somos nós que devemos julgar aos outros, mas também não nos é lícito omitir ou até ser conivente com o pecado. É preciso adotar a medida do amor fraterno que deseja ser corrigido e que também corrige o irmão que cai. A Igreja é muito clara quando ensina que devemos não odiar o pecador, mas ao pecado e faz-se necessário tomar atitudes severas quando se põe em risco a confiança da humanidade na Igreja de Cristo. Nos últimos anos e mais especificamente no ano de 2010 a Igreja foi severamente atacada pelos diversos casos de pedofilia que n h chegaram à mídia e, por mais que queiramos justificar, que em relação à sociedade é percentualmente pequeno o número de casos, como o Papa Bento XVI1 falou em uma de suas cartas, ainda que fosse um caso, a Igreja sofre com isso e deve-se combater na raiz toda essa problemática e essa raiz são os seminários! Bem sabemos que há pessoas que não querem se comprometer com a verdade, que não estão dispostas a se modelarem conforme a Igreja e não ao reitor, que querem muitas vezes viver num comodismo que não se abala, mas que também não se fazem incomodar. São Josemaría Escrivá escreve no ponto 416 do Forja – “O Senhor necessita de almas fortes e audazes, que não pactuem com a mediocridade e penetrem com passo firme em todos os ambientes.” Talvez você estivesse a se perguntar, mas como ser audaz mediante uma formação que se utiliza da repressão como meio de nos obrigar a obedecer? Então é que digo, não há melhor forma do que ser homem de caráter e utilizar das palavras do próprio Cristo, não para agredir, mas sim como que quer deixar no ar um quê de docilidade em um ambiente que pode nos parecer árido, lembre-se Cristo sempre tinha as palavras certas nas horas mais difíceis, peça a Deus que te ensine a ter a mesma perspicácia de alguém que conhece a vida do Cristo, para isso é indispensável o contato diário com o Santo Evangelho.
Obs: dificuldade nas tribulações ii cor 4,7
Controvérsias das palavras ii TIM 2, 14 1 Carta do Papa Bento à Irlanda