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2. Aristófanes nos apresenta em suas comédias uma discussão acerca dos políticos e das
mulheres. Discorra sobre.
“Aristófanes, o observador sempre atento às realidades do mundo que o
cerca, capta a problemática feminista a que a sua época assistia e toma-a como tema
de três das suas comédias: Lisístrata, As mulheres que celebram as Tesmofórias e A
assembleia das mulheres. “ (SILVA, 1979- 1980 p. 97)
São doridas as palavras de Lisístrata (vv. 589 sqq.) que recorda o sofrimento
daquelas que vêm partir para a luta os filhos e os maridos, ou das jovens que
sentem murchar os verdes anos sem uma oportunidade de darem à sua vida
o rumo a que toda a mulher aspirava, o casamento. Esta situação real inspira
no poeta, também ele sofrido com os males que afligem a cidade, um projecto
utópico: a entrega da gerência de Atenas em mãos femininas. Um tal tema,
pela sua riqueza em recursos cómicos, além da actualidade que tinha na
época, pareceu por certo o melhor veículo para transmitir ao anfiteatro o
conselho sensato, a palavra animosa que competia ao poeta como educador
do povo. É em duas situações políticas diferentes, mas ambas especialmente
delicadas, que Aristófanes apresenta a proposta feminista. (SILVA, 1979-
1980 p. 106)
4. Apesar das tentativas de erudição popular pelos dramaturgos romanos, a comédia inventiva,
de escarnio e demasiadamente jocosa ainda era a predileta do povo. Desponta, portanto, no
declínio do Império Romano, já na era cristã, as considerações de Horácio acerca da poética
do texto dramático. Discorra acerca do objetivo da peça teatral, as partes e princípios que a
regulam e sua estreita relação com a retórica.
HORÁCIO (65-8 a.C.), filho de um liberto, nasceu em Venúsia. Sua poesia
tem três fases. A primeira delas abrange os Epodi e as Satirae. Nos Epodi há
o desabafo do escritor contra as guerras civis e contra equívocas figuras da
vida pública, visando a pôr em evidência os erros e os vícios com sábios
conselhos morais. [...] Nas Satirae, a moral faz-se mais conciliante, mais
simples, mais familiar, jocosa. [...] A lírica de Horácio se faz presente na
segunda fase de sua obra.. Nos Carmina, a posição política, filosófica e moral
do poeta fundem-se admiravelmente. [...] o poeta, em seus versos, celebra a
ordem e a paz, a religião como força social, os triunfos, as reformas, os
desígnios de Augusto. Por outro lado, insere breves líricas, pequenos
quadros da vida particular e dos costumes do seu tempo. [...] Do entusiasmo
lírico, Horácio volta, numa terceira fase, aos ensinamentos morais, com as
Epistulae, espécie de cartas poéticas que retomam os assuntos e a entoação
das Satirae, porém mais pacatamente: assim, constituem verdadeiras
palestras, divagações, confissões sobre a moral (as vinte Epistulae do
primeiro livro) ou sobre a literatura (as três do segundo livro; mais famosa a
terceira, conhecida como Ars Poetica). Escreve também nessa época um
quarto livro dos Carmina, que celebra as últimas vitórias militares. (RABELLO,
2014 p.260)
Para Horácio, deve-se sempre considerar o tom dos gêneros, a forma como
os personagens apresentam suas falas. Assim, não há espaço para obras que cruzam
gêneros. Há uma diferença entre o dramático e o narrativo, de forma que o Drama,
representado em palco e de forma sempre presente é o mais emocionante, mas o
narrativo, sendo o que explicita o passado, algo vivenciado e relatado, mostra o
“esplendido” e insultuoso, não de forma dramática, pois assim dá a sensação de
repulsa e desgosto ao público. O trabalho de ações irracionais, repulsivas e que
sofrem modificações, não comove o público e o distancia, causando questionamentos.
A estrutura do drama, conforme o poeta, deverá ser de cinco atos, nem mais
nem menos, não se fará presente nenhum deus, nem devem falar mais de
três atores. Embora haja vinte atores em cena, apenas três terão a palavra.
O papel do coro será o de um ator que deverá atuar entre os atos, recitando
apenas o que estiver relacionado ao argumento. (RABELLO, 2014 p.270)
O que melhor cabe à ação e o diálogo seria o jambo (uma sílaba curta e
uma longa), cada verso possui os seus aspectos, sendo importante usar o estilo
conveniente ao gênero. Os personagens seguem a tradição, os populares mantem o
caráter tradicionalmente propagado do início ao fim da peça, bem como as
características de idade. O coro seria visto somente como um grupo de apreciadores
fora da ação, somente como ouvintes, os cinco atos são curiosamente explicados
como “O primeiro ato é para os velhos, o segundo para os jovens, o terceiro para as
matronas, o quarto para os servos e o quinto para os alcoviteiros e prostitutas”.
(CÍCERO, 1855 p.295). O tema abordado deve ser de domínio público, pois o mesmo
deve ser respeitado, tendo ações que devem ser mostradas e outras somente
relatadas. A poesia trata-se de uma área da gramática que trabalha em termos de
técnica estilista.
5. A comédia romana no início da era cristã se mantem clara em seu estilo “sério cômico” e se
diferencia da comédia jocosa escarnecedora que tanto agrada as massas. Discorra sobre sua
estrutura, personagens e objetivos estéticos.
A comédia romana tinha uma preocupação menos estética, com
características ideológicas, a linguagem e ações dos personagens eram ligadas à
tradição, era vista como uma imitação de uma ação, tendo quatro partes estruturais.
Escrita de forma humilde, a comédia tem seu início mal e a sua finalização
bem, sendo vista como “descuidada e humilde”. (EVÂNCIO, 1974 p.305), sendo ela a
que “começa na desgraça, resolve-se no meio, e termina na alegria, felicidade e
satisfação. ” (COOPER p.83)
REFERÊNCIAS
CÍCERO, Oratory and Orators 2.62, trad inglesa de J. S. Watson, London, 1855