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ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS E O PRINCÍPIO


QUIETA NON MOVERE
Revista de Processo | vol. 205/2012 | p. 89 - 113 | Mar / 2012
DTR\2012\2324

Leandro Antonio Pamplona


Mestre e Doutorando em Direito pela PUC-RS. Professor da Unisc. Advogado.

Área do Direito: Civil; Processual


Resumo: O presente estudo analisa a possibilidade da antecipação de tutela nas ações
possessórias à luz do princípio da quieta non movere do direito romano. Inicia-se com
noções básicas sobre a posse, em especial com a distinção da posse nova e velha. Em
seguida são estudadas as ações possessórias, que seguem o procedimento especial e
requisitos para o deferimento da liminar. Com o fundamento do tema delimitado,
ingressa-se na defesa da possibilidade de antecipação de tutela nas ações pelo rito
ordinário colimadas na posse velha. Essa defesa da possibilidade de antecipação de
tutela nas ações possessórias ocorre, contudo, levando em consideração o princípio da
quieta non movere.

Palavras-chave: Ações possessórias - Antecipação de tutela - Quieta non movere


Abstract: The study at hand analizes the possibility of injunction in possessory actions
under the principle of quieta non movere arised from Roman Law. It begins by setting
forth basic notions of possessory, possessory actions specially with the distinction
between old and new possession. On the second part of the work, we shall proceed with
the analysis of possessory actions, that follow special procedures and have specific
requirements for granting of provisional measures. Setting forth the subject area and
framing the scope of the work, this paper begins to address injunctions in the ordinary
rite by old possessions founded on old possession. The defense of this approach does,
however, take into consideration the principle of quieta non movere.

Keywords: Possessory actions - Injuction - Quieta non movere


Sumário:

1.POSSE - 2.AÇÕES POSSESSÓRIAS - 3.BREVÍSSIMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DA


TUTELA ANTECIPADA - 4.ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS E O
PRINCÍPIO DA QUIETA NON MOVERE - 5.CONCLUSÃO - 6.BIBLIOGRAFIA

1. POSSE

Antes de adentrar no tema central do presente trabalho, será feita uma breve
recapitulação sobre a posse, sublinhando conceitos e institutos necessários para
compreensão do presente estudo. Destacaram-se no estudo da posse Savigny e Jhering,
o primeiro com a teoria subjetiva; e o segundo com a teoria objetiva. Essas teorias
influenciaram o Código Civil de 1916 (LGL\1916\1) e o atual de 2002. Predominou a
teoria de Jhering, tendo a ligeira impressão de estar-se diante da teoria subjetiva ao
1
tocante à usucapião quanto ao modo aquisitivo de propriedade.

O instituto da posse foi esmiuçado e desenvolvido a partir do Direito Romano. A minucia


na conceituação e distinção garantiu a influência em quase todos os sistemas jurídicos
atuais. Independente de maior ou menor influência do Direito Romano a ideia sempre
tem como foco uma situação de fato em que uma pessoa exerce poderes ostensivos
sobre uma coisa, independente de ser ou não sua proprietária, conservando-a ou
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defendendo-a.

Com efeito, em comparação à propriedade que é um direito, a posse é basicamente um


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fato.

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Em termos gerais pode se dizer que a posse “é uma situação fática com carga
potestativa que, em decorrência da relação socioeconômica formada entre um bem e o
4
sujeito, produz efeitos que se refletem no mundo jurídico”. O conceito de posse envolve
dois elementos: o corpus e o animus. Com estas designações os elementos da posse
5
atravessaram os séculos. O corpus é a relação física do homem com a coisa, ou a
exterioridade da propriedade. O animus é o elemento subjetivo, a intenção de proceder
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com a coisa como faz normalmente o proprietário.
1.1 Posse direta e indireta

O art. 1.197 do CC/2002 (LGL\2002\400) reconhece a possibilidade de duas


modalidades de possuidores, os diretos (imediatos) e os indiretos (mediatos). O
possuidor indireto é o próprio dono ou assemelhado, que entrega seu bem a outrem. A
7
tradição da coisa faz com que se opere a bipartição da natureza da posse.

Para Pontes de Miranda a posse mediata é a que se tem por sobre outra, que serve de
mediadora para o poder fático. Cumpre, porém, não se exagerar o papel da mediação. O
possuidor mediato está em plano superior; é a sua posição, aí, que o faz superior, – não
8
a existência do possuidor imediato. São exemplos de possuidores indiretos, o locador, o
nu proprietário no usufruto e o arrendatário.

O possuidor direto é o que recebe o bem em razão do direito ou de contrato, ou seja, é o


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que tem o contato físico da coisa. A posse imediata, aí, é apenas posse direta exercida
por outrem; se falta o possuidor imediato, – ou o possuidor próprio vem, também, até
embaixo, enchendo toda a extensão possível do poder fático, ou se abstém de descer
até a coisa, e isso se expõe a que alguém se insinue no estrato em que estava o
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possuidor imediato.

Nesse diapasão, serão possuidores diretos, também exemplificando, os tutores e


curadores que administram bens dos pupilos; o comodatário que recebe e usufrui da
coisa emprestada pelo comodante; o depositário que tem a obrigação de guardar e
conservar a coisa recebida etc. A lei ou o contrato, como regra geral, determinará a
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forma e lapso temporal dessa posse direta.

A classificação de posse direta e indireta mostra o desdobramento da relação


possessória. O art. 1.197 do CC/2002 (LGL\2002\400) foi a forma de contornar o mero
exame do animus e do corpus que estava se mostrando insuficiente. Com base nessa
fórmula, ambos os possuidores estão legitimados às ações para defesa da posse contra
terceiros.
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Por fim, contrário a ideia de Silvio de Salvo Venosa configura-se erro exigir-se, entre
elas (posse mediata e a imediata) relação jurídica, pois como bem salienta Pontes de
Miranda: “a relação não é jurídica, – é fática, donde ser impertinente exigir-se-lhe
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validade ou eficácia jurídica”.
1.2 Posse justa e injusta. Posse violenta, clandestina e precária

O art. 1.200 do CC/2002 (LGL\2002\400) classifica a posse justa como “a posse que não
for violenta, clandestina ou precária”. De sua origem nec vim, nec clam, nec precario. O
conceito de posse justa ou injusta não se confunde com aquele definido no art. 1.228 do
CC/2002 (LGL\2002\400). Em sede possessória, a concepção de injustiça ou justiça da
posse restringe-se aos três vícios que a maculam (stricto sensu), enquanto, no que
concerne à propriedade, a expressão é empregada para designar todas as situações (e
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não apenas aqueles vícios) que repugnam ao mais amplo direito real.

A justiça ou injustiça é definida por critérios objetivos, ao contrário, a boa ou má-fé,


dependem de critérios subjetivos. Para sabermos se uma posse é justa, não há
necessidade de recorrer à análise da intenção da pessoa. A posse pode ser injusta e o
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possuidor ignorar o vício.

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Violência é a maneira de consecução do ato espoliativo mediante constrangimento físico


ou moral praticado contra o possuidor ou contra quem possui em nome dele.
Configura-se pela utilização da força física (armada ou não), ou por intermédio da vis
16
compulsiva. Posse violenta é portanto, aquela obtida pela força ou violência no início
de seu exercício. Pelo oposto, a posse obtida com tranquilidade, e assim mantida no
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curso de seu exercício, se diz mansa e pacífica. Há violência, inclusive, na invasão de
local onde não haja ninguém, mas ao regressar o possuidor seja impedido de nela
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reentrar.

A posse clandestina é aquela que ocorre às escondidas do possuidor. Não é suficiente o


desconhecimento do ato, fazendo-se necessário que a posse tenha sido tomada às
escondidas e com emprego de manobras tendentes a deixar o possuidor em
19
determinada posição de efetivo não conhecimento do esbulho. É no momento da
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aquisição da posse que se avalia a clandestinidade.

A posse precária é a posse por prazo certo. Passado o tempo estipulado ou sendo
requerida a posse novamente, o possuidor precário deve restituir a coisa ao possuidor
originário. Resulta de um abuso de confiança por parte daquele que previamente
recebera a coisa do possuidor, assumindo o compromisso (tácito ou expresso) de
restituí-la em certo momento, ou quando se verificasse determinada condição ou termo.
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Como repousa na confiança, a outorga concedida ao precarista pode ser suprimida a


qualquer tempo, surgindo a obrigação de devolver a coisa. O vício dá-se a partir do
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momento da recusa em devolver. É o que acontece quando termina o contrato de
locação, de depósito e do comodato.

A violência, a clandestinidade ou precariedade não são da posse em si mesma porque


somente a vítima pode alegá-la. Terceiros não têm legitimidade para arguir a injustiça
23
da posse.
1.3 Posse de boa-fé e de má-fé. Justo título

O art. 1.201 do CC/2002 (LGL\2002\400) caracteriza a posse de boa-fé. “É de boa-fé a


posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que lhe impede a aquisição da
coisa”. Apesar dos critérios objetivos, para configuração da boa-fé, será necessário
examinar no caso concreto a vontade do possuidor.

Nesses termos, temos que examinar, no caso sob testilha, se o possuidor ignora o vício
da posse. Em seguida, concluiremos cessada a boa-fé no momento em que as
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circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Na posse de boa-fé o possuidor tem a certeza de que é o único, desconhece qualquer
obstáculo ou vício para sua aquisição.

Por outro lado, a posse de má-fé é aquela que o possuidor tem ciência da ilegitimidade
de seu direito de posse, pois está ciente de vício ou obstáculo impeditivo para sua
aquisição. Para posse de má-fé o julgador avaliará as circunstâncias referidas na lei,
concluindo que na espécie reunia o agente, tomando-se como padrão o homem médio,
condições de conhecer a ilegitimidade de sua relação de fato com a coisa. O critério é a
subjetividade. Não bastará, contudo, alegar apenas ausência de ciência de ilicitude,
25
atitude passiva do sujeito.

O justo título também influencia na boa-fé. Uma posse decorrente de justo título
presume-se de boa-fé. Portanto, é de má-fé a posse daquele que sabe que sua posse é
viciosa; ou o deve saber, por não ter título de aquisição, nem presunção dele; ou ser
26
este manifestamente falso, ou por outras circunstâncias. Entretanto, deve ser
ressaltado que mesmo a posse de má-fé admite indenização por benfeitorias úteis e
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necessárias.

O justo título é o título hábil para transferir o domínio e que realmente o transfira, se
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emanado do verdadeiro proprietário, mas esta presunção cede ante a prova em


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contrário. O emprego de justo título não é somente como sinônimo de documento,
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mas como fato gerador do qual a posse deriva.
1.4 Posse nova e posse velha

O art. 507 do CC/1916 (LGL\1916\1) tratava da posse nova e o art. 508 do CC/1916
(LGL\1916\1) da posse velha. Posse nova é aquela recente contada até um ano e um
dia. Já a posse velha é aquela posterior a um ano e um dia. O Código de Processo Civil
(LGL\1973\5) de 1973, manteve a distinção entre posse nova e velha, sendo imperiosa
essa classificação, para fins de procedimento (art. 924) e até mesmo para obtenção da
liminar.

O art. 507 do CC/1916 (LGL\1916\1), não recebeu correspondente no atual Código Civil
(LGL\2002\400), permanecendo a distinção somente no Código processual. Um dos
principais efeitos da contagem do tempo da posse é para aquisição originária da
30
propriedade. A posse hábil para esse fim, denomina-se usucapionem.
2. AÇÕES POSSESSÓRIAS

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As ações possessórias são ações reais. Estão previstas dentro dos procedimentos
especiais, no Código de Processo Civil (LGL\1973\5). Com sua disposição o legislador
manteve a tradição com o direito romano. Ao titular da posse confere-se um direito
32
subjetivo, um poder relativo à coisa em face da sociedade.
33
Nas Institutas do Jurisconsulto Gaio os interditos possessórios se dividiam para
aquisição, conservação ou recuperação da posse. O interdito para aquisição da posse,
também chamado de Salviano, era utilizado pelo proprietário do terreno para haver as
coisas do colono. O juiz concedia interdito restitutório ao esbulhado violentamente da
coisa possuída. Já o interdito conservador servia quando havia controvérsia entre as
partes sobre a propriedade e a necessidade preliminar de saber qual dos litigantes
deveria possuir a coisa.

Como se verifica desde as Institutas de Gaio, a questão da posse era debatida de forma
preliminar dada sua urgência. Seguindo essa linha, atualmente as ações possessórias,
com caráter próprio e rito especial que de modo geral todos os sistemas adotam,
inspiram-se no objetivo de resolver rapidamente a questão originada do rompimento
antijurídico da relação estabelecida pelo poder sobre a coisa, sem necessidade de
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debater a fundo a relação jurídica dominial.

Segundo entendimentos de cunho doutrinário, o motivo basilar da inserção destas ações


na parte do Código de Processo Civil (LGL\1973\5) que trata dos procedimentos
especiais deve-se fundamentalmente ao fato de possuírem as denominadas possessórias
uma fase preliminar antecedente ao rito ordinário, na qual é autorizado ao julgador, em
caráter provisório, o deferimento de um autêntico mandado liminar (de reintegração ou
35
manutenção de posse).

As ações possessórias nascem a qualquer pessoa que tem poder sobre a indicação de
36
proveniência. Qualquer fato que exprima basta (por exemplo registro). O possuidor
como usufrutuário, usuário ou habitador tem a tutela possessória, como os demais
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possuidores não próprios, inclusive a legítima defesa e a justiça de mão própria (art.
1.210 do CC/2002 (LGL\2002\400)).

A relevância social da posse exige uma resposta rápida do Estado. Daí porque, segundo
Caio Mário da Silva Pereira “qualquer distúrbio que sofra esta, afeta o direito na própria
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essência”. A ausência de uma ação rápida ao alcance do prejudicado, resultaria numa
sensação de insegurança social, sujeitando-nos a lei do mais forte.

Na França um possuidor perturbado em sua posse tem a action possessoire, que lhe dá o
direito de retornar a posse sem ter que provar que é o proprietário, conforme o art.
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2.282 do CC/2002 (LGL\2002\400). Seguindo essa linha, nosso direito pátrio dispõe que
nas ações possessórias (interditos) a contenda só poderá contemplar a discussão sobre a
posse, vedada a análise da propriedade (art. 923 do CPC (LGL\1973\5)).

Essa é a distinção entre o juízo petitório e o possessório. Nas chamadas ações petitórias
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(petitorium iudicium), leva-se em conta o direito de propriedade. As petitórias são
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fundadas no ius possiendi onde o possuidor tem a posse e também é proprietário. São
exemplos de petitórias a ação reivindicatória e a imissão de posse.

Quem tem direito real, portanto, constante de registro de imóveis, se se trata de direito
real imobiliário, não tem, somente por isso, posse, pretensão e ações possessórias. Tem
as ações petitórias, tem a ação declaratória, tem as ações ligadas ao seu direito. A
pretensão e as ações possessórias somente as têm o titular do direito real, se possui,
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durante o tempo em que se dá a ofensa, o objeto de que se cogita.

De outra banda, as ações possessórias se fundam no ius possessionis, que é o direito no


42
fato da posse. Temos como exemplo de possessórias a manutenção e a reintegração
de posse, além do interdito proibitório.
2.1 Manutenção de posse

O possuidor, sofrendo embaraço no exercício de sua condição, mas sem perdê-la,


postula ao juiz que lhe expeça mandado de manutenção, provando a existência da
posse, e a moléstia. Não se vai discutir a qualidade do direito do turbador, nem a
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natureza ou profundidade do dano, porém o fato em si, perturbador da posse.

Quem está na posse, sem que a houvesse tirado de quem a vem turbar, tem o direito de
ser mantido. Manter é manum – tenere, ter mão, como em manobrar, manipular; e, até,
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na língua francesa, para se agarrar o presente, se usou e se usa maintenant.

Tem-se discutido na doutrina se a manutenção só pode ser concedida ao possuidor


direto, ou se também poderia ser concedia ao indireto. Caio Mário sustenta que a defesa
da posse deve ser meio de resguardar a condição do possuidor imediato, seja contra um
terceiro, seja contra um possuidor indireto. Este não pode, em nenhum caso, romper,
por sua força, o estado de fato de que o possuidor direto goza, em razão do título que
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criou o desdobramento da posse.

A manutenção da posse está ligada à turbação. A sentença mantenedora da posse


deverá restituir ao status quo ante, com a cessação da moléstia, inclusive a demolição
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de obras realizadas pelo turbador.
2.2 Reintegração de posse

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Reintegrar na posse é expressão com que nos referimos, hoje, à recuperação. A ação
de reintegração de posse decorre do esbulho. Esbulho existe quando o possuidor fica
injustamente privado da posse. Nas palavras de Pontes de Miranda esbulhar “é espoliar,
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tirar, no todo ou em parte, o que outrem possui.” Não é necessário que o
desapossamento decorra de violência. Neste caso, o possuidor está totalmente
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despojado do poder de exercício de fato sobre a coisa.

Comete esbulho, por exemplo, estranho que invade casa deixada por inquilino. Na
reintegração busca-se a realização do principio canônico expresso pelo adágio spoliatus
50
ante omnia restituendus. O artigo 927 do CPC (LGL\1973\5) enumera seus requisitos:
(a) a posse do autor; (b) o esbulho praticado pelo réu; (c) a data do esbulho; (d) a
perda da posse, na ação de reintegração. O objetivo imediato da sentença é restituir a
51
coisa ao esbulhado, e, se ela não mais existir, o seu valor.
2.3 Distinção entre a manutenção e a reintegração de posse

Conforme já fora estudado, as ações possessórias (manutenção, reintegração e


interdito) não se confundem com as ações petitórias (reivindicatória e imissão).
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Enquanto essas dependem da propriedade e dispensam a posse, aquelas dependem


unicamente da posse. Dentro das ações possessórias temos ainda a diferenciação entre
a manutenção e a reintegração. De acordo com Ovídio Araújo Baptista da Silva a
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distinção se faz segundo a “intensidade da respectiva agressão à posse”. Na
manutenção se pressupõe que o possuidor foi vítima de um simples incômodo em sua
posse, sem ser privado do exercício. O interdito terá, então, a função de assegurar o
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exercício de uma posse existente, apenas turbada pela atividade ilegítima de terceiro.
Na turbação o possuidor não chega a perder a posse só tem um incômodo. São
exemplos: a colheita de frutos, a passagem de encanamento, fios e algumas servidões
de passagem.

Na ação de manutenção, será apenas mantida a posse já existente e que nunca deixou
de existir, mas que foi temporariamente incomodada. Por outro lado na ação de
reintegração o possuidor perde ainda que parcialmente a posse em virtude da agressão
do esbulhador. É um interdito recuperatório de uma posse de que o possuidor fora
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privado pelo ato do terceiro esbulhador.

É irrelevante também a intenção do esbulhador em permanecer ou não. Exemplo


clássico é o dos ciganos. Ainda que seja por certo prazo, e a ocupação ocorra apenas em
parte da área da propriedade, o possuidor perde a sua posse, devendo ser reintegrado.
2.4 Interdito proibitório

O interdito proibitório contempla a possibilidade de defesa a uma ameaça de turbação ou


esbulho. Antes mesmo de ocorrer a turbação ou esbulho é possível a defesa da posse.
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Tem, portanto, natureza premonitória, evitando que se consume a violação da posse.
Esse interdito está regulamentado nos arts. 927 e 932 do CPC (LGL\1973\5), exigindo
para seu deferimento os seguintes requisitos: (a) posse do autor; (b) ameaça de
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turbação ou de esbulho por parte do réu; (c) junto receio de ser efetivada a ameaça.
Tem-se como exemplo o movimento social que está na iminência de invadir terras por
considerá-las improdutivas.

No interdito proibitório busca-se uma abstenção, uma proibição, um não fazer, muito
parecida com aquela disposta na tutela específica do art. 461 do CPC (LGL\1973\5).
Inclusive há também a possibilidade de aplicação de multa para o caso de transgressão.
O autor ao ingressar com a ação deve indicar o valor da multa pecuniária, e se não o
57
fizer, cabe ao juiz fixá-la. Com a cominação do preceito, o réu se contém, e, se não
abstiver da moléstia, automaticamente incidirá na pena (arts. 932 e 933 do CPC
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(LGL\1973\5)).
3. BREVÍSSIMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DA TUTELA ANTECIPADA

No sistema tradicional obediente ao rito de procedimento comum (ordinário ou sumário),


o autor, ainda que proposta a ação com o amparo de provas as mais eloquentes e com
invocação a jurisprudência tranquila em favor de sua tese, somente ao final de longo
caminho, sujeito a recursos e incidentes, alcançará a almejada prestação jurisdicional; e
ainda assim, proferida ao final a sentença condenatória, terá o demandante vitorioso
obtido, não o bem da vida pretendido, mas apenas um título executivo, cumprindo-lhe
incoar nova demanda em processo de execução, também este suscetível de embargos,
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sentença e novas impugnações.

A demora, (que vários fatores tornam com frequência excessiva) no andamento


processual, os recursos que se desdobram e se multiplicam, em suma a “lentidão da
Justiça”, constitui um grave problema social: “provoca danos econômicos (imobilizando
bens e capitais), favorece a especulação e a insolvência, acentua a discriminação entre
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os que têm a possibilidade de esperar e aqueles que, esperando, tudo tem a perder”.

Com o propósito de agilizar a prestação jurisdicional, o Código de Processo Civil


(LGL\1973\5) sofreu alterações da maior importância, que bem compreendidas e
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aplicadas virão atender plenamente aos reclamos dos jurisdicionados, mantendo-nos na


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vanguarda das modernas legislações processuais.

Com o objetivo maior de atualizar o Código, buscando principalmente a efetividade do


processo, foi criada a Lei 8.952, de 13.12.1994, onde a par de muitas outras
modificações, foi generalizada no direito processual civil brasileiro – art. 273 do CPC
(LGL\1973\5) – a antecipação dos efeitos da tutela, com eficácia satisfativa.

A consagração legislativa do instituto da antecipação dos efeitos da tutela ou, mais


simplesmente, da antecipação de tutela, além de impedir, doravante, a deturpação do
uso da medida cautelar “inominada”, veio a responder, como já referido, às exigências
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de equânime distribuição dos ônus do tempo no processo. Tomando por base o art.
273 do CPC (LGL\1973\5), podemos definir medida antecipatória como medida através
da qual o juiz antecipa, “total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido
inicial”. Se lograrmos identificar, no conjunto das medidas de tutela provisória, as que
apresentam essas características, poderemos, ainda que por exclusão, distinguí-las das
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demais, sujeitas ao regime do processo cautelar.

Para a possibilidade da antecipação dos efeitos da tutela pretendida é necessário o


preenchimento de alguns requisitos. A antecipação de tutela depende de que prova
inequívoca convença o magistrado da verossimilhança das alegações do autor. Mas tais
pressupostos não são bastante. É mister que ao mesmo que se conjugue o fundado
receio, com amparo em dados objetivos, de que a previsível demora no andamento do
processo cause ao demandante dano irreparável ou de difícil reparação; ou,
alternativamente, de que fique caracterizado abuso de direito de defesa, abuso que
inclusive se pode revelar pelo manifesto propósito protelatório revelado pela conduta do
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réu no processo ou, até, extra processualmente.
65
Como características poderíamos citar: a necessidade de pedido formulado pelo autor e
a provisoriedade processual do provimento, porque revogável, ou modificável a qualquer
66
tempo durante o “iter” processual ,eis que fundada em cognição sumária. A
antecipação dos efeitos da tutela não se confunde com a tutela cautelar, nem tampouco
com as liminares do mandado de segurança ou das ações possessórias.
3.1 A diferença entre liminar, cautelar e tutela antecipada

Face à confusão do emprego das palavras liminar, cautelar e tutela antecipada, como se
semanticamente fossem a mesma coisa, é curial a distinção científica desses vocábulos,
como forma de evidenciar suas distinções. Se consultarmos liminar em um dicionário
jurídico, teremos a seguinte definição: “aquilo que está ou é feito in limine, ou seja, no
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limiar, no começo ou entrada”.

No sentido processualista, liminar é aquele comando emitido in limine litis, ou seja, é a


primeira ordem do juiz, após o recebimento da ação. As medidas liminares são
providências adotadas durante uma relação jurídica processual instalada e em
desenvolvimento, consubstanciando-se, em face do risco de dano e de uma situação
emergencial, num provimento preliminar, que pode ser emitido logo à entrada da causa
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em juízo.

Com precisão, liminar é só o provimento que se emite inaudita altera parte, antes de
qualquer manifestação do demandado e até mesmo antes de sua citação. Não é outra a
constatação que se extrai dos próprios textos legais, que em numerosas passagens
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autorizam o juiz a decidir liminarmente ou após justificação. O próprio Código de
Processo Civil (LGL\1973\5) de 1939, não falava em liminar mas sim em initio litis.

Na mesma senda, não é demais lembrar que o indeferimento da petição inicial, a ordem
de citação, enfim, tudo aquilo que ocorre no “frontispício” do processo é considerado
liminar. Significa dizer, que não apenas a antecipação dos efeitos da tutela pretendida ou
o acautelamento, deferidos antes da oitiva da parte adversa, são considerados liminares.
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O que identifica a liminar não é o conteúdo do comando, mas sim o momento na linha
do tempo, de sua prolação. Também não importa o procedimento ou o tipo de processo,
pode ser no processo de conhecimento, cautelar ou execução. O critério é
70
exclusivamente topológico.

Em síntese, a expressão liminar significa o primeiro comando judicial no processo. Indica


71
apenas o momento procedimental em que determinada medida é adotada. Para
Donaldo Armelin a liminar integra o gênero da tutela jurisdicional diferenciada, a qual
tem por objetivo dotar o processo de maior efetividade, tornado-o mais célere na
72
realização do direito substantivo.

Para aqueles que defendem a prestação da chamada tutela jurisdicional diferenciada –


73
como na Itália o professor da Universidade de Firenze, Andrea Proto Pisani – é possível
que em algumas situações, se mitigue a certeza e a segurança jurídica, resultante de
uma cognição plena e exauriente, para assegurar a antecipação de uma tutela urgente,
fundada em uma cognição parcial e sumária. Essa antecipação para ser efetiva, muitas
vezes, deverá ser concedida antes da oitiva da parte contrária, visando elidir o abuso no
exercício da defesa.

É imperioso deixar consignada a ideia de completa diferença entre os termos: liminar,


antecipação de tutela e cautelar; que muitas vezes são empregados como se sinônimos
fossem. O que não se pode tolerar é o alargamento do conceito até o ponto de confundir
com liminar toda e qualquer providência judicial antecipatória, isto é, anterior à
74
sentença.

A cultura pátria das liminares, constante nas redações das cautelares, pos- sessórias e
até mesmo do mandado de segurança, é a explicação para tanta confusão entre liminar
e antecipação. Entretanto, a redação do art. 273 do CPC (LGL\1973\5) demonstra a
diferença entre a liminar e a antecipação, garantindo para essa última a possibilidade de
ocorrer a qualquer momento do processo, podendo, ser liminarmente. Da mesma forma,
na cautelar, se não estiverem presentes os requisitos para concessão da liminar, se
prestará a tutela apenas no momento normal, ou seja, na sentença.

Existem provimentos liminares que antecipam, cautelarmente, como os que evitam a


despedida de um empregado, o licenciamento de um militar, a suspensão de uma
autuação do Fisco; antecipa-se um provimento, mas, na verdade, não satisfaz a
pretensão material, o que só ocorrerá com a sentença de mérito, no processo principal.
Por outro lado, há provimentos que antecipam, satisfazendo definitivamente a própria
pretensão material, de que são exemplos as liminares para liberação de cruzados,
levantamento de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e autorização para
transfusão de sangue contra a vontade do paciente, pelo que adquirem feição de
75
provimentos satisfativo stricto sensu.
4. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS E O PRINCÍPIO DA QUIETA
NON MOVERE

Após brevíssimo estudo das diferenças entre antecipação de tutela, cautelar e liminar,
qual afinal a natureza da e a liminar nas ações possessórias (art. 928 do CPC
(LGL\1973\5))? Teria a liminar, revestimento de cautelaridade? Dependeria dos
requisitos de fumus boni iuris e periculum in mora? Ou seria uma própria antecipação da
tutela final pretendida?

Ainda que existam doutrinadores sustentando a natureza cautelar da medida liminar nas
ações possessórias, esta tese não deve prosperar. As ações possessórias, em verdade,
antecipam os efeitos da sentença final, ainda que o juiz tenha cognição sumária e emita
76
uma “sentença liminar”. Nessa linha, Ovídio Araújo Baptista da Silva sustenta que “as
77
liminares possessórias não são cautelares, como muitos afirmam”.

E a distinção pode ser encontrada nos requisitos para o deferimento das cautelares –
Página 8
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

periculum e fumus – ou da tutela antecipada (art. 273 do CPC (LGL\1973\5)). Para que
haja cautelaridade é necessária a existência do periculum in mora, que faz com que a
tutela jurisdicional, se ao final prestada em favor do requerente da liminar, torne-se na
78
prática, inócua, impossibilitando, com isso, a realização do direito.

Só seria possível levar em consideração o periculum, no caso do interdito proibitório,


pois nessa situação, o possuidor terá de provar o “receio de ser molestado”, ou seja,
estará na iminência do fato; já na manutenção a turbação já ocorreu, assim como na
reintegração o esbulho. A turbação e o esbulho já são fatos consumados, carecendo o
periculum. Em Portugal a restituição provisória da posse, incluída como procedimento
cautelar específico, também carece do periculum in mora, sendo reconhecidamente uma
79
providência preventiva e conservatória, não cautelar.

Não bastasse a diferença nos requisitos, a liminar possessória como medida


antecipatória, faz parte da respectiva lide, é um pedaço da sentença que se destaca
formando o provimento liminar, enquanto a tutela cautelar faz parte de outra lide, a
80
exigir procedimento autônomo, conforme prescreve o art. 896 do CPC (LGL\1973\5).

Conforme Joel Dias Figueira Jr., a manutenção ou a reintegração liminar concedida pelo
juiz não se destina a garantir ou viabilizar futura execução de sentença ou qualquer
outro processo de conhecimento. As ações possessórias exaurem-se em si mesmas, ou
seja, atingem suas finalidades precípuas dentro da própria demanda, fulcradas nas
decisões judiciais que são executivas lato sensu ou mandamentais, seja através de
81
decisão proferida na primeira fase procedimental, seja em sentença de procedência.

Deve ser salientado que as ações possessórias estão no Livro IV do CPC (LGL\1973\5),
dentro dos procedimentos especiais. O art. 928 do CPC (LGL\1973\5) que trata do
mandado liminar nas ações possessórias possui a mesma redação desde 1973, portanto,
muito anterior a tutela antecipada consagrada no art. 273. No entanto, como observa
Athos Gusmão Carneiro “nas ações possessórias propostas dentro de ano e dia, contados
do esbulho ou turbação, a antecipação de tutela é medida de urgência expressa em lei, e
82
de secular tradição”. Significa dizer que as liminares possessórias eram verdadeiras
antecipações de tutela, antes mesmo da redação atual do art. 273 do CPC (LGL\1973\5).

Inclusive Pontes de Miranda em 1977, já entendia a manutenção ou a reintegração initio


83
litis, como “adiantamento da decisão”. Na ação de reintegração, adianta-se execução;
na de manutenção, adianta-se mandamento.

Ainda no que tange a natureza do mecanismo (liminar, antecipação ou cautelar) utilizado


para viabilizar de forma imediata o pedido do Autor, a distinção está no fato de que a
tutela antecipada e a liminar cautelar são revogáveis porque concedidas rebus sic
stantibus, enquanto a revogação da liminar possessória só é possível na via do agravo
ou na sentença, pois conforme entendimento da doutrina a não interposição de recurso
84
contra a concessão da liminar opera preclusão.

Conforme sustentado, a liminar nas possessórias se assemelha mais as antecipações de


tutela, entretanto, os requisitos para o seu deferimento estão no próprio art. 927 e não
no art. 273 do CPC (LGL\1973\5). Com certeza, não são o fumus e o periculum como
85
quer Silvio de Salvo Venosa. Preenchidos os requisitos do art. 927 do CPC
(LGL\1973\5), possível a expedição do mandado liminar.

Deve ser sublinhado que a possibilidade de liminar nesse procedimento especial só é


possível na chamada posse nova (ação intentada com menos de ano e dia). Passado o
ano em dia a ação não poderá mais ser proposta com base no procedimento especial.
Essa ação terá de ser proposta através do procedimento ordinário. Tratando-se de posse
velha, há discussão na doutrina sobre a possibilidade de antecipação de tutela.

Silvio Venosa, por exemplo, defende a impossibilidade de antecipação de tutela no caso


de posse velha. Para o autor, como há procedimento especial e circunstâncias próprias
para o deferimento de liminar nas possessórias, as medidas gerais de antecipação de
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ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

86
tutela, mostram-se incompatíveis nesse campo.

Em que pese tal entendimento e fiel a tudo que fora sustentado até esse momento –
inclusive por ser a liminar possessória uma verdadeira antecipação de tutela –
entende-se cabível a antecipação de tutela nos casos de posse velha.

Passado ano e dia, a ação de reintegração ou manutenção será processada pelo rito
ordinário (art. 924 do CPC (LGL\1973\5)). O rito ordinário admite o pedido de
antecipação de tutela, desde que preenchidos os requisitos do art. 273 do CPC
(LGL\1973\5), ou do § 3.º do art. 461. Em situação similar, num caso de imissão de
87
posse – que não possui procedimento especial – a Min. Nancy Andrighi, entendeu
possível o pedido de antecipação de tutela, sob o fundamento de que a ação é
processada pelo procedimento ordinário.

Cumpre ressaltar que, sendo a liminar possessória uma verdadeira antecipação de


tutela, não haveria porque não aceitar seu pedido ainda que a posse seja velha. É bem
verdade que no caso da posse velha, além dos requisitos do art. 927 do CPC
(LGL\1973\5), deverá ser verificada a presença daqueles constantes no art. 273 ou do
art. 461-A do CPC (LGL\1973\5). De qualquer forma a jurisprudência já tem aceitado
88
essa possibilidade.

Mesmo sendo possível o deferimento da tutela antecipada, na posse velha, serão


89
raríssimos os casos em que essa será deferida.

A doutrina ventila outra possibilidade para buscar essa tutela quando a posse for
considerada velha. Atualmente, diante dos termos do art. 461-A, a reintegração de
posse pode se valer da técnica antecipatória e da sentença de executividade intrínseca. É
possível dizer, assim, que a reintegração de posse, ainda que já passado ano e dia,
90
encontra no art. 461-A “forma processual”. Nessa situação a antecipação de tutela
obedecerá os requisitos da tutela específica, ou seja, a alegação de probabilidade do
91
direito e de circunstância indicadora de perigo.

De qualquer forma, o juiz ao analisar um pedido liminar nas ações de manutenção,


reintegração e interdito, ou até mesmo pedido de tutela antecipada, nos casos de posse
velha, deverá ter presente o princípio da quieta non movere. A decisão que assegura ou
92
modifica a situação fática envolve enormes repercussões econômicas e sociais. Esses
fatores devem influenciar no arbítrio judicial, principalmente na análise das provas
carreadas à inicial.

Para Athos Gusmão Carneiro, nos casos de ações de força velha, a aplicação do art. 273,
93
dependerá das circunstâncias do caso concreto. Nesse mesmo sentido, Arruda Alvim
94
entende que o juiz, nessa situação, “deverá avaliar o tempo, condições da posse etc”.

A tradição romana privilegiava a situação fática existente. Nas Institutas do jurisconsulto


Gaio é possível confirmar essa afirmativa. A previsão era de que tendo o interdito
conservador por objeto terreno ou edifício, o pretor ordenava que fosse preferido aquele
que, no momento de ser deferido o interdito, não possuísse a coisa de forma violenta,
95
clandestina ou precária em relação ao adversário.

O princípio da “quieta non movere” era defendido por Pontes de Miranda. Dizia ele que
“somente depois de haver ofensa ao princípio quieta non movere é que se pode pensar
na entrada da posse, no mundo jurídico. Somente depois dessa entrada é que se pode
96
pensar em ius possessionis”.

Como observa Jaques Távora Alfonsin, as teorias da posse “se baseiam numa presunção
de legalidade e de legitimidade da posse de quem já possui o bem que estiver em
97
causa”. Ainda, segundo o autor, essas teorias traduzem muito bem o que os romanos
queriam dizer com o quieta non movere, isto é, todas elas expressam, posicionamentos
98
conservadores do status quo.

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ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

Da mesma forma, no direito francês – que é caracteristicamente materialista –


protege-se prima facieo possuidor. Num primeiro momento porque o possuidor é o
proprietário, e se não for, há preferência em proteger quem usa o bem em detrimento
daquele que tem o direito e permaneceu sem utilizá-lo. A segunda justificativa é que ao
99
proteger a posse também se protege a ordem pública.

Esse privilégio ao possuidor, mantendo-se a situação fática, decorre da ideia romana da


quieta non movere. Esse princípio romano orienta a manutenção da situação fática
existente ao tempo da propositura da ação. A ideia é não alterar de forma violenta a
situação fática existente. A finalidade, pois, da proteção da posse está em conservar o
100
estado de fato. Em princípio, fica protegida a situação fática existente. Significa dizer
que se mantém a posse daquele possuidor direto.

Essa ideia representa, para o caso das ações envolvendo a troca de posse, a correta
distribuição do ônus do tempo. Significa dizer que o litigante que apresenta uma posição
de maior evidência em relação à situação litigiosa, deve permanecer fruindo do bem,
enquanto seu adversário busca provar que sua posição é merecedora de tutela
101
jurisdicional.
102
A jurisprudência tem levado em consideração esse princípio, como forma de
excepcionar as situações em que será alterada a posse, principalmente no caso da posse
velha, através da antecipação de tutela.

Adroaldo Furtado Fabrício ressalta que a redação do art. 1.197 do CC/2002


(LGL\2002\400), fortalece a posição do possuidor direto em face do indireto,
compatibilizando assim a mais clara concepção da posse com o fato, que aparece, entre
outros dispositivos, no art. 1.204, o qual exclui dentre os modos de aquisição da posse o
superado constituto possessono. Ainda de acordo com o autor, volve-se, pois, à pureza
103
do princípio inspirador da proteção possessória, que se localiza no quieta non movere.
5. CONCLUSÃO

O princípio da quieta non movere, literalmente, consiste em não perturbar o que está
tranquilo. Esse princípio romano de manter a situação como está, influenciou o legislador
pátrio que privilegiou a situação fática da posse, conforme o art. 1.211 do CC/2002
(LGL\2002\400).

Quando houver dúvida sobre a posse, será mantido na posse aquele que tiver a coisa.
Com essa orientação, a possibilidade de antecipação dos efeitos da tutela buscando a
modificação fática configura-se excepcionalíssima. Passado o ano e dia a posse passa a
ser “velha” não cabendo mais a liminar do procedimento específico. O tempo que
caracteriza a posse velha configura a inércia do interessado e, por consequência, vai ao
encontro ao princípio da quieta non movere.A situação é similar a que ocorre na
suppressio.

Outra distinção importante reside na força da liminar. A concessão da liminar, fundada


no procedimento especial, somente poderá ser revogada mediante agravo ou na
sentença, caso contrário ocorre sua preclusão. Em contrapartida, no caso de deferimento
excepcional via antecipação de tutela pelo rito ordinário, essa medida se demonstra mais
frágil, pois pode ser modificada ou revogada a qualquer momento.

Conforme lição francesa a proteção da situação fática, não alterando violentamente a


posse, implica também na garantia da ordem pública. Se a ação é proposta dentro de
um ano e dia fica evidente a urgência na modificação fática.

Distribuída após um ano e dia, ou seja de forma tardia, a demora na busca da


modificação fática configura a ausência de urgência, bem como a presunção da boa-fé
do possuidor. Por esse motivo, a antecipação de tutela, ainda que possível para os casos
de posse velha, deve ser tratada como forma excepcio- nalíssima na prática forense,
principalmente em respeito ao princípio da quieta non movere.
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ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

6. BIBLIOGRAFIA

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1 Rosenvald, Nelson; Farias, Cristiano Chaves de. Direitos reais. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2007. p. 33.

2 Pereira, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
p. 12.

3 Aynès, Laurent. Direito de propriedade. In: Bermann, George A.; Picard, Etienne.
Introdução ao direito francês. Trad. Teresa Dias Carneiro. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
p. 191.

4 Fiuza, Ricardo et al. Novo Código Civil (LGL\2002\400) comentado. São Paulo:
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ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

Saraiva, 2002. p. 615.

5 Pereira, Caio Mário da Silva, op. cit., p. 13.

6 Venosa, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. São Paulo: Atlas, 2006. vol. 5, p.
36-37.

7 Idem, p. 50.

8 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil


(LGL\1973\5). Rio de Janeiro: Forense, 1977. t. XIII, p. 154.

9 Diniz, Maria Helena. Código Civil (LGL\2002\400) anotado. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
1997. p. 411.

10 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti, op. cit., p. 154.

11 Venosa, Silvio de Salvo, op. cit., p. 50.

12 Idem, ibidem.

13 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti, op. cit., p. 156.

14 Fiuza, Ricardo et al, op. cit., p. 618.

15 Venosa, Silvio de Salvo, op. cit., p. 59.

16 Fiuza, Ricardo et al, op. cit., p. 619.

17 Venosa, Silvio de Salvo, op. cit., p. 61.

18 Serpa Lopes, Miguel Maria de. Curso de direito civil. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,
1964. vol. 6, p. 136.

19 Fiuza, Ricardo et al, op. cit., p. 619.

20 Venosa, Silvio de Salvo, op. cit., p. 62.

21 Fiuza, Ricardo et al, op. cit., p. 619.

22 Venosa, Silvio de Salvo, op. cit., p. 63.

23 Idem, p. 59.

24 Idem, p. 64.

25 Idem, p. 65.

26 Rodrigues, Manuel. A posse. Coimbra: Almedina, 1981. p. 294.

27 “Recurso de apelação – Ação de indenização – Posse de má-fé caracterizada –


Indenização por benfeitorias úteis e necessárias – Ausência de comprovação – Sentença
mantida – Recurso improvido. Estando caracterizada a posse de má-fé, devida a
indenização por benfeitorias úteis e necessárias, entretanto devem ser estas cabalmente
comprovadas, sob pena de improcedência.”
(TJMT, Ap 19187-2008, 5.ª Câm. Civ., j. 11.06.2008, rel. Dr. Aristeu Dias Batista Vilella)

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ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

28 Barros Monteiro, Washington de. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, 2009. vol.
3, p. 29.

29 Venosa, Silvio de Salvo, op. cit., p. 67.

30 Idem, p. 71.

31 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti, op. cit., p. 167; Silva, Ovídio Araújo
Baptista da. Comentários ao Código de Processo Civil (LGL\1973\5). São Paulo: Ed. RT,
2000. vol. 13, p. 207.

32 Venosa, Silvio de Salvo, op. cit., p. 111.

33 Gaio. Institutas. Trad. J. Cretella Jr. e Agnes Cretella. São Paulo: Ed. RT, 2004. p.
220.

34 Pereira, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações. Rio de Janeiro: Forense,


1993. p. 49.

35 Friede, Reis. Medidas liminares e providências cautelares ínsitas. 2. ed. Rio de


Janeiro: Forense Universitária, 2003. p. 371.

36 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti, op. cit., p. 148.

37 Idem, p. 167.

38 Pereira, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Rio de Janeiro: Forense,
2003. vol. IV, p. 65.

39 Venosa, Silvio de Salvo, op. cit., p. 112.

40 Idem, p. 30.

41 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti, op. cit., p. 146.

42 Venosa, Silvio de Salvo, op. cit., p. 31.

43 Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil cit., 2003, p. 65.

44 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti, op. cit., p. 275.

45 Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil cit., 2003, p. 66.

46 Idem, p. 67.

47 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti, op. cit., p. 264.

48 Idem, p. 277.

49 Venosa, Silvio de Salvo, op. cit., p. 140.

50 Barros Monteiro, Washington de, op. cit., p. 46.

51 Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil cit., 2003, p. 69.

52 Silva, Ovídio Araújo Baptista da, op. cit., p. 243.

53 Idem, ibidem.
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E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

54 Idem, ibidem.

55 Barros Monteiro, Washington de, op. cit., p. 47.

56 Idem, p. 48.

57 Venosa, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
vol. V, p. 153.

58 Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil cit., 2003, p. 71.

59 Carneiro, Athos Gusmão. Da antecipação de tutela. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p.


9.

60 Idem, p. 3.

61 Carreira Alvim, José Eduardo. Código de Processo Civil (LGL\1973\5) reformado. 5.


ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 91.

62 Idem, p. 9.

63 Zavascki, Teori Albino. Antecipação da tutela. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 46.

64 Carneiro, Athos Gusmão, op. cit., p. 19.

65 Wambier, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo: Ed. RT, 1998.
vol. 1, p. 350.

66 Carneiro, Athos Gusmão, op. cit., p. 19.

67 Cunha, Sérgio Sérvulo da. Dicionário compacto do direito. São Paulo: Saraiva, 2003.
p. 159.

68 Nunes, Luiz Antonio. Cognição judicial nas tutelas de urgência. São Paulo: Saraiva,
2000. p. 47.

69 FabríCio, Adroaldo Furtado. Ensaios de direito processual. Rio de Janeiro: Forense,


2003. p. 195.

70 Idem, ibidem.

71 Bedaque, José Roberto dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada: tutelas
sumárias e de urgência. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 295.

72 Armelin, Donaldo. Tutela jurisdicional diferenciada. RePro 65/45 (DTR\1992\34).

73 Pisani, Andréa Proto. Sulla tutela giurisdizionale differenziata. Rivista di Diritto


Processuale, n. 4, ano 34, p. 536-538.

74 Fabrício, Adroaldo Furtado, op. cit., p. 195.

75 Carreira Alvim, José Eduardo, op. cit., p. 101.

76 Silva, Ovídio Araújo Baptista da, op. cit., p. 269.

77 Idem, ibidem.

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E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

78 Lara, Betina Rizzato. Liminares no processo civil. São Paulo: Ed. RT, 1994. p. 161.

79 Amaral, Jorge Augusto Pais de. Direito processual civil. Coimbra: Almedina, 2001. p.
31.

80 Silva, Ovídio Araújo Baptista da, op. cit., p. 270.

81 Figueira Jr., Joel Dias. Liminares nas ações possessórias. 2. ed. São Paulo: Ed. RT,
1999. p. 190.

82 Carneiro, Athos Gusmão, op. cit., p. 113.

83 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti, op. cit., p. 290.

84 Lopes, João Batista; Lopes, Maria Elizabeth de Castro. Eficácia das medidas liminares.
In: Armelin, Donaldo (coord.). Tutelas de urgência e cautelares. São Paulo: Saraiva,
2010. p. 710.

85 Venosa, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais cit., 2006, p. 133.

86 Idem, p. 135.

87 “Processual Civil. Recurso Especial. Ação de imissão de posse. Acórdão. Omissão.


Inexistência. Tutela antecipada. Pressupostos.
Reexame de prova. Cabimento em ação de imissão de posse. Terceiro possuidor.
Legitimidade passiva ad causam.

– A omissão apta a ser suprida pelos embargos declaratórios é aquela advinda do


próprio julgamento e prejudicial à compreensão da causa, e não aquela que entenda o
embargante, ainda mais como meio transverso de se impugnar os fundamentos da
decisão embargada.

– É inadmissível o recurso especial na parte em que a sua análise dependa de reexame


de prova, com o fito de se identificar, ou não, a existência dos pressupostos
autorizadores da tutela antecipada.

– Não prevista pelo CPC (LGL\1973\5) em vigor como ação sujeita a procedimento
especial, aplica- -se à ação de imissão de posse, de natureza petitória, o rito comum
(procedimento ordinário); cabível, em consequência, o pedido de tutela antecipada, a
qual será deferida desde que preenchidos os requisitos que lhe são próprios.

– A ação de imissão na posse é própria àquele que detém o domínio e pretende haver a
posse dos bens adquiridos, contra o alienante ou terceiros, que os detenham.

– Recurso especial a que não se conhece”

(REsp 404.717/MT, 3.ª T., j. 27.08.2002, rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 30.09.2002, p.
257).

88 “Agravo de instrumento. Ação de reintegração de posse. Liminar. Posse velha.


Requisitos do art. 273 do CPC (LGL\1973\5) não positivados. O deferimento de liminar,
em ação de reintegração de posse, exige o atendimento dos requisitos dispostos no art.
927 do CPC (LGL\1973\5). Entretanto, somente em hipóteses excepcionais é possível
conceder a proteção possessória mediante tutela antecipada, na forma do art. 273 do
CPC (LGL\1973\5), ante a real possibilidade de causar dano irreparável. No caso,
inviável reconhecer a existência do fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação, para concessão da antecipação de tutela, inaudita altera parte, uma vez que
os réus já exercem posse sobre o imóvel há vários anos. O dano irreparável, exigido pelo
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E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

art. 273 do CPC (LGL\1973\5), deve ser atual, na iminência de acontecer, situação que
não se verifica na espécie, em que a posse exercida pela parte ré já remonta há muitos
anos. Negado seguimento ao recurso, ante sua manifesta improcedência” (TJRS, AgIn
70024610057, 18.ª Câm. Civ., j. 03.06.2008, rel. Pedro Celso Dal Pra).

89 “Agravo de instrumento. Ação de reintegração de posse. Bem público objeto de


concessão de uso revogada. Posse antiga. Rito comum. Antecipação de tutela.
Possibilidade, ante a presença dos requisitos do art. 273 do CPC (LGL\1973\5).
Tratando-se de posse antiga, datada de mais de ano e dia, a ação de reintegração de
posse toma o rito comum, no qual se admite a antecipação dos efeitos da tutela.
Comprovada a presença dos requisitos elencados não só no art. 927, mas também no
art. 273 do CPC (LGL\1973\5), a saber, a verossimilhança das alegações e o fundado
receio de dano irreparável, consubstanciado nos prejuízos causados à comunidade e no
próprio interesse público em fazer valer a revogação da permissão de uso do imóvel,
reintegrando-o ao patrimônio do Município, cabível a concessão da antecipação de tutela
pleiteada. Julgamento da ação antes do julgamento do agravo pela câmara. Tendo a
Câmara deferido efeito suspensivo ao agravo de instrumento interposto contra decisão
que deferiu liminar de reintegração de posse, portanto suspendendo os efeitos da
decisão a quo, caberia ao magistrado aguardar o julgamento do recurso para decidir
sobre o mérito da ação, salvo situação de excepcional necessidade, o que não é o caso
dos autos, haja vista a previsão de recebimento do duplo efeito para eventual apelação.
No caso concreto, haja vista a decisão de desprovimento do agravo, a decisão de mérito
do juiz não causou qualquer efeito contrário à decisão deste recurso, embora fosse
salutar aguardar tal julgamento a fim de evitar eventuais decisões colidentes. Agravo de
instrumento desprovido” (TJRS, AgIn 70016675449, 18.ª Câm. Civ, j. 23.11.2006, rel
André Luiz Planella Villarinho).

90 Marinoni, Luiz Guilherme; Arenhart, Sérgio Cruz. Manual do processo de


conhecimento. São Paulo: Ed. RT, 2005. p. 446.

91 Marinoni, Luiz Guilherme. Técnica processual e tutela dos direitos. São Paulo: Ed. RT,
2010. p. 374.

92 Fabrício, Adroaldo Furtado. Comentários ao Código de Processo Civil (LGL\1973\5).


Rio de Janeiro: Forense, 2001. vol. VIII, t. III, p. 460.

93 Carneiro, Athos Gusmão, op. cit., p. 114.

94 Arruda Alvim Netto, José Manoel de. Tutela antecipatória. Reformas do CPC
(LGL\1973\5). São Paulo: Saraiva, 1996. p. 112.

95 Gaio, op. cit., p. 220.

96 Pontes De Miranda, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. Campinas:


Bookseller, 2001. t. X, p. 37.

97 Alfonsin. Jaques Távora. A função social da posse como pressuposto de licitude


ético-jurídica do acesso e da conservação do direito à terra. Revista de Direito Agrário,
n. 18, ano 19, p. 180.

98 Idem, ibidem.

99 Aynès, Laurent, op. cit., p. 191.

100 França, Rubens Limongi. As teorias da posse no direito positivo brasileiro. In:
Cahali, Yussef Said (org.). Posse e propriedade. Doutrina e jurisprudência. São Paulo:
Saraiva, 1987. p. 667.

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E O PRINCÍPIO QUIETA NON MOVERE

101 Mitidiero, Daniel. Tendências em matéria de tutela sumária: da tutela cautelar à


técnica antecipatória. RePro 197/42.

102 “Agravo de instrumento. Ação de manutenção de posse. Liminar. prova. Elementos


dos autos suficientes a emprestar certeza sobre a relação fática existente sobre o
imóvel. Princípio do quieta non movere. Atendidos, satisfatoriamente, os requisitos do
art. 927 do CPC (LGL\1973\5), viável a concessão de liminar de manutenção de posse.
Relação de fato e de direito existente sobre o imóvel suficientemente esclarecida. Em
sede de tutela de direito real é apropriado que se mantenha o status quo, em
observância ao princípio do quieta non movere (que recomenda a manutenção da
situação fática existente ao tempo da propositura da demanda). Recurso ao qual se nega
seguimento por decisão monocrática do relator” (TJRS, AgIn 70026420448, 18.ª Câm.
Civ., j. 10.10.2008, rel. Pedro Celso Dal Pra).

103 Fabrício, Adroaldo Furtado. Novo Código Civil (LGL\2002\400): A exceptio


proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código
Civil (LGL\2002\400) de 2002, estabelecendo a absoluta separação entre os juízos
possessório e petitório. Disponível em:
[www.cjf.jus.br/revista/outras_publicacoes/jornada_direito_civil/15_direito_das_
coisas.pdf].

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