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Excelente!

O mais interessante neste exercício é a explicação sobre a estratégia da imprecisão:


quando a instancia política quer reduzir direitos da instância cidadã, mas que não pode afirmar
claramente para não dificultar o convencimento desta.

CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO/CEFOR


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM PODER LEGISLATIVO

Disciplina: Análise do discurso político


Professor: Antônio Teixeira de Barros
Aluno: Leandro Brito Lemos
III - CHARAUDEAU, Patrick. Discurso político. 2ª. edição, Contexto,
2017.
12) Analise as estratégias do “mentir verdadeiro” no discurso
político (p.106-109). Excelente! O mais interessante neste exercício é a explicação sobre a estratégia da imprecisão:
quando a instancia política quer reduzir direitos da instância cidadã, mas que não pode afirmar
claramente para não dificultar o convencimento desta.

As estratégias do mentir verdadeiro

Todo ato de linguagem tem a finalidade de influenciar. O sujeito que fala


busca que o outro pense, diga ou aja segundo a sua intenção, para isso, utiliza
estratégias discursivas para angariar o apoio de quem o ouve. Entretanto,
depende que o ouvinte interprete e compreenda, ou melhor, acredite na
veracidade do que se fala. Passando a acreditar nas mesmas coisas que o
sujeito que fala acredita ser verdadeiro.

A identidade do sujeito político é formada pela sua legitimidade de ser


social e pelo que diz seu discurso. Sendo este, a parte moldável de acordo com
a situação de comunicação, construindo aos poucos a imagem que o sujeito
político busca passar de si.

A instância política e a instância adversária constroem narrativas


discursivas e buscam ganhar a adesão da instância cidadã. O discurso sofre
influência do público alvo. Dessa forma, os políticos filtram o que diz e a forma
de dizer para convencer à instância cidadã a aderir ao seu discurso. Da mesma
forma, a instância midiática tem importante papel ao ampliar o discurso, ou ao
combatê-lo.

Nesta perspectiva, não é possível a transparência da palavra política.


Primeiro porque não é possível falar tudo que se pensa, não sendo apenas uma
questão de ocultar o que se pensa. Segundo, porque, mesmo se fosse possível,
o outro não interpreta da forma exata que o sujeito quer falar.

Neste contexto, insere-se a questão do mentir como um ato de linguagem


que, segundo Patrick Charaudeau, obedece a três condições:

a) o sujeito falante diz, enquanto enunciador (identidade discursiva),


o contrário daquilo que sabe ou julga como indivíduo pensante (identidade
social);
b) ele deve saber que aquilo que diz é contrário ao que pensa; e
c) ele deve dar a seu interlocutor signos que o façam crer que aquilo
que ele enuncia é idêntico ao que ele pensa.

A mentira configura-se na relação entre o enunciador e o interlocutor. Ao


pronunciar uma mentira, o sujeito que fala busca criar uma realidade ou
representar ao interlocutor uma imagem diferente do que ele pensa.

Como a fala é interpretada pelo ouvinte, não há uma mentira em si


mesmo, mas sim, em relação à perspectiva daquele que pode detectar a mentira.
A não ser no caso em que o locutor saiba que aquilo que diz é contrário do que
pensa, a mentira pode ser voluntária ou não.

O autor destaca a necessidade de considerar a significação e o alcance


da mentira que pode variar de acordo com a situação de comunicação, em
relação ao interlocutor seja plural ou singular ou o locutor fale em público ou em
particular. E que a mentira quando o locutor está investido de um cargo pode ter
efeito de voltar-se contra ele.

A instancia política na busca de influenciar a instância cidadã lança mão


de estratégias discursivas que permita, ou pelo menos não o impeça, de
futuramente adequá-las de acordo com a diferentes situações de fala.

A estratégia da imprecisão

Adota-se um discurso vago, ambíguo sem tomar posicionamento


definitivo acerca de alguma questão, uma forma de “dizer tudo, sem falar nada”.
Essa estratégia é constantemente utilizada quando a instancia política quer
reduzir direitos da instância cidadã, mas que não pode afirmar claramente para
não dificultar o convencimento desta.

Exemplo atual é a de que “a reforma da previdência com combate os


privilégios” ou ainda “ a reforma da previdência não retira direitos de ninguém” 1.
Quando na prática, propõe regras que traz maior dificuldade para o acesso aos

1
https://www.google.com/search?q=reforma+da+previdencia+n%C3%A3o+retira+direitos&oq=reforma
+da+pre&aqs=chrome.0.69i59j69i60j69i59j69i60j69i57j69i60.3535j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8
benefícios e forma de cálculo que imporá redução do valor das aposentadorias
e pensões, inclusive das pessoas de baixa renda.

Verifica-se nas frases as condições da mentira como ato de linguagem.


Ao afirmar que a reforma combate privilégios, o enunciador busca passar a seus
interlocutores que o que ele afirma é idêntico ao que ele pensa.

Já na frase que afirma que a reforma da previdência não retira direitos, é


possível deduzir que o locutor, sabe que a proposta impede, em muitos casos, a
aposentadoria de muitos trabalhadores diante das condições do mercado de
trabalho. Igualmente, deduz-se que o locutor tenha conhecimento que ao
estabelecer idade mínima para aposentadoria, o direito de se aposentador
unicamente com o critério do tempo de contribuição por tempo de serviço é
extinto. Logo, é possível concluir que o locutor sabe que o que ele diz é contrário
ao que ele pensa.

A estratégia do silêncio

Ao adotar a estratégia do silencio, a instância política se omite, não faz


declaração. Percebe-se que em temas ligados as questões morais e religiosos,
muitos parlamentares não se pronunciam e até mesmo se ausentam das
Comissões e do Plenário, deixando de votar para não se indispor com parcela
da população.

A estratégia também é muito utilizada nos casos de cassação de mandato.


Muitos parlamentares evitam declarar seu posicionamento ou, diante da
exigência de votação nominal, faltam a sessão e deixam e votar2.

Estratégia da razão suprema

A recorrer à estratégia da razão suprema a instância política busca


oferecer uma justificativa de bem maior, em prol da coletividade, ou da “Razão
de Estado”. Algo que beneficiaria o bem comum.

2
http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/05/senado-cassa-mandato-de-delcidio-por-74-votos-favor-
e-nenhum-contra.html
Essa estratégia foi utilizada pelo Ex Presidente Fernando Henrique
Cardoso, ao defender a mudança na Constituição para permiti sua candidatura
à reeleição. Àquela época afirmou que a medida não seria importante para ele
“mas para o país, porque iria aperfeiçoar o sistema eleitoral e garantir a
continuidade administrativa. ”3

Ao negar que a medida não seria importante para ele, o ex presidente


sabia que aquilo que diz é contrário ao que pensa. Pois sua reeleição permitiria
levar adiante seus projetos políticos individuais e partidários, e dar continuidade
à implementação da agenda política e econômica do seu primeiro mandato.
Presente, pois, a condição da mentira como ato de linguagem.

Estratégia da denegação

Políticos recorrem à estratégia da denegação quando há a necessidade


de negar sua participação em negócios escusos que vieram ao conhecimento
público, quando sofrem ações judiciais ou são denunciados.

Via de regra, adotam a posição de vítima. Alegam perseguição, contestam


as denúncias e apresentam nova versão para os fatos. A negação equivale a
mentira, em caso de realmente serem responsáveis.

Em maio de 2017, O Supremo Tribunal Federal afastou do exercício do


mandato o Ex-Senador Aécio Neves. Cerca de 30 dias depois, de volta ao
exercício do mandato, o parlamentar foi à tribuna do Senado Federal se
defender.

No início do seu discurso4, buscou fortalecer a sua credibilidade ( ethé de


credibilidade):

“Srªs e Srs. Senadores, ilustres colegas, não cheguei ontem à


vida pública. Nessas últimas semanas, deixei-me embalar por
certa nostalgia e permiti, Senador Serra, que me visitasse a
memória e a alma o jovem militante que andou por cada canto
deste País, participando e organizando as grandes
manifestações das eleições diretas. Revivi, Senador Agripino, o
Constituinte de 1988 que apresentou, entre tantas outras

3
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/8/31/brasil/26.html
4
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/notas-taquigraficas/-/notas/s/23096#Quarto_37
propostas, aquela que permitiu o voto a partir dos 16 anos e que
participou vivamente de inúmeros debates, entre eles, aqueles
que levaram ao surgimento do novo Ministério Público Federal
com os poderes que detém hoje. Lembrei-me com orgulho,
Senador Tasso, de ter assinado a Constituição que marcou a
reconstrução jurídico-institucional do Brasil recém-liberto da
ditadura e adentrando a democracia. Recordei a participação
como Líder de Bancada por inúmeros anos, como Líder de
Partido, no ciclo mais importante de reformas do Brasil
contemporâneo, iniciado na década de 90, com a edição do
Plano Real e a conquista da tão sonhada estabilização da
economia nacional. E revisitei o legado institucional, Srs.
Deputados, que, com muita honra, aqui me acompanham neste
instante, construído quando presidi a Câmara dos Deputados,
com avanços e instrumentos que funcionam ainda hoje,
Deputada Bruna Furlan, como a restrição ao uso de medidas
provisórias e especialmente aquilo que ficou conhecido como o
pacote ético, que, entre outros aspectos, reformulou, de forma
definitiva, o conceito da imunidade parlamentar. Também,
Presidente Cássio, estiveram comigo, por esses tempos, as
razões de responsabilidade que me guiaram como Governador
do meu Estado, Senador Anastasia, e colocaram Minas como
referência de inovação e governança pública, segundo os mais
rigorosos requisitos das mais respeitadas instituições globais.
Poucas vezes, aliás, pude sentir tão concretamente o valor da
boa política. Ao fim de dois mandatos, alçamos Minas à condição
de oferecer a melhor educação básica do País e o mais eficiente
sistema de atendimento à saúde de toda a Região Sudeste,
sempre mantendo, durante todos aqueles anos, um crescimento
acima da média nacional.
[...]
Aqui – e muitos dos senhores e das senhoras são testemunhas
–, sempre atuei na defesa do interesse público, na preservação
do patrimônio dos brasileiros, na correção de injustiças que
impedem o Brasil de alcançar a condição a que tem direito.
Apresentei e relatei inúmeros projetos que buscavam e buscam
dar mais transparência e controle às ações públicas para
protegê-las da predação por interesses espúrios.”

Após uma tentativa de sensibilizar os interlocutores (instâncias política,


cidadã e midiática) , recorre a estratégia da denegação negando prática ilícita:

“Srªs e Srs. Senadores, brasileiros que nos acompanham neste


instante, retorno ao tema central que me traz hoje a esta tribuna.
Não me furtarei de reiterar aqui aquilo que venho afirmando ao
longo de todas essas últimas longas semanas: Srªs e Srs.
Parlamentares, brasileiros e brasileiras, não cometi crime
algum! Não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci ou
prometi vantagens indevidas a quem quer que fosse e
tampouco atuei para obstruir a ação da Justiça, como me
acusaram. Fui, sim, vítima de uma armadilha engendrada e
executada por um criminoso confesso de mais de 200
crimes, cujas penas somadas ultrapassariam mais de 2 mil
anos de cadeia.”

Durante todo seu discurso, o interlocutor buscou dar aos interlocutores


signos que o façam crer que aquilo que ele enuncia é idêntico ao que ele pensa,
preenchendo a condição da mentira como ato de linguagem.

O discurso do ex-Senador é utilizado meramente como exemplificativo da


estratégia da denegação e não como afirmativa de uma mentira, pois como já
afirmado anteriormente, a mentira só se caracteriza se comprovada a
responsabilidade do sujeito que fala. O que no caso do Ex-Senador não ocorreu,
pois o processo ainda tramita.
Bibliografia

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso político. São Paulo: Contexto, 2017.

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