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Tribunal de Justiça do Estado do Pará

TJ-PA
Auxiliar Judiciário
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com base no edital anterior,
para que o aluno antecipe seus estudos.

JL003-N9
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
conhece algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo sac@novaconcursos.com.br.

OBRA

Tribunal de Justiça do Estado do Pará

Auxiliar Judiciário

Atualizada até 07/2019

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Regimento Interno - Elaboração interna
Noções de Direito Administrativo - Profº Fernando Zantedeschi
Noções de Direito Constitucional - Profº Ricardo Razaboni
Noções de Direito Civil - Profª Mariela Cardoso
Noções de Direito Penal - Profº Rodrigo Gonçalves

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Thais Regis
Renato Vilela

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
Compreensão e Interpretação de texto.......................................................................................................................................................... 01
Acentuação gráfica................................................................................................................................................................................................. 10
Ortografia oficial...................................................................................................................................................................................................... 12
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................. 15
Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego,
formas de tratamento e sentido que imprimem às relações que estabelecem. Vozes verbais: ativa e passiva. Colocação
pronominal................................................................................................................................................................................................................ 18
Concordância verbal e nominal......................................................................................................................................................................... 58
Regência verbal e nominal................................................................................................................................................................................... 64
Sintaxe......................................................................................................................................................................................................................... 69
Crase............................................................................................................................................................................................................................. 77
Sinônimos, antônimos e parônimos. Sentido próprio e figurado das palavras.............................................................................. 80
Redação de correspondências oficiais............................................................................................................................................................ 82

REGIMENTO INTERNO
TÍTULO I (Capítulo I, II e III), TÍTULO II (Capítulo I, III, IV, V e VI) e TÍTULO VI (Capítulo I, II e III)....................................... 01
Lei nº 5.810/94 – Regime Jurídico Único................................................................................................................................................. 09
Lei nº 6.969/07 – Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações..................................................................................................... 28

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Princípios Básicos da Administração Pública ..................................................................................................................................... 01
Poderes administrativos: vinculado; discricionário; hierárquico; disciplinar; regulamentar; e de polícia .................. 03
Atos Administrativos: conceito, requisitos, atributos, discricionariedade e vinculação; classificação; espécies,
motivação, anulação, revogação e extinção ....................................................................................................................................... 08
Lei nº 8.112/90 e alterações posteriores: Das Disposições Preliminares. Do Provimento. Da Vacância. Do
Vencimento e da Remuneração. Das Férias. Do Direito de Petição. Dos Deveres e Proibições. Da Acumulação.
Das Responsabilidades. Das Penalidades ............................................................................................................................................ 14

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Dos Princípios Fundamentais. Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. Dos Direitos Sociais. Da Nacionalidade
e Direitos Políticos. Da Organização Político-Administrativa. Da União .......................................................................................... 01
Da Administração Pública: Disposições Gerais. Dos Servidores Públicos ...................................................................................... 07
Do Poder Judiciário ............................................................................................................................................................................................. 10
Das funções essenciais à Justiça: Do Ministério Público ....................................................................................................................... 23
SUMÁRIO
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Código Civil: Das Pessoas: Pessoas Naturais ........................................................................................................................................... 01


Pessoas Jurídicas: Pessoas jurídicas de direito público e de direito privado .............................................................................. 01
Domicílio Civil ...................................................................................................................................................................................................... 01
Dos Fatos Jurídicos: Requisitos de validade do fato jurídico ............................................................................................................ 12
Prescrição e Decadência .................................................................................................................................................................................. 23
Responsabilidade Civil ...................................................................................................................................................................................... 26

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Da aplicação da Lei Penal .................................................................................................................................................................................. 01


Dos crimes contra a Fé Pública ...................................................................................................................................................................... 11
Dos Crimes contra a Administração Pública .............................................................................................................................................. 21
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA
Compreensão e Interpretação de texto................................................................................................................................................................................... 01
Acentuação gráfica......................................................................................................................................................................................................................... 10
Ortografia oficial.............................................................................................................................................................................................................................. 12
Pontuação........................................................................................................................................................................................................................................... 15
Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego,
formas de tratamento e sentido que imprimem às relações que estabelecem. Vozes verbais: ativa e passiva. Colocação
pronominal......................................................................................................................................................................................................................................... 18
Concordância verbal e nominal.................................................................................................................................................................................................. 58
Regência verbal e nominal........................................................................................................................................................................................................... 64
Sintaxe................................................................................................................................................................................................................................................. 69
Crase..................................................................................................................................................................................................................................................... 77
Sinônimos, antônimos e parônimos. Sentido próprio e figurado das palavras...................................................................................................... 80
Redação de correspondências oficiais..................................................................................................................................................................................... 82
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO ção...
O narrador afirma...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- Erros de interpretação


cionadas entre si, formando um todo significativo capaz
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi- - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
ficar e decodificar). contexto, acrescentando ideias que não estão no
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. pela imaginação.
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para ção apenas a um aspecto (esquecendo que um
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- texto é um conjunto de ideias), o que pode ser
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento insuficiente para o entendimento do tema desen-
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada volvido.
de seu contexto original e analisada separadamente, po- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
derá ter um significado diferente daquele inicial. contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe-
questão.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun- deração é o que o autor diz e nada mais.
damentações), as argumentações (ou explicações), que
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na Coesão e Coerência
prova.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
- Identificar os elementos fundamentais de uma ar- si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
gumentação, de um processo, de uma época (nes- um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
quais definem o tempo). que se vai dizer e o que já foi dito.
- Comparar as relações de semelhança ou de diferen- São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
ças entre as situações do texto. eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
uma realidade.
aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
vras. semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
tecedente.
Condições básicas para interpretar Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- cia, a saber:
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
e de síntese; capacidade de raciocínio. te, mas depende das condições da frase.
qual (neutro) idem ao anterior.
Interpretar/Compreender quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
Interpretar significa: o objeto possuído.
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. como (modo)
LÍNGUA PORTUGUESA

Através do texto, infere-se que... onde (lugar)


É possível deduzir que... quando (tempo)
O autor permite concluir que...
quanto (montante)
Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Exemplo:
Compreender significa
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito. Falou tudo QUANTO queria (correto)
O texto diz que... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
É sugerido pelo autor que... aparecer o demonstrativo O).

1
Dicas para melhorar a interpretação de textos Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre-
dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gosto especial.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor-
candidatos na disputa, portanto, quanto mais in- mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci-
formação você absorver com a leitura, mais chan- dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia.
ces terá de resolver as questões. Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrom- diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
pa a leitura. as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
- Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas
a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
forem necessárias.
insuspeitada.
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma
conclusão). Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
- Volte ao texto quantas vezes precisar. ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou in-
do autor. teiramente.
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des-
compreensão. coberta temporã.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
cada questão. num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra-
- Observe as relações interparágrafos. Um parágra- va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con-
fo geralmente mantém com outro uma relação de segui boiar.
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito
que muito bem essas relações. anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor-
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação
seja, a ideia mais importante. de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se
- Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou esqueceram de como tudo isso é bom.
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora
Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
da resposta – o que vale não somente para Inter-
pretação de Texto, mas para todas as demais ques- ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
tões! montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
- Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin- ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con- água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
clusão. isso, curiosamente, não é fácil.
- Olhe com especial atenção os pronomes relativos, Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, bre a vida em geral.
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
tem a outros vocábulos do texto. ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de
um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorpo-
SITES rando novidades que nos transformam. Somos geneti-
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. camente elaborados para lidar com o novo, mas não só.
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> Também somos profundamente modificados por ele. A
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ cada momento da vida, quando achamos que tudo já
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós
-provas> uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz
Disponível em: <http://www.portuguesnarede.
de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um.
Suspeito que isso tenha importância também para os re-
html>
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursinho/ lacionamentos.
questoes/questao-117-portugues.htm> Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro,
EXERCÍCIOS COMENTADOS em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se
tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra-
1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística – ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça,
LÍNGUA PORTUGUESA

AOCP-2015) em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em


conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que
O verão em que aprendi a boiar nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen-
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas capacida- tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia
des fazem de nós pessoas diferentes do que éramos do outro e de si mesmo, no mundo.
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci-
IVAN MARTINS sam ser aprendidas.

2
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles
boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos
afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem- objetivo nos relacionamentos.
po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no-
se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo-
a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada rosas = incorreta – ser mais emoção.
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e não pensando em algo ruim.
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for-
ma relaxada e consciente um grande amor.
2. (BACEN – TÉCNICO – CONHECIMENTOS BÁSICOS –
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra-
ÁREA 1 e 2 – CESPE-2013)
pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi-
Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval.
sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações Suas consequências sobre a economia das famílias e das
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser. empresas são imprevisíveis. Os agentes econômicos rela-
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas cionam-se em suas operações de compra, venda e troca
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar. de mercadorias e serviços de modo que cada fato eco-
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se nômico, seja ele de simples circulação, de transformação
aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impos- ou de consumo, corresponde à realização de ao menos
síveis. uma operação de natureza monetária junto a um inter-
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me- mediário financeiro, em regra, um banco comercial que
lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra recebe um depósito, paga um cheque, desconta um título
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com ou antecipa a realização de um crédito futuro. A estabili-
mais prazer, com mais intensidade e menos medo. dade do sistema que intermedeia as operações monetá-
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se rias, portanto, é fundamental para a própria segurança e
pode tentar boiar. estabilidade das relações entre os agentes econômicos.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-mar- A iminência de uma crise bancária é capaz de afetar e
tins/noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html contaminar todo o sistema econômico, fazendo que os
titulares de ativos financeiros fujam do sistema financeiro
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To- e se refugiem, para preservar o valor do seu patrimônio,
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de em ativos móveis ou imóveis e, em casos extremos, em
estoques crescentes de moeda estrangeira. Para se evitar
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar esse tipo de distorção, é fundamental a manutenção da
e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais cal- credibilidade no sistema financeiro. A experiência bra-
ma, com mais prazer, com mais intensidade e menos sileira com o Plano Real é singular entre os países que
medo. adotaram políticas de estabilização monetária, uma vez
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona- que a reversão das taxas inflacionárias não resultou na
mentos amorosos para que eles não se desfaçam.
fuga de capitais líquidos do sistema financeiro para os
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio-
ativos reais.
so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam
Pode-se afirmar que a estabilidade do Sistema Financei-
vividos intensamente.
ro Nacional é a garantia de sucesso do Plano Real. Não
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in-
clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. existe moeda forte sem um sistema bancário igualmente
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém forte. Não é por outra razão que a Lei n.º 4.595/1964, que
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode criou o Banco Central do Brasil (BACEN), atribuiu-lhe si-
acontecer. multaneamente as funções de zelar pela estabilidade da
moeda e pela liquidez e solvência do sistema financeiro.
Resposta: Letra A. Ao texto: (...) tudo se aprende, Atuação do Banco Central na sua função de zelar pela
mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis. / estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Internet: <
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de www.bcb.gov.br > (com adaptações).
LÍNGUA PORTUGUESA

melhorar = sempre há tempo para boiar (aprender).


Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten- Conclui-se da leitura do texto que a comparação entre
tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com “crise bancária” e “vendaval” embasa-se na impossibilida-
mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e de de se preverem as consequências de ambos os fenô-
menos medo = correta. menos.
Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela-
cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam ( ) CERTO ( ) ERRADO
= incorreta – o autor propõe viver intensamente.

3
Resposta: Certo. Conclui-se da leitura do texto que De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema ban-
a comparação entre “crise bancária” e “vendaval” em- cário, a reserva fracional foi criada com o objetivo de
basa-se na impossibilidade de se preverem as conse- a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.
quências de ambos os fenômenos. b) proteger os bens dos clientes de bancos.
Voltemos ao texto: Uma crise bancária pode ser com- c) impedir que os bancos fossem à falência.
parada a um vendaval. Suas consequências sobre a d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
economia das famílias e das empresas são imprevisí- e) preservar as economias das pessoas.
veis.
Resposta: Letra D. Ao texto: (...) Com o tempo, os
3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018) banqueiros se deram conta de que ninguém estava
interessado em trocar dinheiro por ouro e criaram
Lastro e o Sistema Bancário manobras, como a reserva fracional, para emprestar
muito mais dinheiro do que realmente tinham em ouro
[...]
nos cofres.
Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro depositado
Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = in-
nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade de
ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse me- correta
tal é limitado, isso garantia que a produção de dinheiro Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = in-
fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros correta
se deram conta de que ninguém estava interessado em Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência =
trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a incorreta
reserva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises, correta
como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar Em “e”, preservar as economias das pessoas = incorreta
suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos,
deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018) A
economias seguramente guardadas. leitura do texto permite a compreensão de que
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-
-ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos.
principalmente de valores em contas bancárias, já não b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imaginá-
tendo nenhuma riqueza material para representar, é rio.
criado a partir de empréstimos. Quando alguém vai até c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
o banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”.
sua conta é gerado naquele instante, criado a partir de e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados.
uma decisão administrativa, e assim entra na economia.
Essa explicação permaneceu controversa e escondida Resposta: Letra A.
por muito tempo, mas hoje está clara em um relatório Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
do Bank of England de 2014. bancos = correta
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
criado assim, inventado em canetaços a partir da con-
imaginário = nem todo
cessão de empréstimos. O que torna tudo mais estranho
Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
e perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma
clientes = deve ao banco, este paga/empresta a outros
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa
números em uma tabela com meu nome e pede que eu clientes
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar, -mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-mer-
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o cado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di- Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi-
nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a vidados = desde que não paguem a dívida
única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim,
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- 5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge abai-
dinheiro tomei. xo, publicada no momento da intervenção nas atividades
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma de segurança do Rio de Janeiro, em março de 2018.
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante
porque é gerada pela simples manipulação de bancos
de dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e
LÍNGUA PORTUGUESA

poder sem precedentes: um mundo onde o patrimônio


de 80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde
o 1% mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
[...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventan-
do-dinheiro/
Acessado em 20/03/2018

4
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO dadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir
pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a como meio de pagamento por seus possuidores, por ser
seguinte informação: mais seguro portá-los do que portar dinheiro vivo. Assim
surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cé-
a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co- dulas de banco; concomitantemente ao surgimento das
metidos no Rio; cédulas, a guarda dos valores em espécie dava origem a
b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem- instituições bancárias.
-feita; Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História,
c) a linguagem do personagem mostra intimidade com 1694/1984.
o interlocutor;
d) a presença do orelhão indica o atraso do local da char- Depreende-se do texto que duas características das
ge; moedas se mantiveram ao longo do tempo: a veiculação
e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre-
de formas em sua superfície e a associação de seu valor
sença do Exército.
monetário a atributos como beleza.
Resposta: Letra D.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Depreende-se do texto que duas


características das moedas se mantiveram ao longo
do tempo: a veiculação de formas em sua superfície e
a associação de seu valor monetário a atributos como
beleza = errado (é o inverso).
Texto: (...) a associação dos atributos de beleza e ex-
pressão cultural ao valor monetário das moedas, que
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se- quase sempre, na atualidade, apresentam figuras re-
guinte informação: presentativas da história, da cultura, das riquezas e do
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri- poder das sociedades.
mes cometidos no Rio = inferência correta
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen- 7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo
do bem-feita = inferência correta Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida- denota, além da agressão física, diversos tipos de impo-
de com o interlocutor = inferência correta sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de
da charge = incorreta determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A
a presença do Exército = inferência correta manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em
nenhum tipo de violência citado nesse segmento é:
6. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR –
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) a) Presa por mensagem racista na internet;
b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
As primeiras moedas, peças representando valores, ge-
c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
ralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia), no
d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
século VII a.C. As características que se desejava ressaltar
e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
eram transportadas para as peças por meio da panca-
da de um objeto pesado, em primitivos cunhos. Com o
surgimento da cunhagem a martelo e o uso de metais Resposta: Letra C. Em “a”: Presa por mensagem ra-
nobres, como o ouro e a prata, os signos monetários pas- cista na internet = como a repressão política, familiar
saram a ser valorizados também pela nobreza dos metais ou de gênero
neles empregados. Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene-
Embora a evolução dos tempos tenha levado à substi- zuelana = como a repressão política, familiar ou de
tuição do ouro e da prata por metais menos raros ou gênero
suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a as- Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô-
sociação dos atributos de beleza e expressão cultural ao nico = não consta na Manchete acima
Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na
LÍNGUA PORTUGUESA

valor monetário das moedas, que quase sempre, na atua-


lidade, apresentam figuras representativas da história, da Rússia = como a repressão política, familiar ou de gê-
cultura, das riquezas e do poder das sociedades. nero
A necessidade de guardar as moedas em segurança le- Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do traba-
vou ao surgimento dos bancos. Os negociantes de ouro lho escravo = o desgaste causado pelas condições de
e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passa- trabalho
ram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de
seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guar-

5
8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – Mas, o que significa “cultura da paz”?
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças e
Oportunismo à Direita e à Esquerda os adultos da compreensão de princípios como liberdade,
justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, igualda-
Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos de e solidariedade. Implica uma rejeição, individual e co-
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas letiva, da violência que tem sido percebida na sociedade,
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime de em seus mais variados contextos. A cultura da paz tem de
liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem devi- procurar soluções que advenham de dentro da(s) socie-
damente contidos e seus responsáveis, punidos, conforme dade(s), que não sejam impostas do exterior.
estabelecido na legislação. Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser aborda-
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami- do em sentido negativo, quando se traduz em um estado
nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da de não guerra, em ausência de conflito, em passividade e
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em se
permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, con-
beneficiar do barateamento do combustível.
denada a um vazio, a uma não existência palpável, difícil
Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
de se concretizar e de se precisar. Em sua concepção po-
para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de eleição,
com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não faltam, sitiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a prática da
também, os arautos do quanto pior, melhor, para desgas- não violência para resolver conflitos, a prática do diálogo
tar governantes e reforçar seus projetos de poder, por mais na relação entre pessoas, a postura democrática frente
delirantes que sejam. Também aqui vale o que está delimi- à vida, que pressupõe a dinâmica da cooperação plane-
tado pelo estado democrático de direito, defendido pelos jada e o movimento constante da instalação de justiça.
diversos instrumentos institucionais de que conta o Estado Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-
– Polícia, Justiça, Ministério Público, Forças Armadas etc. samento e a ação das pessoas para que se promova a
A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan- de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
do, do qual depende a sobrevivência física da população. esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a
autoridades desenvolvam planos de contingência. ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de pala-
O Globo, 31/05/2018. vras e conceitos que anunciem os valores humanos que
decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A vio-
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca- lência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em social. É hora de começarmos a convocar a presença da
se beneficiar do barateamento do combustível.” Segundo paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” é Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
c) lastrear leis e regras na Constituição. exemplos mais comuns a serem considerados. Tal mis-
d) punirem-se os responsáveis por excessos.
são estende-se às escolas, instituições públicas e outros
e) concluírem-se as investigações sobre a greve.
locais de trabalho por todo o mundo, bem como aos
parlamentos e centros de comunicação e associações.
Resposta: Letra D. Em “a”: manter-se o direito de livre
expressão do pensamento. = incorreto Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de-
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
incorreto sustentado e o respeito pelos direitos humanos, refor-
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incorreto çando as instituições democráticas, promovendo a liber-
Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos. dade de expressão, preservando a diversidade cultural e
Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve. = o ambiente.
incorreto É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento —
Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem direitos humanos — democracia” que podemos vislum-
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, brar a educação para a paz.
conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas:
acontecer... = precisa acontecer a punição dos excessos. desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc.
Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com adap-
9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – CES- tações).
PE-2018)
De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “ges-
LÍNGUA PORTUGUESA

Texto CG1A1AAA tão de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser con-


cebidos como
A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos polí- a) obstáculos para a construção da cultura da paz.
ticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, indepen- b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
dentemente de idade, sexo, estrato social, crença religiosa c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
etc. é chamado à criação de um mundo pacificado, um d) etapas para a construção da cultura da paz.
mundo sob a égide de uma cultura da paz. e) consequências da construção da cultura da paz.

6
Resposta: Letra D. Em “a”: obstáculos para a constru- 11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VU-
ção da cultura da paz. = incorreto NESP-2015) Leia a tira.
Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
paz. = incorreto
Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
= incorreto
Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
Em “e”: consequências da construção da cultura da paz.
= incorreto
Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe-
re-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar er-
(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)
radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
Com sua fala, a personagem revela que
para construção da paz.
a) a violência era comum no passado.
10. (PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VU- b) as pessoas lutam contra a violência.
NESP-2013) Leia o cartum de Jean Galvão c) a violência está banalizada.
d) o preço que pagou pela violência foi alto.

Resposta: Letra C. Em “a”: a violência era comum no


passado. = incorreto
Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incor-
reto
Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. =
incorreto
Infelizmente, a personagem revela que a violência está
banalizada, nem há mais “punições” para os agressi-
vos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTE-


RIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.

(https://www.facebook.com/jeangalvao.cartunista)

Considerando a relação entre a fala do personagem e a


imagem visual, pode-se concluir que o que o leva a pular
a onda é a necessidade de

a) demonstrar respeito às religiões.


b) realizar um ritual místico. (Pancho. www.gazetadopovo.com.br)
c) divertir-se com os amigos.
d) preservar uma tradição familiar. É correto associar o humor da charge ao fato de que
e) esquivar-se da sujeira da água.
a) os personagens têm uma autoestima elevada e são
Resposta: Letra E. Em “a”: demonstrar respeito às re- otimistas, mesmo vivendo em uma situação de com-
ligiões. = incorreto pleto confinamento.
b) os dois personagens estão muito bem informados so-
Em “b”: realizar um ritual místico. = incorreto bre a economia, o que não condiz com a imagem de
Em “c”: divertir-se com os amigos. = incorreto criminosos.
Em “d”: preservar uma tradição familiar. = incorreto c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos
Em “e”: esquivar-se da sujeira da água. personagens, pois eles demonstram preocupação
LÍNGUA PORTUGUESA

O personagem pula a onda para que não seja atingido com a aparência.
pelo lixo que se encontra no mar. d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende
os personagens, que estão acostumados a pagar caro
por eles nos presídios.
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes
para os personagens, dada a condição em que se en-
contram.

7
Resposta: Letra E. Em “a”: os personagens têm uma 14. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-
autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
em uma situação de completo confinamento. = incor-
reto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem infor-
mados sobre a economia, o que não condiz com a
imagem de criminosos. = incorreto
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a
vida dos personagens, pois eles demonstram preocu-
pação com a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não sur-
preende os personagens, que estão acostumados a
pagar caro por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser
relevantes para os personagens, dada a condição em
que se encontram.
Pela condição em que as personagens se encontram, o
aumento no preço dos cosméticos não os afeta.

13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-


O humor da tira é conseguido através de uma quebra de
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) expectativa, que é:
Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;
as figurinhas da Copa b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 c) a falta de muitas figurinhas no álbum;
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho;
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor- Resposta: Letra B. Em “a”: o fato de um adulto cole-
naleiros estão levando seus estoques para casa quando cionar figurinhas; = incorreto
termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não
boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha- esportivos;
Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = incor-
dos por mensagens de celular.
reto
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não
adequada é: pelo filho; = incorreto
Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con-
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do trário. = incorreto
celular e da carteira nos roubos urbanos; O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à cartei- incomum: assuntos sociais.
ra como alvo de desejo dos assaltantes;
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que 15. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Obser-
vendem as figurinhas da Copa; ve a charge abaixo.
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa
nas bancas de jornais;
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin-
cipal dos ladrões.

Resposta: Letra B. Em “a”: as figurinhas da Copa


passaram a ocupar o lugar do celular e da carteira nos
roubos urbanos; = incorreto
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes;
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto
Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da
LÍNGUA PORTUGUESA

Copa nas bancas de jornais; = incorreto No caso da charge, a crítica feita à internet é:
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no
a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva;
alvo principal dos ladrões. = incorreto
b) a falta de exercícios físicos nas crianças;
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular
c) o risco de contatos perigosos;
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também
d) o abandono dos estudos regulares;
passaram a ser alvo dos assaltantes.
e) a falta de contato entre membros da família.

8
16. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV- A observação dos elementos não verbais do texto é res-
2018) Observe a charge a seguir: ponsável pelo entendimento do humor sugerido. Nesse
sentido, a evolução do homem e do computador, através
de tais elementos, deve ser entendida como:

a) complementar.
b) semelhante.
c) conflitante.
d) antitética.
e) idealizada.

Resposta: Letra D. As imagens mostram um con-


traste entre o desenvolvimento do computador e do
homem; enquanto aquele vai se tornando mais “fino,
elegante”, este fica sedentário, engorda. A palavra
“antitética” significa “oposta, oposição”.
A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,
destacando o fato de o cientista: 18. (TRF-2.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017)
a) ter alcançado o céu após sua morte;
b) mostrar determinação no combate à doença;
c) ser comparado a cientistas famosos;
d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
e) localizar seus interesses nos estudos de Física.

Resposta: Letra A. Em “a”: a criação de uma depen-


dência tecnológica excessiva;
Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = in-
correto
Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto
A produção da obra acima, Os Retirantes (1944), foi realiza-
Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto
da seis anos depois da publicação do romance Vidas Secas.
Em “e”: a falta de contato entre membros da família. =
Nessa obra, ao abordar a miséria e a seca claramente vis-
incorreto tas através da representação de uma família de retirantes,
Através da fala do garoto chegamos à resposta: de- Cândido Portinari
pendência tecnológica - expressa em sua fala.
a) apresenta uma temática, assim como a descrição dos
Resposta: Letra D. Em “a”: ter alcançado o céu após personagens e do ambiente, de forma sutil e dinâmica.
sua morte; = incorreto b) permite visualizar a degradação da figura humana e o
Em “b”: mostrar determinação no combate à doença; retrato da figura da morte afugentada pelos persona-
= incorreto gens.
Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incor- c) apresenta elementos físicos presentes no cotidiano dos
reto retirantes vítimas da seca e aspectos relacionados à de-
Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante; sigualdade social.
Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física. d) utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de cons-
= incorreto truir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos fatos
Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es- da realidade observável.
távamos esperando”.
Resposta: Letra C. Em “a”: apresenta uma temática, as-
17. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FUNÇÃO ADMI- sim como a descrição dos personagens e do ambiente,
NISTRATIVA – IBFC-2017) de forma sutil e dinâmica.
Em “b”: permite visualizar a degradação da figura hu-
Texto II mana e o retrato da figura da morte afugentada pelos
personagens.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “c”: apresenta elementos físicos presentes no coti-


diano dos retirantes vítimas da seca e aspectos relacio-
nados à desigualdade social.
Em “d”: utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de
construir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos
fatos da realidade observável.
A obra retrata, de forma nada sutil, os elementos físicos
de uma família vítima da seca.

9
Linguagem Verbal e Não Verbal Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
O que é linguagem? É o uso da língua como forma de Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
não é somente um conjunto de palavras faladas ou es-
critas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade? os chamados monossílabos. Estes são acentuados quan-
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a do tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó
- ré.
analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem utilizar
o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se ter algo 2 Os acentos
fundamentado e coerente! Assim, a linguagem verbal é a
que utiliza palavras quando se fala ou quando se escreve. A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal, e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas
não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O objeti- letras representam as vogais tônicas de palavras
vo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indi-
dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar de outros ca, além da tonicidade, timbre aberto: herói – céu
meios comunicativos, como: placas, figuras, gestos, objetos, (ditongos abertos).
cores, ou seja, dos signos visuais. B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, uma “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fe-
entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou televisiona- chado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
do, um bilhete? = Linguagem verbal! C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de fu- com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
tebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identificação mente abolido das palavras. Há uma exceção: é
de “feminino” e “masculino” através de figuras na porta do utilizado em palavras derivadas de nomes próprios
estrangeiros: mülleriano (de Müller)
banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem não verbal!
E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e
anúncios publicitários. 2.1 Regras fundamentais
Alguns exemplos:
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol. A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas
Placas de trânsito. terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do
Imagem indicativa de “silêncio”. plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”. Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”,
SITE seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/ Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
linguagem.htm> seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas
terminadas em:
i, is: táxi – lápis – júri
ACENTUAÇÃO GRÁFICA us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
fórceps
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
Quanto à acentuação, observamos que algumas pa- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
Por isso, vamos às regras!
#FicaDica
1. Regras básicas Memorize a palavra LINURXÃO. Repare
que esta palavra apresenta as terminações
A acentuação tônica está relacionada à intensida- das paroxítonas que são acentuadas: L, I
de com que são pronunciadas as sílabas das palavras. N, U (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO.
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se Assim ficará mais fácil a memorização!
LÍNGUA PORTUGUESA

como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas


com menos intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
cadas como: C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quan-
do a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte).
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre Quanto à regra de acentuação: todas as proparoxí-
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – tonas são acentuadas, independentemente de sua
papel terminação: árvore, paralelepípedo, cárcere.

10
2.2 Regras especiais Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em verem seguidas do dígrafo nh:
palavras paroxítonas. ra-i-nha, ven-to-i-nha.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
FIQUE ATENTO! Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí-
abertos estiverem em uma palavra oxíto- tonas):
na (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
acentuados: dói, escarcéu. Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Antes Agora
Sauípe Sauipe
assembléia assembleia
idéia ideia O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
geléia geleia abolido:

jibóia jiboia
Antes Agora
apóia (verbo apoiar) apoia
crêem creem
paranóico paranoico
lêem leem
2.3 Acento Diferencial vôo voo
enjôo enjoo
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala- #FicaDica
vras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per- Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
Indicativo do mesmo verbo). que não recebem mais acento como antes:
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas: CRER, DAR, LER e VER.
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, Repare:
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposi- O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
ção. Elza lê bem! / Todas leem bem!
Os demais casos de acento diferencial não são mais Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti- garotos deem o recado!
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama- Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
ticais são definidos pelo contexto. Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm
Polícia para o trânsito para que se realize a operação à tarde!
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
junção (com relação de finalidade). As formas verbais que possuíam o acento tônico na
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
#FicaDica “e” ou “i” não serão mais acentuadas:

Quando, na frase, der para substituir o


Antes Depois
“por” por “colocar”, estaremos trabalhan-
do com um verbo, portanto: “pôr”; nos apazigúe (apaziguar) apazigue
demais casos, “por” é preposição: Faço averigúe (averiguar) averigue
isso por você. / Posso pôr (colocar) meus
LÍNGUA PORTUGUESA

livros aqui? argúi (arguir) argui

2.4 Regra do Hiato Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes-


soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun- (verbo vir). A regra prevalece também para os verbos
da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm,
acento: saída – faísca – baú – país – Luís ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
– eles convêm.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa ORTOGRAFIA OFICIAL
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-
reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
SITE devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao. língua são grafados segundo acordos ortográficos.
htm A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
EXERCÍCIOS COMENTADOS e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
etimologia (origem da palavra).
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe
– 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em 1. Regras ortográficas
conformidade com a mesma regra ortográfica.
A) O fonema S
( ) CERTO ( ) ERRADO São escritas com S e não C/Ç
 Palavras substantivadas derivadas de verbos com
Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
terminada em ditongo / “história” - acentua-se a pa- - pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
roxítona terminada em ditongo censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
submergir - submersão / divertir - diversão / im-
Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona
pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir
terminada em ditongo.
- repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
Observação: nestes casos, admitem-se as separações
sentir - sensível / consentir – consensual.
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxí-
tonas.
São escritos com SS e não C e Ç
 Nomes derivados dos verbos cujos radicais ter-
2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012) minem em gred, ced, prim ou com verbos ter-
Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento minados por tir ou - meter: agredir - agressivo /
gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder
- cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
( ) CERTO ( ) ERRADO regredir - regressão / oprimir - opressão / compro-
meter - compromisso / submeter – submissão.
Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos  Quando o prefixo termina com vogal que se junta
= proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”). trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
 No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
Exemplos: ficasse, falasse.
3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012) São escritos com C ou Ç e não S e SS
Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem  Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açú-
acento gráfico com base na mesma regra de acentuação car.
gráfica.  Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica:
cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.
( ) CERTO ( ) ERRADO  Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car-
Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.
em ditongo; diária = paroxítona terminada em diton-  Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
go; paciência = paroxítona terminada em ditongo. Os / deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
três vocábulos são acentuados devido à mesma regra.  Após ditongos: foice, coice, traição.
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
4. (Ibama – Técnico Administrativo – cespe – 2012) As to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab-
palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo com sorto – absorção.
LÍNGUA PORTUGUESA

a mesma regra de acentuação gráfica.


B) O fonema z
( ) CERTO ( ) ERRADO São escritos com S e não Z
 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é
Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-
“o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = mo- cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
nossílaba terminada em ditongo aberto “éu”. princesa.

12
 Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me- São escritas com CH e não X
tamorfose.  Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal-
quis, quiseste. sicha.
 Nomes derivados de verbos com radicais termi-
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / E) As letras “e” e “i”
empreender - empresa / difundir – difusão.  Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
 Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
- Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
 Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
 Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es-
 Verbos derivados de nomes cujo radical termina
crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
– pesquisar. -air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.

São escritos com Z e não S


FIQUE ATENTO!
 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – Há palavras que mudam de sentido
beleza. quando substituímos a grafia “e” pela
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- grafia “i”: área (superfície), ária (melodia)
gem não termine com s): final - finalizar / concreto / delatar (denunciar), dilatar (expandir) /
– concretizar. emergir (vir à tona), imergir (mergulhar)
 Consoante de ligação se o radical não terminar / peão (de estância, que anda a pé), pião
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal (brinquedo).
Exceção: lápis + inho – lapisinho.

C) O fonema j
São escritas com G e não J #FicaDica
 Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto
gesso. à ortografia de uma palavra, há a possibili-
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, dade de consultar o Vocabulário Ortográ-
gim. fico da Língua Portuguesa (VOLP), elabo-
 Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com rado pela Academia Brasileira de Letras. É
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, uma obra de referência até mesmo para
bege, foge. a criação de dicionários, pois traz a grafia
Exceção: pajem. atualizada das palavras (sem o significado).
Na Internet, o endereço é www.academia.
 Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, org.br.
litígio, relógio, refúgio.
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
gir, mugir. 2. Informações importantes
 Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
surgir. Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
 Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter- núncias diferentes para palavras com a mesma significa-
minado com j: ágil, agente. ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
São escritas com J e não G farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re-
 Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. lampejar/relampear/relampar/relampadar.
 Palavras de origem árabe, africana ou exótica:
Os símbolos das unidades de medida são escritos
jiboia, manjerona.
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
 Palavras terminadas com aje: ultraje.
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
D) O fonema ch 20km, 120km/h.
São escritas com X e não CH Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
Na indicação de horas, minutos e segundos, não
LÍNGUA PORTUGUESA

caxi, xucro.
 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
lagartixa. 22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
 Depois de ditongo: frouxo, feixe. nutos e trinta e quatro segundos).
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. O símbolo do real antecede o número sem espaço:
Exceção: quando a palavra de origem não derive de R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) ra vertical ($).

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ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
1. Por que / por quê / porquê / porque Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
POR QUE (separado e sem acento) reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
É usado em: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
gação) = Por que você não veio ontem? CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
que faltara à aula ontem. Saraiva, 2002.
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
Ignoro o motivo por que ele se demitiu. SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
POR QUÊ (separado e com acento) ortografia
Usos: 4. Hífen
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
Você faltou. Por quê? para ligar os elementos de palavras compostas (como
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
quê? nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
compa-/nheiro).
Usos:
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
Ortográfica:
ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto
final) = Compre agora, porque há poucas peças.
1. Em palavras compostas por justaposição que for-
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
que se antecipou. que se unem para formam um novo significado:
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) -coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
Usos: 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra- zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge- abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
ralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê da 3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
discussão. É uma pessoa cheia de porquês. cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme-
2. ONDE / AONDE ro, recém-casado.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al-
Onde = empregado com verbos que não expressam gumas exceções continuam por já estarem con-
a ideia de movimento = Onde você está? sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos queima-roupa, deus-dará.
que expressam movimento = Aonde você vai? 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
3. MAU / MAL combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
-Hungria, Angola-Brasil, etc.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um per- quando associados com outro termo que é
mau elemento. iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-
-racional, etc.
Mal = pode ser usado como 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di-
LÍNGUA PORTUGUESA

1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.


“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
mal na prova? pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou etc.
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
não compensa. abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.

14
10. Nas formações em que o prefixo tem como se- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano, Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
semi-hospitalar, super-homem.
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudopre- SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
fixo termina com a mesma vogal do segundo ele-
ortografia
mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au-
to-observação, etc.

O hífen é suprimido quando para formar outros ter- EXERCÍCIOS COMENTADOS


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-
pe – 2013 – adaptada)
#FicaDica
A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatena-
Lembrete da Zê! dos são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos
Ao separar palavras na translineação (mu- de comunicação, os quais são indispensáveis para que
dança de linha), caso a última palavra a ser os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos
escrita seja formada por hífen, repita-o na acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in- exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. que a lei lhes impõe.
Na próxima linha escreverei: “-inflamató- Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações).
rio” (hífen em ambas as linhas). Devido à
diagramação, pode ser que a repetição do No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguin-
tes.
hífen na translineação não ocorra em meus
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto
conteúdos, mas saiba que a regra é esta! nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar
o litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à de-
B) Não se emprega o hífen: manda e o trecho “tomem conhecimento dos atos acon-
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefi- tecidos no correr do procedimento” fosse, por sua vez,
substituído por conheçam os atos havidos no transcurso
xo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
do acontecimento.
em “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom, ( ) CERTO ( ) ERRADO
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre- Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a
com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu- primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in-
cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri- correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há
co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. a necessidade de avaliar a segunda substituição.
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. PONTUAÇÃO
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
o segundo elemento começar com “o”: coopera-
ção, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
coedição, coexistir, etc. servem para compor a coesão e a coerência textual, além
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no- de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas, Um texto escrito adquire diferentes significados quando
paraquedista, etc. pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben- depende, em certos momentos, da intenção do autor
feito, benquerer, benquerido, etc. do discurso. Assim, os sinais de pontuação estão direta-
mente relacionados ao contexto e ao interlocutor.
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte, 1. Principais funções dos sinais de pontuação
não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina-
A) Ponto (.)
LÍNGUA PORTUGUESA

do, pressuposto, propor.


 Indica o término do discurso ou de parte dele,
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
encerrando o período.
so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-  Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
-humano, super-realista, alto-mar. panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, de período, este não receberá outro ponto; neste
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, caso, o ponto de abreviatura marca, também, o
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
fim de período. Exemplo: Estudei português, mate-
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
márica, constitucional, etc. (e não “etc..”)

15
 Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego G) Vírgula (,)
do ponto, assim como após o nome do autor de
uma citação: Não se usa vírgula
Haverá eleições em outubro Separando termos que, do ponto de vista sintático,
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo- ligam-se diretamente entre si:
leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
 Os números que identificam o ano não utili- 1. Entre sujeito e predicado:
zam ponto nem devem ter espaço a separá-los, Todos os alunos da sala foram advertidos.
bem como os números de CEP: 1975, 2014, 2006, Sujeito predicado
17600-250.
2. Entre o verbo e seus objetos:
B) Ponto e Vírgula (;) O trabalho custou sacrifício aos
realizadores.
 Separa várias partes do discurso, que têm a mes- V.T.D.I. O.D. O.I.
ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos Usa-se a vírgula:
generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí-
rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) 1. Para marcar intercalação:
 Separa partes de frases que já estão separadas A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua
por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; abundância, vem caindo de preço.
outros, montanhas, frio e cobertor. B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
 Separa itens de uma enumeração, exposição de produzindo, todavia, altas quantidades de alimen-
motivos, decreto de lei, etc. tos.
Ir ao supermercado; C) das expressões explicativas ou corretivas: As in-
Pegar as crianças na escola; dústrias não querem abrir mão de suas vantagens,
Caminhada na praia; isto é, não querem abrir mão dos lucros altos.
Reunião com amigos.
2. Para marcar inversão:
A) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
C) Dois pontos (:)
ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de
 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
portas fechadas.
Coutinho trata este assunto:
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
 Antes de um aposto = Três coisas não me agra-
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá
de maio de 1982.
estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vi-
vendo a rotina de sempre. 3. Para separar entre si elementos coordenados
 Em frases de estilo direto (dispostos em enumeração):
Maria perguntou: Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
- Por que você não toma uma decisão? A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani-
mais.
D) Ponto de Exclamação (!) 4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
 Usa-se para indicar entonação de surpresa, cóle- remos comer pizza; e vocês, churrasco.
ra, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me
casar com você! 5. Para isolar:
 Depois de interjeições ou vocativos A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra-
Ai! Que susto! sileira, possui um trânsito caótico.
João! Há quanto tempo! B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

E) Ponto de Interrogação (?) Observações:


 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze- são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
vedo) dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre-
F) Reticências (...) guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política,
 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei
LÍNGUA PORTUGUESA

futebol, lazer, etc.


lápis, canetas, cadernos... As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... que- binados o ponto de interrogação e o de exclamação:
ro dizer... é verdad... Ah!” Você falou isso para ela?!
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
mal... pega doutor? Temos, ainda, sinais distintivos:
 Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei-  a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), se-
xa, depois, o coração falar... paração de siglas (IOF/UPC);

16
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira chegavam à Justiça buscando uma força externa como
opção aos parênteses, principalmente na matemá- se somente nós, juízes, promotores e advogados, pu-
tica; déssemos não apenas cessar aquele ciclo de violência
 o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a (...). Os termos entre vírgulas servem para exemplificar
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para subs- quem são os “nós” citados pela autora (juízes, promo-
tituir um nome que não se quer mencionar. tores, advogados).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- CIÁRIA – CESPE – 2017 – ADAPTADA)
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. Texto 1A1AAA
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Após o processo de redemocratização, com o fim da di-
SITE
tadura militar, em meados da década de 80 do século
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-vir- passado, era de se esperar que a democratização das
gula.htm instituições tivesse como resultado direto a consolidação
da cidadania — compreendida de modo amplo, abran-
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram
EXERCÍCIOS COMENTADOS mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên-
cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
1. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- desemprego — que ameaça os direitos sociais.
GO 1 – CESPE – 2018 – ADAPTADA) No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir
de 1980, impacto do processo de modernização pelo
Texto CB1A1CCC qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes re- mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi-
velaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço
relatos de sofrimento, dor, angústia que se transporta- social mais anônimo, menos supervisionado.
vam da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para mi- Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
nha cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade.
relatos sofridos, aflitos. As angústias dos que se senta- O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me-
vam à minha frente, por diversas vezes, me escoltaram nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor-
até minha casa e passaram a ser companheiras de noites tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla
de insônia. Não havia outra solução a não ser escrever. necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do
Era preciso colocar no papel e compartilhar a dor da- risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém
quelas pessoas que, mesmo ao fim do processo e com a não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de
sentença prolatada, não me deixavam esquecê-las.
manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, fi-
dividir as tarefas de controle com organizações locais e
lhas, esposas, namoradas, companheiras, todas tendo
com a comunidade.
em comum a violência no corpo e na alma sofrida den-
tro de casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pú-
para essas mulheres, havia se transformado no pior dos blica e garantia dos direitos individuais: os desafios da
mundos. polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasilei-
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen- ra de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. –
tavam à minha frente, os relatos se transformavam em mar./2011, p. 84-5 (com adaptações).
desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi-
ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas. No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos
A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a introduzem
culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não
ter conseguido manter a família. Sempre a culpa. a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma b) resultados da “consolidação da cidadania”.
força externa como se somente nós, juízes, promotores c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
e advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ci- algo “amplo”.
clo de violência, mas também lhes dar voz para reagir d) uma generalização do termo “direitos”.
àquela violência invisível.
LÍNGUA PORTUGUESA

e) objetivos do “processo de redemocratização”.


Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias
além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso
adaptações). SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para
O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o encontrar as respostas para as questões!): (...) abran-
sentido de “nós”. gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
sociais. Os dois-pontos introduzem a enumeração dos
( ) CERTO ( ) ERRADO direitos; apresenta-os.

17
3. (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
2010) Vão surgindo novos sinais do crescente otimismo CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO,
da indústria com relação ao futuro próximo. Um deles
ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO,
refere-se às exportações. “O comércio mundial já está
ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO:
voltando a se abrir para as empresas”, diz o gerente exe-
cutivo de pesquisas da Confederação Nacional da Indús- EMPREGO, FORMAS DE TRATAMENTO E
tria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar a melhora SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES
das expectativas dos industriais com relação ao mercado QUE ESTABELECEM. VOZES VERBAIS: ATIVA
externo. E PASSIVA. COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria
não se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois
elas já eram francamente otimistas. Há algum tempo, a
pesquisa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010, Adjetivo
registra grande otimismo da indústria com relação à de-
manda interna. Trata-se de um sentimento generalizado. É a palavra que expressa uma qualidade ou caracte-
Em todos os setores industriais, a expressiva maioria dos rística do ser e se relaciona com o substantivo, concor-
entrevistados acredita no aumento das vendas internas. dando com este em gênero e número.
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta- As praias brasileiras estão poluídas.
ções). Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas
por tratar-se de um vocativo. 1. Locução adjetiva
Locução = reunião de palavras. Sempre que são neces-
( ) CERTO ( ) ERRADO sárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma coisa,
tem-se locução. Às vezes, uma preposição + substantivo tem
Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução Adjetiva (expres-
fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o são que equivale a um adjetivo). Por exemplo: aves da noite
gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio- (aves noturnas), paixão sem freio (paixão desenfreada).
nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar
a melhora das expectativas. O termo em destaque não Observe outros exemplos:
está exercendo a função de vocativo, já que não é uti-
lizado para evocar, chamar o interlocutor do diálogo.
de águia aquilino
Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente
executivo da CNI. de aluno discente
de anjo angelical
4. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO
TRABALHO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) A correção de ano anual
gramatical do trecho “Entre as bebidas alcoólicas, cerve- de aranha aracnídeo
jas e vinhos são as mais comuns em todo o mundo” seria
de boi bovino
prejudicada, caso se inserisse uma vírgula logo após a
palavra “vinhos”. de cabelo capilar
de cabra caprino
( ) CERTO ( ) ERRADO
de campo campestre ou rural
Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre de chuva pluvial
sujeito e predicado, a não ser que se trate de um apos-
de criança pueril
to (1), predicativo do sujeito (2), ou algum termo que
requeira estar separado entre pontuações. Exemplo: O de dedo digital
Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! de estômago estomacal ou gástrico
Os meninos, ansiosos (2), chegaram!
de falcão falconídeo
de farinha farináceo
de fera ferino
de ferro férreo
LÍNGUA PORTUGUESA

de fogo ígneo
de garganta gutural
de gelo glacial
de guerra bélico
de homem viril ou humano

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de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico
de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico

Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.

2. Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):


O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

3. Adjetivo Pátrio (ou gentílico)


Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
LÍNGUA PORTUGUESA

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4. Adjetivo Pátrio Composto
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:
África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

5. Flexão dos adjetivos


O adjetivo varia em gênero, número e grau.

6. Gênero dos Adjetivos


Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:

A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano,
a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

7. Número dos Adjetivos

A) Plural dos adjetivos simples


Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos subs-
tantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a
palavra cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo.
Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

B) Adjetivo Composto
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o
último elemento concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um
dos elementos que formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará in-
LÍNGUA PORTUGUESA

variável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento,
funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substan-
tivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja:
Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.

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Observação: Observe alguns superlativos sintéticos:
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
benéfico - beneficentíssimo
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste,
vestidos cor-de-rosa. bom - boníssimo ou ótimo
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- comum - comuníssimo
mentos flexionados: crianças surdas-mudas.
cruel - crudelíssimo
8. Grau do Adjetivo difícil - dificílimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in-
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- doce - dulcíssimo
jetivo: o comparativo e o superlativo. fácil - facílimo
A) Comparativo fiel - fidelíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte- B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. seres. Essa relação pode ser:
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade  De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
No comparativo de igualdade, o segundo termo da todas.
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto  De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
ou quão. todas.

Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su- O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
perioridade dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
antepostos ao adjetivo.
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In- O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
ferioridade duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São -íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
a popular é constituída do radical do adjetivo português
rior, grande/maior, baixo/inferior.
+ o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo com
Observe que:
 As formas menor e pior são comparativos de su- dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os terminados em
perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio – cheíssimo.
mau, respectivamente.
 Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compa- Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
rações feitas entre duas qualidades de um mesmo reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais Paulo: Saraiva, 2010.
bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
exemplo: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
elementos. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
duas qualidades de um mesmo elemento. SITE
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
ferioridade morf32.php
Sou menos passivo (do) que tolerante.
Advérbio
B) Superlativo
O superlativo expressa qualidades num grau muito Compare estes exemplos:
elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela- O ônibus chegou.
tivo e apresenta as seguintes modalidades: O ônibus chegou ontem.
B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
LÍNGUA PORTUGUESA

dade de um ser é intensificada, sem relação com outros Advérbio é uma palavra invariável que modifica o
seres. Apresenta-se nas formas: sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de
 Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e
palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
do próprio advérbio.
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei
 Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio
exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
(bem)

21
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
jetivo (claros) à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
quando, de quando em quando, a qualquer mo-
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
centar ideia de: dia.
Tempo: Ela chegou tarde. C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
Lugar: Ele mora aqui. pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-
Modo: Eles agiram mal. ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Negação: Ela não saiu de casa. poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Dúvida: Talvez ele volte. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
1. Flexão do Advérbio te”: calmamente, tristemente, propositadamente,
pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- dalosamente, bondosamente, generosamente.
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
porém, admitem a variação em grau. Observe: efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
bitavelmente.
A) Grau Comparativo E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
modo que o comparativo do adjetivo: F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro-
 de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
Renato fala tão alto quanto João. quem sabe.
 de inferioridade: menos + advérbio + que (do G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
que): Renato fala menos alto do que João. cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
 de superioridade: quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
fala mais alto do que João. extremamente, intensamente, grandemente, bem
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato (quando aplicado a propriedades graduáveis).
fala melhor que João. H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo:
B) Grau Superlativo Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
O superlativo pode ser analítico ou sintético: I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re- bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece
nato fala muito alto. durante a adolescência.
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
de modo exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al- aos meus amigos por comparecerem à festa.
tíssimo.
Saiba que:
Observação: Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
comuns na língua popular. o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
Maria mora pertinho daqui. (muito perto) tarde possível.
A criança levantou cedinho. (muito cedo) Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
calma e respeitosamente.
2. Classificação dos Advérbios
3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido
De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
Há palavras como muito, bastante, que podem apare-
bio pode ser de:
cer como advérbio e como pronome indefinido.
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
aquém, embaixo, externamente, à distância, à dis-
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
LÍNGUA PORTUGUESA

tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à


esquerda, ao lado, em volta.
B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
temente, entrementes, imediatamente, primeira-

22
Exemplo:
#FicaDica Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
Como saber se a palavra bastante é advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
(não varia, não se flexiona) ou pronome dade e de tempo, respectivamente.
indefinido (varia, sofre flexão)? Se der, na
frase, para substituir o “bastante” por “muito”, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
estamos diante de um advérbio; se der para Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
substituir por “muitos” (ou muitas), é um reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
pronome. Veja: Paulo: Saraiva, 2010.
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
(estudei muitos capítulos) = pronome indefinido Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE
4. Advérbios Interrogativos http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf75.php
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen- Artigo
tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
-se como o termo variável que serve para individualizar
Interrogação Direta Interrogação Indireta
ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu. nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Onde mora? Indaguei onde morava. Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
Por que choras? Não sei por que choras. “uma”[s] e “uns]).
Aonde vai? Perguntei aonde ia.
A) Artigos definidos – São usados para indicar seres
Donde vens? Pergunto donde vens. determinados, expressos de forma individual: O
Quando voltas? Pergunto quando voltas. concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
muito.
5. Locução Adverbial B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova-
Quando há duas ou mais palavras que exercem fun- da! Umas candidatas foram aprovadas!
ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi- 1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
nariamente por uma preposição. Veja:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
para dentro, por aqui, etc. numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con-
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc. teúdo.
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
em geral, frente a frente, etc. admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, Janeiro, Veneza, A Bahia...
hoje em dia, nunca mais, etc. Quando indicado no singular, o artigo definido pode
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
No caso de nomes próprios personativos, denotando
o adjetivo e outro advérbio:
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo) do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O
De repente correram para a rua. (verbo) Pedro é o xodó da família.
Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais No caso de os nomes próprios personativos estarem
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio: no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
Essa matéria é mais bem interessante que aquela. os Incas, Os Astecas...
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso! Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
LÍNGUA PORTUGUESA

O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér- para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
bio: Cheguei primeiro. artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.

Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
adverbial desempenham na oração a função de adjunto Toda classe possui alunos interessados e desinteressa-
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân- dos. (qualquer classe)
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
bio. cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso.

23
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve Podemos separá-las por ponto:
ter é uns vinte anos. Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
O artigo também é usado para substantivar palavras
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
“mas”. Já em:
2. Há casos em que o artigo definido não pode ser Espero que eu seja aprovada no concurso!
usado:
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
conhecidas: O professor visitará Roma.
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te-
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre- mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a (ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração
bela Roma. principal).

Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria 3. Conjunções Coordenativas


sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa? São aquelas que ligam orações de sentido completo
e independente ou termos da oração que têm a mesma
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse função gramatical. Subdividem-se em:
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can-
didato cuja nota foi a mais alta. A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS não), não só... mas também, não só... como também,
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- bem como, não só... mas ainda.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São A sua pesquisa é clara e objetiva.
Paulo: Saraiva, 2010.
Não só dança, mas também canta.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SAC-
CONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex-
30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. pressando ideia de contraste ou compensação. São
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São entanto, não obstante.
Paulo: Saraiva, 2010. Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.

SITE C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-


http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm sando ideia de alternância ou escolha, indicando
fatos que se realizam separadamente. São elas: ou,
Conjunção ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal-
vez... talvez.
Além da preposição, há outra palavra também inva- Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:
a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
palavras de mesma função em uma oração: que expressa ideia de conclusão ou consequência.
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
São Paulo.
conseguinte, por isso, assim.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
Marta estava bem preparada para o teste, portanto
1. Morfossintaxe da Conjunção não ficou nervosa.
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
cem propriamente uma função sintática: são conectivos. E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São
2. Classificação da Conjunção elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
Não demore, que o filme já vai começar.
De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as Falei muito, pois não gosto do silêncio!
LÍNGUA PORTUGUESA

conjunções podem ser classificadas em coordenativas e 4. Conjunções Subordinativas


subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de-
isolamento, no entanto, não acarreta perda da unidade las dependente da outra. A oração dependente, intro-
de sentido que cada um dos elementos possui. Já no se- duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome
gundo caso, cada um dos elementos ligados pela conjun- de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha
ção depende da existência do outro. Veja: começado quando ela chegou.

24
O baile já tinha começado: oração principal O passeio ocorreu como havíamos planejado.
quando: conjunção subordinativa (adverbial tem- E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
poral) nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração
ela chegou: oração subordinada principal. São elas: para que, a fim de que, que, por-
que (= para que), que, etc.
As conjunções subordinativas subdividem-se em in- Toque o sinal para que todos entrem no salão.
tegrantes e adverbiais:
F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
pressa um fato relacionado proporcionalmente
Integrantes - Indicam que a oração subordinada por à ocorrência do expresso na principal. São elas:
elas introduzida completa ou integra o sentido da prin- à medida que, à proporção que, ao passo que e
cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos, as combinações quanto mais... (mais), quanto me-
ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas: nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me-
que, se. nos... (menos), etc.
Quero que você volte. (Quero sua volta) O preço fica mais caro à medida que os produtos es-
casseiam.
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
exerce a função de adjunto adverbial da principal. De Observação:
acordo com a circunstância que expressam, classificam- São incorretas as locuções proporcionais à medida
-se em: em que, na medida que e na medida em que.

G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen-


A) Causais: introduzem uma oração que é causa da ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na
ocorrência da oração principal. São elas: porque, oração principal. São elas: quando, enquanto, antes
que, como (= porque, no início da frase), pois que, que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde
visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as-
que, etc. sim que), etc.
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. A briga começou assim que saímos da festa.

B) Concessivas: introduzem uma oração que expres- H) Comparativas: introduzem uma oração que ex-
sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto, pressa ideia de comparação com referência à ora-
impedir sua realização. São elas: embora, ainda ção principal. São elas: como, assim como, tal como,
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com-
mais que, posto que, conquanto, etc.
binado com menos ou mais), etc.
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo. O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
a hipótese ou a condição para ocorrência da prin- I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa
cipal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a a consequência da principal. São elas: de sorte que,
não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc. de modo que, sem que (= que não), de forma que,
Se precisar de minha ajuda, telefone-me. de jeito que, que (tendo como antecedente na oração
principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, ta-
manho), etc.
#FicaDica Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
exame.
Você deve ter percebido que a conjunção con-
dicional “se” também é conjunção integrante.
FIQUE ATENTO!
A diferença é clara ao ler as orações que são
introduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia Muitas conjunções não têm classificação
da condição para que recebamos um telefo- única, imutável, devendo, portanto, ser clas-
nema (se for preciso ajuda). Já na oração: Não sificadas de acordo com o sentido que apre-
sei se farei o concurso. Não há ideia de sentam no contexto (destaque da Zê!).
condição alguma, há? Outra coisa: o verbo da
oração principal (sei) pede complemento (ob-
jeto direto, já que “quem não sabe, não sabe REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
algo”). Portanto, a oração em destaque exerce Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a função de objeto direto da oração principal, Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
sendo classificada como oração subordinada reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
LÍNGUA PORTUGUESA

substantiva objetiva direta. Paulo: Saraiva, 2010.


Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
D) Conformativas: introduzem uma oração que ex- SITE
prime a conformidade de um fato com outro. São http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
elas: conforme, como (= conforme), segundo, con- php
soante, etc.

25
Interjeição J) Desculpa: Perdão!
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo- L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin- M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor- Puxa! Pô! Ora!
rente de uma situação particular, um momento ou um O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
contexto específico. Exemplos: P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Deus!
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
ção Saiba que:
O significado das interjeições está vinculado à maneira As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti- frem variação em gênero, número e grau como os no-
do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e
for utilizada. Exemplos: voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata
Psiu! de um processo natural desta classe de palavra, mas tão
contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua; só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem-
significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
Ei, espere!”
2. Locução Interjetiva
Psiu!
contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig- Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!” expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla-
puxa: interjeição; tom da fala: euforia mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor-
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção 1. As interjeições são como frases resumidas, sinté-
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale- 2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é
gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes- o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
classes gramaticais podem aparecer como inter-
sante!
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora!
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
Francamente! (Advérbios)
minha frente. 3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
-frase” porque sozinha pode constituir uma men-
As interjeições podem ser formadas por: sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio!
 simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô Fique quieto!
 palavras: Oba! Olá! Claro! 4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
 grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo:
Deus! Ora bolas! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta-
que! Quá-quá-quá!, etc.
1. Classificação das Interjeições 5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó”
com a sua homônima “oh!”, que exprime admira-
Comumente, as interjeições expressam sentido de: ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois
A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! do “oh!” exclamativo e não a fazemos depois do
Atenção! Olha! Alerta! “ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie-
B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua! dosa e pura!” (Olavo Bilac)
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
LÍNGUA PORTUGUESA

E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!


Ânimo! Adiante! Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá-
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen- Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
te! Essa não! Chega! Basta! SITE
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
ra Deus! morf89.php

26
numeral Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do es-
Numeral é a palavra variável que indica quantidade forço e conseguiram o triplo de produção.
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter- flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
minada sequência. triplas do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme- número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex- duas terças partes.
pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
trata de numerais, mas sim de algarismos. Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
palavras consideradas numerais porque denotam quan- nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos: de sentido. É o que ocorre em frases como:
década, dúzia, par, ambos(as), novena. “Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
1. Classificação dos Numerais O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
segunda divisão de futebol)
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car- 3. Emprego e Leitura dos Numerais
dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
Os numerais são escritos em conjunto de três algaris-
século, par, dúzia, década, bimestre.
mos, contados da direita para a esquerda, em forma de
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma
ou alguma coisa ocupa numa determinada se-
separação através de ponto ou espaço correspondente a
quência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.

Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar


exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
#FicaDica
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
As palavras anterior, posterior, último, antepe- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
núltimo, final e penúltimo também indicam ção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil no-
posição dos seres, mas são classificadas como vecentos e noventa e dois.
adjetivos, não ordinais. Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por


dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhen-
C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, tos reais. (R$1.500,00)
ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)
quintos, etc.
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais
foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. até décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o nume-
ral venha depois do substantivo;
2. Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/ João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/ D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
cardinais são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
LÍNGUA PORTUGUESA

primeiro segundo milésimo Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido


primeira segunda milésima como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

27
#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
LÍNGUA PORTUGUESA

oitenta octogésimo - oitenta avos


noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo

28
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreen-
são do texto.

1. Tipos de Preposição

A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em
frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gêne-
ro ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + a = pela.
Essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir dos processos de:
 Combinação: união da preposição “a” com o artigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá-
bulos não sofrem alteração.
 Contração: união de uma preposição com outra palavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + o
= do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do pro-
nome “aquilo”).
LÍNGUA PORTUGUESA

29
 lugares: Alemanha, Portugal
#FicaDica  sentimentos: amor, saudade
 estados: alegria, tristeza
O “a” pode funcionar como preposição, prono-  qualidades: honestidade, sinceridade
me pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-  ações: corrida, pescaria
-los? Caso o “a” seja um artigo, virá preceden-
do um substantivo, servindo para determiná-lo 1. Morfossintaxe do substantivo
como um substantivo singular e feminino: A
matéria que estudei é fácil! Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
Irei à festa sozinha. to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti- substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
go; o segundo, preposição. adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o penhadas por grupos de palavras.
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
apostila. = Nós a trouxemos. 2. Classificação dos Substantivos

2. Relações semânticas (= de sentido) estabeleci- A) Substantivos Comuns e Próprios


das por meio das preposições: Observe a definição:

Destino = Irei a Salvador. Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Modo = Saiu aos prantos. casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
Lugar = Sempre a seu lado. toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
Assunto = Falemos sobre futebol. cidade (em oposição aos bairros).
Tempo = Chegarei em instantes. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
Causa = Chorei de saudade. e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Fim ou finalidade = Vim para ficar. cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan-
Instrumento = Escreveu a lápis. tivo comum.
Posse = Vi as roupas da mamãe. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
Autoria = livro de Machado de Assis
homem, mulher, país, cachorro.
Companhia = Estarei com ele amanhã.
Estamos voando para Barcelona.
Matéria = copo de cristal.
Meio = passeio de barco. O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
Origem = Nós somos do Nordeste. espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
Conteúdo = frascos de perfume. aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
B) Substantivos Concretos e Abstratos
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o
locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução ser que existe, independentemente de outros seres.
prepositiva por trás de.
Observação:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Os substantivos concretos designam seres do mundo
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa real e do mundo imaginário.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- Brasília.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma.
Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. res que dependem de outros para se manifestarem ou
existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só,
SITE não pode ser observada. Só podemos observar a beleza
numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende
LÍNGUA PORTUGUESA

http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra bele-
Substantivo za é um substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, quali-
Substantivo é a classe gramatical de palavras variá- dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem
veis, as quais denominam todos os seres que existem, ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
fenômenos, os substantivos também nomeiam: (sentimento).

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 Substantivos Coletivos leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, malta malfeitores ou desordeiros
outra abelha, mais outra abelha. manada búfalos, bois, elefantes,
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. matilha cães de raça
molho chaves, verduras
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- multidão pessoas em geral
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs- tos, etc.)
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto penca bananas, chaves
de seres da mesma espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. pinacoteca pinturas, quadros
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, quadrilha ladrões, bandidos
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se- ramalhete flores
res da mesma espécie.
rebanho ovelhas
Substantivo coletivo Conjunto de: repertório peças teatrais, obras musicais
assembleia pessoas reunidas réstia alhos ou cebolas
alcateia lobos romanceiro poesias narrativas
acervo livros revoada pássaros
antologia trechos literários selecionados sínodo párocos
arquipélago ilhas talha lenha
banda músicos tropa muares, soldados
bando desordeiros ou malfeitores turma estudantes, trabalhadores
banca examinadores vara porcos
batalhão soldados
3. Formação dos Substantivos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos A) Substantivos Simples e Compostos
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.
cacho frutas O substantivo chuva é formado por um único ele-
cancioneiro canções, poesias líricas mento ou radical. É um substantivo simples.
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
colmeia abelhas único elemento.
concílio bispos Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele-
congresso parlamentares, cientistas
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
elenco atores de uma peça ou filme A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
esquadra navios de guerra dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, pas-
satempo.
enxoval roupas
falange soldados, anjos B) Substantivos Primitivos e Derivados
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva
fauna animais de uma região de nenhuma outra palavra da própria língua por-
feixe lenha, capim tuguesa.
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origi-
flora vegetais de uma região
na de outra palavra. O substantivo limoeiro, por
frota navios mercantes, ônibus exemplo, é derivado, pois se originou a partir da
girândola fogos de artifício palavra limão.
LÍNGUA PORTUGUESA

horda bandidos, invasores 4. Flexão dos substantivos


junta médicos, bois, credores, exa-
minadores O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
júri jurados exemplo, pode sofrer variações para indicar:
legião soldados, anjos, demônios Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
meninão / Diminutivo: menininho

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A) Flexão de Gênero  Substantivos terminados em -ão: fazem o femini-
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- no de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti-
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.  Substantivos terminados em -or:
Veja estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
Um Natal inesquecível  Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
Os reis da praia cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poe-
tisa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:  Substantivos que formam o feminino trocando o
A história sem fim -e final por -a: elefante - elefanta
Uma cidade sem passado  Substantivos que têm radicais diferentes no mas-
As tartarugas ninjas culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
 Substantivos que formam o feminino de maneira
5. Substantivos Biformes e Substantivos Unifor- especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
mes anteriores: czar – czarina, réu - ré
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen- 7. Formação do Feminino dos Substantivos Uni-
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
formes
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
Epicenos:
forma, que serve tanto para o masculino quanto
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
para o feminino. Classificam-se em:
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
se faz mediante a utilização das palavras “macho”
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
forma para indicar o masculino e o feminino.
macho e o jacaré fêmea.
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste- designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de
munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in- epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessida-
divíduo. de de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: A cobra macho picou o marinheiro.
indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
a artista. 8. Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza.
Substantivos de origem grega terminados em ema
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
sintoma, o teorema. masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
 Existem certos substantivos que, variando de nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
gênero, variam em seu significado: ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça A criança chorona chamava-se João.
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e A criança chorona chamava-se Maria.
a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au- Outros substantivos sobrecomuns:
mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con- a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma
clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública); boa criatura.
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora). o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu
LÍNGUA PORTUGUESA

6. Formação do Feminino dos Substantivos Bifor-


mes 9. Comuns de Dois Gêneros:
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
- aluna. Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
 Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
ao masculino: freguês - freguesa vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.

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A distinção de gênero pode ser feita através da análi- ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética),
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; -fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a
repórter francês - repórter francesa. pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
(aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador),
A palavra personagem é usada indistintamente nos a voga (moda).
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se
acentuada preferência pelo masculino: O menino desco- B) Flexão de Número do Substantivo
briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: Em português, há dois números gramaticais: o singu-
O problema está nas mulheres de mais idade, que não lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
aceitam a personagem. que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
rística do plural é o “s” final.
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. 11. Plural dos Substantivos Simples

Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e


)pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
proclama, o pernoite, o púbis. Exceção: cânon - cânones.
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a em “ns”: homem - homens.
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o
plural pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz
São geralmente masculinos os substantivos de ori- - raízes.
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o Atenção:
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, O plural de caráter é caracteres.
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra-
coma, o hematoma.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexio-
nam-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quin-
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce- tais; caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e
ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro males, cônsul e cônsules.
Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural
gre. / Uma Londres imensa e triste. de duas maneiras:
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. 1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
10. Gênero e Significação
Observação:
Muitos substantivos, como já mencionado anterior- A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma-
mente, têm uma significação no masculino e outra no fe- neiras: répteis ou reptis (pouco usada).
minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa,
indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o Os substantivos terminados em “s” fazem o plural
que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um de duas maneiras:
bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (par- acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
te do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in-
cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzen- variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
ta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), de três maneiras.
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
LÍNGUA PORTUGUESA

na administração da crisma e de outros sacramentos), a 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
(vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou- Observação:
tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves), Muitos substantivos terminados em “ão” apresen-
o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun- tam dois – e até três – plurais:
cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen- aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos an-
tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo- cião – anciões/anciães/anciãos

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charlatão – charlatões/charlatães cor- 14. Plural das Palavras Substantivadas
rimão – corrimãos/corrimões
guardião – guardiões/guardiães vilão As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
– vilãos/vilões/vilães classes gramaticais usadas como substantivo apresen-
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Os substantivos terminados em “x” ficam invariá- Pese bem os prós e os contras.
veis: o látex - os látex. O aluno errou na prova dos noves.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
12. Plural dos Substantivos Compostos
Observação:
A formação do plural dos substantivos compostos Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
depende da forma como são grafados, do tipo de pa- não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui-
lavras que formam o composto e da relação que esta-
tos seis e alguns dez.
belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen
comportam-se como os substantivos simples: aguar-
15. Plural dos Diminutivos
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/ponta-
pés, malmequer/malmequeres.
O plural dos substantivos compostos cujos elemen- Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
tos são ligados por hífen costuma provocar muitas dú- nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
vidas e discussões. Algumas orientações são dadas a
seguir: pãe(s) + zinhos = pãezinhos
A) Flexionam-se os dois elementos, quando for-
mados de: animai(s) + zinhos = animaizinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores botõe(s) + zinhos = botõezinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
feitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho- farói(s) + zinhos = faroizinhos
mens tren(s) + zinhos = trenzinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
flore(s) + zinhas = florezinhas
B) Flexiona-se somente o segundo elemento,
quando formados de: mão(s) + zinhas = mãozinhas
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas papéi(s) + zinhos = papeizinhos
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
alto-falantes nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco- funi(s) + zinhos = funizinhos
-recos
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, pai(s) + zinhos = paizinhos
quando formados de:
pé(s) + zinhos = pezinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = água-
-de-colônia e águas-de-colônia pé(s) + zitos = pezitos
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
valo-vapor e cavalos-vapor 16. Plural dos Nomes Próprios Personativos
substantivo + substantivo que funciona como deter-
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, sempre que a terminação preste-se à flexão.
bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens- Os Napoleões também são derrotados.
-rã, peixe-espada - peixes-espada. As Raquéis e Esteres.
D) Permanecem invariáveis, quando formados de: 17. Plural dos Substantivos Estrangeiros
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
saca-rolhas
escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
13. Casos Especiais
LÍNGUA PORTUGUESA

shorts, os jazz.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de
o louva-a-deus e os louva-a-deus acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho-
o bem-te-vi e os bem-te-vis pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
os réquiens.
o bem-me-quer e os bem-me-queres Observe o exemplo:
o joão-ninguém e os joões-ninguém. Este jogador faz gols toda vez que joga.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.

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18. Plural com Mudança de Timbre Analítico = substantivo acompanhado de um adje-
tivo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Certos substantivos formam o plural com mudança Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Singular Plural Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
corpo (ô) corpos (ó) reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
esforço esforços
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
fogo fogos Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
forno fornos Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.
fosso fossos
imposto impostos SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
olho olhos morf12.php
osso (ô) ossos (ó)
Pronome
ovo ovos
poço poços Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
porto portos forma.
posto postos O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...
tijolo tijolos
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços,
superior à natureza, por isso ele a destrói...
bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, so-
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter-
ros, etc. mos (homem e natureza).
Grande parte dos pronomes não possuem significa-
Observação: dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a
molho (ó) = feixe (molho de lenha). referência exata daquilo que está sendo colocado por
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex-
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de-
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. mais pronomes têm por função principal apontar para as
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsa- -lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
mes, as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. dessa característica, os pronomes apresentam uma for-
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do ma específica para cada pessoa do discurso.
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida- Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos). [minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
com sentido de plural: [tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se fala]
Aqui morreu muito negro. A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em cape- [dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
las improvisadas. se fala]

C) Flexão de Grau do Substantivo Em termos morfológicos, os pronomes são palavras


variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú-
Grau é a propriedade que as palavras têm de expri- mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe-
mir as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: rência através do pronome seja coerente em termos de
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho consi- gênero e número (fenômeno da concordância) com o
derado normal. Por exemplo: casa seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama- enunciado.
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da
LÍNGUA PORTUGUESA

nho do ser. Classifica-se em:


Analítico = o substantivo é acompanhado de um nossa escola neste ano.
adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân-
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in- cia adequada]
dicador de aumento. Por exemplo: casarão. [neste: pronome que determina “ano” = concordân-
cia adequada]
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama- [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con-
nho do ser. Pode ser: cordância inadequada]

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Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, Lista dos pronomes oblíquos átonos
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. 1.ª pessoa do singular (eu): me
2.ª pessoa do singular (tu): te
1. Pronomes Pessoais 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
1.ª pessoa do plural (nós): nos
São aqueles que substituem os substantivos, indican- 2.ª pessoa do plural (vós): vos
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer FIQUE ATENTO!
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. Os pronomes o, os, a, as assumem formas es-
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- peciais depois de certas terminações verbais:
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto 1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o
ou do caso oblíquo.
pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao
mesmo tempo que a terminação verbal é su-
A) Pronome Reto
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen- primida. Por exemplo:
tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos fiz + o = fi-lo
flores. fazeis + o = fazei-lo
Os pronomes retos apresentam flexão de número, dizer + a = dizê-la
gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do 2. Quando o verbo termina em som nasal, o
discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é pronome assume as formas no, nos, na, nas.
assim configurado: Por exemplo:
1.ª pessoa do singular: eu viram + o: viram-no
2.ª pessoa do singular: tu repõe + os = repõe-nos
3.ª pessoa do singular: ele, ela retém + a: retém-na
1.ª pessoa do plural: nós tem + as = tem-nas
2.ª pessoa do plural: vós
3.ª pessoa do plural: eles, elas
B.2 Pronome Oblíquo Tônico
Esses pronomes não costumam ser usados como Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos
complementos verbais na língua-padrão. Frases como por preposições, em geral as preposições a, para, de e com.
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for- forte.
mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon- Lista dos pronomes oblíquos tônicos:
dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram- 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
-me até aqui”. 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
Frequentemente observamos a omissão do pronome 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
formas verbais marcam, através de suas desinências, as
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas
boa viagem. (Nós)

B) Pronome Oblíquo Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-


Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
sentença, exerce a função de complemento verbal demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
jeto indireto) As preposições essenciais introduzem sempre pronomes
pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos
Observação: contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal,
O pronome oblíquo é uma forma variante do prono- os pronomes costumam ser usados desta forma:
me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função Não há mais nada entre mim e ti.
diversa que eles desempenham na oração: pronome reto Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o Não há nenhuma acusação contra mim.
complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem Não vá sem mim.
LÍNGUA PORTUGUESA

variação de acordo com a acentuação tônica que pos-


suem, podendo ser átonos ou tônicos. Há construções em que a preposição, apesar de surgir
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração
2. Pronome Oblíquo Átono cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô- ser do caso reto.
nica fraca: Ele me deu um presente. Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.

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Não vá sem eu mandar. C) Pronomes de Tratamento
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
está correta, já que “para mim” é complemento de “fá- tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil pessoa. Alguns exemplos:
para mim! Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
A combinação da preposição “com” e alguns prono- Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi- sos em geral
go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
frequentemente exercem a função de adjunto adverbial à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
de companhia: Ele carregava o documento consigo. sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais,
A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: governadores, secretários de Estado, presidente da Repú-
Ela veio até mim, mas nada falou. blica (sempre por extenso)
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universidades
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
prova, até eu! (= inclusive eu) Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas igual categoria
por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes- Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
soais são reforçados por palavras como outros, mesmos, de direito
próprios, todos, ambos ou algum numeral. Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento ce-
Você terá de viajar com nós todos. rimonioso
Estávamos com vós outros quando chegaram as más Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
notícias. Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
Ele disse que iria com nós três. nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são emprega-
dos no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no trata-
3. Pronome Reflexivo mento familiar. Você e vocês são largamente empregados
São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun- no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma
sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou
a ação expressa pelo verbo. literária.
Lista dos pronomes reflexivos:
1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me Observações:
lembro disso. 1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo. tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui- em relação à pessoa com quem falamos: Espero que
lherme já se preparou. V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
Ela deu a si um presente. 2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da
Antônio conversou consigo mesmo. pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que
Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu
1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio. com propriedade.
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes 3. Os pronomes de tratamento representam uma forma
com esta conquista. indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se Ao tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por
conheceram. / Elas deram a si um dia de folga. exemplo, estamos nos endereçando à excelência que
esse deputado supostamente tem para poder ocupar
o cargo que ocupa.
#FicaDica 4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2.ª
pessoa, toda a concordância deve ser feita com a
O pronome é reflexivo quando se refere à mes-
3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu
vos e os pronomes oblíquos empregados em relação
me arrumei e saí.
a eles devem ficar na 3.ª pessoa.
É pronome recíproco quando indica recipro-
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promes-
cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo-
LÍNGUA PORTUGUESA

sas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.


-nos calados.
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos
O “se” pode ser usado como palavra expletiva
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
ou partícula de realce, sem ser rigorosamente
ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhi-
necessária e sem função sintática: Os explora-
da inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos
dores riam-se de suas tentativas. / Será que eles
a chamar alguém de “você”, não poderemos usar
se foram?
“te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na
terceira pessoa.

37
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos 5. Pronomes Demonstrativos
teus cabelos. (errado)
São utilizados para explicitar a posição de certa pa-
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
ou

Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos A) Em relação ao espaço:


Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
pessoa que fala:
Este material é meu.
4. Pronomes Possessivos
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical pessoa com quem se fala:
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo Esse material em sua carteira é seu?
(coisa possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está
singular) distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
quem se fala:
NÚMERO PESSOA PRONOME Aquele material não é nosso.
Vejam aquele prédio!
singular primeira meu(s), minha(s)
singular segunda teu(s), tua(s) B) Em relação ao tempo:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
singular terceira seu(s), sua(s) relação à pessoa que fala:
plural primeira nosso(s), nossa(s) Esta manhã farei a prova do concurso!
plural segunda vosso(s), vossa(s)
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-
plural terceira seu(s), sua(s) rém relativamente próximo à época em que se situa a
pessoa que fala:
Note que: Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen-
a que se refere; o gênero e o número concordam com o to no tempo, referido de modo vago ou como tempo
objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição remoto:
naquele momento difícil. Naquele tempo, os professores eram valorizados.

C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se


Observações:
falará ou escreverá):
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa-
obrigado, seu José. lará:
2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática,
posse. Podem ter outros empregos, como: ortografia, concordância.
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
anos. fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja-
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. mos!
3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex- Este e aquele são empregados quando se quer fazer
celência trouxe sua mensagem? referência a termos já mencionados; aquele se refere ao
4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- termo referido em primeiro lugar e este para o referido
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus por último:
livros e anotações.
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São
LÍNGUA PORTUGUESA

oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou


Paulo], aquele [Palmeiras])
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- ou
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
para que não ocorra redundância: Coloque tudo Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
nos respectivos lugares. lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São
Paulo], aquele [Palmeiras])

38
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Note que:
invariáveis, observe: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), nomes indefinidos adjetivos:
aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo. algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-
Também aparecem como pronomes demonstrativos: tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
 o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
aquilo. tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) vários, várias.
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te Menos palavras e mais ações.
indiquei.) Alguns se contentam pouco.

 mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va- Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riam em gênero quando têm caráter reforçativo: riáveis e invariáveis. Observe:
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.  Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco,
Eu mesma refiz os exercícios. vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda,
Elas mesmas fizeram isso. muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer,
Eles próprios cozinharam. quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos,
Os próprios alunos resolveram o problema. vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quan-
 semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. tas.
 tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.  Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo,
1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides nada, algo, cada.
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re- *Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele, rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo
à mencionada em primeiro lugar. plural é feito em seu interior).
2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor? teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que esta- Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
va vendo. (no = naquilo) Trabalho todo dia. (= todos os dias)

6. Pronomes Indefinidos São locuções pronominais indefinidas: cada qual,


cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur- (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal
so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma
quantidade indeterminada. ou outra, etc.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém- Cada um escolheu o vinho desejado.
-plantadas.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa 7. Pronomes Relativos
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser São aqueles que representam nomes já mencionados
humano que seguramente existe, mas cuja identidade é anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o um grupo racial sobre outros.
lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, bel- tros = oração subordinada adjetiva).
trano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda? O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sis-
Quem avisa amigo é. tema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que
LÍNGUA PORTUGUESA

a palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo


B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um que.
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), nome demonstrativo o, a, os, as.
certa(s). Não sei o que você está querendo dizer.
Cada povo tem seus costumes. Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
Certas pessoas exercem várias profissões. expresso.
Quem casa, quer casa.

39
Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.

Note que:
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)

O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou
encantado: o sítio ou minha tia?).
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se
o qual / a qual)

O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural.

O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente
(o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale
a do qual, da qual, dos quais, das quais.
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)

Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)

“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:

Emprestei tantos quantos foram necessários.


(antecedente)

Ele fez tudo quanto havia falado.


(antecedente)
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido de preposição.

É um professor a quem muito devemos.


(preposição)

“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.

Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.

Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:


 como (= pelo qual) – desde que precedida das palavras modo, maneira ou forma:
Não me parece correto o modo como você agiu semana passada.
LÍNGUA PORTUGUESA

 quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só frase.


O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

40
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de #FicaDica
gente que conversava, (que) ria, observava.
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun-
8. Pronomes Interrogativos ção de complemento verbal (objeto). Por isso,
memorize:
São usados na formulação de perguntas, sejam elas OBlíquo = OBjeto!
diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini-
dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im-
preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e Embora na linguagem falada a colocação dos prono-
variações), quanto (e variações). mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
Com quem andas? devem ser observadas na linguagem escrita.
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és. Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada:
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun-
ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso  Quando o verbo estiver precedido de palavras
oblíquo quando desempenha função de complemento. que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
lhe ajudar. jamais, etc.: Não se desespere!
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” B) Advérbios: Agora se negam a depor.
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce quem tudo!
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur- esforçou.
so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não nidade.
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe). F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou  Orações iniciadas por palavras interrogativas:
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, Quem lhe disse isso?
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi-  Orações iniciadas por palavras exclamativas:
Quanto se ofendem!
dos de preposição.
 Orações que exprimem desejo (orações optativas):
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
Que Deus o ajude.
que eu estava fazendo.
 A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o
mim o que eu estava fazendo.
material amanhã. / Tu sabes cantar?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa verbo. A mesóclise é usada:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
Paulo: Saraiva, 2010. Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- prol da paz no mundo.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Repare que o pronome está “no meio” do verbo “reali-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, zará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma pa-
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira lavra que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria.
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – Veja: Não se realizará...
São Paulo: Saraiva, 2002. Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
SITE (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
morf42.php nharia nessa viagem).
LÍNGUA PORTUGUESA

9. Colocação Pronominal Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.


A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos forem possíveis:
pronomes oblíquos átonos na frase.  Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Quando eu avisar, silenciem-se todos.
 Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
Não era minha intenção machucá-la.

41
 Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não SITE
se inicia período com pronome oblíquo). http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
Vou-me embora agora mesmo. -pronominal-.html
Levanto-me às 6h.
 Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo Observação: Não foram encontradas questões
abrangendo tal conteúdo.
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a VERBO
proposta fazendo-se de desentendida.
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
10. Colocação pronominal nas locuções verbais tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
 Após verbo no particípio = pronome depois do é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
verbo auxiliar (e não depois do particípio): outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
Tenho me deliciado com a leitura! no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
Eu tenho me deliciado com a leitura!
1. Estrutura das Formas Verbais
Eu me tenho deliciado com a leitura!
 Não convém usar hífen nos tempos compostos e Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
nas locuções verbais: os seguintes elementos:
Vamos nos unir! A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
Iremos nos manifestar. ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
 Quando há um fator para próclise nos tempos -ava; fal-am. (radical fal-)
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos preo- exemplo: fala-r. São três as conjugações:
cupar”). 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que
11. Emprego de o, a, os, as designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo)
 Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
os pronomes: o, a, os, as não se alteram. D) Desinência número-pessoal: é o elemento que
Chame-o agora. designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o
Deixei-a mais tranquila. número (singular ou plural):
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
 Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan- (indica a 3.ª pessoa do plural.)
tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
FIQUE ATENTO!
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. O verbo pôr, assim como seus derivados (com-
por, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação,
 Em verbos terminados em ditongos nasais (am, pois a forma arcaica do verbo pôr era poer.
em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para A vogal “e”, apesar de haver desaparecido do
no, na, nos, nas. infinitivo, revela-se em algumas formas do
Chamem-no agora. verbo: põe, pões, põem, etc.
Põe-na sobre a mesa.
2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
#FicaDica
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
Dica da Zê! dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que sig- bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-
nifica “antes”! Pronome antes do verbo! to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo,
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico
em Inglês – que significa “fim, final!). Pronome não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do
depois do verbo! radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do ver-
bo 3. Classificação dos Verbos
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificam-se em:
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
cal inalterado durante a conjugação e desinências
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.

42
Modo Indicativo: Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
canto falo Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
cantas falas
canta falas 4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
tempo: Já passa das seis.
cantamos falamos
cantais falais 5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
cantam falam “de”, indicando suficiência:
Basta de tolices.
Chega de promessas.
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
#FicaDica
Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
Observe que, retirando os radicais, as desi- referência a sujeito expresso anteriormente (por
nências modo-temporal e número-pessoal exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso,
mantiveram-se idênticas. Tente fazer com classificar o sujeito como hipotético, tornando-se,
outro verbo e perceberá que se repetirá o tais verbos, pessoais.
fato (desde que o verbo seja da primeira
conjugação e regular!). Faça com o verbo 7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
“andar”, por exemplo. Substitua o radical de “ser possível”. Por exemplo:
“cant” e coloque o “and” (radical do verbo Não deu para chegar mais cedo.
andar). Viu? Fácil! Dá para me arrumar uma apostila?

E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con-


B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singu-
no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
lar e do plural. São unipessoais os verbos constar,
convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que
Observação:
indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar, miar,
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
latir, piar).
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
Os verbos unipessoais podem ser usados como ver-
ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
bos pessoais na linguagem figurada:
permanece inalterado.
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
jugação completa. Os principais são adequar, pre-
Principais verbos unipessoais:
caver, computar, reaver, abolir, falir.
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito
 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, pare-
e, normalmente, são usados na terceira pessoa do
cer, ser (preciso, necessário):
singular. Os principais verbos impessoais são:
Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
bastante)
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
zar-se ou fazer (em orações temporais).
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Existiam)
 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo,
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Acontece-
seguidos da conjunção que.
ram)
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
à Europa)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
vejo. (Sujeito: que não a vejo)
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos na Europa.
F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou
Era primavera quando o conheci.
mais formas equivalentes, geralmente no particí-
Estava frio naquele dia.
pio, em que, além das formas regulares terminadas
LÍNGUA PORTUGUESA

em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas cur-


3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
tas (particípio irregular).
reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro-
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado
vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregu-
se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
lar é empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos
“amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
ser, ficar e estar. Observe:
impessoal, empregado em sentido figurado, dei-
xa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
conjugação completa.

43
Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular
Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
LÍNGUA PORTUGUESA

44
4. Conjugação dos Verbos Auxiliares

4.1. SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

4.2. SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

4.3. SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

4.4. SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

4.5. ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
LÍNGUA PORTUGUESA

estás estiveste estavas estiveras estarás estarias


está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

45
4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

4.7. ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

4.8. HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

4.10. HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
LÍNGUA PORTUGUESA

haveres

haver

havermos
haverdes
Haverem

46
4.11. TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.
 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota pen-
teou-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.

5. Modos Verbais
LÍNGUA PORTUGUESA

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

47
6. Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs-
tantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)
8. Tempos Verbais
LÍNGUA PORTUGUESA

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.

A) Tempos do Modo Indicativo


Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.

48
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as
lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo


Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele
vier à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

1. Modo Indicativo

1.1. Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

1.2. Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaSTES vendeSTES partISTES STES


cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

49
1.3. Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

1.5. Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

1.6. Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
LÍNGUA PORTUGUESA

cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS


cantarIAM venderIAM partirIAM

50
1.7. Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaREM vendeREM partiREM R EM

51
C) Modo Imperativo

1. Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

2. Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
3. Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

 O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).
LÍNGUA PORTUGUESA

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:


O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

1. Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a pre-
posição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:

Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)


O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


LÍNGUA PORTUGUESA

O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)

53
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os
ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, elementos sublinhados na frase acima, na ordem dada,
seguido do pronome apassivador “se”. Por exemplo: por:
Abriram-se as inscrições para o concurso. a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem
Destruiu-se o velho prédio da escola. b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem
c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam
Observação: d) acrescentariam − trariam− contribuíram
e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram
O agente não costuma vir expresso na voz passiva
sintética.
Resposta: Letra E.
Questão que envolve correlação verbal. Realizando as
1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva alterações solicitadas, segue como ficariam (em des-
taque):
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui-
substancialmente o sentido da frase. riam
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam
Sujeito da Ativa objeto Direto Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contri-
buíram
A apostila foi comprada pelo concurseiro. Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram
(Voz Passiva) Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contri-
Sujeito da Passiva Agente da Passiva buíram = correta

Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; 2. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo TRABALHO – FCC – 2012) Está inadequado o emprego
do elemento sublinhado na seguinte frase:
tempo.
Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos que dispenso aos homens religiosos.
mestres. b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de
que deveriam desviar-se todos os homens verdadei-
Eu o acompanharei. ramente virtuosos.
Ele será acompanhado por mim. c) A tolerância é uma virtude na qual não podem pres-
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não cindir os que se dizem homens de fé.
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva, fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
porque o sujeito não pode ser visto como agente, pacien-
te ou agente paciente. Resposta: Letra C.
Corrigindo o inadequado:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa similar ao que dispenso aos homens religiosos.
Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em precon-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ceitos de que deveriam desviar-se todos os homens
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
verdadeiramente virtuosos.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que)
Paulo: Saraiva, 2010. não podem prescindir os que se dizem homens de fé.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-
-los.
SITE Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que dei-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. xem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
php
3. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
TRABALHO – FCC – 2012)
EXERCÍCIOS COMENTADOS Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus
LÍNGUA PORTUGUESA

despertariam a ira de qualquer fanático, a forma ver-


1. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- bal obtida será:
TRATIVA – FCC – 2012) As vitórias no jogo interior talvez a) seria despertada.
não acrescentem novos troféus, mas elas trazem recom- b) teria sido despertada.
pensas valiosas, [...] que contribuem de forma significativa c) despertar-se-á.
para nosso sucesso posterior, tanto na quadra como fora d) fora despertada.
dela. e) teriam despertado.

54
Resposta: Letra A. Resposta: Letra C.
Os ateus despertariam a ira de qualquer fanático Flexões em destaque e sublinhei os termos que esta-
Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A belecem concordância:
ira de qualquer fanático seria despertada pelos ateus. Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar
de corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
4. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir
TRATIVA – ESPECIALIDADE SEGURANÇA JUDICIÁ- sobre o peso de suas mais graves decisões.
RIA – FCC – 2012) Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocor-
...ela nunca alcançava a musa. re tomar decisões sem medir suas consequências. =
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma Isso não ocorre aos governantes – uma oração exerce
verbal resultante será: a função de sujeito (subjetiva)
Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente cos-
a) alcança-se. tumam sobrevir consequências imprevistas e injustas.
b) foi alcançada. Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade,
c) fora alcançada. recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta
d) seria alcançada. a dor humana.
e) era alcançada.
7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – ANALISTA JUDICIÁRIO –
Resposta: Letra E. ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016 ) ... para quem
Temos um verbo na voz ativa, então teremos dois Manoel de Barros era comparável a São Francisco de As-
na passiva (auxiliar + o verbo da oração da ativa, no sis...
mesmo tempo verbal, forma particípio): A musa nun- O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
ca era alcançada por ela. O verbo “alcançava” está no frase acima está em:
pretérito imperfeito, por isso o auxiliar tem que estar
a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
também (é = presente, foi = pretérito perfeito, era =
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no es-
imperfeito, fora = mais que perfeito, será = futuro do
paço...
presente, seria = futuro do pretérito).
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
Charles Baudelaire.
5. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO ros na literatura...
TRABALHO – FCC – 2012) Aos poucos, contudo, fui che- e) ... para depois casá-las...
gando à constatação de que todo perfil de rede social é um
retrato ideal de nós mesmos. Resposta: Letra A.
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al- “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati-
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser vo. Procuremos nos itens:
substituído por: Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
a) ademais. Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do In-
b) conquanto. dicativo
c) porquanto. Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei-
d) entretanto. to do Indicativo
e) apesar. Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi-
cativo
RESPOSTA: Letra D. Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo- elas)
sição). A substituição deve utilizar outra de mesma
classificação, para que se mantenha a ideia do perío- 8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – ANALISTA JUDICIÁRIO –
do. A correta é entretanto. ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016) Aí conheci o
escritor e historiador de sua gente, meu saudoso amigo
6. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a his-
TRATIVA – FCC – 2012) O verbo indicado entre pa- tória de Zé de Julião. Considerando-se a norma-padrão
rênteses deverá flexionar-se no singular para preencher da língua, ao reescrever-se o trecho acima em um único
adequadamente a lacuna da frase: período, o segmento destacado deverá ser antecedido
de vírgula e substituído por
a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de a) perante ao qual
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. b) de cujo
b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre c) o qual
o peso de suas mais graves decisões. d) frente à quem
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer) e) de quem


tomar decisões sem medir suas consequências.
d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (cos- Resposta: Letra E.
tumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas. Voltemos ao trecho: ... meu saudoso amigo Alcino Alves
e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade, reco- Costa. E foi dele que ouvi oralmente... = a única alter-
menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor nativa que substitui corretamente o trecho destacado é
humana. “de quem ouvi oralmente”.

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9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ- 12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
RIO – FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de ou- FCC – 2016) O modelo ainda dominante nas discussões
tras pessoas que tenham documentos em casa e se dis- ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo...
ponham a trazer para a Academia, que é a guardiã desse Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
tipo de acervo, que é muito difícil de ser guardado em verbal resultante será:
casa, pois o tempo destrói e aqui temos a melhor técnica
de conservação de documentos”, disse Cavalcanti. a) é privilegiado.
O termo sublinhado faz referência a b) sendo privilegiadas.
c) são privilegiados.
a) pessoas. d) foi privilegiado.
b) acervo. e) são privilegiadas.
c) Academia.
d) tempo. Resposta: Letra C.
e) casa. Há um verbo na ativa, então teremos dois na passiva
(auxiliar + o particípio de “privilegia”) = O Estado e o
Resposta: Letra B. mundo são privilegiados pelo modelo ainda dominante.
Ao trecho: a guardiã desse tipo de acervo, que (o qual)
é muito difícil de ser guardado... 13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO
– FCC – 2016) Empregam-se todas as formas verbais de
10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ- acordo com a norma culta na seguinte frase:
RIO – FCC – 2016) O marechal organizou o acervo...
A forma verbal está corretamente transposta para a voz a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
passiva em: não poderia receber qualquer tipo de retificação.
b) Os documentos com assinatura digital disporam de al-
goritmos de criptografia que os protegeram.
a) estava organizando
c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
b) tinha organizado
contar com a proteção de uma assinatura digital.
c) organizando-se
d) Quem se propor a alterar um documento criptografado
d) foi organizado
deve saber que comprometerá sua integridade.
e) está organizado
e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
comprometer a integridade dos documentos.
Resposta: Letra D.
Temos: sujeito (o marechal), verbo na ativa (organizou) Resposta: Letra E.
e objeto (o acervo). Como há um verbo na ativa, ao Em “a”: Para que se mantesse (mantivesse) sua autenti-
passarmos para a passiva teremos dois (o auxiliar no cidade, o documento não poderia receber qualquer tipo
mesmo tempo que o verbo da ativa + o particípio do de retificação.
verbo da voz ativa = organizado). O objeto exercerá Em “b”: Os documentos com assinatura digital dispo-
a função de sujeito paciente, e o sujeito da ativa será ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os
o agente da passiva (ufa!). A frase ficará: O acervo foi protegeram.
organizado pelo marechal. Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos
poderam (puderam) contar com a proteção de uma as-
sinatura digital.
11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
FCC – 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude mento criptografado deve saber que comprometerá sua
a comer... integridade.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convie-
sublinhado acima está também sublinhado em: rem sem comprometer a integridade dos documentos
= correta
a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou 14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
as amas... FCC – 2017) Sessenta anos de história marcam, assim, a
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. trajetória da utopia no país.
c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in- Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
dústria de consumo... verbal resultante será:
d) E, mesmo que se esforcem muito [...]
e) Hoje há algo novo nesse cenário. a) foram marcados.
b) foi marcado.
RESPOSTA: Letra D. c) são marcados.
que nos ajude = presente do Subjuntivo d) foi marcada.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo e) é marcada.


Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e também
mais-que-perfeito) do Indicativo Resposta: Letra E.
Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indicativo Temos um verbo (no tempo presente) na ativa, então
Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo teremos dois na passiva (auxiliar [no tempo presente]
Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do Indi- + particípio de “marcam”) = Assim, a trajetória da uto-
cativo pia do país é marcada pelos sessenta anos de história.

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15. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO 17. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP –
– SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP – 2017) Consi- 2014) As formas verbais conjugadas no modo impera-
dere as seguintes frases: tivo, expressando ordem, instrução ou comando, estão
Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos. destacadas em
Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque! a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem ní-
tidas na memória: são aqueles donos de qualidades
Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos
incomuns.
empregados nessas frases está em destaque em: b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e
quase não acreditei no que ouvi.
a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá
com que o cérebro humano não considere útil gravar pro estúdio e ponha a rádio no ar.
esses dados [...] d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário,
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem- precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e
-número de informações. o locutor não chegava para os textos de abertura, pu-
c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais blicidade, chamadas.
e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual-
dele...
quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em suando frio e atentos às suas finas e cortantes pala-
que morou quando era criança? vras.
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu-
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky [...] Resposta: Letra C.
Aos itens:
Resposta: Letra D. Em “a”: há = presente / acabam = presente / são =
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperati- presente
vo (expressam ordem). Vamos aos itens: Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = preté-
rito perfeito
Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos
Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo
fazem = presente do Indicativo imperativo afirmativo (ordens)
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = preté-
Indicativo rito imperfeito / chegava = pretérito imperfeito
Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio
= presente do Indicativo
Em “d”: Pense rápido: = Imperativo 18. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013)
Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = pre- Em – O destino me prestava esse pequeno favor: com-
pletava minha identificação com o resto da humanida-
sente do Indicativo
de, que tem sempre para contar uma história de objeto
achado; – o pronome em destaque retoma a seguinte
16. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI- palavra/expressão:
CIAL – VUNESP – 2014) Assinale a alternativa em que a
palavra em destaque na frase pertence à classe dos adje- a) o resto da humanidade.
tivos (palavra que qualifica um substantivo). b) esse pequeno favor.
c) minha identificação.
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu- d) O destino.
tanásia... e) completava.
Resposta: Letra A.
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
Completava minha identificação com o resto da huma-
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar nidade, que (a qual) tem sempre para contar uma his-
a morte. tória de objeto achado = pronome relativo que retoma
d) Ela é proibida por lei no Brasil,... o resto da humanidade.
e) E como seria a verdadeira boa morte?
19. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013)
Resposta: Letra E. Considere o trecho a seguir.
Em “a”: Existe grande confusão = substantivo É comum que objetos ____________ esquecidos em locais
Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a mor- públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados
se as pessoas __________ a atenção voltada para seus per-
te = pronome
tences, conservando-os junto ao corpo.
Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando
LÍNGUA PORTUGUESA

Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-


distanciar a morte = substantivo vamente, as lacunas do texto.
Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = ad- a) sejam ... mantesse
jetivo b) sejam ... mantém
c) sejam ... mantivessem
d) seja ... mantivessem
e) seja ... mantêm

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Resposta: Letra C.
Completemos as lacunas e depois busquemos o item CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
correspondente. A pegadinha aqui é a conjugação do
verbo “manter”, no presente do Subjuntivo (mantiver):
É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados Os concurseiros estão apreensivos.
se as pessoas mantivessem a atenção voltada para Concurseiros apreensivos.
seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
20. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI-
CIAL – VUNESP – 2013) Nas frases – Não vou mais à terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-
escola!… – e – Hoje estão na moda os métodos audiovi- jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
suais. – as palavras em destaque expressam, correta e “apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
respectivamente, circunstâncias de e número (plural) com o substantivo a que se refere:
concurseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pes-
a) dúvida e modo. soa, número e gênero se correspondem. A correspon-
b) dúvida e tempo. dência de flexão entre dois termos é a concordância, que
c) modo e afirmação. pode ser verbal ou nominal.
d) negação e lugar. 1. Concordância Verbal
e) negação e tempo.
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
Resposta: Letra E. seu sujeito.
“não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de
tempo.
1.1. Sujeito Simples - Regra Geral
21. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
2013) Assinale a alternativa que completa respectiva- em número e pessoa. Veja os exemplos:
mente as lacunas, em conformidade com a norma-pa-
drão de conjugação verbal. A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
quando __________ um diploma de mestrado, mas há
aqueles que _________ de opinião e procuram investir em Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
cursos profissionalizantes. 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
a) obtiver … divirgem
b) obter … divergem
1.1.1. Casos Particulares
c) obtesse … devirgem
d) obter … divirgem
e) obtiver … divergem A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
Resposta: Letra E. partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissio- metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
nal quando obtiver um diploma de mestrado, mas há parte de...) seguida de um substantivo ou pronome
aqueles que divergem de opinião e procuram investir no plural, o verbo pode ficar no singular ou no
em cursos profissionalizantes. plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
22. (PC-SP – AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP – Metade dos candidatos não apresentou / apresenta-
2014) Considerando que o adjetivo é uma palavra que ram proposta.
modifica o substantivo, com ele concordando em gênero
e número, assinale a alternativa em que a palavra desta- Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
cada é um adjetivo.
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân-
a) ... um câncer de boca horroroso, ... dalos destruiu / destruíram o monumento.
b) Ele tem dezesseis anos... Observação:
c) Eu queria que ele morresse logo, ... Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa- unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
mílias. aos elementos que formam esse conjunto.
e) E o inferno não atinge só os terminais.
B) Quando o sujeito é formado por expressão que
Resposta: Letra A. indica quantidade aproximada (cerca de, mais de,
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo menos de, perto de...) seguida de numeral e subs-
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral tantivo, o verbo concorda com o substantivo.
Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança Perto de quinhentos alunos compareceram à solenida-
às famílias = substantivo de.
Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = subs- Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
tantivo mas Olimpíadas.

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Observação: Fui eu que paguei a conta.
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver- Fomos nós que pintamos o muro.
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende- Sou eu quem faz a prova.
ram um ao outro) Não serão eles quem será aprovado.

C) Quando se trata de nomes que só existem no G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as-
plural, a concordância deve ser feita levando-se sumir a forma plural.
em conta a ausência ou presença de artigo. Sem Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo taram os poetas.
no plural, o verbo deve ficar o plural. Este candidato é um dos que mais estudaram!
Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Estados Unidos possui grandes universidades.  Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
Alagoas impressiona pela beleza das praias. dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
As Minas Gerais são inesquecíveis. singular:
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
Nem uma das que me escreveram mora aqui.
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,  Quando “um dos que” vem entremeada de subs-
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou tantivo, o verbo pode:
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves-
pronome pessoal. sa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio
Quais de nós são / somos capazes? que faça o mesmo).
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? 2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- luídos (noção de que existem outros rios na mesma
vadoras. condição).

Observação: H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o


Veja que a opção por uma ou outra forma indica a verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz Vossa Excelência está cansado?
ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de de acordo com o numeral.
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. Deu uma hora no relógio da sala.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti- Deram cinco horas no relógio da sala.
ver no singular, o verbo ficará no singular. Soam dezenove horas no relógio da praça.
Qual de nós é capaz? Baterão doze horas daqui a pouco.
Algum de vós fez isso.
Observação:
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
que indica porcentagem seguida de substantivo, o torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
verbo deve concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração
do prefeito. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
1% dos alunos faltaram à prova. gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de
 Quando a expressão que indica porcentagem não existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar cam fenômenos da natureza. Exemplos:
com o número. Havia muitas garotas na festa.
25% querem a mudança. Faz dois meses que não vejo meu pai.
1% conhece o assunto. Chovia ontem à tarde.

 Se o número percentual estiver determinado por 1.2. Sujeito Composto


LÍNGUA PORTUGUESA

artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-


-á com eles: A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
Os 30% da produção de soja serão exportados. bo, a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
F) O pronome “que” não interfere na concordância;
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa Pais e filhos devem conversar com frequência.
do singular. Sujeito

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B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas Nem um nem outro saiu do colégio.
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguin-
te maneira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece  Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural
sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece ou no singular: Um e outro farão/fará a prova.
sobre a terceira (eles). Veja:
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.  Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Primeira Pessoa do Plural (Nós) “com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re-
cebem um mesmo grau de importância e a palavra “com”
Tu e teus irmãos tomareis a decisão. tem sentido muito próximo ao de “e”.
Segunda Pessoa do Plural (Vós) O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
Pais e filhos precisam respeitar-se. para o próximo semestre.
Terceira Pessoa do Plural (Eles) O professor com o aluno questionaram as regras.

Observação: Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se


Quando o sujeito é composto, formado por um ele- a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é O pai com o filho montou o brinquedo.
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural O governador com o secretariado traçou os planos
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar para o próximo semestre.
de “tomaríeis”. O professor com o aluno questionou as regras.
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
em vez de concordar no plural com a totalidade do sujei- composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres-
to, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
do sujeito mais próximo. adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
Faltaram coragem e competência. vesse uma inversão da ordem. Veja:
Faltou coragem e competência. “O pai montou o brinquedo com o filho.”
Compareceram todos os candidatos e o banca. “O governador traçou os planos para o próximo semestre
Compareceu o banca e todos os candidatos. com o secretariado.”
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor- “O professor questionou as regras com o aluno.”
dância é feita no plural. Observe: Casos em que se usa o verbo no singular:
Abraçaram-se vencedor e vencido. Café com leite é uma delícia!
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. O frango com quiabo foi receita da vovó.

1.2.1. Casos Particulares Quando os núcleos do sujeito são unidos por expres-
sões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não somen-
 Quando o sujeito composto é formado por núcleos te”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”, o verbo
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular. ficará no plural.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
A coragem e o destemor fez dele um herói. Nordeste.
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a notícia.
 Quando o sujeito composto é formado por nú- Quando os elementos de um sujeito composto são re-
cleos dispostos em gradação, verbo no singular: sumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se- feita com esse termo resumidor.
gundo me satisfaz. Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
 Quando os núcleos do sujeito composto são Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
unidos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, na vida das pessoas.
de acordo com o valor semântico das conjunções:
Drummond ou Bandeira representam a essência da 1.2.2 Outros Casos
poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. O Verbo e a Palavra “SE”
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
“adição”. Já em: de particular interesse para a concordância verbal:
Juca ou Pedro será contratado. A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpíada. B) quando é partícula apassivadora.
LÍNGUA PORTUGUESA

Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
no singular. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na tercei-
 Com as expressões “um ou outro” e “nem um ra pessoa do singular:
nem outro”, a concordância costuma ser feita no singular. Precisa-se de funcionários.
Um ou outro compareceu à festa. Confia-se em teses absurdas.

60
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- Hoje é dia 26 de agosto.
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos Hoje são 26 de agosto.
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos:  Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida-
Construiu-se um posto de saúde. de e for seguido de palavras ou expressões como
Construíram-se novos postos de saúde. pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER
Aqui não se cometem equívocos fica no singular:
Alugam-se casas. Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
#FicaDica Duas semanas de férias é muito para mim.

Para saber se o “se” é partícula apassivadora  Quando um dos elementos (sujeito ou predica-
ou índice de indeterminação do sujeito, tente tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra- concordará o verbo.
se construída for “compreensível”, estaremos No meu setor, eu sou a única mulher.
diante de uma partícula apassivadora; se não, o Aqui os adultos somos nós.
“se” será índice de indeterminação. Veja:
Precisa-se de funcionários qualificados. Observação:
Tentemos a voz passiva: Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
Funcionários qualificados são precisados (ou sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des- o pronome sujeito.
tacado é índice de indeterminação do sujeito. Eu não sou ela.
Agora: Ela não é eu.
Vendem-se casas.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção  Quando o sujeito for uma expressão de sentido
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi- partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva. ral, o verbo SER concordará com o predicativo.
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan- A grande maioria no protesto eram jovens.
ça? Agora é só memorizar!) O resto foram atitudes imaturas.
O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
O Verbo “Ser”
verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordân-
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o cias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân-  Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do
do sujeito. desenho.
 A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
Quando o sujeito ou o predicativo for: tivo sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
SER concorda com a pessoa gramatical: aas crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. FIQUE ATENTO!
A esperança dos pais são eles, os filhos.
Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
CER fica no singular. Por exemplo: As pare-
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
des parece que têm ouvidos. (Parece que as
no plural, o verbo SER concordará, preferencial-
paredes têm ouvidos = oração subordinada
mente, com o que estiver no plural:
Os livros são minha paixão! substantiva subjetiva).
Minha paixão são os livros!

Quando o verbo SER indicar Concordância Nominal

 horas e distâncias, concordará com a expressão A concordância nominal se baseia na relação entre no-
LÍNGUA PORTUGUESA

numérica: mes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se


É uma hora. ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
São quatro horas. adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô- normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
metros. termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
 datas, concordará com a palavra dia(s), que pode seguintes regras gerais:
estar expressa ou subentendida:

61
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando Observação:
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
denunciavam o que sentia. nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
Eles só desejam ganhar presentes.
B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
a concordância pode variar. Podemos sistematizar #FicaDica
essa flexão nos seguintes casos:
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
 Adjetivo anteposto aos substantivos: Se a frase ficar coerente com o primeiro,
O adjetivo concorda em gênero e número com o trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
substantivo mais próximo. houver coerência com o segundo, função de
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansan-
do) - advérbio
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. depois de “só”, haverá, novamente, um ad-
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. jetivo:
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
descansando)
 Adjetivo posposto aos substantivos:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo G) Quando um único substantivo é modificado por
ou com todos eles (assumindo a forma masculina dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
plural se houver substantivo feminino e masculi- das as construções:
no).  O substantivo permanece no singular e coloca-se
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
 O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. portuguesa.
Observação: 1. Casos Particulares
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado mitido
no plural masculino, que é o gênero predominante quan-
do há substantivos de gêneros diferentes.  Estas expressões, formadas por um verbo mais um
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad- adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
jetivo fica no singular ou plural. referem possuir sentido genérico (não vier prece-
A beleza e a inteligência feminina(s). dido de artigo).
O carro e o iate novo(s). É proibido entrada de crianças.
Em certos momentos, é necessário atenção.
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: No verão, melancia é bom.
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti- É preciso cidadania.
vo não for acompanhado de nenhum modificador: Não é permitido saída pelas portas laterais.
Água é bom para saúde.
 Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati-
o verbo como o adjetivo concordam com ele.
vo: Esta água é boa para saúde. É proibida a entrada de crianças.
Esta salada é ótima.
D) O adjetivo concorda em gênero e número com os A educação é necessária.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon- São precisas várias medidas na educação.
trou-as muito felizes.
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE Quite
+ adjetivo, este último geralmente é usado no mas-
LÍNGUA PORTUGUESA

culino singular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
função adjetiva e concorda normalmente com o Seguem anexas as documentações requeridas.
nome a que se refere: A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Cristina saiu só. Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina e Débora saíram sós. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Estamos quites com nossos credores.

62
Bastante - Caro - Barato - Longe Resposta: Certo. Afirmações corretas. As concordân-
cias verbal e nominal ao se utilizar pronome de trata-
Estas palavras são invariáveis quando funcionam mento devem ser na terceira pessoa e concordar em
como advérbios. Concordam com o nome a que se refe- gênero (masculino ou feminino) com a pessoa a quem
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje- se dirige: “Vossa Excelência está cansada(o)?” – con-
tivos, ou numerais. cordará com quem está se falando: uma mulher ou um
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) homem / “Vossa Santidade trouxe seus pertences?” /
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. “Vossas Senhorias gostariam de um café?”.
(pronome adjetivo)
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) 2. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMEN-
As casas estão caras. (adjetivo) TOS BÁSICOS CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL –
Achei barato este casaco. (advérbio) NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2017)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
Texto CB3A2BBB
Meio - Meia
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, estão na base das Constituições democráticas modernas.
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re-
meia porção de polentas. conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos
Quando empregada como advérbio permanece inva- em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo
riável: A candidata está meio nervosa. tempo, o processo de democratização do sistema in-
ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca
#FicaDica do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma
gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos
saberei que se trata de um advérbio, não humanos, democracia e paz são três elementos funda-
de adjetivo: “A candidata está um pouco mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos
humanos reconhecidos e protegidos, não há democra-
nervosa”.
cia; sem democracia, não existem as condições mínimas
para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras,
Alerta - Menos a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se
tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que
sempre invariáveis. não tenha a guerra como alternativa, somente quando
Os concurseiros estão sempre alerta. existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele
Não queira menos matéria! Estado, mas do mundo.
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adapta-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- ções).
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa 2BBB, os termos “não há” e “não existem” poderiam ser
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. substituídos, respectivamente, por
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. a) não existe e não têm.
b) não existe e inexiste.
SITE c) inexiste e não há.
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php d) inexiste e não acontece.
e) não tem e não têm.

Resposta: Letra C.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Busquemos o contexto:
- sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, não
1. (POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA FE- há democracia = poderíamos substituir por “não exis-
DERAL – CESPE – 2013) Formas de tratamento como te”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sentido
Vossa Excelência e Vossa Senhoria, ainda que sejam em- de “existir”)
pregadas sempre na segunda pessoa do plural e no femi- - sem democracia, não existem as condições mínimas
nino, exigem flexão verbal de terceira pessoa; além disso, para a solução pacífica dos conflitos = sentido de “exis-
LÍNGUA PORTUGUESA

o pronome possessivo que faz referência ao pronome tir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no plural, já
de tratamento também deve ser o de terceira pessoa, e que devemos concordar com “as condições mínimas”.
o adjetivo que remete ao pronome de tratamento deve A única “troca” adequada seria o verbo “haver” – que
concordar em gênero e número com a pessoa — e não pode ser utilizado com o sentido de “existir”. Teríamos:
com o pronome — a que se refere. sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, ine-
xiste democracia; sem democracia, não há as condições
( ) CERTO ( ) ERRADO mínimas para a solução pacífica dos conflitos.

63
3. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚS- A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
TRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO contentar.
ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Em “Vossa Exce- A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
lência deve estar satisfeita com os resultados das nego- agrado ou prazer”, satisfazer.
ciações”, o adjetivo estará corretamente empregado se
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
dirigido a ministro de Estado do sexo masculino, pois o
termo “satisfeita” deve concordar com a locução prono- “agradar a alguém”.
minal de tratamento “Vossa Excelência”. O conhecimento do uso adequado das preposições
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
( ) CERTO ( ) ERRADO verbal (e também nominal). As preposições são capazes
de modificar completamente o sentido daquilo que está
Resposta: Errado. Se a pessoa, no caso o ministro, for sendo dito.
do sexo feminino (ministra), o adjetivo está correto; Cheguei ao metrô.
mas, se for do sexo masculino, o adjetivo sofrerá fle- Cheguei no metrô.
xão de gênero: satisfeito. O pronome de tratamento
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
é apenas a maneira como tratar a autoridade, não re-
gendo as demais concordâncias. segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.

4. (ABIN – AGENTE TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – A voluntária distribuía leite às crianças.


CESPE – 2010 – ADAPTADA) (...) Da combinação entre A voluntária distribuía leite com as crianças.
velocidade, persistência, relevância, precisão e flexibilida- Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi emprega-
de surge a noção contemporânea de agilidade, transfor- do como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto
mada em principal característica de nosso tempo. (objeto indireto: às crianças); na segunda, como transiti-
A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo gramati-
vo direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjun-
cal para o texto, ser flexionada no plural, para concordar
com “velocidade, persistência, relevância, precisão e fle- to adverbial).
xibilidade” Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver-
bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é
( ) CERTO ( ) ERRADO um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife-
rentes formas em frases distintas.
Resposta: Errado. O verbo está concordando com o
termo “combinação”, por isso deve ficar no singular. A) Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
5. (TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL-
-DF – CONHECIMENTOS BÁSICOS – ANALISTA DE importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ARQUIVOLOGIA – aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
CESPE – 2014 – ADAPTADA) (...) Há décadas, países
como China e Índia têm enviado estudantes para países Chegar, Ir
centrais, com resultados muito positivos.(...) Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
por Fazem. indicar destino ou direção são: a, para.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Fui ao teatro.
Resposta: Errado. O verbo “fazer”, quando empre- Adjunto Adverbial de Lugar
gado no sentido de tempo passado, não sofre flexão.
Portanto, sua forma correta seria: “faz décadas” Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL Comparecer


O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
Dá-se o nome de regência à relação de subordina-
ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um último jogo.
nome (regência nominal) e seus complementos.
B) Verbos Transitivos Diretos
1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO Os verbos transitivos diretos são complementados por
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
LÍNGUA PORTUGUESA

A regência verbal estuda a relação que se estabele- para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
ce entre os verbos e os termos que os complementam gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
(objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
regência, o que corresponde à diversidade de significa-
bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
contexto em que forem empregados.
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.

64
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban- D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxi- Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa-
liar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, de- nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem des-
fender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, taque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São ver-
prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar. bos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente objeto indireto relacionado a pessoas.
como o verbo amar: Agradeço aos ouvintes a audiência.
Amo aquele rapaz. / Amo-o. Objeto Indireto Objeto Direto
Amo aquela moça. / Amo-a.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Paguei o débito ao cobrador.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Objeto Direto Objeto Indireto

Observação: O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito


Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos com particular cuidado:
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Agradeci o presente. / Agradeci-o.
adnominais): Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car- Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
reira) Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu- Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
mor) Informar
C) Verbos Transitivos Indiretos Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
Os verbos transitivos indiretos são complementados indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem
Informe os novos preços aos clientes.
uma preposição para o estabelecimento da relação de re-
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
gência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira
vos preços)
pessoa que podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”,
Na utilização de pronomes como complementos, veja
o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam os prono-
as construções:
mes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos pre-
indiretos. Com os objetos indiretos que não representam
ços.
pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira
pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
sobre eles)
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Observação:
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos A mesma regência do verbo informar é usada para os
iguais para todos. seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple- Comparar


mentos introduzidos pela preposição “a”: Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com
o) de uma criança.
Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a Pedir
quem” ou “ao que” se responde. Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
Respondi ao meu patrão. na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
Respondemos às perguntas. de pessoa.
Respondeu-lhe à altura.
Pedi-lhe favores.
Observação: Objeto Indireto Objeto Direto
O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
analítica: Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
LÍNGUA PORTUGUESA

O questionário foi respondido corretamente. tantiva Objetiva Direta


Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen- gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín-
tos introduzidos pela preposição “com”. gua culta. No entanto, é considerada correta quando a
Antipatizo com aquela apresentadora. palavra licença estiver subentendida.
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover- Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
nam para uma minoria privilegiada.

65
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz Essa lei assiste ao inquilino.
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini-
tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
Preferir transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in- lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
direto introduzido pela preposição “a”: conturbada cidade.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus. Chamar
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-
Observação: licitar a atenção ou a presença de.
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá chamá-la.
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
existente no próprio verbo (pre). apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre-
dicativo preposicionado ou não.
Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- A torcida chamou o jogador mercenário.
cado A torcida chamou ao jogador mercenário.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transiti- A torcida chamou o jogador de mercenário.
vidade, apresentam mudança de significado. O conheci- A torcida chamou ao jogador de mercenário.
mento das diferentes regências desses verbos é um re- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
curso linguístico muito importante, pois além de permitir Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
a correta interpretação de passagens escritas, oferece Custar
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Den- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
tre os principais, estão: valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver-
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Agradar
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti-
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
Sempre agrada o filho quando.
reduzida de infinitivo.
Aquele comerciante agrada os clientes.
Muito custa viver tão longe da família.
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
Verbo Intransitivo Oração Subordinada
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
introduzido pela preposição “a”. Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou. Custou-me (a mim) crer nisso.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire- tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
to: O cantor desagradou à plateia.
A Gramática Normativa condena as construções que
Aspirar atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, ins- pessoa: Custei para entender o problema.
pirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) = Forma correta: Custou-me entender o problema.
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As- Implicar
pirávamos a ele) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são implicavam um firme propósito.
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. B) ter como consequência, trazer como consequência,
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
Aspiravam a ela)
Como transitivo direto e indireto, significa compro-
Assistir meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres- econômicas.
tar assistência a, auxiliar. No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti-
LÍNGUA PORTUGUESA

As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. quem não trabalhasse arduamente.

Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- Namorar


ciar, estar presente, caber, pertencer. Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
Assistimos ao documentário. anos.
Não assisti às últimas sessões.

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Obedecer - Desobedecer
Sempre transitivo indireto:
Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.

Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.

Proceder
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa segun-
da acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.
Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.

Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, por-
tanto, transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar
LÍNGUA PORTUGUESA

São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:


Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

67
2 Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
completiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- SINTAXE
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Sintaxe da Oração e do Período
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
SITE dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61. toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove-
php jou muito ontem à noite.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi-
nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus
EXERCÍCIO COMENTADO elementos constituintes, elas podem ser classificadas a
partir de seu sentido global:
1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDE- A) frases interrogativas = o emissor da mensagem
RAL – CESPE – 2014 – ADAPTADA) formula uma pergunta: Que dia é hoje?
O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, sé- B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou
ria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade faz um pedido: Dê-me uma luz!
das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es-
culturais de todos os Estados e sociedades. Suas con- tado afetivo: Que dia abençoado!
sequências infligem considerável prejuízo às nações do D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam prova será amanhã.
por todos os cantos da sociedade e por todos os espaços
geográficos, afetando homens e mulheres de diferen- Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
tes grupos étnicos, independentemente de classe social (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
e econômica ou mesmo de idade. Questão de relevân- sujeito e predicado.
cia na discussão dos efeitos adversos do uso indevido O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
dos crimes conexos — geralmente de caráter transna- algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a
cional — com a criminalidade e a violência. Esses fato- parte da frase que contém “a informação nova para o ou-
res ameaçam a soberania nacional e afetam a estrutura
vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema,
social e econômica interna, devendo o governo adotar
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
uma postura firme de combate ao tráfico de drogas, ar-
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que
ticulando-se internamente e com a sociedade, de forma
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo
a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de prevenção
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo
e repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos
estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos
cidadãos.
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica-
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>.
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
de ligação):
Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
“com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência (predicado verbal)
do vocábulo “conexos”. A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
cleo é “fácil” (predicado nominal)
( ) CERTO ( ) ERRADO Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevância tido completo. O período pode ser simples ou composto.
na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de
drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos Período simples é aquele constituído por apenas
crimes conexos — geralmente de caráter transnacional uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
— com a criminalidade e a violência. Chove.
A existência é frágil.
LÍNGUA PORTUGUESA

Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.


O termo está se referindo à associação – associação do
tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a criminalidade Período composto é aquele constituído por duas ou
(2) (associação daquilo [1] com isso [2]) mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.

69
1.1. Termos da Oração Falaste o recado à sala? = (tu)
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
1.1.1 Termos essenciais meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
O sujeito e o predicado são considerados termos es- pronomes não estejam explícitos.
senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
para a formação das orações. No entanto, existem ora- to na desinência verbal “-mos”
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
sinência verbal “-ais”
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter-
mo que estabelece concordância com o verbo.
Mas:
O candidato está preparado. Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
Os candidatos estão preparados. Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida- O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno- ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
no singular: candidato = está). Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
A função do sujeito é basicamente desempenhada nado de duas maneiras:
por substantivos, o que a torna uma função substantiva
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais- A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
quer outras palavras substantivadas (derivação impró- o sujeito não tenha sido identificado anteriormen-
pria) também podem exercer a função de sujeito. te:
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs- Bateram à porta;
tantivo) Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- nistro.
plo: substantivo)
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
ou composto:
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen- Os meninos bateram à porta. (simples)
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
do sujeito. B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado ca dos verbos que não apresentam complemento
pode ser simples ou composto. direto:
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é Precisa-se de mentes criativas.
possível identificar claramente a que se refere a concor- Vivia-se bem naqueles tempos.
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não Trata-se de casos delicados.
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Sempre se está sujeito a erros.
Estão gritando seu nome lá fora. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
Trabalha-se demais neste lugar. de indeterminação do sujeito.
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre-
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai- dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos: mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
pais casos de orações sem sujeito com:
Nós estudaremos juntos.
 os verbos que indicam fenômenos da natureza:
A humanidade é frágil.
Amanheceu.
Ninguém se move. Está trovejando.
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma  os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo) fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
As crianças precisam de alimentos saudáveis. tempo em geral:
Está tarde.
O sujeito composto é o sujeito determinado que Já são dez horas.
apresenta mais de um núcleo. Faz frio nesta época do ano.
Alimentos e roupas custam caro. Há muitos concursos com inscrições abertas.
Ela e eu sabemos o conteúdo.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. Predicado é o conjunto de enunciados que contém
LÍNGUA PORTUGUESA

a informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvin-


Além desses dois sujeitos determinados, é comum te. Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente
a referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o enuncia um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do predicado é aquilo que se declara a respeito deste su-
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido jeito. Com exceção do vocativo - que é um termo à par-
pela desinência verbal ou pelo contexto. te - tudo o que difere do sujeito numa oração é o seu
Abolimos todas as regras. = (nós) predicado.

70
Chove muito nesta época do ano. O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
Houve problemas na reunião. ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi- ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como
objeto direto. O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por
As questões estavam fáceis!
intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
Sujeito simples = as questões
o termo a que se refere.
Predicado = estavam fáceis O dia amanheceu ensolarado;
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento. As mulheres julgam os homens inconstantes.
Sujeito = uma ideia estranha No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
Predicado = passou-me pelo pensamento duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
Para o estudo do predicado, é necessário verificar um verbal e outro nominal.
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
siderar também se as palavras que formam o predicado No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da o complemento homens com o predicativo “inconstan-
oração. tes”.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
1.2 Termos integrantes da oração
de opinião.
Predicado Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
complemento nominal são chamados termos integrantes
O predicado acima apresenta apenas uma palavra da oração.
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se Os complementos verbais integram o sentido dos
ligam direta ou indiretamente ao verbo. verbos transitivos, com eles formando unidades signifi-
A cidade está deserta. cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere- plementos diretamente, sem a presença de preposição,
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como ou indiretamente, por intermédio de preposição.
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o O objeto direto é o complemento que se liga direta-
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta = mente ao verbo.
predicativo do sujeito). Houve muita confusão na partida final.
Queremos sua ajuda.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
significativo um verbo: O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Chove muito nesta época do ano. te:
Estudei muito hoje! A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co-
Compraste a apostila? muns referentes a pessoas:
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem (o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam na-se: objeto direto preposicionado)
processos.
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
O predicado nominal é aquele que tem como nú- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade cansar a Vossa Senhoria.
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
(sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou-
a crise)
tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de
O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
ligação). retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, Gosto de música popular brasileira.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- Necessito de ajuda.
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
do sujeito: Os dados parecem corretos. 1.2.1 Objeto Pleonástico
LÍNGUA PORTUGUESA

O verbo parecer poderia ser substituído por estar,


andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
relacionadas. pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
A função de predicativo é exercida, normalmente, por objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
um adjetivo ou substantivo. ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe-
tição que se dá o nome de objeto pleonástico.

71
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
ves Dias) valor na oração, em:
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
objeto pleonástico nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação
com o mundo.
Ao traidor, nada lhe devemos. B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
O termo que integra o sentido de um nome chama-se C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
complemento nominal, que se liga ao nome que comple- nho, tudo forma o carnaval.
ta por intermédio de preposição:
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
xaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
vra “necessária”
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
1.3 Termos acessórios da oração e vocativo vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
Os termos acessórios recebem este nome por serem A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad- tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca- tantivadas esse papel na linguagem.
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da João, venha comigo!
oração. Traga-me doces, minha menina!

O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- 1.4 Períodos Compostos


ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função 1.4.1 Período Composto por Coordenação
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei O período composto se caracteriza por possuir mais
a pé àquela velha praça. de uma oração em sua composição. Sendo assim:
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma ora-
O adjunto adnominal é o termo acessório que deter-
ção)
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun-
ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas Estou comprando um protetor solar, depois irei à
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os orações)
numerais e os pronomes adjetivos. Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu protetor solar. (Período Composto = três verbos, três
amigo de infância. orações).
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs- entre as orações de um período composto: uma relação
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o de coordenação ou uma relação de subordinação.
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um Duas orações são coordenadas quando estão juntas
verbo. em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
O poeta português deixou uma obra originalíssima. de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
O poeta deixou-a. ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: Estou comprando um protetor solar, depois irei à
adjunto adnominal) praia. (Período Composto)
O poeta português deixou uma obra inacabada. Podemos dizer:
O poeta deixou-a inacabada.
1. Estou comprando um protetor solar.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
2. Irei à praia.
do objeto)

Enquanto o complemento nominal se relaciona a um Separando as duas, vemos que elas são independen-
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se tes. Tal período é classificado como Período Composto
relaciona apenas ao substantivo. por Coordenação.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
LÍNGUA PORTUGUESA

explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um


termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se- Sindéticas.
gunda-feira, passei o dia mal-humorado. A) Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são li-
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem- gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus-
po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao tapostas.
termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se- Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
gunda-feira passei o dia mal-humorado.

72
B) Coordenadas Sindéticas disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí-
orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin- citas (como no exemplo acima).
co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
explicativas. Observação:
As orações reduzidas não são introduzidas por con-
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção! junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
mente, introduzidas por preposição.
 Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas A) Orações Subordinadas Substantivas
principais conjunções são: e, nem, não só... mas também, A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
não só... como, assim... como. tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in-
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia. tegrante (que, se).
Comprei o protetor solar e fui à praia.
Não sei se sairemos hoje.
 Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: Oração Subordinada Substantiva
suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, Temos medo de que não sejamos aprovados.
senão. Oração Subordinada Substantiva
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi! Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam-
bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
 Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas bem como os advérbios interrogativos (por que, quando,
onde, como).
principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...
quer; seja...seja.
O garoto perguntou qual seu nome.
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
Oração Subordinada Substantiva
 Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
Não sabemos quando ele virá.
principais conjunções são: logo, portanto, por fim,
Oração Subordinada Substantiva
por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
posto ao verbo). 1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas
Passei no concurso, portanto comemorarei! Substantivas
A situação é delicada; devemos, pois, agir.
Conforme a função que exerce no período, a oração
 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas subordinada substantiva pode ser:
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, 1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
na verdade, pois (anteposto ao verbo). verbo da oração principal:
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do- É fundamental o seu comparecimento à reunião.
mingo. Sujeito
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
É fundamental que você compareça à reunião.
1.4.2 Período Composto Por Subordinação Oração Principal Oração Subordinada Substan-
tiva Subjetiva
Quero que você seja aprovado!
Oração principal oração subordinada
Observe que na oração subordinada temos o verbo #FicaDica
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
Observe que a oração subordinada subs-
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida
tantiva pode ser substituída pelo pronome
por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
“isso”. Assim, temos um período simples:
verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
É fundamental isso ou Isso é
do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas
fundamental.
por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou
explícitas. Desta forma, a oração correspondente a
“isso” exercerá a função de sujeito.
LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos modificar o período acima. Veja:


Quero ser aprovado.
Oração Principal Oração Subordinada
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora-
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- ção principal:
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração  Verbos de ligação + predicativo, em construções
subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su- do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além certo - É claro - Está evidente - Está comprovado

73
É bom que você compareça à minha festa. As orações subordinadas substantivas objetivas in-
 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Sou- diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que
be-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anun- orações subordinadas substantivas completivas nominais
ciado, Ficou provado. integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
 Verbos como: convir - cumprir - constar - admi- tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
rar - importar - ocorrer - acontecer plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
Convém que não se atrase na entrevista. segundo, um nome.
Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjeti- 5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito
va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do verbo da oração principal e vem sempre depois do
do singular. verbo ser.
Nosso desejo era sua desistência.
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do Predicativo do Sujeito
verbo da oração principal:
Todos querem sua aprovação no concurso. Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo
Objeto Direto era isso)
Oração Subordinada Substantiva
Todos querem que você seja aprovado. (Todos Predicativa
querem isso)
Oração Principal Oração Subordinada Substanti-
va Objetiva Direta 6. Apositiva = exerce função de aposto de algum ter-
As orações subordinadas substantivas objetivas dire- mo da oração principal.
tas (desenvolvidas) são iniciadas por: Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica)
Aposto
e “se”: A professora verificou se os alunos estavam
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
presentes.
Oração subordinada
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
substantiva apositiva reduzida de infinitivo
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono
(Fernanda tinha um grande sonho: isso)
do carro importado.
 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso.
B) Orações Subordinadas Adjetivas
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos-
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva-
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição. le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Meu pai insiste em meu estudo. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Objeto Indireto Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
minal)
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai
insiste nisso) O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje-
Oração Subordinada Substantiva tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
Objetiva Indireta outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo
Observação: papel:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na Esta foi uma redação que fez sucesso.
oração. Oração Principal Oração Subordinada
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Adjetiva
Oração Subordinada Subs-
tantiva Objetiva Indireta Perceba que a conexão entre a oração subordinada
adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
4. Completiva Nominal = completa um nome que feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
pertence à oração principal e também vem marcada por relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
preposição. nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa
LÍNGUA PORTUGUESA

Sentimos orgulho de seu comportamento. o papel que seria exercido pelo termo que o antecede
Complemento Nominal (no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun-
ciona como sujeito).
Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
Sentimos orgulho disso.)
Oração Subordinada Substantiva
Completiva Nominal

74
Agora, a oração em destaque não tem sentido restri-
#FicaDica tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas
Vale lembrar um recurso didático para explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-
reconhecer o pronome relativo “que”: ele ceito de “homem”.
sempre pode ser substituído por: o qual - a
qual - os quais - as quais Saiba que:
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta A oração subordinada adjetiva explicativa é separa-
oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno da da oração principal por uma pausa que, na escrita,
o qual estuda. é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicati-
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas vas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
C) Orações Subordinadas Adverbiais
Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Uma oração subordinada adverbial é aquela que
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora-
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol-
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem-
vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad-
po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando
jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre-
subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro-
sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo,
duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se
gerúndio ou particípio).
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. a introduz (assim como acontece com as coordenadas
No primeiro período, há uma oração subordinada ad- sindéticas).
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su- Oração Subordinada Adverbial
bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono- A oração em destaque agrega uma circunstância de
me relativo e seu verbo está no infinitivo. tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada
adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos
acessórios que indicam uma circunstância referente, via
1. Classificação das Orações Subordinadas Adjeti- de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver-
vas bial depende da exata compreensão da circunstância que
exprime.
Na relação que estabelecem com o termo que carac- Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar minha vida.
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in- minha vida.
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti- No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon- “senti”. No segundo período, este papel é exercido pela
tra suficientemente definido. Estas orações denominam- oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
-se subordinadas adjetivas explicativas. subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
Exemplo 1: vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
passava naquele momento. indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva possível reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
No período acima, observe que a oração em desta- nha vida.
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
os homens, mas sim àquele que estava passando naque- uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
LÍNGUA PORTUGUESA

le momento.
Exemplo 2: Observação:
A classificação das orações subordinadas adverbiais
O homem, que se considera racional, muitas vezes age é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
animalescamente. tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa oração.

75
2. Classificação das Orações Subordinadas Adver- Só irei se ele for.
biais A oração acima expressa uma condição: o fato de
“eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada Compare agora com:
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do Irei mesmo que ele não vá.
que se declara na oração principal. Principal conjunção
subordinativa causal: porque. Outras conjunções e locu- A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
ções causais: como (sempre introduzido na oração ante- irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
posta à oração principal), pois, pois que, já que, uma vez A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
que, visto que. concessiva.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito Observe outros exemplos:
forte. Embora fizesse calor, levei agasalho.
Já que você não vai, eu também não vou. Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon- E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre- comparativas estabelecem uma comparação com a
senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à ação indicada pelo verbo da oração principal. Prin-
qual ela se subordina. Repare: cipal conjunção subordinativa comparativa: como.
1. Faltei à aula porque estava doente. Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. Você age como criança. (age como uma criança age)
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o • geralmente há omissão do verbo.
fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No
exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de-
para a execução do que se declara na oração prin-
pois seus olhos ficaram vermelhos.
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma-
tiva: conforme. Outras conjunções conformativas:
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
como, consoante e segundo (todas com o mesmo
cia, é efeito do que se declara na oração principal.
valor de conforme).
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. direitos iguais.
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou se declara na oração principal. Principal conjunção
concretizando-os. subordinativa final: a fim de. Outras conjunções fi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Re- nais: que, porque (= para que) e a locução conjun-
duzida de Infinitivo) tiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que principal. Principal locução conjuntiva subordina-
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-
na oração principal. ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
Principal conjunção subordinativa condicional: se. passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des- (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, (maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
Se o regulamento do campeonato for bem elabora- (mais), quanto menos...(menos).
do, certamente o melhor time será campeão. À proporção que estudávamos mais questões acer-
Caso você saia, convide-me. távamos.
À medida que lia mais culto ficava.
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo
da oração principal, isto é, admitem uma contra- I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
LÍNGUA PORTUGUESA

dição ou um fato inesperado. A ideia de conces- expresso na oração principal, podendo exprimir
são está diretamente ligada ao contraste, à quebra noções de simultaneidade, anterioridade ou poste-
de expectativa. Principal conjunção subordinativa rioridade. Principal conjunção subordinativa tem-
concessiva: embora. Utiliza-se também a conjun- poral: quando. Outras conjunções subordinativas
ção: conquanto e as locuções ainda que, ainda temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas:
quando, mesmo que, se bem que, posto que, ape- assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,
sar de que. depois que, sempre que, desde que, etc.

76
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. 2. (Instituto Rio Branco – Admissão à Carreira de Di-
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter- plomata – cespe – 2014 – adaptada)
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma
3. Orações Reduzidas literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o
brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos
As orações subordinadas podem vir expressas como e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mes-
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec- mo que a crônica é um gênero menor.
tivo subordinativo que as introduza. “Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo as-
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo sim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- de caminho não apenas para a vida, que ela serve de
sença do conectivo) perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam composição solta, do ar de coisa sem necessidade que
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo
É preciso estudar = oração subordinada substantiva dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que
subjetiva reduzida de infinitivo fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua
É preciso que se estude = oração subordinada subs- despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi-
tantiva subjetiva te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra
mão certa profundidade de significado e certo acaba-
4. Orações Intercaladas mento de forma, que de repente podem fazer dela uma
inesperada, embora discreta, candidata à perfeição.
São orações independentes encaixadas na sequência Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São
do período, utilizadas para um esclarecimento, um apar- Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adapta-
te, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou tra-
ções).
vessões.
As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “servir”
Nós – continuava o relator – já abordamos este as-
(R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indiretos.
sunto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Resposta: Errado.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, imagina uma literatura = transitivo direto
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – (transitivo direto e indireto)
São Paulo: Saraiva, 2002. pode servir de caminho = intransitivo

SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ CRASE
frase-periodo-e-oracao

A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais


EXERCÍCIOS COMENTADOS idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos
1. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2013 – pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo
ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times en- e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as
traram em campo em prol do programa “Pai Presente”, quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar-
nos jogos do Campeonato Nacional em apoio à campanha cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo,
que visa reduzir o número de pessoas que não possuem o à qual, às quais.
nome do pai em sua certidão de nascimento. (...) O uso do acento indicativo de crase está condiciona-
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal
em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vír- e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
gula porque tem natureza restritiva. regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
LÍNGUA PORTUGUESA

( ) CERTO ( ) ERRADO termo regido é aquele que completa o sentido do termo


regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par- Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome contratada recentemente.
do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizan- dos entre parênteses), temos:
do a informação, o que dará a entender que TODAS as Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata-
pessoas não têm o nome do pai na certidão. da recentemente.

77
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi- grave:
ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a +  locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
o pronome demonstrativo aquela (àquela). pressas, à vontade...
 locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-
Observações importantes: cura de...
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos  locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns: que.
 Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a Cuidado: quando as expressões acima não exercerem
crase está confirmada. a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
Os dados foram solicitados à diretora. Eu adoro a noite!
Os dados foram solicitados ao diretor.
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
 No caso de nomes próprios geográficos, substi- objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
tui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso re- preposição.
sulte na expressão “voltar da”, há a confirmação da
crase. Casos passíveis de nota:

Faremos uma visita à Bahia.  A crase é facultativa diante de nomes próprios fe-
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
 Também é facultativa diante de pronomes posses-
Não me esqueço da viagem a Roma. sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
empresa.
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja
mais vividos.
ficará aberta até as (às) dezoito horas.
Nas situações em que o nome geográfico se apresen-
 Constata-se o uso da crase se as locuções prepo-
tar modificado por um adjunto adnominal, a crase está
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
confirmada.
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos:
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
praias.
moda de Luís XV)
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução
adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,
#FicaDica observamos a queima de fogos a distância.
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes-
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra
tre foi arremessado à distância de cem metros.
quê?)
 De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
-, faz-se necessário o emprego da crase.
Ensino à distância.
Ensino a distância.
Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-  Em locuções adverbiais formadas por palavras re-
rerá crase. Veja: petidas, não há ocorrência da crase.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo Ela ficou frente a frente com o agressor.
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” Eu o seguirei passo a passo.
Irei à Salvador de Jorge Amado.
Casos em que não se admite o emprego da crase:
A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo Antes de vocábulos masculinos.
regente exigir complemento regido da preposição “a”. As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Entregamos a encomenda àquela menina. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
Antes de verbos no infinitivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Iremos àquela reunião. Ele estava a cantar.


(preposição + pronome demonstrativo) Começou a chover.

Sua história é semelhante às que eu ouvia quando Antes de numeral.


criança. (àquelas que eu ouvia quando criança) O número de aprovados chegou a cem.
(preposição + pronome demonstrativo) Faremos uma visita a dez países.

78
Observações: RESPOSTA: Errado. Retomemos o contexto: (...) O
 Nos casos em que o numeral indicar horas – fun- uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e
cionando como uma locução adverbial feminina – persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das
ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove estruturas e valores políticos (...).
horas. O uso do acento indicativo de crase é obrigatório, já
 Diante de numerais ordinais femininos a crase está que os termos “humanidade” e “estabilidade” comple-
confirmada, visto que estes não podem ser empre- mentam o nome “ameaça” – “ameaça a quê? a quem?”
gados sem o artigo: As saudações foram direciona- = a regência nominal pede preposição.
das à primeira aluna da classe.
 Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
2. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDI-
essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
TOR DE CONTROLE EXTERNO – EDUCACIONAL –
dos exaustos a casa.
CESPE – 2016)
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos Texto CB1A1BBB
exaustos à casa de Marcela.
 Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com
indicar chão firme: Quando os navegantes regressa- o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que
ram a terra, já era noite. estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela
Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res-
Contudo, se o termo estiver precedido por um de- ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria
terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de
O astronauta voltou à Terra. responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, for-
talecer a estrutura legal que protege o dinheiro público
 Não ocorre crase antes de pronomes que reque- do mau uso por gestores irresponsáveis.
rem o uso do artigo. Examinando-se a situação financeira dos estados que
Os livros foram entregues a mim. preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal,
Dei a ela a merecida recompensa.
fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000,
quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os
 Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do
uso da crase está confirmado no “a” que os antece- dinheiro público, para a criação de despesas e, em par-
de, no caso de o termo regente exigir a preposição. ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. cumprido algumas dessas regras, estariam interessados
 Não ocorre crase antes de nome feminino utiliza- em torná-las ainda mais rigorosas?
do em sentido genérico ou indeterminado: Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis
Estamos sujeitos a críticas. pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum-
Refiro-me a conversas paralelas. priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro-
sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São setor público de adaptar suas despesas às receitas em
Paulo: Saraiva, 2010. queda por causa da crise.
SITE
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adapta-
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-
ções).
se-.html
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo de-
EXERCÍCIOS COMENTADOS finido feminino determinando o substantivo “receitas”.
LÍNGUA PORTUGUESA

1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDE- ( ) CERTO ( ) ERRADO


RAL – CESPE – 2014 – ADAPTADA) O acento indicativo
de crase em “à humanidade e à estabilidade” é de uso Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a di-
facultativo, razão por que sua supressão não prejudicaria ficuldade do setor público de adaptar suas despesas às
a correção gramatical do texto. receitas em queda por causa da crise = quem adapta,
adapta algo/alguém A algo/alguém.
( ) CERTO ( ) ERRADO

79
3. (FNDE – TÉCNICO EM FINANCIAMENTO E EXE- Observação:
CUÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIO- A antonímia pode se originar de um prefixo de sen-
NAIS – CESPE – 2012) O emprego do sinal indicativo de tido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático e
crase em “adequando os objetivos às necessidades” justi- antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo
fica-se pela regência do verbo adequar, que exige com- e inativo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista;
plemento regido pela preposição “a”, e pela presença de simétrico e assimétrico.
artigo definido feminino antes de “necessidades”.
3. Homônimos e Parônimos
( ) CERTO ( ) ERRADO
 Homônimos = palavras que possuem a mesma
RESPOSTA: Certo. Adequar o quê? – os objetivos grafia ou a mesma pronúncia, mas significados dife-
(objeto direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) rentes. Podem ser
necessidades – objeto indireto. A explicação do enun-
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife-
ciado está correta.
rentes na pronúncia:
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
4. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA-SE – TÉCNICO JUDICIÁ-
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e de-
RIO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) No trecho “deu nuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo).
início à sua caminhada cósmica”, o emprego do acento B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di-
grave indicativo de crase é obrigatório. ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmoni-
( ) CERTO ( ) ERRADO zar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (ar-
reio); censo (recenseamento) e senso (juízo); paço (palácio)
RESPOSTA: Errado. “deu início à sua caminhada e passo (andar).
cósmica” – o uso do acento indicativo de crase, neste
caso, é facultativo (antes de pronome possessivo). C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e cedo
SINÔNIMOS, ANTÔNIMOS E PARÔNIMOS. (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).
SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS  Parônimos = palavras com sentidos diferentes,
PALAVRAS porém de formas relativamente próximas. São pa-
lavras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta
(receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) e
Semântica é o estudo da significação das palavras e das sesta (descanso após o almoço), eminente (ilustre)
suas mudanças de significação através do tempo ou em e iminente (que está para ocorrer), osso (substan-
determinada época. A maior importância está em distin- tivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ou verbo
guir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e ho- “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
mônimos e parônimos (homonímia / paronímia). (medida) e cumprimento (saudação), autuar (pro-
cessar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir
1. Sinônimos (violar), deferir (atender a) e diferir (divergir), suar
(transpirar) e soar (emitir som), aprender (conhecer)
e apreender (assimilar; apropriar-se de), tráfico (co-
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto -
mércio ilegal) e tráfego (relativo a movimento, trân-
abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir.
sito), mandato (procuração) e mandado (ordem),
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são
emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara afundar).
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando,
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, 4. Hiperonímia e Hiponímia
em determinado enunciado (aguadar e esperar).
Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten-
Observação: cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o
A contribuição greco-latina é responsável pela exis- hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o hipe-
tência de numerosos pares de sinônimos: adversário e rônimo, mais abrangente.
antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipôni-
contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo; mo, criando, assim, uma relação de dependência semân-
transformação e metamorfose; oposição e antítese. tica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hipe-
LÍNGUA PORTUGUESA

ronímia com carros, já que veículos é uma palavra de


2. Antônimos significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
Veículos é um hiperônimo de carros.
São palavras que se opõem através de seu significado: Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
mal - bem. zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita
a repetição desnecessária de termos.

80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Você é o meu sol!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Minha vida é um mar de tristezas.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Você tem um coração de pedra!
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. #FicaDica
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Procure associar Denotação com Dicionário:
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua trata-se de definição literal, quando o termo
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. é utilizado com o sentido que consta no di-
cionário.
SITE
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-
-antonimos,-homonimos-e-paronimos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Exemplos de variação no significado das palavras: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
literal) Paulo: Saraiva, 2010.
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
figurado) SITE
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figura- http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denotacao/
do)
As variações nos significados das palavras ocasionam POLISSEMIA
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
A) Denotação um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando mas que abarca um grande número de significados den-
apresenta seu significado original, independentemente tro de seu próprio campo semântico.
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu signifi- Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
cado mais objetivo e comum, aquele imediatamente cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro signi- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se
ficado que aparece nos dicionários, sendo o significado em consideração as situações de aplicabilidade. Há uma
mais literal da palavra. infinidade de exemplos em que podemos verificar a ocor-
A denotação tem como finalidade informar o recep- rência da polissemia:
tor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo O rapaz é um tremendo gato.
um caráter prático. É utilizada em textos informativos, O gato do vizinho é peralta.
como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bu- Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
las de medicamentos, textos científicos, entre outros. A Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
palavra “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é sobrevivência
apenas um pedaço de madeira. Outros exemplos: O passarinho foi atingido no bico.
O elefante é um mamífero.
As estrelas deixam o céu mais bonito! Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co-
B) Conotação mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
interpretações, dependendo do contexto em que este- ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é
ja inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias o formato quadriculado que têm.
que vão além do sentido original da palavra, ampliando
sua significação mediante a circunstância em que a mes- 1. Polissemia e homonímia
ma é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbó-
lico. Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), comum. Quando a mesma palavra apresenta vários sig-
LÍNGUA PORTUGUESA

reprovação (tomei pau no concurso). nificados, estamos na presença da polissemia. Por outro
A conotação tem como finalidade provocar senti- lado, quando duas ou mais palavras com origens e sig-
mentos no receptor da mensagem, através da expres- nificados distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos
sividade e afetividade que transmite. É utilizada princi- uma homonímia.
palmente numa linguagem poética e na literatura, mas A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
também ocorre em conversas cotidianas, em letras de significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
música, em anúncios publicitários, entre outros. Exem- polissemia porque os diferentes significados para a pala-
plos: vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra

81
polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado
indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in- EXERCÍCIO COMENTADO
terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da
1. (SUSAM-AM – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
escrita.
FGV – 2014) “o país teve de recorrer a um programa de ra-
cionamento”. Assinale a opção que apresenta a forma de
2. Polissemia e ambiguidade
reescrever esse segmento, que altera o seu sentido original.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
a) O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa de
interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
racionamento.
ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
b) O país teve como recurso recorrer a um programa de
ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
racionamento.
específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio)
c) O Brasil foi levado a recorrer a um programa de racio-
em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
namento.
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada fre-
d) O país obrigou‐se a recorrer a um programa de racio-
quentemente são felizes.
namento.
Neste caso podem existir duas interpretações diferen-
e) O Brasil optou por um programa de racionamento.
tes:
Resposta: Letra E. “o país teve de recorrer a um pro-
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli-
grama de racionamento”. Assinale a opção que apre-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
senta a forma de reescrever esse segmento, QUE
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
ALTERA O SEU SENTIDO ORIGINAL.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma inter-
Em “a”: O Brasil foi obrigado a recorrer a um progra-
pretação. Para fazer a interpretação correta é muito im-
ma de racionamento = mesmo sentido.
portante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
Em “b”: O país teve como recurso recorrer a um pro-
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
grama de racionamento = mesmo sentido.
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
Em “c”: O Brasil foi levado a recorrer a um programa
comicidade. Repare na figura abaixo:
de racionamento = mesmo sentido.
Em “d”: O país obrigou‐se a recorrer a um programa
de racionamento = mesmo sentido.
Em “e”: O Brasil optou por um programa de raciona-
mento = mudança de sentido (segundo o enunciado,
o país não teve outra opção a não ser recorrer. Na
alternativa, provavelmente havia outras opções, e o
país escolheu a de “recorrer”).

REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS
OFICIAIS
(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-
-cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).
Uma boa redação é aquela que permite uma leitura
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
prazerosa, natural, de fácil compreensão. Para fazer bons
mas duas seriam:
textos é fundamental ter o hábito de leitura, utilizar todas
Corte e coloração capilar
as regras da língua Portuguesa e as técnicas de redação
ou
a seu favor.
Faço corte e pintura capilar
- Organize seus argumentos sobre o tema proposto
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
e os escreva de forma compreensível. Organize os
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
argumentos em ordem crescente, ou seja, deixe o
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
argumento mais forte para o final;
Paulo: Saraiva, 2010.
- Nas dissertações em que é necessário defender
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
algo, não fique “em cima do muro”, coloque clara-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
mente sua posição, pois muitas vezes os corretores
estão interessados em avaliar sua capacidade de
SITE
LÍNGUA PORTUGUESA

opinar, refletir e argumentar;


http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
- Escreva com clareza;
htm
- Seja objetivo e fiel ao tema;
- Escolha sempre a ordem direta das frases (sujeito +
predicado);
- Evite períodos e parágrafos muito longos;
- Elimine expressões difíceis ou desnecessárias do
texto;

82
- Não use termos chulos, gírias e regionalismos; A) Introdução
- Esteja sempre atualizado em tudo que acontece no A introdução (dependendo do número máximo de
mundo; linhas) deve ter argumentos, dos quais você falará
- Leia muito. A leitura enriquece o vocabulário, você no desenvolvimento. Então, deixe para explicar o
olha visualmente as palavras e envia para a sua assunto da introdução depois. Apenas coloque os
memória a forma correta de escrevê-las; argumentos de forma conexa e, o mais importante,
- Treine fazer redação com temas que poderão estar apenas os coloque se tiver certeza de que falará
relacionados com as provas de concursos públicos, sobre eles depois.
ou então faça com temas da atualidade e notícias
constantes nos meios de comunicação; B) Desenvolvimento
- Seja crítico de si mesmo, revise os textos de treino, O desenvolvimento (dependendo do número máximo
retire os excessos, deixe seu texto “enxuto”; de linhas) deve ter, no mínimo, dois parágrafos.
- Cronometre o tempo que é gasto nas suas redações Cada parágrafo deve ter entre 2 a 4 linhas. O
de treino e tente sempre diminuir o tempo gasto ideal seria três linhas, pois quanto mais linhas,
na próxima; maiores as chances de você escrever algo confuso.
- Não ultrapasse as margens, nem o limite de linhas Os parágrafos devem tratar dos argumentos
estabelecido na prova; apresentados na introdução. Cada parágrafo, ao
- Mantenha o mesmo padrão de letra do início ao menos, referente a um deles.
fim do texto. Não inicie com letra legível e arre-
dondada, por exemplo, e termine com ela ilegível C) Conclusão
e “apressada”. Isso dará uma péssima impressão A conclusão não traz nenhum argumento novo. Ela
para o examinador da banca quando for ler; ressalta o que já foi dito, ou traz uma POSSÍVEL
- Não faça marcas, rabiscos, não suje e nem amasse solução.
sua redação; Tenha o máximo de asseio possível;
- Faça as redações de provas anteriores do concurso
que você prestará;
- Fique focado no enunciado que a banca está pedin-
FIQUE ATENTO!
do, não redija um texto lindo, mas que está total- Na dissertação NUNCA usamos: eu, nós,
mente fora do tema. Nunca fuja do tema proposto; temos, devemos, podemos, iremos, sei, sa-
- Use sinônimos, evite repetir as mesmas palavras; bemos, e palavras conjugadas da mesma
- Tenha seus argumentos fundamentados. Seja coeso forma. Isto porque ela deve ser escrita na
e coerente; 3.ª pessoa do singular. O certo seria: sabe-
- Algo comum no mundo dos concurseiros é o gran- -se, deve-se, importante se faz, tem-se.
de temor pela redação nas provas. Muitas vezes o “Todo mundo”, “todo o planeta”, “todas as
candidato prepara-se para a prova objetiva e deixa pessoas”, “todos”: tais palavras devem ser
a redação de lado, perdendo grandes chances de evitadas, pois a dissertação não admite ge-
passar. A única maneira eficaz de aprender a fazer neralização. Logo, devemos usar “a maioria”,
uma boa redação é treinando. Faça redações sobre “grande parte”, “parcela da população”, “um
diversos temas, leia e releia quantas vezes precisar, significativo número”, etc. “Com certeza”,
e lembre-se: a prática pode levar à perfeição; “obviamente”, “definitivamente”: são pala-
- Além dessas dicas é preciso saber, principalmente, vras que também devem ser evitadas. A dis-
as regras de acentuação gráfica, pontuação, orto- sertação consiste numa argumentação, na
grafia e concordância. qual se é exposto um pensamento, o qual
poderá ser refutado por outro pensamento.
Estrutura da Redação

Um texto é composto de três partes essenciais: Exemplo de uma redação. O texto trata da redução da
introdução, desenvolvimento e conclusão. O correto maioridade no Brasil.
é haver um elo entre as partes, como se formassem
a costura do texto. Na introdução é onde o tema A INTRODUÇÃO é a seguinte:
abordado é apresentado, não deve ser muito extensa, e Na sociedade atual, muitos crimes vêm sendo cometidos
aconselha-se que tenha apenas um parágrafo de quatro por infratores menores de dezoito anos. As penas a eles
a seis linhas. O desenvolvimento é o “corpo” do texto, aplicadas são relativamente pequenas e não os inibem de
a parte mais importante dele. É onde se expõe o ponto praticar novos delitos. A maioria destes jovens, contudo,
SÃO de regiões periféricas e não têm o devido acesso á
LÍNGUA PORTUGUESA

de vista, e argumenta de uma forma lógica para que o


leitor acompanhe seu raciocínio. Nesta parte do texto educação.
faz-se uso de, no mínimo, dois parágrafos. A conclusão Lembra-se da regra dos assuntos (pelo menos três) da
é o fechamento. Mas é válido lembrar que a introdução, introdução? Então... vamos ver quais serão os assuntos.
desenvolvimento e conclusão são ligados e dependentes Assunto 1: na sociedade atual, muitos crimes vêm
entre si para que a coesão e coerência textual sejam sendo cometidos por infratores menores de dezoito anos
mantidas e o texto faça sentido. Assunto 2: As penas a eles aplicadas são relativamente
pequenas e não os inibe de praticar novos delitos

83
Assunto 3: A maioria destes jovens, contudo, são de O fato-exemplo geralmente dá força e clareza à
regiões periféricas e não têm o devido acesso á educação argumentação. Além disso, pessoaliza o nosso
texto, diferenciando-o dos demais.
Agora, construamos o texto, abordando cada assunto 6. A partir desses elementos, você terá o rascunho de
em um parágrafo do desenvolvimento. sua redação.
Na sociedade atual, muitos crimes vêm sendo cometidos
por infratores menores de dezoito anos. As penas a eles SITES
aplicadas são relativamente pequenas e não os inibem de Disponível em: <http://www.okconcursos.com.br/
praticar novos delitos. A maioria destes jovens, contudo, como-passar/dicas-para-concurso/330-como-fazer-
É de regiões periféricas e não TEM o devido acesso á uma-boa-redacao#.Upoqg9Kfsfh>
educação. Disponível em: <http://capaciteredacao.forum-livre.
É de se notar que o crescente número de infrações com/t5097-explicacao-como-fazer-uma-redacao>
realizadas por crianças e adolescentes, aparentemente, Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
só tende a aumentar, tal como vem acontecendo. Crimes secoes/Redacao/Redacao2.php>
como roubo e tráfico se mostram cada vez mais presente
nas ações destes jovens. (assunto 1) O que é Redação Oficial
Se, por um lado, o número de crimes praticados por eles
aumenta, por outro, diminui a severidade das medidas. O Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a
grande problema de medidas tão brandas consiste no fato maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos
de estas não cumprirem um de seus importantes deveres: e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista
o de inibir a ocorrência de novas infrações. (assunto 2) do Poder Executivo.
A falta de estudo e de condições sociais favoráveis, A redação oficial deve caracterizar-se pela
certamente, é um ponto que fortalece o envolvimento impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem,
com ações infratoras. Dispersos, tratados com descaso e clareza, concisão, formalidade e uniformidade.
sem perspectiva, muitos jovens veem no crime a possível Fundamentalmente esses atributos decorrem da
solução para seus problemas. (assunto 3) Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração
A necessidade de se diminuir a maioridade penal, nas pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
condições atuais, de fato, se mostra gritante. Contudo, no Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dia que o país investir em educação e não em formas de dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
conter os efeitos gerados pela falta desta, talvez, sequer impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
seja necessária qualquer pena. (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios
fundamentais de toda administração pública, claro está
Planejando a Dissertação que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e
comunicações oficiais.
Veja a seguir outro tipo de roteiro. Siga os passos: Não se concebe que um ato normativo de qualquer
- Interrogue o tema; natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou
- Responda-o de acordo com a sua opinião; impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido
- Apresente um argumento básico; dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são
- Apresente argumentos auxiliares; requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável
- Apresente um fato-exemplo; que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos.
- Conclua. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e
concisão.
Vamos supor que o tema de redação proposto seja: Além de atender à disposição constitucional, a forma
Nenhum homem vive sozinho. Tente seguir o roteiro: dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas
1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum para sua elaboração que remontam ao período de nossa
homem vive sozinho? história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade
2. Procure responder a essa pergunta de um modo – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro
simples e claro, concordando ou discordando (ou de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o
concordando em parte e discordando em parte): número de anos transcorridos desde a Independência.
essa resposta é o seu ponto de vista. Essa prática foi mantida no período republicano.
3. Pergunte a você mesmo o porquê de sua resposta, Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza,
uma causa, um motivo, uma razão para justificar uniformidade, concisão e uso de linguagem formal)
sua posição: aí estará o seu argumento principal. aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre
4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem permitir uma única interpretação e ser estritamente
a defender o seu ponto de vista, a fundamentar impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível
sua posição. Estes serão os argumentos auxiliares. de linguagem.
LÍNGUA PORTUGUESA

5. Em seguida, procure algum fato que sirva de Nesse quadro, fica claro também que as comunicações
exemplo para reforçar a sua posição. Este fato- oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre
exemplo pode vir de sua memória visual, das um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor
coisas que você ouviu, do que você leu. Pode ser dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no
um fato da vida política, econômica, social. Pode caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) –
ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de
expressivo e coerente com o seu ponto de vista. forma homogênea (o público).

84
Outros procedimentos rotineiros na redação de Objetividade: ser objetivo é ir diretamente ao assunto
comunicações oficiais foram incorporados ao longo do que se deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias.
tempo, como as formas de tratamento e de cortesia, Para conseguir isso, é fundamental que o redator saiba
certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, de antemão qual é a ideia principal e quais são as
etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para secundarias.
comunicações oficiais, regulados pela Portaria n.º 1 do
Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937. Coesão e coerência: é indispensável que o texto tenha
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se coesão e coerência. Tais atributos favorecem a conexão,
buscou fazer das características específicas da forma a ligação, a harmonia entre os elementos de um texto.
oficial de redigir não deve ensejar o entendimento de Percebe-se que o texto tem coesão e coerência quando
que se proponha a criação – ou se aceite a existência – de se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os
uma forma específica de linguagem administrativa, o que parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns
coloquialmente e pejorativamente se chama burocratês. aos outros.
Este é antes uma distorção do que deve ser a redação
oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês
do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção #FicaDica
de frases. Todo o texto precisa estar conectado, para
A redação oficial não é, portanto, necessariamente isso, fique atento à regência nominal e verbal,
árida e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade usando das preposições corretas de acordo
básica – comunicar com impessoalidade e máxima com a intenção do texto.
clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto
jornalístico, da correspondência particular, etc. Fundamentalmente esses atributos decorrem da
As comunicações oficiais devem primar pela Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração
objetividade, transparência, clareza, simplicidade e pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
impessoalidade. Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Nesse sentido, a redação oficial, da qual se deve dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
extrair uma única interpretação, há de procurar ser impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
compreensível por todo e qualquer cidadão brasileiro. (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios
Com esses cuidados, é possível aprimorar um item fundamentais de toda administração pública, claro está
fundamental na profissionalização do servidor, na que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e
racionalização do trabalho e na redução dos custos. comunicações oficiais.
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a Não se concebe que um ato normativo de qualquer
maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista ou impossibilite sua compreensão. A transparência
do Poder Executivo. do sentido dos atos normativos, bem como sua
A redação oficial deve caracterizar-se pela inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de
impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, Direito: é inaceitável que um texto legal não seja
concisão, formalidade e uniformidade, clareza e entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois,
precisão, objetividade, coesão e coerência. necessariamente, clareza e concisão.
Além de atender à disposição constitucional, a forma
dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas
FIQUE ATENTO! para sua elaboração que remontam ao período de nossa
Essas quatro ultimas características foram história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade
acrescentadas no novo manual de redação – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro
oficial. de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o
número de anos transcorridos desde a Independência.
Essa prática foi mantida no período republicano.
Vejamos: Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza,
Precisão: o atributo da precisão complementa a uniformidade, concisão e uso de linguagem formal)
clareza e caracteriza-se Por: aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre
- articulação da linguagem comum ou técnica para a permitir uma única interpretação e ser estritamente
perfeita compreensão da ideia veiculada no texto. impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível
Mas cuidado, a linguagem técnica é permitida, desde de linguagem.
LÍNGUA PORTUGUESA

que usada de forma que não haja dúvidas na informação. Nesse quadro, fica claro também que as comunicações
- manifestação do pensamento ou da ideia com as oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre
mesmas palavras, evitando o emprego de sinônimos um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor
com proposito meramente estilístico. dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público
- escolha de expressão ou palavra que não confira (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro)
duplo sentido ao texto. – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de
forma homogênea (o público).

85
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se comum ao conjunto dos usuários do idioma. É importante
buscou fazer das características específicas da forma ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto
oficial de redigir não deve ensejar o entendimento de na redação oficial decorre do fato de que ele está
que se proponha a criação – ou se aceite a existência – de acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas
uma forma específica de linguagem administrativa, regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias
o que coloquialmente e pejorativamente se chama linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a
burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a pretendida compreensão por todos os cidadãos.
redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a
e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de
simplicidade de expressão, desde que não seja confundida
construção de frases.
com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do
A redação oficial não é, portanto, necessariamente
árida e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade padrão culto implica emprego de linguagem rebuscada,
básica – comunicar com impessoalidade e máxima nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de
clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da linguagem próprios da língua literária.
língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
jornalístico, da correspondência particular, etc. um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso
Apresentadas essas características fundamentais da do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É
redação oficial, passemos à análise pormenorizada de claro que haverá preferência pelo uso de determinadas
cada uma delas. expressões, ou será obedecida certa tradição no
emprego das formas sintáticas, mas isso não implica,
- Uso do padrão culto de linguagem necessariamente, que se consagre a utilização de uma
A necessidade de empregar determinado nível de forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático,
linguagem nos atos e expedientes oficiais decorre, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua
de um lado, do próprio caráter público desses atos compreensão limitada.
e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos A linguagem técnica deve ser empregada apenas
oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normativo, em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso
ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e
regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que
mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são
só é alcançado se em sua elaboração for empregada
a linguagem adequada. O mesmo se dá com os de difícil entendimento por quem não esteja com eles
expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-
informar com clareza e objetividade. los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da
As comunicações que partem dos órgãos públicos administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
federais devem ser compreendidas por todo e
qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, - Clareza e precisão
há que evitar o uso de uma linguagem restrita a
determinados grupos. Não há dúvida que um texto Clareza
marcado por expressões de circulação restrita, como a A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto
gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que
tem sua compreensão dificultada. possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se
Ressalte-se que há necessariamente uma distância concebe que um documento oficial ou um ato normativo
entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que
dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transparência
de costumes, e pode eventualmente contar com outros é requisito do próprio Estado de Direito: é inaceitável que
elementos que auxiliem a sua compreensão, como os um texto oficial ou um ato normativo não seja entendido
gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns
pelos cidadãos. O princípio constitucional da publicidade
dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua
não se esgota na mera publicação do texto, estendendo-
escrita incorpora mais lentamente as transformações,
tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas se, ainda, à necessidade de que o texto seja claro.
de si mesma para comunicar. Para a obtenção de clareza, sugere-se:
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sen-
níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por tido comum, salvo quando o texto versar sobre
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer assunto técnico, hipótese em que se utilizará no-
de determinado padrão de linguagem que incorpore menclatura própria da área;
expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar
parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do as orações na ordem direta e evitar intercalações
vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambi-
um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz guidade, sugere-se a adoção da ordem inversa da
LÍNGUA PORTUGUESA

da língua, a finalidade com que a empregamos. oração;


O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo
caráter impessoal, por sua finalidade de informar com o texto;
o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso d) não utilizar regionalismos e neologismos;
do padrão culto da língua. Há consenso de que o e) pontuar adequadamente o texto;
padrão culto é aquele em que a) se observam as regras f) explicitar o significado da sigla na primeira refe-
da gramática formal, e b) se emprega um vocabulário rência a ela; e

86
g) utilizar palavras e expressões em outro idioma - Concisão
apenas quando indispensáveis, em razão de serem A concisão é antes uma qualidade do que uma
designações ou expressões de uso já consagrado característica do texto oficial. Conciso é o texto que
ou de não terem exata tradução. Nesse caso, gra- consegue transmitir o máximo de informações com
fe-as em itálico, conforme orientações do subitem o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma
10.2 deste Manual. entendê-la como economia de pensamento, isto é, não
se deve eliminar passagens substanciais do texto com
Precisão o único objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se,
O atributo da precisão complementa a clareza e exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias
caracteriza-se por: e passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
a) articulação da linguagem comum ou técnica para a Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve
perfeita compreensão da ideia veiculada no texto; evitar caracterizações e comentários supérfluos, adjetivos
b) manifestação do pensamento ou da ideia com as e advérbios inúteis, subordinação excessiva. A seguir, um
mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia com exemplo1 de período mal construído, prolixo:
propósito meramente estilístico; e 1 O exemplo de período mal construído foi elaborado,
c) escolha de expressão ou palavra que não confira para fins didáticos, a partir do exemplo de período
duplo sentido ao texto. bem construído, por sua vez, extraído da Exposição de
É indispensável, também, a releitura de todo o texto Motivos Interministerial no 51/MCTI/MRE/MPOG, de 21
redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011a).
obscuros provém principalmente da falta da releitura, Exemplo:
o que tornaria possível sua correção. Na revisão de Apurado, com impressionante agilidade e precisão,
um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à população
compreensão por seu destinatário. O que nos parece acreana, verificou-se que a esmagadora e ampla maioria
óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio da população daquele distante estado manifestou-se
pela efusiva e indubitável rejeição da alteração realizada
que adquirimos sobre certos assuntos, em decorrência
pela Lei no 11.662/2008. Não satisfeita, inconformada e
de nossa experiência profissional, muitas vezes, faz com
indignada, com a nova hora legal vinculada ao terceiro
que os tomemos como de conhecimento geral, o que
fuso, a maioria da população do Acre demonstrou que a
nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça,
ela seria melhor regressar ao quarto fuso, estando cinco
precise os termos técnicos, o significado das siglas e das
horas a menos que em Greenwich.
abreviações e os conceitos específicos que não possam
Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessários,
ser dispensados.
abusou-se no emprego de adjetivos (impressionante,
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que
esmagadora, ampla, inconformada, indignada), o que lhe
são elaboradas certas comunicações quase sempre
confere carga afetiva injustificável, sobretudo em texto
compromete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, oficial, que deve primar pela impessoalidade. Eliminados
há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, os excessos, o período ganha concisão, harmonia e
o atraso, com sua indesejável repercussão no texto unidade:
redigido. Exemplo:
A clareza e a precisão não são atributos que se Apurado o resultado da consulta à população acreana,
atinjam por si sós: elas dependem estritamente das verificou-se que a maioria da população se manifestou pela
demais características da redação oficial, apresentadas rejeição da alteração realizada pela Lei no 11.662/2008.
a seguir. Não satisfeita com a nova hora legal vinculada ao terceiro
fuso, a maioria da população do Acre demonstrou que a
- Objetividade ela seria melhor regressar ao quarto fuso, estando cinco
Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja horas menos que em Greenwich.
abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir
isso, é fundamental que o redator saiba de antemão - Coesão e coerência
qual é a ideia principal e quais são as secundárias. É indispensável que o texto tenha coesão e coerência.
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia
em todo texto de alguma complexidade: as fundamentais entre os elementos de um texto. Percebe-se que o texto
e as secundárias. Essas últimas podem esclarecer o tem coesão e coerência quando se lê um texto e se
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão
existem também ideias secundárias que não acrescentam entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
informação alguma ao texto, nem têm maior relação com Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a
LÍNGUA PORTUGUESA

as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o coerência de um texto são: referência, substituição, elipse
que também proporcionará mais objetividade ao texto. e uso de conjunção.
A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto A referência diz respeito aos termos que se relacionam
com o assunto e com as informações, sem subterfúgios, a outros necessários à sua interpretação. Esse mecanismo
sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que pode dar-se por retomada de um termo, relação com o
a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou que é precedente no texto, ou por antecipação de um
torna o texto rude e grosseiro. termo cuja interpretação dependa do que se segue.

87
Exemplos: Não há lugar na redação oficial para impressões pes-
O Deputado evitou a instalação da CPI da corrupção. soais, como as que, por exemplo, constam de uma carta
Ele aguardou a decisão do Plenário. a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mes-
O TCU apontou estas irregularidades: falta de mo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
assinatura e de identificação no documento. da interferência da individualidade de quem a elabora.
A substituição é a colocação de um item lexical no A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
lugar de outro(s) ou no lugar de uma oração. que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais
Exemplos: contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária
O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder impessoalidade.
Executivo federal propôs reduzir as alíquotas.
O ofício está pronto. O documento trata da - Formalidade e padronização
exoneração do servidor. As comunicações administrativas devem ser sem-
Os governadores decidiram acatar a decisão. Em
pre formais, isto é, obedecer a certas regras de forma
seguida, os prefeitos fizeram o mesmo.
(BRASIL, 2015a). Isso é válido tanto para as comunica-
A elipse consiste na omissão de um termo recuperável
ções feitas em meio eletrônico (por exemplo, o e-mail , o
pelo contexto.
Exemplo: documento gerado no SEI!, o documento em html etc.),
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os quanto para os eventuais documentos impressos.
particulares. (Na segunda oração, houve a omissão do É imperativa, ainda, certa formalidade de tratamento.
verbo “regulamenta”). Não se trata somente do correto emprego deste ou da-
Outra estratégia para proporcionar coesão e quele pronome de tratamento para uma autoridade de
coerência ao texto é utilizar conjunção para estabelecer certo nível, mais do que isso: a formalidade diz respeito
ligação entre orações, períodos ou parágrafos. à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual
Exemplo: cuida a comunicação.
O Embaixador compareceu à reunião, pois identificou A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne-
o interesse de seu Governo pelo assunto. cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a adminis-
tração pública federal é una, é natural que as comunicações
- Impessoalidade que expeça sigam o mesmo padrão. O estabelecimento
A impessoalidade decorre de princípio constitucional desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se
(Constituição, art. 37), e seu significado remete a dois atente para todas as características da redação oficial e que
aspectos: o primeiro é a obrigatoriedade de que a se cuide, ainda, da apresentação dos textos.
administração pública proceda de modo a não privilegiar A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes para
ou prejudicar ninguém, de que o seu norte seja, o texto definitivo, nas exceções em que se fizer neces-
sempre, o interesse público; o segundo, a abstração da sária a impressão, e a correta diagramação do texto são
pessoalidade dos atos administrativos, pois, apesar de a indispensáveis para a padronização. Consulte o Capítulo
ação administrativa ser exercida por intermédio de seus II, “As comunicações oficiais”, a respeito de normas es-
servidores, é resultado tão-somente da vontade estatal. pecíficas para cada tipo de expediente. Em razão de seu
A redação oficial é elaborada sempre em nome do caráter público e de sua finalidade, os atos normativos e
serviço público e sempre em atendimento ao interesse os expedientes oficiais requerem o uso do padrão culto
geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos do idioma, que acata os preceitos da gramática formal
dos expedientes oficiais não devem ser tratados de outra
e emprega um léxico compartilhado pelo conjunto dos
forma que não a estritamente impessoal.
usuários da língua. O uso do padrão culto é, portanto,
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal
imprescindível na redação oficial por estar acima das dife-
que deve ser dado aos assuntos que constam das
comunicações oficiais decorre: renças lexicais, morfológicas ou sintáticas, regionais; dos
a) da ausência de impressões individuais de quem modismos vocabulares e das particularidades linguísticas.
comunica: embora se trate, por exemplo, de um Recomendações:
expediente assinado por Chefe de determinada - a língua culta é contra a pobreza de expressão e não
Seção, a comunicação é sempre feita em nome do contra a sua simplicidade;
serviço público. Obtém-se, assim, uma desejável - o uso do padrão culto não significa empregar a lín-
padronização, que permite que as comunicações gua de modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem
elaboradas em diferentes setores da administração próprias do estilo literário;
pública guardem entre si certa uniformidade; - a consulta ao dicionário e à gramática é imperativa
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- na redação de um bom texto.
ção: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre Pode-se concluir que não existe propriamente um pa-
concebido como público, ou a uma instituição pri- drão oficial de linguagem, o que há é o uso da norma
vada, a outro órgão ou a outra entidade pública. padrão nos atos e nas comunicações oficiais. É claro que
LÍNGUA PORTUGUESA

Em todos os casos, temos um destinatário conce- haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
bido de forma homogênea e impessoal; e ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
se o universo temático das comunicações oficiais consagre a utilização de uma forma de linguagem bu-
se restringe a questões que dizem respeito ao in- rocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve
teresse público, é natural não caber qualquer tom ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
particular ou pessoal.

88
Classificação da correspondência A execução de uma carta resposta implica
• Patente disponibilidade de tempo e disponibilidade
• Confidencial ou secreta mental.

A correspondência confidencial ou secreta nunca Portanto, a redação da carta deve ser executada
deve ser aberta, mas sim conduzida diretamente á por uma pessoa experiente, de forma a minimizar as
direção. É conveniente, contudo, registrar a sua entrada, perdas de tempo e conseguir uma boa qualidade de
de preferência em livro próprio. comunicação.
A correspondência particular, como é lógico, também A resposta pode ser executada de diversas formas:
não deve ser aberta, mas sim dirigida aos respectivos • Ditado direto, em que o processador de texto
destinatários. executa diretamente o texto que lhe é transmitido;
A correspondência dita patente, é que vai entrar no • Ditado indireto, onde o processador de texto
circuito de tratamento. executa o texto através de uma minuta, um registro
que estenografou ou um registro gravado.
Abertura
A abertura da correspondência é importante referir Assinatura
a forma como se faz e os cuidados a ter para evitar a Depois de finalizada a correspondência deve ser de
inutilização do conteúdo. novo lida e em seguida assinada. A organização das
Antes de se abrir as cartas deve-se colocar o conteúdo grandes empresas implica que o correio e expedição
para um dos cantos dos sobrescritos e em seguida esteja pronto até determinada hora, de forma a ser
abre-se pelas arestas opostas. Isto porque as cartas são levado a despacho.
normalmente mal dobradas e quando são inseridas nos
subscritos ficam, por vezes, coladas no interior. Registro de saída
O registro das saídas também é normalmente feito
Registro das entradas em livro próprio. Devem ser tiradas cópias aos originais
Geralmente esta fase da correspondência concentra- e encaminhadas devidamente.
se num só departamento. Tiram-se cópias dos originais
recebidos, para um exemplar ficar no departamento e o Expedição e Arquivo
outro seguir para o respectivo destino. Mas a tiragem Antes da correspondência ser inserida no sobrescrito
das cópias não pode ser feita sem antes ser colocado deve-se verificar se:
o respectivo carimbo da entrada contendo a data e o • A carta está datada e assinada;
número da entrada. Nos serviços públicos e nas empresas, • Contém o material referido em anexo;
mas tradicionalistas, utiliza-se o Livro de Registo para a • O endereço corresponde ao do sobrescrito. E por
correspondência recebida. fim...
• Toda a correspondência que é expedida da
Distribuição empresa deve possuir em arquivo a respectiva
A distribuição da correspondência pode ser feita cópia;
de diversas formas, mas sempre de forma a poder ser • Quando a correspondência for registrada,
controlada. E, para esse efeito utiliza-se o chamado juntamente com a cópia, deve ser arquivado um
livro de protocolo. Muitas vezes é utilizada uma guia exemplar do talão de aceitação;
de remessa de documentos que os descreve e agrupa • No caso do registro ser com aviso de recepção,
por destinos, acompanhando-os até a recepção. Aí é este, após ser devolvido pelo destinatário com a
assinado um duplicado que comprova a entrega. respectiva assinatura, deve também ser arquivado
com a cópia da correspondência.
Resposta ou Arquivo Para se redigir uma boa correspondência, é necessária
Depois de ser lida, a correspondência deve ser objetividade na exposição do pensamento, é preciso
convenientemente tratada. buscar por clareza, coerência, concisão, nas palavras
O que significa que: empregadas, e assim estabelecer uma melhor relação
• Se não for necessário dar sequência ao assunto, entre as ideias.
a correspondência vai imediatamente para o
arquivo, com a devida indicação no canto superior "Se escrever cartas é um sinal de boa
esquerdo e a assinatura do ordenante; educação, escrever corretamente é prova de
• Se é necessária uma resposta, devem ser feitas
as anotações necessárias para a sua execução
boa instrução e inteligência". (Jane S. Singer)
LÍNGUA PORTUGUESA

ou, então, se for o caso, o próprio destinatário


encarregar-se-á de a escrever. Há vários tipos de correspondência, e cada uma
possui suas características, com suas normas e técnicas.
Não esquecer que: O estilo e as técnicas aplicadas em correspondências
• Toda a correspondência urgente deve ter uma se atualizaram, tornando-se muito mais complexas. O
resposta imediata; estilo depende dos conhecimentos dominados pelo
• Não se deve adiar a resolução de assuntos redator, e este é aperfeiçoado pelas técnicas, que serão
pendentes, tornando-os eternamente esquecidos. apresentadas ao longo do trabalho.

89
Em suma, corresponder-se implica um ato de ir até com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a
outrem: seja para expor-lhe problemas, alegrias, seja de informar com clareza e objetividade. A necessidade
para fazer-lhe pedidos, convencer, dar-lhe boas ou más de empregar determinado nível de linguagem nos atos
notícias. Da habilidade social do remetente virá seu e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio
sucesso com o destinatário. Será preciso conhecer os caráter público desses atos e comunicações; de outro,
códigos de comportamento deste para que a mensagem de sua finalidade.
surta efeito. As comunicações que partem dos órgãos públicos
federais devem ser compreendidas por todo e qualquer
Tipos de Correspondência cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que
Quando se fala de correspondência, pensa-se logo evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados
em uma simples carta, em mensagem escrita para trata- grupos. Não há dúvida que um texto marcado por
se de assuntos íntimos entre pessoas cujas relações são expressões de circulação restrita, como a gíria, os
bastante estreitas. Contudo a carta hoje tornou outros regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua
rumos, não perdendo suas características especiais. A compreensão dificultada.
correspondência tomou rumos diferentes, em diversas A língua escrita, como a falada, compreende
áreas. Pode ser utilizada no estabelecimento de contatos diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça.
utilitários, como os de um industrial e seus compradores, O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter
ou os que dizem respeito à comunicação comercial, impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo
bancária, judicial e de tantas instituições sociais. de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão
Usualmente, divide-se a correspondência em: culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é
a) Particular: quando é trocada entre pessoas mais aquele em que:
ou menos íntimas, sobre assuntos da vida priva- Observam-se as regras da gramática formal;
da, tais como notícias do quotidiano, da família, Emprega-se um vocabulário comum ao conjunto dos
de viagens, agradecimentos, convites, pêsames. A usuários do idioma.
espécie mais particular de todas é a chamada carta É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso
de amor, onde se expressam as nuanças do senti- do padrão culto na redação oficial decorre do fato de
mento mais humano de todos. que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas
b) Comercial: que inclui toda espécie de cartas e do- ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das
cumentos ligados a transações comerciais, indus- idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão,
triais e também financeiras, tais como assuntos que se atinja a pretendida compreensão por todos os
bancários, investimentos, empréstimos, câmbios, cidadãos.
etc. Lembrar-se que o padrão culto nada tem contra
c) Oficial: quando provém de instituições do serviço a simplicidade de expressão, desde que não seja
público, tanto civis como militares, ou a elas se di- confundida com pobreza de expressão. De nenhuma
rige. Abrange atos dos poderes legislativo, execu- forma o uso do padrão culto implica emprego de
tivo e judiciário, requerimento dos cidadãos, avisos linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos
à população, etc. sintáticos e figuras de linguagem própria da língua
literária.
Por vezes, é difícil distinguir o tipo de determinadas Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
cartas, quando seu assunto concerne a duas esferas sociais um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
diversas, como uma carta de um cidadão, solicitando um padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro
favor comercial a um amigo pertencente a essa área de que haverá preferência pelo uso de determinadas
atividades. A distinção recomendável é utilizar nas cartas expressões, ou será obedecida certa tradição no
particulares uma linguagem mais espontânea, mais rica emprego das formas sintáticas, mas isso não implica,
em calor humano (salvo em comunicados impressos, necessariamente, que se consagre a utilização de uma
tais como convites, participações, que serão lidos não forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático,
só pelos interessados, mas por outras pessoas fora do como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre
círculo de amizade do remetente), deixando para as sua compreensão limitada.
cartas comerciais o estilo utilitário, direto, sem apelar para Os atos administrativos são classificados como:
aspectos afetivos, e para cartas ou documentos oficiais
reservar uma formulação impessoal, mais distanciada e ATOS DE CORRESPONDÊNCIA
formal, que veicule a mensagem de forma clara, mas sem Aviso: Comunicação pela qual os titulares de órgãos,
pessoalizá-la. Dessa forma, um pedido a um governador entidades e presidentes de comissões da Administração
de Estado, por exemplo, sempre se fará mencionando-se do Município comunicam ao público assunto de seu
o cargo e não familiarmente o “prezado fulano”. interesse e solicitam a sua participação.
LÍNGUA PORTUGUESA

Carta: Forma de correspondência por meio da qual


Atos Oficiais os dirigentes da Administração Municipal se dirigem a
Os atos oficiais são entendidos como atos de caráter personalidades e entidades públicas e particulares para
normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos tratar de assunto oficial.
cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos Circular: Correspondência oficial de igual teor,
públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração expedida por dirigentes de órgãos e entidades e chefes
for empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá de unidades administrativas a vários destinatários.

90
Exposição de Motivos: Correspondência por meio da Relatório: Documento em que se relata ao superior
qual os secretários e autoridades de nível hierárquico imediato a execução de trabalhos concernentes a
equivalente expõem assuntos da Administração determinados serviços ou a um período relativo ao
Municipal para serem solucionados por atos do Prefeito. exercício de cargo, função ou desempenho de atribuições.
Quando a exposição de motivos tratar de assuntos
que envolvam mais de uma Secretaria, esta deverá ser ATOS NORMATIVOS
assinada pelos Secretários envolvidos. Decreto: Ato emanado do Poder Público, com força
Além do caráter informativo, a exposição de motivos obrigatória, que se destina a assegurar ou promover a
pode propor medidas ou submeter projeto de ato ordem política, social, jurídica e administrativa. É por
normativo à apreciação da autoridade competente. meio de decretos que o chefe do Governo determina a
Memorando: Correspondência utilizada pelas chefias observância de regras legais.
no âmbito de um mesmo órgão ou entidade para expor Ordem de Serviço: Ato pelo qual os titulares
assuntos referentes a situações administrativas em geral. de Coordenações, Departamentos, Presidentes de
Pode ser usado no mesmo nível hierárquico ou em nível Comissões, além de outras autoridades de nível
hierárquico diferente. hierárquico equivalente, determinam providências a
Mensagem: Instrumento de comunicação oficial do serem cumpridas por unidades orgânicas e/ou servidores
Prefeito para o Presidente da Câmara Municipal, expondo subordinados.
sobre matérias que dependem de deliberação da Câmara. Portaria: Ato pelo qual o Prefeito ou os Secretários
A mensagem versa sobre os seguintes assuntos, entre (por delegação do Prefeito) expedem determinações
outros: encaminhamento de projeto de lei complementar gerais ou especiais a seus subordinados; ou designam
ou financeira; pedido de autorização para o Prefeito e o servidores para substituições eventuais e execução de
Vice-Prefeito se ausentarem do Município por mais de 15 atividades.
dias; encaminhamento das contas referentes ao exercício Resolução: Ato emanado de órgãos colegiados, tendo
anterior; abertura da sessão legislativa; comunicação de como característica fundamental o estabelecimento de
sanção de veto.
normas, diretrizes e orientações para a consecução dos
Ofício: Meio de comunicação utilizado entre
objetivos.
dirigentes de órgãos e entidades e titulares de unidades
É válida para assuntos normativos ou de
da Prefeitura ou ainda destes para com a Administração
reconhecimento de excepcionalidade.
Estadual, Federal e Empresas Privadas.
Edital: Ato de caráter obrigatório, emitido pelos
Telegrama: Forma de correspondência em que são
titulares de órgãos e entidades e presidentes de
transmitidas comunicações de absoluta urgência e com
comissões, que se destina a fixar condições e prazos
reduzido número de palavras, uma vez que a sua principal
para a legitimação de ato ou fato administrativo, a ser
característica é a síntese.
Requerimento – deriva-se do verbo requerer, que, de concretizado pela Administração Municipal.
acordo com seu sentido denotativo, significa solicitar, Regimento: Ato que indica a categoria e a finalidade
pedir, estar em busca de algo. E principalmente, que o dos órgãos e entidades, detalha sua estrutura em unidades
pedido seja deferido, ou seja, aprovado. organizacionais, especifica as respectivas competências,
define as atribuições de seus dirigentes e indica seus
ATOS ENUNCIATIVOS relacionamentos interno e externo. Os regimentos serão
Apostila: Documento que complementa um ato oficial, postos em vigor por decreto do Prefeito, referendado
em geral ligado à vida funcional dos servidores públicos, pelo titular da Secretaria a que diga respeito o ato.
fixando vantagens pecuniárias, retificando ou alterando Regulamento: Ato que explica a execução de uma lei
nomes ou títulos. ou provê situação ainda não disciplinada por lei. Tem sua
O ato deve ser publicado e registrado no assentamento aprovação por decreto do Prefeito.
funcional. É sempre assinado pelo titular do órgão
expedidor. ATOS DE AJUSTE
Despacho: Nota escrita pela qual uma autoridade dá Contrato: Acordo bilateral firmado por escrito entre a
solução a um pedido ou encaminha a outra autoridade administração pública e particulares, vislumbrando, de um
pedido para que decida sobre o assunto. lado, o objeto do acordo, e de outro, a contraprestação
O despacho pode ser interlocutório ou decisório: correspondente (remuneração).
O Interlocutório é breve e baseado em informações Convênio: Acordo firmado por entidades públicas, ou
ou parecer, e consta do corpo do processo (quando entre estas e organizações particulares, para realização
houver). Em geral é manuscrito e assinado pela autoridade de objetivos de interesse comum dos partícipes.
competente, podendo, contudo, ser elaborado e assinado Termo Aditivo: Ato lavrado para complementar um
ato originário - contrato ou convênio - quando verificada
LÍNGUA PORTUGUESA

por outros servidores desde que lhes seja delegada


competência. Nesse caso, inicia-se pela expressão: “De a necessidade de alteração de uma das condições
ordem”. ajustadas.
O decisório defere ou indefere solicitações.
Parecer: Manifestação de órgãos ou entidades sobre ATOS COMPROBATÓRIOS
assuntos submetidos à sua consideração. É um ato Alvará: Documento firmado por autoridade
administrativo usado com mais frequência por conselhos, competente, certificando, autorizando ou aprovando
comissões, assessorias e equivalentes. atos ou direitos.

91
Ata: Documento que registra, com o máximo de 4. Motivo - O motivo ou a causa é a situação de direito
fidelidade, o que se passou em uma reunião, sessão ou de fato que determina ou autoriza a realização
pública ou privada, congresso, encontro, convenção e do ato administrativo. O motivo como elemento
outros eventos, para comprovação, inclusive legal, das integrante da perfeição do ato, pode vir expresso
discussões e resoluções havidas. em lei, como pode ser deixado a critério do admi-
A ata é lavrada por um secretário, indicado pelos nistrador. Em se tratando de motivo vinculado pela
membros da reunião. Sua redação obedece sempre às lei, o agente da administração, ao praticar o ato,
mesmas normas, quer se trate de instituições oficiais ou fica na obrigação de justificar a existência do mo-
entidades particulares. Escreve-se seguidamente, sem tivo, sem o qual o ato será inválido ou pelo menos
rasuras e sem entrelinhas, evitando-se os parágrafos ou invalidável por ausência da motivação.
espaços em branco. 5. Objeto - O objeto do ato administrativo é a criação,
A linguagem utilizada na redação é bastante sumária a modificação ou a comprovação de situações jurí-
e quase sem oportunidade de inovações, exatamente por dicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades
sua característica de simples resumo de fatos. Também, sujeitas à atuação do Poder Público. Neste sentido,
em decorrência disso, os verbos são empregados sempre o objeto identifica-se com o conteúdo do ato e por
no tempo passado e, tanto quanto possível, devem ser meio dele a administração manifesta o seu poder
evitados os adjetivos. Os números fundamentais, datas e a sua vontade ou atesta simplesmente situações
e valores, de preferência, são escritos por extenso. A pré-existentes.
redação deve ser fiel, clara e precisa com relação aos
fatos ocorridos, sem que o relator emita opinião sobre AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
eles. Registra-se, quando for o caso, na ata do dia, as
retificações feitas à anterior. Concordância com os pronomes de tratamento
Para os erros constatados no momento da redação, Os pronomes de tratamento apresentam certas
consoante o tipo de ata, emprega-se a partícula peculiaridades quanto às concordâncias verbal,
nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda
retificativa “digo”. Se forem notados erros após a
pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala), levam
redação, há o recurso da expressão “em tempo”.
a concordância para a terceira pessoa. Os pronomes
Atestado: Documento em que se comprova um fato
Vossa Excelência ou Vossa Senhoria são utilizados para
e se afirma a existência ou inexistência de uma situação
se comunicar diretamente com o receptor.
de direito da qual se tenha conhecimento em favor de
alguém.
#OBS.:
Certidão: Documento oficial onde se transcrevem
Quanto às formas de tratamento não foi alterado
dados de assentamentos funcionais com absoluta nessa última atualização do manual.
precisão.
A certidão deve ser escrita sem abertura de Concordância de gênero
parágrafos, emendas ou rasuras. Quando houver
engano ou omissão, o certificante o corrigirá com Com as formas de tratamento, faz-se a concordância
“digo”, colocado imediatamente após o erro. com o sexo das pessoas a que se referem:
Declaração: Documento de manifestação • Vossa Senhoria está sendo convidado (homem) a
administrativa, declaratório da existência ou não de um assistir ao III Seminário da NOVA.
direito ou de um fato. • Vossa Excelência será informada (mulher) a respeito
das conclusões do III Seminário da NOVA.
Os atos administrativos são compostos pelos
seguintes elementos: Concordância de pessoa
1. Competência - É a condição primeira para a vali-
dade do ato administrativo. Nenhum ato pode ser Embora tenham a palavra “Vossa” na expressão,
realizado validamente sem que o agente disponha as formas de tratamento exigem verbos e pronomes
de poder legal para praticá-lo. referentes a elas na terceira pessoa:
2. Finalidade - É o objetivo de interesse público a atin- • Vossa Excelência solicitou...
gir. Não se compreende ato administrativo sem fim • Vossa Senhoria informou...
público. • Temos a satisfação de convidar Vossa Senhoria e sua
3. Forma - A forma em que se deve exteriorizar o equipe para... Na oportunidade, teremos a honra de
ato administrativo constitui elemento vinculado ouvi-los...
e indispensável à sua perfeição. A inexistência da
forma induz à inexistência do ato administrativo. A pessoa do emissor
A forma normal do ato administrativo é a escrita, O emissor da mensagem, referindo-se a si mesmo,
LÍNGUA PORTUGUESA

embora atos existam consubstanciados em ordens poderá utilizar a primeira pessoa do singular ou a primeira
verbais, e até mesmo em sinais convencionais, do plural (plural de modéstia). Não pode, no entanto,
como ocorre com as instruções momentâneas de misturar as duas opções ao longo do texto:
superior a inferior hierárquico, com as determi- • Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência...
nações da polícia em casos de urgência e com a • Temos a honra de comunicar a Vossa Excelência...
sinalização do trânsito. No entanto, a rigor, o ato • Cabe-me ainda esclarecer a Vossa Excelência...
escrito em forma legal não se exporá à invalidade. • Cabe-nos ainda esclarecer a Vossa Excelência...

92
Emprego de Vossa (Excelência, Senhoria, etc.) Sua A polidez se manifesta no emprego de fórmulas
(Excelência, Senhoria, etc.) de cortesia (“Tenho a honra de encaminhar” e não,
• Vossa (Excelência, Senhoria, etc.), é tratamento simplesmente, “Encaminho...”; “Tomo a liberdade de
direto - usa-se para dirigir-se a pessoa com quem se fala, sugerir...” em vez de, simplesmente, “Sugiro...”); no
ou a quem se dirige a correspondência (equivale a você): cuidado de evitar frases agressivas ou ásperas (até
Na expectativa do atendimento do que acaba de ser uma carta de cobrança pode ter seu tom amenizado,
fazendo-se menção, por exemplo, a um possível
solicitado, apresento a Vossa Senhoria nossas atenciosas
esquecimento...); no emprego adequado das formas de
saudações.
tratamento, dispensando sempre atenção respeitosa a
• Sua (Excelência, Senhoria, etc.): em relação à superiores, colegas e subalternos.
pessoa de quem se fala (equivale a ele fala): Na abertura No que diz respeito à utilização das formas de
do Seminário, Sua Excelência o Senhor Reitor da PUCRS tratamento e endereçamento, deve-se considerar não
falou sobre o Plano Estratégico. apenas a área de atuação da autoridade (universitária,
judiciária, religiosa, etc.), mas também a posição
Abreviatura das formas de tratamento hierárquica do cargo que ocupa.
A forma por extenso demonstra maior respeito, maior Breve História dos Pronomes de Tratamento
deferência, sendo de rigor em correspondência dirigida O uso de pronomes e locuções pronominais de
ao Presidente da República. Fique claro, no entanto, tratamento tem larga tradição na língua portuguesa.
que qualquer forma de tratamento pode ser escrita por De acordo com Said Ali, após serem incorporados ao
extenso, independentemente do cargo ocupado pelo português os pronomes latinos tue vos, “como tratamento
destinatário. direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”,
passou-se a empregar, como expediente linguístico de
distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
Vossa Magnificência tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue
É assim que manuais mais antigos de redação ensinam o autor:
a tratar os reitores de universidades. Uma forma muito “Outro modo de tratamento indireto consistiu em
cerimoniosa, empolada, difícil de escrever e pronunciar, fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade
e em desuso. Já não existe hoje em dia distanciamento eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela
tão grande entre a pessoa do reitor e o corpo docente própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei
e discente. É, pois, perfeitamente aceita hoje em dia a com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...);
fórmula >Vossa Excelência (V. Exa.). A invocação pode ser assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
simplesmente Senhor Reitor, Excelentíssimo Senhor Reitor. adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”
Pronomes de Tratamento A partir do final do século XVI, esse modo de
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento indireto já estava em voga também para
os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê
tratamento tem larga tradição na língua portuguesa.
evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E
De acordo com Said Ali, após serem incorporados ao o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa
português os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento tradição que provém o atual emprego de pronomes de
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia à palavra”, tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às
passou-se a empregar, como expediente linguístico de autoridades civis, militares e eclesiásticas.
distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue Concordância com os Pronomes de Tratamento
o autor: Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à
fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade concordância verbal, nominal e pronominal. Embora
eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com
própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação),
com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); levam a concordância para a terceira pessoa. É que o
verbo concorda com o substantivo que integra a locução
assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o
adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
substituto»; «Vossa Excelência conhece o assunto».
vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos
A partir do final do século XVI, esse modo de a pronomes de tratamento são sempre os da terceira
tratamento indireto já estava em voga também para pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto» (e não
os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê «Vossa ... vosso...”).
evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes,
LÍNGUA PORTUGUESA

o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da
tradição que provém o atual emprego de pronomes de pessoa a que se refere, e não com o substantivo que
tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for
autoridades civis, militares e eclesiásticas. homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”,
Umas das características do estilo da correspondência “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher,
oficial e empresarial é a polidez, entendida como o ajusta- “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve
mento da expressão às normas de educação ou cortesia. estar satisfeita”.

93
Emprego dos Pronomes de Tratamento Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
tratamento adota a segunda pessoa do plural, de maneira Nacional,
indireta, para referenciar atributos da pessoa à qual se Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo
dirige. Na redação oficial, é necessário atenção para o Tribunal Federal.
uso dos pronomes de tratamento em três momentos
distintos: no endereçamento, no vocativo e no corpo As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
do texto. No vocativo, o autor dirige-se ao destinatário Senhor, seguido do cargo respectivo:
no início do documento. No corpo do texto, pode-se Senhor Senador,
empregar os pronomes de tratamento em sua forma Senhor Juiz,
abreviada ou por extenso. O endereçamento é o texto Senhor Ministro,
utilizado no envelope que contém a correspondência Senhor Governador,
oficial. No envelope, o endereçamento das comunicações
Vocativo dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência,
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas terá a seguinte forma:
comunicações oficiais, o vocativo será sempre seguido
de vírgula. A Sua Excelência o Senhor
Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, Fulano de Tal
utiliza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou Ministro de Estado da Justiça
Excelentíssima Senhora e o cargo respectivo, seguidos 70.064-900 – Brasília. DF
de vírgula.
A Sua Excelência o Senhor
FIQUE ATENTO! Senador Fulano de Tal
Aqui temos outra mudança. Senado Federal
O manual atualizado traz a possibilidade de se 70.165-900 – Brasília. DF
utilizar o vocativo “prezado/a”, quando o oficio
estiver sendo direcionado para PARTICULAR. Senhor Ministro,
Senhor Governador... (para autoridades) Submeto a Vossa Excelência projeto (...)
Prezado fulano de tal... (para particular)
Em comunicações oficiais, ESTÁ ABOLIDO O USO
DO TRATAMENTO DIGNÍSSMO (DD), às autoridades
Como visto, o emprego destes obedece a secular arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto
tradição. São de uso consagrado: para que se ocupe qualquer cargo público, sendo
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: desnecessária sua repetida evocação.
Vossa Senhoria é empregado para as demais
a) do Poder Executivo; autoridades e para particulares. O vocativo adequado
Presidente da República; e o endereçamento que deve constar no envelope são:
Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado; Ao Senhor
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Fulano de Tal
Distrito Federal; Rua ABC, no 123
Oficiais-Generais das Forças Armadas; 70.123 – Curitiba. PR
Embaixadores;
Secretários-Executivos de Ministérios e demais Senhor Fulano de Tal,
ocupantes de cargos de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Escrevo a Vossa Senhoria (...)
Prefeitos Municipais. Como se depreende do exemplo acima, FICA
b) do Poder Legislativo: DISPENSADO O EMPREGO DO SUPERLATIVO
Deputados Federais e Senadores; ILUSTRÍSSIMO para as autoridades que recebem o
Ministro do Tribunal de Contas da União; tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É
Deputados Estaduais e Distritais; suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Acrescente-se que DOUTOR NÃO É FORMA DE
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. TRATAMENTO, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o
c) do Poder Judiciário: apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham
Ministros dos Tribunais Superiores; tal grau por terem concluído curso universitário de
LÍNGUA PORTUGUESA

Membros de Tribunais; doutorado. É costume indevido designar por doutor


Juízes; os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e
em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor
d) outros: Auditores da Justiça Militar. confere a desejada formalidade às comunicações.
O vocativo a ser empregado em comunicações Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência,
dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, empregada por força da tradição, em comunicações
seguido do cargo respectivo: dirigidas a reitores de universidade.

94
Corresponde-lhe o vocativo:

Magnífico Reitor,

Agradeço a Vossa Magnificência por (...)

Os pronomes de tratamento e vocativos para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são:
Em comunicações dirigidas ao Papa:

Santíssimo Padre,

Rogo a Vossa Santidade que (...)

Em comunicações aos Cardeais:


Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,

Rogo a Vossa Eminência ( Reverendíssima ) que (...)

Em comunicações a Arcebispos e Bispos:


Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Arcebispo / Bispo,

Rogo a Vossa Excelência Reverendíssima que (...)

Em comunicações a Monsenhores, Côneco e superiores religiosos:


Reverendíssimo Senhor Monsenhor / Cônego / Superior religioso

Rogo a Vossa ( Senhoria ) Reverendíssima que (...)

Em comunicações a Sacerdotes, Clérigos e Demais religiosos:


Reverendo Sacerdote / Clérigo / Demais religiosos,

Rogo a Vossa Reverência que (...)

Veja o quadro a seguir, que:


• Agrupa as autoridades em universitárias, judiciárias, militares, eclesiásticas, monárquicas e civis;
• Apresenta os cargos e as respectivas fórmulas de tratamento (por extenso, abreviatura singular e plural);
• Indica o vocativo correspondente e a forma de endereçamento.

Autoridades Universitárias

Cargo ou
Por Extenso Abreviatura Singular Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Função
Ao Magnífico Reitor
V. Mag.as ou V. Magnífico Reitor
ou
Magas.
Vossa Magnificência
V. Mag.ª ou V. Maga. ou
Reitores ou Ao Excelentíssimo
V. Exa. ou V. Ex.ª ou
Vossa Excelência Senhor Reitor
Excelentíssimo
Nome
V.Ex.as ou V.Exas. Senhor Reitor
Cargo
Endereço
Ao Excelentíssimo
Excelentíssimo Senhor Vice-Reitor
LÍNGUA PORTUGUESA

Vice-Reitores Vossa Excelência V.Ex.ª, ou V.Exa. V.Ex.as ou V. Exas. Senhor Vice- Nome
Reitor Cargo
Endereço
Assessores
Ao Senhor
Pró-Reitores
V.S.ª ou Nome
Diretores Vossa Senhoria V.S.as ou V.Sas. Senhor + cargo
V.Sa. Cargo
Coord. de
Endereço
Departamento

95
Autoridades Judiciárias

Abreviatura Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Vocativo Endereçamento
Singular Plural
Auditores
Curadores
Defensores Públicos
Ao Excelentíssimo Senhor
Desembargadores
Vossa V.Ex.as ou V. Excelentíssimo Nome
Membros de Tribunais V.Ex.ª ou V. Exa.
Excelência Exas. Senhor + cargo Cargo
Presidentes de
Endereço
Tribunais
Procuradores
Promotores
Ao Meritíssimo Senhor Juiz
Meritíssimo
Meritíssimo Senhor Juiz ou
Juiz
M.Juiz ou V.Ex.ª, V.
Juízes de Direito ou V.Ex.as ou Ao Excelentíssimo Senhor
Exas.
Vossa Juiz
Excelência Excelentíssimo Nome
Senhor Juiz Cargo
Endereço

Autoridades Militares

Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
Ao Excelentíssimo Senhor
Oficiais Generais Vossa Excelentíssimo Nome
V.Ex.ª ou V. Exa. V.Ex. , ou V. Exas.
as
(até Coronéis) Excelência Senhor Cargo
Endereço
Ao Senhor
Vossa Nome
Outras Patentes V.S.ª ou V. Sa. V.S.as ou V. Sas. Senhor + patente
Senhoria Cargo
Endereço

Autoridades Eclesiásticas

Abreviatura
Cargo ou unção Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
A Sua Excelência
Reverendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev. ou V.
ma
V.Ex. Rev. ou V.
as mas
Excelentíssimo
Arcebispos Nome
Reverendíssima Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Excelência
Reverendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev.maou V. V.Ex.asRev.mas ou V. Excelentíssimo
Bispos Nome
Reverendíssima Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Eminência
Vossa Eminência V.Em.ª, V. Ema. V.Em.as, V. Emas. Eminentíssimo
Reverendíssima
ou Vossa ou ou Reverendíssimo
Cardeais Nome
Eminência V.Em.ª Rev.ma, V. V.EmasRev.mas ou V. ou Eminentíssimo
LÍNGUA PORTUGUESA

Cargo
Reverendíssima Ema. Revma. Emas. Revmas. Senhor Cardeal
Endereço
Ao Reverendíssimo
Cônego
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Cônegos Nome
Reverendíssima ou V. Revma. V. Revmas. Cônego
Cargo
Endereço

96
Ao Reverendíssimo
Frade
Vossa V. Rev.ma
V. Rev.
mas
Reverendíssimo
Frades Nome
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Frade
Cargo
Endereço
A Reverendíssima Irmã
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo Nome
Freiras
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Irmã Cargo
Endereço
Ao Reverendíssimo
Monsenhor
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Monsenhores Nome
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Monsenhor
Cargo
Endereço
A Sua Santidade o
Papa Vossa Santidade V.S. - Santíssimo Padre
Papa
Ao Reverendíssimo
Padre / Pastor
ou
Sacerdotes em Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendo Padre / Ao Reverendo Padre /
geral e pastores Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Pastor Pastor
Nome
Cargo
Endereço

Autoridades Monárquicas

Cargo ou Abreviatura Abreviatura


Por Extenso Vocativo Endereçamento
Função Singular Plural
A Sua Alteza Real
Nome
Arquiduques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome
Duques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Vossa Nome
Imperadores V.M. VV. MM. Majestade
Majestade Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome
Príncipes Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Vossa Nome
Reis V.M. VV. MM. Majestade
Majestade Cargo
Endereço

Autoridades Civis

Abreviatura Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Vocativo Endereçamento
Singular Plural
LÍNGUA PORTUGUESA

97
Chefe da Casa Civil e da

Casa Militar

Cônsules

Deputados

Embaixadores

Governadores Ao Excelentíssimo
Senhor
Vossa V.Ex.ª ou V.Ex.
as
Excelentíssimo
Ministros de Estado Nome
Excelência V. Exa. ou V. Exas. Senhor + Cargo
Cargo
Prefeitos Endereço

Presidentes da
República

Secretários de Estado

Senadores

Vice-Presidentes de
Repúblicas
Ao Senhor
Demais autoridades
Vossa V.S.ª ou V.S.as Nome
não contempladas com Senhor + Cargo
Senhoria V. Sa. ou V. Sas. Cargo
tratamento específico
Endereço

Forma de Diagramação
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação:

FIQUE ATENTO!
- conforme as ultimas mudanças no manual de redação oficial, deve ser utilizada fonte do tipo Calibri ou
Carlito (antes era a Times New Roman), de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de
rodapé;
- é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as
margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo 3,0 cm de largura;
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo,
bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada
apenas para gráficos e ilustrações;
- todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser impressos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7
x 21,0 cm;
- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
LÍNGUA PORTUGUESA

posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;


- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do
documento + número do documento + palavraschave do conteúdo.

98
Fechos para Comunicações A diagramação proposta para esse expediente é
O fecho das comunicações oficiais possui, além denominada padrão ofício.
da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar A seguir, será apresentada a estrutura do padrão
o destinatário. Os modelos para fecho que vinham ofício, de acordo com a ordem com que cada elemento
sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do aparece no documento oficial.
Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze
padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá- Partes do documento no padrão ofício
los, este Manual estabelece o emprego de somente
Cabeçalho
dois fechos diferentes para todas as modalidades de
O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página
comunicação oficial:
do documento, centralizado na área determinada pela
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente formatação.
da República: No cabeçalho deverão constar os seguintes
Respeitosamente, elementos:
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de a) brasão de Armas da República: no topo da página.
hierarquia inferior: Não há necessidade de ser aplicado em cores. O uso de
Atenciosamente, marca da instituição deve ser evitado na correspondência
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações oficial para não se sobrepor ao Brasão de Armas da
dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a República.
rito e tradição próprios, devidamente disciplinados no b) nome do órgão principal;
Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores. c) nomes dos órgãos secundários, quando
necessários, da maior para a menor hierarquia; e
Identificação do Signatário d) espaçamento: entrelinhas simples (1,0).
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente
da República, todas as demais comunicações oficiais Exemplo:
devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as
expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da
identificação deve ser a seguinte:

(espaço para assinatura)


Nome
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

(espaço para assinatura)


Nome
Ministro de Estado da Justiça
Os dados do órgão, tais como endereço, telefone,
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrônico
assinatura em página isolada do expediente. Transfira oficial da instituição, podem ser informados no rodapé
para essa página ao menos a última frase anterior ao do documento, centralizados.
fecho. 5.1.2 Identificação do expediente
Os documentos oficiais devem ser identificados da
O Padrão Ofício seguinte maneira:
Antes das ultimas alterações do Manual de Redação, a) nome do documento: tipo de expediente por ex-
tenso, com todas as letras maiúsculas;
tínhamos 3 tipos de expediente: Ofício, Aviso e
b) indicação de numeração: abreviatura da palavra
Memorando.
“número”, padronizada como No;
A distinção básica anterior entre os três era: c) informações do documento: número, ano (com
a) aviso: era expedido exclusivamente por Ministros quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expede
de Estado, para autoridades de mesma hierarquia; o documento, da menor para a maior hierarquia,
b) ofício: era expedido para e pelas demais separados por barra (/); e
autoridades; e d) alinhamento: à margem esquerda da página.
c) memorando: era expedido entre unidades
administrativas de um mesmo órgão. Exemplo:
OFÍCIO N° 652/2018/SAA/SE/MT

Local e data do documento


LÍNGUA PORTUGUESA

FIQUE ATENTO!
Na grafia de datas em um documento, o conteúdo
De acordo com essas alterações, os tipos
deve constar da seguinte forma:
memorando e aviso foram abolidos e passou- a) composição: local e data do documento;
se a utilizar o termo ofício nas três hipóteses. b) informação de local: nome da cidade onde foi ex-
pedido o documento, seguido de vírgula. Não se
deve utilizar a sigla da unidade da federação de-
pois do nome da cidade;

99
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o pri- Assunto
meiro dia do mês e em numeração cardinal para O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o
os demais dias do mês. Não se deve utilizar zero à documento, de forma sucinta.
esquerda do número que indica o dia do mês; Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minús- a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase
cula; que define o conteúdo do documento, seguida de
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; e dois-pontos;
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à b) descrição do assunto: a frase que descreve o con-
margem direita da página. teúdo do documento deve ser escrita com inicial
maiúscula, não se deve utilizar verbos e sugere-se
Exemplo: utilizar de quatro a cinco palavras;
Brasília, 2 de fevereiro de 2018. c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclu-
sive o título, deve ser destacado em negrito;
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assun-
Endereçamento to; e
O endereçamento é a parte do documento que e) alinhamento: à margem esquerda da página.
informa quem receberá o expediente.
Nele deverão constar os seguintes elementos: Exemplos:
a) vocativo: na forma de tratamento adequada para Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão
quem receberá o expediente; julho/2018.
b) nome: nome do destinatário do expediente; Assunto: Aquisição de computadores.
c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
d) endereço: endereço postal de quem receberá o Texto do documento
expediente, dividido em duas linhas: O texto do documento oficial deve seguir a seguinte
primeira linha: informação de localidade/logradouro padronização de estrutura:
do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão, I – nos casos em que não seja usado para
informação do setor; encaminhamento de documentos, o expediente deve
segunda linha: CEP e cidade/unidade da federação, conter a seguinte estrutura:
separados por espaço simples. Na separação entre a) introdução: em que é apresentado o objetivo da
cidade e unidade da federação pode ser substituída a comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a hon-
barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso de ofício ao ra de, Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que.
mesmo órgão, não é obrigatória a informação do CEP, Prefira empregar a forma direta: Informo, Solicito,
podendo ficar apenas a informação da cidade/unidade Comunico;
da federação; e b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado;
e) alinhamento: à margem esquerda da página. se o texto contiver mais de uma ideia sobre o as-
sunto, elas devem ser tratadas em parágrafos dis-
O pronome de tratamento no endereçamento das tintos, o que confere maior clareza à exposição; e
comunicações dirigidas às autoridades tratadas por c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o
Vossa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência assunto.
o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
Quando o tratamento destinado ao receptor for II – quando forem usados para encaminhamento de
Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é “Ao documentos, a estrutura é modificada:
Senhor” ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se utiliza a a) introdução: deve iniciar com referência ao expe-
expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou “A Sua Senhoria diente que solicitou o encaminhamento. Se a re-
a Senhora”. messa do documento não tiver sido solicitada,
deve iniciar com a informação do motivo da co-
Exemplos: municação, que é encaminhar, indicando a seguir
os dados completos do documento encaminhado
A Sua Excelência o Senhor À Senhora (tipo, data, origem ou signatário e assunto de que
Ao Senhor se trata) e a razão pela qual está sendo encami-
[Nome] [Nome] nhado; e
[Nome]
Ministro de Estado da Justiça Diretora de Exemplos:
Gestão de Pessoas Chefe da Seção de Em resposta ao Ofício n o 12, de 1o de fevereiro de
LÍNGUA PORTUGUESA

Compras 2018, encaminho cópia do Ofício no 34, de 3 de abril de


Esplanada dos Ministérios Bloco T SAUS Q. 3 2018, da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, que
Lote 5/6 Ed Sede I Diretoria de Material, trata da requisição do servidor Fulano de Tal.
Seção Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia do
70064-900 Brasília/DF 70070-030 Ofício no 12, de 1o de fevereiro de 2018, do Presidente da
Brasília. DF Brasília — DF Confederação Nacional da Indústria, a respeito de projeto
de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.

100
b) desenvolvimento: se o autor da comunicação de- a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado
sejar fazer algum comentário a respeito do docu- em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa li-
mento que encaminha, poderá acrescentar pará- nha acima do nome do signatário;
grafos de desenvolvimento. Caso contrário, não b) cargo: cargo da autoridade que expede o docu-
há parágrafos de desenvolvimento em expediente mento, redigido apenas com as iniciais maiúscu-
usado para encaminhamento de documentos. las. As preposições que liguem as palavras do car-
go devem ser grafadas em minúsculas; e
III – tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o texto c) alinhamento: a identificação do signatário deve
do documento deve ser formatado da seguinte maneira: ser centralizada na página.
a) alinhamento: justificado; Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a
b) espaçamento entre linhas: simples; assinatura em página isolada do expediente. Transfira
c) parágrafos: para essa página ao menos a última frase anterior ao
- espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
fecho.
cada parágrafo;
- recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem
Exemplo:
esquerda;
(espaço para assinatura)
- numeração dos parágrafos: apenas quando o
documento tiver três ou mais parágrafos, desde o NOME
primeiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e o Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência
fecho; da República
d) fonte: Calibri ou Carlito; (espaço para assinatura)
- corpo do texto: tamanho 12 pontos; NOME
- citações recuadas: tamanho 11 pontos; e Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas
- notas de Rodapé: tamanho 10 pontos;
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fon- Numeração das páginas
tes indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e A numeração das páginas é obrigatória apenas a
Wingdings; partir da segunda página da comunicação.
Ela deve ser centralizada na página e obedecer à
Fechos para comunicações seguinte formatação:
O fecho das comunicações oficiais objetiva, além a) posição: no rodapé do documento, ou acima da
da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o área de 2 cm da margem inferior; e
destinatário. Os modelos para fecho anteriormente b) fonte: Calibri ou Carlito.
utilizados foram regulados pela Portaria no 1, de 1937,
do Ministério da Justiça, que estabelecia quinze padrões. Formatação e apresentação
Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los, este Os documentos do padrão ofício devem obedecer à
Manual estabelece o emprego de somente dois fechos seguinte formatação:
diferentes para todas as modalidades de comunicação a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
oficial: b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de lar-
a) Para autoridades de hierarquia superior a do reme- gura;
tente, inclusive o Presidente da República: Respei- c) margem lateral direita: 1,5 cm;
tosamente, d) margens superior e inferior: 2 cm;
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierar-
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a par-
quia inferior ou demais casos: Atenciosamente,
tir da margem superior do papel;
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do
dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito
documento;
e tradição próprios.
g) impressão: na correspondência oficial, a impres-
O fecho da comunicação deve ser formatado da são pode ocorrer em ambas as faces do papel.
seguinte maneira: Nesse caso, as margens esquerda e direita terão
a) alinhamento: alinhado à margem esquerda da pá- as distâncias invertidas nas páginas pares (mar-
gina; gem espelho);
b) recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta
esquerda; em papel branco, reservando-se, se necessário, a
c) espaçamento entre linhas: simples; impressão colorida para gráficos e ilustrações;
i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem
LÍNGUA PORTUGUESA

d) espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após


cada parágrafo; e abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com
e) não deve ser numerado. uso de itálico, sublinhado, letras maiúsculas, som-
breado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra
Identificação do signatário forma de formatação que afete a sobriedade e a
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente padronização do documento;
da República, todas as demais comunicações oficiais j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem
devem informar o signatário segundo o padrão: ser grafadas em itálico;

101
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado
para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, preferencial-
mente, formato de arquivo que possa ser lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no serviço
público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira:
tipo do documento + número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do con-
teúdo

Exemplo:
Ofício 123_2018_relatório produtividade anual

Seguem exemplos de Ofício:


LÍNGUA PORTUGUESA

102
LÍNGUA PORTUGUESA

103
LÍNGUA PORTUGUESA

104
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos de documentos

FIQUE ATENTO!
Como vimos acima, os tipos memorando e aviso foram abolidos e passou-se a utilizar o termo ofício para todos
os tipos, porém, conforme as alterações do manual, esse ofício pode apresentar algumas variações.

105
Essa variação não é obrigatória: PODE-SE acrescentar- As Exposições de Motivos que encaminham
se um “sobrenome” ao oficio. Vejamos abaixo as possíveis proposições normativas devem seguir o prescrito no
variações: Decreto nº 9.191, de 1º de novembro de 2017. Em
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico
órgão envia o mesmo expediente para mais de um e parecer de mérito que permitam a adequada avaliação
órgão receptor. A sigla na epígrafe será apenas do da proposta.
órgão remetente. O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191,
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando de 2017, nas exposições de motivos que proponham a
mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo edição de ato normativo, tem como propósito:
expediente para um único órgão receptor. As si- a) permitir a adequada reflexão sobre o problema
glas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe. que se busca resolver;
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: b) ensejar avaliação das diversas causas do problema
Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, e dos efeitos que podem ter a adoção da medida
o mesmo expediente para mais de um órgão re- ou a edição do ato, em consonância com as ques-
ceptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão tões que devem ser analisadas na elaboração de
na epígrafe. proposições normativas no âmbito do Poder Exe-
Exemplos: cutivo;
OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC c) conferir transparência aos atos propostos;
OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ d) resumir os principais aspectos da proposta; e
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/ e) evitar a devolução a proposta de ato normativo
MJ/MRE para complementação ou reformulação da pro-
posta.
Nos expedientes circulares, por haver mais de um
receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as A exposição de motivos é a principal modalidade
siglas ou nomes dos órgãos que receberão o expediente. de comunicação dirigida ao Presidente da República
pelos ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser
Exposição de Motivos encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder
Judiciário.
Definição e finalidade
Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido
ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:
a) propor alguma medida;
b) submeter projeto de ato normativo à sua conside-
ração; ou
c) informá-lo de determinado assunto.
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
República por um Ministro de Estado. Nos casos em
que o assunto tratado envolva mais de um ministério,
a exposição de motivos será assinada por todos os
ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de
interministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um
autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica
das exposições de motivos é única. A numeração começa
e termina dentro de um mesmo ano civil.

Forma e estrutura
As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:
a) apontar, na introdução: o problema que demanda
a adoção da medida ou do ato normativo propos-
to; ou informar ao Presidente da República algum
assunto;
b) indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela
medida ou de aquele ato normativo ser o ideal
para se solucionar o problema e as eventuais alter-
LÍNGUA PORTUGUESA

nativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer


mais detalhes sobre o assunto informado, quando
for esse o caso; e
c) na conclusão: novamente, propor a medida a ser
tomada ou o ato normativo a ser editado para so-
lucionar o problema; ou apresentar as considera-
ções finais no caso de EMs apenas informativas.

106
Exemplo de exposição de motivos:

LÍNGUA PORTUGUESA

107
#FicaDica
A exposição de motivos deve estar adequados ao sistema SIDOF (Sistema de Geração e Tramitação de Do-
cumentos Oficiais)
LÍNGUA PORTUGUESA

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a
elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos
com as propostas de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, são substituídos pela assinatura eletrônica que
informa o nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico
da Pasta.

108
Mensagem O curriculum vitae do indicado, assinado, com a
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial informação do número de Cadastro de Pessoa Física,
entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente acompanha a mensagem.
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo
ao Poder Legislativo para informar sobre fato da d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-
administração pública; para expor o plano de governo por -Presidente da República se ausentarem do país
ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter por mais de 15 dias:
ao Congresso Nacional matérias que dependem de Trata-se de exigência constitucional (Constituição,
deliberação de suas Casas; para apresentar veto; enfim, art. 49, caput, inciso III e art. 83), e a autorização é
fazer comunicações do que seja de interesse dos Poderes da competência privativa do Congresso Nacional. O
Públicos e da Nação. Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia,
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz
ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-
caberá a redação final. lhes mensagens idênticas.

As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao e) Encaminhamento de atos de concessão e de reno-


Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: vação de concessão de emissoras de rádio e TV:
A obrigação de submeter tais atos à apreciação do
a) Encaminhamento de proposta de emenda consti- Congresso Nacional consta no inciso XII do caput do
tucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de art. 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos
lei complementar e os que compreendem plano legais a outorga ou a renovação da concessão após
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos deliberação do Congresso Nacional (Constituição, art.
anuais e créditos adicionais: 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem a urgência
Os projetos de lei ordinária ou complementar são prevista na Constituição, art. 64, uma vez que o § 1o do
enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de
art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato
urgência (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). O projeto pode
de outorga ou renovação, acompanha a mensagem o
ser encaminhado sob o regime normal e, mais tarde, ser
correspondente processo administrativo.
objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício
membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada
anterior:
com ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil
O Presidente da República tem o prazo de 60 dias
da Presidência da República ao Primeiro-Secretário
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua após a abertura da sessão legislativa para enviar ao
tramitação (Constituição, art. 64, caput). Congresso Nacional as contas referentes ao exercício
Quanto aos projetos de lei que compreendem plano anterior (Constituição, art. 84, caput, inciso XXIV),
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e para exame e parecer da Comissão Mista permanente
créditos adicionais, as mensagens de encaminhamento (Constituição, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos
dirigem-se aos membros do Congresso Nacional, e Deputados realizar a tomada de contas (Constituição,
os respectivos ofícios são endereçados ao Primeiro- art. 51, caput, inciso II) em procedimento disciplinado
Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da no art. 215 do seu Regimento Interno.
Constituição impõe a deliberação congressual em sessão
conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento g) Mensagem de abertura da sessão legislativa:
comum”. E, à frente da Mesa do Congresso Nacional, está Deve conter o plano de governo, exposição sobre
o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § a situação do País e a solicitação de providências que
5o), que comanda as sessões conjuntas. julgar necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI).
O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
b) Encaminhamento de medida provisória: Presidência da República. Esta mensagem difere das
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da demais, porque vai encadernada e é distribuída a todos
Constituição, o Presidente da República encaminha os congressistas em forma de livro.
Mensagem ao Congresso, dirigida a seus Membros, com
ofício para o Primeiro-Secretário do Senado Federal, h) Comunicação de sanção (com restituição de autó-
juntando cópia da medida provisória. grafos):
Esta mensagem é dirigida aos Membros do
c) Indicação de autoridades: Congresso Nacional, encaminhada por ofício ao
As mensagens que submetem ao Senado Federal Primeiro-Secretário da Casa onde se originaram os
LÍNGUA PORTUGUESA

a indicação de pessoas para ocuparem determinados autógrafos. Nela se informa o número que tomou a
cargos (magistrados dos tribunais superiores, ministros lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos
do Tribunal de Contas da União, presidentes e diretores recebidos, nos quais o Presidente da República terá
do Banco Central, Procurador-Geral da República, chefes aposto o despacho de sanção.
de missão diplomática, diretores e conselheiros de
agências etc.) têm em vista que a Constituição, incisos III
e IV do caput do art. 52, atribui àquela Casa do Congresso
Nacional competência privativa para aprovar a indicação.

109
i) Comunicação de veto:
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a decisão de
vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto é publicado na íntegra no Diário
Oficial da União, ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao Poder
Legislativo.

j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo:


- Apreciação de intervenção federal (Constituição, art. 36, § 2º).
- Encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art.
49, caput, inciso I);
- Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e prestações interestaduais e de exportação
(Constituição, art. 155, § 2o, inciso IV);
- Proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, caput, inciso
VI);
- Pedido de autorização para operações financeiras externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
- Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição, art. 57, § 6o);
- Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da República (Constituição, art. 52, inciso XI, e art. 128,
§ 2o);
- Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84, inciso XIX);
- Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
- Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
- Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);
- Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
- Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
orçamentos anuais e créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5o);
- Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de veto,
emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8o);
- Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art.
188, § 1o).

Forma e estrutura
As mensagens contêm:
a) brasão: timbre em relevo branco
b) identificação do expediente: MENSAGEM No, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com
o recuo de parágrafo dado ao texto;
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signatário.
LÍNGUA PORTUGUESA

110
Exemplo de mensagem:

Correio eletrônico (e-mail)

#FicaDica
Correio eletrônico ainda é o meio mais célere (rápido) de envio de documentos, devendo atentar às
LÍNGUA PORTUGUESA

características de uma correspondência oficial, mesmo sendo ele digital.

A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática comum, não só em âmbito privado, mas também
na administração pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. Dependendo do contexto, pode
significar gênero textual, endereço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica.
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documento oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se
evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.

111
Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores Fecho
públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações
extensão “.gov.br”, por exemplo. oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso
Como sistema de transmissão de mensagens de abreviações como “Att.”, e de outros fechos, como
eletrônicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou- “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente
se na principal forma de envio e recebimento de usados, não são fechos oficiais e, portanto, não devem
documentos na administração pública. ser utilizados em e-mails profissionais.
O correio eletrônico, em algumas situações, aceita
Valor documental uma saudação inicial e um fecho menos formais. No
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de entanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos
24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor deve ser formal, como a que se usaria em qualquer outro
documental, isto é, para que possa ser aceito como documento oficial.
documento original, é necessário existir certificação
digital que ateste a identidade do remetente, segundo Bloco de texto da assinatura
os parâmetros de integridade, autenticidade e validade Sugere-se que todas as instituições da administração
jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – pública adotem um padrão de texto de assinatura. A
ICP-Brasil. assinatura do e-mail deve conter o nome completo, o
O destinatário poderá reconhecer como válido o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
e-mail sem certificação digital ou com certificação digital
fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questionamento, será Exemplo:
obrigatório a repetição do ato por meio documento Maria da Silva
físico assinado ou por meio eletrônico reconhecido pela Assessora
ICP-Brasil. Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
Salvo lei específica, não é dado ao ente público impor (61)XXXX-XXXX
a aceitação de documento eletrônico que não atenda os
parâmetros da ICP-Brasil. Anexos
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e
Forma e estrutura imagens de diversos formatos é uma das vantagens do
Um dos atrativos de comunicação por correio e-mail. A mensagem que encaminha algum arquivo deve
eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo.
padronização da mensagem comunicada. No entanto, Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele é
devem-se observar algumas orientações quanto à sua realmente indispensável e se seria possível colocá-lo no
estrutura. corpo do correio eletrônico.
Deve-se evitar o tamanho excessivo e o
Campo “Assunto” reencaminhamento de anexos nas mensagens de
O assunto deve ser o mais claro e específico possível, resposta.
relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim,
quem irá receber a mensagem identificará rapidamente Os arquivos anexados devem estar em formatos
do que se trata; quem a envia poderá, posteriormente, usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
localizar a mensagem na caixa do correio eletrônico. Quando se tratar de documento ainda em discussão,
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramente o os arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em
conteúdo completo da mensagem para que não pareça, formato que possa ser editado.
ao receptor, que se trata de mensagem não solicitada/
lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um assunto mais Recomendações
preciso seria “Agendamento de reunião sobre a Reforma - Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso
da Previdência”. de confirmação de leitura. Caso não esteja disponível,
deve constar da mensagem pedido de confirmação de
Local e data recebimento;
São desnecessários no corpo da mensagem, uma vez - Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos
que o próprio sistema apresenta essa informação. computadores, mantêm-se a recomendação de tipo de
fonte, tamanho e cor dos documentos oficiais: Calibri ou
Saudação inicial/vocativo Carlito, tamanho 12, cor preta;
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado - Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem
por uma saudação. Quando endereçado para outras ser utilizados, pois não são apropriados para mensagens
instituições, para receptores desconhecidos ou para profissionais, além de sobrecarregar o tamanho da
LÍNGUA PORTUGUESA

particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme os mensagem eletrônica;


demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou - A mensagem do correio eletrônico deve ser
“Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado revisada com o mesmo cuidado com que se revisam
Senhor”, “Prezada Senhora”. outros documentos oficiais;
Exemplos: - O texto profissional dispensa manifestações
Senhor Coordenador, emocionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser
Prezada Senhora, utilizados;

112
- Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das
conversas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
- Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois denota
agressividade de parte do emissor da comunicação.
- Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil e de
logotipos do ente público junto ao texto da assinatura.
- Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor do
destinatário.

FIQUE ATENTO!
Telegrama e Fax - Foram abolidos do Manual de Redação

No Manual de Redação Oficial, temos ainda um capítulo que trata dos ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E
GRAMÁTICA.
Nesta seção aplicam-se os princípios da ortografia e de certos capítulos da gramática à redação oficial. Em sua
elaboração, levou-se em conta amplo levantamento feito das dúvidas mais frequentes com relação à ortografia, à
sintaxe e à semântica. Buscou-se, assim, dotar o Manual de uma parte eminentemente prática, à qual se possa recorrer
sempre que houver incerteza quanto à grafia de determinada palavra, à melhor forma de estruturar uma frase, ou à
adequada expressão a ser utilizada.
As noções gramaticais apresentadas neste capítulo referem-se à gramática formal, entendida como o conjunto de
regras fixado a partir do padrão culto de linguagem. Optou-se, assim, pelo emprego de certos conceitos da Gramática
dita tradicional (ou normativa). A aplicação de conceitos da Gramática gerativa implicaria, forçosamente, em discussão
de teoria linguística, o que não parece apropriado em um Manual que tem óbvia finalidade prática.
Sublinhemos, no entanto, que a Gramática tradicional, ou mesmo toda teoria gramatical, são sempre secundárias
em relação à gramática natural, ao saber intuitivo que confere competência linguística a todo falante nativo. Não há
gramática que esgote o repertório de possibilidades de uma língua, e raras são as que contemplam as regularidades
do idioma.
Saliente-se, por fim, que o mero conhecimento das regras gramaticais não é suficiente para que se escreva bem.
No entanto, o domínio da correção ortográfica, do vocabulário e da maneira de estruturar as frases certamente
contribui para uma melhor redação. Tenha sempre presente que só se aprende ou se melhora a escrita escrevendo.

Ao acessar o link a seguir terá acesso a todo o conteúdo do Manual, podendo assim analisar a parte gramatical
abordada pelo mesmo, sendo que, dentre os conteúdo gramaticais que sugerimos uma atenção maior é o que se refere
ao uso do hífen.
Vamos aqui fazer uma breve abordagem sobre esse assunto e segue o link para análise do conteúdo do Manual na
íntegra:
http://www.licitotus.com.br/manual-de-redacao-oficial-e-atualizado-pela-casa-civil-da-presidencia-da-republica/

Hífen
O hífen é usado em palavras compostas, com pronomes oblíquos e para separar sílabas. Exemplos: abre-alas, pós-
moderno, encantei-lhe, amai-vos, a-le-gri-a, sa-ú-de.

Prefixos e Elementos de Composição


Usa-se o hífen com diversos prefixos e elementos de composição. Veja o quadro a seguir:

Usa-se hífen com os prefixos: Quando a palavra seguinte começa por:


H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Exemplos com H: ante-hipófise,
anti-higiênico, anti-herói,
contra-hospitalar, entre-hostil,
extra-humano, infra-hepático,
Ante-, Anti-, Contra-, Entre-, Extra-, Infra-, Intra-,
sobre-humano, supra-hepático,
LÍNGUA PORTUGUESA

Sobre-, Supra-, Ultra-


ultra-hiperbólico.
Exemplos com vogal idêntica:
anti-inflamatório, contra-ataque,
infra-axilar, sobre-estimar,
supra-auricular, ultra-aquecido.

113
H/R
Exemplos: hiper-hidrose, hiper-raivoso, inter-humano,
Hiper-, Inter-, Super-
inter-racial,
super-homem, super-resistente.
B-H-R
Exemplos: sub-bloco, sub-hepático,
Sub- sub-humano, sub-região.
Obs.: as formas escritas sem hífen e sem “h”, como por
exemplo “subumano” e “subepático” também são aceitas.
B - R - D (Apenas com o prefixo “Ad”)
Exemplos: ab-rogar (pôr em desuso),
Ab-, Ad-, Ob-, Sob- ad-rogar (adotar)
ob-reptício (astucioso), sob-roda
ad-digital
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Ex- (no sentido de estado anterior), Sota-, Soto-, Vice-,
Exemplos: ex-namorada, sota-soberania (não total), soto-
Vizo-
mestre (substituto), vice-reitor, vizo-rei.
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Exemplos: pós-graduação, pré-escolar,
pró-democracia.
Pós-, Pré-, Pró- (tônicos e com significados próprios)
Obs.: se os prefixos não forem autônomos, não haverá
hífen. Exemplos: predeterminado, pressupor, pospor,
propor.
H / M / N / VOGAL
Exemplos: circum-meridiano,
Circum-, Pan- circum-navegação, circum-oral,
pan-americano, pan-mágico,
pan-negritude.
H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Pseudoprefixos (diferem-se dos prefixos por Exemplos com H: geo-histórico,
apresentarem elevado grau de independência e mini-hospital, neo-helênico,
possuírem uma significação mais ou menos delimitada, proto-história, semi-hospitalar.
presente à consciência dos falantes.) Exemplos com vogal idêntica:
Aero-, Agro-, Arqui-, Auto-, Bio-, Eletro-, Geo-, Hidro-, arqui-inimigo, auto-observação,
Macro-, Maxi-, Mega, Micro-, Mini-, Multi-, Neo-, Pluri-, eletro-ótica, micro-ondas,
Proto-, Pseudo-, Retro-, Semi-, Tele- micro-ônibus, neo-ortodoxia,
semi-interno, tele-educação.

#Importante

1) Não se utilizará o hífen em palavras iniciadas pelo prefixo ‘co-’. Ele irá se juntar ao segundo elemento, mesmo
que este se inicie por ‘o’ ou ‘h’. Neste último caso, corta-se o ‘h’. Se a palavra seguinte começar com ‘r’ ou ‘s’, dobram-
se essas letras.
Exemplos: coadministrar, coautor, coexistência, cooptar, coerdeiro corresponsável, cosseno.

2) Com os prefixos pre- e re- não se utilizará o hífen, mesmo diante de palavras começadas por ‹e›.
Exemplos: preeleger, preexistência, reescrever, reedição.

3) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar por r ou
s, estas consoantes serão duplicadas e não se utilizará o hífen.
Exemplos: antirreligioso, antissemita, arquirrivalidade, autorretrato, contrarregra, contrassenso, extrasseco,
infrassom, eletrossiderurgia, neorrealismo, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

FIQUE ATENTO!
Não confunda as grafias das palavras autorretrato e porta-retrato. A primeira é composta pelo prefixo
auto-, o que justifica a ausência do hífen e a duplicação da consoante ‘r’. ‘Porta-retrato’, por outro lado,
não possui prefixo: o elemento ‘porta’ trata-se de uma forma do verbo “portar”. Assim, esse substantivo
composto deve ser sempre grafado com hífen.

114
4) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo Conheça algumas diferenças de significação que o
terminar em vogal e o segundo elemento começar por uso (ou ausência) do hífen pode provocar:
vogal diferente, não se utilizará o hífen.
Exemplos: antiaéreo, autoajuda, autoestrada, Significado com uso
Significado sem uso do hífen
agroindustrial, contraindicação, infraestrutura, do hífen
intraocular, plurianual, pseudoartista, semiembriagado, Ao meio-dia = às 12h
ultraelevado, etc.

5) Não se utilizará o hífen nas formações com os


prefixos des- e in-, nas quais o segundo elemento tiver Meio dia = metade do dia
perdido o “h” inicial.
Exemplos: desarmonia, desumano, desumidificar,
inábil, inumano, etc.

6) Não se utilizará o hífen com a palavra não, ao Pão duro = pão envelhecido
possuir função prefixal.
Exemplos: não violência, não agressão, não
comparecimento. Pão-duro = sovina

Lembre-se:
Não se utiliza o hífen em palavras que possuem os
elementos “bi”, “tri”, “tetra”, “penta”, “hexa”, etc. Cara suja = rosto sujo
Exemplos: bicampeão, bimensal, bimestral, bienal, Cara-suja = espécie de
tridimensional, trimestral, triênio, tetracampeão, periquito
tetraplégico, pentacampeão, pentágono, etc.

Observações:
- Em relação ao prefixo “hidro”, em alguns casos
pode haver duas formas de grafia.
Exemplos:
“Hidroavião” e “hidravião”;
“hidroenergia” e “hidrenergia”
Copo de leite = copo com
- No caso do elemento “socio”, o hífen será utilizado leite Copo-de-leite = flor
apenas quando houver função de substantivo (= de
associado).
Exemplos: sócio-gerente / socioeconômico

- Travessão e Hífen
Não confunda o travessão com o hífen: o travessão é
um sinal de pontuação mais longo do que o hífen.

- Hífen e translineação Para ter acesso ao conteúdo completo da parte


Havendo coincidência de fim de linha com o hífen, gramatical, acesse nosso site e adquira nossos materiais
deve-se, por clareza gráfica, repeti-lo no início da linha de Língua Portuguesa para complementar seus estudos.
seguinte.
Exemplos: ex-
- alferes EXERCÍCIOS COMENTADOS
guarda-
-chuva 1. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE
Por favor, diga- – 2016) De acordo com o Manual de Redação da
-nos logo o que aconteceu. Presidência da República (MRPR), o aviso e o ofício são

a) modalidades de comunicação entre unidades adminis-


trativas de um mesmo órgão.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) instrumentos de comunicação oficial entre os chefes


dos poderes públicos.
c) documentos que compartilham a mesma diagrama-
ção, uma vez que seguem o padrão ofício.
d) expedientes utilizados para o tratamento de assuntos
oficiais entre órgãos da administração pública e par-
ticulares.
e) correspondências usualmente remetidas por particula-
res a órgãos do serviço público.

115
De acordo com o Manual: Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
O Padrão Ofício forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...)
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes afinal, a dignidade é condição primordial para que tais
pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e cargos públicos sejam ocupados.
o memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_
adotar uma diagramação única, que siga o que cha- oficial_publicacoes_ver.php?id=2
mamos de padrão ofício. GABARITO OFICIAL: ERRADO
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/
manual.htm 5. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO
GABARITO OFICIAL: C – MÉDIO - CESPE/2014) Em toda comunicação oficial,
exceto nas direcionadas a autoridades estrangeiras,
2. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2016) deve-se fazer uso dos fechos Respeitosamente ou
Considerando as disposições do MRPR, assinale a opção Atenciosamente, de acordo com as hierarquias do
que apresenta o vocativo adequado para ser empregado destinatário e do remetente.
em um expediente cujo destinatário seja um Delegado
de Polícia Civil. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual es-


a) Magnífico Delegado,
tabelece o emprego de somente dois fechos diferen-
b) Digníssimo Delegado,
c) Senhor Delegado, tes para todas as modalidades de comunicação oficial:
d) Excelentíssimo Senhor Delegado, A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
e) Ilustríssimo Senhor Delegado, da República: Respeitosamente,
B) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie-
rarquia inferior: Atenciosamente,
Manual de Redação: Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
Senhor, seguido do cargo respectivo: tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma-
Senhor Senador, nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
Senhor Juiz, GABARITO OFICIAL: CERTO
Senhor Ministro,
Senhor Governador, 4. (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS
OS CARGOS – CESPE/2013) Na redação de uma
(...) ata, devem-se relatar exaustivamente, com o máximo
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tra- de detalhamento possível, incluindo-se os aspectos
tamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na subjetivos, as discussões, as propostas, as resoluções e
lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se as deliberações ocorridas em reuniões e eventos que
ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária exigem registro.
sua repetida evocação. ( ) CERTO ( ) ERRADO
(...)
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensa- Ata é um documento administrativo que tem a
do o emprego do superlativo ilustríssimo para as au- finalidade de registrar de modo sucinto a sequência
toridades que recebem o tratamento de Vossa Senho- de eventos de uma reunião ou assembleia de pessoas
ria e para particulares. É suficiente o uso do pronome com um fim específico. É característica da Ata
apresentar um resumo, cronologicamente disposto,
de tratamento Senhor. de modo infalível, de todo o desenrolar da reunião.
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamen- (Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_
to, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscrimina- redacao_oficial_ata/)
damente. Como regra geral, empregue-o apenas em GABARITO OFICIAL: ERRADO
comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau 6. (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário –
CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas
por terem concluído curso universitário de doutorado. direcionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer
É costume designar por doutor os bacharéis, especial- uso dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente,
mente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos de acordo com as hierarquias do destinatário e do
demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada remetente.
formalidade às comunicações.
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ ( ) CERTO ( ) ERRADO
manual.htm
Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual es-
GABARITO OFICIAL: C
tabelece o emprego de somente dois fechos diferen-
3. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços tes para todas as modalidades de comunicação oficial:
de Transportes Aquaviários – Superior - CESPE/2014) a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
Considerando aspectos estruturais e linguísticos das da República: Respeitosamente,
LÍNGUA PORTUGUESA

correspondências oficiais, julgue os itens que se seguem, b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie-
de acordo com o Manual de Redação da Presidência da
República. rarquia inferior: Atenciosamente,
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
todas as autoridades do poder público, uma vez que a das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
dignidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma-
de cargos públicos. nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
( ) CERTO ( ) ERRADO GABARITO OFICIAL: CERTO

116
7. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços de
Transportes Aquaviários – CESPE/2014) Considerando
aspectos estruturais e linguísticos das correspondências HORA DE PRATICAR!
oficiais, julgue os itens que se seguem, de acordo com o
Manual de Redação da Presidência da República. 1.(TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para DIO - VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para
todas as autoridades do poder público, uma vez que a responder às questões de 1 a 7.
dignidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes
de cargos públicos. Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executi-
vos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu
( ) CERTO ( ) ERRADO sua equipe para um chamado escritório aberto, sem pa-
redes e divisórias.
Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a for- Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele
ma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, queria que todos estivessem juntos, para se conectarem
a dignidade é condição primordial para que tais cargos e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi-
públicos sejam ocupados. cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro.
Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove
Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi- empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio
cial_publicacoes_ver.php?id=2 chefe.
GABARITO OFICIAL: ERRADO Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es-
paço, com portas e tudo.
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni-
dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram
ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas.
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até
15% da produtividade, desenvolver problemas graves
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de
organização.
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele
já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir
falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita
gente concorda – simplesmente não aguentam o escri-
tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é
preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo
de Nagele e voltando aos espaços privados.
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um
espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade
é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo
tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco
por até 20 minutos.
Retemos mais informações quando nos sentamos em um
local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e
design de interiores.
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos podem
ser ruins para funcionários.” Disponível em:<www1.
folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adaptado)

2. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-


DIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são aspectos
desfavoráveis ao trabalho em espaços abertos compar-
tilhados

a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri-


ção à criatividade.
b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a
LÍNGUA PORTUGUESA

transferência de atividades para o lar.


c) a dispersão e a menor capacidade de conservar con-
teúdos.
d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
colegas e chefes.
e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
constante dos chefes.

117
2. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- 5. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a DIO - VUNESP – 2017) Assinale a frase do texto em que
nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará- se identifica expressão do ponto de vista do próprio au-
grafo apresenta concordância de acordo com a norma- tor acerca do assunto de que trata.
-padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos
executivos no setor de tecnologia já tinham feito. a) “Nunca se consegue terminar as coisas e é preciso levar
mais trabalho para casa”, diz ele. (6.º parágrafo).
b) Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes
aberto... (4.º parágrafo).
para o chamado escritório aberto, como feito por Ch- c) Retemos mais informações quando nos sentamos em
ris Nagele. um local fixo, afirma Sally Augustin... (último parágra-
b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi- fo).
pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com d) Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas
Chris Nagele fazem mais de quatro anos. ele queria que todos estivessem juntos... (2.º parágra-
c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas fo).
equipes para escritórios abertos, também foi feito por e) É improvável que o conceito de escritório aberto caia
Chris Nagele, faz cerca de quatro anos. em desuso... (7.º parágrafo).
d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans-
feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi 6. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
transferido por muitos executivos. DIO - VUNESP – 2017) Na frase – É improvável que o
e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o conceito de escritório aberto caia em desuso... (7.º pará-
grafo) – a expressão em destaque tem o sentido de
que já tinham sido feitos por outros executivos do se-
tor.
a) sofra censura.
b) torne-se obsoleto.
3. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- c) mostre-se alterado.
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão d) mereça sanção.
– até então –, em destaque no início do segundo pará- e) seja substituído.
grafo, expressa um limite, com referência
7. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
a) temporal ao momento em que se deu a transferência DIO - VUNESP – 2017) O trecho destacado na passagem
da equipe de Nagele para o escritório aberto. – Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove
b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava a empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio
equipe de Nagele antes da mudança para locais aber- chefe.– tem sentido de:
tos.
a) até mesmo o próprio chefe.
c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o exem-
b) apesar do próprio chefe.
plo de outros executivos, e espacial ao tipo de escri-
c) exceto o próprio chefe.
tório que adotou. d) diante do próprio chefe.
d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do e) portanto o próprio chefe.
setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias.
e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tem- 8. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
poral às mudanças favoráveis à integração. DIO - VUNESP – 2017)
O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que você
4. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se tomar-
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão mos “Ipanema” ao pé da letra, a frase é absurda e cômi-
– contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece ca. Tomando “Ipanema” como um símbolo, no entanto,
uma relação de sentido com o parágrafo como um exemplo de alívio, promessa de alegria em
meio à vida dura da cidade, a frase passa a ser de um tris-
a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das te realismo: o problema de São Paulo é que você anda,
anda, anda e nunca chega a alívio algum. O Ibirapuera, o
empresas que adotaram o modelo de escritórios aber-
parque do Estado, o Jardim da Luz são uns raros respiros
tos.
perdidos entre o mar de asfalto, a floresta de lajes bati-
b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção das e os Corcovados de concreto armado.
do modelo de escritórios abertos. O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere
c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois
LÍNGUA PORTUGUESA

base em resultados de pesquisas. metros quadrados de chão. É o que vemos nas aveni-
d) anterior, introduzindo informações que se contra- das abertas aos pedestres, nos fins de semana: basta li-
põem à visão positiva acerca dos escritórios abertos. berarem um pedacinho do cinza e surgem revoadas de
e) posterior, contestando com dados estatísticos o for- patinadores, maracatus, big bands, corredores evangé-
mato tradicional de escritório fechado. licos, góticos satanistas, praticantes de ioga, dançarinos
de tango, barraquinhas de yakissoba e barris de cerveja
artesanal.

118
Tenho estado atento às agruras e oportunidades da ci- guém vai reparar que no nosso modelo de felicidade tem
dade porque, depois de cinco anos vivendo na Granja alguém chorando ali no canto. Porque ser gentil abala
Viana, vim morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no fim da sua autonomia. Enfim, ser gentil está fora de moda. Estou
tarde, eu corria em volta de um lago, desviando de patos sempre fora de moda. Querendo falar de gentileza, ima-
e assustando jacus. Agora, aos domingos, corro pela Pau- ginem vocês! Pura rebeldia. Sair por aí exibindo minhas
lista ou Minhocão e, durante a semana, venho testando vulnerabilidades e, em ato de pura desobediência civil,
diferentes percursos. esperar alguma cumplicidade. Deve ser a idade.
Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemitério da (Ana Paula Padrão, Gentileza virou fraqueza. Disponível
em: <http://www.istoe.com.br>. Acesso em: 27 jan 2015.
Consolação, ziguezagueei por Santa Cecília e pelas en-
Adaptado)
costas do Sumaré, até que, na última terça, sem querer,
descobri um insuspeito parque noturno com bastante É correto inferir que, do ponto de vista da autora, a gen-
gente, quase nenhum carro e propício a todo tipo de ati- tileza
vidades: o estacionamento do estádio do Pacaembu.
(Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toa- a) é prerrogativa dos que querem ter sua importância re-
lha. Prefere estendê-la e deitar em cima.” Disponível conhecida socialmente.
em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas>. Acesso em: b) é uma via de mão dupla, por isso não deve ser pratica-
13.04.2017. Adaptado) da se não houver reciprocidade.
c) representa um hábito primitivo, que pouco afeta as
É correto afirmar que, do ponto de vista do autor, o pau- relações interpessoais.
listano d) restringe-se ao gênero masculino, pois este represen-
ta os mais fortes.
a) busca em Ipanema o contato com a natureza exube- e) é uma qualidade desvalorizada em nossa sociedade
rante que não consegue achar em sua cidade. nos dias atuais.
b) sabe como vencer a rudeza da paisagem de São Paulo,
encontrando nesta espaços para o lazer. 10. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
c) se vê impedido de realizar atividades esportivas, no DIO - VUNESP – 2015) No final do último parágrafo, a
autora caracteriza a gentileza como “ato de pura desobe-
mar de asfalto que é São Paulo.
diência civil”; isso permite deduzir que
d) tem feito críticas à cidade, porque ela não oferece ati-
vidades recreativas a seus habitantes. a) assumir a prática da gentileza é rebelar-se contra có-
e) toma Ipanema como um símbolo daquilo que se pode digos de comportamento vigentes, mesmo que não
alcançar, apesar de muito andar e andar. declarados.
b) é inviável, em qualquer época, opor-se às práticas e
9. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- aos protocolos sociais de relacionamento humano.
DIO - VUNESP – 2015) c) é possível ao sujeito aderir às ideias dos mais fortes,
sem medo de ver atingida sua individualidade, no
Ser gentil é um ato de rebeldia. Você sai às ruas e insis- contexto geral.
te, briga, luta para se manter gentil. O motorista quase d) há, nas sociedades modernas, a constatação de que
te mata de susto buzinando e te xingando porque você a vulnerabilidade de alguns está em ver a felicidade
usou a faixa de pedestres quando o sinal estava fechado como ato de rebeldia.
para ele. Você posta um pensamento gentil nas redes so- e) obedecer às normas sociais gera prazer, ainda que isso
ciais apesar de ler dezenas de comentários xenofóbicos, signifique seguir rituais de incivilidade e praticar a in-
homofóbicos, irônicos e maldosos sobre tudo e todos. tolerância.
Inclusive você. Afinal, você é obviamente um idiota gentil.
11. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTA-
Há teorias evolucionistas que defendem que as socieda-
TÍSTICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em
des com maior número de pessoas altruístas sobrevive-
relação à ortografia dos pares.
ram por mais tempo por serem mais capazes de manter
a coesão. Pesquisadores da atualidade dizem, baseados a) Atenção – atenciozo.
em estudos, que gestos de gentileza liberam substâncias b) Aprender – aprendizajem.
que proporcionam prazer e felicidade. c) Simples – simplissidade.
Mas gentileza virou fraqueza. É preciso ser macho pacas d) Fúria – furiozo.
para ser gentil nos dias de hoje. Só consigo associar a e) Sensação – sensacional.
aversão à gentileza à profunda necessidade de ser – ou
parecer ser – invencível e bem-sucedido. Nossas fragili- 12. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
dades seriam uma vergonha social. Um empecilho à car- As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam
diferentes graus de dificuldade ortográfica e estão corre-
LÍNGUA PORTUGUESA

reira, ao acúmulo de dinheiro.


Não ter tempo para gentilezas é bonito. É justificável tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia
diante da eterna ambivalência humana: queremos ser da palavra sublinhada está igualmente correta.
bons, mas temos medo. Não dizer bom-dia significa que a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial.
você é muito importante. Ou muito ocupado. Humilhar b) A paralização da equipe técnica demorou bastante.
os que não concordam com suas ideias é coisa de gente c) O funcionário reinvindicou suas horas extras.
forte. E que está do lado certo. Como se houvesse um d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial.
lado errado. Porque, se nenhum de nós abrir a boca, nin- e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista.

119
13. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL Os espaços do texto devem ser preenchidos, correta e
I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as pala- respectivamente, com:
vras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da
língua portuguesa é: a) A dez anos … sub-desenvolvida … por quê … cidadões
… mau
a) admissão, infração, renovação b) Há dez anos … subdesenvolvida … por que … cidadãos
b) diversão, excessão, sucessão … mal
c) extenção, eleição, informação c) Fazem dez anos que … subdesenvolvida … porque …
d) introdução, repreção, intenção cidadões … mau
e) transmissão, conceção, omissão d) São dez anos que … sub desenvolvida … porquê …
cidadãos … mal
14. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – e) Faz dez anos que … sub-desenvolvida … porque … ci-
FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e dadães … mau
econômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em 18. (PM-SP - TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO-
um só vocábulo, a forma adequada será LICIAL MILITAR – VUNESP-2014) Leia a tira de Hagar,
a) sociais-econômicos. por Chris Browne, e assinale a alternativa que completa,
b) social-econômicos. correta e respectivamente, as lacunas, em conformidade
c) sociais-econômico. com as regras de ortografia.
d) socioeconômicos.
e) socioseconômicos.

15. (IBGE – ANALISTA CENSITÁRIO – AGRONOMIA –


FGV-2017) “É preciso levar em conta questões econô-
micas e sociais”; se juntássemos os adjetivos sublinha-
dos em forma de adjetivo composto, a forma correta, no
contexto, seria:

a) econômicas-sociais;
b) econômico-social;
c) econômica-social;
d) econômico-sociais; (Folha de S.Paulo, 08.02.2014, http://zip.net/bdmBgf)
e) econômicas-social.
a) porque ... por que ... porque ... atraz
6. (PC-RS – ESCRIVÃO E INSPETOR DE POLÍCIA – FUN- b) por que ... por quê ... por que ... atraz
DATEC-2018 - ADAPTADA) Sobre os vocábulos expan- c) por que ... por que ... porque ... atráz
sível, fácil, considerável, artificial, multiplicável e acessível, d) porque ... porquê ... por que ... atrás
afirma-se que: e) por que ... por quê ... porque ... atrás

I. Todos são flexionados da mesma forma quando no plu-


ral. 19. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018)
II. Apenas um assume forma diferente dos demais quan-
do flexionado no plural.
III. Todos devem ser acentuados em sua forma plural.
Quais estão corretas?

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

17. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO


BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO-
LICIAL MILITAR – VUNESP-2010)

__________ moro fora do Brasil. Sou baiana e, cada vez que


volto a Salvador, fico chocada, constrangida e enojada A frase do menino na charge – “naum eh verdade” – mos-
com essa prática _________ e, _________ não dizer, machista tra uma característica da linguagem escrita de internau-
LÍNGUA PORTUGUESA

dos meus conterrâneos – não se veem mulheres fazendo tas que é:


xixi na rua. Mas, antes de prender os___________, tente en-
contrar um banheiro público em Salvador. Se encontrar, a) a sintetização exagerada;
tente entrar – normalmente estão trancados –, e tente b) o desrespeito total pela norma culta;
então não passar __________. Vamos copiar a Europa na c) a criação de um vocabulário novo;
proibição, mas também na infraestrutura. d) a tentativa de copiar a fala;
(Seção “Leitor”, Veja, 14.07.2010. Adaptado) e) a grafia sem acentos ou sinais gráficos.

120
20. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013) 23. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
A Polícia Militar prendeu, nesta semana, um homem de Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”,
37 anos, acusado de ____________ de drogas e ____________ os termos destacados são, respectivamente,
à avó de 74 anos de idade. Ele foi preso em __________
com uma pequena quantidade de drogas no bairro Ira- a) artigo e pronome.
puá II, em Floriano, após várias denúncias de vizinhos. b) artigo e preposição.
De acordo com o Comandante do 3.º BPM, o acusado c) preposição e artigo.
era conhecido na região pela atuação no crime. d) pronome e artigo.
(www.cidadeverde.com/floriano. Acesso em 23.06.2013. e) preposição e pronome.
Adaptado)
24. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, – FGV-2017)
as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectiva-
mente, com: Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo-
roso e independente. A agenda pública é determinada
a) tráfico … mal-tratos … flagrante pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele-
b) tráfego … maltratos … fragrante vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo
c) tráfego … maus-trato … flagrante de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as
d) tráfico … maus-tratos … flagrante redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as-
e) tráfico … mau-trato … fragrante sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é
sempre das empresas de conteúdo independentes”.
21. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS (O Estado de São Paulo, 10/04/2017)
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto
com seu significado, o conjunto de características for- de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos
mais e sua posição estrutural no interior da oração, as por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
palavras podem pertencer à mesma classe de palavras
ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a a) independente = com dependência;
seguir considerando tais aspectos (considere as palavras b) pública = de publicidade;
em destaque). c) relevante = de relevância;
d) sociais = de associados;
(1) advérbio e) mobilizador = de motivação.
(2) pronome
(3) conjunção 25. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014)
(4) substantivo Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
( ) “Não há prisão pior [...]” ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
( ) “O lugar de estudo era isso.” um adjetivo.
( ) “E o olho sem se mexer [...]”
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]” a) ... um câncer de boca horroroso, ...
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espan- b) Ele tem dezesseis anos...
tou.” c) Eu queria que ele morresse logo, ...
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
A sequência está correta em mílias.
e) E o inferno não atinge só os terminais.
a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2
b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4 26. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2 NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3 “que” em destaque funciona como pronome relativo.

22. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente
Assinale a alternativa em que o termo destacado é um tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
pronome indefinido. b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
LÍNGUA PORTUGUESA

c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.


a) “Ele não exige fatos...”. d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
b) “Era um ídolo para mim.”. influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.
c) “Discordo dele.”. e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a
d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”. votar”.
e) “O bom humor está disponível a todos...”.

121
27. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR- De acordo com alguns neurocientistas, quando a pessoa
MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro se recorda de uma sequência de eventos, o cérebro re-
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis constrói o passado juntando os “tijolos” de dados, mas
creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e somente o ato de acessar as lembranças já modifica e
das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome distorce a realidade.
relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo Um neurocientista de uma equipe que pesquisa esse as-
como ocorre em: sunto afirma que se busca reforçar a ideia de que a me-
mória não pode ser considerada um papel carbono, ou
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos seja, de que ela não reproduz fielmente um acontecimen-
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura. to. “Nossa esperança é que, ao propor uma explicação
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem neural para o processo de geração das falsas memórias,
que índio não sabe nada. haja aplicações práticas nas cortes de justiça, por exem-
c) O branco está preocupado que não chove mais em
plo”, diz o cientista. “Jurados e magistrados precisam de
alguns lugares.
evidências de que, por mais real que aparente ser, um
d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria
fato recordado por uma testemunha pode não ser verda-
trajetória.
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono. deiro. A memória humana não é como uma memória de
computador, não está certa o tempo todo.”
28. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- O neurocientista relatou que quase três quartos dos pri-
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) De acordo com meiros 250 americanos que tiveram suas condenações
as normas da linguagem padrão, a colocação pronominal penais anuladas graças ao exame de DNA haviam sido
está INCORRETA em: vítimas de falso testemunho ocular. Um psicólogo en-
trevistado afirmou que, dependendo de como se conduz
a) Virgínia encontrava-se acamada há semanas. uma acareação, ela pode confundir a pessoa interrogada.
b) A ferida não se curava com os remédios. Correio Braziliense, 26/7/2013 (com adaptações).
c) A benzedeira usava uma peruca que não favorecia-a.
d) Imediatamente lhe deram uma caneta-tinteiro verme- O trecho “a memória não pode ser considerada um papel
lha. carbono” poderia ser corretamente reescrita da seguinte
e) Enquanto se rezavam Ave-Marias, a ferida era circun- forma: não pode-se considerá-la papel carbono.
dada.
( ) CERTO ( ) ERRADO
29. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) A
frase em que se deveria usar a forma EU em lugar de 32. (PC-MS – DELEGADO DE POLÍCIA – FAPEMS-2017)
MIM é: De acordo com os padrões da língua portuguesa, assina-
le a alternativa correta.
a) Um desejo de minha avó fez de mim um artista;
b) Há muitas diferenças entre mim e a minha futura mu- a) A frase: “Ela lhe ama” está correta visto que “amar”
lher; se classifica como verbo transitivo direto, pois quem
c) Para mim, ver filmes antigos é a maior diversão; ama, ama alguém.
d) Entre mim viajar ou descansar, prefiro o descanso; b) Em: “Sou te fiel”, o pronome oblíquo átono desem-
e) Separamo-nos, mas sempre de mim se lembra.
penha função sintática de complemento nominal por
complementar o sentido de adjetivos, advérbios ou
30. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
substantivos abstratos, além de constituir emprego de
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018-ADAPTADA) O
segmento em que a substituição do termo sublinhado ênclise.
por um pronome pessoal foi feita de forma adequada é: c) No exemplo: “Demos a ele todas as oportunidades”, o
termo em destaque pode ser substituído por “Demo
a) “deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência” / dei- lhes” todas as oportunidades”, tendo em vista o em-
xou de ser-lhe; prego do pronome oblíquo como complemento do
b) “podemos definir violência” / podemos defini-la; verbo.
c) “Hoje, esse termo denota, além de agressão física, di- d) Em: “Não me ..incomodo com esse tipo de barulho”,
versos tipos de imposição” / denota-los; te.mos.um clássico emprego de mesóclise.
d) “Consideremos o surgimento das desigualdades” / e) Na frase: “Alunos, aquietem-se! “, o termo destacado
consideremos-lo; exemplifica o uso de próclise.
e) “ao nos referirmos à violência” / ao nos referirmo-la.
33. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
31. (MPU – Conhecimentos Básicos para os Cargos de NESP-2014)
LÍNGUA PORTUGUESA

11 a 26 – CESPE-2013)
Recordar algo nunca ocorrido é comum e pode aconte- Compras de Natal
cer com pessoas de qualquer idade. Muitos indivíduos
sequer percebem que determinadas lembranças foram A cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades.
criadas, pois as cenas e até os sons evocados pelo cé- __________ de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões
rebro surgem com a mesma nitidez e o mesmo grau de que não sobem, anjos e santos que não __________ , estre-
detalhamento das memórias reais. las que jamais estiveram no céu.

122
As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano 37. (TRE-PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
inteiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão NISTRATIVA – FCC-2017) A substituição do elemento
de vidro, fios de ouro e prata, cetins, luzes, todas as coi- sublinhado pelo pronome correspondente, com os ne-
sas que possam representar beleza e excelência. cessários ajustes no segmento, foi realizada de acordo
Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em po-
bres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil com a norma padrão em:
anos, num abrigo de animais, em Belém.
(Cecília Meireles, Quatro Vozes. Adaptado) a) quem considera o amor abstrato = quem lhe consi-
dera abstrato
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, b) consideram o amor algo ingênuo e pueril = conside-
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e ram-lhe algo ingênuo e pueril
respectivamente, com: c) parece que inviabiliza o amor = parece que inviabili-
za-lhe
a) Se enche … movem-se
b) Se enchem … se movem d) o ressentimento é cego ao amor = o ressentimento
c) Enchem-se … se move lhe é cego
d) Enche-se … move-se e) o amor não vê a hipocrisia = o amor não lhe vê
e) Enche-se … se movem
38. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
34. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018)
Assinale a alternativa correta quanto à colocação pro-
nominal, de acordo com a norma-padrão da língua por-
tuguesa. Texto 1 – Guerra civil
Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017
a) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. O 11.º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pú-
b) O homem se indignou quando propuseram-lhe que blica, mostrando o crescimento das mortes violentas no
abrisse a bolsa que encontrara. Brasil em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram
c) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos 61.619 pessoas que perderam a vida devido à violência.
restituir um objeto à pessoa que o perdeu.
Outro dado relevante é o crescimento da violência em
d) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. alguns estados do Sul e do Sudeste.
e) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma ten- Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus do- os inaceitáveis números da violência no país. Todos se
nos. assustam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato.
Tem sido assim com o governo federal e boa parte das
35. (CONCURSO INTERNO DE SELEÇÃO PARA O CUR- demais unidades da Federação. Agora, com a crise, o ar-
SO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS - PM/2014) A
gumento é a incapacidade de investimento, mas, mesmo
frase – Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto.
– está corretamente reescrita quanto à flexão verbal, à em períodos de economia mais forte, pouco se viu da im-
pontuação e à colocação pronominal em: plementação de programas estruturantes com o objetivo
a) Se remordia, o amigo, no seu canto, sem que nada de enfrentar o crime. Contratação de policiais, aquisição
visse. de equipamentos, viaturas e novas tecnologias são medi-
b) O amigo, sem que nada vesse, se remordia no seu das essenciais, mas é preciso ir muito além. Definir metas
canto. e alcançá-las, utilizando um bom método de trabalho,
c) Remordia-se, no seu canto, o amigo, sem que nada deve ser parte de um programa bem articulado, que per-
visse.
d) Se remordia no seu canto o amigo, sem que nada mita o acompanhamento das ações e que incentive o
vesse. trabalho integrado entre as forças policiais do estado, da
União e das guardas municipais.
36. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VU-
NESP-2017- ADAPTADA) Assinale a alternativa em que O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor
o trecho está reescrito conforme a norma-padrão da lín- adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é:
gua portuguesa, com a expressão destacada substituída
pelo pronome correspondente.
a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul
a) ... o prazer de contar aquelas histórias... → ... o prazer e do Sudeste”;
de contar-nas... b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de-
LÍNGUA PORTUGUESA

b) ... meio século sem escrever livros. → ... meio século corre de fato”;
sem escrevê-los. c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte
c) ... puxo a mesinha... → ... puxo-lhe... das demais unidades da Federação”;
d) ... livro que reúne entrevistas e textos de Ernest He- d) “...viaturas e novas tecnologias”;
mingway... → ... livro que reúne-as... e) “Definir metas e alcançá-las...”.
e) O médico que atendia pacientes... → O médico que
lhe atendia...

123
39. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – AR- Instituída por Getúlio Vargas para outro Brasil — ainda
QUITETURA – FGV-2017) “... implica poder decifrar as agrário, com indústria e serviços incipientes —, a CLT tem
referências cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica sido defendida por sindicatos em nome da “preservação
convenientemente substituída por uma oração em forma dos direitos do trabalhador”.
desenvolvida na seguinte opção: Na vida real, longe das ideologias, a CLT, em função dos
a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs; custos que impõe ao empregador, é, na verdade, eficien-
b) a possibilidade de decifração das referências cristãs; te instrumento de precarização do próprio trabalhador.
c) que se pudessem decifrar as referências cristãs; O Globo, Editorial, 22/8/2013 (com adaptações).
d) que possamos decifrar as referências cristãs;
e) a possibilidade de que decifrássemos as referências A conjunção “se” tem valor condicional na oração em
cristãs. que está inserida.

40. (COMPESA-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMI- ( ) CERTO ( ) ERRADO


NISTRADOR – FGV-2018) “... mas já conhecem a brutal
realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras 43. (PC-RS – DELEGADO DE POLÍCIA – FUNDA-
para sobreviver.” A forma reduzida de “para sobreviver” TEC-2018 - ADAPTADA) Observe a frase: “com o gover-
pode ser nominalizada de forma conveniente na seguin- no criando leis e começando a punir quem agride o meio
te alternativa: ambiente” e avalie as afirmações seguintes:

a) para que sobrevivam. I. O sujeito das formas verbais criando e começando é


b) a fim de que sobrevivessem. o mesmo.
c) para sua sobrevida. II. O sujeito de punir é inexistente.
d) no intuito de sobreviverem. III. O sujeito de agride é representado pelo pronome in-
e) para sua sobrevivência. definido, portanto, classifica-se como indeterminado.

Quais estão corretas?


41. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-
GO 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL a) Apenas I.
MÉDIO – CESPE-2013) b) Apenas II.
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es- c) Apenas III.
tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada d) Apenas I e II.
por processos que culminaram na sua formalização insti- e) Apenas II e III.
tucional e na ampliação de sua área de atuação.
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito 44. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena- – SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010) A frase:
ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores “Começa vacinação contra gripe A.”, só não está correta-
de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e mente analisada em:
de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de
procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de a) O sujeito é classificado como simples
procurador da Fazenda (defensor do fisco).
b) O núcleo do sujeito é vacinação.
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi-
c) O verbo é classificado como intransitivo.
nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à
d) Vacinação é um substantivo abstrato.
Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as
e) O objeto direto é vacinação contra gripe A.
vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui-
ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade
brasileira. 45. (TRF-4.ª REGIÃO – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações). ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC-2014)

No período “A sua história é marcada por processos que No campo da técnica e da ciência, nossa época produz
culminaram”, o termo “que” introduz oração de natureza milagres todos os dias. Mas o progresso moderno tem
restritiva. amiúde um custo destrutivo, por exemplo, em danos ir-
reparáveis à natureza, e nem sempre contribui para re-
( ) CERTO ( ) ERRADO duzir a pobreza.
A pós-modernidade destruiu o mito de que as humani-
42. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- dades humanizam. Não é indubitável aquilo em que acre-
GO 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL ditam tantos filósofos otimistas, ou seja, que uma educa-
MÉDIO – CESPE-2013) ção liberal, ao alcance de todos, garantiria um futuro de
liberdade e igualdade de oportunidades nas democracias
LÍNGUA PORTUGUESA

Uma legislação que tenha hoje 70 anos de vigência en-


trou em vigor muito antes do lançamento do primeiro modernas. George Steiner, por exemplo, afirma que “bi-
computador pessoal e do início da histórica revolução bliotecas, museus, universidades, centros de investigação
imposta pela tecnologia digital. Isso não seria proble- por meio dos quais se transmitem as humanidades e as
ma se esse não fosse o caso da Consolidação das Leis ciências podem prosperar nas proximidades dos campos
do Trabalho (CLT), destinada a regular um dos universos de concentração”. “O que o elevado humanismo fez de
mais impactados por esta revolução, o das relações tra- bom para as massas oprimidas da comunidade? Que uti-
balhistas. lidade teve a cultura quando chegou a barbárie?”

124
Numerosos trabalhos procuraram definir as característi- Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é
cas da cultura no contexto da globalização e da extraordi- questionada, sendo centro de tomada de decisões, dian-
nária revolução tecnológica. Um deles é o de Gilles Lipo- te da grave problemática que ameaça romper com o
vetski e Jean Serroy, A cultura-mundo. Nele, defende-se equilíbrio ecológico do Planeta. E não apenas nos tradicio-
a ideia de uma cultura global − a cultura-mundo − que nais meios de comunicação, tais como jornais impressos,
vem criando, pela primeira vez na história, denominado- rádio, televisão, revistas, dentre outros, como também nos
res culturais dos quais participam indivíduos dos cinco espaços virtuais de interatividade, por meio das novas mí-
continentes, aproximando-os e igualando-os apesar das dias, as quais representam novos meios de comunicação,
diferentes tradições e línguas que lhes são próprias. tem-se o debate sobre a problemática ambiental.
Essa “cultura de massas” nasce com o predomínio da ima- O capitalismo foi reestruturado e a partir das transforma-
gem e do som sobre a palavra, ou seja, com a tela. A in- ções científicas e tecnológicas deu-se origem a um novo
dústria cinematográfica, sobretudo a partir de Hollywood, estabelecimento social, em que por meio de redes e da
“globaliza” os filmes, levando-os a todos os países, a to-
cultura da virtualidade, configura-se a chamada socieda-
das as camadas sociais. Esse processo se acelerou com a
de informacional, na qual a comunicação e a informação
criação das redes sociais e a universalização da internet.
constituem-se ferramentas essenciais da Era Digital.
Tal cultura planetária teria, ainda, desenvolvido um indivi-
dualismo extremo em todo o globo. Contudo, a publici- As novas mídias, por meio da utilização da Internet, estão
dade e as modas que lançam e impõem os produtos cul- sendo consideradas como novos instrumentos de prote-
turais em nossos tempos são um obstáculo a indivíduos ção do meio ambiente, na medida em que proporcionam
independentes. a expansão da informação ambiental, de práticas susten-
O que não está claro é se essa cultura-mundo é cultura táveis, de reivindicações e ensejo de decisões em prol do
em sentido estrito, ou se nos referimos a coisas comple- meio ambiente.
tamente diferentes quando falamos, por um lado, de uma No ciberespaço, devido à conectividade em tempo real, é
ópera de Wagner e, por outro, dos filmes de Hitchcock e possível promover debates de inúmeras questões como a
de John Ford. construção da hidrelétrica de Belo Monte, o Novo Código
A meu ver, a diferença essencial entre a cultura do passa- Florestal, Barra Grande, dentre outras, as quais ensejam por
do e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela tomada de decisões políticas, jurídicas e sociais. [...]
pretendiam transcender o tempo presente, continuar vi- Vislumbra-se que a Internet é um meio que aproxima pes-
vos nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste soas e distâncias, sendo utilizada por um número ilimitado
são fabricados para serem consumidos no momento e de pessoas, a custo razoável e em tempo real. De fato, a
desaparecer. Cultura é diversão, e o que não é divertido Internet proporciona benefícios, pois, além de promover a
não é cultura. circulação de informações, a curto espaço de tempo, mui-
(Adaptado de: VARGAS LLOSA, M. A civilização do espetá- tos debates virtuais produzem manifestações sociais. Assim
culo. Rio de Janeiro, Objetiva, 2013, formato ebook) sendo, tem-se a democratização das informações através
dos espaços virtuais, como blogs, websites, redes sociais, jor-
Possuem os mesmos tipos de complemento os verbos nais virtuais, sites especializados, sites oficiais, dentre outros,
grifados em: de modo a expandir conhecimentos, promover discussões e,
por vezes, influenciando nas tomadas de decisões dos go-
a) ... nossa época produz milagres todos os dias. // ... o vernantes e na proliferação de movimentos sociais. Desse
mito de que as humanidades humanizam. modo, os cidadãos acabam participando e exercendo a ci-
b) Essa “cultura de massas” nasce com o predomínio... //
dadania de forma democrática no ciberespaço. [...]
Um deles é o de Gilles Lipovetski...
Faz-se necessária a execução de ações concretas em prol
c) A pós-modernidade destruiu o mito de que... // ... nos-
do meio ambiente, com adaptação e intermédio do novo
sa época produz milagres todos os dias.
d) Essa cultura de massas nasce com o predomínio... // ... padrão de democracia participativa fomentado pelas novas
e nem sempre contribui para... mídias, a fim de enfrentar a gestão dos riscos ambientais,
e) ... as ciências podem prosperar nas proximidades... // A dentre outras questões socioambientais. Ainda, são ne-
pós-modernidade destruiu o mito de que... cessárias discussões aprofundadas sobre a complexidade
ambiental, agregando a interdisciplinaridade para escolhas
46. (TRF-2.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA sustentáveis e na difusão do conhecimento. E, embora haja
ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017) inúmeros desafios a percorrer com a utilização das tecno-
logias de comunicação e informação (novas TIC’s), enten-
Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção de-se que a atuação das novas mídias é de suma impor-
do meio ambiente no ciberespaço tância, pois possibilita a expansão da informação, a práxis
ambiental, o debate e as aspirações dos cidadãos, contri-
A sociedade passou por profundas transformações em buindo, dessa forma, para a proteção do meio ambiente.
que a realidade socioeconômica modificou-se com ra-
LÍNGUA PORTUGUESA

(SILVA NUNES, Denise. Internet e as novas mídias: contri-


pidez junto ao desenvolvimento incessante das econo- buições para a proteção do meio ambiente no ciberespaço.
mias de massas. Os mecanismos de produção desenvol- In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 115, ago. 2013.
veram-se de tal forma a adequarem-se às necessidades Disponível em: http://ambito - juridico.com.br/site/?n_
e vontades humanas. Contudo, o homem não mediu as link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13051&revista_ca-
possíveis consequências que tal desenvolvimento pudes- derno=17. Acesso em: jan. 2017. Adaptado.)
se causar de modo a provocar o desequilíbrio ao meio Analise os trechos a seguir.
ambiente e a própria ameaça à vida humana.

125
I. “[...] adequarem-se às necessidades e vontades huma- 49. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
nas.” (1º§) GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada
II. “Contudo, o homem não mediu as possíveis consequên- de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
cias [...]” (1º§) portuguesa em:
III. “Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é
questionada, [...]” (2º§) a) A conexão é feita por meio de uma plataforma especí-
IV. “[...] por meio das novas mídias, as quais representam fica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis-
positivos móveis dos passageiros.
novos meios de comunicação, [...]” (2º§)
b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito
grande, porém não é capaz de absorver uma presença
Os verbos que, no contexto, exigem o mesmo tipo de maior de produtos vindos do exterior.
complemento verbal, foram empregados em apenas c) Depois de chegarem às telas dos computadores e ce-
lulares, as notícias estarão disponíveis em voos inter-
a) I e II. nacionais.
b) I, III e IV. d) Os últimos dados mostram que, muitas economias
apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo
c) II e IV. com que os juros cresçam pouco.
d) II, III e IV. e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im-
47. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e
I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:) está ver, se a importação vale a pena.
empregado de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa em: 50. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
traficantes que possam ser encontrados em uma rua es-
a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os
no campo da política: é menor nas publicações rela- danos que tais criminosos causam são minúsculos quan-
cionadas às catástrofes naturais. do comparados com os de criminosos respeitáveis, que
b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que vestem colarinho branco e trabalham para as organiza-
os usuários compartilham informações com as quais ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca-
concordam: pois não verificam as fontes antes. das por violações das leis antitrust — apenas um item de
uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran-
c) As informações enganosas são mais difundidas do que co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos
as verdadeiras: de acordo com estudo recente feito crimes notificados à polícia em mais de uma década, e
por um instituto de pesquisa. as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime
d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in-
uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados
quase impossível. por seus produtos provavelmente custou tantas vidas
quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos
e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não
nos Estados Unidos da América durante uma década in-
entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí- teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam-
cias sem fonte confiável. bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas.
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São
48. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).
I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor-
retamente em: Não haveria prejuízo para o sentido original do texto
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada
ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para
a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên- imediatamente depois de “e”.
cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons-
trangimentos às empresas. ( ) CERTO ( ) ERRADO
b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar
quem está conectado de quem não faz parte do mun- 51. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VU-
NESP-2014) Assinale a alternativa cuja frase está correta
do digital.
quanto à pontuação.
c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações que
confirmam aquilo que corresponde, às suas crenças. a) O médico, solidário e comovido, apertou minha mão e
d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar entendeu o pedido de minha mãe.
LÍNGUA PORTUGUESA

dados e checar se as informações refletem a realidade. b) A diferença entre parada cardíaca e morte, não é ensi-
e) Os consumidores de notícias não agem como cientis- nada, aos médicos nas faculdades.
tas porque não estão preocupados em conferir, pon- c) Prof. Alvariz, chefe da clínica sabia qual a diferença en-
tre, parada cardíaca e morte.
tos de vista alternativos.
d) O aborto de fetos anencéfalos motivo de muita revol-
ta, foi bastante contestado.
e) Iniciei assim que o velhinho teve uma parada cardíaca,
os processos de reanimação.

126
52. (TRF-4.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA 55. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
ADMINISTRATIVA – FCC-2014) Quanto à pontuação, a DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
frase inteiramente correta é: - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010 - ADAP-
TADA) “– Mas não é minha cabeça que eles querem de-
a) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde
golar a cada jogo, François.” O uso da vírgula destacada
partem os humanistas uma vez que, é nela, que se
neste trecho tem a função de:
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas
a) Separar o aposto.
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar, as
b) Delimitar o sujeito.
escolhas produzidas pelo escritor.
c) Delimitar uma nova oração.
b) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde
d) Separar o vocativo.
partem os humanistas uma vez que é nela, que se
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas e) Marcar uma pausa forte.
também o desafio, de o leitor divisar e compartilhar,
as escolhas produzidas pelo escritor. 56. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-
c) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde GO 33 – NÍVEL MÉDIO – CESPE-2013)
partem os humanistas, uma vez que é nela que se es- O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es-
tabelecem, não apenas as relações de sentido, mas tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as por processos que culminaram na sua formalização insti-
escolhas produzidas pelo escritor. tucional e na ampliação de sua área de atuação.
d) Para Edward Said a linguagem é o terreno, de onde No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito
partem os humanistas, uma vez que é nela que se lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição.
estabelecem não apenas as relações de sentido mas, Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena-
também, o desafio de o leitor divisar, e compartilhar ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores
as escolhas produzidas pelo escritor. de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e
e) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de
partem os humanistas, uma vez que é nela que se procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas procurador da Fazenda (defensor do fisco).
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi-
escolhas produzidas pelo escritor. nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à
Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as
53. (TRF-3.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui-
ADMINISTRATIVA – FCC-2016-ADAPTADA) Sem que ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade
se altere o sentido da frase, todas as vírgulas podem ser brasileira.
substituídas por travessão, EXCETO em: Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).

a) Não se trata de defender a tradição, família ou pro-


Em “No período colonial, o Brasil foi orientado”, a vírgula
priedade...
após “colonial” é utilizada para isolar aposto.
b) Fiquei um pouco desconcertado pela atitude do meu
amigo, um homem...
( ) CERTO ( ) ERRADO
c) Mas, como eu ia dizendo, estava voltando da Europa...
d) ... como precipitada, entre nós, de que estaria morto...
57. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS
e) Mas a música brasileira, ao contrário de outras artes,
já traz... DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) “Os astrô-
nomos eram formidáveis. Eu, pobre de mim, não desven-
54. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR- daria os segredos do céu. Preso à terra, sensibilizar-me-ia
MÁTICA – FCC-2014-ADAPTADA) com histórias tristes [...]”. Nas alternativas a seguir, os vo-
... a resposta a um problema que sempre atormentou ad- cábulos acentuados do trecho anterior foram colocados
ministradores: o recrutamento e a retenção de talentos. em pares com palavras também acentuadas graficamen-
O segmento introduzido pelos dois-pontos apresenta te. Dentre os pares formados, indique o que apresenta
sentido igual justificativa para tal evento.
LÍNGUA PORTUGUESA

a) restritivo. a) céu / avô


b) explicativo. b) astrônomos / álibi
c) conclusivo. c) histórias / balaústre
d) comparativo. d) formidáveis / ínterim
e) alternativo.

127
58. (MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERO- 62. (PC-RS – DELEGADO DE POLÍCIA – FUNDA-
NÁUTICA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁU- TEC-2018 - ADAPTADA) Sobre acentuação gráfica de
TICA EXAME DE ADMISSÃO AO CFS-B 1-2/2014) Rela- palavras, afirma-se que:
cione as colunas quanto às regras de acentuação gráfica,
sabendo que haverá repetição de números. Em seguida, I. sustentável, climáticas e reciclá-los são acentuados
assinale a alternativa com a sequência correta. em virtude da mesma regra.
II. A regra que determina o acento gráfico em país e con-
tribuído é diferente da que justifica o acento gráfico em
(1) Põe-se acento agudo no i e no u tônicos que formam
hiato com a vogal anterior. resíduos e início.
(2) Acentua-se paroxítona terminada em i ou u seguidos III. O vocábulo viés é acentuado por ser um monossílabo
ou não de s. tônico terminado em e – acrescido de s.
(3) Todas as proparoxítonas devem ser acentuadas.
(4) Oxítona terminada em e ou o, seguidos ou não de s, Quais estão corretas?
é acentuada.
( ) íris a) Apenas I.
( ) saída b) Apenas II.
( ) compraríamos c) Apenas III.
( ) vendê-lo
d) Apenas I e II.
( ) bônus
e) Apenas II e III.
( ) viúvo
( ) bisavôs
63. (PC-RS – ESCRIVÃO E INSPETOR DE POLÍCIA –
a) 2 – 1 – 3 – 4 – 2 – 1 – 4 FUNDATEC-2018 - ADAPTADA) Relacione a Coluna 1
b) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 1 – 4 e a Coluna 2, associando os vocábulos às respectivas re-
c) 4 – 1 – 1 – 2 – 2 – 3 – 2 gras de acentuação gráfica.
d) 2 – 2 – 3 – 4 – 2 – 1 – 3
59. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR – Coluna 1
CESGRANRIO-2018) Em conformidade com o Acordo 1. Monossílabo tônico terminado em -o, -e, -a, seguidos
Ortográfico da Língua Portuguesa vigente, atendem às ou não de s.
regras de acentuação todas as palavras em: 2. Proparoxítona.
3. Oxítona terminada em -o, -e, -a, -em, seguidos ou não
a) andróide, odisseia, residência
de s.
b) arguição, refém, mausoléu
c) desbloqueio, pêlo, escarcéu 4. Regra do hiato.
d) feiúra, enjoo, maniqueísmo
e) sutil, assembléia, arremesso Coluna 2
( ) Atrás.
60. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI- ( ) Último.
TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Entre as palavras ( ) Irá.
abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só existe ( ) Três.
com acento gráfico é: ( ) Também.
( ) Está.
a) história; ( ) Conteúdo.
b) evidência;
c) até;
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de
d) país;
e) humanitárias. cima para baixo, é:

61. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL a) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 2 – 2.


E TRANSPORTE – CESPE-2015) A palavra “cível” recebe b) 3 – 1 – 2 – 3 – 4 – 3 – 2.
LÍNGUA PORTUGUESA

acento gráfico em decorrência da mesma regra que de- c) 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 4 – 1.


termina o emprego de acento em amável e útil. d) 3 – 3 – 1 – 1 – 4 – 3 – 4.
e) 3 – 2 – 3 – 1 – 3 – 3 – 4.
( ) CERTO ( ) ERRADO

128
64. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR-PI – CURSO DE c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi-
OFICIAIS – ENGENHEIRO CIVIL – NUCEPE-2014-A- nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-
DAPTADA) No trecho: “material altamente inflamável e vos “relação” e “escola”.
tóxico”, as palavras destacadas recebem acento gráfico. d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
Também devem receber esse acento as palavras: supressão da preposição “a” com o artigo feminino
“a” que acompanha os substantivos “relação” e “es-
a) tórax e rúbrica. cola”.
b) revólver e púdico. e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
c) alí e cadáver. junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”
d) cajú e cálice. que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
e) bíceps e fétido.
69. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE
DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar a
65. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA postura brasileira apenas à ausência de educação ade-
INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017) A quada” foi corretamente empregado o acento indicativo
sequência de vocábulos: “Islâmico, vitória, até, público” de crase.
pode ser empregada para demonstrar exemplos de três Assinale a alternativa em que o acento indicativo de cra-
se está corretamente empregado.
regras de acentuação gráfica diferentes. Indique a seguir
o grupo de palavras que apresenta palavras cuja acen-
a) O memorando refere-se à documentos enviados na
tuação tenha as mesmas justificativas das palavras do
semana passada.
grupo anteriormente apresentado (considere a mesma
b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-
ordem da sequência apresentada).
cia urgente.
c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar
a) atípica, aparência, é, vítimas
com pessoas já desestimuladas.
b) típico, província, será, Nínive
d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
c) famílias, público, diários, várias
consta na lista.
d) violência, próprios, já, violência
e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
flexível e são responsáveis.
66. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018-ADAP-
TADA) Duas palavras que obedecem à mesma regra de
70. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
acentuação gráfica são:
De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor-
bitante carga tributária a que estão submetidas as empre-
a) indébita / também;
sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase,
b) história / veículo;
devendo ocorrer o mesmo na frase:
c) crônicas / atribuídos;
d) coíba / já;
a) Entregue o currículo as assistentes do diretor.
e) calúnia / plágio.
b) Recorra a esta empresa sempre que precisar.
c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência.
67. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da com-
VUNESP/2013) Assinale a alternativa com as palavras
panhia.
acentuadas segundo as regras de acentuação, respecti-
e) Transmita confiança aqueles que observam seu de-
vamente, de intercâmbio e antropológico.
sempenho.
a) Distúrbio e acórdão.
71. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
b) Máquina e jiló.
CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da
c) Alvará e Vândalo.
língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve
d) Consciência e características.
ser empregado na palavra destacada em:
e) Órgão e órfãs.
a) A intenção da entrevista com o diretor estava relacio-
68. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI-
nada a programação que a empresa pretende desen-
CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015)
volver.
Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do
b) As ações destinadas a atrair um número maior de
aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à
clientes são importantes para garantir a saúde finan-
escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação
ceira das instituições.
ao emprego do acento utilizado nos termos destacados.
c) As instituições financeiras deveriam oferecer condi-
LÍNGUA PORTUGUESA

ções mais favoráveis de empréstimo a quem está fora


a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
do mercado formal de trabalho.
supressão do advérbio “a” com o pronome feminino d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi-
“a” que acompanha os substantivos “relação” e “es- nanceiras consideram que vale a pena investir na nova
cola”. moeda virtual.
b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a e) Os participantes do seminário sobre mercado financei-
nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti- ro foram convidados a comparar as importações e as
vos “relação” e “escola”. exportações em 2017.

129
72. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – 76. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017)
CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
de crase está de acordo com a norma-padrão em: mente, as lacunas do texto a seguir.
a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens
Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendi-
à esmo.
b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia. mento _____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo,
c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou o médico oncologista Drauzio Varella chega ao fim de
à prazo. uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Es-
d) Devido à interferências do público, pode haver mu- tação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
danças na trama. daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que tra-
à emissora. balham no sistema prisional, Varella agora faz um retrato
73. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- das detentas da Penitenciária Feminina da Capital, tam-
GRANRIO-2018) De acordo com a norma- -padrão bém na capital paulista, onde cumprem pena mais de
da língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase duas mil mulheres.
deve ser empregado na palavra destacada em: (https://oglobo.globo.com. Adaptado)

a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam, a) à … às … a


em geral, pequena variação de funções quando com- b) a … as … a
parados a versões anteriores. c) a … às … a
b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa d) à … às … à
junto a crianças do ensino fundamental para ver como e) a … as … à
elas se comportam no ambiente virtual. 77. (TRF-4.ª REGIÃO – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
– ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC-2014-ADAPTADA)
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor- Substituindo-se o elemento grifado pelo que se encon-
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme tra entre parênteses, o sinal indicativo de crase deverá
o depoimento de professores. ser acrescentado em:
d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho-
ras na fila para serem os primeiros que comprarão os a) ... que uma educação liberal, ao alcance de todos...
novos lançamentos. (dispor de todos)
e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão b) ... por meio dos quais se transmitem as humanida-
de crédito para não serem surpreendidas com valores des... − (ciências humanas)
muito altos. c) ... a todas as camadas sociais. − (qualquer classe so-
cial)
74. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU- d) ... se nos referimos a coisas completamente diferen-
NESP-2014) tes... − (uma coisa completamente diferente)
A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo e) ... são um obstáculo a indivíduos independentes. (cria-
especialistas, quase metade delas está associada _____ ção de indivíduos independentes)
bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com- 78. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN-
bate efetivo _____ embriaguez ao volante. RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa-
As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor-
respectivamente, com: retamente empregado em:
a) às … a
a) No mundo moderno, conferem-se às grandes me-
b) as … à
trópoles importante papel no desenvolvimento da
c) à … à
economia e da geopolítica mundiais, por estarem no
d) às … à
topo da hierarquia urbana.
e) à … a
b) Conforme o grau de influência e importância interna-
75. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) cional, classificou-se as 50 maiores cidades em três
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, diferentes classes, a maior parte delas na Europa.
o acento indicativo de crase está corretamente empre- c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a
gado em: responsabilidade de motor propulsor do desenvol-
vimento e a condição de lugar privilegiado para os
a) A população, de um modo geral, está à espera de que, negócios e a cultura.
com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes. d) Em centros com grandes aglomerações populacionais,
realiza-se negócios nacionais e internacionais, além
LÍNGUA PORTUGUESA

b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa-


rem a sua postura. de um atendimento bastante diversificado, como jor-
c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à puni- nais, teatros, cinemas, entre outros.
ções muito mais severas. e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as
d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida cidades globais como verdadeiros polos de influência
dos demais motoristas e de pedestres. internacional, devido à presença de sedes de grandes
e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da empresas transnacionais e importantes centros de
nova lei para que ela possa funcionar. pesquisas.

130
79. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es-
I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse
exigências de concordância da norma-padrão da língua papel gramatical está repetido corretamente em:
portuguesa em:
a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem
a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários paí- da cidade.
ses as notícias falsas. b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fi-
b) A recomendação de testar a veracidade das notícias cariam ricos.
precisam ser seguidas, para não prejudicar as pes- c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências
soas. na cidade.
c) O propósito de conferir grandes volumes de dados d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam
resultaram na criação de serviços especializados. empregos.
d) Os boatos causam efeito mais forte do que as notícias e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer-
reais porque vem acompanhados de títulos chama- tas de trabalho.
tivos.
e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que
67% das pessoas consultam os jornais diariamente.

80. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM-


BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)

Texto I

Portugueses no Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu-


guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do
mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam-
-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis,
como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos,
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais
variadas profissões, como atividades domésticas ou as de
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
bebidas.
A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
significativo de patrícios e algumas associações de por-
te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
como a Casa de Portugal e um grande número de casas
regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
LÍNGUA PORTUGUESA

bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-


vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
preferida pelos mais abastados.
PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza-
ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES,
Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.

131
43 A
GABARITO 44 E
45 C
1 C 46 C
2 C 47 E
3 A 48 D
4 D 49 C
5 E 50 Certo
6 B 51 A
7 A 52 E
8 B 53 A
9 E 54 B
10 A 55 D
11 E 56 Errado
12 E 57 B
13 A 58 A
14 D 59 B
15 D 60 E
16 B 61 Certo
17 B 62 B
18 E 63 E
19 E 64 E
20 D 65 B
21 A 66 E
22 E 67 D
23 A 68 E
24 C 69 D
25 A 70 B
26 A 71 A
27 D 72 E
28 C 73 E
29 D 74 D
30 B 75 A
31 Errado 76 B
32 B 77 E
33 E 78 C
34 D 79 E
35 C 80 E
36 B
37 D
LÍNGUA PORTUGUESA

38 B
39 D
40 E
41 Certo
42 Certo

132
ÍNDICE

REGIMENTO INTERNO

TÍTULO I (Capítulo I, II e III), TÍTULO II (Capítulo I, III, IV, V e VI) e TÍTULO VI (Capítulo I, II e III)................................................ 01
Lei nº 5.810/94 – Regime Jurídico Único............................................................................................................................................................ 09
Lei nº 6.969/07 – Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações............................................................................................................... 28
res reservados a advogados e membros do Ministério
REGIMENTO INTERNO: TÍTULO I (CAPÍTULO Público, na forma prevista nas Constituições Federal e
I, II E III), TÍTULO II (CAPÍTULO I, III, IV, V E Estadual e normas vigentes.
VI) E TÍTULO VI (CAPÍTULO I, II E III) § 1º Constatada a vaga, o Tribunal de Justiça verificará,
preliminarmente, se o seu preenchimento cabe a
Juiz de Direito, Advogado ou Membro do Ministério
RESOLUÇÃO n.º 13, de 11 de maio de 2016 Público.
§ 2º Se o preenchimento da vaga couber a Juiz de
Dispõe sobre o Regimento Interno do Tribunal de Jus- Direito, será fixado o acesso ao Tribunal de Justiça, e,
tiça do Estado do Pará. em sessão pública, mediante votação nominal, aberta
e fundamentada, será feita a indicação, no caso de
O Tribunal de Justiça do Estado do Pará, no uso de antiguidade, ou organizada lista tríplice, no caso de
suas atribuições legais, por deliberação de seus membros merecimento.
na 16ª Sessão Ordinária do Tribunal Pleno, realizada hoje, § 3º A promoção deverá ser realizada até 40 (quarenta)
dias da abertura da vaga, cuja declaração se fará nos
APROVA o Regimento Interno, nos seguintes termos: 10 (dez) dias subsequentes ao fato da vacância.
Das Disposições Preliminares
§ 4º O prazo para abertura da vaga poderá ser
prorrogado uma única vez, por igual período,
Art. 1º Este Regimento dispõe sobre o funcionamento
mediante justificativa fundamentada da Presidência
do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, estabelece
do Tribunal.
a competência dos seus órgãos administrativos e ju-
§ 5º Antes de iniciada a votação de promoção por
risdicionais, regula o processamento e o julgamento
merecimento, fará o Corregedor de Justiça competente
dos feitos que lhe são atribuídos pelas leis e institui a
uma exposição detalhada sobre a vida funcional de
disciplina de seus serviços.
cada Juiz promovível, com base nos registros funcio-
Art. 2º Ao Tribunal cabe o tratamento de “Egrégio”,
seus integrantes têm o título de “Desembargador”, nais respectivos.
recebem o tratamento de “Excelência” e usarão, nas Art. 6º No caso de antiguidade, apurada na última
sessões públicas, vestes talares. entrância, o Tribunal, em sessão aberta e pública, re-
solverá, preliminarmente, se deve ser indicado o Juiz
TÍTULO I mais antigo, somente podendo este ser recusado pelo
DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA voto fundamentado de dois terços (2/3) de seus mem-
CAPÍTULO I bros, conforme procedimento próprio, assegurada
DA COMPOSIÇÃO E ORGANIZAÇÃO ampla defesa e repetindo-se a votação em relação ao
imediato, e assim por diante, até fixar-se a indicação.
Art. 3º O Tribunal de Justiça, órgão supremo do Poder § 1º O procedimento a que se refere o caput correrá em
Judiciário do Estado, tendo por sede a cidade de Belém segredo de justiça e os votos de recusa serão tomados
e jurisdição em todo o Estado do Pará, é composto de em autos apartados, com um prazo de 15 (quinze)
30 (trinta) Desembargadores e dos seguintes órgãos dias para a defesa, devendo o processo ser distribuído
de julgamento: a um relator e julgado pela maioria absoluta do
I - Tribunal Pleno; Tribunal Pleno.
II - Conselho de Magistratura; § 2º Se houver empate na antiguidade relativa à
III – Seção de Direito Público; (Incluído pela E.R. n.º 05 última entrância, terá preferência o juiz mais antigo
de 16/12/2016) na carreira.
IV – Seção de Direito Privado; (Incluído pela E.R. n.º 05 Art. 7º Tratando-se de vaga a ser preenchida por mem-
de 16/12/2016) bro do Ministério Público ou da Ordem dos Advoga-
V – Seção de Direito Penal; (Incluído pela E.R. n.º 05 dos do Brasil, o Tribunal Pleno formará a lista tríplice
de 16/12/2016) mediante a escolha, em escrutínio aberto por maioria
VI – Turmas de Direito Público; (Incluído pela E.R. n.º absoluta, dos indicados em lista sêxtupla pelos órgãos
05 de 16/12/2016) de representação das respectivas classes, procedendo-
VII – Turmas de Direito Privado; (Incluído pela E.R. n.º -se na forma do disposto no parágrafo único do art.
05 de 16/12/2016) 156 da Constituição Estadual.
VIII – Turmas de Direito Penal. (Incluído pela E.R. n.º Parágrafo único. No caso do art. 94 da Constituição
05 de 16/12/2016) Federal, o Tribunal poderá verificar se foram satisfeitas
Art. 4º Dependerá de iniciativa do Tribunal Pleno o as exigências legais.
aumento do número de Desembargadores, o que so- Art. 8º O prazo para a posse é de 30 (trinta) dias, con-
REGIMENTO INTERNO

mente será possível, quando ocorrerem os pressupos- tados da data da publicação do ato de nomeação no
tos constitucionais, cumpridas as normas infraconsti- Diário da Justiça, podendo ser prorrogado, por igual
tucionais vigentes. período, pelo Presidente do Tribunal.
Art. 5º O cargo de Desembargador será provido me- § 1º Se o nomeado estiver em férias ou em licença, o
diante acesso de Juízes de Direito de última entrância, prazo será contado do dia do seu retorno ao serviço.
pelos critérios de merecimento e de antiguidade, al- § 2º Se a posse não se verificar no prazo, a nomeação
ternadamente, ressalvado o 1/5 (um quinto) dos luga- será tornada sem efeito.

1
§ 3º Ocorrendo vacância, quinze dias após esta, qual- III - o Desembargador ou o Juiz de Direito que, segun-
quer Desembargador, observada a antiguidade, pode- do informações da Corregedoria de Justiça, não estiver
rá solicitar a transferência para a vaga. com os serviços em dia.
§4º O Desembargador empossado integrará a Tur- § 2º No caso de prestação de serviço exclusivamente
ma em que se deu a vaga para a qual foi nomea- à Justiça Eleitoral, o afastamento será concedido
do ou ocupará vaga resultante da transferência de a pedido do Tribunal Regional Eleitoral do Pará,
Desembargador. (Redação dada pela E.R. n.º 10 de competindo ao Tribunal Pleno a sua autorização.
21/02/2018) § 3º A Corregedoria informará o Tribunal a respeito
dos Magistrados aptos à indicação, o seu desempenho
CAPÍTULO II funcional e os dados estatísticos da comarca ou vara.
DAS ELEIÇÕES Art. 15. Na elaboração da lista de advogados para
integrar o Tribunal Regional Eleitoral, cada Desem-
Art. 9º A eleição do Presidente, do Vice-Presidente, bargador votará em 6 (seis) nomes, considerando-se
dos Corregedores de Justiça e do Conselho de Magis- eleitos os que tiverem obtido a maioria absoluta de
tratura, realizar-se-á em sessão do Tribunal Pleno, em votos dos presentes.
até 60 (sessenta) dias, no mínimo, antes do término Parágrafo único. Sendo necessário um segundo escru-
do mandato. tínio, concorrerão os nomes remanescentes mais vo-
Art. 10. Considerar-se-ão eleitos Presidente, Vice-Pre- tados em número não superior ao dobro dos lugares
sidente, Corregedores de Justiça e membros do Con- a preencher.
selho de Magistratura os Desembargadores que, nos Art. 16. Os membros efetivos das comissões perma-
respectivos escrutínios, obtiverem a maioria absoluta nentes serão escolhidos pelo novo Presidente, para
dos votos dos presentes. mandato de 2 (dois) anos, permitida a recondução.
§ 1º Se nenhum dos Desembargadores obtiver essa
maioria, proceder-se-á a um segundo escrutínio CAPÍTULO III
DO FUNCIONAMENTO DO TRIBUNAL
entre os 2 (dois) mais votados, e, em caso de empate,
considerar-se-á eleito o que for mais antigo dentre
Art. 17. Os trabalhos do Tribunal de Justiça serão ins-
eles no Tribunal.
talados em sessão solene do Tribunal Pleno com a pre-
§ 2º Será adotado sistema informatizado ou, na sua sença de todos os seus membros, na primeira quarta-
impossibilidade, cédula única na qual serão incluídos, -feira útil do calendário forense.
na ordem decrescente de antiguidade, os nomes dos § 1º O primeiro dia útil do calendário forense iniciará
Desembargadores. após o recesso judiciário compreendido no período de
Art. 11. O Presidente, o Vice-Presidente, os Corregedo- 20 de dezembro a 6 de janeiro.
res de Justiça e os membros do Conselho de Magistra- § 2º No período de 20 de dezembro a 20 de janeiro,
tura serão eleitos para mandato de 2 (dois) anos, ve- todos os prazos, audiências e sessões julgamento
dada a reeleição para o mesmo cargo e, salvo motivo estarão suspensos, nos termos do CPC.
de força maior, tomarão posse no primeiro dia útil do Art. 18. O Tribunal Pleno compõe-se de todos os De-
mês de fevereiro. Art. 12. Vagando quaisquer dos car- sembargadores do Tribunal de Justiça do Estado do
gos referidos no art. 9º no curso da primeira metade Pará e Juízes convocados, enquanto perdurar a con-
do biênio, realizar-se-á nova eleição do sucessor, no vocação, sem prejuízo de outras convocações para a
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da declaração de composição de quórum.
vacância pelo Tribunal Pleno, para completar o térmi- § 1º O Tribunal Pleno funcionará, com a maioria
no do mandato. absoluta de seus membros, sob a direção do
Parágrafo único. Caso a vacância ocorra no segundo Desembargador Presidente ou de quem o estiver subs-
ano do biênio, o cargo vago será provido pelo membro tituindo.
mais antigo do Tribunal. § 2º Para a composição de quórum poderá ser feita a
Art. 13. O Desembargador eleito para o cargo de dire- convocação de Desembargadores, ainda que afasta-
ção no Tribunal de Justiça ou para o Tribunal Regional dos em virtude de licenças, férias e a serviço da Justiça
Eleitoral, como membro efetivo, perderá, automatica- Eleitoral.
mente, ao ser empossado, a titularidade de outra fun- § 3º Os Juízes convocados funcionarão nas sessões do
ção eletiva, procedendo-se, na sessão subsequente, à Tribunal Pleno apenas nos processos sobre matéria
eleição para o preenchimento da vaga. judiciária, na qualidade de relator ou de revisor,
quando houver.
Art. 14. A eleição de Desembargador e de Juiz de Di-
Art. 19. O Tribunal Pleno reunir-se-á às quartas-feiras,
reito de 3ª entrância para integrar o Tribunal Regional
apreciando tanto as questões administrativas quanto
Eleitoral é feita em sessão do Tribunal Pleno, convoca-
REGIMENTO INTERNO

as judiciais.
da depois da comunicação de vaga pela Presidência § 1º O Conselho de Magistratura reunir-se-á às
daquela Corte Federal. segundas e quartas quartas-feiras de cada mês.
§ 1º Não podem ser votados para as funções § 2º As Seções de Direito Público, de Direito Privado
mencionadas neste artigo: e de Direito Penal e as Turmas de Direito Público, de
I - o ocupante de cargo de direção no Tribunal de Jus- Direito Privado e de Direito Penal funcionarão da
tiça; seguinte forma: (Redação dada pela E.R. n.º 05 de
II - os Juízes de Direito auxiliares; 16/12/2016)

2
I - a Seção Penal, a Primeira Turma de Direito Públi- § 4º Em nenhuma hipótese, salvo vacância do cargo
co, a Segunda Turma de Direito Público, e a Primeira de Desembargador, haverá redistribuição de processos
Turma de Direito Privado terão sessões às segundas- aos Juízes convocados.
-feiras. (Alterado pela E.R. n.º 19 de 30/01/2019) Art. 23. O Presidente, o Vice-Presidente e os Corre-
II – a Seção de Direito Público, a primeira e a segunda gedores de Justiça integram apenas o Tribunal Pleno,
Turma de Direito Penal e a segunda Turma de Direito o Conselho de Magistratura e as Comissões Perma-
Privado terão sessões às terças-feiras; (Redação dada nentes na forma regimental, atuando, ainda, no jul-
pela E.R. n.º 05 de 16/12/2016) gamento dos feitos que lhe couberem por distribuição
III – a Seção de Direito Privado e a Terceira Turma de nas Seções e Turmas. (Redação dada pela E.R. n.º 10
Direito Penal terão sessões às quintas- feiras. (Altera- de 21/02/2018)
do pela E.R. n.º 19 de 30/01/2019)
§ 3º Compete aos Presidentes das Seções e Turmas TÍTULO II
convocar sessões extraordinárias: (Redação dada pela DOS DIVERSOS ÓRGÃOS DO TRIBUNAL
E.R. n.º 10 de 21/02/2018) CAPÍTULO I
a) no âmbito cível, com 05 (cinco) dias úteis de ante- DOS ÓRGÃOS DE DIREÇÃO DO TRIBUNAL
cedência, com indicação dos feitos a serem julgados,
sendo obrigatória a convocação sempre que, em 2 Art. 33. A Presidência do Tribunal, a Vice-Presidência
(duas) sessões consecutivas, não for esgotada a pauta e as Corregedorias de Justiça são responsáveis pelo re-
de julgamentos; gular funcionamento e pela disciplina dos serviços do
b) no âmbito criminal, com 24 (vinte e quatro) horas Judiciário, tanto em 1ª quanto em 2ª instância, com
de antecedência, no mínimo, com indicação dos fei- os poderes e atribuições que lhe são conferidos no Có-
tos a serem julgados, sendo obrigatória a convocação digo de Organização Judiciária do Estado.
sempre que, em 2 (duas) sessões consecutivas, não for Art. 34. O Presidente do Tribunal é substituído pelo Vi-
esgotada a pauta de julgamentos. ce-Presidente e este pelo Desembargador mais antigo
Art. 20. Os órgãos do Tribunal de Justiça funcionarão na ordem de antiguidade; bem como os Corregedores
com o seguinte quorum mínimo: de Justiça e os membros do Conselho de Magistratura,
I – o Conselho de Magistratura, com 5 (cinco) mem- pela mesma forma.
bros; Art. 35. Para completar quórum em uma das Seções,
II – a Seção de Direito Público, com a maioria absoluta
serão convocados Desembargadores de outra Seção,
dos membros das Turmas de Direito Público; (Redação
e, em uma das Turmas, Desembargadores de outra
dada pela E.R. n.º 05 de 16/12/2016)
Turma, de preferência da mesma Seção, observada,
III – a Seção de Direito Privado, com a maioria ab-
quando possível, a ordem de antiguidade, de modo
soluta dos membros das Turmas de Direito Privado;
que a substituição seja feita por Desembargador que
(Redação dada pela E.R. n.º 05 de 16/12/2016)
ocupe, em sua Seção ou Turma, posição correspon-
IV – a Seção de Direito Penal, com a maioria absoluta
dente à do substituído. (Redação dada pela E.R. n.º 10
dos membros das Turmas de Direito Penal; (Redação
dada pela E.R. n.º 05 de 16/12/2016) de 21/02/2018)
V – as Turmas de Direito Privado, com 3 (três) mem-
bros; (Redação dada pela E.R. n.º 05 de 16/12/2016) CAPÍTULO III
VI – as Turmas de Direito Público, com 3 (três) mem- DA VICE-PRESIDÊNCIA
bros; (Redação dada pela E.R. n.º 05 de 16/12/2016)
VII – as Turmas de Direito Penal, com 3 (três) mem- Art. 37. Ao Vice-Presidente do Tribunal compete:
bros. (Redação dada pela E.R. n.º 05 de 16/12/2016) I – substituir o Presidente nas suas faltas e impedi-
Art. 21. Revogado. (Redação dada pela E.R. n.º 10 de mentos eventuais;
21/02/2018) II - superintender a distribuição dos feitos de compe-
Art. 22. Havendo necessidade de convocação de Juiz de tência dos órgãos de julgamento do Tribunal de Jus-
primeiro grau, a Presidência submeterá a matéria ao tiça;
Tribunal Pleno para deliberação, obedecidas as normas III – revogado. (Redação dada pela E.R. n.º 10 de
constitucionais e infraconstitucionais aplicáveis. 21/02/2018)
§ 1º Nos casos de vaga ou afastamento de IV – revogado; (Redação dada pela E.R. n.º 10 de
Desembargador, a qualquer título, por período superior 21/02/2018)
a 30 (trinta) dias, será convocado pelo Presidente do V – revogado; (Redação dada pela E.R. n.º 10 de
Tribunal, após deliberação do Tribunal Pleno, Juiz de 21/02/2018)
Direito de última entrância, que receberá os processos VI – tomar aparte no julgamento das causas em cujos
do substituído e os distribuídos àquele durante o autos, antes de empossado no cargo de Vice-Presiden-
tempo da substituição. te, houver aposto seu visto como relator ou revisor;
REGIMENTO INTERNO

§ 2º Os parâmetros para escolha dos Juízes convocados VII – revogado. (Redação dada pela E.R. n.º 10 de
serão definidos por meio de resolução do Tribunal de 21/02/2018)
Justiça. VIII – por delegação do Presidente:
§ 3º Novo afastamento concedido nos 30 (trinta) dias a) decidir a admissibilidade dos recursos dirigidos ao
subsequentes ao término do anterior será considerado Superior Tribunal de Justiça, bem como levar ao Tri-
como prorrogação para fins do disposto no caput bunal Pleno as impugnações sobre os provimentos e
deste artigo. demais atos previstos na legislação processual;

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b) auxiliar na supervisão e fiscalização do serviço da V - apreciar os relatórios dos Juízes de Direito;
Secretaria Judiciária; VI - expedir normas referentes aos estágios probató-
c) presidir a Comissão de Concurso de Juiz Substituto; rios dos Juízes de Direito;
d) exercer outras atribuições administrativas e de re- VII - conhecer das representações e reclamações con-
presentação; tra Juízes e serventuários acusados de atos atentató-
§1° A delegação das atribuições previstas no inciso rios ao regular funcionamento dos serviços judiciais,
VIII far-se-á mediante ato da Presidência e de comum determinando ou promovendo as diligências que se
acordo com o Vice-Presidente. fizerem necessárias à apuração dos fatos e definição
§2° Em caso de ausência ou impedimento do Vice- de responsabilidade, cientificando ao Procurador-Ge-
Presidente, assumirá o Desembargador mais antigo, ral de Justiça, Procurador-Geral do Estado, aos Pre-
na ordem de antiguidade, que não faça parte da sidentes do Conselho Federal e Seccional da Ordem
administração do Tribunal. dos Advogados do Brasil e ao Defensor Público Geral,
§3° Os serviços de protocolo, distribuição e autuação quando estiverem envolvidas pessoas subordinadas a
processual, bem como os vinculados à central de estas autoridades;
mandados, todos relativos à segunda instância, são de VIII - requisitar, em razão de serviço, passagens e
supervisão, coordenação e controle do Vice-Presidente. transporte;
IX - autorizar os Juízes, em razão de serviço, a requi-
CAPÍTULO IV sitarem passagens em aeronave e outros meios de
DAS CORREGEDORIAS transporte;
X - determinar a realização de sindicância ou de pro-
Art. 38. A Corregedoria Geral de Justiça, dividida para cesso administrativo decidindo os que forem de sua
efeito de jurisdição em Corregedoria de Justiça da Re- competência e determinando as medidas necessárias
gião Metropolitana de Belém e Corregedoria de Jus- ao cumprimento da decisão;
tiça das Comarcas do Interior do Estado, tem funções XI - aplicar penas disciplinares e, quando for o caso,
administrativas, de orientação, fiscalização e discipli- julgar os recursos das que forem impostas pelos Juízos;
nares, sendo exercida por 2 (dois) Desembargadores XII - remeter ao órgão competente do Ministério Públi-
eleitos na forma da Lei. co, para os devidos fins, cópias de peças dos processos
Art. 39. Os Corregedores de Justiça serão auxiliados administrativos, quando houver elementos indicativos
por Juízes Corregedores, sendo no máximo de 2 (dois) da ocorrência de crime cometido por servidor;
para cada Corregedoria e exercerão, por delegação,
XIII - julgar os recursos das decisões dos Juízes refe-
suas atribuições relativamente aos Juízes de Direito e
rentes a reclamações sobre cobrança de custas e emo-
servidores da justiça.
lumentos;
§ 1º Os Juízes Corregedores são escolhidos entre os
XIV - opinar, no que couber, sobre pedidos de renova-
Juízes de Direito de última entrância e designados
ção, permutas, férias e licenças dos Juízes de Direito;
pelo Presidente do Tribunal, ouvido o Conselho de
XV – conhecer das reclamações referentes às custas
Magistratura, por proposta dos Corregedores.
relativas a atos praticados por servidores do Tribunal;
§ 2º A designação dos Juízes Corregedores terá tempo
determinado, considerando-se finda com o término do XVI - baixar provimentos:
mandato dos Corregedores de Justiça. a) sobre as atribuições dos servidores, quando não de-
§ 3º Os Juízes Corregedores, uma vez designados, finidas em lei ou regulamento;
ficam desvinculados do exercício de suas varas. b) concernentes à classificação dos feitos de distribui-
§ 4º Os Juízes Corregedores, findo o mandato dos ção na 1ª instância;
Corregedores de Justiça, ou deixando o cargo por c) relativos aos livros necessários ao expediente foren-
qualquer outro motivo, reverterão ao exercício de suas se e aos serviços judiciários em geral, organizando os
varas. modelos, quando não estabelecidos em lei;
Art. 40. Aos Corregedores de Justiça, além da incum- d) referentes à subscrição de atos auxiliares de quais-
bência de correição permanente dos serviços judiciá- quer ofícios;
rios de 1ª instância, zelando pelo bom funcionamento XVII - autorizar o uso de livros e folhas soltas;
e aperfeiçoamento da Justiça, das atribuições referidas XVIII – manifestar-se sobre a desanexação ou aglu-
em lei e neste Regimento, compete: tinação dos ofícios do foro judicial e do extrajudicial;
I - elaborar o Regimento Interno da Corregedoria res- XIX – manifestar-se sobre os serviços de plantão nos
pectiva e modificá-lo em ambos os casos, com aprova- foros e atribuição dos respectivos Juízes;
ção do Conselho de Magistratura; XX - opinar sobre pedidos de remoção, permuta,
II - realizar correição geral ordinária sem prejuízo das transferência e readaptação dos servidores da justiça
extraordinárias que entenda fazer, ou haja de realizar, de 1ª instância;
por determinação do Conselho de Magistratura em, XXI - designar, nas comarcas servidas por central de
REGIMENTO INTERNO

no mínimo, metade das varas da entrância final; mandados, ouvido o Juiz de Direito do foro, Oficiais
III - organizar os serviços internos da Corregedoria, in- de Justiça para atuarem exclusivamente em determi-
clusive a discriminação de atribuições aos Juízes Cor- nadas varas, ou excluir quaisquer delas do sistema
regedores; centralizado, atendidas às necessidades do serviço fo-
IV - determinar, anualmente, a realização de correição rense;
geral em, no mínimo, metade das comarcas da região XXII - relatar no Tribunal Pleno os casos de promoções
metropolitana e do interior do Estado; de Juízes de Direito;

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XXIII - exercer outras atribuições que lhe forem confe- V - emitir documentos;
ridas em lei ou Regimento. VI - prestar informações acerca do concurso;
Art. 41. Da decisão das Corregedorias caberá recurso VII - cadastrar os requerimentos de inscrição;
para o Conselho de Magistratura no prazo de cinco VIII - acompanhar a realização da primeira etapa;
(05) dias, contados da ciência do interessado, sem IX - homologar o resultado do curso de formação ini-
efeito suspensivo, salvo em se tratando de matéria cial;
disciplinar. X – aferir os títulos dos candidatos e atribuir-lhes nota;
XI - julgar os recursos interpostos nos casos de indefe-
CAPÍTULO V rimento de inscrição preliminar e dos candidatos não
DAS COMISSÕES aprovados ou não classificados na prova objetiva se-
letiva;
Art. 42. São Comissões Permanentes do Tribunal: XII - ordenar a convocação do candidato a fim de
I - de Concurso; comparecer em dia, hora e local indicados para a re-
II - de Organização Judiciária, Regimento, Assuntos alização da prova;
Administrativos e Legislativos; XIII - homologar ou modificar, em virtude de recurso,
III - de Informática; o resultado da prova objetiva seletiva, determinando
IV - de Súmula, Jurisprudência, Biblioteca e Revista; a publicação no Diário Oficial da lista dos candidatos
V - de Segurança Institucional. classificados;
XIV - apreciar outras questões inerentes ao concurso.
Art. 43. O Tribunal poderá constituir outras comissões, Parágrafo único. As atribuições constantes deste dis-
ou outros órgãos que se fizerem necessários, para es- positivo poderão ser delegadas à instituição especia-
tudo e análise de matérias especificamente indicadas, lizada contratada ou conveniada para realização das
marcando prazo, que poderá ser prorrogado, para a provas do concurso.
apresentação de estudo e parecer. Art. 46. Aprovado o edital caberá à Presidência da
Comissão, no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, a
Seção I publicação no Diário da Justiça do edital de abertura
Da Comissão de Concurso do concurso, para a inscrição dos interessados.
Art. 47. Dentre os aprovados, observado o número de
Art. 44. A Comissão de Concurso para provimento de vagas, a Comissão do Concurso organizará, em ordem
cargos de Juiz Substituto, constituída mediante Re- decrescente, a lista de classificação, que será levada
solução do Tribunal, será presidida pelo Presidente, ao Tribunal Pleno para a homologação e divulgação.
como membro nato, podendo ser delegada ao Vice- Parágrafo único. A publicação do resultado final do
-Presidente, e composta de mais 3 (três) Desembar- concurso será feita em 2 (duas) listas, contendo, a pri-
gadores, escolhidos pelo Tribunal Pleno, além do re- meira, a pontuação de todos os candidatos, inclusive a
presentante da Ordem dos Advogados do Brasil Seção dos com deficiência, e a segunda, somente a pontua-
Pará. ção destes últimos, os quais serão chamados na ordem
§ 1º A Comissão de Concurso incumbir-se-á de das vagas reservadas às pessoas com deficiência.
todas as providências necessárias à organização e Art. 48. Homologados os resultados e a classificação,
realização do certame, observadas as regras dispostas os Juízes Substitutos serão nomeados prestando com-
em Resolução do CNJ. promisso e tomarão posse solene em sessão especial,
§ 2º A Comissão de Concurso contará com uma anunciada com a antecedência mínima de 48 (qua-
secretaria para apoio administrativo e mais dois renta e oito) horas.
servidores como auxiliares. Parágrafo único. Em casos especiais, poderão o com-
§ 3º Nenhuma substituição será feita na Comissão promisso e a posse ser deferidos no Gabinete do Pre-
durante as provas, a não ser em caso de força maior, sidente do Tribunal.
quando a substituição terá caráter definitivo. Art. 49. O Tribunal poderá realizar, como etapa do
§ 4º As decisões da Comissão de Concurso serão certame, curso de formação inicial, de caráter elimi-
tomadas por maioria de votos, cabendo ao seu natório ou não.
Presidente, também o voto de desempate. Art. 50. A lotação dos Juízes nas comarcas e regiões
§ 5º Na falta ou impedimento de Desembargador será feita obedecendo-se à preferência dos aprovados,
para compor a Comissão de Concurso, poderá ser formulada em ordem decrescente da classificação.
convocado para substituição Juiz de 3ª Entrância,
observada a ordem de antiguidade, até cessação do SEÇÃO II
impedimento. DA COMISSÃO DE ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA,
Art. 45. Compete à Comissão de Concurso: REGIMENTO, ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS E LE-
REGIMENTO INTERNO

I - elaborar o edital de abertura do certame que será GISLATIVOS


discutido e aprovado pelo Tribunal Pleno;
II - fixar o cronograma com as datas de cada etapa; Art. 51. A Comissão de Organização Judiciária, Regi-
III - receber e examinar os requerimentos de inscrição mento, Assuntos Administrativos e Legislativos será
preliminar e definitiva, deliberando sobre eles; constituída pelo Vice-Presidente que, como membro
IV - designar as Comissões Examinadoras para as pro- nato, presidi-la-á, pelos Corregedores de Justiça e
vas da segunda (duas provas escritas) e quarta etapas; mais 3 (três) Desembargadores, competindo-lhe:

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I - opinar e votar sobre todos os assuntos relativos à § 1º A comissão será auxiliada por 4 (quatro) servidores,
Organização Judiciária e aos serviços auxiliares da sendo pelo menos 2 (dois) bacharéis em direito.
Justiça de primeiro e segundo graus, submetendo, § 2º A comissão reunir-se-á mensalmente, em datas
após aprovação, ao Tribunal Pleno; definidas por seus membros.
II - propor alterações de ordem legislativa ou de atos
normativos do próprio Poder Judiciário; SEÇÃO V
III - realizar o controle e o acompanhamento de proje- DA COMISSÃO PERMANENTE DE SEGURANÇA
tos encaminhados à Assembleia Legislativa; INSTITUCIONAL
IV - emitir parecer sobre proposta de alteração do Re-
gimento Interno; Art. 54. A Comissão Permanente de Segurança Insti-
V - manter atualizado o texto do regimento interno tucional/CPSI, vinculada diretamente à Presidência do
de acordo com as alterações decorrentes de emendas. Tribunal de Justiça, será composta:
§ 1º A comissão reunir-se-á quinzenalmente, em datas I – um Desembargador indicado pela Presidência que
definidas por seus membros. presidirá a Comissão;
§ 2º A comissão contará com uma secretaria para II – um Juiz auxiliar da Corregedoria de Justiça da Re-
apoio administrativo composta de dois servidores gião Metropolitana de Belém indicado pelo respectivo
ocupantes de cargos de Analista Judiciário com Corregedor;
formação em direito, sendo um deles indicado pelo III – um Juiz auxiliar da Corregedoria de Justiça das Co-
Presidente para secretariá-la. marcas do Interior indicado pelo respectivo Corregedor;
IV – um Juiz de Direito indicado pela Presidência do
SEÇÃO III Tribunal;
DA COMISSÃO DE INFORMÁTICA V - um Juiz de Direito indicado pela Associação dos
Magistrados do Estado do Pará.
Art. 52. A Comissão de Informática será composta de § 1º O Presidente da CPSI indicará um servidor
3 (três) membros, sendo 1 (um) Desembargador que Analista Judiciário para secretariá-lo.
a presidirá e de pelo menos 2 (dois) servidores ocu- § 2º A comissão reunir-se-á mensalmente, em datas
pantes de cargos de Analista Judiciário em serviço de definidas por seus membros.
computação, podendo ainda dela participar os Direto- Art. 55. A Comissão Permanente de Segurança Insti-
res do Fórum Cível e Criminal, incumbindo-lhe: tucional tem por finalidade precípua a implantação
I - apreciar toda a matéria relativa aos métodos e téc- de ações estratégicas de segurança de magistrados,
nicas de computação de dados no âmbito do Poder servidores, patrimônio e informações afetas ao Poder
Judiciário; Judiciário do Estado do Pará, nos termos de Resolução
II - apreciar, sob indicação da Presidência do Tribunal, deste Tribunal e do CNJ.
as propostas de ampliação das áreas de abrangência Art. 56. As ações da CPSI, desempenhadas sob a su-
dos serviços de informática forense e matérias corre- pervisão de seu presidente, ocorrerão de forma arti-
latas. culada com a Coordenadoria Militar do Tribunal de
Parágrafo único: A comissão reunir-se-á, mensalmen- Justiça do Estado do Pará, bem como em parceria com
te, em datas definidas por seus membros. o Departamento de Polícia Federal, Polícias Estaduais
e outros órgãos afins de natureza policial ou de inte-
SEÇÃO IV ligência.
DA COMISSÃO DE SÚMULA, JURISPRUDÊNCIA, BI- Art. 57. A Coordenadoria Militar do Tribunal de Justiça
BLIOTECA E REVISTA prestará apoio à Presidência da CPSI, sem prejuízo de
suas funções institucionais.
Art. 53. A Comissão de Súmula, Jurisprudência, Biblio- Art. 58. A CPSI poderá contar com o suporte de todos
teca e Revista será constituída de 3 (três) Desembar- os órgãos administrativos do Poder Judiciário do Es-
gadores, sendo o Presidente designado de qualquer tado do Pará para o desempenho de suas atribuições.
uma das Seções, e os demais integrantes da Seção
Civil e Criminal, cada um, cabendo-lhe: TÍTULO VI
I - manifestar sobre edição, alteração ou cancelamen- DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL
to de súmula; CAPÍTULO I
II - superintender a edição e a circulação da “Revista DA ORDEM CRONOLÓGICA DOS PROCESSOS CÍ-
de Jurisprudência do Tribunal de Justiça”; VEIS
III - superintender a organização de índices e fichários
de jurisprudência e legislação; Art. 125. Os Desembargadores Relatores das causas
IV - orientar e inspecionar os serviços de biblioteca, cíveis atenderão, preferencialmente, à ordem cronoló-
sugerindo as providências necessárias ao seu funcio- gica de conclusão para proferir julgamento.
REGIMENTO INTERNO

namento; § 1º Após o cumprimento do rito legalmente previsto,


V - opinar sobre aquisições e permutas de obras; o Secretário fará os autos conclusos para julgamento,
VI - supervisionar empréstimo de obras; ocasião em que será incluído na lista de ordem
VII - supervisionar o serviço de jurisprudência e pes- cronológica, via sistema de acompanhamento de
quisa; processos, disponível para consulta do público no site
VIII - manter na biblioteca um serviço de documenta- do Poder Judiciário na rede mundial de computadores.
ção que sirva de subsídio à história do Tribunal. (Redação dada pela E.R. n.º 10 de 21/02/2018)

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§ 2º Recebidos os autos em gabinete, caso o relator CAPÍTULO II
entenda ser necessária alguma providência instrutória DAS SESSÕES E DAS AUDIÊNCIAS
ou procedimental, determinará a remessa à secretaria
por meio de despacho motivado, apontando as Art. 127. Nos processos de competência originária do
providências a serem empreendidas antes da inclusão Tribunal, as audiências serão presididas pelo respecti-
do feito na lista de processos aptos a julgamento. vo relator.
§ 3º Cumpridas as diligências determinadas, o Parágrafo único. As audiências serão públicas, salvo
Secretário fará os autos conclusos para julgamento, nos casos previstos em lei ou quando o interesse da
ocasião em que, diante de novo juízo pelo Relator, será justiça determinar o contrário.
aplicada a regra contida no Art. 128. Ao Presidente da audiência caberá manter a
§1º. (Redação dada pela E.R. n.º 10 de 21/02/2018) disciplina dos trabalhos com os poderes previstos nas
§ 4º Incluído o processo na lista de aptos a julgamento, leis processuais e neste Regimento.
eventual requerimento formulado pela parte, salvo Art. 129. Se a parte, no decorrer da instrução, se portar
se implicar reabertura da instrução, não altera sua inconvenientemente, os demais atos instrutórios pros-
colocação na ordem cronológica de conclusão para seguirão sem a sua presença.
julgamento, retornando à mesma posição em que se Art. 130. De tudo que ocorrer nas audiências será la-
encontrava após decisão do pedido. vrada ata.
§ 5º Ocuparão o primeiro lugar da lista de processos Art. 131. O horário de início das sessões será fixado
aptos a julgamento: pelo respectivo órgão do Tribunal e sua duração de-
a) o processo que tiver sua sentença ou acórdão anu- penderá da necessidade de serviço.
lado, salvo quando necessária a realização de diligên- Art. 132. A transmissão radiofônica ou televisionada
cia ou complementação da instrução processual; e a filmagem das sessões, bem como a gravação ou
b) o processo que, após a publicação de acórdão para- taquigrafia dos debates por elementos estranhos ao
digma, necessitar ter seu acórdão recorrido reexami- Tribunal só poderão ser feitas com o consentimento do
nado pelo órgão que o proferiu por contrariar orienta- Presidente da sessão.
ção do Tribunal Superior.
§ 6º As preferências legais serão incluídas em lista CAPÍTULO III
própria de ordem cronológica de conclusão para DO RELATOR
julgamento, nos termos do §1º deste artigo.
§ 7º Estão excluídos da regra do caput deste artigo: Art. 133. Compete ao relator:
I - o julgamento de processos em bloco para aplica- I - presidir a todos os atos do processo, exceto os que
ção de tese jurídica firmada em julgamento de casos se realizam em sessão, podendo delegar a Juiz de Di-
repetitivos; reito competência para quaisquer atos instrutórios e
II - o julgamento de recursos repetitivos ou de inciden- diligências;
II - resolver as questões incidentes, cuja decisão não
te de resolução de demandas repetitivas;
competir ao Tribunal por algum dos seus órgãos;
III - as decisões proferidas com base no artigo 932 do
III - apreciar as medidas urgentes nos recursos e nos
CPC;
processos de competência originária do Tribunal, salvo
IV - o julgamento de embargos de declaração e de
se houver sido arguido seu impedimento ou suspeição;
agravo interno ou regimental;
IV - processar as habilitações, incidentes e restauração
V - as preferências legais, as metas estabelecidas pelo
de autos;
Conselho Nacional de Justiça e as causas que exijam
V - ordenar à autoridade competente a soltura de réu
urgência no julgamento, assim reconhecida por deci- preso:
são fundamentada. a) quando verificar que, pendente recurso por ele in-
Art. 126. O Secretário atenderá, preferencialmente, à terposto, já sofreu prisão por tempo igual ao da pena a
ordem cronológica de recebimento para publicação e que foi condenado, sem prejuízo do julgamento;
efetivação dos pronunciamentos judiciais. (Redação b) quando for absolutória a decisão;
dada pela E.R. n.º 10 de 21/02/2018) c) sempre que por qualquer motivo, cessar a causa da
§ 2º Estão excluídos da regra do caput, os atos prisão;
urgentes, assim reconhecidos por determinação VI - requisitar os autos originais, quando julgar ne-
dos Desembargadores, e as preferências legais que cessário;
constarão de lista própria de ordem cronológica de VII - indeferir liminarmente, as Revisões Criminais:
recebimento. a) quando for incompetente o Tribunal ou o pedido for
§ 3º A parte que se considerar preterida na ordem reiteração de outro, salvo se fundado em novas provas;
cronológica poderá impugnar nos próprios autos por b) quando julgar insuficientemente instruído o pedi-
meio de petição dirigida ao Desembargador Relator
REGIMENTO INTERNO

do e inconveniente ao interesse da justiça a requisição


que requisitará informações ao servidor no prazo de dos autos originais;
2 (dois) dias. VIII - determinar as diligências necessárias à instrução
§ 4º Constatada a preterição, o Desembargador do pedido de Revisão Criminal, quando entender que
determinará o imediato cumprimento do ato e a o defeito na instrução não se deve ao próprio reque-
instauração de processo administrativo disciplinar rente;
contra o servidor. IX - indeferir de plano petições iniciais de ações da
competência originária do Tribunal;

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X - julgar prejudicado pedido de recurso que mani- XXVII - ordenar em mandado de segurança, ao despa-
festamente haja perdido objeto e mandar arquivar ou char a inicial ou posteriormente, até o julgamento, a
negar seguimento a pedido ou recurso claramente in- suspensão do ato que deu motivo ao pedido, quando,
tempestivo ou incabível; relevante o fundamento do ato impugnado, puder re-
XI - negar provimento ao recurso contrário: sultar a ineficácia da medida, em caso de concessão,
a) à súmula do STF, STJ ou do próprio Tribunal; e quando entender levar ao órgão julgador o pedido
b) ao acórdão proferido pelo STF ou STJ no julgamento de liminar para ser apreciado no tocante ao seu defe-
de recursos repetitivos; rimento ou não;
c) ao entendimento firmado em incidente de resolução XXVIII - decretar nos mandados de segurança, a pe-
de demandas repetitivas ou de assunção de compe- rempção ou a caducidade da medida liminar,
tência; ex-offício ou a requerimento do Ministério Público,
d) à jurisprudência dominante desta e. Corte ou de nos casos previstos em lei;
Cortes Superiores; (Redação dada pela Emenda XXIX - admitir assistente nos processos criminais de
Regimental nº 03 de 21/07/2016). competência do Tribunal, quando cabíveis;
XII - dar provimento ao recurso se a decisão recorrida XXX - ordenar a citação de terceiros para integrarem a lide;
for contrária: XXXI - admitir litisconsortes, assistentes, terceiros inte-
a) à súmula do STF, STJ ou do próprio Tribunal; ressados e amici curiae;
b) a acórdão proferido pelo STF ou STJ em julgamento XXXII - realizar tudo o que for necessário ao processa-
de recursos repetitivos; mento dos feitos de competência originária do Tribu-
c) a entendimento firmado em incidente de resolução nal e dos que subirem em grau de recurso;
de demandas repetitivas ou de assunção de compe- XXXIII – homologar, quando for o caso, autocomposi-
tência; ção das partes;
d) à jurisprudência dominante desta e. Corte ou de XXXIV - julgar de plano o conflito de competência
Cortes Superiores; (Redação dada pela Emenda quando sua decisão se fundar em:
Regimental nº 03 de 21/07/2016). a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior
XIII - propor de ofício ou a requerimento da parte, do Tribunal de Justiça ou do próprio Tribunal;
Ministério Público ou da Defensoria Pública, assunção b) tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou
de competência; em incidente de assunção de competência;
XIV – dirigir ao Presidente do Tribunal pedido de ins- c) jurisprudência dominante desta e. Corte.
tauração de Incidente de Resolução de Demandas Re- Parágrafo único. Salvo para acolher sugestão do revi-
petitivas; sor em recursos penais, depois do “visto” deste, o rela-
XV - Sobrestar, quando for o caso, o andamento de tor não poderá determinar diligências.
processos até o julgamento da tese jurídica pelos Tri- Art. 134. O relatório nos autos deve conter a exposi-
bunais superiores; ção sucinta da matéria controvertida pelas partes e
XVI - determinar apensamento ou desapensamento
da que, de ofício, possa vir a ser objeto de julgamento,
de autos;
sendo obrigatório:
XVII - mandar ouvir o Ministério Público, no prazo de
I - nas ações rescisórias, nas remessas necessárias, nas
30 (trinta) dias, nos casos previstos em lei, devendo
apelações cíveis;
requisitar os autos se houver excesso de prazo de vista,
II - nos desaforamentos, nos pedidos de revisão crimi-
sem prejuízo da posterior juntada do parecer;
nal, nas apelações criminais e nos embargos infrin-
XVIII - fiscalizar o pagamento de impostos, taxas, cus-
gentes e de nulidade opostos nessas apelações;
tas e emolumentos, propondo ao órgão competente
do Tribunal, a glosa das custas excessivas; III - nas representações e nos incidentes de inconsti-
XIX – lançar, nos autos, o relatório escrito, quando for tucionalidade;
o caso, inclusive nos pedidos de Revisão Criminal, de- IV - nos incidentes de assunção de competência e de
terminando a seguir a remessa dos autos ao revisor resolução de demandas repetitivas;
nos processos penais e, naqueles onde não houver re- V - nos processos e recursos administrativos de com-
visão, a inclusão em pauta para julgamento; petência do Tribunal Pleno.
XX - receber ou rejeitar, quando manifestamente inep- § 1º O Relatório poderá ser resumido, restrito à pre-
ta, a queixa ou denúncia nos processos de competên- liminar de manifesta relevância, limitando- se a esta
cia originária do Tribunal; matéria a sustentação oral.
XXI – propor, nos casos admissíveis, o arquivamento § 2º O relator disponibilizará ao conhecimento dos
de processo de competência originária do Tribunal, se componentes do órgão julgador, por meio de sistema
a resposta ou defesa prévia do acusado convencer a eletrônico interno de processamento de dados deste
improcedência da ação; XXII - examinar a legalidade Tribunal, cópias do relatório e de peças que entender
da prisão em flagrante; necessárias ao julgamento da causa, sendo-lhe
REGIMENTO INTERNO

XXIII - conceder e arbitrar fiança, ou denegá-la; facultada a disponibilização do voto, que estará al-
XXIV- decretar prisão preventiva; bergado pelo sigilo profissional (art. 28, do Código de
XXV - decidir sobre a produção de prova ou a realiza- Ética da Magistratura).
ção de diligência; Art. 135. Ao relator do acórdão compete:
XXVI - levar o processo à mesa, antes do relatório, I - determinar a remessa dos autos à distribuição
para julgamento de questões de ordem por ele ou pe- quando forem opostos e recebidos embargos infrin-
las partes suscitadas; gentes e de nulidade em matéria criminal;

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II - relatar os recursos regimentais interpostos de suas I - nomeação;
decisões; II - promoção;
III – relatar os embargos de declaração opostos aos III - reintegração;
acórdãos que lavrar. IV - transferência;
Parágrafo único. O condutor do voto vencedor na V - reversão;
maior parte do mérito será o relator do processo, rea- VI - aproveitamento;
lizando-se nova distribuição. VII - readaptação;
VIII - recondução.

LEI Nº 5.810/94 – REGIME JURÍDICO ÚNICO CAPÍTULO II


DA NOMEAÇÃO
SEÇÃO I
LEI N° 5.810, DE 24 DE JANEIRO DE 1994 DAS FORMAS DE NOMEAÇÃO

Dispõe sobre o Regime Jurídico Único dos Servidores Art. 6° A nomeação será feita:
Públicos Civis da Administração Direta, das Autarquias e I - em caráter efetivo, quando exigida a prévia habi-
das Fundações Públicas do Estado do Pará. litação em concurso público, para essa forma de pro-
A Assembléia Legislativa do Estado do Pará estatui e vimento;
eu sanciono a seguinte lei: II - em comissão, para cargo de livre nomeação e exo-
neração, declarado em lei.
TÍTULO I Parágrafo único. A designação para o exercício de
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES função gratificada recairá, exclusivamente, em servi-
dor efetivo.
Art. 1° Esta lei institui o Regime Jurídico Único e define Art. 7° Compete aos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, ao Ministério Público e aos Tribunais de
os direitos, deveres, garantias e vantagens dos Servi-
Contas na área de sua competência, prover, por ato
dores Públicos Civis do Estado, das Autarquias e das
singular, os cargos públicos.
Fundações Públicas.
Art. 8° O ato de provimento conterá, necessariamente,
Parágrafo único. As suas disposições aplicam-se aos
as seguintes indicações, sob pena de nulidade e res-
servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judici-
ponsabilidade de quem der a posse:
ário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.
I - modalidade de provimento e nome completo do
Art. 2° Para os fins desta lei:
interessado;
I - servidor é a pessoa legalmente investida em cargo II - denominação de cargo e forma de nomeação;
público; III - fundamento legal.
II - cargo público é o criado por lei, com denominação
própria, quantitativo e vencimento certos, com o SEÇÃO II
conjunto de atribuições e responsabilidades previstas DO CONCURSO
na estrutura organizacional que devem ser cometidas
a um servidor; Art. 9° A investidura em cargo de provimento efetivo
III - categoria funcional é o conjunto de cargos da depende de aprovação prévia em concurso público de
mesma natureza de trabalho; provas ou de provas e títulos, observado o disposto no
IV - grupo ocupacional é o conjunto de categorias art. 4°. desta lei.
funcionais da mesma natureza, escalonadas segundo Art. 10. A aprovação em concurso público gera o di-
a escolaridade, o nível de complexidade e o grau de reito à nomeação, respeitada a ordem de classificação
responsabilidade; dos candidatos habilitados.
Parágrafo único. Os cargos públicos serão acessíveis § 1° Terá preferência para a ordem de classificação o
aos brasileiros que preencham os requisitos do art. 17, candidato já pertencente ao serviço público estadual
desta lei. e, persistindo a igualdade, aquele que contar com
Art. 3° É vedado cometer ao servidor atribuições e res- maior tempo de serviço público ao Estado
ponsabilidades diversas das inerentes ao seu cargo, § 2° Se ocorrer empate de candidatos não pertencentes
exceto participação assentida em órgão colegiado e ao serviço público do Estado, decidir-se-á em favor do
em comissões legais. mais idoso.
Art. 4° Os cargos referentes a profissões regulamenta- Art. 11. A instrumentação e execução dos concursos
das serão providos unicamente por quem satisfizer os serão centralizadas na Secretaria de Estado de Admi-
requisitos legais respectivos. nistração, no âmbito do Poder Executivo, e nos órgãos
competentes dos Poderes Legislativo e Judiciário, do
REGIMENTO INTERNO

TÍTULO II Ministério Público, e dos Tribunais de Contas.


DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO, DA CARREIRA E § 1° O conteúdo programático, para preenchimento de
DA VACÂNCIA cargo técnico de nível superior poderá ser elaborado
CAPÍTULO I pelo órgão solicitante do concurso.
DO PROVIMENTO § 2° O concurso público será realizado, preferencial-
mente, na sede do Município, ou na região onde o car-
Art. 5° Os cargos públicos serão providos por: go será provido.

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§ 3° Fica assegurada a fiscalização do concurso públi- Art. 17. São requisitos cumulativos para a posse em
co, em todas as suas fases, pelas entidades sindicais cargo público:
representativas de servidores públicos. I - ser brasileiro, nos termos da Constituição;
Art. 12. As provas serão avaliadas na escala de zero a II - ter completado 18 (dezoito) anos;
dez pontos, e aos títulos, quando afins, serão atribuí- III - estar em pleno exercício dos direitos políticos;
dos, no máximo, cinco pontos. IV - ser julgado apto em inspeção de saúde realizada
Parágrafo único. As provas de título, quando constan- em órgão médico oficial do Estado do Pará;
tes do Edital, terão caráter meramente classificatório. V - possuir a escolaridade exigida para o exercício do
Art. 13. O Edital do concurso disciplinará os requisitos cargo;
para a inscrição, o processo de realização, os critérios VI - declarar expressamente o exercício ou não de car-
de classificação, o número de vagas, os recursos e a go, emprego ou função pública nos órgãos e entidades
homologação. da Administração Pública Estadual, Federal ou Muni-
Art. 14. Na realização dos concursos, serão adotadas cipal, para fins de verificação do acúmulo de cargos.
as seguintes normas gerais: (NR)
I - não se publicará Edital, na vigência do prazo de VII - a quitação com as obrigações eleitorais e mili-
validade de concurso anterior, para o mesmo cargo, tares;
se ainda houver candidato aprovado e não convocado VIII - não haver sofrido sanção impeditiva do exercício
para a investidura, ou enquanto houver servidor de de cargo público.
igual categoria em disponibilidade; Art. 18. A compatibilidade das pessoas portadoras de
II - poderão inscrever-se candidatos até 69 anos de deficiência, de que trata o art. 15, parágrafo único, será
idade; declarada por junta especial, constituída por médicos
III - Os concursos terão a validade de até dois anos, especializados na área da deficiência diagnosticada.
a contar da publicação da homologação do resulta- Parágrafo único. Caso o candidato seja considerado
do, no Diário Oficial, prorrogável expressamente uma inapto para o exercício do cargo, perde o direito à no-
única vez por igual período. (NR) meação. (NR)
IV - Comprovação, no ato da posse, dos requisitos pre- Art. 19. São competentes para dar posse:
vistos no edital. (NR) I - No Poder Executivo:
V - participação de um representante do Sindicato dos a) o Governador, aos nomeados para cargos de Di-
Trabalhadores ou de Conselho Regional de Classe das reção ou Assessoramento que lhe sejam diretamente
categorias afins na comissão organizadora do concur- subordinados;
so público ou processo seletivo. (NR) b) os Secretários de Estado e dirigentes de Autarquias
§ 1º Será publicada lista geral de classificação e Fundações, ou a quem seja delegada competência,
contendo todos os candidatos aprovados e, paralela e aos nomeados para os respectivos órgãos, inclusive,
concomitantemente, lista própria para os candidatos colegiados;
que concorreram às vagas reservadas aos deficientes. II - No Poder Legislativo, no Poder Judiciário, no Minis-
(NR) tério Público e nos Tribunais de Contas, conforme dis-
§ 2º Os candidatos com deficiência aprovados e puser a legislação específica de cada Poder ou órgão.
incluídos na lista reservada aos deficientes serão Art. 20. O ato de posse será transcrito em livro espe-
chamados e convocados alternadamente a cada cial, assinado pela autoridade competente e pelo ser-
convocação de um dos candidatos chamados da lista vidor empossado.
geral até preenchimento do percentual reservado às Parágrafo único. Em casos especiais, a critério da au-
pessoas com deficiência no edital do concurso. (NR) toridade competente, a posse poderá ser tomada por
§ 3º Equipe multiprofissional avaliará a compatibilidade procuração específica.
entre as atribuições do cargo e a deficiência do Art. 21. A autoridade que der posse verificará, sob
candidato durante o estágio probatório.(NR) pena de responsabilidade, se foram observados os re-
Art. 15. A administração proporcionará aos portadores quisitos legais para a investidura no cargo ou função.
de deficiência, condições para a participação em con- Art. 22. A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias,
curso de provas ou de provas e títulos. contados da publicação do ato de provimento no Diá-
Parágrafo único. Às pessoas portadoras de deficiên- rio Oficial do Estado.
cia é assegurado o direito de inscrever-se em concurso § 1º O prazo para a posse poderá ser prorrogado
público para provimento de cargo cujas atribuições por mais quinze dias, em existindo necessidade
sejam compatíveis com a deficiência de que são por- comprovada para o preenchimento dos requisitos
tadoras, às quais serão reservadas até 20% (vinte por para posse, conforme juízo da Administração. (NR)
cento), das vagas oferecidas no concurso. § 2° O prazo do servidor em férias, licença, ou afastado
por qualquer outro motivo legal, será contado do
REGIMENTO INTERNO

SEÇÃO III término do impedimento.


DA POSSE § 3° Se a posse não se concretizar dentro do prazo, o
ato de provimento será tornado sem efeito.
Art. 16. Posse é o ato de investidura em cargo público § 4° No ato da posse, o servidor apresentará declaração
ou função gratificada. de bens e valores que constituam seu patrimônio, e
Parágrafo único. Não haverá posse nos casos de pro- declaração quanto ao exercício, ou não, de outro
moção e reintegração. cargo, emprego ou função pública.

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Art. 22-A. Ao interessado é permitida a renúncia da SEÇÃO V
posse, no prazo legal, sendo-lhe garantida a última DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
colocação dentre os classificados no correspondente
concurso público. (NR) Art. 32. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
para o cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
SEÇÃO IV estágio probatório por período de três anos, durante
DO EXERCÍCIO os quais a sua aptidão e capacidade serão objeto de
avaliação para o desempenho do cargo, observados os
Art. 23. Exercício é o efetivo desempenho das atribui- seguintes fatores: (NR)
ções e responsabilidade do cargo. I - assiduidade;
Art. 24. Compete ao titular do órgão para onde for II - disciplina;
nomeado o servidor, dar-lhe o exercício. III - capacidade de iniciativa;
Art. 25. O exercício do cargo terá início dentro do pra- IV - produtividade;
zo de quinze dias, contados: (NR) V - responsabilidade;
I - da data da posse, no caso de nomeação; § 1° Quatro meses antes do findo período do estágio
II - da data da publicação oficial do ato, nos demais probatório, será submetida à homologação da
casos. autoridade competente a avaliação do desempenho
§ 1º Os prazos poderão ser prorrogados por mais do servidor, realizada de acordo com o que dispuser
quinze dias, em existindo necessidade comprovada a lei ou regulamento do sistema de carreira, sem
para o preenchimento dos requisitos para posse, prejuízo da continuidade de apuração dos fatores
conforme juízo da Administração. (NR) enumerados nos incisos I a V deste artigo.
§ 2° Será exonerado o servidor empossado que não § 2° O servidor não aprovado no estágio probatório
entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo. será exonerado, observado o devido processo legal.
Art. 26. O servidor poderá ausentar-se do Estado, para § 3º O disposto no “caput” deste artigo não se aplica
estudo, ou missão de qualquer natureza, com ou sem aos servidores que já tenham entrado em exercício
vencimento, mediante prévia autorização ou designa- na data de publicação desta Lei, que se sujeitam ao
ção do titular do órgão em que servir.
regime anterior.(NR)
Art. 27. O servidor autorizado a afastar-se para estudo
Art. 33. O término do estágio probatório importa no
em área do interesse do serviço público, fora do Estado
reconhecimento da estabilidade de ofício.
do Pará, com ônus para os cofres do Estado, deverá,
Art. 34. O servidor estável aprovado em outro concur-
sequentemente, prestar serviço, por igual período, ao
so público fica sujeito a estágio probatório no novo
Estado.
cargo.
Art. 28. O afastamento do servidor para participação
Parágrafo único. Ficará dispensado do estágio proba-
em congressos e outros eventos culturais, esportivos,
técnicos e científicos será estabelecido em regulamento. tório o servidor que tiver exercido o mesmo cargo pú-
Art. 29. O servidor preso em flagrante, pronunciado blico em que já tenha sido avaliado. (NR)
por crime comum, denunciado por crime administrati-
vo, ou condenado por crime inafiançável, será afasta- CAPÍTULO III
do do exercício do cargo, até sentença final transitada DA PROMOÇÃO
em julgado.
§ 1º Durante o afastamento, o servidor perceberá Art. 35. A promoção é a progressão funcional do ser-
dois terços da remuneração, excluídas as vantagens vidor estável a uma posição que lhe assegure maior
devidas em razão do efetivo exercício do cargo, tendo vencimento base, dentro da mesma categoria funcio-
direito à diferença, se absolvido. (NR) nal, obedecidos os critérios de antiguidade e mereci-
§ 2º Em caso de condenação criminal, transitada em mento, alternadamente.
julgado, não determinante da demissão, continuará o Art. 36. A promoção por antiguidade dar-se-á pela
servidor afastado até o cumprimento total da pena, progressão à referência imediatamente superior, ob-
com direito a um terço do vencimento ou remuneração, servado o interstício de 2 (dois) anos de efetivo exer-
excluídas as vantagens devidas em razão do efetivo cício.
exercício do cargo. (NR) Art. 37. A promoção por merecimento dar-se-á pela
Art. 30. Ao servidor da administração direta, das Au- progressão à referência imediatamente superior, me-
tarquias e das Fundações Públicas ou dos Poderes diante a avaliação do desempenho a cada interstício
Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e dos de 2 (dois) anos de efetivo exercício.
Tribunais de Contas, diplomado para o exercício de Parágrafo único. No critério de merecimento será
mandato eletivo federal, estadual ou municipal, apli- obedecido o que dispuser a lei do sistema de carreira,
ca-se o disposto no Título III, Capítulo V, Seção VII, considerando-se, em especial, na avaliação do desem-
REGIMENTO INTERNO

desta lei. penho, os cursos de capacitação profissional realiza-


Art. 31. O servidor no exercício de cargo de provimen- dos, e assegurada, no processo, a plena participação
to efetivo, mediante a sua concordância poderá ser co- das entidades de classe dos servidores.
locado à disposição de qualquer órgão da administra- Art. 38. O servidor que não estiver no exercício do
ção direta ou indireta, da União, do Estado, do Distrito cargo, ressalvadas as hipóteses consideradas como de
Federal e dos Municípios, com ou sem ônus para o efetivo exercício, não concorrerá à promoção.
Estado do Pará, desde que observada a reciprocidade.

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§ 1° Não poderá ser promovido o servidor que se en- II - para órgãos da administração indireta ou funda-
contre cumprindo o estágio probatório. cional cujo regime jurídico não seja o estatutário;
§ 2° O servidor, em exercício de mandato eletivo, III - do servidor em estágio probatório.
somente terá direito à promoção por antiguidade na Art. 48. A transferência dos membros da Magistratura,
forma da Constituição, obedecidas as exigências le- Ministério Público, Magistério e da Polícia Civil, será
gais e regulamentares. definida no âmbito de cada Poder, por regime próprio.
Art. 39. No âmbito de cada Poder ou órgão, o setor Art. 49. A remoção é a movimentação do servidor
competente de pessoal processará as promoções que ocupante de cargo de provimento efetivo, para outro
serão efetivadas por atos específicos no prazo de 60 cargo de igual denominação e forma de provimento,
(sessenta) dias, contados da data de abertura da vaga. no mesmo Poder e no mesmo órgão em que é lotado.
Parágrafo único. O critério adotado para promoção Parágrafo único. A remoção, a pedido ou ex-officio, do
deverá constar obrigatoriamente do ato que a deter- servidor estável, poderá ser feita: (NR)
minar. I - de uma para outra unidade administrativa da mes-
ma Secretaria, Autarquia, Fundação ou órgão análogo
CAPÍTULO IV dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Pú-
DA REINTEGRAÇÃO blico e dos Tribunais de Contas.
II - de um para outro setor, na mesma unidade admi-
Art. 40. Reintegração é o reingresso do servidor na ad- nistrativa.
ministração pública, em decorrência de decisão admi- Art. 50. A redistribuição é o deslocamento do servidor,
nistrativa definitiva ou sentença judicial transitada em com o respectivo cargo ou função, para o quadro de
julgado, com ressarcimento de prejuízos resultantes outro órgão ou entidade do mesmo Poder, sempre no
do afastamento. interesse da Administração. (NR)
§ 1° A reintegração será feita no cargo anteriormente § 1° A redistribuição será sempre ex-officio, ouvidos os
ocupado e, se este houver sido transformado, no cargo respectivos órgãos ou entidades interessados na mo-
vimentação. (NR)
resultante.
§ 2° A redistribuição dar-se-á exclusivamente para o
§ 2° Encontrando-se regularmente provido o cargo, o
ajustamento do quadro de pessoal às necessidades
seu ocupante será deslocado para cargo equivalente,
dos serviços, inclusive nos casos de reorganização,
ou, se ocupava outro cargo, a este será reconduzido,
extinção ou criação de órgão ou entidade. (NR)
sem direito à indenização.
§ 3° Nos casos de extinção de órgão ou entidade,
§ 3° Se o cargo houver sido extinto, a reintegração dar-
os servidores estáveis que não puderam ser
se-á em cargo equivalente, respeitada a habilitação
redistribuídos, na forma deste artigo, serão colocados
profissional, ou, não sendo possível, ficará o em disponibilidade até seu aproveitamento.(NR)
reintegrado em disponibilidade no cargo que exercia.
Art. 41. O ato de reintegração será expedido no prazo CAPÍTULO VI
máximo de 30 (trinta) dias do pedido, reportando-se DA REVERSÃO
sempre à decisão administrativa definitiva ou à sen-
tença judicial, transitada em julgado. Art. 51. Reversão é o retorno à atividade de servidor
Art. 42. O servidor reintegrado será submetido à ins- aposentado por invalidez, quando, por junta médica
peção de saúde na instituição pública competente e oficial, forem declarados insubsistentes os motivos da
aposentado, quando incapaz. aposentadoria.
§ 1° A reversão, ex-officio ou a pedido, dar-se-á no
CAPÍTULO V mesmo cargo ou no cargo resultante de sua transfor-
DA TRANSFERÊNCIA, DA REMOÇÃO E DA REDIS- mação.
TRIBUIÇÃO (NR) § 2° A reversão, a pedido, dependerá da existência de
cargo vago.
Art. 43. Transferência é a movimentação do servidor § 3° Não poderá reverter o aposentado que já tiver
ocupante de cargo de provimento efetivo, para outro alcançado o limite da idade para aposentadoria
cargo de igual denominação e provimento, de outro compulsória.
órgão, mas no mesmo Poder. Art. 52. Será tornada sem efeito a reversão ex-officio,
Art. 44. Caberá a transferência: e cassada a aposentadoria do servidor que não tomar
I - a pedido do servidor; posse e entrar no exercício do cargo.
II - por permuta, a requerimento de ambos os servido-
res interessados. CAPÍTULO VII
Art. 45. A transferência será processada atendendo a DO APROVEITAMENTO
conveniência do servidor desde que no órgão preten-
REGIMENTO INTERNO

dido exista cargo vago, de igual denominação. Art. 53. O aproveitamento é o reingresso, no serviço
Art. 46. O servidor transferido somente poderá reno- público, do servidor em disponibilidade, em cargo de
var o pedido, após decorridos 2 (dois) anos de efetivo natureza e padrão de vencimento correspondente ao
exercício no cargo. que ocupava.
Art. 47. Não será concedida a transferência: Art. 54. O aproveitamento será obrigatório quando:
I - para cargos que tenham candidatos aprovados em I - restabelecido o cargo de cuja extinção decorreu a
concurso, com prazo de validade não esgotado; disponibilidade;

12
II - deva ser provido cargo anteriormente declarado II - a pedido do próprio servidor.
desnecessário. Art. 61. A vacância de função gratificada dar-se-á por
Art. 55. Será tornado sem efeito o aproveitamento e dispensa, a pedido ou de ofício, ou por destituição.
cassada a disponibilidade de servidor que, aproveita- Art. 62. Na vacância do cargo de titular de Autarquia
do, não tomar posse e não entrar em exercício dentro ou Fundação Pública, poderá o mesmo ser provido
do prazo legal. com a nomeação temporária, ressalvado no ato de
provimento o disposto no art. 92, XX da Constituição
CAPÍTULO VIII do Estado.
DA READAPTAÇÃO
TÍTULO III
Art. 56. Readaptação é a forma de provimento, em DOS DIREITOS E VANTAGENS
cargo mais compatível, pelo servidor que tenha sofrido CAPÍTULO I
limitação, em sua capacidade física ou mental, verifi- DA DURAÇÃO DO TRABALHO
cada em inspeção médica oficial.
§ 1° A readaptação ex-officio ou a pedido, será efeti- Art. 63. A duração da jornada diária de trabalho será
vada em cargo vago, de atribuições afins, respeitada a de 6 (seis) horas ininterruptas, salvo as jornadas espe-
habilitação exigida. ciais estabelecidas em lei.
§ 2° A readaptação não acarretará diminuição ou § 1° Nas atividades de atendimento público que
aumento da remuneração. exijam jornada superior, serão adotados turnos de
§ 3° Ressalvada a incapacidade definitiva para o revezamento.
serviço público, quando será aposentado, é direito do § 2° A duração normal da jornada, em caso de
servidor renovar pedido de readaptação. comprovada necessidade, poderá ser antecipada ou
prorrogada pela administração.
CAPÍTULO IX Art. 64. A frequência será apurada diariamente:
DA RECONDUÇÃO I - pelo ponto de entrada e saída;
II - pela forma determinada quanto aos servidores
Art. 57. Recondução é o retorno do servidor estável ao cujas atividades sejam permanentemente exercidas
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: externamente, ou que, por sua natureza, não possam
ser mensuradas por unidade de tempo.
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro
Art. 65. Na antecipação ou prorrogação da duração
cargo;
da jornada de trabalho, será também remunerado o
II - reintegração do anterior ocupante.
trabalho suplementar, na forma prevista neste Esta-
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de
tuto.
origem, o servidor será aproveitado em outro, obser-
Art. 66. O servidor ocupante de cargo comissionado,
vado o que dispõe a presente lei nos casos de disponi-
independentemente de jornada de trabalho, atenderá
bilidade e aproveitamento.
às convocações decorrentes da necessidade do serviço
de interesse da Administração.
CAPÍTULO X
DA VACÂNCIA CAPÍTULO II
DA ESTABILIDADE
Art. 58. A vacância do cargo decorrerá de:
I - exoneração; Art. 67. O servidor habilitado em concurso público e
II - demissão; empossado em cargo de provimento efetivo, adquirirá
III - promoção; estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois)
IV - aposentadoria; anos de efetivo exercício.
V - readaptação; Art. 68. O servidor estável só perderá o cargo em vir-
VI - falecimento; tude de sentença judicial transitada em julgado, ou
VII - transferência; de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
VIII - destituição. assegurada ampla defesa.
Parágrafo único. A vaga ocorrerá na data: Art. 69. É vedada a exoneração, a suspensão ou a de-
I - do falecimento; missão de servidor sindicalizado, a partir do registro
II - da publicação do decreto que exonerar, demitir, da candidatura a cargo de direção ou representação
promover, aposentar, readaptar, transferir, destituir e sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano
da posse em outro cargo inacumulável. após o final do mandato, salvo se cometer falta grave,
Art. 59. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pe- devidamente apurada em processo administrativo.
dido do servidor ou de ofício.
REGIMENTO INTERNO

Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: CAPÍTULO III


I - quando não satisfeitas as condições do estágio DO TEMPO DE SERVIÇO
probatório;
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar Art. 70. Considera-se como tempo de serviço público o
em exercício no prazo legal. exclusivamente prestado à União, Estados, Distrito Fe-
Art. 60. A exoneração de cargo em comissão dar-se-á: deral, Municípios, Autarquias e Fundações instituídas
I - a juízo da autoridade competente; ou mantidas pelo Poder Público.

13
§ 1° Constitui tempo de serviço público, para todos os CAPÍTULO IV
efeitos legais, salvo para estabilidade, o anteriormente DAS FÉRIAS
prestado pelo servidor, qualquer que tenha sido a
forma de admissão ou de pagamento. Art. 74. O servidor, após cada 12 (doze) meses de exer-
§ 2° Para efeito de aposentadoria e disponibilidade cício adquire direito a férias anuais, de 30 (trinta) dias
é assegurada, ainda, a contagem do tempo de consecutivos.
contribuição financeira dos sistemas previdenciários, § 1° É vedado levar, à conta das férias, qualquer falta
segundo os critérios estabelecidos em lei. ao serviço.
Art. 71. A apuração do tempo de serviço será feita em § 2° As férias somente são interrompidas por motivo
dias. de calamidade pública, comoção interna, convocação
§ 1° O número de dias será convertido em anos, para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por motivo de
considerados sempre como de 365 (trezentos e superior interesse público; podendo ser acumuladas,
sessenta e cinco) dias. pelo prazo máximo de dois anos consecutivos.
§ 2° Para efeito de aposentadoria, feita a conversão, § 3° O disposto neste artigo se estende aos Secretários
os dias restantes, até 182, não serão computados, de Estado. (NR) Art. 75. As férias serão de:
arredondando-se para um ano quando excederem a I - 30 (trinta) dias consecutivos, anualmente;
esse número. II - 20 (vinte) dias consecutivos, semestralmente, para
Art. 72. Considera-se como de efetivo exercício, para os servidores que operem, direta e permanentemente,
todos os fins, o afastamento decorrente de: com Raios X ou substâncias radioativas.
I - férias; Art. 76. Durante as férias, o servidor terá direito a to-
II - casamento, até 8 (oito) dias; das as vantagens do exercício do cargo.
III - falecimento do cônjuge, companheira ou compa- § 1° As férias serão remuneradas com um terço
nheiro, pai, mãe, filhos e irmãos, até 8 (oito) dias; (NR) a mais do que a remuneração normal, pagas
IV - serviços obrigatórios por lei; antecipadamente, independente de solicitação.
V - desempenho de cargo ou emprego em órgão da § 2° (VETADO)
administração direta ou indireta de Municípios, Esta- § 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
dos, Distrito Federal e União, quando colocado regu- comissão, perceberá indenização relativa ao período
larmente à disposição; das férias a que tiver direito e ao incompleto, na
VI - missão oficial de qualquer natureza, ainda que proporção de um doze avos por mês de efetivo
sem vencimento, durante o tempo da autorização ou exercício, ou fração superior a quatorze dias.(NR)
designação; § 4º A indenização será calculada com base na
VII - estudo, em área do interesse do serviço público, remuneração do mês em que ocorrer a exoneração.
durante o período da autorização; (NR)
VIII - processo administrativo, se declarado inocente;
IX – desempenho de mandato eletivo, exceto para pro- CAPÍTULO V
moção por merecimento; DAS LICENÇAS
X - participação em congressos ou outros eventos cul- SEÇÃO I
turais, esportivos, técnicos, científicos ou sindicais, du- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
rante o período autorizado.
XI - licença-prêmio; Art. 77. O servidor terá direito à licença:
XII - licença maternidade com a duração de cento e I - para tratamento de saúde;
oitenta dias; (NR) II - por motivo de doença em pessoa da família;
XIII - licença-paternidade; III - maternidade;
XIV - licença para tratamento de saúde; IV - paternidade;
XV - licença por motivo de doença em pessoa da fa- V - para o serviço militar e outras obrigações previstas
mília; em lei;
XVI - faltas abonadas, no máximo de 3 (três) ao mês; VI - para tratar de interesse particular;
XVII - doação de sangue, 1 (um) dia; VII - para atividade política ou classista, na forma da
XVIII - desempenho de mandato classista. lei;
§ 1° Será contado em dobro o tempo de serviço VIII - por motivo de afastamento do cônjuge ou com-
prestado às Forças Armadas em operações de guerra. panheiro;
§ 2° As férias e a licença-prêmio serão contadas IX - a título de prêmio por assiduidade.
em dobro para efeito de aposentadoria a partir da § 1° As licenças previstas nos incisos I e II dependerão
expressa renúncia do servidor. de inspeção médica, realizada pelo órgão competente.
Art. 73. É vedada a contagem acumulada de tempo
REGIMENTO INTERNO

§ 2° Ao servidor ocupante de cargo em comissão não


de serviço simultaneamente prestado em mais de um serão concedidas as licenças previstas nos incisos VI,
cargo, emprego ou função. VII e VIII.
Parágrafo único. Em regime de acumulação legal, o § 3° A licença - da mesma espécie - concedida dentro
Estado não contará o tempo de serviço do outro car- 60 (sessenta) dias, do término da anterior, será
go ou emprego, para o reconhecimento de vantagem considerada como prorrogação.
pecuniária. § 4° Expirada a licença, o servidor assumirá o cargo no
primeiro dia útil subsequente.

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§ 5° O servidor não poderá permanecer em licença Art. 86. A licença para tratamento de saúde em pessoa
da mesma espécie por período superior a 24 (vinte e da família será concedida:
quatro) meses, salvo os casos previstos nos incisos V, I - com remuneração integral, no primeiro mês;
VII e VIII. II - com 2/3 (dois terços) da remuneração, quando ex-
Art. 78. A licença poderá ser prorrogada de ofício ou ceder de 1 (um) até 6 (seis) meses;
mediante solicitação. III - com 1/3 (um terço) da remuneração quando exce-
§ 1° O pedido de prorrogação deverá ser apresentado der a 6 (seis) meses até 12 (doze) meses;
pelo menos 8 (oito) dias antes de findo o prazo. IV - sem remuneração, a partir do 12°. (décimo segun-
§ 2° O disposto neste artigo não se aplica às licenças do) e até o 24°. (vigésimo quarto) mês.
previstas no art. 77, incisos III, IV, VI e IX. Parágrafo único. O órgão oficial poderá opinar pela
Art. 79. É vedado o exercício de atividade remunerada concessão da licença pelo prazo máximo de 30 (trinta)
durante o período das licenças previstas nos incisos I dias, renováveis por períodos iguais e sucessivos, até o
e II do art. 77. limite de 2 (dois) anos.
Art. 80. O servidor notificado que se recusar a subme- Art. 87. Nos mesmos parâmetros do artigo anterior
ter-se à inspeção médica, quando julgada necessária, será concedida licença para o pai, a mãe, ou respon-
terá sua licença cancelada automaticamente. sável legal de excepcional em tratamento.

SEÇÃO II SEÇÃO IV
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE DAS LICENÇAS MATERNIDADE E PATERNIDADE
Art. 81. A licença para tratamento de saúde será con- Art. 88. Será concedida licença à servidora gestante,
cedida a pedido ou de ofício, com base em inspeção por cento e oitenta dias consecutivos, sem prejuízo de
médica, realizada pelo órgão competente, sem prejuí- remuneração.(NR)
zo da remuneração. § 1° A licença poderá ter início no primeiro dia do nono
Parágrafo único. Sempre que necessário, a inspeção mês de gestação, salvo antecipação por prescrição
médica será realizada na residência do servidor ou no médica.
estabelecimento hospitalar onde se encontrar interna- § 2° No caso de nascimento prematuro, a licença terá
do. início a partir do parto.
Art. 82. A licença superior a 60 (sessenta) dias só po- § 3° No caso de aborto, atestado por médico oficial,
derá ser concedida mediante inspeção realizada por
a servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso
junta médica oficial.
remunerado.
§ 1° Em casos excepcionais, a prova da doença poderá
§ 4º O benefício previsto no caput deste artigo
ser feita por atestado médico particular se, a juízo da
alcançará a servidora que já se encontre no gozo da
administração, for inconveniente ou impossível a ida
referida licença. (NR)
da junta médica à localidade de residência do servidor.
Art. 89. Para amamentar o próprio filho, até a idade
§ 2° Nos casos referidos no § anterior, o atestado só
de 6 (seis) meses, a servidora lactante terá direito, du-
produzirá efeito depois de homologado pelo serviço
médico oficial do Estado. rante a jornada de trabalho, a uma hora de descanso,
§ 3° Verificando-se, a qualquer tempo, ter ocorrido que poderá ser parcelada em 2 (dois) períodos de meia
má-fé na expedição do atestado ou do laudo, a hora.
administração promoverá a punição dos responsáveis. Art. 90. À servidora que adotar ou obtiver a guarda
Art. 83. Findo o prazo da licença, o servidor será sub- judicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão con-
metido à nova inspeção médica, que concluirá pela cedidos 90 (noventa) dias de licença remunerada.
volta ao serviço, pela prorrogação da licença ou pela Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judi-
aposentadoria. cial de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o
Art. 84. O atestado e o laudo da junta médica não se prazo de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias.
referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quan- Art. 91. Ao servidor será concedida licença-paterni-
do se tratar de lesões produzidas por acidente em ser- dade de 10 (dez) dias consecutivos, mediante a apre-
viço e doença profissional. sentação do registro civil, retroagindo esta à data do
nascimento.
SEÇÃO III
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PES- SEÇÃO V
SOA DA FAMÍLIA DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR E OUTRAS
OBRIGATÓRIAS POR LEI
Art. 85. Poderá ser concedida licença ao servidor por
motivo de doença do cônjuge, companheiro ou com- Art. 92. O servidor será licenciado, quando:
REGIMENTO INTERNO

panheira, padrasto ou madrasta; ascendente, descen- convocado para o serviço militar na forma e condições
dente, enteado, menor sob guarda, tutela ou adoção, estabelecidas em lei;
e colateral consanguíneo ou afim até o segundo grau requisitado pela Justiça Eleitoral;
civil, mediante comprovação médica. sorteado para o trabalho do Júri;
Parágrafo único. Nas hipóteses de tutela, guarda e em outras hipóteses previstas em legislação federal
adoção, deverá o servidor instruir o pedido com docu- específica;
mento legal comprobatório de tal condição.

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Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servi- I - assumir mandato conquistado em eleição majori-
dor terá até 30 (trinta) dias, sem remuneração, para tária ou proporcional para exercício de cargo em local
reassumir o exercício do cargo. diverso do da lotação do acompanhante;
II - for designado para servir fora do Estado ou no ex-
SEÇÃO VI terior.
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTI- Art. 97. A licença será concedida pelo prazo da dura-
CULARES ção do mandato, ou nos demais casos por prazo inde-
terminado.
Art. 93. A critério da administração, poderá ser con- § 1° A licença será instruída com a prova da eleição,
cedida ao servidor estável, licença para o trato de posse ou designação.
assuntos particulares, pelo prazo de até 2 (dois) anos § 2° Na hipótese do deslocamento de que trata este
consecutivos, sem remuneração. artigo, o servidor poderá ser lotado, provisoriamente,
§ 1° A licença poderá ser interrompida, a qualquer em repartição da Administração Estadual direta,
tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. autárquica ou fundacional, desde que para o exercício
§ 2° Não se concederá nova licença antes de decorrido de atividade compatível com o seu cargo.
2 (dois) anos do término da anterior.
SEÇÃO IX
SEÇÃO VII DA LICENÇA-PRÊMIO
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA OU CLAS-
SISTA Art. 98. Após cada triênio ininterrupto de exercício, o
servidor fará jus à licença de 60 (sessenta) dias, sem
Art. 94. O servidor terá direito à licença para ativida- prejuízo da remuneração e outras vantagens.
de política, obedecido o disposto na legislação federal Art. 99. A licença será:
específica. I - a requerimento do servidor:
Parágrafo único. Ao servidor investido em mandato a) gozada integralmente, ou em duas parcelas de 30
eletivo aplicam-se as seguintes disposições: (trinta) dias;
I - tratando-se de mandato federal ou estadual ficará b) convertida integralmente em tempo de serviço,
afastado do cargo ou função; contado em dobro;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do c) (VETADO)
cargo ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua II - convertida, obrigatoriamente, em remuneração
remuneração; adicional, na aposentadoria ou falecimento, sempre
III - investido no mandato de Vereador: que a fração de tempo for igual ou superior a 1/3 (um
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as terço) do período exigido para o gozo da licença- prê-
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração mio.
do cargo eletivo; Parágrafo único. Decorridos 30 (trinta) dias do pedi-
b) não havendo compatibilidade de horários, será do de licença, não havendo manifestação expressa do
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua Poder Público, é permitido ao servidor iniciar o gozo
de sua licença.
remuneração.
Art. 100. Para os efeitos da assiduidade, não se consi-
Art. 95. É assegurado ao servidor o direito à licença
deram interrupção do exercício os afastamentos enu-
para desempenho de mandato em confederação, fe-
merados no art. 72.
deração, sindicato representativo da categoria, asso-
ciação de classe de âmbito local e/ou nacional, sem
CAPÍTULO VI
prejuízo de remuneração do cargo efetivo. (NR)
DO DIREITO DE PETIÇÃO
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores
eleitos para cargos de direção ou representação nas
Art. 101. É assegurado ao servidor:
referidas entidades, até o máximo de quatro por I - o direito de petição em defesa de direitos ou contra
entidade constituída em conformidade com o art. 5º, ilegalidade ou abuso de poder;
inciso LXX, alínea “b”, da Constituição Federal. (NR) II - a obtenção de certidões em defesa de direitos e
§ 2º A licença terá duração igual ao mandato, podendo esclarecimento de situações de interesse pessoal.
ser prorrogada, no caso de reeleição, por uma única Art. 102. O direito de peticionar abrange o requeri-
vez. (NR) mento, a reconsideração e o recurso.
§ 3º O período de licença de que trata este artigo será Parágrafo único. Em qualquer das hipóteses, o prazo
contado para todos os efeitos legais, exceto para a para decidir será de 30 (trinta) dias; não havendo a
promoção por merecimento. (NR)
REGIMENTO INTERNO

autoridade competente, prolatado a decisão, conside-


rar-se-á como indeferida a petição.
SEÇÃO VIII Art. 103. O requerimento será dirigido à autoridade
DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE competente para decidir sobre ele e encaminhá-lo à
que estiver imediatamente subordinado o requerente.
Art. 96. Ao servidor estável, será concedida licença Art. 104. Cabe pedido de reconsideração à autoridade
sem remuneração, quando o cônjuge ou companheiro, que houver expedido o ato ou proferido a primeira de-
servidor civil ou militar: cisão, não podendo ser renovado.

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Art. 105. Caberá recurso: § 1° No caso do exercício de atividades consideradas
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; penosas, insalubres ou perigosas, o disposto no inciso
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in- III, a e c obedecerá ao que dispuser lei complementar
terpostos. federal.
§ 1° O recurso será dirigido à autoridade imediatamente § 2° A aposentadoria em cargos ou empregos
superior à que tiver expedido o ato ou proferido a temporários observará o disposto na lei federal.
decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às Art. 111. A aposentadoria compulsória será automá-
demais autoridades. tica e o servidor afastar-se-á do serviço ativo no dia
§ 2° O recurso será encaminhado por intermédio da imediato àquele em que atingir a idade-limite, e o ato
autoridade à que estiver imediatamente subordinado que a declarar terá vigência a partir da data em que o
o requerente. servidor tiver completado 70 (setenta) anos de idade.
Art. 106. O prazo para interposição de pedido de re- Art. 112. A aposentadoria voluntária ou por invalidez
consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a con- vigorará a partir da data da publicação do respectivo
tar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da ato.
decisão recorrida. § 1° A aposentadoria por invalidez será precedida de
Art. 107. O recurso quando tempestivo terá efeito sus- licença para tratamento de saúde, por período não
pensivo e interrompe a prescrição. excedente a 24 (vinte e quatro) meses.
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de § 2° Expirado o período de licença e não estando em
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão re- condições de reassumir o cargo, ou de ser readaptado,
troagirão à data do ato impugnado. o servidor será aposentado.
Art. 108. O direito de requerer prescreve: § 3° O lapso de tempo compreendido entre o término
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e da licença para tratamento de saúde e a publicação
de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou do ato da aposentadoria será considerado como de
que afetem interesse patrimonial e créditos resultan- prorrogação da licença.
tes das relações funcionais; § 4° Nos casos de aposentadoria voluntária ao servidor
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo que a requerer, fica assegurado o direito de não
quando outro prazo por fixado em lei. comparecer ao trabalho a partir do 91°. (nonagésimo
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado primeiro) dia subseqüente ao do protocolo do reque-
da data da publicação do ato impugnado ou da data rimento da aposentadoria, sem prejuízo da percepção
da ciência pelo interessado, quando o ato não for pu- de sua remuneração, caso não seja antes cientificado
blicado. do indeferimento.
Art. 109. Para o exercício do direito de petição, é as- Art. 113. (VETADO)
segurada vista do processo ou documento, na repar- Art. 114. Será aposentado, com os proventos corres-
tição, ao servidor ou a procurador por ele constituído. pondentes à remuneração do cargo em comissão ou
Parágrafo único. Os prazos contam-se continuamente da função gratificada, o servidor que o tenha exercido
a partir da publicação ou ciência do ato, excluído o dia por 5 (cinco) anos consecutivos.
do começo e incluindo o do vencimento. § 1° As vantagens definidas neste artigo são extensivas
ao servidor que, à época da aposentadoria, contar ou
CAPÍTULO VII perfizer 10 (dez) anos consecutivos ou não, em car-
DA APOSENTADORIA gos de comissão ou função gratificada, mesmo que,
ao aposentar-se, se ache fora do exercício do cargo ou
da função gratificada.
Art. 110. O servidor será aposentado:
§ 2° Quando mais de um cargo ou função tenha
I - por invalidez permanente, com proventos integrais,
sido exercido, serão atribuídos os proventos de
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia
maior padrão desde que lhe corresponda o exercício
profissional, ou doença grave ou incurável especifica-
mínimo de 2 (dois) anos consecutivos; ou padrão
da em lei, e proporcionais nos demais casos;
imediatamente inferior, se menor o lapso de tempo
II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos de idade,
desses exercícios
com proventos proporcionais ao tempo de serviço;
§ 3° A aplicação do disposto neste artigo exclui as
III - voluntariamente:
vantagens previstas no artigo anterior, bem como
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, os adicionais pelo exercício de cargo de direção ou
e aos 30 (trinta), se mulher, com proventos integrais; assessoramento, ressalvado o direito de opção.
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções Art. 115. Os proventos da aposentadoria serão revistos,
do magistério, se professor, e aos 25 (vinte e cinco) na mesma proporção e na mesma data, sempre que se
anos, se professora, com proventos integrais;
REGIMENTO INTERNO

modificar a remuneração dos servidores em atividade,


c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 sendo, também, estendidos aos inativos quaisquer be-
(vinte e cinco) anos, se mulher, com proventos propor- nefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos
cionais a esse tempo; servidores em atividade, inclusive quando decorrentes
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, da transformação ou reclassificação do cargo ou fun-
e aos 60 (sessenta), se mulher, com proventos propor- ção em que se deu a aposentadoria, independente de
cionais ao tempo de serviço. requerimento.

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CAPÍTULO VIII Parágrafo único. As faltas ao serviço, em razão de
DOS DIREITOS E VANTAGENS FINANCEIRAS causa relevante, poderão ser abonadas pelo titular
SEÇÃO I do órgão, quando requerido abono no dia útil sub-
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO sequente, obedecido o disposto no art. 72, inciso XVI.
Art. 125. As reposições devidas e as indenizações por
Art. 116. O vencimento é a retribuição pecuniária prejuízos que o servidor causar, poderão ser desconta-
mensal devida ao servidor, correspondente ao padrão das em parcelas mensais monetariamente corrigidas,
fixado em lei. não excedentes à décima parte da remuneração ou
Parágrafo único. Nenhum servidor receberá, a título provento.
de vencimento, importância inferior ao salário míni- Parágrafo único. A faculdade de reposição ou indeni-
mo. zação parceladas não se estende ao servidor exonera-
Art. 117. A revisão geral dos vencimentos dos servido- do, demitido ou licenciado sem vencimento.
res civis será feita, pelo menos, nos meses de abril e Art. 126. As consignações em folha de pagamento,
outubro, com vigência a partir desses meses. para efeito de desconto, não poderão, as facultativas,
Parágrafo único. Abonos e antecipação, à conta da exceder a 1/3 (um terço) do vencimento ou da remu-
revisão, ficam condicionados ao limite de despesas, neração. (NR)
definido na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Parágrafo único. A consignação em folha, servirá, uni-
Art. 118. Remuneração é o vencimento acrescido das camente, como garantia de:
demais vantagens de caráter permanente, atribuídas I - débito à Fazenda Pública;
ao servidor pelo exercício do cargo público. II - contribuições para as associações ou sindicatos
Parágrafo único. As indenizações, auxílios e demais representantes das categorias de servidores públicos
vantagens, ou gratificações de caráter eventual não estaduais;
integram a remuneração. III - dívidas para cônjuge, ascendente ou descendente,
Art. 119. Proventos são rendimentos atribuídos ao ser- em cumprimento de decisão judicial;
vidor em razão da aposentadoria ou disponibilidade. IV - contribuições para aquisição de casa própria, ne-
Art. 120. O vencimento, a remuneração e os proven- gociada através de órgão oficial;
tos não serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora,
V - empréstimos contraídos junto ao órgão previden-
exceto nos casos de prestação de alimentos resultante
ciário do Estado do Pará;
de decisão judicial.
VI – autorização do servidor a favor de terceiros, a
Art. 121. A remuneração do servidor não excederá,
critério da administração, com a reposição de custos
no âmbito do respectivo Poder, os valores percebidos
definida em regulamento.
como remuneração, em espécie, a qualquer título, pe-
los Deputados Estaduais, Secretários de Estado e De-
sembargadores.
SEÇÃO II
§ 1° Entre o maior e o menor vencimento, a relação de
DAS VANTAGENS
valores será de um para vinte.
§ 2° No Ministério Público, o limite máximo é o valor Art. 127. Além do vencimento, o servidor poderá per-
percebido como remuneração, em espécie, a qualquer ceber as seguintes vantagens:
título, pelos Procuradores de Justiça. I - adicionais;
§ 3° Os acréscimos pecuniários, percebidos pelo II - gratificações;
servidor público, não serão computados nem III - diárias;
acumulados, para fins de concessão de acréscimos IV - ajuda de custo;
ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento. V - salário-família;
Art. 122. R E V O G A D O VI - indenizações;
Art. 123. O 13° (décimo terceiro) salário será pago VII - outras vantagens e concessões previstas em lei.
com base na remuneração ou proventos integrais do Parágrafo único. Excetuados os casos expressamente
mês de dezembro. previstos neste artigo, o servidor não poderá perceber,
§ 1° O 13° (décimo terceiro) salário corresponderá a a qualquer título ou forma de pagamento, nenhuma
um doze avos por mês de serviço, e a fração igual ou outra vantagem financeira.
superior a 15 (quinze) dias será considerada como mês
integral. SEÇÃO III
§ 2° Na exoneração e na demissão, o 13° (décimo DOS ADICIONAIS
terceiro) salário será pago no mês dessas ocorrências.
Art. 124. O servidor perderá: Art. 128. Ao servidor serão concedidos adicionais:
I - pelo exercício do trabalho em condições penosas,
REGIMENTO INTERNO

I - no caso de ausência e impontualidade:


a) o vencimento ou remuneração do dia, quando não insalubres ou perigosas;
comparecer ao serviço; II - pelo exercício de cargo em comissão ou função
b) (VETADO) gratificada;
II - metade da remuneração na hipótese de suspensão III - por tempo de serviço.
disciplinar convertida em multa; Art. 129. O adicional pelo exercício de atividades pe-
III - o vencimento, a remuneração, ou parte deles, nos nosas, insalubres ou perigosas será devido na forma
demais casos previstos nesta lei. prevista em lei federal.

18
Parágrafo único. Os adicionais de insalubridade, pe- § 3° A prestação de serviço extraordinário não poderá
riculosidade, ou pelo exercício em condições penosas exceder ao limite de 60 (sessenta) horas mensais, salvo
são inacumuláveis e o seu pagamento cessará com a para os servidores integrantes de categorias funcionais
eliminação das causas geradoras, não se incorporan- com horário diferenciados em legislação própria.
do ao vencimento, sob nenhum fundamento. Art. 134. O serviço noturno, prestado em horário com-
Art. 130. (REVOGADO) preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e
§ 1° (REVOGADO) 5(cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acres-
§ 2° (REVOGADO) cido de 25% (vinte e cinco por cento) computando-se
§ 3° (REVOGADO) cada hora como 52 (cinquenta e dois) minutos e 30
§ 4° (REVOGADO) (trinta segundos).
Art. 131. O adicional por tempo de serviço será devido Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraor-
por triênios de efetivo exercício, até o máximo de 12 dinário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá
(doze). sobre a gratificação prevista no artigo anterior.
§ 1° Os adicionais serão calculados sobre a Art. 135. A gratificação de representação será atribuí-
remuneração do cargo, nas seguintes proporções: da aos servidores ocupantes de cargos comissionados
I - aos três anos, 5%; de Direção e Assessoramento Superior.
II - aos seis anos, 5% - 10%; Parágrafo único. A gratificação de representação in-
III - aos nove anos, 5% - 15%; cidirá sobre o padrão do cargo, nos seguintes percen-
IV - aos doze anos, 5% - 20%; tuais:
V - aos quinze anos, 5% - 25%; a) GEP-DAS.6 - 100% (cem por cento);
VI - aos dezoito anos, 5% - 30%; b) GEP-DAS.5 - 95% (noventa e cinco por cento);
VII - aos vinte e um anos, 5% - 35%; c) GEP-DAS.4 - 90% (noventa por cento);
VIII - aos vinte e quatro anos, 5% - 40%; d) GEP-DAS.3 - 85% (oitenta e cinco por cento);
IX - aos vinte e sete anos, 5% - 45%; e) GEP-DAS.2 - 80% (oitenta por cento);
X - aos trinta anos, 5% - 50%; f) GEP-DAS.1 - 80% (oitenta por cento).
XI - aos trinta e três anos, 5% - 55%; Art. 136. A gratificação pela participação em órgão
XII - após trinta e quatro anos, 5% - 60%. colegiado será fixada através de regulamento.
§ 2° O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em Art. 137. A gratificação por regime especial de traba-
que completar o triênio, independente de solicitação. lho é a retribuição pecuniária mensal destinada aos
ocupantes dos cargos que, por sua natureza, exijam a
SEÇÃO IV prestação do serviço em tempo integral ou de dedica-
DAS GRATIFICAÇÕES ção exclusiva.
§ 1° As gratificações devidas aos funcionários
Art. 132. Ao servidor serão concedidas gratificações: convocados para prestarem serviço em regime de
I - pela prestação de serviço extraordinário; tempo integral ou de dedicação exclusiva obedecerão
II - a título de representação; escala variável, fixada em regulamento, respeitados os
II - pela participação em órgão colegiado; seguintes limites percentuais:
IV - pela elaboração de trabalho técnico, científico ou pelo tempo integral, a gratificação variará entre 20%
de utilidade para o serviço público; (vinte por cento) e 70% (setenta por cento) do venci-
V - pelo regime especial de trabalho; mento atribuído ao cargo;
VI - pela participação em comissão, ou grupo especial pela dedicação exclusiva, a gratificação variará entre
de trabalho; 50% (cinquenta por cento) e 100% (cem por cento) do
VII - pela escolaridade; vencimento atribuído ao cargo.
VIII - pela docência, em atividade de treinamento; IX - § 2° A concessão da gratificação por regime especial
pela produtividade; de trabalho, de que trata este artigo, dependerá, em
IX - pela interiorização; cada caso, de ato expresso das autoridades referidas
X - pelo exercício de atividade na área de educação no art. 19 da presente lei.
especial; Art. 138. As gratificações por prestação de serviço
XII - Pelo exercício da função. extraordinário e por regime especial de trabalho ex-
Parágrafo único. Os casos considerados como de efe- cluem-se mutuamente.
tivo exercício pelo art. 72, excetuados os incisos V, IX e § 1° Ao servidor sujeito ao regime de dedicação
XVI não implicam a perda das gratificações previstas exclusiva é vedado o exercício de outro cargo ou
neste artigo, salvo a do inciso I. emprego
Art. 133. O serviço extraordinário será pago com § 2° A gratificação, em regime de tempo integral,
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à não se coaduna com a mesma vantagem percebida
REGIMENTO INTERNO

hora normal de trabalho. em outro cargo, de qualquer esfera administrativa,


§ 1° Somente será permitido serviço extraordinário exercido cumulativamente no serviço público.
para atender a situações excepcionais e temporárias, Art. 139. A gratificação pela participação em comis-
respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por são ou grupo especial de trabalho e pela elaboração
jornada ou execução de trabalho técnico ou científico, em de-
§ 2° Será considerado serviço extraordinário aquele corrência de formal designação ou autorização, será
que exceder, por antecipação ou prorrogação, à arbitrada previamente, não podendo exceder ao ven-
jornada normal diária de trabalho. cimento ou remuneração do servidor.

19
§ 1° O percentual da gratificação será fixado, Art. 146. No arbitramento das diárias será conside-
considerando-se a duração da atividade e o rado o local para o qual foi deslocado o funcionário.
vencimento ou remuneração do servidor, sendo Art. 147. Não caberá a concessão de diárias, quando o
idêntico para todos os membros quando se tratar de deslocamento do servidor constituir exigência perma-
comissão ou grupo de trabalho. nente do cargo.
§ 2° O pagamento da gratificação cessará na data da Art. 148. O servidor que não se afastar da sede, por
conclusão do trabalho, e esta não será incorporada à qualquer motivo, fica obrigado a restituir integral-
remuneração, sob nenhuma hipótese. mente o valor das diárias e custos de transporte rece-
§ 3° Não havendo concluído o trabalho no prazo fixado bidos, no prazo de 5 (cinco) dias.
ou prorrogado, o servidor fica obrigado a ressarcir Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar
mensalmente, no mesmo percentual recebido, o valor à sede, no prazo menor do que o previsto para o seu
da gratificação de que trata este artigo. afastamento, restituirá as diárias recebidas em exces-
§ 4° Esta gratificação não substitui nem impede so, no prazo previsto no caput deste artigo.
o reconhecimento do direito autoral, quando a Art. 149. Conceder-se-á indenização de transporte
atribuição não for inerente ao cargo. ao servidor que realizar despesas com a utilização de
Art. 140. A gratificação de escolaridade, calculada so- meio de locomoção, conforme se dispuser em regula-
bre o vencimento, será devida nas seguintes propor- mento.
ções:
I - (VETADO) SEÇÃO VI
II - (VETADO) DAS AJUDAS DE CUSTO
III - na quantia correspondente a 80% (oitenta por
cento), ao titular de cargo para cujo exercício a lei Art. 150. A ajuda de custo será concedida ao servidor
exija habilitação correspondente à conclusão do grau que, no interesse do serviço público, passar a ter exer-
universitário. cício em nova sede com mudança de domicílio.
Art. 141. A gratificação pela docência, em atividade § 1° A ajuda de custo destina-se a compensar o
de treinamento, será atribuída ao servidor, no regime servidor pelas despesas realizadas com seu transporte
hora-aula, desde que esta atividade não seja inerente e de sua família, compreendendo passagem, bagagem
ao exercício do cargo e seja desempenhada fora da e bens pessoais.
jornada normal de trabalho. § 2° Não será concedida ajuda de custo ao servidor
Art. 142. A gratificação de produtividade destina-se a que:
estimular as atividades dos servidores ocupantes de a) afastar-se do cargo ou reassumi-lo em virtude do
cargos nas áreas de tributação, arrecadação e fisca- exercício ou término de mandato eletivo;
lização fazendária, extensiva aos servidores de apoio b) for colocado à disposição de outro Poder, ou esfera
técnico operacional e administrativo da Secretaria de de Governo;
Estado da Fazenda, observados os critérios, prazos e c) for removido ou transferido, a pedido.
percentuais previstos em regulamento. § 3° À família do servidor que falecer na nova sede,
Art. 143. A gratificação de interiorização é devida aos serão assegurados ajuda de custo e transporte para a
servidores que, tendo domicílio na região metropoli- localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano,
tana de Belém, sejam lotados, transferidos, ou remo- contado do óbito.
vidos para outros Municípios, enquanto perdurar essa Art. 151. Caberá, também, ajuda de custo ao servidor
lotação ou movimentação. designado para serviço ou estudo no exterior, a qual
Parágrafo único. A gratificação de interiorização será será arbitrada pela autoridade que efetuar a desig-
calculada sobre o valor do vencimento, não podendo nação.
exceder-lhe e será proporcional ao grau de dificuldade Art. 152. A ajuda de custo será calculada sobre a re-
de acesso ao Município, observados os percentuais fi- muneração do servidor, conforme se dispuser em re-
xados em regulamento. gulamento, não podendo exceder à importância cor-
Art. 144. A gratificação de função será devida por en- respondente a 3 (três) meses.
cargo de chefia e outros que a lei determinar. Art. 153. As ajudas de custo serão restituídas, quando:
I - o servidor não se apresentar na nova sede no prazo
SEÇÃO V de 30 (trinta) dias;
DAS DIÁRIAS II - o servidor solicitar exoneração;
III - a designação for tornada sem efeito.
Art. 145. Ao servidor que, em missão oficial ou de estu-
dos, afastar-se temporariamente da sede em que seja SEÇÃO VII
lotado, serão concedidas, além do transporte, diárias DO SALÁRIO-FAMÍLIA
REGIMENTO INTERNO

a título de indenização das despesas de alimentação,


hospedagem e locomoção urbana. Art. 154. (REVOGADO)
§ 1° A diária será concedida por dia de afastamento, § 1° (REVOGADO)
sendo devida pela metade, quando o deslocamento § 2° (REVOGADO)
não exigir pernoite fora da sede. § 3° (REVOGADO)
§ 2° As diárias serão pagas antecipadamente e isentam Art. 155. (REVOGADO)
o servidor da posterior prestação de contas. § 1°(REVOGADO)

20
§ 2° (REVOGADO) CAPÍTULO X
Art. 156. O salário-família é devido, a partir do início DAS ACUMULAÇÕES REMUNERADAS
do exercício do cargo e comprovação da dependência.
Art. 157. O afastamento do cargo efetivo, sem remu- Art. 162. É vedada a acumulação remunerada de car-
neração, não acarreta a suspensão do pagamento do gos públicos, exceto quando houver compatibilidade
salário-família. de horários, nos seguintes casos:
Art. 158. Será suspenso definitivamente o pagamento a) a de 2 (dois) cargos de professor;
do salário-família quando: b) a de 1 (um) cargo de professor com outro técnico ou
I - cessada a dependência; científico, de nível médio ou superior;
II - verificada a inexatidão dos documentos apresen- c) a de 2 (dois) cargos privativos de médico.
tados; Parágrafo único. A proibição de acumular estende-se
III - um dos cônjuges já perceba esse direito. a empregos e funções e abrange autarquias, funda-
Art. 159. (REVOGADO) ções mantidas pelo Poder Público, empresas públicas,
§ 1° (REVOGADO) sociedades de economia mista, da União, Distrito Fe-
§ 2° (REVOGADO) deral, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios,
§ 3° (REVOGADO) não se aplicando, porém, ao aposentado, quando in-
vestido em cargo comissionado.
CAPÍTULO IX Art. 163. A acumulação de cargos, ainda que lícita,
OUTRAS VANTAGENS E CONCESSÕES fica condicionada à comprovação da compatibilidade
de horários.
Art. 160. Além das demais vantagens previstas nesta Parágrafo único. O servidor não poderá exercer mais
lei, será concedido: de um cargo em comissão.
I - Ao servidor: Art. 164. A acumulação será havida de boa-fé, até fi-
a) participação no Programa de Formação do Patri- nal conclusão de processo administrativo.
mônio do Servidor Público; Art. 165. (VETADO)
b) vale-transporte, nos termos da Legislação Federal;
c) auxílio-natalidade, correspondente a um salário mí-
TÍTULO IV
DA SEGURIDADE SOCIAL
nimo, após a apresentação da certidão de nascimento
CAPÍTULO I
para a inscrição do dependente;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
d) auxílio-doença, correspondente a um mês de re-
muneração, após cada período consecutivo de 6 (seis)
Art. 166. A seguridade social compreende um con-
meses de licença para tratamento de saúde;
junto de ações do Estado destinadas a assegurar os
e) custeio do tratamento de saúde, quando laudo de
direitos à saúde, à previdência e à assistência social do
junta médica oficial atestar tratar-se de lesão produ- servidor e de seus dependentes.
zida por acidente em serviço ou doença profissional; Parágrafo único. Na seguridade social prevalecem os
f) quando estudante, e mediante comprovação, regi- seguintes objetivos:
me de compensação para realização de provas e abo- I - universalidade da cobertura do atendimento;
no de faltas para exame vestibular; I - uniformidade dos benefícios;
g) transporte ou indenização correspondente, quando II - irredutibilidade do valor dos benefícios;
licenciado para tratamento de saúde, estando impos- III - caráter democrático da gestão administrativa,
sibilitado de locomover-se, na forma do regulamento; com participação paritária do servidor estável e do
h) seguro contra acidente de trabalho, para os que aposentado eleitos para o colegiado do órgão previ-
exerçam atividades com risco de vida. denciário do Estado do Pará.
II - Ao cônjuge, companheiro ou dependentes: Art. 167. O Município que não dispuser de sistema pre-
a) custeio das despesas de translado do corpo, quando videnciário próprio poderá aderir, mediante convênio, ao
o servidor, no desempenho de suas atribuições, falecer órgão de seguridade do Estado do Pará para garantir aos
fora da sede do exercício; seus servidores a seguridade, na forma da lei.
b) auxílio-funeral, correspondente a 2 (dois) meses de Art. 168. A seguridade social será financiada através
remuneração ou provento, aos dependentes ou, na das seguintes contribuições:
ausência destes, a quem realizar as despesas do se- I - contribuição incidente sobre a folha de vencimento
pultamento; e remunerações;
c) pensão especial, no valor integral do vencimento ou II - dos servidores de qualquer quadro funcional;
remuneração, quando o servidor falecer em decorrên- III - de outras fontes estabelecidas em lei destinadas
cia de acidente em serviço ou moléstia profissional; a garantir a manutenção ou expansão da seguridade
d) vantagens pecuniárias que o servidor deixou de
REGIMENTO INTERNO

social.
perceber em decorrência de seu falecimento. Parágrafo único. As receitas destinadas à seguridade
Art. 161. Garantido o direito de opção, é vedada a per- social constarão do orçamento do Estado do Pará.
cepção cumulativa de duas ou mais pensões, ressalva- Art. 169. As metas e prioridades caracterizadoras dos
das a diretriz constitucional da acumulação remune- programas, projetos e atividades estabelecidas no or-
rada de cargos públicos. çamento, manterão absoluta fidelidade à finalidade e
ao objetivo do órgão de Previdência e Assistência dos
Servidores do Estado do Pará.

21
CAPÍTULO II Art. 176. É assegurada a participação permanente do
DA SAÚDE servidor nos colegiados dos órgãos do Estado do Pará
em que seus interesses profissionais ou previdenciários
Art. 170. A assistência à saúde será prestada pelo ór- sejam objeto de discussão e deliberação.
gão estadual competente e, de forma complementar,
por instituições públicas e privadas. TÍTULO VI
Art. 171. Nas situações de urgência e emergência o setor DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS RESPON-
de Recursos Humanos comunicará formalmente ao ór- SABILIDADES
gão de seguridade social, no primeiro dia útil seguinte, o CAPÍTULO I
atendimento médico do servidor ou de seus dependentes. DOS DEVERES
§ 1° A assistência à saúde fora do domicílio do servidor
depende da manifestação favorável do órgão de Art. 177. São deveres do servidor:
seguridade social do Estado do Pará. I - assiduidade e pontualidade;
§ 2° O atendimento de urgência e emergência fora II - urbanidade;
do domicílio do servidor obedecerá ao que dispuser o III - discrição;
regulamento. IV - obediência às ordens superiores, exceto quando
manifestamente ilegais;
CAPÍTULO III V - exercício pessoal das atribuições;
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL VI - observância aos princípios éticos, morais, às leis e
regulamentos;
Art. 172. Os planos de Previdência Social atenderão, VII - atualização de seus dados pessoais e de seus de-
nos termos da legislação pertinente: pendentes;
I - à cobertura dos eventos de doença, invalidez, mor- VIII - representação contra as ordens manifestamente
te, incluindo os resultantes de acidentes de trabalho, ilegais e contra irregularidades;
velhice e reclusão; IX - atender com presteza:
II - à pensão por morte de segurado, homem ou mu- a) às requisições para a defesa do Estado;
lher, ao cônjuge e dependente. b) às informações, documentos e providências
§ 1° A contribuição previdenciária incidirá sobre a solicitadas por autoridades judiciárias ou
remuneração total do servidor, exceto salário-família, administrativas;
com a consequente repercussão em benefícios. c) à expedição de certidões para a defesa de direitos,
§ 2° É assegurado o reajustamento de benefícios para para a argüição de ilegalidade ou abuso de autorida-
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real da de.
época da concessão.
§ 3° O 13° (décimo terceiro) salário dos aposentados CAPÍTULO II
e pensionistas terá por base o valor dos proventos do DAS PROIBIÇÕES
mês de dezembro de cada ano.
Art. 178. É vedado ao servidor:
CAPÍTULO IV I - acumular inconstitucionalmente cargos ou empre-
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL gos na administração pública;
II - revelar fato de que tem ciência em razão do car-
Art. 173. A assistência social será prestada ao servidor go, e que deve permanecer em sigilo, ou facilitar sua
e dependentes. revelação;
Art. 174. A assistência social tem por objetivo: III - pleitear como intermediário ou procurador junto
I - proteção ao servidor, sobretudo nos trabalhos pe- ao serviço público, exceto quando se tratar de interes-
nosos, insalubres e perigosos; se do cônjuge ou dependente;
II - proteção à família, à maternidade e à infância; IV - deixar de comparecer ao serviço, sem causa justi-
III - amparo às crianças, em creche; ficada, por 30 (trinta) dias consecutivos;
IV - a cultura, o esporte, a recreação e o lazer. V - valer-se do exercício do cargo para auferir proveito
pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da
TÍTULO V função;
DA ASSOCIAÇÃO SINDICAL VI - cometer encargo legítimo de servidor público à
pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos
Art. 175. É garantido ao servidor público civil do Esta- em lei;
do do Pará o direito à livre associação, como também, VII - participar de gerência ou administração de em-
entre outros, os seguintes direitos, dela decorrentes: presa privada, de sociedade civil, ou exercer o comér-
cio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou co-
REGIMENTO INTERNO

a) de ser representado pelos sindicatos, na forma da


legislação processual civil; manditário;
b) de inamovibilidade dos dirigentes dos sindicatos até VIII - aceitar contratos com a Administração Estadual,
1 (um) ano após o final do mandato; quando vedado em lei ou regulamento;
c) de descontar em folha, mediante autorização do IX - participar da gerência ou administração de asso-
servidor, sem ônus para a entidade sindical a que for ciação ou sociedade subvencionada pelo Estado, ex-
filiado, o valor das mensalidades e contribuições defi- ceto entidades comunitárias e associação profissional
nidas em Assembléia Geral da categoria. ou sindicato;

22
X - tratar de interesses particulares ou desempenhar II - suspensão;
atividade estranha ao cargo, no recinto da repartição; III - demissão:
XI - referir-se, de modo ofensivo, a servidor público e a IV - destituição de cargo em comissão ou de função
ato da Administração; gratificada;
XII - utilizar-se do anonimato, ou de provas obtidas V - cassação de aposentadoria ou de disponibilidade.
ilicitamente; Art. 184. Na aplicação das penalidades serão conside-
XIII - permutar ou abandonar serviço essencial, sem rados cumulativamente:
expressa autorização; I - os danos decorrentes do fato para o serviço público;
XIV - omitir-se no zelo e conservação dos bens e do- II - a natureza e a gravidade da infração e as circuns-
cumentos públicos; tâncias em que foi praticada;
XV - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de III - a repercussão do fato;
decisão judicial; IV - os antecedentes funcionais.
XVI - deixar, sem justa causa, de observar prazos legais Art. 185. As penas disciplinares serão aplicadas atra-
administrativos ou judiciais; vés de:
XVII - praticar ato lesivo ao patrimônio Estadual; I - portaria, no caso de repreensão e suspensão;
XVIII - solicitar, aceitar ou exigir vantagem indevida II - decreto, no caso de demissão, destituição de car-
pela abstenção ou prática regular de ato de ofício; go em comissão ou de função gratificada, cassação de
XIX - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem aposentadoria ou de disponibilidade.
autorização legal; Parágrafo único. A portaria ou o decreto indicará a
XX - exercer atribuições sob as ordens imediatas de penalidade e o fundamento legal, com a devida inscri-
parentes até o segundo grau, salvo em cargo comis- ção nos assentamentos do servidor.
sionado; Art. 186. Na aplicação de penalidade, serão inadmis-
XXI - praticar atos, tipificados em lei como crime, con- síveis as provas obtidas por meios ilícitos.
tra a administração pública; Art. 187. Aos acusados e litigantes, em processo admi-
XXII - exercer a advocacia fora das atribuições institu- nistrativo, são assegurados o contraditório e a ampla
cionais, se ocupante do cargo incompatível; defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
XXIII - retardar, injustificadamente, a nomeação de Parágrafo único. Ao servidor punido com pena disci-
classificado em concurso público. plinar é assegurado o direito de pedir reconsideração
Parágrafo único. Não se compreende na proibição do e recorrer da decisão.
inciso VIII o exercício de cargo ou função na Admi- Art. 188. A pena de repreensão será aplicada nas in-
nistração Indireta, quando regularmente colocado à frações de natureza leve, em caso de falta de cumpri-
disposição. mento dos deveres ou das proibições, na forma que
dispuser o regulamento.
CAPÍTULO III Art. 189. A pena de suspensão, que não exceder a 90
DAS RESPONSABILIDADES (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave,
reincidência, ou infração ao disposto no art. 178, VII,
Art. 179. O servidor responde civil, penal e administra- XI, XII, XIV e XVII.
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições. § 1° O servidor, enquanto suspenso, perderá os direitos
Art. 180. A responsabilidade civil decorre de ato omis- e vantagens de natureza pecuniária, exceto o salário-
sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em família.
prejuízo ao erário ou a terceiros. § 2° Quando licenciado, a penalidade será aplicada
§ 1° A indenização de prejuízo dolosamente causado após o retorno do servidor ao exercício.
ao erário somente será liquidada na forma prevista § 3° Quando houver conveniência para o serviço, a
no art. 125, na falta de outros bens que assegurem a autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá
execução do débito pela via judicial. convertê-la em multa, na base de 50% (cinqüenta por
§ 2° Tratando-se de dano causado a terceiros, cento) por dia de vencimento ou remuneração, per-
responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em manecendo o servidor em exercício.
ação regressiva. Art. 190. A pena de demissão será aplicada nos casos
§ 3° A obrigação de reparar o dano estende-se aos de:
sucessores e contra eles será executada, até o limite do I - crime contra a Administração Pública, nos termos
valor da herança recebida. da lei penal;
Art. 181. As sanções civis, penais e administrativas po- II - abandono de cargo;
derão cumular-se, sendo independentes entre si. III- faltas ao serviço, sem causa justificada, por 60 (ses-
Art. 182. A absolvição judicial somente repercute na senta) dias intercaladamente, durante o período de 12
esfera administrativa, se negar a existência do fato ou (doze) meses;
REGIMENTO INTERNO

afastar do servidor a autoria. IV - improbidade administrativa;


V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
CAPÍTULO IV repartição;
DAS PENALIDADES E SUA APLICAÇÃO VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a parti-
Art. 183. São penas disciplinares: cular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
I - repreensão; VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;

23
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em ra- Art. 195. A demissão ou a destituição de cargo em co-
zão do cargo; missão ou de função gratificada, nas hipóteses do art.
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri- 190, incisos XIII e XV, incompatibiliza o servidor para
mônio estadual; nova investidura em cargo público estadual, pelo pra-
XI - corrupção; zo de 5 (cinco) anos.
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun- Art. 196. Será cassada a aposentadoria ou a disponibi-
ções públicas; lidade do inativo que houver praticado, na atividade,
XIII - lograr proveito pessoal ou de outrem, valendo- falta punível com a demissão.
-se do cargo, em detrimento da dignidade da função § 1° A cassação da aposentadoria ou da disponibilidade
pública; será precedida do competente processo administrativo.
XIV - participação em gerência ou administração de § 2° Aplica-se, ainda, a pena de cassação de
empresa privada, de sociedade civil, ou exercício do aposentadoria ou de disponibilidade se ficar provado
comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou que o inativo:
comanditário; I - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
XV - atuação, como procurador ou intermediário, jun- II - aceitou ilegalmente representação, comissão, em-
to a repartições públicas, salvo quando se tratar de prego ou pensão de Estado estrangeiro;
benefícios previdenciários ou assistenciais a parentes III - praticou a usura em qualquer de suas formas;
até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; IV - não assumiu no prazo legal o exercício do cargo
XVI - recebimento de propina, comissão, presente ou em que foi aproveitado.
vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atri- Art. 197. As penalidades disciplinares serão aplicadas,
buições; observada a vinculação do servidor ao respectivo Po-
XVII - aceitação de comissão, emprego ou pensão de der, órgão ou entidade:
Estado estrangeiro; I - pela autoridade competente para nomear em qual-
XVIII - prática de usura sob qualquer de suas formas; quer caso, e privativamente, nos casos de demissão,
XIX - procedimento desidioso; destituição e cassação de aposentadoria ou disponi-
XX - utilização de pessoal ou recursos materiais de re- bilidade;
partição em serviços ou atividades particulares. II - pelos Secretários de Estado e dirigentes de órgão a
§ 1° O servidor indiciado em processo administrativo estes equiparados, nos casos de suspensão superiores
não poderá ser exonerado, salvo se comprovada a sua a 30 (trinta) dias;
inocência ao final do processo. III - pelo chefe da repartição e outras autoridades, na
§ 2° O abandono de cargo só se configura pela forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,
nos casos de repreensão ou de suspensão até 30 (trin-
ausência intencional do servidor ao serviço, por mais
ta) dias.
de 30 (trinta) dias consecutivos e injustificados.
Art. 198. A ação disciplinar prescreverá:
Art. 191. Verificada, em processo disciplinar, a acumu-
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
lação proibida e provada a boa-fé, o servidor optará
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili-
por um dos cargos.
dade e destituição;
§ 1° Provada a má-fé, perderá também o cargo que
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
exercia há mais tempo e restituirá o que tiver percebido
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à repreen-
indevidamente.
são.
§ 2° Na hipótese do parágrafo anterior, sendo um dos § 1° O prazo de prescrição começa a correr da data em
cargos, função ou emprego exercido em outro órgão que o fato se tornou conhecido.
ou entidade, a demissão lhe será comunicada. § 2° Os prazos de prescrição previstos na lei penal
Art. 192. A destituição de cargo em comissão ou de aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
função gratificada será aplicada nos casos de infração, também como crime.
sujeita à penalidade de demissão. § 3° A abertura de sindicância ou a instauração de
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata processo disciplinar interrompe a prescrição, até a
este artigo, a exoneração efetuada, nos termos do ar- decisão final proferida por autoridade competente.
tigo 60, será convertida em destituição de cargo em
comissão ou de função gratificada. CAPÍTULO V
Art. 193. A demissão ou destituição de cargo em co- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
missão ou de função gratificada, nos casos dos incisos
IV, VIII, X e XI do art. 190, implica a indisponibilidade Art. 199. A autoridade que tiver ciência de irregulari-
dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da dade no serviço público é obrigada a promover a sua
ação penal cabível.
REGIMENTO INTERNO

apuração imediata, mediante sindicância ou proces-


Art. 194. A pena de demissão será aplicada com a nota so administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
“a bem do serviço público”, sempre que o ato funda- ampla defesa.
mentar-se no art. 190, incisos I, IV, VII, X e XI. Art. 200. As denúncias sobre irregularidades serão ob-
Parágrafo único. O servidor demitido ou destituído do jeto de apuração, desde que contenham a identifica-
cargo em comissão ou da função gratificada, na hi- ção e o endereço do denunciante e sejam formuladas
pótese prevista neste artigo, não poderá retornar ao por escrito, confirmada a autenticidade.
serviço estadual.

24
Parágrafo único. Quando o fato narrado não confi- III - julgamento.
gurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a Art. 208. O prazo para a conclusão do processo dis-
denúncia será arquivada, por falta de objeto. ciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da
Art. 201. Da sindicância poderá resultar: data de publicação do ato que constituir a comissão,
I - arquivamento do processo; admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando
II - aplicação de penalidade de repreensão ou suspen- as circunstâncias o exigirem.
são de até 30 (trinta) dias; § 1° Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo
III - instauração de processo disciplinar. integral aos seus trabalhos, ficando seus membros
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindi- dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.
cância não excederá a 30 (trinta) dias, podendo ser § 2° As reuniões da comissão serão registradas em
prorrogado por igual período, a critério da autoridade atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.
superior.
Art. 202. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor, CAPÍTULO VIII
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por DO INQUÉRITO
mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição, será Art. 209. O inquérito administrativo obedecerá ao
obrigatória a instauração de processo disciplinar. princípio do contraditório, assegurada ao acusado
ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos
CAPÍTULO VI admitidos em direito.
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO Art. 210. Os autos da sindicância integrarão o pro-
cesso disciplinar, como peça informativa da instrução.
Art. 203. Como medida cautelar e a fim de que o ser- Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindi-
vidor não venha a influir na apuração da irregularida- cância concluir que a infração está capitulada como
de, a autoridade instauradora do processo disciplinar ilícito penal, a autoridade competente encaminhará
poderá determinar o seu afastamento do exercício do cópia dos autos ao Ministério Público, independente-
cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem preju- mente da imediata instauração do processo discipli-
ízo da remuneração. nar.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorroga- Art. 211. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
do por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efei- a tomada de depoimentos, acareações, investigações
tos, ainda que não concluído o processo. e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de
CAPÍTULO VII modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
DO PROCESSO DISCIPLINAR Art. 212. É assegurado ao servidor o direito de acom-
panhar o processo, pessoalmente ou por intermédio de
Art. 204. O processo disciplinar é o instrumento desti- procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir
nado a apurar responsabilidade de servidor por infra- provas e contraprovas e formular quesitos, quando se
ção praticada no exercício de suas atribuições, ou que tratar de prova pericial.
tenha relação com as atribuições do cargo em que se § 1° O presidente da comissão poderá denegar pedidos
encontre investido. considerados impertinentes, meramente protelatórios,
Art. 205. O processo disciplinar será conduzido por ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
comissão composta de 3 (três) servidores estáveis, de- § 2° Será indeferido o pedido de prova pericial, quando
signados pela autoridade competente, que indicará, a comprovação do fato independer de conhecimento
dentre eles, o seu presidente. especial de perito.
§ 1° A Comissão terá como secretário, servidor Art. 213. As testemunhas serão intimadas a depor me-
designado pelo seu presidente, podendo a indicação diante mandato expedido pelo presidente da comis-
recair em um de seus membros. são, devendo a segunda via, com o ciente do intimado,
§ 2° Não poderá participar de comissão de sindicância ser anexada aos autos.
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou co- a expedição do mandato será imediatamente comuni-
lateral, até o terceiro grau. cada ao chefe da repartição onde serve, com a indica-
Art. 206. A Comissão exercerá suas atividades com in- ção do dia e hora marcados para a inquirição.
dependência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne- Art. 214. O depoimento será prestado oralmente e re-
cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-
da administração. -lo por escrito.
Parágrafo único - As reuniões e as audiências das co- § 1° As testemunhas serão inquiridas separadamente.
REGIMENTO INTERNO

missões terão caráter reservado. § 2° Na hipótese de depoimentos contraditórios ou


Art. 207. O processo disciplinar se desenvolve nas se- que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os
guintes fases: depoentes.
I - instauração, com a publicação do ato que constituir Art. 215. Concluída a inquirição das testemunhas, a
a comissão; comissão promoverá o interrogatório do acusado, ob-
II - inquérito administrativo, que compreende instru- servados os procedimentos previstos nos arts. 213 e
ção, defesa e relatório; 214.

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§ 1° No caso de mais de um acusado, cada um deles Art. 222. O processo disciplinar, com o relatório da co-
será ouvido separadamente, e sempre que divergirem missão, será remetido à autoridade que determinou a
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, sua instauração, para julgamento.
será promovida a acareação entre eles.
§ 2° O procurador do acusado poderá assistir ao CAPÍTULO IX
interrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, DO JULGAMENTO
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermé- Art. 223. A autoridade julgadora proferirá a sua deci-
dio do presidente da comissão. são, no prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebi-
Art. 216. Quando houver dúvida sobre a sanidade mento do processo.
mental do acusado, a comissão proporá à autoridade § 1° Se a penalidade a ser aplicada exceder à alçada
competente que ele seja submetido, a exame por junta da autoridade instauradora do processo, este será
médica oficial, da qual participe, pelo menos, um mé- encaminhado à autoridade competente, que decidirá
dico psiquiatra. em igual prazo.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será § 2° Havendo mais de um indiciado e diversidade de
processado em auto apartado e apenso ao processo sanções, o julgamento caberá à autoridade competente
principal, após a expedição do laudo pericial. para a imposição da pena mais grave.
Art. 217. Tipificada a infração disciplinar, será formu- § 3° Se a penalidade prevista for a demissão, cassação
lada a indicação do servidor, com a especificação dos de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição
fatos a ele imputados e das respectivas provas. o julgamento caberá às autoridades de que trata o
§ 1° O indiciado será citado por mandato expedido inciso I do art. 197.
pelo presidente da comissão para apresentar defesa Art. 224. O julgamento acatará o relatório da comis-
escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe são, salvo quando contrário às provas dos autos.
vista do processo na repartição. Parágrafo único. Quando o relatório da comissão con-
§ 2° Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o prazo será trariar as provas dos autos, a autoridade julgadora po-
derá, motivadamente, agravar a penalidade proposta,
comum e de 20 (vinte) dias.
abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade.
§ 3° O prazo de defesa poderá ser prorrogado em
Art. 225. Verificada a existência de vício insanável, a
dobro, para diligências reputadas indispensáveis.
autoridade julgadora declarará a nulidade total ou
§ 4° No caso de recusa do indiciado em apor o ciente
parcial do processo e ordenará a constituição de outra
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á
comissão, para instauração de novo processo.
da data declarada, em termo próprio, pelo membro
§ 1° O julgamento fora do prazo legal não implica
da comissão que fez a citação, com a assinatura de 2
nulidade do processo.
(duas) testemunhas. § 2° A autoridade julgadora que der causa à prescrição
Art. 218. O indiciado que mudar de residência fica de que trata o art. 198, § 2°, será responsabilizada na
obrigado a comunicar à comissão o local onde poderá forma da presente lei.
ser encontrado. Art. 226. Extinta a punibilidade pela prescrição, a au-
Art. 219. Achando-se o indiciado em local incerto e toridade julgadora determinará o registro do fato nos
não sabido, será citado por Edital, publicado no Diário assentamentos individuais do servidor.
Oficial do Estado e em jornal de grande circulação na Art. 227. Quando a infração estiver capitulada como
localidade do último domicílio conhecido, para apre- crime, o processo disciplinar será remetido ao Minis-
sentar defesa. tério Público para instauração da ação penal, ficando
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo trasladado na repartição.
para defesa será de 15 (quinze) dias, a partir da última Art. 228. Serão assegurados transporte e diárias:
publicação do Edital. I - ao servidor convocado para prestar depoimento
Art. 220. Considerar-se-á revel o indiciado que, regu- fora da sede de sua repartição, na condição de teste-
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. munha, denunciado ou indiciado;
§ 1° A revelia será declarada, por termo, nos autos do II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
processo e devolverá o prazo para a defesa. obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para
§ 2° Para defender o indiciado revel, a autoridades a realização de missão essencial ao esclarecimento
instauradora do processo designará um servidor como dos fatos.
defensor dativo, ocupante de cargo de nível igual ou
superior ao do indiciado. CAPÍTULO X
Art. 221. Apreciada a defesa, a comissão elaborará DA REVISÃO DO PROCESSO
relatório minucioso, em que resumirá as peças prin-
cipais dos autos e mencionará as provas nas quais se Art. 229. O processo disciplinar poderá ser revisto,
REGIMENTO INTERNO

baseou para formar a sua convicção. a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
§ 1° O relatório será sempre conclusivo quanto à aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de
inocência ou à responsabilidade do servidor. justificar a inocência do punido ou a inadequação da
§ 2° Reconhecida a responsabilidade do servidor, a penalidade aplicada.
comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar § 1° Em caso de falecimento, ausência ou
transgredido, bem como as circunstâncias agravantes desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da
ou atenuantes. família poderá requerer a revisão do processo.

26
§ 2° No caso de incapacidade mental do servidor, a TÍTULO VIII
revisão será requerida pelo respectivo curador. DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 230. No processo revisional, o ônus da prova cabe
ao requerente. Art. 243. (VETADO)
Art. 231. A simples alegação de injustiça da penali- Art. 244. Aos servidores da administração direta, au-
dade não constitui fundamento para a revisão, que tarquias e fundações públicas, contratados por prazo
requer elementos novos ainda não apreciados no pro- indeterminado, pelo regime da Consolidação das Leis
cesso originário. do Trabalho ou como serviços prestados é assegura-
Art. 232. O requerimento de revisão do processo será do até que seja promovido concurso público para fins
dirigido ao Secretário de Estado ou autoridade equiva- de provimento dos cargos por eles ocupados, ou que
lente que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedi- venham a ser criados, as mesmas obrigações e vanta-
do ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou gens atribuídas aos demais servidores considerados
o processo disciplinar. estáveis por força do artigo 19 do Ato das Disposições
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade Transitórias da Constituição Federal.
competente providenciará a constituição de comissão, Art. 245. (VETADO)
na forma do art. 205. Parágrafo único. (VETADO)
Art. 233. A revisão correrá em apenso ao processo ori- Art. 246. Aos servidores em atividade na área de edu-
ginário. cação especial fica atribuída a gratificação de cin-
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedi- quenta por cento (50%) do vencimento.
rá dia e hora para a produção de provas e inquirição Art. 247. É assegurada ao servidor a contagem da
das testemunhas que arrolar. soma do tempo de serviço prestado à União, Estados,
Art. 234. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias Distrito Federal, Territórios e Municípios, desde que
para a conclusão dos trabalhos. ininterrupta e sucessivamente, para efeito de aferição
Art. 235. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revi- da estabilidade nas condições previstas no art. 19 do
sora, no que couber, as normas e procedimentos pró- Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da
prios da comissão do processo disciplinar. Constituição Federal.
Art. 236. O julgamento caberá à autoridade que apli- Art. 248. (VETADO)
cou a penalidade, nos termos do art. 197. Art. 249. Esta lei entra em vigor na data da sua pro-
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 mulgação. Art. 250. (VETADO)
(vinte) dias, contados do recebimento do processo, no
curso do qual a autoridade julgadora poderá determi- Palácio do Governo do Estado do Pará, em 24 de ja-
nar diligências. neiro de 1994.
Art. 237. Julgada procedente a revisão, será declarada
sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se JADER FONTENELLE BARBALHO
todos os direitos do servidor, exceto em relação à des- Governador do Estado GILENO MÜLLER CHAVES
tituição, que será convertida em exoneração. Secretário de Estado de Administração WILSON MO-
Parágrafo único. Da revisão não poderá resultar agra- DESTO FIGUEIREDO
vamento de penalidade. Secretário de Estado de Justiça ROBERTO DA COSTA
FERREIRA
TÍTULO VII Secretário de Estado da Fazenda PAULO SÉRGIO FON-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS TES DO NASCIMENTO
Secretário de Estado de Viação e Obras Públicas ER-
Art. 238. O dia 28 de outubro é consagrado ao servi- NANI GUILHERME FERNANDES DA MOTTA
dor público estadual. Secretário de Estado de Saúde Pública ROMERO XI-
Art. 239. O tempo de serviço gratuito será contado MENES PONTE
Secretário de Estado de Educação PAULO MAYO KOU-
para todos os fins, quando prestado à autarquia pro-
RY DE FIGUEIREDO
fissional, ou aos que tenham exercido gratuitamen-
Secretário de Estado da Agricultura ALCIDES DA SILVA
te mandato de Vereador, sendo vedada a contagem
ALCÂNTARA
quando for simultâneo com o exercício de cargo, em-
Secretário de Estado de Segurança Pública MARIA EU-
prego ou função pública.
GÊNIA MARCOS RIO
Art. 240. É assegurado o direito de greve, na forma de
Secretária de Estado de Planejamento e Coordenação
lei específica.(NR)
Geral GUILHERME MAURÍCIO MARCOS DE LA PENHA
Art. 241. O servidor de nível superior ou equiparado Secretário de Estado de Cultura LUIZ PANIAGO DE
ao mesmo, sujeito à fiscalização da autarquia pro- SOUZA
fissional, ou entidade análoga, suspenso do exercício
REGIMENTO INTERNO

Secretário de Estado de Indústria Comércio e Minera-


profissional não poderá desempenhar atividade que ção ROBERTO RIBEIRO CORRÊA
envolva responsabilidade técnico-profissional, en- Secretário de Estado de Trabalho e Promoção Social
quanto perdurar a medida disciplinar. ANTÔNIO CÉSAR PINHO BRASIL
Art. 242. Fica assegurada a participação de 1 (um) re- Secretário de Estado de Transportes NELSON DE FI-
presentante dos sindicatos de servidores públicos no GUEIREDO RIBEIRO
Conselho de Política de Cargos e Salários do Estado do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Meio
Pará, na forma do regulamento. Ambiente

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drados nos termos da Lei Estadual nº 6.850/2006,
LEI Nº 6.969/07 – PLANO DE CARGOS, integram o plano nas mesmas classes e referências
CARREIRAS E REMUNERAÇÕES em que se encontram.
§ 2º Os servidores referidos no parágrafo anterior,
só terão direito a progressão funcional, nos termos
LEI Nº 6.969, DE 9 DE MAIO DE 2007 desta Lei, após a realização de concurso público de
que trata o art. 19 do Ato das Disposições Constitu-
Institui o Plano de Carreiras, Cargos e Remunera- cionais Transitórias, salvo a categoria de oficiais de
ção dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do justiça estáveis que se adequaram ao Plano em tem-
Pará e dá outras providências. po hábil, em razão de terem as suas atribuições fun-
cionais reguladas pelo art. 143 do Código de Processo
A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ es- Civil, atuando como avaliadores. (NR)
tatui e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO II
TÍTULO I DA ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO PLANO
DO PLANO DE CARREIRAS, CARGOS E REMUNERA- CAPÍTULO I
ÇÃO DA CONCEITUAÇÃO BÁSICA
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 4º Para os efeitos desta Lei, consideram-se funda-
mentais os seguintes conceitos:
Art. 1º Fica instituído o Plano de Carreiras, Cargos I - plano de carreira: conjunto de princípios, diretri-
e Remuneração dos Servidores do Poder Judiciário zes e normas que regulam os quadros de carreiras,
do Estado do Pará, composto dos cargos efetivos, car- a forma de ingresso, a promoção e o desenvolvimento
gos comissionados, de livre nomeação e exoneração, profissional dos servidores;
e funções gratificadas. II - quadro de pessoal: conjunto de cargos de provi-
Art. 2º O presente Plano de Carreiras, Cargos e mento efetivo, em comissão e de funções gratificadas;
Remuneração - PCCR, tem as seguintes finalidades III - pessoal efetivo: servidores públicos cuja investi-
primordiais: dura no respectivo cargo se deu mediante concurso
I - estabelecimento de um sistema permanente de público de provas ou de provas e títulos;
desenvolvimento funcional do servidor, vinculado IV - cargo de provimento efetivo: unidade de ocupa-
aos objetivos institucionais, obedecidos os critérios de ção funcional, criado por lei, com número certo e
igualdade de oportunidades, do mérito e da qualifica- denominação própria, definido por um conjunto de
ção profissional; e atribuições e responsabilidades cometidas a um servi-
II - garantia da eficiência dos serviços prestados pelo dor, mediante retribuição pecuniária padronizada;
Poder Judiciário à sociedade. V - cargo de provimento em comissão: conjunto de
atividades e responsabilidades de direção superior e
CAPÍTULO II intermediária, definidas com base na estrutura orga-
DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES nizacional do Poder Judiciário do Estado do Pará, e
de assessoramento superior e intermediário, de livre
Art. 3º Os princípios e diretrizes que norteiam este nomeação e exoneração;
VI - função gratificada: conjunto de atividades e res-
Plano de Carreiras, Cargos e Remuneração são:
ponsabilidades de chefia intermediária, definidas com
I - universalidade - integram o Plano os servidores
base na estrutura organizacional do Poder Judiciário
efetivos que participam do processo de trabalho de-
do Estado do Pará, de livre designação e destituição,
senvolvido pelo Poder Judiciário do Estado do Pará,
conferidas a servidor estável ou ocupante de cargo de
incluindo os servidores estáveis que se adequaram no
provimento efetivo deste Poder;
prazo previsto no art. 50 desta Lei (NR).
VII - progressão funcional: deslocamento funcional de
II - eqüidade - fica assegurado aos servidores que servidor, entre classes e referências, por promoção no
integram este Plano, tratamento igualitário para mesmo cargo;
os ocupantes de cargos com atribuições e requisitos VIII - classe: corresponde à faixa de referências sala-
iguais; riais existentes em quaisquer dos cargos das carreiras,
III - participação na gestão - para a implantação determinante da progressão funcional vertical;
deste Plano às necessidades do Poder Judiciário, de- IX - referência: graduação ascendente, existente em
verá ser observado o princípio da participação bila- cada classe, determinante da progressão funcional
teral entre os servidores e o órgão gestor deste Plano, horizontal;
a Secretaria de Administração do Tribunal de Justiça; X - interstício avaliatório: período durante o qual o
REGIMENTO INTERNO

IV - concurso público - é a forma de ingresso nos car- servidor é acompanhado e avaliado para verificação
gos efetivos do Poder Judiciário do Estado do Pará; do desempenho;
V - publicidade e transparência - todos os fatos e XI - vencimento: é a retribuição pecuniária mensal
atos administrativos referentes a este PCCR serão pú- devida ao servidor público pelo efetivo exercício de
blicos, garantindo total e permanente transparência. cargo, correspondente à classe e à referência do res-
§ 1º Os servidores estáveis, assim definidos nos termos pectivo cargo de carreira na conformidade da tabela
da Carta Constitucional de 1988, que foram enqua- salarial;

28
XII - remuneração: é o vencimento do cargo, acresci- controle interno e auditoria; transporte oficial e segu-
do das vantagens pecuniárias previstas em lei; rança; bem como, pareceres jurídicos e outras ativida-
XIII - tabela de remuneração: conjunto de valores des de apoio administrativo e operacional.
que compõem o vencimento da classe e referência Art. 9º Os cargos que integram as Carreiras referi-
dos cargos definidos nesta Lei; das neste Capítulo, estão estruturados de acordo com
XIV - enquadramento: alocação do servidor em car- o Anexo I, desta Lei.
go correlato deste Plano, observados, dentre outros, Parágrafo único. A lotação dos cargos de provimento
os requisitos de escolaridade estabelecidos para provi- efetivo será fixada por ato do chefe do Poder Judici-
mento; ário.
Art. 10. Caberá à área de gestão de pessoas avaliar
CAPÍTULO II periodicamente a adequação do quadro de cargos às
DO QUADRO DE PESSOAL necessidades institucionais, propondo, se for o caso,
seu redimensionamento, com base nas seguintes vari-
Art. 5º O Plano de Carreiras ora instituído será com- áveis, dentre outras:
posto pelos seguintes quadros: I - necessidades institucionais;
I - quadro de cargos de provimento efetivo; II - proporção entre os quantitativos da força de
II - quadro de cargos de provimento em comissão; III - trabalho do Plano de Carreiras e usuários;
quadro de funções gratificadas. III - inovações tecnológicas; e
Parágrafo único. Os quadros referidos nos itens I, II e IV - modernização dos processos de trabalho no
III serão tratados em capítulos específicos definidos na âmbito da Instituição.
presente Lei;
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO III DOS CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO E
DA ESTRUTURA DAS CARREIRAS DAS FUNÇÕES GRATIFICADAS

Art. 6º Os cargos previstos neste PCCR, com compe- Art. 11. Os cargos de provimento em comissão e as
tência para atuar nas áreas de planejamento, admi- funções gratificadas são de livre nomeação/designa-
nistração, controle, assistência, prevenção e proteção ção e exoneração/dispensa do Chefe do Poder Judici-
no Poder Judiciário, integram o Quadro de Cargos de ário, constituindo as classes Comissionado Judiciário
Provimento Efetivo e pertencem às seguintes Carreiras: Superior, Padrão CJS, e Comissionado Judiciário Inter-
I - carreira operacional: composta por cargos para mediário, Padrão CJI, e Funções Gratificadas, Padrão
cujo provimento é exigida a escolaridade de nível FG, nos termos da Lei 6.850/06, que dispõe sobre
fundamental; a estrutura organo-funcional administrativa do Poder
II - carreira auxiliar: composta por cargos para cujo Judiciário do Estado do Pará.
provimento é exigida a escolaridade de nível médio ou § 1º Para preenchimento dos cargos em comissão se-
equivalente; e rão reservadas 50% (cinquenta pontos percentuais)
III - carreira técnica: composta por cargos para cujo do total das vagas existentes, as quais serão destina-
provimento é exigido curso de graduação de nível das aos servidores ocupantes de cargos de provimento
superior. efetivo.
Parágrafo único. As Carreiras referidas no caput des- § 2º Os cargos da classe Comissionado Judiciário
te artigo serão compostas por atividades finalísticas Superior, Padrão CJS, serão providos, única e exclusi-
e de suporte. vamente, por portadores de graduação de nível superior,
Art. 7º As Atividades Finalísticas são inerentes aos que apresentarem antes de sua nomeação, o respectivo
cargos com atribuições voltadas para a realização diploma compatível com a função que será exercida.
dos serviços judiciários prestados à população, em Art. 12. Os cargos de provimento em comissão e as
todos os níveis de complexidade, tendo como fina- funções gratificadas a que se refere o artigo anterior
lidade o cumprimento da missão do Poder Judici- são os constantes da Lei nº 6.850/06 e legislação pos-
ário, abrangendo, dentre outras: o processamento terior pertinente.
de feitos; a execução de mandados; a análise e
a pesquisa de legislação, doutrina e jurisprudência; Art. 13. Passa a integrar o Quadro de Funções Gra-
bem como pareceres jurídicos e outras atividades de tificadas de que trata a Lei nº 6.850/06, a função de
apoio na área judiciária. Diretor de Secretaria, FG-2 (NR).
Art. 8º As Atividades de Suporte são inerentes aos Parágrafo único. A função gratificada de Diretor de
cargos com atribuições voltadas para a realização Secretaria será exercida privativamente por ocupan-
REGIMENTO INTERNO

dos serviços que viabilizam a concretização das te do cargo de Analista Judiciário, da carreira
ações da área-fim do Poder Judiciário, em to- Técnica, da Atividade Finalistica, com formação de
dos os níveis de complexidade, abrangendo àquelas bacharel em Direito, do quadro de servidores efeti-
que exigem o domínio de habilidades específicas; vos, lotado na Comarca e indicado pelo Juiz da Vara,
a gestão de pessoas; a logística; licitações, contratos ressalvado o direito à percepção da referida gratifica-
e convênios; orçamento, finanças e contabilidade; ção aos ocupantes do cargo em extinção de Diretor de
comunicação social; manutenção e infraestrutura; Secretaria. (NR)

29
CAPÍTULO V b) qualificação - com a valoração de cursos de atu-
DO INGRESSO E DO ESTÁGIO PROBATÓRIO alização e aperfeiçoamento de no mínimo 60 e 120
horas, respectivamente. (NR)
Art. 14. A investidura em cargo de provimento efetivo § 2º A progressão vertical será respaldada no mérito
dar-se-á mediante aprovação em concurso público de profissional do servidor, devendo, para sua efetiva-
provas ou de provas e títulos, na referência e classe ção, o servidor atingir a pontuação mínima de 90
iniciais do cargo a que concorreu, observada a es- pontos, para avançar à referência inicial da classe
colaridade e o preenchimento dos demais requisitos imediatamente superior àquela a qual pertence,
exigidos para ingresso. observando, dentre outros, os seguintes itens:
Parágrafo único. Os requisitos para ingresso nos a) participação em grupos e comissões;
cargos a que se refere o caput deste artigo constam b) desempenho de cargos comissionados;
do Anexo IV, desta Lei, referente às especificações dos c) desempenho organizacional: trabalho em equipe,
cargos. orientação para resultados e comunicação formal;
Art. 15. O servidor nomeado para cargo de provimen- d) desempenho funcional: dedicação ao trabalho, pro-
to efetivo ficará sujeito a estágio probatório, em con- dutividade e qualidade do trabalho;
formidade com as regras gerais estabelecidas em lei. e) desempenho individual: cumprimento das metas
definidas no Plano de Trabalho Individual dando
CAPÍTULO VI ênfase à motivação, criatividade, pontualidade, cum-
DO DESENVOLVIMENTO NA CARREIRA primento de prazos, relacionamento interpessoal, res-
ponsabilidade e uso adequado de equipamentos.
Art. 16. A elaboração do Plano de Desenvolvimento § 3º As progressões horizontal e vertical ocorrerão
na Carreira observará o: após avaliação do servidor, alcançada a pontuação
I - plano de metas institucionais; referida nos parágrafos anteriores.
II - plano de metas das Unidades/Setores; § 4º O servidor, poderá, excepcionalmente, ser pro-
III - plano de metas das equipes. movido por tempo de serviço, avançando uma re-
Art. 17. O Desenvolvimento na Carreira é a forma ferência, até a última da classe em que se encontrar,
de evolução na Carreira, Cargo, Classes e Referên- quando no espaço mínimo de três anos, não obtiver
cias Salariais, através de mecanismos de progressão, nenhuma das progressões de que trata o caput deste
a partir do efetivo exercício no cargo, levando-se em artigo.
consideração o tempo desse exercício, a qualificação e § 5º As atividades de qualificação profissional pode-
o mérito profissional, conforme critérios estabelecidos rão ser promovidas pelo próprio órgão ou por outra
em regulamento próprio. instituição, inclusive, entidade sindical, estes, desde
que previamente autorizadas pelo Departamento de
SEÇÃO I Gestão de Pessoas.
DA PROGRESSÃO FUNCIONAL Art. 19. Será considerado, para fins de progressão,
apenas o tempo de serviço prestado efetivamente
Art. 18. A progressão do servidor nos cargos das Car- pelo servidor ao Poder Judiciário do Estado do Pará.
reiras visa incentivar a melhoria de seu desempenho § 1º É considerado de efetivo exercício, para fins de
ao executar as atribuições do cargo, a mobilidade dos progressão funcional, o tempo em que o servidor esti-
servidores na respectiva carreira e a decorrente me- ver afastado do cargo em casos de:
lhoria salarial na classe e referência a que pertence, a) licenças remuneradas;
obedecerá uma escala de 0 a 100 pontos e far-se-á da b) licenças concedidas para o exercício de mandato
seguinte forma: eletivo ou de direção de entidade classista, limitado a
I - Horizontal: consiste no progresso do servidor, dois mandatos;
após avaliação, à referência imediatamente superior c) exercício de cargo comissionado ou de função gra-
tificada.
àquela a que pertencer, dentro da mesma classe, res-
§ 2º O interstício avaliatório será interrompido nos
peitado o interstício de dois anos de efetivo exercício
casos em que o servidor estiver afastado por:
na referência em que se encontrar;
a) licença sem vencimentos;
II - Vertical: consiste no progresso do servidor alocado
b) faltas não abonadas;
na última referência de uma classe para outra, den-
c) suspensão disciplinar;
tro do mesmo cargo, após avaliação de desempenho,
d) prisão administrativa ou decorrente de decisão ju-
observado o interstício avaliatório de três anos.
dicial.
§ 1º A progressão horizontal valorizará a experiên-
cia e a qualificação profissionais, devendo, para sua
REGIMENTO INTERNO

SEÇÃO II
efetivação, o servidor atingir a pontuação mínima de DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
80 pontos, para avançar à referência imediatamente
superior àquela a qual pertence, observando, dentre Art. 20. As normas necessárias à efetivação da Avalia-
outros, os seguintes itens: ção Periódica de Desempenho necessária à concessão
a) experiência - com a valoração da participação em das progressões horizontal e vertical dos servidores,
grupos e comissões especiais de trabalho, desempe- reger-se-á por Resolução do Tribunal Pleno que ins-
nho de funções gratificadas e tempo de serviço; tituir o Sistema de Avaliação Periódica do Tribunal de

30
Justiça, e serão estabelecidas no prazo de cento e vin- Art. 25. A qualificação funcional dos servidores de-
te dias a contar do início da vigência desta Lei. verá resultar de programa regulares de cursos de
§ 1º A periodicidade da Avaliação Periódica de De- treinamento e aperfeiçoamento, organizados e im-
sempenho é de doze meses para todas as áreas de plementados pelo Tribunal de Justiça, objetivando:
atividades, devendo a apuração e a homologação I - o aprimoramento do desempenho das atividades
ocorrer até o terceiro mês do ano anterior ao de sua funcionais;
efetivação . II - estabelecer possibilidade de progressão funcional;
§ 2º As Progressões horizontal e vertical, decorren- III - a formação inicial de servidores, com a prepara-
tes de Avaliação Periódica de Desempenho, surtirão ção para o exercício das atribuições dos cargos ini-
efeitos a partir do exercício subsequente ao da respec- ciais das carreiras, propiciando conhecimentos, méto-
tiva avaliação. dos, técnicas e habilidades adequadas;
Art. 21. A unidade administrativa responsável pela IV - nos cursos regulares de aperfeiçoamento, a
avaliação de desempenho dos profissionais das car- habilitação do servidor para o desempenho eficiente
reiras definidas neste Plano deverá: das atribuições inerentes à referência imediatamente
I - acompanhar e supervisionar o processo; superior;
II - analisar e instruir os recursos interpostos. V - nos cursos de natureza gerencial, a preparação
Art. 22. Para implantação do processo de avaliação de do servidor para o exercício de funções de direção e
desempenho serão observados: coordenação.
I - definição metodológica dos indicadores de avalia-
ção; CAPÍTULO VII
II - definição de metas dos serviços e das equipes; DA ESTRUTURA SALARIAL E REMUNERAÇÃO DA
III - adoção de modelos e instrumentos que aten- CARREIRA
dam à natureza das atividades,
assegurados os seguintes princípios: Art. 26. A estrutura de remuneração das Carreiras do
a) legitimidade e transparência do processo de avalia- Poder Judiciário, de que trata o artigo 6º desta Lei,
ção; compreende:
b) periodicidade; a) três classes para cada cargo integrante das Carrei-
c) contribuição do servidor para a consecução dos ob- ras, identificadas pelas letras A, B e C;
jetivos do órgão ou serviço; b) quinze referências, identificadas por algarismos
d) adequação aos conteúdos dos cargos e às condições arábicos, distribuídas em 5 (cinco) referências por clas-
reais de trabalho, de forma que caso haja condições se de cada cargo das Carreiras.
precárias ou adversas, não prejudiquem a avaliação;
e) conhecimento do servidor sobre todas as etapas da SEÇÃO ÚNICA
avaliação e do seu resultado final; DO VENCIMENTO E VANTAGENS
f) direito de manifestação às instâncias recursais.
Art. 27. Os valores dos vencimentos dos servidores
Art. 23. Na avaliação de desempenho, além dos cri-
ocupantes dos cargos que integram as Carreiras Ope-
térios já mencionados, deverão ser contemplados ou-
racional, Auxiliar e Técnica, são os constantes do Ane-
tros, capazes de avaliar a qualidade dos processos de
xo II desta Lei.
trabalho contínuo, permanente, crítico, participativo,
Art. 28. Além do vencimento e de outras vantagens
nas áreas judiciária e de suporte, abrangendo de for-
previstas em Lei, o servidor do Poder Judiciário pode-
ma integrada o servidor, com sua participação no pro-
rá ainda perceber:
cesso de prestação de serviços à população do Estado.
I - Adicional de Titulação, concedida ao servidor com
graduação de nível superior, observada a relação
SEÇÃO III direta com o cargo que ocupa, em percentual calcu-
DO PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL lado sobre o vencimento- base do referido cargo, nos
seguintes percentuais:
Art. 24. Caberá ao Departamento de Gestão de Pes- a) especialização - 15% (quinze por cento);
soas, elaborar e propor a realização, direta ou indire- b) mestrado - 20% (vinte por cento) e,
ta, de Programas de Qualificação Profissional para os c) doutorado - 25% (vinte e cinco por cento).
servidores do órgão, que tem como objetivos: II - gratificação de Risco de Vida à base de 70% (se-
I - conscientizar os servidores para a relevância do tenta por cento) do vencimento-base, devida exclusi-
seu papel, enquanto agente na construção de uma vamente para os servidores no exercício das ativida-
sociedade mais justa; des de Oficial de Justiça, Oficial de Justiça Avaliador
REGIMENTO INTERNO

e Auxiliar de Segurança. (NR)


II - preparar o profissional do judiciário para desen- III - Gratificação de Atividade Externa – devida exclu-
volver-se na carreira, objetivando seu engajamento sivamente aos Oficiais de Justiça e Oficiais de Justiça
no plano de desenvolvimento organizacional do Poder Avaliador, a fim de indenizar as despesas de lo-
Judiciário; comoção no cumprimento de diligências, cujo valor
III - capacitar o profissional para um desempenho será definido por ato do Tribunal Pleno, reajustável na
qualificado de suas atribuições e para a prestação de data base e observada a variação do IGP-M -Índice
serviços de qualidade à coletividade. Geral de Preços de Mercado, da Fundação Getúlio

31
Vargas ou de outro índice de atualização monetária III - implementação da primeira progressão vertical,
estabelecido anualmente na Lei de Diretrizes Orça- no prazo de vinte e quatro meses, a partir da data
mentárias, para gastos com combustível. (NR) de enquadramento inicial.
IV - Gratificação de Gabinete – que poderá ser con- Parágrafo único. Cabe ao Departamento de Gestão
cedida aos servidores que prestarem serviço nas de Pessoas o monitoramento da implantação deste
unidades administrativas vinculadas à Presidência Plano, nos termos dos incisos deste artigo, para que
do Tribunal, que variará entre 50% (cinquenta por referido instrumento legal alcance sua eficácia e efe-
cento) e 100% (cem por cento) do vencimento-base tividade.
atribuído ao cargo. (NR)
§ 1° Para fins de concessão do Adicional de Titula- CAPÍTULO II
ção previsto no inciso I, os cursos de Especialização, DO ENQUADRAMENTO
Mestrado e Doutorado, serão considerados somente
quando forem devidamente reconhecidos pelo Minis- Art. 32. O enquadramento dos servidores nos car-
tério da Educação. gos das Carreiras Operacional, Auxiliar e Técnica
§ 2º Para concessão do Adicional de Titulação pre- ocorrerá mediante transformação dos cargos atual-
visto no inciso I, alínea a, serão considerados os cur- mente ocupados, observada a correlação existente
sos com carga horária igual e/ou superior a 360 horas. com os cargos do novo Plano, em conformidade
§ 3° O Adicional de Titulação será devido pelo com a Tabela de Correspondência constante do
maior título obtido pelo servidor, vedada a cumula- Anexo III da presente Lei, desde que se encontrem
tividade, em qualquer hipótese. em efetivo exercício, nos termos da Lei.
§ 4° Para fins de concessão do Adicional de Titulação, § 1º Os servidores que não se enquadrarem no Plano
o servidor deverá apresentar o respectivo título ao De- instituído por esta Lei integrarão Quadro Suplemen-
partamento de Gestão de Pessoas, para fins de análise. tar em Extinção, sendo a remuneração corrigida
§ 5° Os efeitos financeiros do Adicional de Titulação de acordo com os reajustes gerais promovidos pelo
vigorarão a partir do ano de 2009. Poder Judiciário.
§ 6º O Oficial de Justiça Avaliador que estiver no exer- § 2º Os servidores que não desejarem ser incluídos nas
cício de outra função não fará jus à gratificação a que Carreiras instituídas por esta Lei deverão, no prazo de
se refere o inciso II deste artigo. sessenta dias, contados de sua publicação, manifestar
§ 7º O percentual da Gratificação de Risco de Vida opção pela permanência nos atuais cargos que ocu-
de que trata o inciso II deste artigo, passa a inte- pam, os quais integrarão o Quadro Suplementar em
grar os vencimentos dos cargos de Oficial de Justiça Extinção.
Avaliador e de Oficial de Justiça, para todos os efeitos § 3º Nas hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º, o cargo
legais. (NR) atual deverá ser transformado por ocasião de sua va-
Art. 29. As indenizações, auxílios e demais vanta- cância, em cargo correspondente no novo Plano.
gens ou gratificações de caráter eventual não inte- § 4º O vencimento dos servidores do Poder Judiciá-
gram a remuneração. rio, integrantes do Quadro Suplementar em Extinção,
corresponderá ao que vem sendo percebido na data
CAPÍTULO VIII da publicação desta Lei.
DA RETRIBUIÇÃO DOS CARGOS COMISSIONADOS Art. 33. A revisão do processo de enquadramento po-
E FUNÇÕES GRATIFICADAS derá ser solicitada pelo servidor, no prazo de trinta
dias, a contar da publicação do ato de enquadra-
Art. 30. Os valores de remuneração dos Cargos que mento no Plano, mediante solicitação à Secretaria
constituem as classes Comissionado Judiciário Supe- de Administração.
rior, Padrão CJS, e Comissionado Judiciário Interme- Art. 34. Aos concursados, empossados a partir da vi-
diário, Padrão CJI, e as Funções Gratificadas - FG, do gência desta Lei, aplicar-se-á o vencimento-base da
Poder Judiciário, são os constantes da Lei nº 6.850/06 Referência e Classe iniciais do Cargo da Carreira, cor-
e a criada nesta Lei . respondente àquele para o qual foi nomeado.
Art. 35. O enquadramento do servidor na Carreira,
TÍTULO III Cargo, Classe e Referência do Plano instituído por
DA IMPLANTAÇÃO E GESTÃO DO PLANO esta Lei dar-se-á após prévia análise dos seguintes
CAPÍTULO I itens:
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES I - situação funcional atual do servidor;
II - correspondência dos cargos e funções atualmente
Art. 31. A implantação do plano de que trata esta ocupados com os cargos deste Plano;
Lei, far-se-á em três etapas, conforme abaixo discri- III - atendimento aos requisitos exigidos para o provi-
REGIMENTO INTERNO

minadas: mento dos cargos;


I - enquadramento inicial dos servidores no PCCR, que IV - lotação ideal de cargos, necessária ao funciona-
observará a correlação entre cargos e respectivos re- mento dos serviços do Poder Judiciário;
quisitos, devendo ser implementado no ano de 2008; V - recursos orçamentários e financeiros disponíveis.
II - implementação da primeira progressão horizontal, Art. 36. O posicionamento na classe e referência sala-
que deverá ocorrer no prazo de doze meses, a partir rial do servidor enquadrado será vinculado ao venci-
da data do enquadramento inicial; mento atualmente percebido.

32
§ 1º Se, em decorrência da aplicação do disposto no I - obrigatoriedade de concursos de remoção a ser
caput deste artigo, o servidor for alocado em referên- realizado, em decorrência de vacância do cargo, en-
cia de valor inferior ao que percebe atualmente, será tre os servidores da Carreira do Poder Judiciário do
deslocado para classe e referência de valor igual ou Estado do Pará, anterior a realização de concurso pú-
imediatamente superior. blico;
§ 2º Se, em decorrência da aplicação no disposto no II - permuta, entre dois ou mais servidores da carreira
caput deste artigo, o vencimento do servidor for su- judiciária do Poder Judiciário, ocupantes do mesmo
perior ao estabelecido na última referência da carreira cargo.
na qual deve ser enquadrado, receberá a diferença a Art. 43. Os cargos que compõem a estrutura funcional
título de vantagem pessoal, que deverá ser absorvida da Justiça Militar Estadual e o Sistema dos Juizados
em aumentos futuros, para que não se perpetue a Especiais Cíveis e Criminais do Estado do Pará, de
distorção. conformidade com a Lei Estadual nº 6.459/02, alte-
§ 3º O enquadramento dos servidores no Plano de rada pela Lei Estadual nº 6.869/06, passam a integrar
Carreiras, Cargos e Remuneração, objeto desta Lei, o quadro de pessoal nos termos do art. 4º , II, desta
dar-se-á através de ato do Chefe do Poder Judiciário Lei.
ou de autoridade delegada. Art. 44. O processo de enquadramento dos servido-
res neste Plano será realizado pelo Departamento de
CAPÍTULO III Gestão de Pessoas, sob a coordenação da Secretaria de
DA GESTÃO DO PLANO Administração.
Parágrafo único. Os casos omissos serão objeto de
Art. 37. Compete à Secretaria de Administração pro- estudo da Secretaria de Administração e decisão do
por: chefe do Poder Judiciário.
a) modificações ou regulamentos suplementares deste Art. 45. As especificações dos cargos efetivos, constitui
Plano; o Anexo IV, desta Lei.
b) realização de Concurso Público; Art. 46. O servidor não terá reduzida a remuneração
c) execução de programas de desenvolvimento de ges- de seu cargo efetivo, salvo na hipótese de estar perce-
tão de pessoas, em benefício dos servidores ocupantes bendo vantagem ou parcela pecuniária em desacordo
dos cargos e funções do Poder Judiciário. com a Lei há menos de cinco anos.
Parágrafo único. No caso de percepção de vanta-
CAPÍTULO IV gem ou parcela pecuniária em desacordo com a Lei
DISPOSIÇÕES GERAIS há mais de cinco anos, esta continuará integrado a
remuneração do servidor como vantagem individual
Art. 38. Em decorrência da implementação desta Lei, a ser absorvida em aumentos futuros.
nenhum servidor investido no respectivo cargo efeti- Art. 47. Os servidores em gozo de licença sem
vo, em razão de ter sido aprovado em concurso públi- vencimentos, terão sua situação funcional tratada no
co de provas ou de provas e títulos, sofrerá: Plano somente no retorno às atividades normais.
I - redução do que legalmente perceber à data do início Art. 48. Fica extinta a Gratificação de Complemento
da vigência desta Lei; de Vencimento.
II - restrição ao exercício do respectivo cargo efe- Art. 49. O Tribunal Pleno baixará os atos regulamen-
tivo, em razão da alteração dos requisitos de nível tares necessários à execução do presente Plano, inclu-
de escolaridade para o provimento do correspondente sive quanto aos critérios de remoção dos servidores,
cargo. podendo a Secretaria de Administração, expedir atos
Art. 39. Os Cargos de Diretor de Secretaria, Auxiliar de e instruções necessárias à sua operacionalização.
Secretaria, Oficial de Justiça, Porteiro de Auditório e
Leiloeiro passam a ser privativos de Bacharel em Di- DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
reito e a integrar o Quadro de Carreira Técnica, Códi-
go: PCCR-PJ-CT- 01, da atividade finalística, conforme Art. 50. Aos atuais Servidores concursados, ocupan-
tes dos cargos de Diretor de Secretaria, Auxiliar de
o parágrafo único do art. 6º desta Lei.
Secretaria, Oficial de Justiça, Porteiro de Auditório e
Art. 40. Os cargos de Guarda Judiciário e Agente de
Leiloeiro, é concedido o prazo de dez anos, contados
Segurança passam a integrar o Quadro de Carreira
a partir da data do início da vigência desta Lei, para
Auxiliar, Código PCCR-PJ-CA-02, da Atividade de Su-
aquisição com grau de educação de nível superior,
porte conforme o parágrafo único do art. 6º desta Lei
em curso de graduação, findo os quais, os servido-
(NR).
res que não a adquirirem passarão a integrar Quadro
Art. 41. Fica extinto um cargo vago de Porteiro de
REGIMENTO INTERNO

Suplementar em Extinção. (NR)


Auditório, do Quadro de Pessoal, do Poder Judiciário.
Art. 51. Aos Analistas Judiciários - Auxiliares de Secre-
Art. 42. Ao servidor integrante da Carreira Judiciária taria e Porteiro de Auditório, e aos Oficiais de Justiça
do Poder Judiciário do Estado do Pará será permitida Avaliador, que possuírem a graduação exigida no ar-
a movimentação para ocupação de vagas, dentro do tigo anterior, será concedido um abono por desempe-
mesmo cargo, respeitado o interesse da Administra- nho de atividade técnica, no valor constante no Anexo
ção, consoante os seguintes critérios: V desta Lei, que será absorvido no ato do enquadra-
mento inicial do presente Plano de Carreira.

33
Art. 52. Aos servidores concursados nos atuais car-
gos de Diretor de Secretaria, Auxiliar de Secretaria,
Oficial de Justiça, Porteiro de Auditório e Leiloeiro, HORA DE PRATICAR
que passam a integrar a carreira técnica, terão a
implementação da gratificação de escolaridade efeti- 1. (CESPE - 2006 - TJ-PA - Analista Judiciário - Judi-
vada de forma gradual, no percentual de 20% (vinte ciária) A Corregedoria de Justiça, dividida para efeito de
por cento) ao ano, a partir do ano de 2009. jurisdição em Corregedoria de Justiça da Região Metro-
Parágrafo único. O presente cronograma poderá ser politana de Belém e Corregedoria de Justiça das Comar-
antecipado por ato administrativo da Presidência, cas do Interior do Estado, tem funções administrativas,
observado o disposto nos artigos 17, § 1º, e 20 da de orientação, fiscalização e disciplinares, a serem exerci-
Lei nº 101, de 04.05.2000 - LRF. das por dois desembargadores eleitos na forma da lei. Os
corregedores de justiça serão auxiliados em suas tarefas
DISPOSIÇÕES FINAIS por juízes corregedores, sendo dois para cada correge-
doria, e exercerão, por delegação, suas atribuições relati-
Art. 53. As despesas decorrentes da execução desta Lei vas aos juízes de direito e servidores da justiça. A respeito
correrão à conta do orçamento do Poder Judiciário. dos juízes corregedores, assinale a opção correta.
Art. 54. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
blicação. Art. 55. Ficam revogadas as disposições em a) Os juízes corregedores, quando designados, não ficam
contrário. desligados do exercício de suas varas.
b) Os juízes corregedores têm acrescida à remuneração
PALÁCIO DO GOVERNO, 9 de maio de 2007. dos seus cargos parcela remuneratória referente à
nova função para a qual foram designados.
ANA JÚLIA CAREPA c) Ao final do mandato do corregedor-geral, os juízes
Governadora do Estado corregedores não ficam obrigados a reverterem ao
exercício de suas varas, sendo-lhes facultada a escolha
• de nova vara para servir.
d) Os juízes corregedores são escolhidos entre os juízes
de direito de entrância final e designados pelo presi-
dente do tribunal, ouvido o Conselho de Magistratura.

2. (CESPE - 2006 - TJ-PA - Analista Judiciário - Judici-


ária) Antes do início de uma sessão do TJPA, o advogado
Lúcio, que residia no Rio de Janeiro e que fora contratado
para atuar em um processo que tramitava no tribunal,
solicitou preferência de julgamento, pois desejava fazer
sustentação oral. Porém, o advogado Caio, que residia
em Belém, já havia solicitado a preferência de julgamen-
to, também por desejar proferir sustentação oral. Nessa
situação,

a) Lúcio pode ter concedida a preferência em prejuízo de


Caio, pelo simples fato de residir em local diverso da
sede do TJPA.
b) nem Lúcio nem Caio podem pedir preferência de jul-
gamento, pois ambos desejam fazer sustentação oral,
o que causará demora no julgamento dos seus pro-
cessos.
c) o prazo para Lúcio ou Caio fazerem a sustentação oral
será de 20 minutos, caso não haja outro prazo previsto
em lei.
d) o Ministério Público poderá obter, em decorrência da
solicitação de sustentação oral realizada por Lúcio e
Caio, prazo em dobro para também fazer sustentação
oral.
REGIMENTO INTERNO

3. (FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Área Di-


reito) A respeito das eleições, é correto afirmar:

a) o Presidente, o Vice-Presidente, os Corregedores de


Justiça e os membros do Conselho da Magistratura
serão eleitos para mandato de dois anos, permitida a
reeleição para mais um período.

34
b) na elaboração da lista de advogados para integrar o
Tribunal Regional Eleitoral, cada Desembargador vota- ANOTAÇÕES
rá em seis nomes, considerando-se eleitos os que tive-
rem obtido a maioria absoluta de votos dos presentes.
c) o Desembargador eleito para o cargo de direção no ________________________________________________
Tribunal de Justiça ou para o Tribunal Regional Eleito-
ral, como membro efetivo, não perderá, ao ser empos- _________________________________________________
sado, a titularidade de outra função eletiva.
_________________________________________________
d) os Desembargadores que estiverem no efetivo exercí-
cio de cargo de direção no Tribunal de Justiça podem _________________________________________________
ser eleitos, em sessão do Tribunal Pleno, para integrar
o Tribunal Regional Eleitoral. _________________________________________________
e) considerar-se-á eleito Presidente, Vice-Presidente,
Corregedor de Justiça e o membro do Conselho da _________________________________________________
Magistratura, o Desembargador que, no respectivo _________________________________________________
escrutínio, obtiver a maioria simples dos votos dos
presentes. _________________________________________________

4. (FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Área Di- _________________________________________________


reito) Atenção: A questão, referem-se ao Regimento In-
terno do Tribunal de Justiça do Estado do Pará. Os advo- _________________________________________________
gados dos recorrentes poderão proferir sustentação oral, _________________________________________________
dentre outros processos, nos
_________________________________________________
a) reexames necessários.
b) embargos infringentes. _________________________________________________
c) agravos regimentais.
_________________________________________________
d) agravos de instrumento.
e) conflitos de competência. _________________________________________________

5. (FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Área Di- _________________________________________________


reito) Atenção: A questão, referem-se ao Regimento In-
terno do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.  _________________________________________________
Ao Conselho da Magistratura, dentre outras atribuições, _________________________________________________
compete
_________________________________________________
a) opinar, no que couber, sobre pedidos de renovação,
permutas, férias e licenças dos Juízes de Direito. _________________________________________________
b) apreciar os relatórios dos Juízes de Direito.
c) determinar correições extraordinárias, gerais ou par- _________________________________________________
ciais. _________________________________________________
d) processar e julgar as suspeições opostas a Juízes Cíveis
e Criminais, quando não reconhecidas. _________________________________________________
e) suspender a execução de liminar concedida pelos Juí-
zes de primeiro grau em ação civil pública. _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO _________________________________________________

_________________________________________________
1 D _________________________________________________
2 A
REGIMENTO INTERNO

_________________________________________________
3 B
_________________________________________________
4 B
5 C _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

35
ANOTAÇÕES

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REGIMENTO INTERNO

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36
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípios Básicos da Administração Pública ...................................................................................................................................................... 01


Poderes administrativos: vinculado; discricionário; hierárquico; disciplinar; regulamentar; e de polícia ................................... 03
Atos Administrativos: conceito, requisitos, atributos, discricionariedade e vinculação; classificação; espécies, motivação,
anulação, revogação e extinção ............................................................................................................................................................................... 08
Lei nº 8.112/90 e alterações posteriores: Das Disposições Preliminares. Do Provimento. Da Vacância. Do Vencimento e
da Remuneração. Das Férias. Do Direito de Petição. Dos Deveres e Proibições. Da Acumulação. Das Responsabilidades.
Das Penalidades ............................................................................................................................................................................................................ 14
2) Impessoalidade: a atividade da Administração
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado
PÚBLICA haver qualquer forma de tratamento diferenciado
entre os administrados. Há uma forte relação entre a
impessoalidade e a finalidade pública, pois quem age
por interesse próprio não condiz com a finalidade do
Princípios Básicos da Administração Pública interesse público.
3) Moralidade: a Administração impõe a seus
Os princípios que regem a atividade da Administração
agentes o dever de zelar por uma “boa-administração”,
Pública são vastos, podendo estar explícitos em norma
buscando atuar com base nos valores da moral comum,
positivada, ou até mesmo implícitos, porém denotados
isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e lealdade. A moralidade
segundo a interpretação das normas jurídicas. Temos
princípios gerais de Direito Administrativo, os princípios não é somente um princípio, mas também requisito de
constitucionais, e os princípios infraconstitucionais. validade dos atos administrativos.
4) Publicidade: a publicação dos atos da
1. Princípios Gerais da Administração Pública Administração promove maior transparência e garante
Os princípios gerais de Direito Administrativo, são os eficácia erga omnes. Além disso, também diz respeito
princípios basilares desse ramo jurídico, sendo aplicáveis ao direito fundamental que toda pessoa tem de obter
ante o fato da Administração Pública ser considerada acesso a informações de seu interesse pelos órgãos
pessoa jurídica de direito público. estatais, salvo as hipóteses em que esse direito ponha
O princípio da supremacia do interesse público em risco a vida dos particulares ou o próprio Estado, ou
é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à ainda que ponha em risco a vida íntima dos envolvidos.
Administração Pública. A supremacia do interesse público 5) Eficiência: implementado pela reforma
sobre o privado é um aspecto fundamental para o exercício administrativa promovida pela Emenda Constitucional
da função administrativa. Podemos citar como exemplo a nº 19 de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da
desapropriação de um imóvel pertencente a um particular: Administração de alcançar os seus resultados de uma
o particular pode ter interesse em não ter seu bem forma célere, promovendo melhor produtividade
desapropriado, ou achar o valor da indenização injusto, e rendimento, evitando gastos desnecessários no
mas ele não pode ter interesse em extinguir o instituto da exercício de suas funções. A eficiência fez com que a
expropriação administrativa. Trata-se de um instituto que Administração brasileira adquirisse caráter gerencial,
deve existir, independentemente da sua vontade. tendo maior preocupação na execução de serviços com
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com perfeição ao invés de se preocupar com procedimentos
certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso e outras burocracias. A adoção da eficiência, todavia, não
que ao Estado também lhe incumbe uma série de permite à Administração agir fora da lei, não se sobrepõe
deveres, fundadas pelo princípio da indisponibilidade ao princípio da legalidade.
do interesse público. Tal princípio pressupõe que o
Poder Público não é dono do interesse público, ele deve
manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe. É por FIQUE ATENTO!
isso que ele não pode se desfazer de patrimônio público,
contratar quem ele quiser, realizar gastos sem prestar Lembre-se da palavra “limpe”, para melhor
contas a seu superior, etc. Tais atos configuram em desvio memorizar os princípios constitucionais:
de finalidade, uma vez que o objetivo principal deles não Legalidade
é de interesse público, mas apenas do próprio agente, ou Impessoalidade
de algum terceiro beneficiário. Moralidade
Publicidade
2. Princípios Constitucionais da Administração Eficiência
Pública
São os princípios previstos no Texto Constitucional,
mais especificamente no caput do artigo. 37. Segundo 3. Princípios Infraconstitucionais
o referido dispositivo: “A administração pública direta e Os princípios administrativos não se esgotam no âmbito
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indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, constitucional. Existem outros princípios cuja previsão
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, infraconstitucional. É o caso do disposto no caput do
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:”. Assim, artigo 2º da Lei nº 9.784/1999: “A Administração Pública
esquematicamente, temos os princípios constitucionais da: obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
1) Legalidade: fruto da própria noção de Estado de finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
Direito, as atividades do gestor público estão submissas moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
a forma da lei. A legalidade promove maior segurança jurídica, interesse público e eficiência”.
jurídica para os administrados, na medida em que proíbe
que a Administração Pública pratique atos abusivos. Ao 3.1 Princípio da Autotutela
contrário dos particulares, que podem fazer tudo aquilo A autotutela diz respeito ao controle interno que a
que a lei não proíbe, a Administração só pode realizar o Administração Pública exerce sobre os seus próprios
que lhe é expressamente autorizado por lei. atos. Isso significa que, havendo algum ato administrativo

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ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao interesse 3.3 Princípio da Finalidade
público, não é necessária a intervenção judicial para que Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, da
a própria Administração anule ou revogue esses atos. Lei nº 9.784/1999. “Nos processos administrativos serão
Não havendo necessidade de recorrer ao Poder observados, entre outros, os critérios de: II - atendimento
Judiciário, quis o legislador que a Administração possa, a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial
dessa forma, promover maior celeridade na recomposição de poderes ou competências, salvo autorização em lei”.
da ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir O princípio da finalidade muito se assemelha ao da
maior proteção ao interesse público contra os atos primazia do interesse público. O primeiro impõe que o
inconvenientes. Administrador sempre aja em prol de uma finalidade
Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999: específica, prevista em lei. Já o princípio da supremacia
“A Administração deve anular seus próprios atos, quando do interesse público diz respeito à sobreposição do
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por interesse da coletividade em relação ao interesse privado.
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados A finalidade disposta em lei pode, por exemplo, ser
os direitos adquiridos”. A distinção feita pelo legislador justamente a proteção ao interesse público.
é bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo
ato anulatório, e a discricionariedade do ato revogatório. ato, além de ser devidamente motivado, possui um fim
A Administração pode revogar os atos inconvenientes, específico, com a devida previsão legal. O desvio de
mas tem o dever de anular os atos ilegais. finalidade, ou desvio de poder, são defeitos que tornam
A autotutela também tem previsão em duas súmulas nulo o ato praticado pelo Poder Público.
do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A
Administração Pública pode declarar a nulidade de seus 3.4 Princípio da Razoabilidade
próprios atos”; e a Súmula nº 473: “A administração pode Agir com razoabilidade é decorrência da própria noção
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os de competência. Todo poder tem suas correspondentes
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou limitações. O Estado deve realizar suas funções com
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, coerência, equilíbrio e bom senso. Não basta apenas
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos atender à finalidade prevista na lei, mas é de igual
os casos, a apreciação judicial”.
importância o como ela será atingida. É uma decorrência
lógica do princípio da legalidade.
3.2 Princípio da Motivação
Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracionais
Também pode constar em algumas questões como
e incoerentes, são incompatíveis com o interesse público,
“princípio da obrigatória motivação”. Trata-se de uma
podendo ser anulados pelo Poder Judiciário ou pela
técnica de controle dos atos administrativos, o qual impõe
própria entidade administrativa que praticou tal medida.
à Administração o dever de indicar os pressupostos de
fato e de direito que justificam a prática daquele ato. Em termos práticos, a razoabilidade (ou falta dela) é mais
A fundamentação da prática dos atos administrativos aparente quando tenta coibir o excesso pelo exercício do
será sempre por escrito. Possui previsão no art. 50 da poder disciplinar ou poder de polícia. Poder disciplinar
Lei nº 9.784/1999: “Os atos administrativos deverão ser traduz-se na prática de atos de controle exercidos contra
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos seus próprios agentes, isso é, de destinação interna. Poder
jurídicos, quando (...)”; e também no art. 2º, par. único, de polícia é o conjunto de atos praticados pelo Estado
VII, da mesma Lei: “Nos processos administrativos serão que tem por escopo limitar e condicionar o exercício de
observados, entre outros, os critérios de: VII - indicação direitos individuais e o direito à propriedade privada.
dos pressupostos de fato e de direito que determinarem
a decisão”. A motivação é uma decorrência natural 3.5 Princípio da Proporcionalidade
do princípio da legalidade, pois a prática de um ato O princípio da proporcionalidade tem similitudes
administrativo fundamentado, mas que não esteja com o princípio da razoabilidade. Há muitos autores,
previsto em lei, seria algo ilógico. inclusive, que preferem unir os dois princípios em uma
Convém estabelecer a diferença entre motivo e nomenclatura só. De fato, a Administração Pública deve
motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática da medida atentar-se a exageros no exercício de suas funções.
administrativa, portanto, antecede o ato administrativo. A A proporcionalidade é um aspecto da razoabilidade
motivação, por sua vez, é o fundamento escrito, de fato voltado a controlar a justa medida na prática de atos
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ou de direito, que justifica a prática da referida medida. administrativos. Busca evitar extremos, exageros, pois
Exemplo: na hipótese de alguém sofrer uma multa por podem ferir o interesse público.
ultrapassar limite de velocidade, a infração é o motivo Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999,
(ultrapassagem do limite máximo de velocidade); já o deve o Administrador agir com “adequação entre meios
documento de notificação da multa é a motivação. A e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições
multa seria, então, o ato administrativo em questão. e sanções em medida superior àquelas estritamente
Quanto ao momento correto para sua apresentação, necessárias ao atendimento do interesse público”. Na
entende-se que a motivação pode ocorrer prática, a proporcionalidade também encontra sua
simultaneamente, ou em um instante posterior a prática aplicação no exercício do poder disciplinar e do poder
do ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motivação de polícia.
intempestiva, isso é, aquela dada em um momento Esses não são os únicos princípios que regem as
demasiadamente posterior, é causa de nulidade do ato relações da Administração Pública. Porém, escolhemos
administrativo. trazer com mais detalhes os princípios que julgamos

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ser mais característicos da Administração. Isso não quer c) alterar unilateralmente os contratos administrativos,
dizer que outros princípios não possam ser estudados ou por motivos de interesse público, mantido o equilíbrio
aplicados a esse ramo jurídico. A Administração também econômico-financeiro do contrato.
deve atender aos princípios da responsabilidade, d) editar decretos autônomos para disciplinar matérias
ao princípio da segurança jurídica, ao princípio do em tese, com efeitos gerais e abstratos, diante de la-
contraditório e ampla defesa, ao princípio da isonomia, cunas legais.
entre outros. e) criar pessoas jurídicas como forma de desconcentra-
ção das atividades da Administração pública.

Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ve-


EXERCÍCIOS COMENTADOS rificada algum vício de ilegalidade em qualquer ato
administrativo, a medida adequada é a anulação, não
1. (PREFEITURA DE CARUARU-PE – PROCURADOR DO a revogação. A letra B está incorreta, pois a atuação
MUNICÍPIO – FCC – 2018) Em relação aos princípios que da Administração Pública é sempre subordinada ao
regem a atuação da Administração Pública, é correto comando legal, uma vez que vigora, na atuação dos
afirmar que: agentes públicos, o princípio da legalidade. A letra D
está incorreta pois descreve uma hipótese de compe-
a) em relação ao princípio da legalidade, a Administração tência privativa do Chefe do Poder Executivo. A letra
Pública não é obrigada a fazer ou deixar de fazer algu- E está incorreta, pois a criação de pessoas jurídicas
ma coisa senão em virtude de lei. diversas é característica do fenômeno da descentra-
b) o princípio da eficiência impõe ao agente público um lização.
modo de atuar que produza resultados favoráveis à
consecução dos fins a serem alcançados pelo Estado.
c) o princípio da eficiência, dada a sua natureza finalística,
é prevalente em face do princípio da legalidade. PODERES ADMINISTRATIVOS: VINCULA-
d) são aplicáveis à Administração Pública exclusivamente DO; DISCRICIONÁRIO; HIERÁRQUICO; DIS-
aqueles princípios mencionados no caput do art. 37 CIPLINAR; REGULAMENTAR; E DE POLÍCIA
da Constituição da República Federativa do Brasil, que
são o da legalidade, da impessoalidade, da moralida-
de, da publicidade e da eficiência. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
e) o princípio da publicidade decorre do direito dos ad-
ministrados em ter acesso a informações de interesse A Administração Pública deve cumprir suas
particular ou coletivo e, por essa razão, não admite a atribuições constitucionais, por imposição legal. Para
existência de informações públicas sigilosas. tanto, o exercício de suas funções depende de certas
prerrogativas, ou Poderes, conferidos pela legislação.
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois pelo Esses poderes são considerados instrumentos de
princípio da legalidade, a Administração Pública é trabalho. Significa dizer que esses poderes-deveres
obrigada a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sem- são instrumentais, utilizados pela Administração com o
pre em virtude de lei. A letra C está incorreta, pois o objetivo maior de promover a supremacia do interesse
princípio da eficiência não pode, jamais, se sobrepor público.
à legalidade. A letra D está incorreta, pois à Admi-
nistração Pública são aplicados diversos princípios, e 1. Poderes da Administração
não apenas aqueles contidos no caput do artigo 37 da O estudo dos poderes da Administração Pública,
CF/1988. A letra E está incorreta, pois as informações assim, é de extrema importância para verificar quais
sigilosas devem ser resguardadas, e constituem em são os seus limites de atuação. Para tanto, a doutrina
uma exceção ao princípio da publicidade. costuma dividir esse poder conferido à Administração
em seis vertentes: poder vinculado; poder discricionário;
2. (ALESE – ANALISTA LEGISLATIVO ADMINISTRAÇÃO
poder disciplinar; poder hierárquico; poder de polícia; e
– FCC – 2018) A Administração pública possui algumas
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poder regulamentar.
prerrogativas inerentes às suas funções, que lhe
permitem agir, em alguns casos, de modo a sobrepor
1.1 Poder vinculado e Poder discricionário
a vontade dos particulares, em prol do atendimento do
Poder vinculado é aquele em que a lei atribui
interesse público. Nesse sentido, considera-se exemplo
determinada competência ao administrador,
dessa prerrogativa o poder de:
delimitando todos os aspectos de sua conduta, o qual
a) revogar licitações, por razões de conveniência e opor- deve compulsoriamente seguir a forma prevista na lei,
tunidade e para atendimento do interesse público, não havendo qualquer margem de liberdade para que
sempre que se identificar ilegalidades nos procedi- o agente público escolha a melhor forma de cumprir
mentos. suas funções. Os atos praticados no exercício do poder
b) limitar o direito de particulares, discricionariamente, vinculado são denominados atos vinculados.
sempre que a situação de fato demonstrar essa neces- Poder discricionário, por sua vez, é o poder que o
sidade, independentemente de previsão legal. legislador, ao delimitar a competência da Administração

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Pública, confere também uma margem de liberdade para são capazes de criar direitos e obrigações aos particulares
que o agente público possa escolher, diante da situação sem fundamento legal. Suas funções primordiais, no
jurídica, qual o caminho mais adequado, ou qual a melhor entanto, são a redução da margem de interpretação das
forma de solução daquela desavença. A lei não impõe normas, pois se um decreto dispõe qual é a forma mais
um único comportamento como no poder vinculado: ela correta de aplicação da lei, esta perde um pouco de seu
delega ao administrador a faculdade de avaliar a melhor caráter geral e abstrato, seu campo de discricionariedade
solução para cada caso. Garantir margem de liberdade é reduzido a uma única forma válida de aplicação
não significa que o administrador deve agir fora da lei, no âmbito jurídico. Por isso, o poder regulamentar
pois a discricionariedade não o permite estar acima da apresenta natureza vinculada.
legislação. Além disso, o poder discricionário também Existem diversas espécies de regulamentos
pode sofrer controle pelo Poder Judiciário, exceto quando administrativo:
a questão for referente ao mérito dos atos discricionários, A) Regulamentos administrativos ou de
cuja competência é exclusiva da própria Administração. organização: são aqueles que disciplinam questões
internas de estruturação e funcionamento da
Administração Pública, bem como as relações jurídicas de
#FicaDica sujeição especial do Poder Público perante particulares.
Exemplo: regulamento que disciplina organização e
Atualmente muito se questiona sobre a le-
funcionamento da administração federal (art. 84, VI, a,
galidade administrativa, que fundamenta a
da CF/1988).
vinculação de seus atos. Dizer que a vincu-
B) Regulamentos habilitados ou delegados: em
lação é uma simples obediência a legislação
alguns países, há a possibilidade do Poder Legislativo
é uma noção muito restrita e aquém da re-
delegar ao Executivo a disciplina de matérias reservadas
alidade social. A legalidade, enquanto vazia
privativamente à lei, havendo uma transferência de
ou formal (noção de fazer um checklist do
competência legislativa. Tais regulamentos não são
ato), desvinculada do cumprimento de di-
admitidos no direito administrativo brasileiro.
reitos fundamentais, não se sustenta. Dou-
C) Regulamentos executivos: são os regulamentos
trinariamente se sustenta uma revisão da le-
comuns, expedidos sobre matéria disciplinada pela
galidade, de modo que os administradores,
legislação, permitindo a fiel execução da norma legal. É a
agora, se vinculam não somente à Lei, e sim
hipótese do art. 84, IV, da CF/1988.
à Constituição (constitucionalidade admi-
D) Regulamentos autônomos: são os que
nistrativa). Assim, um comando oriundo
dispõem sobre tema não disciplinado pela legislação.
de uma lei manifestamente inconstitucional
Há um conjunto de temas que a norma constitucional
pode não ser cumprida pelos agentes pú-
retirou da competência do Poder Legislativo e atribuiu
blicos.
sua disciplina ao Poder Executivo. A EC nº 32/2001 elenca
dois temas que só podem ser disciplinados por decreto
1.2 Poder regulamentar
expedido pelo Presidente da República: a organização da
O poder regulamentar (algumas questões
administração federal; e a extinção de funções e cargos
costumam denomina-lo “poder normativo”) consiste
vagos e não ocupados.
na possibilidade do Chefe do Poder Executivo de cada
entidade da Federação de editar atos administrativos 1.3 Poder hierárquico
gerais, abstratos ou concretos, expedidos para dar fiel Poder hierárquico é o poder que dispõe o Executivo
cumprimento à lei. Seu fundamento legal encontra- para organizar e distribuir as funções de seus órgãos,
se disposto no art. 84, IV, da CF/1988: “Compete bem como ordenar e rever a atuação de seus agentes,
privativamente ao Presidente da República: IV - sancionar, estabelecendo uma relação de subordinação entre o
promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir servidores do seu quadro de pessoas. As relações de
decretos e regulamentos para sua fiel execução”. Por ser hierarquia são características únicas, existem somente no
de competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo, âmbito do Poder Executivo, isso é, não existe hierarquia
é indelegável a qualquer subordinado. Embora o texto entre órgãos do Poder Legislativo e do Judiciário. Além
constitucional faça menção somente ao Presidente disso, importante frisar que não existe poder hierárquico
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da República, o referido poder pode ser exercido, por entre membros da Administração Indireta, pois estes
simetria, pelos Governadores e Prefeitos.
são entidades autônomas, que não se subordinam aos
Uma das palavras chave do poder regulamentar é
entes que o criaram. Pela hierarquia, há a imposição ao
“regulamento”. Trata-se de ato administrativo que tem subalterno da estrita obediência às ordens e instruções
por escopo estabelecer detalhes e diretrizes quanto ao legais superiores, além de definir a responsabilidade de
modo de aplicação dos dispositivos legais, dando maior cada um de seus agentes e órgãos públicos.
concretude aos comandos gerais e abstratos presentes Quanto às suas características, diz-se que o poder
na legislação. Não se confunde com o decreto, que é hierárquico é interno e permanente. Interno é o
outro ato administrativo que introduz o regulamento poder que atinge apenas os próprios membros da
em si. Decreto representa a forma do ato administrativo, Administração, não tem o condão de atingir as relações
enquanto o regulamento representa seu conteúdo. dos particulares. É também um poder permanente,
Ambos os decretos e regulamentos são atos em porque não é exercido de modo esporádico e episódico,
posição de inferioridade em relação as leis e, por isso, não como o que acontece no poder disciplinar.

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Do poder hierárquico são decorrentes certas funcional. Correlato com o poder hierárquico, mas não
faculdades implícitas ao superior, tais como dar ordens se confunde com o mesmo. No poder hierárquico, a
e fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar Administração Pública distribui e escalona as suas funções
atribuições, bem como rever atos de seus inferiores. executivas. Já no uso do poder disciplinar, a Administração
A delegação é a transferência temporária de simplesmente controla o desempenho de funções e a
competência administrativa de seu titular, a outro órgão conduta de seus servidores, responsabilizando-os pelas
ou agente público subordinado à autoridade outorgante faltas porventura cometidas.
(delegação vertical), ou fora da sua linha hierárquica Em relação as suas características, o poder disciplinar
(delegação horizontal). O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 é interno, não-permanente ou temporário, e
dispõe do mesmo modo: “Um órgão administrativo e discricionário. Assim como o poder hierárquico, a
seu titular poderão, se não houver impedimento legal, imposição de sanções pela Administração não se aplica
delegar parte da sua competência a outros órgãos ou aos particulares, somente a seus próprios servidores, salvo
titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente as hipóteses destes serem contratados pela Administração
subordinados, quando for conveniente, em razão de Pública. Todavia, distingue-se do poder hierárquico
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, na medida em que é não-permanente, isso é, só será
jurídica ou territorial”. Essa transferência de competência aplicado apenas se e quando o servidor cometer infração
é sempre provisória, o que significa que pode ser funcional. Percebe-se, então, que o poder disciplinar
revogada a qualquer tempo. apresenta caráter punitivo e sancionador, enquanto o
A regra geral é sempre a delegabilidade das poder hierárquico advém da simples obediência dos
competências. Todavia, a própria legislação (art. 13 da Lei subalternos para com a entidade detentora deste poder.
nº 9.784/1999) assevera três matérias que não podem A discricionariedade do poder disciplinar traduz-se na
ser delegadas. Assim, são indelegáveis: a edição de ato possibilidade da Administração em poder escolher qual a
de caráter normativo, pois constituem-se em regras punição mais apropriada para cada caso, isso é, ela possui
gerais aplicáveis a todos os órgãos, incompatível com a
certa margem de liberdade para o seu exercício.
delegação; a decisão em recursos administrativos, para
Os servidores públicos que cometerem qualquer
evitar que a mesma autoridade possa julgar o mesmo
infração no exercício de suas funções estão sujeitos às
processo mais de uma vez pela delegação; e as matérias
seguintes penalidades, dispostas no art. 127 da Lei nº
que forem consideradas de competência exclusiva do
8.112/1990: advertência; suspensão; demissão; cassação
órgão ou autoridade.
de aposentadoria ou disponibilidade; destituição de cargo
A avocação encontra-se disposta no art. 15 da Lei
nº 9.784/1999. Consiste na possibilidade da autoridade em comissão; e destituição de função comissionada. A
competente de chamar para si a competência de um aplicação de qualquer uma dessas penalidades depende
agente ou órgão subordinado. Trata-se de medida de prévio processo administrativo, respeitada a garantia
excepcional e temporária, e somente pode ser realizada de contraditório e ampla defesa, sob pena de nulidade
dentro da mesma linha hierárquica, o que significa que a da sanção.
avocação só pode ser vertical, não se admite a avocação
horizontal. Esquematicamente, temos: 1.5 Poder de polícia
A expressão “poder de polícia” pode ser interpretada
de duas maneiras: em um sentido amplo, corresponde
Delegação Avocação a qualquer limitação estatal à liberdade e propriedade
Distribuição de Absorção de privada, de origem administrativa ou legislativa. Há
competências competências também o poder de polícia em sentido restrito, mais
Admite horizontal e Admite apenas horizontal utilizado pela doutrina, que engloba apenas as restrições
vertical (mesma linha hierárquica) impostas pelas limitações administrativas, excluindo
as limitações de ordem legal. Em sentido restrito,
Por fim, a revisão é a capacidade de rever os envolve atividades administrativas de fiscalização e
atos dos inferiores hierárquicos, apreciando todos condicionamento da esfera privada de interesses, em prol
os seus aspectos para a análise de sua manutenção da coletividade.
ou invalidação. É somente possível a revisão de atos O poder de polícia tem grande destaque no exercício
praticados pelos órgãos públicos e agentes subordinados das funções da Administração moderna, junto com a
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hierarquicamente. prestação de serviços públicos e o fomento à iniciativa


Para as entidades da Administração Indireta, existe privada. Porém, essas duas funções representam uma
apenas uma forma de controle fiscalizatório e finalístico atuação estatal ampliativa, enquanto que o poder de
de seus atos, o qual denomina-se supervisão ministerial polícia representa uma atuação restritiva do Estado,
ou tutela administrativa, que não tem relação com o limitando a liberdade e a propriedade individual em
poder hierárquico. A supervisão ministerial não admite a favor do interesse público.
revisão dos atos praticados pelas autarquias, fundações, e O art. 78 do Código Tributário Nacional (CTN) tem seu
demais entidades da Administração Indireta. conceito legal de poder de polícia:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
1.4 Poder disciplinar administração pública que, limitando ou disciplinando
O poder disciplinar consiste na faculdade da direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato
Administração de punir seus agentes, nas hipóteses em ou abstenção de fato, em razão de interesse público
que estes tenham cometido alguma infração de ordem concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos

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costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão
ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos.
Diante de tudo que foi exposto, podemos conceituar poder de polícia como a atividade da Administração Pública,
com fundamento na lei e na supremacia geral, que consiste na imposição de limites à liberdade e à propriedade
dos particulares, regulando a prática desses atos, ou a abstenção dos mesmos, manifestando-se por meio de atos
normativos ou concretos, tudo isso em benefício do interesse público.
Ao dizer que trata-se de atividade da Administração Pública, procuramos enfatizar a concepção stricto sensu
do poder de polícia, que não se confunde com as limitações à liberdade e ao direito de propriedade impostas pelo
legislador. Por ser atividade da Administração, deve ser exercido, respeitando a razoabilidade e a proporcionalidade.
A fundamentação legal é outro aspecto importante do poder de polícia, advém do próprio princípio da legalidade,
uma vez que a lei condiciona o exercício de determinadas atividades à obtenção de licenças ou concessões pelo Poder
Público. O legislador deve, então, elaborar os requisitos necessários para o exercício do poder de polícia pelo Estado.
O poder de polícia tem por objeto a imposição de limitações à liberdade e propriedade dos particulares,
instituindo condições capazes de compatibilizar seu exercício às necessidades de interesse público. Tais imposições
também podem ser aplicadas ao Estado. Isso significa que até mesmo o Poder Público pode ter suas liberdades e
propriedades sofrerem limitações em face das necessidades do interesse público.
Para o seu exercício, a Administração Pública deve regular a prática dos atos ou a abstenção de fatos. Em regra,
o poder de polícia manifesta-se em obrigações negativas, ou de não fazer, impostas aos particulares, limitando a esfera
de atuação dos seus direitos. Excepcionalmente, pode também manifestar-se mediante obrigações positivas ou de
fazer, como é o caso da imposição da função social da propriedade ao dono do imóvel, disposta no art. 5º, XXII, da
CF/1988.
O poder de polícia se manifesta pela expedição de atos normativos, como é o caso das regras sobre o direito de
construir, ou por meio de atos concretos, como a obtenção de licença para a reforma de um imóvel, cujo interesse é
exclusivo do particular (proprietário do imóvel, no caso).
Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder de polícia, qual seja, agir em prol do interesse público. Por isso, o
Estado deve conciliar os direitos individuais, com o interesse da coletividade. Tal finalidade é típica da Administração
Pública, pois tem como fundamento o princípio sistêmico da primazia do interesse público sobre o privado.

1.5.1 Natureza jurídica do poder de polícia


Quanto a sua natureza jurídica, é entendimento majoritário que o poder de polícia é discricionário. Na doutrina,
muitos autores costumam definir poder de polícia, utilizando-se a expressão “faculdade que o Estado possui de impor
limites...”. Isso quer dizer que não apresenta características de obrigação legal, mas de uma permissão. A escolha sobre
qual método utilizar para o exercício do referido poder, e quando, compete somente à própria Administração Pública.
Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção de licença. A licença é ato administrativo relacionado ao poder de
polícia, que apresenta previsão legal para a sua obtenção, tratando-se por isso, de ato vinculado. Com isso, podemos
afirmar que a manifestação do poder de polícia pode ocorrer mediante a expedição de atos no exercício da competência
discricionária da Administração, ou por meio de atos vinculados, com a devida previsão legal. O poder de polícia
também é indelegável, uma vez que pressupõe a posição de superioridade de quem o exerce, não podendo ser
transferido a particulares (art. 4º, III, da Lei nº 11.079/2004).

1.5.2 Polícia Administrativa e Polícia Judiciária


A concepção do poder de polícia abrange muito mais do que a simples promoção de segurança pública. Todavia,
imprescindível destacar as atividades estatais de prevenção e repressão da criminalidade sob a ótica do poder de
polícia. Assim, costuma-se dividir a atuação do Estado para promoção da segurança pública em duas categorias de
“polícias” distintas: a polícia administrativa, e a polícia judicial.
A polícia administrativa tem um caráter preventivo. Isso significa que a sua atuação deve ocorrer antes da prática
do delito, tendo por finalidade evitar a sua ocorrência. Submete-se às regras de Direito Administrativo. No Brasil, a
polícia administrativa é exercida por vários órgãos de fiscalização de diversas áreas, como saúde, educação, trabalho,
previdência e assistência social. A polícia administrativa protege os interesses primordiais da sociedade ao impedir
comportamentos individuais que possam causar prejuízos maiores à coletividade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A polícia judiciária, por sua vez, apresenta caráter repressivo. Sua atuação ocorre após a constatação do crime. Após
a ocorrência do crime, deve a polícia judiciária abrir um processo de investigação em busca da autoria e materialidade
do crime. Sua razão de ser é a punição dos infratores. Rege-se pelas regras de Direito Processual Penal. Ela incide sobre
pessoas, ao contrário da polícia administrativa, que age sobre a atividade das pessoas. A polícia judiciária é exercida
pelas corporações especializadas, denominadas Polícia Civil e Polícia Federal. Esquematicamente, temos:

Polícia Administrativa Polícia Judiciária


Diversos órgãos fiscalizadores administrativos Corporações de polícia especializadas (PC, PM, etc)
Atuação preventiva, Atuação repressiva,
Incide sobre bens, direitos e atividades Incide sobre pessoas
Apura delitos administrativos Apura delitos penais (crime)

6
2. Uso e Abuso de Poder ção, em respeito ao interesse público, cassar os efeitos
Quando o agente público exerce adequadamente do ato que a concede.
suas competências, atuando em conformidade com a II. Autorização é ato administrativo declaratório e vincu-
legislação, sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz lado e, dessa forma, uma vez adimplidas as condições
uso regular do poder. Entretanto, havendo hipóteses de legais, deverá a Administração outorgá-la, não podendo,
exercício de competências fora dos limites legais, visando por conta de sua natureza jurídica, revogá-la posterior-
apenas interesses alheios, trata-se de clara hipótese de mente.
uso irregular do poder, também denominado abuso de III. Sanção de polícia tem como característica o emprego
poder. O abuso de poder, além de causar a invalidade de medidas inibitórias ou dissuasoras e tem como finali-
do ato, constitui em ilícito ensejador de responsabilidade dade cessar práticas ilícitas perpetradas por particulares
pela autoridade competente que causou danos com seu e por funcionários públicos, garantida a ampla defesa.
uso irregular. IV. O poder de polícia administrativo poderá ser dele-
Abuso de poder pode se manifestar no exercício das gado, mediante lei específica, a entes da Administração
funções administrativas sob duas formas: pelo excesso de Indireta.
poder, e pelo desvio de finalidade. Excesso de poder é V. Sanção de polícia, quando extroversa, é imposta a to-
a hipótese de uso irregular dos poderes administrativos dos os administrados, indistintamente, com a finalidade
pelo qual a autoridade competente ou não, pratica algum de inibir condutas ilícitas ou, se ocorrida, reprimir o autor
ato desrespeitando os limites impostos, exorbitando da infração.
o uso de suas faculdades administrativas. Ao exceder
sua competência legal, o agente responsável age com Está correto o que se afirma APENAS em:
exageros e desproporcionalidade, o que torna o ato
praticado por ele absolutamente inválido. Mas o excesso a) II, III e IV.
de poder admite convalidação, ou seja, há hipóteses em b) I, II e IV.
que se pode corrigir vício cometido no ato preservando c) II, IV e V.
sua eficácia, dependendo do caso concreto. d) III, IV e V.
Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do ato e) I, III e V.
administrativo, praticado sempre por autoridade
competente, que tem por fim diverso daquele previsto, Resposta: Letra D. Em I, a licença é ato administrativo
explícita ou implicitamente, nas regras de competência vinculado e definitivo, disposto em lei. O direito de
da legislação (art. 2º, par. único, e, da Lei nº 4.717/1965). receber sua pretensão independe da vontade do ad-
A finalidade diversa não macula os requisitos essenciais ministrador. Em II, a autorização é ato administrativo
dos atos administrativos (competência, objeto, forma, discricionário, unilateral e precário, envolve interesses
motivo), mas tende a macular o ato, tornando-o nulo. predominantemente privados do particular, podendo
O único caminho possível para esse ato é a anulação, ou ser revogada a qualquer tempo pela autoridade com-
seja, não há possibilidade de convalidação. O desvio de petente. Importante frisar que é possível a delegação
finalidade pode ocorrer tanto nas condutas comissivas, do poder de polícia, sobretudo em relação as tarefas
em seu campo de atuação, quanto nas condutas de consentimento e fiscalização, podendo ser dele-
omissivas, isso é, quando o agente público se abstém de gado inclusive para particulares. Porém, a criação de
realizar tarefa legalmente imposta. normas, bem como a aplicação de sanções são atri-
Exemplos de desvio de finalidade são bastante buições indelegáveis.
comuns na Administração Pública brasileira: a construção
de estrada cujo trajeto foi elaborado com objetivo 2. (PREFEITURA DE RECIFE-PE – ANALISTA DE
de valorizar a propriedade rural de um governador; PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO – FCC
a transferência de servidor público para outro Estado – 2019) O exercício do poder normativo pelos entes
apenas para ficar longe da filha do delegado de polícia públicos configura
da cidade, a nomeação de réu em ação penal a cargo
público para obter foro privilegiado e transferir seu a) atuação que abrange a edição de decretos regulamen-
processo para o STF, etc. Percebe-se que, em todos tares sem inovação de mérito em face da lei regula-
os casos, há a sobreposição de um interesse particular mentada, embora também permita a edição de decre-
sobre o interesse da coletividade: os agentes estatais,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tos autônomos em situações expressamente previstas.


dessa forma, praticam atos visando obter alguma b) expressão do princípio da supremacia do interesse pú-
vantagem pessoal, para eles mesmos ou para outrem, blico, pois admite que o Executivo possa editar atos
concretizando, assim, o desvio de finalidade. normativos quando houver omissão, voluntária ou in-
voluntária, da legislação.
c) corolário do princípio da eficiência, tendo em vista que
EXERCÍCIOS COMENTADOS a agilidade da atuação do Executivo permite a edição
de decretos para disciplinar a situação dos adminis-
trados de forma mais aderente à efetiva necessidade
1.(DPE-SP – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2019) Em
dos mesmos.
relação ao poder de polícia administrativo, considere as
d) manifestação do princípio da legalidade, tendo em
assertivas abaixo.
vista que a edição de decretos pelo Executivo se dá
I. Licença é ato administrativo discricionário e tem como
tanto pela edição de decretos regulamentares quanto
característica a revogabilidade, podendo a administra-
para a edição de decretos autônomos, de caráter geral

7
e abstrato, para suprir lacunas da lei. 2.1 Competência
e) expressão dos princípios da celeridade e da eficiência, Competência diz respeito à capacidade do agente
pois tem lugar para viabilizar a edição de decretos que público para o exercício dos atos administrativos.
veiculem soluções para casos concretos, diante da ine- É requisito de validade, haja vista que, no Direito
xistência de previsão legal a respeito. Administrativo, a lei é quem estabelece as competências
atribuídas a seus agentes para o desempenho de suas
Resposta: Letra A. A letra B está incorreta pois o po- funções. Quando o agente atua fora dos limites da lei,
der regulamentar tem como função primordial a regu- diz-se que cometeu ato nulo por excesso de poder. É, por
lamentação de leis proferidas pelo Legislativo. Haven- isso, sempre um ato vinculado.
do omissão, não há fundamento para regulamentar. A A competência possui certas características próprias,
letra C e E estão incorretas, pois o poder regulamentar a saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável,
encontra seu fundamento no princípio da legalidade, imodificável, imprescritível e improrrogável.
e não da eficiência ou celeridade. A letra D está incor- Obrigatória porque representa um dever do agente
reta pois o poder regulamentar não tem como finali- público. Irrenunciável porque o agente público não pode
dade preencher lacunas da lei, mas regulamentar as abrir mão de sua competência. Imprescritível, porque a
leis já existentes. competência perdura ao longo do tempo, ela não caduca.
Improrrogável significa dizer que se é competente
hoje, continuará sendo sempre, exceto por previsão
legal expressa em sentido contrário. Intransferível, ou
ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITO, RE- inderrogável, é a impossibilidade de se transferir a
QUISITOS, ATRIBUTOS, DISCRICIONARIE- competência de um para outro, por interesse das partes.
DADE E VINCULAÇÃO; CLASSIFICAÇÃO; No entanto, essas características não vedam a
ESPÉCIES, MOTIVAÇÃO, ANULAÇÃO, REVO- possibilidade de delegação ou avocação, quando
GAÇÃO E EXTINÇÃO prevista em lei. Por isso, pode-se dizer também que a
delegabilidade é outra característica da competência.
Porém, atente-se ao disposto no art. 13 da Lei nº
ATO ADMINISTRATIVO 9.784/1999: “Não podem ser objeto de delegação: I - a
edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de
1. Conceito de ato administrativo recursos administrativos; III - as matérias de competência
Tudo que praticamos nas nossas vidas podem ser exclusiva do órgão ou autoridade”. Alguns atos, então,
considerados atos. Mas, para o Direito, os atos são não podem ser delegados a outras autoridades,
aqueles capazes de produzir efeitos jurídicos. E, assim principalmente se tais atos são de competência exclusiva
como as pessoas na vida privada, a Administração Pública do agente público.
também pratica atos, que são capazes de produzir efeitos
jurídicos diversos.
Os atos administrativos são as manifestações de
vontade da Administração Pública que objetivam adquirir, #FicaDica
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar A teoria da aparência, ou teoria do agen-
direitos ou impor obrigações aos particulares ou a si te de fato, costuma aparecer em algumas
própria. Isso significa que a Administração, antes mesmo questões de concursos públicos. Segundo
de iniciar sua atuação, deve expedir uma declaração que essa teoria, se o agente público que praticou
exprime a sua vontade de realizar o referido ato. o ato sequer tinha vínculos funcionais com a
Importante frisar o caráter infra legal dos atos Administração Pública, ou se, posteriormente,
administrativos, pois imprescindível é a submissão da descobre-se algum vício em sua investidura,
Administração Pública, seus agentes e órgãos à soberania tornando-a nula, mas mesmo assim essa pes-
popular. O ato administrativo, dessa forma, deve estar soa tinha a aparência de possuir tais vínculos,
previsto em lei, e seu conteúdo não pode ser contrário à será considerado agente de fato, e os atos por
lei (contra legem), mas complementar a ela, isso é, deve ele praticados não serão considerados nulos
estar conforme a lei (secundum legem). em respeito à boa-fé dos administrados que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

com ele lidaram.


2. Requisitos
Os requisitos ou elementos dos atos administrativos
é matéria com grande divergência doutrinária. A maioria 2.2 Objeto
dos concursos públicos ainda adota a concepção mais Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que
clássica dos requisitos dos atos administrativos e, por pretende ser almejado pela prática do ato administrativo.
isso, daremos maior destaque a ela. De modo geral, a Todo ato administrativo tem por objeto a criação,
corrente clássica, defendida por autores como Hely modificação, ou comprovação de situações jurídicas
Lopes Meirelles, tende a atribuir aos atos administrativos concernentes a pessoas, bens, ou atividades sujeitas
cinco requisitos para a sua formação, utilizando como ao exercício do Poder Público. É através dele que a
inspiração o preceito legal disposto no art. 2º da Lei Administração exerce seu poder, concede um benefício,
nº 4.717/1965. São eles: a) competência, b) objeto, c) aplica uma sanção, declara sua vontade, estabelece um
forma, d) motivo, e e) finalidade. direito do administrado, etc.

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O objeto pode não estar previsto expressamente na Para essa concepção moderna, são requisitos
legislação, cabendo ao agente competente a opção que dos atos administrativos: a) sujeito; b) motivo; c)
seja mais oportuna e conveniente ao interesse público. requisitos procedimentais; d) finalidade; e) causa e f)
A definição de objeto do ato administrativo trata-se, por formalização. Sujeito, requisitos procedimentais e causa
isso, de ato discricionário. são os requisitos vinculados, enquanto que o motivo, a
finalidade e a formalização são requisitos discricionários.
2.3 Forma
A forma é o modo através do qual se exterioriza o 3. Atributos
ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito Atributos são as características dos atos administrativos,
à forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de que os distinguem dos demais atos jurídicos, pois estão
ato vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário submetidos ao regime jurídico administrativo. Essas
quando a sua escolha couber ao próprio agente público. características traduzem em prerrogativas concedidas
Em regra, os atos administrativos são sempre à Administração Pública para que ela possa atender de
exteriorizados por escrito, mas podem também ser maneira adequada às necessidades da população.
orais, gestuais, ou até mesmo expedidos por máquinas. A doutrina mais moderna faz referência a cinco
O art. 22 da Lei nº 9.784/1999 determina que “os atos atributos distintos: a) presunção de legitimidade e
do processo administrativo não dependem de forma veracidade; b) imperatividade; c) exigibilidade; d)
determinada senão quando a lei expressamente a exigir”. autoexecutoriedade; e e) tipicidade.

2.4 Motivo 3.1 Presunção de legitimidade e veracidade


O motivo é a circunstância de fato ou de direito que Também pode ser denominado presunção de
determina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situação legalidade, significa que todo ato administrativo é
fática que justifica a realização do ato. Situação de fato considerado válido no âmbito jurídico, até surgir prova
é o conjunto de circunstâncias que motivam a realização em contrário. Se, pelo princípio da legalidade, ao
do ato; questões de direito é a previsão legal que leva à Administrador só cabe fazer o que a lei permite, então
realização do ato. presume-se que o fez respeitando a lei.
O motivo pode ser tanto requisito vinculado como Nosso Direito admite duas formas de presunção:
discricionário, dependendo do comando legal imposto presunção juris et de jure que significa “de direito e
aos agentes. O motivo será vinculado quando a lei por direito”, é presunção absoluta, que não admite
expressamente obrigar o agente a agir de uma certo prova em contrário. Temos também a presunção juris
modo, como na hipótese de lançamento tributário (o
tantum, resultante do próprio direito e, embora por ele
fiscal da Receita não tem direito de escolha, se deve ou
estabelecida com verdadeira, admite prova em contrário.
não fazer o lançamento). Situação diversa é a do pedido
A presunção dos atos administrativos é juris tantum.
de demissão de servidor público no caso de incontinência
pública (art. 132, V, da Lei nº 8.112/1990), hipótese em Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao particular
que a autoridade competente tem maior liberdade para que alegou a ilegalidade do ato administrativo provar a
avaliar se a demissão é realmente ato necessário ou não, carência de legitimidade do mesmo.
dependendo do caso concreto. A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles
Não se confunde motivo com motivação. Esta é praticados pela Administração com base no direito
a justificativa para a realização de determinado ato. privado. Qualquer que seja o ato, se praticado pela
O motivo ocorre em momento anterior a prática do Administração Pública, será presumidamente legítimo e
ato, enquanto que a motivação, por ser uma série de verdadeiro.
explicações que justificam a expedição do ato, ocorre
sempre em momento posterior. Assim, todo o ato tem 3.2 Imperatividade
seu motivo, mas nem sempre é expedido adjunto com a Compreendida também como coercibilidade, os
motivação, que nada mais é do que a exteriorização dos atos administrativos se impõem aos destinatários,
motivos. independentemente de sua concordância, outorgando-
lhes deveres e obrigações. A imperatividade garante ao
2.5 Finalidade Poder Público a capacidade de produzir atos que geram
Todo ato administrativo deve atender à finalidade consequências perante terceiros.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

expressa ou implícita na norma atributiva da competência. A justificativa da criação unilateral, ainda que contra a
A finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática vontade dos administrados, dos atos administrativos é o
daquele ato administrativo. Em muitos casos, o objetivo Poder coercitivo do Estado, também denominado Poder
almejado é a proteção do interesse público. Sempre que Extroverso. Esse não é um atributo comum a todos os
o ato for praticado tendo em vista interesses alheios e atos, mas tão somente aos que impõem obrigações aos
pessoais, seja do próprio agente público ou de terceiros, administrados. Assim, não têm essa característica os atos
tal ato será considerado nulo por desvio de finalidade que outorgam direitos (autorização, permissão, licença),
(teoria do desvio de finalidade). bem como aqueles meramente administrativos (certidão,
Além dessa concepção clássica, há também uma parecer).
classificação mais moderna dos requisitos dos atos
administrativos, elaborada por autores como Celso 3.3 Exigibilidade
Antônio Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada em Consiste no atributo que permite à Administração
concursos públicos, observaremos apenas os pontos Pública aplicar sanções aos particulares por violação da
essenciais e didáticos da referida classificação.

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ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao processo judicial, que é demasiado longo e repleto de solenidades. A
exigibilidade permite ao Administrador aplicar as sanções administrativas, como multas, advertências, e interdição de
estabelecimentos comerciais.

3.4 Autoexecutoriedade
A autoexecutoriedade permite que a Administração Pública possa realizar a execução material de seus atos. A
expressão “auto” advém do fato de que o Poder Público não necessita de autorização judicial para desconstituir a
situação irregular e violadora da ordem jurídica, o que a difere da exigibilidade, que não tem o condão de, por si só,
desconstituir a irregularidade do ato, apenas pune o infrator. Para tanto, necessita da presença de dois requisitos: a
previsão legal, como nos casos de Poder de Polícia; e o caráter de urgência, a fim de preservar o interesse coletivo.
Assim, não há necessidade de intervenção judicial nas hipóteses de: apreensão de mercadorias contrabandeadas, na
demolição de construção irregular, na interdição de estabelecimento comercial irregular, entre outros. Todavia, afirmar
que a execução independe de manifestação do Judiciário não significa dizer que escapa do controle judicial. Poderá
ser levado ao crivo, mas somente a posteriori, depois de seu cumprimento, se houver provocação da parte interessada.
As medidas judiciais mais adequadas para contestar a força coercitiva administrativa são o mandado de segurança e o
habeas data (art. 5º, LXIX e LXVIII, da CF/1988).
Importante ressaltar ainda que os princípios da razoabilidade e proporcionalidade impõem limites na atuação
coercitiva dos agentes públicos. A autoexecutoriedade (leia-se o uso de força física) deve ser utilizada com bom senso
e moderação.

3.5 Tipicidade
A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar as finalidades específicas delimitadas pela lei, para cada espécie
de ato administrativo. Dependendo da finalidade que o Poder Público almeja, existe um ato definido em lei. A lei deve
sempre estabelecer os tipos de atos e suas consequências, promovendo ao particular a garantia de que a Administração
Pública não fará uso de atos inominados, sem tipificação, que impõe obrigações cuja previsão legal não existe. É um
atributo que deriva do próprio princípio da legalidade.

#FicaDica
A tipicidade é característica marcante da expropriação de bens particulares pelo Poder Público. É o caso de
desapropriação administrativa, hipótese em que o Poder Público tem a prerrogativa de tirar da esfera de
alguma pessoa física a titularidade sobre bem imóvel, transformando-o em bem público. Para tanto, deve
realizar um procedimento envolvendo aspectos mais complexos, como a declaração de utilidade ou neces-
sidade pública (art. 5º, XXIV, da CF/1998), bem como a necessidade de prévia indenização ao particular que
teve seu bem expropriado, em pecúnia (art. 182, § 3º, da CF/1988).

4. Classificação dos atos administrativos


Atos administrativos existem dos mais variados tipos. Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los,
formando-se uma verdadeira classificação desses atos. Portanto, passemos a analisar as diversas modalidades de atos
administrativos, observando os seguintes critérios:
4.1 Quanto ao grau de liberdade
A) Atos vinculados: são aqueles praticados pela Administração Pública sem nenhuma liberdade de atuação
(vinculação). A lei define todas as margens de sua conduta. Havendo vício no ato vinculado, pode-se pleitear a sua
anulação e não a revogação, pois trata-se de vício de legalidade. É o caso, por exemplo, da concessão de aposentadoria
para o contribuinte beneficiário. O controle dos atos administrativos ilegais pode ser realizado tanto pela Administração
Pública como pelo Poder Legislativo (controle financeiro-orçamentário pelo Congresso Nacional), bem como pelo
Poder Judiciário, mediante provocação.
B) Atos discricionários: a lei também estabelece uma série de regras para a prática de um ato, mas deixa
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

certo grau de liberdade ao agente público, que poderá optar por um entre vários caminhos igualmente válidos
(discricionariedade). Há uma avaliação subjetiva prévia à edição do ato. É o caso das permissões para o uso de bem
público. O controle dos atos discricionários pelo Poder Judiciário, em regra, não é admitido. Porém, há uma série de
julgados no sentido favorável a essa possibilidade.

4.2 Quanto à formação de vontade:


A) Atos simples: são aqueles que nascem da manifestação de vontade de apenas um órgão, seja ele unipessoal
(formado só por uma pessoa) ou colegiado (composto por várias pessoas). O ato que altera o horário de atendimento
da repartição pública, emitido por uma única pessoa, bem como a decisão administrativa do Conselho de Contribuintes
do Ministério da Fazenda, que expressa vontade única apesar de ser órgão colegiado, são exemplos de atos simples.
B) Atos complexos: são aqueles que se formam pela união de várias vontades, isso é, que necessitam da
manifestação de vontade de dois ou mais órgãos diferentes para a sua formação. Enquanto todos os órgãos competentes
não se manifestarem da forma devida, o ato não estará perfeito.

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C) Atos compostos: é aquele que advém de C) Atos de expediente: são atos internos,
manifestação de apenas um órgão. Porém, para que elaborados por autoridade subalterna, que não tem
produza efeitos, depende da aprovação, visto, ou capacidade decisória. Exemplo: numeração dos autos no
anuência de outro ato, que o homologa, como condição processo judicial.
para a executoriedade daquele ato. Costuma-se afirmar
que o ato posterior é acessório do anterior, pois a 4.6 Quanto à exequibilidade:
manifestação do segundo ato não possui a mesma A) Atos perfeitos: são aqueles que completaram
matéria do primeiro: ele apenas complementa a aplicação seu processo de formação, e estão prestes a produzir seus
deste. Exemplo: a nomeação de servidor público, que efeitos. Perfeição não se confunde com validade, pois um
deve sempre anteceder a sua aprovação em concurso ato válido pode não ser obrigatoriamente perfeito.
público. B) Atos imperfeitos: são os que ainda não
completaram seu processo de formação, e por isso
4.3 Quanto aos destinatários: mesmo, não estão aptos a produzirem efeitos. Atos
A) Atos gerais: são o conjunto de regras de imperfeitos geralmente necessitam de outro ato que o
caráter abstrato e impessoal. Seus destinatários são homologue.
muitos, mas unidos por características em comum, que C) Atos pendentes: são aqueles que se sujeitam a
os faz destinatários do mesmo ato. Para produzirem condição ou termo para começar a produzir efeitos. Seu
seus efeitos, já que externos, devem ser publicados ciclo de formação está concluído, porém depende ainda
na imprensa oficial. Exemplos: os editais de concurso de um evento para tornar-se apto a produzir efeitos.
público, as instruções normativas. Os critérios apresentados não são exaustivos: há
B) Atos coletivos: são aqueles expedidos a um outras formas de classificação dos atos administrativos
grupo definido de destinatários. É o caso, por exemplo, adotadas por diversos autores. Escolhemos apresentar
de alteração de horário de funcionamento de uma aqueles que têm mais chances de aparecer em uma
repartição pública. Tal ato, evidentemente, somente é do questão de concurso público.
interesse daqueles funcionários. A publicidade é atendida 5. Espécies de atos administrativos
apenas com a comunicação dos interessados, visto que é Os atos administrativos tipificados pela legislação
um ato interno da Administração Pública. brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado,
C) Atos individuais: são aqueles destinados a para fins didáticos, uma sistematização dos atos
apenas um único destinatário. Exemplo: a promoção de um administrativos. A doutrina divide os atos administrativos
determinado servidor público. A exigência da publicidade previstos da legislação em cinco espécies distintas:
depende somente da comunicação do interessado, não I) Atos normativos: são aqueles que apresentam
há necessidade de publicação pelo Diário Oficial. comandos gerais e abstratos para o cumprimento da
lei. Alguns autores, inclusive, chegam a considerar tais
4.4 Quanto aos efeitos: atos “leis em sentido material”. São atos normativos: os
A) Atos constitutivos: são aqueles que geram uma decretos e regulamentos; as instruções normativas; os
nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser pela regimentos; as resoluções; e as deliberações.
outorga de um novo direito, como permissão de uso de II) Atos ordinatórios: correspondem a manifestações
bem público, ou a imposição de uma obrigação, como internas da Administração Pública decorrentes do poder
estabelecer um período de suspensão. hierárquico, estabelecendo regras de funcionamento
B) Atos declaratórios: são aqueles que afirmam de seus órgãos internos e regras de conduta de seus
uma situação já existente, seja de fato ou de direito. agentes. Tais atos não podem disciplinar as condutas
Não cria, transfere ou extingue situação jurídica, apenas dos particulares. São atos ordinatórios: as instruções; as
a reconhece. É o caso da expedição de uma certidão de circulares; os avisos; as portarias; os ofícios; as ordens de
tempo de serviço. serviço; os despachos; entre outros.
C) Atos modificativos: são os que tem capacidade III) Atos negociais: são aqueles que manifestam
de alterar a situação já existente, sem que seja extinta. a vontade da Administração em consonância com
Todavia, não tem o condão de criar direitos e obrigações. o interesse dos particulares. Exemplos: a licença, a
Exemplo: a alteração do horário de atendimento da autorização, a permissão, a concessão, a aprovação, a
repartição homologação, a renúncia, etc. Os atos negociais podem
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

D) Atos extintivos: também denominados atos ser vinculados (licença) ou discricionários (autorização),
desconstitutivos, são aqueles que põem termo a um definitivos ou precários, sendo passíveis de revogação
direito ou dever pré-existentes. Exemplo: a demissão de pelo Poder Público a qualquer tempo. A característica
servidor público. especial desses atos é que eles não disciplinam direitos,
e sim interesses dos particulares.
4.5 Quanto ao objeto: IV) Atos enunciativos: também denominados “atos
A) Atos de império: são aqueles praticados pela de pronúncia”, são aqueles que certificam, ou atestam
Administração em posição de superioridade perante os a existência de uma situação jurídica peculiar. Tais atos
particulares, como na imposição de multa por infração possuem caráter predominantemente declaratório.
administrativa. São atos enunciativos: as certidões; os atestados; os
B) Atos de gestão: são expedidos pela pareceres; etc.
Administração, em posição de igualdade em relação aos V) Atos punitivos: como o próprio nome supõe,
administrados. É o caso da alienação de bem público. são os atos que aplicam sanções aos particulares, ou

11
aos servidores que pratiquem condutas irregulares, nos O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da
termos da lei. São atos punitivos: as multas, as interdições; Lei nº 9.784/1999: “A Administração deve anular seus
e a destruição de coisas. próprios atos, quando eivados de vício de legalidade,
e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
6. Invalidação dos atos administrativos oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”.
Os atos administrativos possuem um ciclo de vida. Eles Sobre o mesmo assunto, a Súmula nº 473, do STF: “A
são criados, começam a produzir efeitos, e depois de um administração pode anular seus próprios atos, quando
tempo, desaparecem. Vamos analisar com mais detalhes eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles
justamente o desaparecimento dos atos administrativos, não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
embora seja preferível utilizar o termo “extinção” (ou conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
“invalidação”) dos atos administrativos. adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
Para melhor compreensão do tema, a doutrina judicial”.
utiliza-se de uma sistematização das formas de extinção Por tratar-se de questão de mérito, a revogação
somente pode ser decretada pela própria Administração
dos atos administrativos. A principal divisão que deve
Pública. É, também, decorrência do princípio da autotutela:
ser feita é em relação a produção de efeitos: existem
a Administração Pública tem competência para anular e
atos administrativos eficazes, e atos ineficazes. Quando revogar seus atos, sendo descabido a manifestação do
ineficaz, o ato pode ser extinto pela retirada, ou pela sua Poder Judiciário nos atos administrativos discricionários.
recusa pelo beneficiário. Tratando-se de atos eficazes, há A revogação é elaborada pela mesma autoridade que
quatro formas de distinção dos atos administrativos: praticou o ato principal.
A) Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos O ato revocatório é sempre secundário,
efeitos: é a extinção que ocorre pelo cumprimento constitutivo e discricionário. Seu objeto será sempre o
integral dos efeitos do ato administrativo. É a extinção ato administrativo ou a relação jurídica anterior perfeita
natural esperada por todo ato administrativo. Pode e eficaz, destituído de qualquer vício. A revogação
ocorrer mediante: a.1) esgotamento do conteúdo, como atinge somente os atos discricionários: para os atos
a vacinação de enfermos após expedição de ordem de vinculados, a medida cabível é a anulação.
entrega das vacinas; a.2) execução da ordem, como o Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não
guinchamento de veículo; a.3) implemento de condição pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso
resolutiva ou termo final, como o prazo final para significa que a revogação produz efeitos futuros, não
renovação da CNH. retroativos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particular,
B) Extinção ipsu iure pelo desaparecimento que se sentiu prejudicado com a referida medida,
ingressar em juízo com pedido de indenização contra a
da pessoa ou objeto: os atos administrativos podem
Administração.
dizer respeito a pessoas, ou coisas. Desaparecendo um
desses elementos, o ato extingue-se automaticamente, 6.2 Anulação
pois perdeu a sua utilidade. As pessoas “desaparecem” É a extinção de ato administrativo defeituoso,
com seu falecimento, como a morte de servidor público pois carece de legalidade, podendo ser expedido
que receberia promoção; e as coisas com a sua ruína ou pela Administração Pública, ou até mesmo pelo Poder
destruição, como o desabamento de prédio que recebeu Judiciário. A anulação deriva do próprio princípio da
licença para a sua reforma. legalidade e autotutela. Também possui fundamento no
C) Extinção por renúncia: ocorre quando o art. 53 da Lei nº 9.784/1999, bem como na Súmula nº
próprio beneficiário abre mão da situação proporcionada 473, do STF.
pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de cargo A anulação realizada pela própria Administração
público a pedido do seu ocupante. ocorre mediante a expedição de ato anulatório.
D) Retirada do ato: é a forma mais importante Suas características principais são: é ato secundário,
de extinção dos atos administrativos, para os concursos constitutivo, e vinculado. Tanto a Administração como
públicos. É a extinção que se dá pela expedição de um o Poder Judiciário podem decretar a anulação de ato
administrativo. Outra característica importante é o prazo
segundo ato, elaborado para extinguir ato administrativo
definido pelo caput do art. 54 da Lei nº 9.784/1999:
anterior a ele. Comporta cinco modalidades, que serão
“O direito da Administração de anular os atos
vistas com maiores detalhes: revogação, anulação,
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cassação, caducidade, e contraposição. os destinatários decai em cinco anos, contados da data


em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”. O
6.1 Revogação prazo decadencial de cinco anos é atributo exclusivo da
Revogação é a extinção de ato administrativo anulação.
que encontra-se perfeito e apto a produzir seus Por fim, em relação a seus efeitos, importante frisar
efeitos, praticado pela própria Administração Pública, que o ato nulo (aquele que carece de legalidade), tem o
fundada em razões de conveniência e oportunidade, seu defeito constatado desde a sua concepção. Por isso,
sempre almejando a proteção do interesse público. a anulação deve desconstituir os efeitos desde a data
Nessa hipótese, ocorre uma causa superveniente, da prática daquele ato. Podemos afirmar, então, que a
que altera o juízo de conveniência e oportunidade anulação possui efeito retroativo, ou ex tunc. Em regra,
sobre a permanência de ato discricionário, obrigando não gera ao particular direito à indenização pela anulação
a Administração a expedir um segundo ato capaz de de ato ilegal, salvo se comprovar ter sofrido dano anormal
revogar esse ato anterior. para ocorrência, do qual não tenha participado.

12
6.3 Cassação
São hipóteses em que o administrado deixa de preencher condição necessária para a permanência da referida
vantagem. Exemplo: habilitação da CNH cassada por pessoa enferma.

6.4 Caducidade
Também denominada decaimento, consiste na modalidade de extinção de ato administrativo em consequência
de norma jurídica superveniente, a qual impede a permanência da situação anteriormente consentida. Como não
pode produzir efeitos automaticamente, é necessária a prática de um ato secundário, determinando a extinção do ato
decaído. Exemplo: perda do direito de comercializar em área que passa a ser considerada exclusivamente residencial.

6.5 Contraposição
É o modo de extinção que ocorre com a expedição de um segundo ato, fundado em competência diversa, cujos
efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É uma espécie de revogação praticada por autoridade distinta da que
expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um funcionária anteriormente exonerado de seu cargo.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (AFAP – ADVOGADO – FCC – 2019) Dentre os elementos ou requisitos do ato administrativo, existem aqueles cuja
inobservância NÃO é passível de ser sanada, a exemplo:

a) dos atos administrativos praticados por autoridade desprovida de competência privativa para sua edição.
b) das decisões proferidas em situações cujo substrato fático não corresponda à previsão legal expressa.
c) dos atos vinculados editados sem explicitação de motivação.
d) dos atos administrativos que não sejam objeto de publicação na imprensa oficial, em ofensa ao princípio da pu-
blicidade.
e) dos atos proferidos por autoridade pública para a qual tenha sido delegada competência privativa de autoridade
superior.

Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois a competência é um requisito do ato administrativo que pode ser
convalidado, desde que não seja uma competência exclusiva de algum ente. As competências privativas po-
dem ser delegadas. A letra C está incorreta, pois o caso apresenta um ato administrativo cujo vício está na forma
(“não explicitar a motivação”), sendo um vício sanável. A letra D está incorreta, pois no caso, o ato administrativo
encontra-se perfeito e apto a produzir efeitos, mas é considerado ineficaz, pois não houve sua publicação. A letra
E está incorreta pois, também, trata da competência, um atributo cujo vício pode ser convalidado, desde que não
seja uma competência exclusiva.

2. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – FCC – 2018) Quando um determinado administrador
público edita um ato administrativo, mas este só começa a produzir efeitos após ratificação ou homologação por
outra autoridade, está-se diante de ato administrativo:

a) condicionado, cuja validade e vigência somente se iniciam após a ratificação ou homologação.


b) bilateral, considerando que sua existência se consuma com a manifestação de vontade da segunda autoridade.
c) composto, pois embora já exista e seja válido, não é exequível antes da manifestação da segunda autoridade.
d) complexo ou composto, considerando que dependem da conjugação de vontade de uma ou mais autoridades para
sua validade e eficácia, embora já sejam considerados existentes.
e) subordinado, tendo em vista que, embora existente, válido e eficaz, só se aperfeiçoa com a manifestação de vontade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de outra autoridade, que pode, inclusive, revogá-lo.


Resposta: Letra C. A hipótese narrada na questão é um caso claro de ato composto, entendido como aquele ato
expedido por uma autoridade ou órgão, mas que, para que esteja apto a produzir efeitos, depende da homologação
do referido ato por outro órgão. Enquanto a vontade do primeiro órgão é a responsável pela elaboração do ato, a
manifestação do segundo órgão possui caráter instrumental ou complementar.

13
LEI Nº 8.112/1990 (REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DA UNIÃO E
ALTERAÇÕES): DISPOSIÇÕES PRELIMINARES; PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO,
REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO; DIREITOS E VANTAGENS: VENCIMENTO E
REMUNERAÇÃO, VANTAGENS, FÉRIAS, LICENÇAS, AFASTAMENTOS, DIREITO DE PETIÇÃO;
REGIME DISCIPLINAR: DEVERES E PROIBIÇÕES, ACUMULAÇÃO, RESPONSABILIDADES,
PENALIDADES; PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990

Das Disposições Preliminares

TÍTULO I
CAPÍTULO ÚNICO
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
especial, e das fundações públicas federais.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.

Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem
ser cometidas a um servidor.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e
vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei.

Por regime jurídico dos servidores deve-se entender o conjunto de regras referentes a todos os aspectos da relação
entre o servidor público e a Administração. Envolve tanto questões inerentes à ocupação do cargo quanto direitos e
deveres, entre outras.
Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração direta quanto para a indireta.
A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo, caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou em
comissão, quando por uma relação de confiança o superior puder nomear seus funcionários enquanto estiver ocupando
aquela posição de chefia.
Todo serviço público será remunerado pelos cofres públicos.

#FicaDica
Cargo público = atribuições + responsabilidades
Modalidades = efetivo ou em comissão

Formas de provimento e vacância dos cargos públicos

TÍTULO II
DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Basicamente, provimento é a ocupação do cargo por uma pessoa, transformando-a em servidora pública;
enquanto vacância é o que se dá quando um cargo fica livre; remoção é o deslocamento do servidor; redistribuição é
o deslocamento de um cargo para outro órgão; substituição é a mudança de uma pessoa que está ocupando cargo de
chefia ou direção por outra.

CAPÍTULO I
DO PROVIMENTO

Segundo Hely Lopes Meirelles1, provimento “é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a designação
de seu titular”, podendo ser originário ou inicial se o agente não possui vinculação anterior com a Administração Pública; ou
derivado, que pressupõe a existência de um vínculo com a Administração, o qual pode ser horizontal, sem ascensão na carreira,
ou vertical, com ascensão na carreira.
1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

14
SEÇÃO I SEÇÃO II
DISPOSIÇÕES GERAIS DA NOMEAÇÃO

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em Art. 9o A nomeação far-se-á:


cargo público: I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo
I - a nacionalidade brasileira; isolado de provimento efetivo ou de carreira;
Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com II - em comissão, inclusive na condição de interino,
um Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade para cargos de confiança vagos.
de cidadão. Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo
II - o gozo dos direitos políticos; em comissão ou de natureza especial poderá ser
Direitos políticos são os direitos garantidos ao cidadão nomeado para ter exercício, interinamente, em outro
que envolvem sua participação direta ou indireta nas cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do
decisões políticas do Estado. No Brasil, se encontram que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar
nos artigos 14 e 15 da Constituição Federal. pela remuneração de um deles durante o período da
interinidade.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; O cargo em comissão é temporário e não depende de
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício concurso público. Se o servidor for nomeado para outro
do cargo; cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira
Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior, interina (temporária), mas somente poderá receber
conforme a complexidade das funções do cargo. remuneração por um deles, o que optar.

V - a idade mínima de dezoito anos; Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo
VI - aptidão física e mental. isolado de provimento efetivo depende de prévia
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a habilitação em concurso público de provas ou de
exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e
P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de o prazo de sua validade.
membros do Ministério Público ou da Magistratura. Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
o direito de se inscrever em concurso público diretrizes do sistema de carreira na Administração
para provimento de cargo cujas atribuições sejam Pública Federal e seus regulamentos.
compatíveis com a deficiência de que são portadoras;
para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por SEÇÃO III
cento) das vagas oferecidas no concurso. DO CONCURSO PÚBLICO
Cotas para deficientes.
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e títulos, podendo ser realizado em duas etapas,
e tecnológica federais poderão prover seus cargos conforme dispuserem a lei e o regulamento do
com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição
acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. do candidato ao pagamento do valor fixado no edital,
Exceção ao inciso I do art. 5°. quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as
hipóteses de isenção nele expressamente previstas.
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á
mediante ato da autoridade competente de cada Art. 12. O concurso público terá validade de até 2
Poder. (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez,
por igual período.
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com § 1o O prazo de validade do concurso e as condições
a posse. de sua realização serão fixados em edital, que será
Por investidura entende-se a instalação formal em publicado no Diário Oficial da União e em jornal
diário de grande circulação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

um cargo público, o que se dará quando a pessoa for


§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver
empossada.
candidato aprovado em concurso anterior com prazo
de validade não expirado.
Art. 8o São formas de provimento de cargo público:
I - nomeação;
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas
II - promoção;
pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
III e IV - (Revogados)
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
V - readaptação; atividade profissional também é considerado.
VI - reversão; O edital delimita questões como valor da taxa de
VII - aproveitamento; inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de
VIII - reintegração; validade.
IX - recondução.
Detalhes adiante.

15
SEÇÃO IV Nota-se que para as funções em confiança não há
DA POSSE E DO EXERCÍCIO prazo de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não
existe nestas funções. Então, o prazo para exercício será
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo o do dia da publicação do ato de designação.
termo, no qual deverão constar as atribuições, os
deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício
ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados do exercício serão registrados no assentamento
unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados individual do servidor.
os atos de ofício previstos em lei. Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor
§ 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados apresentará ao órgão competente os elementos
da publicação do ato de provimento. necessários ao seu assentamento individual.
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de
de publicação do ato de provimento, em licença exercício, que é contado no novo posicionamento na
prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas carreira a partir da data de publicação do ato que
hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, promover o servidor.
“e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado do Na promoção não há nova posse. Então, o servidor
término do impedimento. não tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração dia da publicação do ato.
específica.
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro
por nomeação.
município em razão de ter sido removido, redistribuído,
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório
de bens e valores que constituem seu patrimônio e
terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo,
declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo,
contados da publicação do ato, para a retomada do
emprego ou função pública.
efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se
a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento
artigo. para a nova sede.
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em
O termo de posse é dotado de conteúdo específico. licença ou afastado legalmente, o prazo a que se
É possível tomar posse mediante procuração específica. refere este artigo será contado a partir do término do
Não há posse nos cargos em comissão. A declaração impedimento.
de bens e valores visa permitir a verificação da situação § 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos
financeira do servidor, de forma a perceber se ele estabelecidos no caput.
enriqueceu desproporcionalmente durante o exercício
do cargo. Se o servidor estava em exercício em outro município
e é convocado por publicação para retomar a posição
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia superior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode
inspeção médica oficial. desistir, se quiser.
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que
for julgado apto física e mentalmente para o exercício Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho
do cargo. fixada em razão das atribuições pertinentes aos
respectivos cargos, respeitada a duração máxima do
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições trabalho semanal de quarenta horas e observados os
do cargo público ou da função de confiança. limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado diárias, respectivamente.
em cargo público entrar em exercício, contados da § 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de
data da posse. confiança submete-se a regime de integral dedicação
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo
tornado sem efeito o ato de sua designação para ser convocado sempre que houver interesse da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

função de confiança, se não entrar em exercício nos Administração.


prazos previstos neste artigo, observado o disposto no § 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de
art. 18. trabalho estabelecida em leis especiais.
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade
para onde for nomeado ou designado o servidor Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
compete dar-lhe exercício. para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
§ 4o O início do exercício de função de confiança estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
coincidirá com a data de publicação do ato de meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade
designação, salvo quando o servidor estiver em licença serão objeto de avaliação para o desempenho do
ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese cargo, observados os seguinte fatores:
em que recairá no primeiro dia útil após o término do I - assiduidade;
impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da II - disciplina;
publicação. III - capacidade de iniciativa;

16
IV - produtividade; § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
V - responsabilidade. é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
§ 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do comissão instituída para essa finalidade.
estágio probatório, será submetida à homologação da
autoridade competente a avaliação do desempenho SEÇÃO V
do servidor, realizada por comissão constituída para DA ESTABILIDADE
essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e
sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá
enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois)
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório anos de efetivo exercício.
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
anteriormente ocupado, observado o disposto no ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme
parágrafo único do art. 29. Constituição Federal (artigo 41 retrocitado).
§ 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em
quaisquer cargos de provimento em comissão ou virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
funções de direção, chefia ou assessoramento no de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
órgão ou entidade de lotação, e somente poderá assegurada ampla defesa.
ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento SEÇÃO VI
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento DA TRANSFERÊNCIA
Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente Art. 23. (Execução suspensa)
poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, SEÇÃO VII
bem assim afastamento para participar de curso de DA READAPTAÇÃO
formação decorrente de aprovação em concurso para
outro cargo na Administração Pública Federal. Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em
§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
§ 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação física ou mental verificada em inspeção médica.
em curso de formação, e será retomado a partir do § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o
término do impedimento. readaptando será aposentado.
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a atribuições afins, respeitada a habilitação exigida,
disciplina do estágio probatório mudou, notadamente nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e,
aumentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor
vista que a norma constitucional prevalece sobre a lei exercerá suas atribuições como excedente, até a ocor
federal, mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve- rência de vaga.
se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal:
Se o funcionário deixa de ter condições físicas
Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo ou psicológicas para ocupar seu cargo, deverá ser
exercício os servidores nomeados para cargo de readaptado para cargo semelhante que não exija tais
provimento efetivo em virtude de concurso público. aptidões. Ex.: funcionário trabalhava como atendente
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: numa repartição, se movimentando o tempo todo e
I - em virtude de sentença judicial transitada em sofre um acidente, ficando paraplégico. Sua capacidade
julgado; mental não ficou prejudicada, embora seja inconveniente
II - mediante processo administrativo em que lhe seja ele ter que fazer tantos movimentos no exercício das
assegurada ampla defesa; funções. Por isso, pode ser reconduzido para outro cargo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - mediante procedimento de avaliação periódica técnico na repartição que seja mais burocrático e exija
de desempenho, na forma de lei complementar, menos movimentação física, como o de assistente de um
assegurada ampla defesa. superior.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual SEÇÃO VIII
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo DA REVERSÃO
de origem, sem direito a indenização, aproveitado
em outro cargo ou posto em disponibilidade com Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
remuneração proporcional ao tempo de serviço. aposentado:
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
o servidor estável ficará em disponibilidade, com insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até II - no interesse da administração, desde que:
seu adequado aproveitamento em outro cargo. a) tenha solicitado a reversão;

17
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; II - reintegração do anterior ocupante.
c) estável quando na atividade; Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos origem, o servidor será aproveitado em outro, obser-
anteriores à solicitação; vado o disposto no art. 30.
e) haja cargo vago. Como visto, quando um servidor é promovido ele se
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado,
resultante de sua transformação. voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício estiver ocupando o cargo de um servidor que tenha
será considerado para concessão da aposentadoria. sido injustamente demitido, quando este voltar deverá
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o desocupar o cargo. Se a posição antes ocupada não
cargo, o servidor exercerá suas atribuições como estiver livre, deverá ser reaproveitado em outro cargo
excedente, até a ocorrência de vaga. semelhante.
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse
da administração perceberá, em substituição aos SEÇÃO XI
proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO
que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de
natureza pessoal que percebia anteriormente à Art. 30. O retorno à atividade de servidor em
aposentadoria. disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
proventos calculados com base nas regras atuais se compatíveis com o anteriormente ocupado.
permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
artigo. determinará o imediato aproveitamento de servidor
em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos
Art. 26. (Revogado) órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art.
completado 70 (setenta) anos de idade. 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser
mantido sob responsabilidade do órgão central do
Merece destaque a impossibilidade de cumulação Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal -
da aposentadoria com a remuneração caso o servidor SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro
retorne às funções. órgão ou entidade.
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
SEÇÃO IX cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
DA REINTEGRAÇÃO
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
junta médica oficial.
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
Servidor posto em disponibilidade não é servidor
resultante de sua transformação, quando invalidada a
aposentado. É apenas um servidor aguardando que surja
sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
um posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir,
com ressarcimento de todas as vantagens.
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor deverá entrar em exercício, sob pena de ter revogada a
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos disponibilidade, deixando de ser servidor público.
arts. 30 e 31.
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual CAPÍTULO II
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem DA VACÂNCIA
direito à indenização ou aproveitado em outro cargo,
ou, ainda, posto em disponibilidade. Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
I - exoneração;
Se um servidor for injustamente demitido e a sua II - demissão;
demissão for invalidada, será reinvestido no cargo, III - promoção;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sendo totalmente ressarcido (por exemplo, recebendo IV e V - (Revogados)


os salários do período em que foi afastado). Caso o VI - readaptação;
cargo esteja extinto, será posto em disponibilidade; caso VII - aposentadoria;
o cargo exista e alguém o estiver ocupando, este será VIII - posse em outro cargo inacumulável;
retirado do cargo, devolvendo-o ao seu legítimo titular. IX - falecimento.

SEÇÃO X Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a


DA RECONDUÇÃO pedido do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao I - quando não satisfeitas as condições do estágio
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: probatório;
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
cargo; em exercício no prazo estabelecido.

18
Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
ofício se não for habilitado no estágio probatório e se e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da
não entrar em exercício no prazo legal. Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge,
dispensa de função de confiança dar-se-á: companheiro ou dependente que viva às suas expensas
I - a juízo da autoridade competente; e conste do seu assentamento funcional, condicionada
II - a pedido do próprio servidor. à comprovação por junta médica oficial; (Incluído pela
Como o cargo em comissão refere-se a uma relação Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de confiança para com a autoridade competente, esta c) em virtude de processo seletivo promovido, na
poderá exonerar o servidor. hipótese em que o número de interessados for
superior ao número de vagas, de acordo com normas
#FicaDica preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que
aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
Formas de provimento 10.12.97)
- Originário
Nomeação – Em caráter efetivo ou em co- SEÇÃO II
missão DA REDISTRIBUIÇÃO
- Derivado
Promoção – Ascensão do cargo ocupado Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de
para um cargo sucessivo e ascendente, pos- provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
sível quando o servidor tiver seu cargo es- quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade
truturado em carreira. do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão
Aproveitamento – Retorno de um servidor central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
posto em disponibilidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Readaptação – Realocação de servidor que I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº
tenha se tornado deficiente para cargo com- 9.527, de 10.12.97)
patível. II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº
Reintegração – Retorno de servidor a cargo 9.527, de 10.12.97)
anteriormente ocupado ou em cargo resul- III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
tante de sua transformação quando invali- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dada a decisão de sua demissão. IV - vinculação entre os graus de responsabilidade
Recondução – Retorno de servidor a cargo e complexidade das atividades; (Incluído pela Lei nº
anteriormente ocupado em decorrência de 9.527, de 10.12.97)
inabilitação no estágio probatório de outro V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
cargo ou por ter o ocupante anterior sido habilitação profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
reintegrado. 10.12.97)
Reversão – Retorno do servidor ao cargo VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
ocupado quando anteriormente aposentado as finalidades institucionais do órgão ou entidade.
por invalidez, caso cesse a doença ou condi- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ção incapacitante. § 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para
ajustamento de lotação e da força de trabalho às
necessidades dos serviços, inclusive nos casos de
CAPÍTULO III reorganização, extinção ou criação de órgão ou
DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
SEÇÃO I § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
DA REMOÇÃO mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC
e os órgãos e entidades da Administração Pública
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a Federal envolvidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com 10.12.97)
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ou sem mudança de sede. § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de


Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua
entende-se por modalidades de remoção: (Redação desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) estável que não for redistribuído será colocado em
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 4º O servidor que não for redistribuído ou
III - a pedido, para outra localidade, independentemente colocado em disponibilidade poderá ser mantido sob
do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter
9.527, de 10.12.97) exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
também servidor público civil ou militar, de qualquer 9.527, de 10.12.97)

19
CAPÍTULO IV remuneração diária, proporcional aos atrasos,
DA SUBSTITUIÇÃO ausências justificadas, ressalvadas as concessões
de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou na hipótese de compensação de horário, até o mês
função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela
de Natureza Especial terão substitutos indicados chefia imediata.
no regimento interno ou, no caso de omissão, Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes
previamente designados pelo dirigente máximo do de caso fortuito ou de força maior poderão ser
órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, compensadas a critério da chefia imediata, sendo
de 10.12.97) assim consideradas como efetivo exercício.
§1º O substituto assumirá automática e
cumulativamente, sem prejuízo do cargo que Somente não geram perda de remuneração as faltas
ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou justificadas e devidamente compensadas.
chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos,
impedimentos legais ou regulamentares do titular e Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
pela remuneração de um deles durante o respectivo provento.
período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício consignação em folha de pagamento em favor de
do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo terceiros, a critério da administração e com reposição
de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou de custos, na forma definida em regulamento.
impedimentos legais do titular, superiores a trinta § 2º O total de consignações facultativas de que trata
dias consecutivos, paga na proporção dos dias de o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento)
efetiva substituição, que excederem o referido período. da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento)
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) reservados exclusivamente para: I - a amortização de
despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos II - a utilização com a finalidade de saque por meio do
titulares de unidades administrativas organizadas em cartão de crédito.
nível de assessoria. Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
autorização do servidor.
Dos Direitos e Vantagens
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário,
TÍTULO III atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente
DOS DIREITOS E VANTAGENS comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao
pensionista, para pagamento, no prazo máximo
Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do
estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor interessado.
público, para em seguida trazer seus deveres e proibições. § 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior
Resume Carvalho Filho2: “os direitos sociais constitucionais ao correspondente a dez por cento da remuneração,
são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o qual determina que provento ou pensão.
dezesseis dos direitos sociais outorgados aos empregados sejam § 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
estendidos aos servidores públicos. Dentre esses direitos estão o mês anterior ao do processamento da folha, a reposição
do salário mínimo (art. 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°, será feita imediatamente, em uma única parcela.
VIII); o repouso semanal remunerado (art. 7°, XV); o salário-família § 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência
(art. 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°, XVII); o de licença à gestante de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada
(art. 7°, XVIII) e outros mencionados no dispositivo constitucional. ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida,
[...] Além disso, há vários direitos de natureza social relacionados serão eles atualizados até a data da reposição.
nos diversos estatutos funcionais das pessoas federativas. É nas
leis estatutárias que se encontram tais direitos, como o direito Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

às licenças, à pensão, aos auxílios pecuniários, como o auxílio- demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria
funeral e o auxílio-reclusão, à assistência, à saúde etc.” ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta
dias para quitar o débito.
CAPÍTULO I
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo
previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo Débito com o erário = dívida com o Estado.
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
estabelecidas em lei.
2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

20
CAPÍTULO II § 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
DAS VANTAGENS de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo
único do art. 36.
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a
servidor as seguintes vantagens: remuneração do servidor, conforme se dispuser em
I - indenizações; regulamento, não podendo exceder a importância
II - gratificações; correspondente a 3 (três) meses.
III - adicionais.
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor
ou provento para qualquer efeito. que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se mandato eletivo.
ao vencimento ou provento, nos casos e condições
indicados em lei. Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão comissão, com mudança de domicílio.
computadas, nem acumuladas, para efeito de Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso
concessão de quaisquer outros acréscimos pecuniários I do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão
ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento. cessionário, quando cabível.

De acordo com Hely Lopes Meirelles3, “o que caracteriza Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de
o adicional e o distingue da gratificação é ser aquele que custo quando, injustificadamente, não se apresentar
recompensa ao tempo de serviço do servidor, ou uma na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias.
retribuição pelo desempenho de funções especiais que
fogem da rotina burocrática, e esta, uma compensação SUBSEÇÃO II
por serviços comuns executados em condições anormais DAS DIÁRIAS
para o servidor, ou uma ajuda pessoal em face de certas Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da
situações que agravam o orçamento do servidor”. sede em caráter eventual ou transitório para outro
ponto do território nacional ou para o exterior, fará
SEÇÃO I jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as
DAS INDENIZAÇÕES parcelas de despesas extraordinária com pousada,
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser
I - ajuda de custo; em regulamento.
II - diárias; § 1o A diária será concedida por dia de afastamento,
III - transporte. sendo devida pela metade quando o deslocamento
não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União
IV - auxílio-moradia.
custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias
A leitura da legislação seca permite conceituar e
cobertas por diárias.
diferenciar cada modalidade de indenização.
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede
constituir exigência permanente do cargo, o servidor
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos
não fará jus a diárias.
incisos I a III do art. 51, assim como as condições para
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que
a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento.
se deslocar dentro da mesma região metropolitana,
aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por
SUBSEÇÃO I municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou
DA AJUDA DE CUSTO em áreas de controle integrado mantidas com países
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos,
despesas de instalação do servidor que, no interesse entidades e servidores brasileiros considera-se estendida,
do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em
mudança de domicílio em caráter permanente, vedado que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os
o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, afastamentos dentro do território nacional.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar
também a condição de servidor, vier a ter exercício na da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-
mesma sede. las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 1o Correm por conta da administração as Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar
despesas de transporte do servidor e de sua família, à sede em prazo menor do que o previsto para o
compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais. seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em
excesso, no prazo previsto no caput.
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede
são assegurados ajuda de custo e transporte para a SUBSEÇÃO III
localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE
contado do óbito.
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte
3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São ao servidor que realizar despesas com a utilização
Paulo: Malheiros, 1993.

21
de meio próprio de locomoção para a execução de valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais).
serviços externos, por força das atribuições próprias Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração,
do cargo, conforme se dispuser em regulamento. colocação de imóvel funcional à disposição do
servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia
SUBSEÇÃO IV continuará sendo pago por um mês.
DO AUXÍLIO-MORADIA
A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia,
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento benefício que é concedido a alguns servidores. Ele serve
das despesas comprovadamente realizadas pelo para ajudar o servidor a arcar com despesas de moradia,
servidor com aluguel de moradia ou com meio de seja locando um imóvel, seja ficando em hotéis. O auxílio
hospedagem administrado por empresa hoteleira, no é pago 1 mês depois que o servidor comprovar a despesa
prazo de um mês após a comprovação da despesa que teve. No entanto, não é qualquer servidor e não é
pelo servidor. em qualquer situação que se tem o auxílio-moradia.
Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor restrições: não haver disponibilidade de imóvel funcional
se atendidos os seguintes requisitos: (algum imóvel do poder público com tal finalidade
I - não exista imóvel funcional disponível para uso de moradia, dispensando gastos particulares), não se
pelo servidor; ter tentado vender ou vendido um imóvel na cidade
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe (evitando que tente utilizar o auxílio-moradia como um
imóvel funcional; modo de se obter vantagem patrimonial), um cônjuge ou
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro pessoa com quem more não receber auxílio da mesma
não seja ou tenha sido proprietário, promitente natureza (cumulando indevidamente), além do exercício
comprador, cessionário ou promitente cessionário de cargos de determinada natureza (perceba-se, cargos
de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, de relevante direção).
incluída a hipótese de lote edificado sem averbação O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos
de construção, nos doze meses que antecederem a sua vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o
nomeação; artigo 60-C está revogado desde 2013.
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
receba auxílio-moradia; SEÇÃO II
V - o servidor tenha se mudado do local de residência DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
para ocupar cargo em comissão ou função de Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas
confiança do Grupo-Direção e Assessoramento nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes
Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, retribuições, gratificações e adicionais:
de Ministro de Estado ou equivalentes; I - retribuição pelo exercício de função de direção,
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão chefia e assessoramento;
ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses II - gratificação natalina;
do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
domicílio do servidor; perigosas ou penosas;
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
residido no Município, nos últimos doze meses, VI - adicional noturno;
aonde for exercer o cargo em comissão ou função VII - adicional de férias;
de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do
sessenta dias dentro desse período; e trabalho.
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.
alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
de 2006. Gratificações e adicionais descritos em detalhes na
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será própria legislação, conforme se denota abaixo.
considerado o prazo no qual o servidor estava
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ocupando outro cargo em comissão relacionado no SUBSEÇÃO I


inciso V. DA RETRIBUIÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO
Art. 60-C. (Revogado). DE DIREÇÃO, CHEFIA E ASSESSORAMENTO
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo
cargo em comissão, função comissionada ou cargo de de provimento em comissão ou de Natureza Especial é
Ministro de Estado ocupado. devida retribuição pelo seu exercício.
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração
25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.
Ministro de Estado.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal
ou função comissionada, fica garantido a todos os Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da
que preencherem os requisitos o ressarcimento até o retribuição pelo exercício de função de direção, chefia

22
ou assessoramento, cargo de provimento em comissão Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que
ou de Natureza Especial a que se referem os arts. operam com Raios X ou substâncias radioativas serão
3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. mantidos sob controle permanente, de modo que as
3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste máximo previsto na legislação própria.
artigo somente estará sujeita às revisões gerais de Parágrafo único. Os servidores a que se refere este
remuneração dos servidores públicos federais. artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6
(seis) meses.
SUBSEÇÃO II
DA GRATIFICAÇÃO NATALINA SUBSEÇÃO V
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com
dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 hora normal de trabalho.
(quinze) dias será considerada como mês integral.
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do para atender a situações excepcionais e temporárias,
mês de dezembro de cada ano. respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por
jornada.
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua
gratificação natalina, proporcionalmente aos meses SUBSEÇÃO VI
de exercício, calculada sobre a remuneração do mês DO ADICIONAL NOTURNO
da exoneração. Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário
compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um
dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada
hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
computando-se cada hora como cinquenta e dois
minutos e trinta segundos.
SUBSEÇÃO III
Parágrafo único. Em se tratando de serviço
DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO
extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo
Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225-
incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73.
45/01.
SUBSEÇÃO VII
SUBSEÇÃO IV DO ADICIONAL DE FÉRIAS
DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE, Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago
PERICULOSIDADE OU ATIVIDADES PENOSAS ao servidor, por ocasião das férias, um adicional
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do
em locais insalubres ou em contato permanente com período das férias.
substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função
fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo
efetivo. em comissão, a respectiva vantagem será considerada
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade no cálculo do adicional de que trata este artigo.
e de periculosidade deverá optar por um deles.
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou SUBSEÇÃO VIII
periculosidade cessa com a eliminação das condições DA GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU
ou dos riscos que deram causa a sua concessão. CONCURSO
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade
ou Concurso é devida ao servidor que, em caráter
de servidores em operações ou locais considerados
eventual:
penosos, insalubres ou perigosos.
I - atuar como instrutor em curso de formação, de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será


desenvolvimento ou de treinamento regularmente
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das
instituído no âmbito da administração pública federal;
operações e locais previstos neste artigo, exercendo
II - participar de banca examinadora ou de comissão
suas atividades em local salubre e em serviço não
para exames orais, para análise curricular, para
penoso e não perigoso.
correção de provas discursivas, para elaboração de
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, questões de provas ou para julgamento de recursos
de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as intentados por candidatos;
situações estabelecidas em legislação específica. III - participar da logística de preparação e de
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos realização de concurso público envolvendo atividades
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em de planejamento, coordenação, supervisão, execução
localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos e avaliação de resultado, quando tais atividades
termos, condições e limites fixados em regulamento. não estiverem incluídas entre as suas atribuições
permanentes;

23
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar proporção de um doze avos por mês de efetivo
provas de exame vestibular ou de concurso público ou exercício, ou fração superior a quatorze dias.
supervisionar essas atividades. § 4o A indenização será calculada com base na
§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação remuneração do mês em que for publicado o ato
de que trata este artigo serão fixados em regulamento, exoneratório.
observados os seguintes parâmetros: § 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
I - o valor da gratificação será calculado em horas, adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição
observadas a natureza e a complexidade da atividade Federal quando da utilização do primeiro período.
exercida;
II - a retribuição não poderá ser superior ao Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente
equivalente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20
anuais, ressalvada situação de excepcionalidade, (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de
devidamente justificada e previamente aprovada pela atividade profissional, proibida em qualquer hipótese
autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá a acumulação.
autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas Manutenção da saúde do servidor.
de trabalho anuais;
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior por motivo de calamidade pública, comoção interna,
vencimento básico da administração pública federal: convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se por necessidade do serviço declarada pela autoridade
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do máxima do órgão ou entidade.
caput deste artigo; Parágrafo único. O restante do período interrompido
será gozado de uma só vez, observado o disposto no
art. 77.
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do
O direito individual às férias pode ser mitigado pelo
caput deste artigo.
direito da coletividade de manutenção da paz e da ordem
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
social.
somente será paga se as atividades referidas nos
incisos do caput deste artigo forem exercidas sem
prejuízo das atribuições do cargo de que o servidor for #FicaDica
titular, devendo ser objeto de compensação de carga
horária quando desempenhadas durante a jornada de Vantagens:
trabalho, na forma do § 4odo art. 98 desta Lei. - Indenizações (não se incorporam)
§ 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Ajuda de custo
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor Diárias
para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como Transporte
base de cálculo para quaisquer outras vantagens, Auxílio-moradia
inclusive para fins de cálculo dos proventos da - Gratificações (podem se incorporar)
aposentadoria e das pensões. Por direção, chefia e assessoramento
Natalina
CAPÍTULO III Por Encargo, de curso ou concurso (não se
DAS FÉRIAS incorpora)
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que - Adicionais (podem se incorporar)
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, Insalubridade
no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as Periculosidade
hipóteses em que haja legislação específica. Atividades penosas
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão Serviço extraordinário
exigidos 12 (doze) meses de exercício. Noturno
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao De férias
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

serviço. Relativo à natureza ou local de trabalho


§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três
etapas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no
interesse da administração pública.
CAPÍTULO IV
É possível impedir que o servidor tire férias por até 2
DAS LICENÇAS]
períodos se o seu serviço for altamente necessário.
SEÇÃO I
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será
DISPOSIÇÕES GERAIS
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
I - por motivo de doença em pessoa da família;
§1° e §2°. Revogados.
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou
§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
companheiro;
comissão, perceberá indenização relativa ao período
III - para o serviço militar;
das férias a que tiver direito e ao incompleto, na

24
IV - para atividade política; Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá
V - para capacitação; haver exercício provisório em órgão ou entidade
VI - para tratar de interesses particulares; da Administração Federal direta, autárquica ou
VII - para desempenho de mandato classista. fundacional, desde que para o exercício de atividade
Atenção aos motivos que autorizam licença, compatível com o seu cargo.
detalhados a seguir na legislação.
§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste SEÇÃO IV
artigo bem como cada uma de suas prorrogações DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR
serão precedidas de exame por perícia médica oficial, Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar
observado o disposto no art. 204 desta Lei. será concedida licença, na forma e condições previstas
§ 2.º (Revogado pela Lei n.º 9.527, de 10.12.97) na legislação específica.
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor
durante o período da licença prevista no inciso I deste terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para
artigo. reassumir o exercício do cargo.

Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) SEÇÃO V


dias do término de outra da mesma espécie será DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA
considerada como prorrogação. Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem
remuneração, durante o período que mediar entre a
SEÇÃO II sua escolha em convenção partidária, como candidato
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua
DA FAMÍLIA candidatura perante a Justiça Eleitoral.
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por § 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos onde desempenha suas funções e que exerça cargo
pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, de direção, chefia, assessoramento, arrecadação
ou dependente que viva a suas expensas e conste do ou fiscalização, dele será afastado, a partir do dia
seu assentamento funcional, mediante comprovação imediato ao do registro de sua candidatura perante
por perícia médica oficial. a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência pleito.
direta do servidor for indispensável e não puder ser § 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo
prestada simultaneamente com o exercício do cargo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença,
ou mediante compensação de horário, na forma do assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente
disposto no inciso II do art. 44. pelo período de três meses.
§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as
prorrogações, poderá ser concedida a cada período de SEÇÃO VI
doze meses nas seguintes condições: DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício,
mantida a remuneração do servidor; e o servidor poderá, no interesse da Administração,
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a
remuneração. respectiva remuneração, por até três meses, para
§ 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será participar de curso de capacitação profissional.
contado a partir da data do deferimento da primeira Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata
licença concedida. o caput não são acumuláveis.
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das
licenças não remuneradas, incluídas as respectivas Art. 90. (Vetado)
prorrogações, concedidas em um mesmo período de
12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o, não SEÇÃO VII
poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES
I e II do § 2o. PARTICULARES
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

SEÇÃO III concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo,


DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO desde que não esteja em estágio probatório, licenças
CÔNJUGE para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor três anos consecutivos, sem remuneração.
para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a
deslocado para outro ponto do território nacional, qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse
para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo do serviço.
dos Poderes Executivo e Legislativo.
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem SEÇÃO VIII
remuneração. DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou CLASSISTA
companheiro também seja servidor público, civil Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença
ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos sem remuneração para o desempenho de mandato

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em confederação, federação, associação de classe de CAPÍTULO V
âmbito nacional, sindicato representativo da categoria DOS AFASTAMENTOS
ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para
participar de gerência ou administração em sociedade SEÇÃO I
cooperativa constituída por servidores públicos DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO
para prestar serviços a seus membros, observado o OU ENTIDADE
disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei,
conforme disposto em regulamento e observados os Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício
seguintes limites: em outro órgão ou entidade dos Poderes da União,
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou
2 (dois) servidores; em serviço social autônomo instituído pela União que
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 exerça atividades de cooperação com a administração
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; pública federal, nas seguintes hipóteses:
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) I - para exercício de cargo em comissão ou função de
associados, 8 (oito) servidores. confiança;
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores II - em casos previstos em leis específicas.
eleitos para cargos de direção ou de representação nas § 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para
referidas entidades, desde que cadastradas no órgão órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal
competente. ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus para o
podendo ser renovada, no caso de reeleição. cedente nos demais casos.
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa
pública ou sociedade de economia mista, nos termos
#FicaDica
das respectivas normas, optar pela remuneração do
- Licença por Motivo de Doença em Pessoa cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo
da Família – justifica-se por problema de acrescida de percentual da retribuição do cargo em
saúde com um familiar próximo ou depen- comissão, a entidade cessionária efetuará o reembol-
dente legal. Remunerada. so das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de
- Licença por Motivo de Afastamento do origem.
Cônjuge – justifica-se por mudança do côn- § 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no
juge de um servidor público de cidade ou Diário Oficial da União.
país. Não remunerada. § 4o Mediante autorização expressa do Presidente da
- Licença para o Serviço Militar – justifica-se República, o servidor do Poder Executivo poderá ter
para o caso de convocação do servidor para exercício em outro órgão da Administração Federal
o serviço militar. Não remunerada. direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para
- Licença para Atividade Política – justifica-se fim determinado e a prazo certo.
para o caso de servidor candidato a cargo § 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado
político eletivo, sendo obrigatório entre o ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§
dia da candidatura e dez dias após as elei- 1º e 2º deste artigo.
ções. Não remunerada. § 6° As cessões de empregados de empresa pública ou
- Licença para Capacitação – justifica-se para de sociedade de economia mista, que receba recur-
o aperfeiçoamento profissional do servidor. sos de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial
Remunerada. da sua folha de pagamento de pessoal, independem das
- Licença Para Tratar Interesses Particulares disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste
– dispensa justificativa, basta a vontade do artigo, ficando o exercício do empregado cedido condi-
servidor. Não remunerada. cionado a autorização específica do Ministério do Plane-
- Licença para Desempenho de Mandato jamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocu-
Classista – justifica-se para o caso de con- pação de cargo em comissão ou função gratificada.
vocação do servidor como responsável por § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

gerir ou representar em tempo integral enti- Gestão, com a finalidade de promover a composição
dade de classe. Não remunerada. da força de trabalho dos órgãos e entidades da Ad-
- Licença para Tratamento de Saúde – jus- ministração Pública Federal, poderá determinar a lo-
tifica-se por doença do servidor, sendo ne- tação ou o exercício de empregado ou servidor, inde-
cessário o afastamento para tratamento. Re- pendentemente da observância do constante no inciso
munerada. I e nos §§ 1° e 2° deste artigo.
- Licença-Gestante ou Adotante – justifica-
-se por maternidade, biológica ou adotada. SEÇÃO II
Remunerada. DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MAN-
- Licença-Paternidade – justifica-se por pater- DATO ELETIVO
nidade, biológica ou adotada. Remunerada.
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo apli-
cam-se as seguintes disposições:

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I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distri- os programas de capacitação e os critérios para par-
tal, ficará afastado do cargo; ticipação em programas de pós-graduação no País,
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do com ou sem afastamento do servidor, que serão avali-
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; ados por um comitê constituído para este fim.
III - investido no mandato de vereador: § 2o Os afastamentos para realização de programas de
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as mestrado e doutorado somente serão concedidos aos
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração servidores titulares de cargos efetivos no respectivo
do cargo eletivo; órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para
b) não havendo compatibilidade de horário, será mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua o período de estágio probatório, que não tenham se
remuneração. afastado por licença para tratar de assuntos particu-
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor con- lares para gozo de licença capacitação ou com funda-
tribuirá para a seguridade social como se em exercício mento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data
estivesse. da solicitação de afastamento.
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou clas- § 3o Os afastamentos para realização de programas de
sista não poderá ser removido ou redistribuído de pós-doutorado somente serão concedidos aos servi-
ofício para localidade diversa daquela onde exerce o dores titulares de cargos efetivo no respectivo órgão
mandato. ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o
período de estágio probatório, e que não tenham se
SEÇÃO III afastado por licença para tratar de assuntos particu-
DO AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO lares ou com fundamento neste artigo, nos quatro
NO EXTERIOR anos anteriores à data da solicitação de afastamento.
§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que per-
para estudo ou missão oficial, sem autorização do manecer no exercício de suas funções após o seu re-
Presidente da República, Presidente dos Órgãos do torno por um período igual ao do afastamento con-
Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal cedido.
Federal. § 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período
a missão ou estudo, somente decorrido igual período, de permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá
será permitida nova ausência. ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da
§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos
não será concedida exoneração ou licença para tra- com seu aperfeiçoamento.
tar de interesse particular antes de decorrido período § 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de res- justificou seu afastamento no período previsto, aplica-
sarcimento da despesa havida com seu afastamento. se o disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servi- comprovada de força maior ou de caso fortuito, a cri-
dores da carreira diplomática. tério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autor- § 7o Aplica-se à participação em programa de pós-
ização de que trata este artigo, inclusive no que se graduação no Exterior, autorizado nos termos do art.
refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas 95 desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo.
em regulamento.
CAPÍTULO VI
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em or- DAS CONCESSÕES
ganismo internacional de que o Brasil participe ou
com o qual coopere dar-se-á com perda total da re- Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor aus-
muneração. entar-se do serviço:
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
SEÇÃO IV II - pelo período comprovadamente necessário para
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

DO AFASTAMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado,


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO em qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela
SENSU NO PAÍS Medida Provisória nº 632, de 2013)
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Adminis- a) casamento;
tração, e desde que a participação não possa ocorrer b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, ma-
simultaneamente com o exercício do cargo ou medi- drasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guar-
ante compensação de horário, afastar-se do exercício da ou tutela e irmãos.
do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para
participar em programa de pós-graduação stricto sen- Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor
su em instituição de ensino superior no País. estudante, quando comprovada a incompatibilidade
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo
definirá, em conformidade com a legislação vigente, do exercício do cargo.

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§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida po de serviço público prestado à União, em cargo de
a compensação de horário no órgão ou entidade que provimento efetivo;
tiver exercício, respeitada a duração semanal do tra- c) para o desempenho de mandato classista ou par-
balho. ticipação de gerência ou administração em sociedade
§ 2o Também será concedido horário especial ao servi- cooperativa constituída por servidores para prestar
dor portador de deficiência, quando comprovada a serviços a seus membros, exceto para efeito de pro-
necessidade por junta médica oficial, independente- moção por merecimento;
mente de compensação de horário. d) por motivo de acidente em serviço ou doença profis-
§ 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas sional;
ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente e) para capacitação, conforme dispuser o regulamen-
com deficiência. to;
§ 4o Será igualmente concedido horário especial, vin- f) por convocação para o serviço militar;
culado à compensação de horário a ser efetivada no IX - deslocamento para a nova sede de que trata o
prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe art. 18;
atividade prevista nos incisos I e II do caput do art. X - participação em competição desportiva nacional
76-A desta Lei. ou convocação para integrar representação desportiva
nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no lei específica;
interesse da administração é assegurada, na locali-
dade da nova residência ou na mais próxima, matrícu- XI - afastamento para servir em organismo internac-
la em instituição de ensino congênere, em qualquer ional de que o Brasil participe ou com o qual coopere.
época, independentemente de vaga. Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposenta-
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao
doria e disponibilidade:
cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados,
servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
Municípios e Distrito Federal;
menores sob sua guarda, com autorização judicial.
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da
família do servidor, com remuneração, que exceder a
CAPÍTULO VII
DO TEMPO DE SERVIÇO 30 (trinta) dias em período de 12 (doze) meses.
III - a licença para atividade política, no caso do art.
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de 86, § 2o;
serviço público federal, inclusive o prestado às Forças IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-
Armadas. dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital,
anterior ao ingresso no serviço público federal;
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita V - o tempo de serviço em atividade privada, vincu-
em dias, que serão convertidos em anos, considerado lada à Previdência Social;
o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias. VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VII - o tempo de licença para tratamento da própria
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea “b”
art. 97, são considerados como de efetivo exercício os do inciso VIII do art. 102.
afastamentos em virtude de: § 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado
I - férias; será contado apenas para nova aposentadoria.
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em § 2o Será contado em dobro o tempo de serviço pre-
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, stado às Forças Armadas em operações de guerra.
Municípios e Distrito Federal; § 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de
III - exercício de cargo ou função de governo ou ad- serviço prestado concomitantemente em mais de um
ministração, em qualquer parte do território nacional, cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes
por nomeação do Presidente da República; da União, Estado, Distrito Federal e Município, autar-
IV - participação em programa de treinamento regu- quia, fundação pública, sociedade de economia mista
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

larmente instituído ou em programa de pós-gradu- e empresa pública.


ação stricto sensu no País, conforme dispuser o regu-
lamento; CAPÍTULO VIII
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, DO DIREITO DE PETIÇÃO
municipal ou do Distrito Federal, exceto para pro-
moção por merecimento; Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de req-
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; uerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado interesse legítimo.
o afastamento, conforme dispuser o regulamento;
VIII - licença: Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade
a) à gestante, à adotante e à paternidade; competente para decidi-lo e encaminhado por inter-
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de médio daquela a que estiver imediatamente subordi-
vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tem- nado o requerente.

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Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade Do Regime Disciplinar
que houver expedido o ato ou proferido a primeira de-
cisão, não podendo ser renovado. TÍTULO IV
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de recon- DO REGIME DISCIPLINAR
sideração de que tratam os artigos anteriores deverão
ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos O regime disciplinar do servidor público civil federal
dentro de 30 (trinta) dias. está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres
e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: am-
Art. 107. Caberá recurso: bos deveres e proibições são normas protetivas da boa
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito,
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in- cabível é uma punição. Deve-se notar, porém, que os de-
terpostos. veres constam da lei como ações, como conduta positiva;
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediata- as proibições, ao contrário, são descritas como condutas
mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido vedadas ao servidor, de modo que ele deve abster-se de
a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às praticá-las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não
demais autoridades. de modo exaustivo, porque o servidor deve obediência a
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da todas as normas legais ou infralegais, e o próprio inciso
autoridade a que estiver imediatamente subordinado III do referido dispositivo é, de certa maneira, uma norma
o requerente. disciplinar em branco4.
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de re- “Estes dispositivos preveem, basicamente, um con-
consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a con- junto de normas de conduta e de proibições impostas
tar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da pela lei aos servidores por ela abrangidos, tendo em
decisão recorrida. vista a prevenção, a apuração e a possível punição de
atos e omissões que possam por em risco o funciona-
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito sus- mento adequado da administração pública, do posto de
pensivo, a juízo da autoridade competente.
vista ético, do ponto de vista da eficiência e do ponto
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido
de vista da legalidade. Decorrem, estes dispositivos, do
de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão
denominado Poder Disciplinar que é aquele conferido à
retroagirão à data do ato impugnado.
Administração com o objetivo de manter sua disciplina
interna, na medida em que lhe atribui instrumentos para
Art. 110. O direito de requerer prescreve:
punir seus servidores (e também àqueles que estejam a
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão
ela vinculados por um instrumento jurídico determinado
e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade,
ou que afetem interesse patrimonial e créditos result- - particulares contratados pela Administração). [...]“O dis-
antes das relações de trabalho; posto no Título IV da lei nº 8.112/90 prevê basicamente
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo um conjunto de obrigações impostas aos servidores por
quando outro prazo for fixado em lei. ela regidos. Tais obrigações, ora positivas (os denomina-
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado dos Deveres – art. 116), ora negativas (as denominadas
da data da publicação do ato impugnado ou da data Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas ensejam sua
da ciência pelo interessado, quando o ato não for pub- imediata apuração (art. 143) e uma vez comprovadas im-
licado. portam na responsabilização administrativa, a desafiar,
então, a aplicação de uma das sanções administrativas
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, (art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 declara
quando cabíveis, interrompem a prescrição. que a responsabilidade administrativa resulta da prática
de ato omissivo (quando o servidor deixa de cumprir os
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não poden- deveres a ele impostos) ou comissivo (quando viola proi-
do ser relevada pela administração. bição) praticado no desempenho do cargo ou função”5.

Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é as- CAPÍTULO I


segurada vista do processo ou documento, na repar- DOS DEVERES
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tição, ao servidor ou ao procurador por ele constituído.


Art. 116. São deveres do servidor:
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. são em muito compatíveis com os previstos no Código
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos esta- de Ética profissional do Servidor Público Civil do Poder
belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior. Executivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem al-
Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição, gumas das condutas esperadas do servidor público
assegurado a todos: “são a todos assegurados, inde- 4 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos
pendentemente do pagamento de taxas: a) o direito servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar-
de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
em: 11 ago. 2013.
ou contra ilegalidade ou abuso de poder;”. Os artigos
5 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
acima descrevem o direito de petição específico dos cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
servidores públicos. br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

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quando do desempenho de suas funções. Em resumo, “O servidor integra a estrutura organizacional do ór-
o servidor público deve desempenhar suas funções com gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado
cuidado, rapidez e pontualidade, sendo leal à instituição se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro
que compõe, respeitando as ordens de seus superio- dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e
res que sejam adequadas às funções que desempenhe funções que servem ao cumprimento da vontade do ente
e buscando conservar o patrimônio do Estado. No tra- estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o
tamento do público, deve ser prestativo e não negar o que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierar-
acesso a informações que não sejam sigilosas. Caso pre- quia existe para que do alto escalão até a prática dos
sencie alguma ilegalidade ou abuso de poder, deve de- administrados as coisas funcionem. Disso decorre que
nunciar. Tomam-se como base os ensinamentos de Lima6 quando é emitida uma ordem para o servidor subordi-
a respeito destes deveres: nado, este deve dar cumprimento ao comando. Porém
quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária, incons-
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do titucional ou absurda, o servidor não é obrigado a dar
cargo; seguimento ao que lhe é ordenado. Quando a ordem é
“O primeiro dos deveres insculpidos no regime esta- manifestamente ilegal? Há uma margem de interpreta-
tutário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribui- ção, principalmente se o servidor subordinado não tiver
ções funcionais e também ao cuidado com a economia nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é o bom
do material, os bens da repartição e o patrimônio públi- senso que irá margear o que é flagrantemente incons-
co. Sob o prisma da disciplina e da conservação dos bens titucional”.
e materiais da repartição, o servidor deve sempre agir
com dedicação no desempenho das funções do cargo V - atender com presteza:
que ocupa, e que lhe foram atribuídas desde o termo de a) ao público em geral, prestando as informações req-
posse. O servidor não é o dono do cargo. Dono do car- ueridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
go é o Estado que o remunera. Se o referido cargo não b) à expedição de certidões requeridas para defesa
lhe pertence, o servidor deve exercer suas funções com de direito ou esclarecimento de situações de interesse
o máximo de zelo que estiver ao seu alcance. Sua even- pessoal;
tual menor capacidade de desempenho, para não con- c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
figurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá
ser compensada com um maior esforço e dedicação de “Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
sua parte. Se um servidor altamente preparado e capaz, público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a
vem a praticar atos que configurem desídia ou mesmo imagem desagradável que o mesmo possui perante a so-
falta mais grave, poderá vir a ser punido. Porque o que ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimen-
se julgará não é a pessoa do servidor, mas a conduta a to a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta
ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas às atri- engloba o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O
buições específicas de sua atividade. O servidor deve ter servidor público tem que ser expedito, diligente, laborio-
zelo não somente com os bens e interesses imateriais (a so. Não há mais lugar para o burocrata que se afasta do
imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o administrado, dificultando a vida de quem necessita de
sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e atendimento rápido e escorreito. Entretanto, há um lon-
interesses patrimoniais do Estado”. go caminho a ser percorrido até que se atinja um mínimo
ideal de atendimento e de funcionamento dos órgãos
II - ser leal às instituições a que servir; públicos, o que deve necessariamente passar por crité-
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas rios de valorização dos servidores bons e de treinamento
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal e qualificação permanente dos quadros de pessoal”.
à instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucio-
nal é que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
o dever de lealdade está inserido no Estatuto como nor- razão do cargo ao conhecimento da autoridade su-
ma programática, orientadora da conduta dos servido- perior ou, quando houver suspeita de envolvimento
res”. desta, ao conhecimento de outra autoridade compe-
tente para apuração;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - observar as normas legais e regulamentares;


“A função desta norma é de não deixar sem resposta “Todo servidor público é obrigado a dar conhecimen-
qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a ne- to ao chefe da repartição acerca das irregularidades de
cessária correlação nesses casos que temos de fazer do art. que toma conhecimento no exercício de suas atribuições.
116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra Deve levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sis-
lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”. tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias
ou divisões detêm um conhecimento maior de como cor-
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando rigir o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a
manifestamente ilegais; devida apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de
um ato irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros.
6 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos Além do dever de sigilo, há assuntos que exigem certas
servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar- reservas, visando ao bem do serviço público, da seguran-
tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
ça nacional e mesmo da sociedade”.
em: 11 ago. 2013.

30
VII - zelar pela economia do material e a conservação com comportamento incompatível com a moralidade
do patrimônio público; administrativa, poderá estar sujeito a sanção disciplinar.
Seu ato ímprobo ou imoral configura o chamado des-
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela eco- vio de poder, que é totalmente abominável no Direito
nomia e pela conservação dos bens públicos presta um Administrativo e poderá ser anulado interna corporis ou
desserviço à nação que lhe remunera. E como se verá judicialmente através da ação popular, ação de ressarci-
adiante poderá ser causa inclusive de demissão, se não mento ao erário e ação civil pública se o ato violar direito
cumprir o presente dever, quando por descumprimento coletivo ou transindividual”.
dele a gravidade do fato implicar a infração a normas
mais graves”. X - ser assíduo e pontual ao serviço;
“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
“O agente público deve guardar sigilo sobre o que se te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
passa na repartição, principalmente quanto aos assun- aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o
tos oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de que comparece no horário para as reuniões de trabalho e
2011, hoje está regulamentado o acesso às informações. demais atividades relacionadas com o exercício do cargo
Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o
fornecimento ou divulgação das informações exigem um dever violado, seja por impontualidade, seja por inassi-
procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a duidade (que ainda não aquela inassiduidade habitual de
informação possa expor a intimidade da pessoa huma- 60 dias ensejadora de demissão), merece reprimenda de
na. As informações pessoais dos administrados em geral advertência, com fins educativos e de correção do servi-
devem ser tratadas forma transparente e com respeito à dor”.
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pes-
soas, bem como às liberdades e garantias individuais, se- XI - tratar com urbanidade as pessoas;
gundo o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção para “No mundo moderno, e máxime em nossa civilização
o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão em ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur-
termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, poden- bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo
do ter autorizada a divulgação ou o acesso por terceiros da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e
quando haja previsão legal. Outra exceção é quando há que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços
o consentimento expresso da pessoa a que elas se refe- públicos”.
rirem. No caso de cumprimento de ordem judicial, para XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
a defesa de direitos humanos, e quando a proteção do de poder.
interesse público e geral preponderante o exigir, tam- Parágrafo único. A representação de que trata o inci-
bém devem ser fornecidas as informações. Portanto, o so XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada
servidor há que ter reserva no seu comportamento e fala, pela autoridade superior àquela contra a qual é for-
esquivando-se de revelar o conteúdo do que se passa no mulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.
seu trabalho. Se o assunto pululante é uma irregularida- Caso o funcionário público denuncie outro servidor,
de absurda, deve então reduzir a escrito e representar esta representação será encaminhada a alguém que seja
para que se apure o caso. Deveriam diminuir as conver- superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direi-
sas de corredor e se efetivar a apuração dos fatos através to à ampla defesa.
do processo administrativo disciplinar. Os assuntos ob- “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento
às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
jeto do serviço merecem reserva. Devem ficar circunscri-
ciência em razão do cargo, principalmente no processo
tos aos servidores designados para o respectivo trabalho
em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
interno, não devendo sair da seção ou setor de trabalho,
suas vistas. Não é concebível que o servidor se defron-
sem o trâmite hierárquico do chefe imediato. Se o assunto
te com uma irregularidade administrativa e fique inerte.
ou o trabalho, enfim, merecer divulgação mais ampla, deve
Deve provocar quem de direito para que a irregularidade
ser contatado o órgão de assessoria de comunicação social,
seja sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu
que saberá proceder de forma oficial, obedecendo ao bom círculo de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá re-
senso e às leis vigentes”. presentar aos órgãos superiores. Assim é que o dever de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

informar acerca de irregularidades anda de braço dado


IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- com o dever de representar. Não surtindo efeito a notí-
ministrativa; cia da irregularidade, não corrigida esta, sobrevém o de-
ver de representar. O dever de representação não deixa
“O ato administrativo não se satisfaz somente com o de ser uma prerrogativa legal, investindo o servidor de
ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser um múnus público importante, constituindo o servidor
compatível com a moralidade administrativa. O agente em um curador legal do ente público. O mais humilde
deve se comportar em seus atos de maneira proba, es- servidor passa a ser um agente promotor de legalidade.
correita, séria, não atuando com intenções escusas e des- É claro o inciso XII do art. 116 quando diz que é dever
virtuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por do servidor “representar contra ilegalidade, omissão ou
exemplo, para satisfação de interesses menores, como abuso de poder”. De modo que também a omissão pode
realizar a prática de determinado ato para beneficiar uma ensejar a representação. A omissão do agente que ile-
amante ou um parente. Se o agente viola o dever de agir galmente não pratica ato a que se acha vinculado pode

31
até configurar o ilícito penal de prevaricação. O dever de O direito de associação é livre, não podendo um fun-
representação deve ser privilegiado, mas deve ser usado cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical
com o devido equilíbrio, não podendo servir a finalida- ou politicamente.
des egoísticas, político-partidárias, induzido por inimiza-
des de cunho pessoal, o que de pronto trespassará o re- VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
presentante de autor a réu por prática de abuso de poder função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
ou denunciação caluniosa”. até o segundo grau civil;

Capítulo II É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos,


Das Proibições neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o
favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri-
Art. 117. Ao servidor é proibido: mento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que
Em contraposição aos deveres do servidor público, diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto
existem diversas proibições, que também estão em boa nº 7.203, de 4 de junho de 2010 dispõe sobre a vedação
parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação do nepotismo no âmbito da administração pública federal.
dos deveres ou a prática de alguma das violações abaixo
descritas caracterizam infração administrativa disciplinar. Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge,
“Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
sua objetividade e taxatividade, o que veda sua amplia- afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
ção e o uso de interpretações analógicas ou sistemáticas nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, in-
visto serem condutas restritivas de direitos, sujeitas, por- vestido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
tanto, ao princípio da reserva legal. O descumprimento para o exercício de cargo em comissão ou de confiança,
dessas proibições podem inclusive, ensejar o enquadra- ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública
mento penal do servidor, pois muitas das condutas ali
direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos
descritas, configuram prática de delito penal”7.
Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreen-
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
dido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
prévia autorização do chefe imediato;
Constituição Federal.” Obs.: se o concurso pedir pelo en-
Violação do dever de assiduidade.
tendimento jurisprudencial, vá pela súmula, mas se não
mencionar nada se atenha ao texto da lei, visto que há
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
petente, qualquer documento ou objeto da repartição; pequenas variações entre o texto da súmula e o da lei.
Violação do dever de zelo com o patrimônio público.
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
III - recusar fé a documentos públicos; de outrem, em detrimento da dignidade da função
É dever do servidor público conferir fé aos documen- pública;
tos públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança O cargo público serve apenas aos interesses da admi-
que seu cargo possui. Violação do dever de transparên- nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos inte-
cia. resses pessoais do servidor.

IV - opor resistência injustificada ao andamento de X - participar de gerência ou administração de so-


documento e processo ou execução de serviço; ciedade privada, personificada ou não personificada,
Não cabe impedir que o trâmite da administração exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista,
seja alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever cotista ou comanditário;
de celeridade e eficiência, bem como de impessoalidade. Não cabe ao servidor público administrar sociedade
privada, o que pode comprometer sua eficiência e impar-
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no cialidade no exercício da função pública. No princípio, ou
recinto da repartição; seja, na redação original do Estatuto era proibida apenas a
participação do servidor como sócio gerente ou administra-
Violação do dever de discrição.
dor de empresa privada, exceto na qualidade de mero cotista,
acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa pode até
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
não estar personificada, por exemplo, não estar devidamente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

casos previstos em lei, o desempenho de atribuição


constituída e registrada nos órgãos competentes (Junta Co-
que seja de sua responsabilidade ou de seu subordi-
mercial, fisco estadual, municipal, distrital e federal, e órgãos
nado;
de controle: ambiental, trabalhista etc.). Comprovada detida-
Quem é designado para o desempenho de uma fun-
mente a gerência ou administração da sociedade particular
ção pública deve desempenhá-la, não podendo designar em concomitância com a pretensa carga horária da repartição
outra pessoa para prestar seus serviços ou de seu subor- pública, deve ser aplicada a penalidade de demissão.
dinado.
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí-
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o
partido político; segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
7 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi- Não cabe atuar como procurador perante repartições
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
públicas de forma profissional. Daí a limitação à atua-
br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

32
ção como representante de parente até segundo grau
(irmãos, ascendentes e descendentes, cônjuges e com- #FicaDica
panheiros). Proibições puníveis com demissão:
- Utilizar recursos pessoais e materiais
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem para atividades particulares;
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; - Valer-se do cargo para lograr proveito
A percepção de vantagem indevida gerando enrique- pessoal;
cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade - Proceder de forma desidiosa;
administrativa de maior gravidade, bem como crime de - Praticar usura;
corrupção passiva. - Aceitar comissão, emprego, pensão de
Estado estrangeiro;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
- Receber propina, comissão, presente ou
estrangeiro;
qualquer outra vantagem;
Trata-se de indício da intenção de praticar atos con-
- Atuar como procurador ou intermediário
trários ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado.
(salvo benefício ou assistência previdenci-
ária de cônjuge, companheiro ou paciente
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
até 2o grau);
Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di-
nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As - Participar de sociedade privada (gerên-
atividades de empréstimo somente podem ser desempe- cia/administração, personificada/não) ou
nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas. comércio (salvo acionista, cotista ou co-
manditário).
XV - proceder de forma desidiosa;
Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência.
CAPÍTULO III
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar-
DA ACUMULAÇÃO
tição em serviços ou atividades particulares;
O aparato da administração pública pertence ao Esta-
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constitu-
do, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades par-
ição, é vedada a acumulação remunerada de cargos
ticulares.
públicos.
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal:
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
cia e transitórias; É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
Cada servidor público tem sua atribuição legal, não cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
salvo em caso de extrema necessidade. a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom- científico;
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
horário de trabalho; sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
violação ao princípio da imparcialidade. Segundo Carvalho Filho8, “o fundamento da proibição é
impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
quando solicitado. ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
A atualização de dados cadastrais é necessária para tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
manter a administração ciente da situação de seu ser- detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
vidor. -se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do vencimentos por uma das fontes, não incide a regra consti-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: tucional proibitiva”.
I - participação nos conselhos de administração e fis- § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
cal de empresas ou entidades em que a União deten- pregos e funções em autarquias, fundações públicas,
ha, direta ou indiretamente, participação no capital empresas públicas, sociedades de economia mista da
social ou em sociedade cooperativa constituída para União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios
prestar serviços a seus membros; e e dos Municípios.
II - gozo de licença para o trato de interesses particu- A proibição vale tanto para a administração direta
lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legis- quanto para a indireta.
lação sobre conflito de interesses. § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
condicionada à comprovação da compatibilidade de
Nestes casos, é possível participar diretamente da ad- horários.
ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal 8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
não será comprometido. trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

33
Se o Estado pretende que o desempenho de ativida- CAPÍTULO IV
de cumulada não gere prejuízo à função pública, correto DAS RESPONSABILIDADES
que exija a comprovação de compatibilidade de horários;
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra-
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven- tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proven-
tos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis-
essas remunerações forem acumuláveis na atividade. sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o prejuízo ao erário ou a terceiros.
agente se aposente do serviço público e continue o exer- § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado
cendo, recebendo aposentadoria e salário. ao erário somente será liquidada na forma prevista
no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um execução do débito pela via judicial.
cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará- § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, respon-
grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela par- derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
ticipação em órgão de deliberação coletiva. regressiva.
Cargo em comissão é aquele que não exige aprova- § 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos
ção em concurso público, sendo designado para o exer-
sucessores e contra eles será executada, até o limite do
cício por possuir um vínculo de confiança com o supe-
valor da herança recebida.
rior. Somente é possível exercer 1, salvo interinamente.
Da mesma forma, não cabe remuneração por participar
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes
de órgão de deliberação coletiva.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica e contravenções imputadas ao servidor, nessa quali-
à remuneração devida pela participação em consel- dade.
hos de administração e fiscal das empresas públicas
e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resul-
controladas, bem como quaisquer empresas ou enti- ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem-
dades em que a União, direta ou indiretamente, de- penho do cargo ou função.
tenha participação no capital social, observado o que,
a respeito, dispuser legislação específica. Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po-
O exercício de função em determinados conselhos de derão cumular-se, sendo independentes entre si.
administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de
exceção ao caput. Art. 126. A responsabilidade administrativa do servi-
dor será afastada no caso de absolvição criminal que
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que negue a existência do fato ou sua autoria.
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando in-
vestido em cargo de provimento em comissão, ficará Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipó- zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên-
tese em que houver compatibilidade de horário e local cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita
com o exercício de um deles, declarada pelas autori- de envolvimento desta, a outra autoridade competen-
dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. te para apuração de informação concernente à prática
Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in- de crimes ou improbidade de que tenha conhecimen-
vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos to, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
cargos efetivos a não ser que exista compatibilidade de emprego ou função pública.
horários e local com um deles, caso em que se afastará
de somente um cargo efetivo. Este dispositivo visa garantir que os servidores públi-
“Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem
cos denunciem os servidores hierarquicamente superio-
da acumulação de cargos e funções públicas, regulamen-
res. Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem
tam, no âmbito do serviço público federal a vedação ge-
ser responsabilizados civil, penal ou administrativamente
nérica constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Cons-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tituição da República. De fato, a acumulação ilícita de por tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse
cargos públicos constitui uma das infrações mais comuns que ela não procedia.
praticadas por servidores públicos, o que se constata ob-
servando o elevado número de processos administrati- CAPÍTULO V
vos instaurados com esse objeto. O sistema adotado pela DAS PENALIDADES
lei nº 8.112/90 é relativamente brando, quando cotejado
com outros estatutos de alguns Estados, visto que propi- Art. 127. São penalidades disciplinares:
cia ao servidor incurso nessa ilicitude diversas oportuni- I - advertência;
dades para regularizar sua situação e escapar da pena de II - suspensão;
demissão. Também prevê a lei em comentário, um pro- III - demissão;
cesso administrativo simplificado (processo disciplinar de IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
rito sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 9.
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
9 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi- br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

34
V - destituição de cargo em comissão; Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não
VI - destituição de função comissionada. surtirá efeitos retroativos.
A advertência é a pena mais leve, um aviso de que O bom comportamento posterior do servidor faz com
o funcionário se portou de forma inadequada e de que que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspen-
isso não deve se repetir. A suspensão é uma sanção in- são (após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que
termediária, fazendo com que o funcionário deixe de não significa que o servidor poderá requerer, por exem-
desempenhar o cargo por certo período. Na demissão, plo, o pagamento referente aos dias que ficou suspenso.
o funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim
sanção mais grave. Outras sanções são cassação da apo- Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes ca-
sentadoria ou disponibilidade, destituição do cargo em sos:
comissão, destituição da função comissionada. I - crime contra a administração pública;
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consid- Artigos 312 a 326 do Código Penal.
eradas a natureza e a gravidade da infração cometida, II - abandono de cargo;
os danos que dela provierem para o serviço público, III - inassiduidade habitual;
as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante- Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex-
cedentes funcionais. cesso.
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade
IV - improbidade administrativa;
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da
Atos descritos na Lei n° 8.429/92.
sanção disciplinar.
De forma fundamentada, justificada, se escolherá por uma
ou outra sanção, conforme a gravidade do ato praticado. V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
repartição;
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos Ausência de discrição no exercício das funções.
casos de violação de proibição constante do art. 117,
incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever fun- VI - insubordinação grave em serviço;
cional previsto em lei, regulamentação ou norma Violação grave do dever de obediência hierárquica.
interna, que não justifique imposição de penalidade
mais grave. VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particu-
Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117. A lar, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra viola- Ofensa física a servidor ou administrado que não para
ção de dever funcional que não exija sanção mais grave. se defender.

Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de re- VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
incidência das faltas punidas com advertência e de IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
violação das demais proibições que não tipifiquem in- razão do cargo;
fração sujeita a penalidade de demissão, não podendo X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do
exceder de 90 (noventa) dias. patrimônio nacional;
A suspensão é uma sanção administrativa interme- XI - corrupção;
diária, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
repetirem ou em caso de infração grave que ainda assim ções públicas;
não gere pena de demissão. Na verdade, são atos de improbidade administrativa,
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias então nem precisariam ser mencionados.
o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser
submetido a inspeção médica determinada pela au- XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
toridade competente, cessando os efeitos da penali- Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117.
dade uma vez cumprida a determinação.
Trata-se de hipótese específica em que será aplicada
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação
suspensão.
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a au-
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a
toridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

penalidade de suspensão poderá ser convertida em


por intermédio de sua chefia imediata, para apresen-
multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia
tar opção no prazo improrrogável de dez dias, con-
de vencimento ou remuneração, ficando o servidor
obrigado a permanecer em serviço. tados da data da ciência e, na hipótese de omissão,
Se for inconveniente para a administração pública abrir adotará procedimento sumário para a sua apuração e
mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu vencimen- regularização imediata, cujo processo administrativo
to/remuneração diário pelo número de dias de suspensão. disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:
O servidor não poderá se recusar a permanecer em serviço. I - instauração, com a publicação do ato que consti-
tuir a comissão, a ser composta por dois servidores
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspen- estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a ma-
são terão seus registros cancelados, após o decurso de terialidade da transgressão objeto da apuração;
3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectiva- II - instrução sumária, que compreende indiciação, de-
mente, se o servidor não houver, nesse período, prati- fesa e relatório;
cado nova infração disciplinar. III - julgamento.

35
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I Supondo que o servidor tenha praticado ato punível
dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a ma- com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evi-
terialidade pela descrição dos cargos, empregos ou tará que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele
funções públicas em situação de acumulação ilegal, seria demitido se no exercício das funções.
dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de
ingresso, do horário de trabalho e do correspondente Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido
regime jurídico. por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos
§ 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação casos de infração sujeita às penalidades de suspensão
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que e de demissão.
serão transcritas as informações de que trata o pará- Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata
grafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art.
do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia 35 será convertida em destituição de cargo em comis-
imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar de- são.
fesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na Logo, a destituição do cargo em comissão por quem
repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164. não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis-
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demis-
relatório conclusivo quanto à inocência ou à respon- são, mas também os sujeitos à pena de suspensão.
sabilidade do servidor, em que resumirá as peças prin-
cipais dos autos, opinará sobre a licitude da acumu- Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em co-
lação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132,
e remeterá o processo à autoridade instauradora, para implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
julgamento. ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento Nos casos de demissão e destituição do cargo em co-
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua missão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimen-
decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto to do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação
no § 3o do art. 167. penal própria.
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em co-
para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que missão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI,
se converterá automaticamente em pedido de exoner- incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura
ação do outro cargo. em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lo-
má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição grar proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da
ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em dignidade da função pública ou que tenha atuado como
relação aos cargos, empregos ou funções públicas procurador ou intermediário, junto a repartições públi-
em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os cas, salvo em hipóteses específicas, não poderá ser in-
órgãos ou entidades de vinculação serão comunica- vestido em cargo público federal pelo prazo de 5 anos.
dos.
§ 7o O prazo para a conclusão do processo adminis- Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço
trativo disciplinar submetido ao rito sumário não ex- público federal o servidor que for demitido ou destituí-
cederá trinta dias, contados da data de publicação do do do cargo em comissão por infringência do art. 132,
ato que constituir a comissão, admitida a sua pror- incisos I, IV, VIII, X e XI.
rogação por até quinze dias, quando as circunstâncias Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes ca-
o exigirem. sos, não caberá jamais retorno ao serviço público federal,
§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições diante da gravidade dos atos praticados.
deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável,
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência in-
desta Lei. tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias
consecutivos.
O artigo descreve o procedimento em caso de vio- Conceito de abandono de cargo: ausência intencional
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lação do dever de não acumular cargos ilicitamente. No por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão.
início, o servidor será notificado para se manifestar op-
tando por um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta
a opção, será instaurado processo administrativo disci- ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, in-
plinar. Nele, o servidor poderá apresentar defesa no sen- terpoladamente, durante o período de doze meses.
tido de ser lícita a cumulação. Mas até o último dia do Conceito de inassiduidade habitual, que também
prazo para defesa o servidor poderá optar por um caso, gera demissão: ausência por 60 dias num período de 12
caso em que o procedimento se converterá em pedido meses de forma injustificada.
de exoneração do cargo não escolhido, presumindo-se a
boa-fé do servidor. Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas-
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibi- siduidade habitual, também será adotado o procedi-
lidade do inativo que houver praticado, na atividade, mento sumário a que se refere o art. 133, observando-
falta punível com a demissão. se especialmente que:

36
I - a indicação da materialidade dar-se-á: § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli-
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação cam-se às infrações disciplinares capituladas também
precisa do período de ausência intencional do servidor como crime.
ao serviço superior a trinta dias; § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação processo disciplinar interrompe a prescrição, até a de-
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por cisão final proferida por autoridade competente.
período igual ou superior a sessenta dias interpolada-
mente, durante o período de doze meses; § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo
II - após a apresentação da defesa a comissão elabo- começará a correr a partir do dia em que cessar a in-
rará relatório conclusivo quanto à inocência ou à re- terrupção.
sponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo direito de acionar judicialmente.
legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, so- No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais
bre a intencionalidade da ausência ao serviço superior graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de
a trinta dias e remeterá o processo à autoridade in- suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de
stauradora para julgamento. advertência) - Contados da data em que o fato se tornou
Por indicação de materialidade, entenda-se demons- conhecido pela administração pública.
tração do fato. É preciso indicar especificamente os dias Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos
faltados. prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
Adota-se o procedimento do art. 133. favoráveis ao servidor.
Interrupção da prescrição significa parar a contagem
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber-
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e até a decisão final proferida por autoridade competente
pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo co-
de demissão e cassação de aposentadoria ou disponi-
meça a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais
bilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
propor ação disciplinar.
órgão, ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
imediatamente inferior àquelas mencionadas no in- #FicaDica
ciso anterior quando se tratar de suspensão superior
a 30 (trinta) dias; Penalidades:
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na - Advertência – artigo 117, I a VIII e XIX;
forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, - Suspensão – reincidência em infração pu-
nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 nível com advertência, incumbência a outro
(trinta) dias; servidor de atribuições estranhas ao cargo,
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, exercício de atividades incompatíveis com
quando se tratar de destituição de cargo em comissão. cargo ou função;
Presidente da República/Presidentes da Câmara dos - Demissão – artigo 132, inclusive reincidên-
Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tri- cia em infração punível com suspensão.
bunais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Pro-
curador-Geral da República - demissão ou cassação de
aposentadoria/disponibilidade do servidor vinculado ao PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
órgão (sanções mais graves).
Autoridade administrativa de hierarquia imediata- TÍTULO V
mente inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30 DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
dias (sanção de suspensão, de gravidade intermediária,
por maior período). CAPÍTULO I
Chefe da repartição e outras autoridades previstas no DISPOSIÇÕES GERAIS
regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

(sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregulari-
menor período). dade no serviço público é obrigada a promover a sua
Autoridade que houver feito a nomeação, em qual- apuração imediata, mediante sindicância ou processo
quer cargo de comissão, independente da pena. administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
ampla defesa.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: §§ 1º e 2º (Revogados)
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili- da autoridade a que se refere, poderá ser promovida
dade e destituição de cargo em comissão; por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. competência específica para tal finalidade, delegada
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em em caráter permanente ou temporário pelo Presidente
que o fato se tornou conhecido. da República, pelos presidentes das Casas do Poder

37
Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador- Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co-
Geral da República, no âmbito do respectivo Poder, missão composta de três servidores estáveis designa-
órgão ou entidade, preservadas as competências para dos pela autoridade competente, observado o disposto
o julgamento que se seguir à apuração. no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
objeto de apuração, desde que contenham a identifi- superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolari-
cação e o endereço do denunciante e sejam formula- dade igual ou superior ao do indiciado.
das por escrito, confirmada a autenticidade. § 1º A Comissão terá como secretário servidor desig-
Parágrafo único. Quando o fato narrado não con- nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair
figurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a em um de seus membros.
denúncia será arquivada, por falta de objeto. § 2º Não poderá participar de comissão de sindicância
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou co-
I - arquivamento do processo; lateral, até o terceiro grau.
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
são de até 30 (trinta) dias; Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com
III - instauração de processo disciplinar. independência e imparcialidade, assegurado o sigilo
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân- necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inter-
cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser pror- esse da administração.
rogado por igual período, a critério da autoridade su- Parágrafo único. As reuniões e as audiências das co-
perior. missões terão caráter reservado.

Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por seguintes fases:
mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de I - instauração, com a publicação do ato que constituir
aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de a comissão;
cargo em comissão, será obrigatória a instauração de II - inquérito administrativo, que compreende in-
processo disciplinar. strução, defesa e relatório;
A sindicância é uma modalidade mais branda de apu- III - julgamento.
ração da infração administrativa porque ou gerará a apli-
cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá Art. 152. O prazo para a conclusão do processo dis-
o processo administrativo disciplinar que aplique a san- ciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da
ção mais grave, entendendo-se por sanções mais graves
data de publicação do ato que constituir a comissão,
qualquer uma pior do que suspensão por menos de 30
admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando
dias (suspensão por mais de 30 dias, além de todas as
as circunstâncias o exigirem.
outras que geram perda do cargo ou da aposentadoria).
§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem-
CAPÍTULO II
po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servi- § 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas
dor não venha a influir na apuração da irregularidade, que deverão detalhar as deliberações adotadas.
a autoridade instauradora do processo disciplinar
poderá determinar o seu afastamento do exercício do Este capítulo introduz aspectos sobre o processo ad-
cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem pre- ministrativo que serão aprofundados adiante e na própria
juízo da remuneração. lei nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo adminis-
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado trativo deve garantir a ampla defesa, será conduzido por
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, uma comissão de 3 membros funcionários estáveis que
ainda que não concluído o processo. decidirão com independência e imparcialidade, divide-se
O afastamento preventivo é uma medida cautelar que em 3 fases e possui prazo limite de duração (60, even-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

impede que o servidor tente influenciar na decisão da tualmente +60).


apuração de sua infração, podendo ocorrer por no máxi-
mo 60 dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de re- SEÇÃO I
muneração (afinal, ainda não foi condenado). DO INQUÉRITO

CAPÍTULO III Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao


DO PROCESSO DISCIPLINAR princípio do contraditório, assegurada ao acusado
ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento des- admitidos em direito.
tinado a apurar responsabilidade de servidor por in-
fração praticada no exercício de suas atribuições, ou Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro-
que tenha relação com as atribuições do cargo em que cesso disciplinar, como peça informativa da instrução.
se encontre investido. Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sin-

38
dicância concluir que a infração está capitulada como Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
ilícito penal, a autoridade competente encaminhará có- processado em auto apartado e apenso ao processo
pia dos autos ao Ministério Público, independentemente principal, após a expedição do laudo pericial.
da imediata instauração do processo disciplinar. Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formu-
lada a indiciação do servidor, com a especificação dos
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá fatos a ele imputados e das respectivas provas.
a tomada de depoimentos, acareações, investigações § 1º O indiciado será citado por mandado expedido
e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, pelo presidente da comissão para apresentar defesa
recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe
vista do processo na repartição.
modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom-
comum e de 20 (vinte) dias.
panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo
procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir dobro, para diligências reputadas indispensáveis.
provas e contraprovas e formular quesitos, quando se § 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente
tratar de prova pericial. na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á
§ 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos da data declarada, em termo próprio, pelo membro
considerados impertinentes, meramente protelatórios, da comissão que fez a citação, com a assinatura de (2)
ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fa- duas testemunhas.
tos.
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica
a comprovação do fato independer de conhecimento obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá
especial de perito. ser encontrado.

Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me- Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e
diante mandado expedido pelo presidente da comis- não sabido, será citado por edital, publicado no Diário
são, devendo a segunda via, com o ciente do interes- Oficial da União e em jornal de grande circulação na
sado, ser anexado aos autos. localidade do último domicílio conhecido, para apre-
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, sentar defesa.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo
a expedição do mandado será imediatamente comu-
para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última
nicada ao chefe da repartição onde serve, com a indi-
publicação do edital.
cação do dia e hora marcados para inquirição.
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regu-
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re- larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê- § 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do
lo por escrito. processo e devolverá o prazo para a defesa.

§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente. § 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade in-
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que stauradora do processo designará um servidor como
se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os de- defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo
poentes. efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a
comissão promoverá o interrogatório do acusado, ob- Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará
servados os procedimentos previstos nos arts. 157 e relatório minucioso, onde resumirá as peças principais
158. dos autos e mencionará as provas em que se baseou
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles para formar a sua convicção.
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à in-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

será ouvido separadamente, e sempre que divergirem


ocência ou à responsabilidade do servidor.
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias,
§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-
será promovida a acareação entre eles.
missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar
§ 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in- transgredido, bem como as circunstâncias agravantes
terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, ou atenuantes.
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co-
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermé- missão, será remetido à autoridade que determinou a
dio do presidente da comissão. sua instauração, para julgamento.
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental O inquérito é uma das fases do processo adminis-
do acusado, a comissão proporá à autoridade competente trativo disciplinar, obedecendo às regras descritas nes-
que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, ta seção, destacando-se as que tratam da produção de
da qual participe pelo menos um médico psiquiatra. provas.

39
SEÇÃO II II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
DO JULGAMENTO obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para
a realização de missão essencial ao esclarecimento
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do re- dos fatos.
cebimento do processo, a autoridade julgadora profer-
irá a sua decisão. Nesta seção, trata-se do julgamento do processo ad-
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada ministrativo disciplinar, que não será feito pela comissão,
da autoridade instauradora do processo, este será en- mas pela autoridade competente para aplicar a sanção.
caminhado à autoridade competente, que decidirá em Afinal, a comissão apenas indica qual o ato praticado
igual prazo. pelo indiciamento. Se houver mais de um indiciado e as
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções forem diversas, julga a autoridade de maior nível
sanções, o julgamento caberá à autoridade compe- hierárquico. Ex: autoridade que pode aplicar suspensão
tente para a imposição da pena mais grave. não pode aplicar demissão, de forma que se a um dos
§ 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cas- indiciados couber demissão será a autoridade que pode
sação de aposentadoria ou disponibilidade, o jul- aplicar esta pena que aplicará também a suspensão ao
gamento caberá às autoridades de que trata o inciso outro indiciado.
I do art. 141.
§ 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servi- SEÇÃO III
dor, a autoridade instauradora do processo determi- DA REVISÃO DO PROCESSO
nará o seu arquivamento, salvo se flagrantemente
contrária à prova dos autos. Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto,
a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comis- aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de
são, salvo quando contrário às provas dos autos. justificar a inocência do punido ou a inadequação da
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão penalidade aplicada.
contrariar as provas dos autos, a autoridade julga- § 1º Em caso de falecimento, ausência ou desapareci-
dora poderá, motivadamente, agravar a penalidade mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá
proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de respon- requerer a revisão do processo.
sabilidade. § 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a
revisão será requerida pelo respectivo curador.
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe
a autoridade que determinou a instauração do pro- ao requerente.
cesso ou outra de hierarquia superior declarará a sua
nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, Art. 176. A simples alegação de injustiça da penali-
a constituição de outra comissão para instauração de dade não constitui fundamento para a revisão, que
novo processo. requer elementos novos, ainda não apreciados no
processo originário.
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica
nulidade do processo. Art. 177. O requerimento de revisão do processo será
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equiva-
de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na lente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedi-
forma do Capítulo IV do Título IV. do ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a au- o processo disciplinar.
toridade julgadora determinará o registro do fato nos Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade compe-
assentamentos individuais do servidor. tente providenciará a constituição de comissão, na forma
do art. 149.
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como
crime, o processo disciplinar será remetido ao Minis- Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo
tério Público para instauração da ação penal, ficando originário.
trasladado na repartição. Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pedirá dia e hora para a produção de provas e in-


Art. 172. O servidor que responder a processo discipli- quirição das testemunhas que arrolar.
nar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado
voluntariamente, após a conclusão do processo e o Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias
cumprimento da penalidade, acaso aplicada. para a conclusão dos trabalhos.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será conver- Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revi-
tido em demissão, se for o caso. sora, no que couber, as normas e procedimentos próp-
rios da comissão do processo disciplinar.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
I - ao servidor convocado para prestar depoimento Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que apli-
fora da sede de sua repartição, na condição de teste- cou a penalidade, nos termos do art. 141.
munha, denunciado ou indiciado; Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20

40
(vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar dil-
igências.
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os
direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.

A revisão do processo consiste na possibilidade do servidor condenado requerer que sua condenação seja revista se
surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Poderá
ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de mesma hierarquia e será apensada ao processo administrativo
originário. O julgamento será feito pela mesma autoridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade a pena
deveria ser maior, não cabe agravar a situação do servidor.

#FicaDica

Sindicância Inquérito administrativo Procedimento sumário


Prazo 30 + 30 dias 60 + 60 dias 30 + 15 dias
Suspensão por mais de
Inassiduidade
Suspensão de até 30 dias
Penalidade/Motivo Abandono de cargo
30 dias Demissão
Acumulação ilegal de cargos
Cassação
Comissão 1, 2 ou 3 servidores 3 servidores 2 servidores

SEGURIDADE SOCIAL

TÍTULO VI
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o servidor e sua família.
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efe-
tivo na administração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade
Social, com exceção da assistência à saúde.
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir em organismo
oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que contribua para regime
de previdência social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social do Servidor
Público enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do mencionado
regime de previdência.
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime
do Plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuição, no
mesmo percentual devido pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz jus
no exercício de suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais.

§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o segundo dia útil após a data do pagamento das remu-
nerações dos servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e execução dos tributos federais quando
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

não recolhidas na data de vencimento.

Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e
compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes finalidades:
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, faleci-
mento e reclusão;
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
III - assistência à saúde.
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos e condições definidos em regulamento, observadas as
disposições desta Lei.

Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem:


I - quanto ao servidor:

41
a) aposentadoria; § 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à
b) auxílio-natalidade; junta médica oficial, que atestará a invalidez quando
c) salário-família; caracterizada a incapacidade para o desempenho das
d) licença para tratamento de saúde; atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar
e) licença à gestante, à adotante e licença-paterni- o disposto no art. 24.
dade; Art. 187. A aposentadoria compulsória será automáti-
f) licença por acidente em serviço; ca, e declarada por ato, com vigência a partir do dia
g) assistência à saúde; imediato àquele em que o servidor atingir a idade-
h) garantia de condições individuais e ambientais de limite de permanência no serviço ativo.
trabalho satisfatórias;
II - quanto ao dependente: Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez
a) pensão vitalícia e temporária; vigorará a partir da data da publicação do respectivo
b) auxílio-funeral; ato.
c) auxílio-reclusão; § 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de
d) assistência à saúde. licença para tratamento de saúde, por período não ex-
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e cedente a 24 (vinte e quatro) meses.
mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se en- § 2o Expirado o período de licença e não estando em
contram vinculados os servidores, observado o dispos- condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado,
to nos arts. 189 e 224. o servidor será aposentado.
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por § 3o O lapso de tempo compreendido entre o término
fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário da licença e a publicação do ato da aposentadoria
do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. será considerado como de prorrogação da licença.
§ 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão
CAPÍTULO II consideradas apenas as licenças motivadas pela en-
DOS BENEFÍCIOS fermidade ensejadora da invalidez ou doenças cor-
relacionadas.
SEÇÃO I § 5o A critério da Administração, o servidor em licença
DA APOSENTADORIA para tratamento de saúde ou aposentado por invali-
dez poderá ser convocado a qualquer momento, para
Art. 186. O servidor será aposentado: avaliação das condições que ensejaram o afastamento
I - por invalidez permanente, sendo os proventos in- ou a aposentadoria.
tegrais quando decorrente de acidente em serviço,
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou Art. 189. O provento da aposentadoria será calcula-
incurável, especificada em lei, e proporcionais nos de-
do com observância do disposto no § 3o do art. 41, e
mais casos;
revisto na mesma data e proporção, sempre que se
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com
modificar a remuneração dos servidores em atividade.
proventos proporcionais ao tempo de serviço;
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quais-
III - voluntariamente:
quer benefícios ou vantagens posteriormente conce-
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem,
didas aos servidores em atividade, inclusive quando
e aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais;
decorrentes de transformação ou reclassificação do
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se pro- cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
fessora, com proventos integrais;
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 Art. 190. O servidor aposentado com provento propor-
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais cional ao tempo de serviço se acometido de qualquer
a esse tempo; das moléstias especificadas no § 1o do art. 186 desta
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, Lei e, por esse motivo, for considerado inválido por
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos propor- junta médica oficial passará a perceber provento in-
cionais ao tempo de serviço. tegral, calculado com base no fundamento legal de
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou concessão da aposentadoria.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tu-


berculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o
neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remu-
serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença neração da atividade.
de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, es-
pondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados Art. 192. (Vetado).
avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Sín-
drome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras Art. 193. (Revogado).
que a lei indicar, com base na medicina especializada.
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratifi-
insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses pre- cação natalina, até o dia vinte do mês de dezembro,
vistas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso em valor equivalente ao respectivo provento, deduzido
III, “a” e “c”, observará o disposto em lei específica. o adiantamento recebido.

42
Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que
participado de operações bélicas, durante a Segunda fizer jus.
Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei
de setembro de 1967, será concedida aposentadoria será concedida com base em perícia oficial.
com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de § 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será
serviço efetivo. realizada na residência do servidor ou no estabeleci-
mento hospitalar onde se encontrar internado.
SEÇÃO II § 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no lo-
DO AUXÍLIO-NATALIDADE cal onde se encontra ou tenha exercício em caráter
permanente o servidor, e não se configurando as hipó-
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por teses previstas nos parágrafos do art. 230, será aceito
motivo de nascimento de filho, em quantia equiva- atestado passado por médico particular.
lente ao menor vencimento do serviço público, inclu- § 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente
sive no caso de natimorto. produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade
§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será de recursos humanos do órgão ou entidade.
acrescido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. § 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e
§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do
servidor público, quando a parturiente não for servi- primeiro dia de afastamento será concedida mediante
dora. avaliação por junta médica oficial.
§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que
trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos
SEÇÃO III
de perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por
DO SALÁRIO-FAMÍLIA
cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o
campo de atuação da odontologia.
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo
ou ao inativo, por dependente econômico.
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior
Parágrafo único. Consideram-se dependentes
a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser
econômicos para efeito de percepção do salário-famíl- dispensada de perícia oficial, na forma definida em
ia: regulamento.
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se es- Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não
tudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, se referirão ao nome ou natureza da doença, salvo
de qualquer idade; quando se tratar de lesões produzidas por acidente em
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante au- serviço, doença profissional ou qualquer das doenças
torização judicial, viver na companhia e às expensas especificadas no art. 186, § 1o.
do servidor, ou do inativo; Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões
III - a mãe e o pai sem economia própria. orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção
Art. 198. Não se configura a dependência econômi- médica.
ca quando o beneficiário do salário-família perceber
rendimento do trabalho ou de qualquer outra fonte, Art. 206-A. O servidor será submetido a exames mé-
inclusive pensão ou provento da aposentadoria, em dicos periódicos, nos termos e condições definidos em
valor igual ou superior ao salário-mínimo. regulamento.
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públi- União e suas entidades autárquicas e fundacionais
cos e viverem em comum, o salário-família será pago poderão:
a um deles; quando separados, será pago a um e out- I - prestar os exames médicos periódicos diretamente
ro, de acordo com a distribuição dos dependentes. pelo órgão ou entidade à qual se encontra vinculado
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o pa- o servidor;
drasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação
legais dos incapazes. ou parceria com os órgãos e entidades da adminis-
tração direta, suas autarquias e fundações;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer III - celebrar convênios com operadoras de plano de
tributo, nem servirá de base para qualquer con- assistência à saúde, organizadas na modalidade de
tribuição, inclusive para a Previdência Social. autogestão, que possuam autorização de funciona-
mento do órgão regulador, na forma do art. 230; ou
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remu- IV - prestar os exames médicos periódicos mediante
neração, não acarreta a suspensão do pagamento do contrato administrativo, observado o disposto na Lei
salário-família. no 8.666, de 21 de junho de 1993, e demais normas
pertinentes.
SEÇÃO IV
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE

Art. 202. Será concedida ao servidor licença para trata-


mento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em

43
SEÇÃO V SEÇÃO VII
DA LICENÇA À GESTANTE, À ADOTANTE E DA LI- DA PENSÃO
CENÇA-PATERNIDADE
Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante hipóteses legais, fazem jus à pensão a partir da data
por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo de óbito, observado o limite estabelecido no inciso XI
da remuneração. do caput do art. 37 da Constituição Federal e no art.
§ 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do 2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004.
nono mês de gestação, salvo antecipação por pre-
scrição médica. Art. 216. (Revogado)
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá
início a partir do parto. Art. 217. São beneficiários das pensões:
§ 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias I - o cônjuge;
do evento, a servidora será submetida a exame mé- II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou
dico, e se julgada apta, reassumirá o exercício. de fato, com percepção de pensão alimentícia estabel-
§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, ecida judicialmente;
a servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso III - o companheiro ou companheira que comprove
remunerado. união estável como entidade familiar;
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servi- IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos
dor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias seguintes requisitos:
consecutivos. a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;
b) seja inválido;
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência)
de seis meses, a servidora lactante terá direito, durante
a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos
poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora. do regulamento;
V - a mãe e o pai que comprovem dependência
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda ju- econômica do servidor; e
dicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão conce- VI - o irmão de qualquer condição que comprove de-
didos 90 (noventa) dias de licença remunerada. pendência econômica do servidor e atenda a um dos
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judi- requisitos previstos no inciso IV.
cial de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o § 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que
prazo de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias. tratam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários
referidos nos incisos V e VI.
SEÇÃO VI § 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que
DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO trata o inciso V do caput exclui o beneficiário referido
no inciso VI.
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o § 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a
servidor acidentado em serviço. filho mediante declaração do servidor e desde que
comprovada dependência econômica, na forma esta-
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico belecida em regulamento.
ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, me-
diata ou imediatamente, com as atribuições do cargo Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
exercido. pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço entre os beneficiários habilitados.
o dano:
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada tempo, prescrevendo tão-somente as prestações ex-
pelo servidor no exercício do cargo; igíveis há mais de 5 (cinco) anos.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - sofrido no percurso da residência para o trabalho Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova
e vice-versa. posterior ou habilitação tardia que implique exclusão
de beneficiário ou redução de pensão só produzirá
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que neces- efeitos a partir da data em que for oferecida.
site de tratamento especializado poderá ser tratado
em instituição privada, à conta de recursos públicos. Art. 220. Perde o direito à pensão por morte:
Parágrafo único. O tratamento recomendado por
junta médica oficial constitui medida de exceção e I - após o trânsito em julgado, o beneficiário conde-
somente será admissível quando inexistirem meios e nado pela prática de crime de que tenha dolosamente
recursos adequados em instituição pública. resultado a morte do servidor;
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se
10 (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude
o exigirem. no casamento ou na união estável, ou a formalização

44
desses com o fim exclusivo de constituir benefício § 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida
previdenciário, apuradas em processo judicial no qual no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do in-
será assegurado o direito ao contraditório e à ampla ciso VII, ambos do caput, se o óbito do servidor decor-
defesa. rer de acidente de qualquer natureza ou de doença
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte profissional ou do trabalho, independentemente do
presumida do servidor, nos seguintes casos: recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou
competente; de união estável.
II - desaparecimento em desabamento, inundação, § 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos
incêndio ou acidente não caracterizado como em e desde que nesse período se verifique o incremento
serviço; mínimo de um ano inteiro na média nacional única,
III - desaparecimento no desempenho das atribuições para ambos os sexos, correspondente à expectativa de
do cargo ou em missão de segurança. sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão
Parágrafo único. A pensão provisória será transfor- ser fixadas, em números inteiros, novas idades para
mada em vitalícia ou temporária, conforme o caso, os fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput,
decorridos 5 (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o em ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orça-
eventual reaparecimento do servidor, hipótese em que mento e Gestão, limitado o acréscimo na comparação
o benefício será automaticamente cancelado. com as idades anteriores ao referido incremento.
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: § 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de
I - o seu falecimento; Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Pre-
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocor- vidência Social (RGPS) será considerado na contagem
rer após a concessão da pensão ao cônjuge; das 18 (dezoito) contribuições mensais referidas nas
III - a cessação da invalidez, em se tratando de ben- alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput.
eficiário inválido, o afastamento da deficiência, em se
tratando de beneficiário com deficiência, ou o levan-
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de ben-
tamento da interdição, em se tratando de beneficiário
eficiário, a respectiva cota reverterá para os coben-
com deficiência intelectual ou mental que o torne ab-
eficiários.
soluta ou relativamente incapaz, respeitados os perío-
dos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a”
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualiza-
e “b” do inciso VII;
das na mesma data e na mesma proporção dos rea-
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos,
pelo filho ou irmão; justes dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; disposto no parágrafo único do art. 189.
VI - a renúncia expressa; e
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a
incisos I a III do caput do art. 217: percepção cumulativa de pensão deixada por mais
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer de um cônjuge ou companheiro ou companheira e de
sem que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) con- mais de 2 (duas) pensões.
tribuições mensais ou se o casamento ou a união es-
tável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos SEÇÃO VIII
antes do óbito do servidor; DO AUXÍLIO-FUNERAL
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servi-
servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições dor falecido na atividade ou aposentado, em valor
mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do equivalente a um mês da remuneração ou provento.
casamento ou da união estável:
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos § 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio
de idade; será pago somente em razão do cargo de maior re-
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) muneração.
anos de idade; § 2º (VETADO).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e § 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e
nove) anos de idade; oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) pessoa da família que houver custeado o funeral.
anos de idade; Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 será indenizado, observado o disposto no artigo an-
(quarenta e três) anos de idade; terior.
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos
de idade. Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em
§ 1º A critério da administração, o beneficiário de pen- serviço fora do local de trabalho, inclusive no exterior,
são cuja preservação seja motivada por invalidez, por as despesas de transporte do corpo correrão à conta
incapacidade ou por deficiência poderá ser convocado de recursos da União, autarquia ou fundação pública.
a qualquer momento para avaliação das referidas
condições.

45
SEÇÃO IX definidos, com entidades de autogestão por elas pa-
DO AUXÍLIO-RECLUSÃO trocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetiva-
mente celebrados e publicados até 12 de fevereiro de
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio- 2006 e que possuam autorização de funcionamento
reclusão, nos seguintes valores: do órgão regulador, sendo certo que os convênios cel-
I - dois terços da remuneração, quando afastado por ebrados depois dessa data somente poderão sê-lo na
motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, deter- forma da regulamentação específica sobre patrocínio
minada pela autoridade competente, enquanto per- de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão
durar a prisão; regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da
II - metade da remuneração, durante o afastamento, vigência desta Lei, normas essas também aplicáveis
em virtude de condenação, por sentença definitiva, a aos convênios existentes até 12 de fevereiro de 2006;
pena que não determine a perda de cargo. II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de pla-
servidor terá direito à integralização da remuneração, nos e seguros privados de assistência à saúde que pos-
desde que absolvido. suam autorização de funcionamento do órgão regu-
§ 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir lador;
do dia imediato àquele em que o servidor for posto em III - (VETADO)
liberdade, ainda que condicional. § 4o (VETADO)
§ 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-re- § 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total
clusão será devido, nas mesmas condições da pensão despendido pelo servidor ou pensionista civil com
por morte, aos dependentes do segurado recolhido à plano ou seguro privado de assistência à saúde.
prisão.
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO III DO CUSTEIO
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
Art. 231. (Revogado).
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou
inativo, e de sua família compreende assistência mé- DISPOSIÇÕES GERAIS
dica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêu-
tica, terá como diretriz básica o implemento de ações TÍTULO VIII
preventivas voltadas para a promoção da saúde e será CAPÍTULO ÚNICO
prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado
o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ainda Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado
na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do a vinte e oito de outubro.
valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus
dependentes ou pensionistas com planos ou seguros pri- Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Po-
vados de assistência à saúde, na forma estabelecida em deres Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes
regulamento. incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja ex- respectivos planos de carreira:
igida perícia, avaliação ou inspeção médica, na aus- I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou
ência de médico ou junta médica oficial, para a sua trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade
realização o órgão ou entidade celebrará, preferen- e a redução dos custos operacionais;
cialmente, convênio com unidades de atendimento do II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mé-
sistema público de saúde, entidades sem fins lucra- rito, condecoração e elogio.
tivos declaradas de utilidade pública, ou com o Insti-
tuto Nacional do Seguro Social - INSS. Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão conta-
§ 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da dos em dias corridos, excluindo-se o dia do começo
aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão e incluindo-se o do vencimento, ficando prorrogado,
ou entidade promoverá a contratação da prestação para o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de serviços por pessoa jurídica, que constituirá junta dia em que não haja expediente.
médica especificamente para esses fins, indicando os
nomes e especialidades dos seus integrantes, com a Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de con-
comprovação de suas habilitações e de que não este- vicção filosófica ou política, o servidor não poderá ser
jam respondendo a processo disciplinar junto à enti- privado de quaisquer dos seus direitos, sofrer discrimi-
dade fiscalizadora da profissão. nação em sua vida funcional, nem eximir-se do cum-
§ 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, primento de seus deveres.
ficam a União e suas entidades autárquicas e funda- Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos
cionais autorizadas a: termos da Constituição Federal, o direito à livre as-
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação sociação sindical e os seguintes direitos, entre outros,
de serviços de assistência à saúde para os seus servi- dela decorrentes:
dores ou empregados ativos, aposentados, pensionis- a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como
tas, bem como para seus respectivos grupos familiares substituto processual;

46
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um interesse da Administração e conforme critérios esta-
ano após o final do mandato, exceto se a pedido; belecidos em regulamento, ser exonerados mediante
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a indenização de um mês de remuneração por ano de
que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições defi- efetivo exercício no serviço público federal. (Incluído
nidas em assembleia geral da categoria. pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
d) e e) (Revogados). § 8o Para fins de incidência do imposto de renda na
fonte e na declaração de rendimentos, serão conside-
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além rados como indenizações isentas os pagamentos efe-
do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às tuados a título de indenização prevista no parágrafo
suas expensas e constem do seu assentamento indi- anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
vidual. § 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do
Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a compan- disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Exe-
heira ou companheiro, que comprove união estável cutivo quando considerados desnecessários. (Incluído
como entidade familiar. pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já con-
município onde a repartição estiver instalada e onde o cedidos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam
servidor tiver exercício, em caráter permanente. transformados em anuênio.
Título IX Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116
da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal,
Capítulo Único fica transformada em licença-prêmio por assiduidade,
na forma prevista nos arts. 87 a 90.
Das Disposições Transitórias e Finais
Art. 246. (VETADO).
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico institu-
ído por esta Lei, na qualidade de servidores públicos,
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta
os servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios,
Lei, haverá ajuste de contas com a Previdência Social,
das autarquias, inclusive as em regime especial, e das
correspondente ao período de contribuição por parte
fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de
dos servidores celetistas abrangidos pelo art. 243. (Re-
outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos
Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Tra- dação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91)
balho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de
maio de 1943, exceto os contratados por prazo deter- Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a
minado, cujos contratos não poderão ser prorrogados vigência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão
após o vencimento do prazo de prorrogação. ou entidade de origem do servidor.

§ 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art.
no regime instituído por esta Lei ficam transformados 231, os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão
em cargos, na data de sua publicação. na forma e nos percentuais atualmente estabelecidos
§ 2o As funções de confiança exercidas por pessoas para o servidor civil da União conforme regulamento
não integrantes de tabela permanente do órgão ou próprio.
entidade onde têm exercício ficam transformadas em
cargos em comissão, e mantidas enquanto não for im- Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a
plantado o plano de cargos dos órgãos ou entidades satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições neces-
na forma da lei. sárias para a aposentadoria nos termos do inciso II do
§ 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, art. 184 do antigo Estatuto dos Funcionários Públicos
exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952,
de pessoal, ficam extintas na data da vigência desta aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dis-
Lei. positivo. (Mantido pelo Congresso Nacional)
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4o (VETADO).
§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos ser- Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ventuários da Justiça, remunerados com recursos da
União, no que couber. Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com blicação, com efeitos financeiros a partir do primeiro
estabilidade no serviço público, enquanto não adqui- dia do mês subseqüente.
rirem a nacionalidade brasileira, passarão a integrar
tabela em extinção, do respectivo órgão ou entidade, Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou-
sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de car- tubro de 1952, e respectiva legislação complementar,
reira aos quais se encontrem vinculados os empregos. bem como as demais disposições em contrário.
§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste
artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Dis- Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Indepen-
posições Constitucionais Transitórias, poderão, no dência e 102o da República.

47
CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPONSABILIDADE

Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsabilidade estatal, existem duas vertentes distintas. A primeira, deno-
minada risco integral, dispõe que o Estado possui o dever de indenizar todo e qualquer dano causado pela prática de
seus atos, não admitindo nenhuma excludente. Trata-se de uma variação radical, em que a Administração se transforma
em um indenizador universal. Não é adotado em nenhum país, sendo adotado no Brasil somente como exceção
em alguns casos específicos, como nos acidentes de trabalho, na indenização coberta pelo seguro obrigatório para
automóveis (DPVAT), etc.
A segunda vertente, denominada teoria do risco administrativo, é a adotada como regra geral no direito brasilei-
ro. Tal teoria reconhece algumas excludentes da responsabilidade do Estado. Excludentes são circunstâncias que, como
o próprio nome diz, afastam o dever de indenizar durante a sua ocorrência. São, ao todo, três modalidades:
a) Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que o prejuízo é consequência da intenção deliberada da própria
vítima. O prejudicado, ao utilizar o referido serviço público, acaba sofrendo danos por uma ação tomada por ela
mesma, não havendo qualquer relação com as condutas do Poder Público. É o caso, por exemplo, de pessoa que
se joga na frente de viatura policial para ser atropelada. Não se confunde com a culpa concorrente, que se traduz
no dano causado pela conduta recíproca do Estado e da própria vítima. Neste caso, há uma análise pericial para
determinar os diferentes graus de culpa de cada agente, ensejando reparação.
b) Força maior: é o evento imprevisível e involuntário que rompe o nexo de casualidade entre o ato da Adminis-
tração e o prejuízo sofrido pela vítima. Geralmente são causados pela força da natureza. É o caso, por exemplo,
do desabamento de terras que arruínam as casas de um bairro, devido às fortes chuvas. Não se confunde com
o caso fortuito, em que o dano decorre de ato humano, ou da própria Administração, como o desabamento de
uma estrada. O caso fortuito enseja o dever de responsabilidade somente se tal evento for causado pelo agente
público.
c) Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuízo é atribuído a pessoa estranha aos quadros da Administração
Pública. Dessa forma, não há como o Estado ser imputado responsável por atos praticados por pessoas que não
fazem parte de sua composição.

#FicaDica
Curioso é o caso dos danos causados pelas enchentes, sobretudo em cidades onde o escoamento das
águas é precário, como ocorre em algumas regiões da cidade de São Paulo. Como regra geral, o Estado
não se responsabiliza por prejuízos causados pelas enchentes. A 3ª Câmara de Direito Público do TJ/SP
negou provimento à AC nº 0170440220058260602 interposta por três proprietários de imóveis afetados
pelas fortes chuvas do início do ano de 2012, que pleiteavam pedido de indenização pelos danos cau-
sados pelas chuvas, pois as galerias pluviais de seu bairro não eram suficientes para escoar toda a água,
caracterizando-se em falta no serviço público. Segundo voto do relator, porém, não havia qualquer prova
que defina a ocorrência de qualquer falta de serviço que possa ser atribuída ao Município e que tenha
sido causa concorrente para o evento.

Todo aquele que se sentir prejudicado por conduta comissiva ou omissiva de agente público pode pleitear, pela
via administrativa ou judicial, a devida reparação pelos danos causados. Na via administrativa, basta que o prejudicado
formule o pedido a autoridade competente, que instaurará processo administrativo para apurar a responsabilidade e
o pagamento de indenização.
Porém, é preferível que a vítima utilize a via judicial, hipótese mais comum haja vista o direito de petição, que se
caracteriza no dever do Poder Judiciário de atender todas as demandas feitas pelos cidadãos. O direito à indenização
da vítima se instrumentaliza pela ação indenizatória. A ação indenizatória, dessa forma, é aquela proposta pela vítima
contra a pessoa jurídica à qual o agente público causador do dano pertence. Conforme dispõe o art. 206, § 3º, V, do
Código Civil, o prazo prescricional para a propositura de ação indenizatória é de três anos, contados da ocorrência do
evento danoso.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA LEGISLATIVA – FCC – 2018) Jaime exerce
o cargo remunerado de professor público em determinada instituição de ensino, no período matutino e, após apro-
vação em concurso público, nos termos da lei, pretende exercer também o mesmo cargo remunerado em uma outra
instituição pública de ensino, no período noturno. Sua esposa, Rosa, exerce cargo público científico remunerado no
período vespertino e tem interesse em prestar concurso para exercer também cargo remunerado de professora em
uma instituição pública de ensino superior no período noturno. Com base apenas nas informações fornecidas e de
acordo com a Constituição Federal, obedecidos os limites remuneratórios eventualmente aplicáveis, a acumulação de
cargos pretendida é:

48
a) vedada ao Jaime e à Rosa.
b) permitida apenas ao Jaime.
c) permitida apenas à Rosa. HORA DE PRATICAR!
d) permitida ao Jaime e à Rosa.
e) permitida ao Jaime e à Rosa, desde que se trate de 1. (PGE-TO – PROCURADOR DO ESTADO – FCC – 2018)
cargos integrantes de Administrações de diferentes Acerca das modernas correntes doutrinárias que buscam
esferas da federação. repensar o Direito Administrativo no Brasil, Carlos Ari
Sundfeld observa:
Resposta: Letra D. O caso de Jaime é permitido pelo “Embora o livro de referência de Bandeira de Mello
ordenamento jurídico, uma vez que estamos diante continue saindo em edições atualizadas, por volta
da hipótese de acumulação de dois cargos de profes- da metade da década de 1990 começou a perder aos
sor, com compatibilidade de horários (art. 37, XVI, a, poucos a capacidade de representar as visões do meio
CF/1988). O caso de Rosa também é permitido. Assu- – e de influir [...] Ao lado disso, teóricos mais jovens
mindo que seja aprovada em concurso, é permitido lançaram, com ampla aceitação, uma forte contestação a
a Rosa acumular um cargo de professor, com outro um dos princípios científicos que, há muitos anos, o autor
cargo de natureza técnica ou científica (art. 37, XVI, b, defendia como fundamental ao direito administrativo
CF/1988), havendo compatibilidade de horários (pe- [...].” (Adaptado de: Direito administrativo para céticos,
ríodo vespertino = à tarde). 2a ed., p. 53)
O princípio mencionado pelo autor e que esteve sob
2. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA forte debate acadêmico nos últimos anos é o princípio da
ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Suponha que deter-
minado servidor público federal tenha solicitado licença a) presunção de legitimidade dos atos administrativos.
para tratar de interesses particulares, a qual, contudo, b) processualidade do direito administrativo.
restou negada pela Administração. Entre os possíveis c) supremacia do interesse público.
d) moralidade administrativa.
motivos legalmente previstos para negativa, nos termos
e) eficiência.
disciplinados pela Lei n° 8.112/1990, se insere(m):
I. Estar o servidor no curso de estágio probatório.
2. (AFAP – ANALISTA DE FOMENTO – FCC – 2019) A
II. Ser o servidor ocupante exclusivamente de cargo em
celebração de contrato administrativo entre empresa
comissão. particular e a Administração pública permite a incidência
III. Razões de conveniência da Administração. do poder:
Está correto o que se afirma em: a) de polícia em relação aos atos praticados pela contra-
tada para a execução do objeto contratual, incluindo a
a) I, II e III. aplicação de penalidades.
b) II, apenas. b) normativo, diante da necessidade de aditamento do
c) II e III, apenas. contrato para estabelecimento de alterações de or-
d) I e III, apenas. dem qualitativa.
e) I e II, apenas. c) disciplinar em relação à contratada, tendo em vista que
essa atuação abrange relações jurídicas que excedem
Resposta: Letra A. A licença para tratar de assun- o vínculo funcional, tal como vínculo contratual.
tos pessoais consta no caput do art. 91 da Lei nº d) hierárquico, tendo em vista que esta prerrogativa con-
8.112/1993. Em I, o fato do servidor estar em está- fere posição de supremacia do poder público contra-
gio probatório faz com que ele não possa ter conce- tante em relação à contratada, admitindo inclusive
dida licença para tratar de assuntos pessoais, Em II, alterações unilaterais do contrato.
somente pode ser concedida a referida licença para e) regulatório, tendo em vista que o vínculo contratual
os servidores ocupantes de cargo efetivo, não se es- entre a Administração pública e o particular admite al-
tende para os servidores ocupantes de cargo em co- terações unilaterais por parte do contratante sempre
missão. Em III, se a Administração entender que, por que o interesse público assim recomendar, indepen-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

razões de conveniência, a licença poderia lhe trazer dentemente de concordância do contratado.


grandes prejuízos, ela pode não concedê-la ao ser-
vidor. 3. (AFAP – AGENTE DE FOMENTO EXTERNO – FCC –
2019) Considere a edição de ato administrativo inde-
ferindo pedido administrativo de particular para que o
poder público municipal promova urgentes reparos no
leito da rua onde está situada sua residência, em razão
do aparecimento de uma rachadura que vem progressi-
vamente aumentando de tamanho, ocasionando risco a
ele e demais moradores do local. Essa medida:

a) constitui regular exercício de poder disciplinar, tendo


em vista que não são somente os servidores públicos

49
destinatários dessa atuação, que abrange decisões re- c) será assegurado ao servidor o direito à licença sem
lativas a outros vínculos jurídicos. remuneração para o desempenho do respectivo man-
b) deve ser impugnada judicialmente, posto que somen- dato.
te com autorização judicial o ente público poderia re- d) não constitui requisito para a mencionada licença que
alizar contratação para aquela finalidade sem a reali- o sindicato seja cadastrado no órgão competente.
zação de licitação. e) o mencionado sindicato comportará apenas um servi-
c) admite revisão pela própria Administração pública em dor licenciado para o desempenho de mandato clas-
caso de constatação de inadequação, desde que se sista.
trate de juízo discricionário, vedado sanar vício de le-
galidade diretamente.
d) pode ser objeto de recurso administrativo, o que per-
mite à Administração pública superior convalidar ou GABARITO
anular o ato administrativo, caso reste demonstrada
sua inadequação e inconveniência diante da situação
fática. 1 C
e) demandará a interposição de recurso administrativo 2 C
por parte do requerente, sem prejuízo de poder ado- 3 E
tar medidas judiciais para intervenção da obra, diante
da situação emergencial caracterizada. 4 B
5 C
4. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC
– 2018) De acordo com a Lei no 8.112/1990, como me-
dida cautelar e a fim de que o servidor não venha a
influir na apuração da irregularidade, a autoridade ins-
tauradora do processo disciplinar poderá determinar o
seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de
até 60 dias, sem prejuízo da remuneração. Ocorrendo o
término desses 60 dias,
a) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
ainda que não concluído o processo.
b) o afastamento poderá ser prorrogado por igual pra-
zo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
não concluído o processo.
c) o afastamento poderá ser prorrogado por igual pra-
zo, findo o qual cessarão os seus efeitos, exceto se o
processo não tiver sido concluído, hipótese em que
poderá ser prorrogado pelo prazo máximo de 180
dias.
d) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
exceto se o processo não tiver sido concluído, hipóte-
se em que o afastamento poderá ser prorrogado pelo
prazo máximo de trinta dias.
e) o afastamento poderá ser prorrogado por mais 180
dias, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
não concluído o processo.

5. (TRE-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO – ANÁLISE DE


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

SISTEMAS – FCC – 2017) Miguel é servidor público fe-


deral e pretende licenciar-se do cargo para o desempe-
nho de mandato classista em sindicato representativo da
categoria do qual faz parte e que conta com 5.000 asso-
ciados. Cumpre salientar que o servidor foi eleito para
cargo de representação no mencionado sindicato. Nos
termos da Lei nº 8.112/1990:

a) o mencionado sindicato comportará até quatro ser-


vidores licenciados para o desempenho de mandato
classista.
b) a licença perdurará pelo mesmo prazo do mandato,
não podendo ser renovada.

50
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Dos Princípios Fundamentais. Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. Dos Direitos Sociais. Da Nacionalidade e
Direitos Políticos. Da Organização Político-Administrativa. Da União ................................................................................................... 01
Da Administração Pública: Disposições Gerais. Dos Servidores Públicos .............................................................................................. 07
Do Poder Judiciário .................................................................................................................................................................................................... 10
Das funções essenciais à Justiça: Do Ministério Público .............................................................................................................................. 23
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS; DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS. DOS
DIREITOS SOCIAIS. DA NACIONALIDADE E DIREITOS POLÍTICOS. DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-
ADMINISTRATIVA. DA UNIÃO

Constituição e Princípios fundamentais.

Na Constituição Federal de 1988, os princípios fundamentais, ponto pilar da Lei,aparecem no Título I, o qual é
composto por quatro artigos, sendo que, cada um desses dispositivos apresenta um tipo de princípio fundamental.
O art. 1º trata dos fundamentos da República Federativa do Brasil, que são: a) A soberania; b) Cidadania; c) Dignidade
da pessoa humana; d) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e o e) Pluralismo político.
Já o art. 2º trata do princípio da separação de Poderes, ou seja, que o poder Legislativa, Executivo e o Judiciário são
independentes (não precisa de um para o outro atuar) no entanto, devem ser harmônicos (um irá completar o outro).
O art. 3º, traz os objetivos fundamentais que são: a) Construção de uma sociedade livre justa e solidária; b) Garantir
o desenvolvimento nacional; c) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; e
por último, e) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
Finalizando, o art. 4º traz os princípios nas relações internacionais que são a independência nacional,prevalência dos
direitos humanos, autodeterminação dos povos, não intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução
pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
e concessão de asilo político.
Neste diapasão, muitos doutrinadores, classificam os princípios constitucionais em duas espécies:
I) Princípios político-constitucionais: são os que representam decisões políticas fundamentais, conformadoras
de nossa Constituição, ou seja, os chamados princípios fundamentais, que preveem as características essenciais
do Estado brasileiro. Exemplo: princípio da separação de poderes, o pluralismo político, dignidade da pessoa
humana, dentre outros.
II) Princípios jurídico-constitucionais: esses princípios são classificados como “gerais”, pois se referem à ordem
jurídica nacional, os quais estão dispersos pelo texto constitucional. Exemplo: devido processo legal, do juiz natural,
legalidade, dentre outros.

Direitos e garantias fundamentais; Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de na-
cionalidade, direitos políticos, partidos políticos.

Os direitos fundamentais são os direitos humanos positivados na Constituição Federal de 1988,os quais devem ser
garantidos e protegidos pelo Estado.
No tocante as garantias fundamentais, elas são uma forma ou, até mesmo um instrumento, para garantir a
efetivação dos direitos. A Carta Magma ampliou a proteção aos direitos fundamentais e por isso ficou conhecida
como Constituição cidadã.
Os direitos e garantias fundamentais possuem aplicabilidade imediata, isto é, a existência deles é suficientemente
para produzirem os devidos efeitos. Eles estão tutelados no Título II da Constituição Federal,nos art. 5º ao 17. Ainda
assim, destaca-se que os direitos citados nesses artigos não proíbem a existência de outros.
O art. 5º é um dos artigos mais importantes do texto Constitucional, o qual protege a igualdade entre todos,
tutelando os direitos coletivos e os direitos individuais nos seus 78 incisos. Vejamos alguns:
1. homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
2. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
3. ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
4. é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

5. é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem;
6. é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
7. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação
coletiva;
8. ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada
em lei;
9. é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de
censura ou licença;
10. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

1
11. é livre a locomoção no território nacional em Ainda assim, importante informar que o Direito
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da Coletivo compõe-se de direitos transindividuais de
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; pessoas que se conectam por uma relação jurídica, tendo
12. todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, base de si mesmo ou com outro indivíduo, podendo as
em locais abertos ao público, independentemente de pessoas ser determinadas ou determináveis.
autorização, desde que não frustrem outra reunião Isto é, os Direitos Coletivos abrange todo o grupo
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo da categoria que possuem uma relação jurídica já pré
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; existente ao dano ou a lesão, pois, esse direito irá tutelar
13. não há crime sem lei anterior que o defina, nem esse grupo que já subsiste ao prejuízo e não os que não
pena sem prévia cominação legal; se enquadram na relação.
14. a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar No tocante ao Direito Individual, estes são os
interesses que têm a mesma origem e também a mesma
o réu;
causa. Eles acontecem de acordo com uma mesma
15. a lei punirá qualquer discriminação atentatória
situação que se aplica a cada um individualmente, e,
dos direitos e liberdades fundamentais; ainda que contenham características “individuais”, no fim
16. a prática do racismo constitui crime inafiançável possuem origem comum.
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
da lei; Dos Direitos Sociais
17. não haverá penas: Conforme tutela a Constituição Federal de 1988
- de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos em seus artigos 6º ao 11º, os direitos sociais são todos
termos do art. 84, XIX; os direitos fundamentais/ básicos que devem ser
-de caráter perpétuo; compartilhados por todos da sociedade, sem distinção
-de trabalhos forçados; de gênero, etnia, sexo, classe econômica, religião, e etc.
-de banimento; A finalidade e objetivo do direito social é buscar
- cruéis; sempre resolver as questões sociais. Isto é, todas
18. são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas as situações que representam as desigualdades da
por meios ilícitos; sociedade, para que todas as pessoas tenham e vivam
19. ninguém será considerado culpado até o trânsito como mínimo de qualidade de vida e dignidade.
em julgado de sentença penal condenatória;
20. o civilmente identificado não será submetido #FicaDica
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas Os direitos sociais são tutelados e protegidos
em lei; pela Declaração Universal dos Direitos Hu-
21. será admitida ação privada nos crimes de ação manos(1948), sendo que, apenas neste mo-
pública, se esta não for intentada no prazo legal; mento histórico (pós 2ª guerra mundial) que
22. a lei só poderá restringir a publicidade dos o mundo começou a trabalhar com esses di-
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o reitos.
interesse social o exigirem, DENTRE OUTROS.
Do art. 6º ao 11º, a Carta Magna trata dos direitos
sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a O art. 6º da CF prevê que o direito a saúde,
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade educação, alimentação, trabalho, lazer, segurança,
e à infância, a assistência aos desamparados, dando o assistência, previdência, proteção a maternidade e a
enfoque nos direitos dos trabalhadores. infância, dentre outros, são direitos essenciais e básicos
Tanto os trabalhadores urbanos como os rurais tem o que todos devem ter.
direito a seguro-desemprego, em caso de desemprego O art. 7º da CF prevê os direitos dos trabalhadores,
involuntário, fundo de garantia do tempo de serviço, seja eles rurais ou urbanos, todos possuem direitos
salário mínimo, fixado em lei, garantia de salário, décimo como: seguro desemprego, FGTS, adicional noturno,
terceiro salário, remuneração do trabalho noturno superior férias, 13º salário, repouso semanal remunerado, licença
à do diurno, salário-família para os seus dependentes, maternidade e paternidade, aposentadoria, aviso prévio,
gozo de férias anuais, licença à gestante, aposentadoria,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dentre outros.
proibição de qualquer discriminação no tocante a salário Já o art. 8º da CF, tutela sobre os direitos e deveres
e critérios de admissão do trabalhador portador de dos sindicatos, e o art. 9º protege o direito de greve dos
deficiência, proibição de distinção entre trabalho manual, trabalhadores.
técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos,
dentre outros. Vejamos o que diz a CF/88 em termos integrais:
Quanto ao sindicalismo, ninguém será obrigado a
filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato, é obrigatória Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
a participação dos sindicatos nas negociações coletivas além de outros que visem à melhoria de sua condição
de trabalho, é vedada a dispensa do empregado
social:
sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo
I - relação de emprego protegida contra despedida
de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com-
que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo
plementar, que preverá indenização compensatória,
se cometer falta grave nos termos da lei e etc.
dentre outros direitos;

2
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in- XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
voluntário; do empregador, sem excluir a indenização a que este
III - fundo de garantia do tempo de serviço; está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais de trabalho, com prazo prescricional de:
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, a)cinco anos para o trabalhador urbano, até o li-
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte mite de dois anos após a extinção do contrato;
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe b)até dois anos após a extinção do contrato, para o
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin- trabalhador rural;
culação para qualquer fim; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das re-
V - piso salarial proporcional à extensão e à comple- lações de trabalho, com prazo prescricional de cin-
xidade do trabalho; co anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em o limite de dois anos após a extinção do contrato de
convenção ou acordo coletivo; trabalho;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, a) (Revogada).
para os que percebem remuneração variável; b) (Revogada).
VIII - décimo terceiro salário com base na remunera- XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
ção integral ou no valor da aposentadoria; de funções e de critério de admissão por motivo de
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do sexo, idade, cor ou estado civil;
diurno; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo a salário e critérios de admissão do trabalhador porta-
crime sua retenção dolosa; dor de deficiência;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu- XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa- técnico e intelectual ou entre os profissionais respec-
ção na gestão da empresa, conforme definido em lei; tivos;
XII - salário-família para os seus dependentes; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
XII - salário-família pago em razão do dependente do insalubre aos menores de dezoito e de qualquer tra-
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; balho a menores de quatorze anos, salvo na condição
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito de aprendiz;
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
a compensação de horários e a redução da jornada, insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado aprendiz, a partir de quatorze anos;
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego- XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
ciação coletiva; vínculo empregatício permanente e o trabalhador
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente avulso
aos domingos; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra-
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo sua integração à previdência social.
menos, um terço a mais do que o salário normal; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra-
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
do salário, com a duração de cento e vinte dias; IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi-
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me- ções estabelecidas em lei e observada a simplificação
diante incentivos específicos, nos termos da lei; do cumprimento das obrigações tributárias, principais
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdên-
meio de normas de saúde, higiene e segurança; cia social.(Redação dada pela Emenda Constitucional
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XXIII - adicional de remuneração para as atividades nº 72, de 2013)


penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob-
XXIV - aposentadoria; servado o seguinte:
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
desde o nascimento até seis anos de idade em creches fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
e pré-escolas; competente, vedadas ao Poder Público a interferência
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes e a intervenção na organização sindical;
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em II - é vedada a criação de mais de uma organização
creches e pré-escolas; sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co- profissional ou econômica, na mesma base territorial,
letivos de trabalho; que será definida pelos trabalhadores ou empregado-
XXVII - proteção em face da automação, na forma da res interessados, não podendo ser inferior à área de
lei; um Município;

3
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em FIQUE ATENTO!
questões judiciais ou administrativas; Os portugueses com residência permanente
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em no País, se houver reciprocidade em favor dos
se tratando de categoria profissional, será descontada brasileiros, serão atribuídos os direitos ineren-
em folha, para custeio do sistema confederativo da re- tes ao brasileiro nato, salvo os casos previstos
presentação sindical respectiva, independentemente nesta Constituição.
da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas ne- Os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
gociações coletivas de trabalho; República, de Presidente da Câmara dos Deputados, de
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo- Presidente do Senado Federal, de Ministro do Supremo
tado nas organizações sindicais; Tribunal Federal, da carreira diplomática e de oficial das
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado Forças Armadas, são cargos que apenas os brasileiros
a partir do registro da candidatura a cargo de direção NATO podem exercer.
ou representação sindical e, se eleito, ainda que su- O brasileiro que tiver cancelada sua naturalização,
plente, até um ano após o final do mandato, salvo se por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
cometer falta grave nos termos da lei. interesse nacional ou adquirir outra nacionalidade por
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- naturalização voluntária, perderá a nacionalidade de
-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de
brasileiro.
pescadores, atendidas as condições que a lei estabe-
lecer.
Dos Direitos Políticos
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê- O voto será direto e secreto, com valor igual para
-lo e sobre os interesses que devam por meio dele de- todos, e, nos termos da lei, mediante: plebiscito, referendo,
fender. iniciativa popular.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e O voto é obrigatório para os maiores de dezoito anos
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiá- e facultativos para os analfabetos, os maiores de setenta
veis da comunidade. anos, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às Para ter elegibilidade a pessoa deve ter a
penas da lei. nacionalidade brasileira, o pleno exercício dos direitos
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores políticos, o alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na
e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos circunscrição, a filiação partidária, a idade mínima de:
em que seus interesses profissionais ou previdenciários -trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
sejam objeto de discussão e deliberação. da República e Senador;
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empre- -trinta anos para Governador e Vice-Governador de
gados, é assegurada a eleição de um representante Estado e do Distrito Federal;
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o -vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
entendimento direto com os empregadores. Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
-dezoito anos para Vereador.
Da Nacionalidade
Os brasileiros natos são:
- os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda FIQUE ATENTO!
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
São inelegíveis os inavistáveis e os analfabe-
serviço de seu país;
tos, e também, são inelegíveis para os mesmos
- os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço cargos, no período subsequente, o Presidente
da República Federativa do Brasil; da República, os Governadores de Estado e do
- os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
brasileira, desde que sejam registrados em repartição sucedido ou substituído nos seis meses ante-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

brasileira competente, ou venham a residir na República riores ao pleito.


Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcançada esta,
optem em qualquer tempo pela nacionalidade brasileira;
Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
Os naturalizados são: da República, os Governadores de Estado e do Distrito
-os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
brasileira, exigidas aos originários de países de língua mandatos até seis meses antes do pleito.
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda
idoneidade moral; ou suspensão só se dará nos casos de:
-os estrangeiros de qualquer nacionalidade - cancelamento da naturalização por sentença
residentes na República Federativa do Brasil há mais transitada em julgado;
de quinze anos ininterruptos e sem condenação - incapacidade civil absoluta;
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. - condenação criminal transitada em julgado,
(redação da EC nº 3/94) enquanto durarem seus efeitos;

4
- recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou Conforme tutela o art. 19 da CF, existe vedações
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; constitucional para que os Estados, Distrito Federal,
- improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. Municípios e a União não possam:
- estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
Dos Partidos Políticos subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou
É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de manter com eles ou seus representantes relações de
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a
o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos colaboração de interesse público;
fundamentais da pessoa humana e observados os
- recusar fé aos documentos públicos;
seguintes preceitos:
- criar distinções entre brasileiros ou preferências
- caráter nacional;
- proibição de recebimento de recursos financeiros de entre si.
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a
estes; União Federal
- prestação de contas à Justiça Eleitoral; A República Federativa do Brasil é composta
- funcionamento parlamentar de acordo com a lei. pela União, Estados Membros, Distrito Federal e os
Municípios.
Os partidos políticos possuem autonomia para definir A União possui bens próprios os quais estão
sua estrutura interna, organização e funcionamento, descritos no art. 20 da CF, como por exemplo: mar
devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade territorial, os terrenos de marinha e seus acrescidos,
e disciplina partidárias. as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e
Organização político administrativa do Estado. as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede
de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
Conforme o art. 18 da CF, a organização político- público e a unidade ambiental federal, e as referidas no
administrativa da República Federativa do Brasil art. 26, II, os potenciais de energia hidráulica, as terras
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os tradicionalmente ocupadas pelos índios, dentre outros.
Municípios, sendo que todos possuem sua autonomia,
tendo Brasília como Capital Federal.
Dalmo Dallari define o estado como uma ordem
jurídica soberana que tem por finalidade o bem do povo FIQUE ATENTO!
situado em um determinado território. Isto é, dentro É assegurada, nos termos da lei, aos Estados,
desta frase o Dalmo trouxe os principais elementos que ao Distrito Federal e aos Municípios, bem
compõe o Estado, que são: soberania, finalidade, povo como a órgãos da administração direta da
e território. União, participação no resultado da explora-
A estrutura e organização do Estado podem ser ção de petróleo ou gás natural, de recursos hí-
analisados sob três aspectos, conforme Pedro Lenza, p. dricos para fins de geração de energia elétrica
499: e de outros recursos minerais no respectivo
1) Forma de governo: República ou Monarquia; território, plataforma continental, mar territo-
2) Sistema de Governo: Presidencialismo ou rial ou zona econômica exclusiva, ou compen-
Parlamentarismo; sação financeira por essa exploração.
3) Forma de Estado: Estado unitário ou Federação.
No tocante a área de atuação da União, a mesma
Em 1889, surgiu a Federação do Brasil, juntamente
possui competência não legislativa, ou seja, ela atua no
com a forma de governo (republicana). A forma de
governo republicana seria realizar através do regime campo politico-administrativo, como por exemplo:
representativo em 1891. - manter relações com Estados estrangeiros e
Desta forma, o Brasil consagrou o seguinte: participar de organizações internacionais;
1) Forma de Estado: Federação. - declarar a guerra e celebrar a paz;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2) Entes componentes do Estado brasileiro: União, - assegurar a defesa nacional;


Estado, Distrito Federal e Municípios. - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
3) Características do Estado brasileiro: Estado que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
Democrático de Direito. ou nele permaneçam temporariamente;
4) Sistema de Governo: Presidencialista. - emitir moeda;
5) Forma de Governo: Republicana. - elaborar e executar planos nacionais e regionais de
ordenação do território e de desenvolvimento econômico
O idioma oficial do país é a língua portuguesa e e social;
os símbolos da República Federativa do Brasil são: - explorar, diretamente ou mediante autorização,
bandeira, hino, armas e o selo nacional, sendo que o concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações,
Distrito Federal, Estados e os Municípios poderão ter nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos
seus próprios símbolos, conforme o art. 13 §1º e §2º serviços, a criação de um órgão regulador e outros
da CF. aspectos institucionais;

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- organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Municípios
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Conforme dispõe o art. 29 da CF, os municípios de
Pública dos Territórios, DENTRE OUTROS. organizam através de Lei Orgânica, votada sempre
em dois turnos, com o interstício mínimo de 10 dias, e
Os itens elencados acima, são de competência aprovada por 2/3 dos membros da respectiva Câmara
exclusiva da União. Já os itens do art. 23 da CF, são de Municipal, que a promulgará. Ao elaborar sua lei, o
competência cumulativa (comuns) entre a União, Estados, município deverá observar os princípios abordados na
Distrito Federal e Municípios, como por exemplo: zelar Constituição, bem como, pela Constituição Estadual,
pela guarda da Constituição, das leis e das instituições conforme o art. 11, parágrafo único do ADCT.
democráticas e conservar o patrimônio público, cuidar Os municípios possuem o autogoverno de eleger
da saúde e assistência pública, da proteção e garantia o poder executivo (seu prefeito), bem como, o poder
das pessoas portadoras de deficiência, proteger os legislativo da cidade (os vereadores).
documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
notáveis e os sítios arqueológicos, proporcionar os meios
de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, EXERCÍCIOS COMENTADOS
à pesquisa e à inovação, proteger o meio ambiente e
combater a poluição em qualquer de suas formas e etc.
1. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018)
Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres in-
#FicaDica dividuais e coletivos e às garantias constitucionais.
Conforme o art. 24 da CF, compete à União, Conforme texto constitucional vigente, a prisão de qual-
quer pessoa e o local onde se encontra terão de ser co-
aos Estados e ao Distrito Federal legislar con- municados em até vinte e quatro horas ao juiz compe-
correntemente sobre: direito tributário, finan- tente e à família do preso ou a pessoa por ele indicada.
ceiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
orçamento; juntas comerciais; custas dos ser-
viços forenses; produção e consumo; Florestas, ( ) CERTO ( ) ERRADO
proteção ao patrimônio histórico, cultural, ar- Comentário: O art. 5º, LXII estipula que: “a prisão de
tístico, turístico e paisagístico; responsabilida- qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
de por dano ao meio ambiente, ao consumi- comunicados imediatamente ao juiz competente e à
dor, a bens e direitos de valor artístico e etc; família do preso ou à pessoa por ele indicada” (grifo
educação, cultura, ensino, desporto, ciência, nosso).
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e ino- GABARITO OFICIAL: ERRADO
vação, dentre outros.
2. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018)
Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres in-
Estados – Membros dividuais e coletivos e às garantias constitucionais.
Os Estados membros são a materialização da Em caso de perigo à integridade física do preso, admite-
descentralização do poder político. Esses Estados são -se o uso de algemas, desde que essa medida, de caráter
excepcional, seja justificada por escrito.
autônomos e devido a isso, possuem a capacidade de
auto-organização, autogoverno, autoadministração e
auto legislação. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Por se tratarem de Estados autônomos, a Constituição
Federal delegou a competência da estruturação de seus Comentário: Trata-se de hipótese de aplicação da Sú-
mula Vinculante n. 11 que disciplina o uso de algemas
poderes para eles mesmos, sem que haja qualquer contra prisões arbitrárias e ilegais.
interferência federal ou subordinação ao poder central: GABARITO OFICIAL: CERTO
o legislativo (art. 27 da CF), executivo (art. 28 da CF) e o
judiciário (art. 125 da CF). (MASSON, 2016, p. 552).
Em especial ao poder legislativo, em âmbito estadual, 3. (IPHAN – AUXILIAR INSTITUCIONAL – ÁREA 1 –
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

podemos dizer que ele é unicameral (conforme art. CESPE – 2018) A respeito dos direitos e das garantias
27da CF), sendo o poder representado pela Assembleia fundamentais, julgue o item seguinte.
O direito de resposta proporcional a um cidadão que te-
Legislativa. O sistema eleitoral para a casa é o sistema nha sido ofendido não impede o direito à indenização
proporcional, isto é, os deputados são eleitos para um por dano material, moral ou à imagem.
mandato de 4 anos, sendo que o número de Deputados
estaduais corresponderá ao triplo da representação do ( ) CERTO ( ) ERRADO
Estado da Câmara dos Deputados, e atingido o número
de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem Comentário: É o que prevê nos exatos termos do art.
os Deputados Federais acima de 12. (MASSON, 2016, p. 5º, inciso V da CF.
GABARITO OFICIAL: CERTO
552).
Por fim, a eleição do governador e vice, é pelo sistema
majoritário absoluto, sendo que a posse ocorrerá no dia 4- (POLICIA FEDERAL – PERITO CRIMINAL FEDERAL –
1º de Janeiro do ano subsequente (art. 28, CF). CESPE – 2018) Com relação aos direitos e às garantias

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fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
julgue o item a seguir. senão em virtude de lei”,ou seja, todo administrador
Ainda que, em regra, inexista distinção entre brasileiros público deve realizar seus atos sob a égide da lei.
natos e naturalizados, o cargo de oficial das Forças Arma- - Impessoalidade: o agente público deve tratar todos
das só poderá ser exercido por brasileiro nato. iguais, sem atribuição de privilégios a qualquer pessoa.
- Moralidade: este princípio tem a junção do princípio
da Legalidade com o da Finalidade, resultando em
( ) CERTO ( ) ERRADO
Moralidade. Ou seja, o princípio da moralidade traz a ideia
Comentário: Aplicar-se-á no caso explanado na ques- de que o trabalhador da administração pública tem que
tão, o art. 12, § 3º, VI da CF. ter bases éticas na administração.
GABARITO OFICIAL: CERTO - Publicidade: todos os atos devem ser públicos,
exceto os quais visão a necessidade de se ter sigilo.
5- STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRA- - Eficiência: o administrador deve ter uma boa gestão,
TIVA – CESPE – 2018) Em relação aos direitos e deveres ser um bom profissional e não utilizar da procrastinação
fundamentais, à nacionalidade e ao Poder Judiciário, jul- para desenvolver seu trabalho.
gue o item a seguir.
Situação hipotética: Com a pretensão de candidatar-se #FicaDica
a cargo eletivo, determinado militar, com cinco anos de
Para melhor fixação dos 5 princípios explícitos,
serviço, fez, de forma regular, o pedido de registro de sua
lembrem: LIMPE (é a inicial de cada princípio).
candidatura.
Assertiva: Nessa situação, após ser eleito, o militar deve-
rá afastar-se de sua atividade pelo período do mandato
eletivo, devendo retornar ao serviço após o seu término. FIQUE ATENTO!
Além desses princípios explícitos, ainda pos-
( ) CERTO ( ) ERRADO sui o grupo dos princípios implícitos, que são:
Princípio do Interesse Público, Princípio da Fi-
Comentário: A CF em seu art. 14, § 8º disciplina que nalidade, Princípio da Igualdade, Princípio da
o militar alistável poderá ser candidatar, desde que, Lealdade e boa-fé, Princípio da Motivação.
no caso de conter menos de dez anos de serviço, se
afastar da atividade ou no caso de contar com mais
de dez anos, ser agregado pela autoridade superior Neste diapasão, importante lembrar que o
e, se eleito, automaticamente no ato da diplomação administrador público pode fazer parte da administração
passará à inatividade. direta ou administração indireta.
GABARITO OFICIAL: ERRADO A administração direta, seria aquela realizada pelos
Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Ou seja, órgãos citados não possuem personalidade
jurídica própria e as despesas inerentes à administração,
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: DISPOSI- são contempladas no orçamento público e ocorre
ÇÕES GERAIS. DOS SERVIDORES PÚBLICOS. a desconcentração administrativa, que consiste na
delegação de tarefas.
Administração Pública Já a administração pública indireta, é, quando o
Estado transfere sua função/dever para outras pessoas
Conceitualmente, a administração pública é o conjunto jurídicas, sendo que essas pessoas jurídicas podem
de órgãos, serviços e agentes do Estado que objetivam vir a ser: fundações, empresas públicas, organismos
satisfazer as necessidades da sociedade, como por privados, dentre outros. Isto é, no presente caso ocorre
exemplo: na área da educação, cultura, segurança, saúde, a descentralização administrativa, pois a tarefa de
dentre outros. Ou seja, a administração pública é a gestão administração é transferida para outra pessoa jurídica.
dos interesses públicos por meio da prestação de serviços
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

públicos, sendo dividida em administração pública direta Principais características da Administração Pública:
e indireta. - A administração pública praticar atos tão somente
Como dito, o objetivo principal da administração de execução – ou seja, atos administrativos, sendo que,
pública é trabalhar a favor do interesse público, como quem pratica estes atos são os órgãos e seus agentes,
também, dos direitos e interesses dos cidadãos. que são sempre públicos.
Todo trabalhador que atua na administração pública - Exerce atividade à Lei e não à Política.
é, comumente, conhecido como gestor público. O gestor - Tem conduta hierarquizada de dever e de
público possui uma grande carga de responsabilidade, obediência.
devendo sempre seguir com transparência e ética, - Deve praticar seus atos com responsabilidade
principalmente, aos princípios da administração pública material e legal.
que são: - Administração Pública serve como um instrumento
- Legalidade: este princípio é base do Estado de Direito para o Estado conseguir seus objetivos.
sendo um dos mais importantes para a Administração - A competência é limitada pois cada um tem sua
Pública. Em sentido ao Art. 5º da CF, que diz que “ninguém área e “poder” de atuação.

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Servidores Públicos Civis - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
de normas de saúde, higiene e segurança;
Os servidores públicos são os trabalhadores - proibição de diferença de salários, de exercício de
vinculados ao Estado em decorrência de uma relação funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
laboral de natureza não eventual e, por isso, estão idade, cor ou estado civil.
submetidos ao regime de direito público, disciplinado - regime de previdência de caráter contributivo e
por diploma legal específico, normalmente denominado solidário, DENTRE OUTROS.
de Estatuto. Devido a isso, diz-se que os servidores
públicos estão sujeitos a um “regime estatutário” próprio Tendo em vista o exercício do cargo público, o servidor
e diferenciado. No que diz respeito a este aspecto, é tem direito a vencimentos, cujo valor é previamente
pacífico o entendimento de que o “cargo ou função fixado em lei, sendo irredutíveis, como também não
pública pertence ao Estado e não ao agente; desta sendo passíveis de arresto, sequestro ou penhora, exceto
forma, poderá o Estado ampliar, suprimir ou alterar os nos casos de prestação de alimentos.
cargos e funções, não gerando direito adquirido ao Ainda assim, importante lembrar que além dos
agente titular” (PAULO, 2009, p.125). vencimentos, os servidores públicos poderão ter direito
A base dos direitos dos servidores públicos estão a indenizações, gratificações e adicionais.
previstos na Constituição Federal de 1988, nos artigos
39 a 41. Ainda assim, em âmbito federal, a lei nº
8.112/90 representa o regime jurídico dos servidores FIQUE ATENTO!
públicos federais, estabelecendo, dentre outras coisas, As indenizações não são incorporadas ao
outros direitos e deveres desses agentes administrativos vencimento, as gratificações e os adicionais
no exercício de suas funções. Destaca-se, que outros incorporam-se, nos casos e nas condições
direitos podem ser atribuídos aos servidores públicos indicadas em lei.
pelas Constituições estaduais ou leis ordinárias dos
entes da Federação e de municípios.
Todos possuem o direito de serem nomeados Aposentadorias de servidor público
como servidor público ou empregado público. Porém,
precisam preencher requisitos básicos, como também, I- por invalidez permanente, sendo os proventos
realizar provas e conseguir a aprovação, conforme o proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se
artigo 37, inciso II da CF/88. decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
ou doença grave, contagiosa ou incurável;
II- compulsoriamente, com proventos proporcionais
#FicaDica ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
Em exceção, temos os casos de nomeações idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma
para cargos em comissão e de contratação de de lei complementar;
agentes temporários; todavia, nestes últimos III- voluntariamente, desde que cumprido tempo
casos, são desprovidos de estabilidade, mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
benefício este voltado exclusivamente aos público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
servidores públicos. aposentadoria, observadas as seguintes condições:
60 anos de idade e 35 anos de contribuição – Homem
55 anos de idade e 30 anos de contribuição-Mulher
Após a nomeação, o servidor passará por estágio
probatório e, após o estágio, poderá adquirir a A aposentadoria e as pensões não poderão exceder a
estabilidade que se efetiva após três anos de exercício remuneração do respectivo servido, no cargo efetivo em
do cargo ou função, de acordo com o art. 41 da CF. que se deu a aposentadoria ou a pensão.
Aos servidores públicos são garantidos os seguintes
direitos: IMPORTANTE: É vedada a adoção de requisitos e
- salário mínimo, fixado em lei com reajustes critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, inclusive salvo para:


para aqueles que percebem remuneração variável; A) deficientes;
- décimo terceiro salário com base na remuneração B) que exerçam atividades de risco;
integral ou no valor da aposentadoria; C) cujas atividades prejudiquem a saúde ou
- adicional noturno;
integridade física;
- salário família;
- duração do trabalho não superior a oito horas diárias
Obs: Os requisitos de idade e de tempo de
e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação
contribuição serão reduzidos em cinco anos, em
de horários e a redução da jornada;
relação ao disposto no § 1º, III, “a”, para o professor que
- repouso semanal remunerado, preferencialmente
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
aos domingos;
funções de magistério na educação infantil e no ensino
- hora extra, férias anuais remuneradas com, pelo
fundamental e médio
menos, um terço a mais do que o salário normal;

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Estabilidade O oficial das Forças Armadas só perderá o posto e a
patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele
São estáveis após três anos de efetivo exercício os incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial,
em virtude de concurso público. em tempo de guerra.
O servidor público estável só perderá o cargo:
I- em virtude de sentença judicial transitada em
julgado; #FicaDica
II- mediante processo administrativo com ampla O oficial condenado na justiça comum ou
defesa; militar a pena privativa de liberdade superior a
III- mediante procedimento de avaliação periódica dois anos, por sentença transitada em julgado,
de desempenho, com ampla defesa. será submetido ao julgamento previsto no
parágrafo anterior.
IMPORTANTE: Invalidada por sentença judicial a
demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e
o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido A lei disporá sobre os limites de idade, a estabilidade
ao cargo de origem, sem direito a indenização, e outras condições de transferência do servidor militar
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade para a inatividade.
com remuneração proporcional ao tempo de serviço Aplica-se aos servidores a que se refere este artigo,
Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, e a seus pensionistas, o disposto no art. 40, §§ 4º e 5º
o servidor estável ficará em disponibilidade, com e aplica-se aos servidores a que se refere este artigo o
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu disposto no art. 7º, VIII, XII, XVII, XVIII e XIX.
adequado aproveitamento em outro cargo.

Servidores Públicos Militares


EXERCÍCIOS COMENTADOS
São servidores militares federais os integrantes das
Forças Armadas e servidores militares dos Estados, 1. (PC-PI – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – NUCEPE
Territórios e Distrito Federal os integrantes de suas – 2018) A administração pública direta e indireta de
polícias militares e de seus corpos de bombeiros militares. qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-
As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
elas inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
da ativa, da reserva ou reformados das Forças Armadas, eficiência. Aponte a alternativa incorreta.
das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares
dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, sendo- a) A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
lhes privativos os títulos, postos e uniformes militares. indeterminado para atender a necessidade temporária
As patentes dos oficiais das Forças Armadas são de excepcional interesse público.
conferidas pelo Presidente da República, e as dos oficiais b) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por
das polícias militares e corpos de bombeiros militares dos servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
Estados, Territórios e Distrito Federal, pelos respectivos em comissão, a serem preenchidos por servidores de
Governadores. carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
O militar em atividade que aceitar cargo público civil previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de
permanente será transferido para a reserva. direção, chefia e assessoramento.
c) É garantido ao servidor público civil o direito à livre
associação sindical.
FIQUE ATENTO! d) O direito de greve será exercido nos termos e nos limi-
O militar da ativa que aceitar cargo, emprego tes definidos em lei específica.
ou função pública temporária, não eletiva, ain- e) A lei reservará percentual dos cargos e empregos pú-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

da que da administração indireta, ficará agre- blicos para as pessoas com deficiência e definirá os
gado ao respectivo quadro e somente poderá, critérios de sua admissão.
enquanto permanecer nessa situação, ser pro-
movido por antiguidade, contando-se-lhe o Resposta: Letra A. O erro encontra-se na palavra “in-
tempo de serviço apenas para aquela promo- determinado”: se a necessidade excepcional é tempo-
ção e transferência para a reserva, sendo de- rária, então o correto seria dizer que a contratação é
pois de dois anos de afastamento, contínuos por tempo determinado. O candidato deve estar bas-
ou não, transferido para a inatividade. tante atento e fazer uma leitura minuciosa de cada
alternativa para não cair nesse tipo de “pegadinha”
muito comum em questões de múltipla escolha.
O militar não pode sindicalizar-se, realizar greve e,
enquanto em efetivo serviço, não pode estar filiado a
partidos políticos.

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III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-
-á por antiguidade e merecimento, alternadamente,
DO PODER JUDICIÁRIO apurados na última ou única entrância;
IV - previsão de cursos oficiais de preparação, aper-
feiçoamento e promoção de magistrados, constituindo
DO PODER JUDICIÁRIO etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a par-
ticipação em curso oficial ou reconhecido por escola
Seção I nacional de formação e aperfeiçoamento de magis-
Disposições Gerais trados;
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores
corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal
I - o Supremo Tribunal Federal; Federal e os subsídios dos demais magistrados serão
I-A - o Conselho Nacional de Justiça; fixados em lei e escalonados, em nível federal e esta-
II - o Superior Tribunal de Justiça; dual, conforme as respectivas categorias da estrutu-
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Inciso acresci- ra judiciária nacional, não podendo a diferença entre
do pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto
VI - os Tribunais e Juízes Militares; nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de
Federal e Territórios. seus dependentes observarão o disposto no art. 40;
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacio-
VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
nal de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na
autorização do tribunal;
Capital Federal.
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentado-
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Su-
ria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á
periores têm jurisdição em todo o território nacional.
em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegu-
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magis- rada ampla defesa;
tratura, observados os seguintes princípios: VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de magis-
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de trados de comarca de igual entrância atenderá, no que
juiz substituto, mediante concurso público de provas e couber, ao disposto nas alíneas a, b, c e e do inciso II;
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciá-
do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel rio serão públicos, e fundamentadas todas as decisões,
em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presen-
e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classi- ça, em determinados atos, às próprias partes e a seus
ficação; advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
II - promoção de entrância para entrância, alternada- preservação do direito à intimidade do interessado no
mente, por antiguidade e merecimento, atendidas as sigilo não prejudique o interesse público à informação;
seguintes normas: X - as decisões administrativas dos tribunais serão
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por motivadas e em sessão pública, sendo as disciplina-
três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista res tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
de merecimento; membros;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco
de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com
a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco mem-
salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o bros, para o exercício das atribuições administrativas
lugar vago; e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal
c) aferição do merecimento conforme o desempenho pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;
no exercício da jurisdição e pela frequência e aprovei- XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo
tamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aper- vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de se-
feiçoamento; gundo grau, funcionando, nos dias em que não houver
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente expediente forense normal, juízes em plantão perma-
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto funda- nente; XIII - o número de juízes na unidade jurisdicio-
mentado de dois terços de seus membros, conforme nal será proporcional à efetiva demanda judicial e à
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, respectiva população;
repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; XIV - os servidores receberão delegação para a prática
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, de atos de administração e atos de mero expediente
retiver autos em seu poder além do prazo legal, não
sem caráter decisório;
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despa-
XV - a distribuição de processos será imediata, em to-
cho ou decisão;
dos os graus de jurisdição.

10
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regio- b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração
nais Federais, dos tribunais dos Estados, e do Distrito dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem
Federal e Territórios será composto de membros do vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus
Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferio-
e de advogados de notório saber jurídico e de reputa- res, onde houver;
ção ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
de representação das respectivas classes. III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros
formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, do Ministério Público, nos crimes comuns e de respon-
que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de sabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleito-
seus integrantes para nomeação. ral.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adqui- seus membros ou dos membros do respectivo órgão
rida após dois anos de exercício, dependendo a perda especial poderão os tribunais declarar a inconstitucio-
do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a nalidade de lei ou ato normativo do poder público.
que o juiz estiver vinculado e, nos demais casos, de
sentença judicial transitada em julgado; Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios,
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú-
e os Estados criarão:
blico, na forma do art. 93, VIII;
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou to-
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto
gados e leigos, competentes para a conciliação, o julga-
nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
2º, I. mento e a execução de causas cíveis de menor comple-
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: xidade e infrações penais de menor potencial ofensivo,
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permiti-
ou função, salvo uma de magistério; dos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julga-
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou mento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
participação em processo; II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos
III - dedicar-se a atividade político-partidária. eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com man-
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou dato de quatro anos e competência para, na forma
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; face de impugnação apresentada, o processo de habi-
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se litação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
do cargo por aposentadoria ou exoneração. § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados
especiais no âmbito da Justiça Federal.
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclu-
Art. 96. Compete privativamente:
I - aos tribunais: sivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regi- específicas da Justiça.
mentos internos, com observância das normas de pro-
cesso e das garantias processuais das partes, dispondo Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
sobre a competência e o funcionamento dos respecti- administrativa e financeira.
vos órgãos jurisdicionais e administrativos; § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamen-
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e tárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamen-
exercício da atividade correicional respectiva; tárias.
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os car- § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os ou-
gos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; tros tribunais interessados, compete:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

d) propor a criação de novas varas judiciárias; I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo aprovação dos respectivos tribunais;
único, os cargos necessários à administração da justi- II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal
ça, exceto os de confiança assim definidos em lei; e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça,
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus com a aprovação dos respectivos tribunais.
membros e aos juízes e servidores que lhes forem ime- § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem
diatamente vinculados; as respectivas propostas orçamentárias dentro do pra-
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Supe- zo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
riores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le- Poder Executivo considerará, para fins de consolidação
gislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: da proposta orçamentária anual, os valores aprovados
a) a alteração do número de membros dos tribunais na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
inferiores; os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.

11
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da
artigo forem encaminhadas em desacordo com os li- quantia respectiva.
mites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo § 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato
procederá aos ajustes necessários para fins de consoli- comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a
dação da proposta orçamentária anual. liquidação regular de precatórios incorrerá em crime
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, de responsabilidade e responderá, também, perante o
não poderá haver a realização de despesas ou a as- Conselho Nacional de Justiça.
sunção de obrigações que extrapolem os limites es- § 8º É vedada a expedição de precatórios complemen-
tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto tares ou suplementares de valor pago, bem como o
se previamente autorizadas, mediante a abertura de fracionamento, repartição ou quebra do valor da exe-
créditos suplementares ou especiais. cução para fins de enquadramento de parcela do total
ao que dispõe o § 3º deste artigo.
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas § 9º No momento da expedição dos precatórios, in-
Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, dependentemente de regulamentação, deles deverá
em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusi- ser abatido, a título de compensação, valor correspon-
vamente na ordem cronológica de apresentação dos dente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não
precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibi- em dívida ativa e constituídos contra o credor origi-
da a designação de casos ou de pessoas nas dotações nal pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja
este fim. execução esteja suspensa em virtude de contestação
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem administrativa ou judicial.
aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proven- § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal
tos, pensões e suas complementações, benefícios pre- solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta
videnciários e indenizações por morte ou por invali- em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito
dez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de de abatimento, informação sobre os débitos que pre-
sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos encham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins
com preferência sobre todos os demais débitos, exceto nele previstos.
sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, lei da entidade federativa devedora, a entrega de cré-
originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (ses- ditos em precatórios para compra de imóveis públicos
senta) anos de idade, ou sejam portadores de doença do respectivo ente federado.
grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitu-
forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos cional, a atualização de valores de requisitórios, após
os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado sua expedição, até o efetivo pagamento, independen-
em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, ad- temente de sua natureza, será feita pelo índice oficial
mitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que de remuneração básica da caderneta de poupança,
o restante será pago na ordem cronológica de apresenta- e, para fins de compensação da mora, incidirão juros
ção do precatório. simples no mesmo percentual de juros incidentes so-
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à bre a caderneta de poupança, ficando excluída a inci-
expedição de precatórios não se aplica aos pagamen- dência de juros compensatórios.
tos de obrigações definidas em leis como de pequeno § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente,
valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtu- seus créditos em precatórios a terceiros, independen-
de de sentença judicial transitada em julgado. temente da concordância do devedor, não se aplican-
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fi- do ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.
xados, por leis próprias, valores distintos às entidades § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efei-
de direito público, segundo as diferentes capacidades tos após comunicação, por meio de petição protoco-
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior lizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora.
benefício do regime geral de previdência social. § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei com-
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das enti- plementar a esta Constituição Federal poderá estabe-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dades de direito público, de verba necessária ao paga- lecer regime especial para pagamento de crédito de
mento de seus débitos, oriundos de sentenças transita- precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios,
das em julgado, constantes de precatórios judiciários dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida
apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamen- e forma e prazo de liquidação.
to até o final do exercício seguinte, quando terão seus § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União
valores atualizados monetariamente. poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-
serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, -os diretamente.
cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a de- § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
cisão exequenda determinar o pagamento integral e nicípios aferirão mensalmente, em base anual, o com-
autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente prometimento de suas respectivas receitas correntes
para os casos de preterimento de seu direito de pre- líquidas com o pagamento de precatórios e obrigações
cedência ou de não alocação orçamentária do valor de pequeno valor.

12
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, pre-
fins de que trata o § 17, o somatório das receitas tri- cipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
butárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de I - processar e julgar, originariamente:
contribuições e de serviços, de transferências correntes a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do normativo federal ou estadual e a ação declaratória
§ 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
período compreendido pelo segundo mês imediata- b) nas infrações penais comuns, o Presidente da Re-
mente anterior ao de referência e os 11 (onze) meses pública, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas: Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Ge-
I – na União, as parcelas entregues aos Estados, ao ral da República;
Distrito Federal e aos Municípios por determinação c) nas infrações penais comuns e nos crimes de res-
constitucional; ponsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandan-
II – nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressal-
por determinação constitucional; vado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os
Municípios, a contribuição dos servidores para custeio chefes de missão diplomática de caráter permanente;
de seu sistema de previdência e assistência social e d) o habeas corpus , sendo paciente qualquer das pes-
as receitas provenientes da compensação financeira soas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de
referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. segurança e o habeas data contra atos do Presidente
(Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional nº da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e
94, de 2016) do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União,
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes do Procurador-Geral da República e do próprio Supre-
de condenações judiciais em precatórios e obrigações mo Tribunal Federal;
de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ul- e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo in-
trapasse a média do comprometimento percentual da ternacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou
receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediata- o Território;
mente anteriores, a parcela que exceder esse percen- f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados,
tual poderá ser financiada, excetuada dos limites de a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros,
endividamento de que tratam os incisos VI e VII do inclusive as respectivas entidades da administração
art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros indireta;
limites de endividamento previstos, não se aplicando g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
a esse financiamento a vedação de vinculação de re- h) (Revogada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
ceita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Supe-
Federal. (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitu-
rior ou quando o coator ou o paciente for autoridade
cional nº 94, de 2016)
ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15%
à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate
(quinze por cento) do montante dos precatórios apre-
de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única
sentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze
instância;
por cento) do valor deste precatório serão pagos até
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julga-
o final do exercício seguinte e o restante em parcelas dos;
iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas l) a reclamação para a preservação de sua competên-
de juros de mora e correção monetária, ou mediante cia e garantia da autoridade de suas decisões;
acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Conci- m) a execução de sentença nas causas de sua compe-
liação de Precatórios, com redução máxima de 40% tência originária, facultada a delegação de atribuições
(quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, para a prática de atos processuais;
desde que em relação ao crédito não penda recurso n) a ação em que todos os membros da magistratura
ou defesa judicial e que sejam observados os requi- sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela
sitos definidos na regulamentação editada pelo ente em que mais da metade dos membros do tribunal de
federado. (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitu-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

origem estejam impedidos ou sejam direta ou indire-


cional nº 94, de 2016) tamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribu-
Seção II nal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais
Do Supremo Tribunal Federal Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de inconstitucionalidade;
onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais q) o mandado de injunção, quando a elaboração da
de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de norma regulamentadora for atribuição do Presiden-
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. te da República, do Congresso Nacional, da Câmara
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal dos Deputados, do Senado Federal, da Mesa de uma
Federal serão nomeados pelo Presidente da República, dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
do Senado Federal. Supremo Tribunal Federal;

13
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
contra o Conselho Nacional do Ministério Público. § 4º (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional
II - julgar, em recurso ordinário: nº 3, de 1993 e revogado pela Emenda Constitucional
a) o habeas corpus , o mandado de segurança, o habe- nº 45, de 2004)
as data e o mandado de injunção decididos em única
instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de
decisão; ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
b) o crime político; terços dos seus membros, após reiteradas decisões
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a
decididas em única ou última instância, quando a de- partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efei-
cisão recorrida: to vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
a) contrariar dispositivo desta Constituição; Judiciário e à administração pública direta e indireta,
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei fede- nas esferas federal, estadual e municipal, bem como
ral; proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma es-
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado tabelecida em lei.
em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei fe- § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpre-
deral. tação e a eficácia de normas determinadas, acerca das
§ 1º A argüição de descumprimento de preceito fun- quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários
damental, decorrente desta Constituição, será apre- ou entre esses e a administração pública que acarrete
ciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. grave insegurança jurídica e relevante multiplicação
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo de processos sobre questão idêntica.
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de in- § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em
constitucionalidade e nas ações declaratórias de lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula
constitucionalidade, produzirão eficácia contra todos poderá ser provocada por aqueles que podem propor
e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos a ação direta de inconstitucionalidade.
do Poder Judiciário e à administração pública direta § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que
e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Fe-
demonstrar a repercussão geral das questões consti- deral que, julgando-a procedente, anulará o ato ad-
tucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim ministrativo ou cassará a decisão judicial reclamada,
de que o Tribunal examine a admissão do recurso, so- e determinará que outra seja proferida com ou sem a
mente podendo recusá-lo pela manifestação de dois aplicação da súmula, conforme o caso.
terços de seus membros.
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucio- -se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois)
nalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:
I - o Presidente da República; I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
II - a Mesa do Senado Federal; II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indi-
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; cado pelo respectivo tribunal;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, in-
Legislativa do Distrito Federal; dicado pelo respectivo tribunal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indica-
VI - o Procurador-Geral da República; do pelo Supremo Tribunal Federal;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
Brasil; Federal;
VIII - partido político com representação no Congresso VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado
Nacional; pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

âmbito nacional. de Justiça;


§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser pre- VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indi-
viamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade cado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
e em todos os processos de competência do Supremo IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Supe-
Tribunal Federal. rior do Trabalho;
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de X - um membro do Ministério Público da União, indi-
medida para tornar efetiva norma constitucional, será cado pelo Procurador-Geral da República;
dada ciência ao Poder competente para a adoção das XI - um membro do Ministério Público estadual, es-
providências necessárias e, em se tratando de órgão colhido pelo Procurador-Geral da República dentre os
administrativo, para fazê-lo em trinta dias. nomes indicados pelo órgão competente de cada ins-
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a tituição estadual;
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da da Ordem dos Advogados do Brasil;

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XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputa- interessado, relativas aos magistrados e aos serviços
ção ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados judiciários;
e outro pelo Senado Federal. II - exercer funções executivas do Conselho, de inspe-
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Su- ção e de correição geral;
premo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impe- III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes
dimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribu-
Federal. nais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territó-
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomea- rios.
dos pelo Presidente da República, depois de aprovada § 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral
a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. da República e o Presidente do Conselho Federal da
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações pre- Ordem dos Advogados do Brasil.
vistas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tri-
bunal Federal. § 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Terri-
tórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação receber reclamações e denúncias de qualquer interes-
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do sado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, ca- ou contra seus serviços auxiliares, representando dire-
bendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem tamente ao Conselho Nacional de Justiça.
conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
Seção III
Do Superior Tribunal de Justiça
cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo
expedir atos regulamentares, no âmbito de sua com-
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de,
petência, ou recomendar providências; no mínimo, trinta e três Ministros.
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,
administrativos praticados por membros ou órgãos do dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos
Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e
fixar prazo para que se adotem as providências neces- reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
sárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
competência do Tribunal de Contas da União; I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Fede-
III - receber e conhecer das reclamações contra mem- rais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais
bros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo pró-
seus serviços auxiliares, serventias e órgãos presta- prio Tribunal;
dores de serviços notariais e de registro que atuem II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e
por delegação do poder público ou oficializados, sem membros do Ministério Público Federal, Estadual, do
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos Distrito Federal e dos Territórios, alternadamente, in-
tribunais, podendo avocar processos disciplinares em dicados na forma do art. 94.
curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou
a aposentadoria com subsídios ou proventos propor- Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
cionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções I - processar e julgar, originariamente:
administrativas, assegurada ampla defesa; a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e
IV - representar ao Ministério Público, no caso de cri- do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade,
me contra a administração pública ou de abuso de os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Es-
autoridade; tados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os pro- de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
cessos disciplinares de juízes e membros de tribunais Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais
julgados há menos de um ano; Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico so-
Público da União que oficiem perante tribunais;
bre processos e sentenças prolatadas, por unidade da
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) os mandados de segurança e os habeas data con-


Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
tra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da
VII - elaborar relatório anual, propondo as providên- Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio
cias que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Tribunal;
Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for
deve integrar mensagem do Presidente do Supremo qualquer das pessoas mencionadas na alínea a, ou
Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacio- quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,
nal, por ocasião da abertura da sessão legislativa. Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exer- Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência
cerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da Justiça Eleitoral;
da distribuição de processos no Tribunal, competindo- d) os conflitos de competência entre quaisquer tribu-
-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas nais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o , bem como
pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes: entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre
I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer juízes vinculados a tribunais diversos;

15
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus da República dentre brasileiros com mais de trinta e
julgados; menos de sessenta e cinco anos, sendo:
f) a reclamação para a preservação de sua competên- I - um quinto dentre advogados com mais de dez
cia e garantia da autoridade de suas decisões; anos de efetiva atividade profissional e membros do
g) os conflitos de atribuições entre autoridades admi- Ministério Público Federal com mais de dez anos de
nistrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades carreira;
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou II - os demais, mediante promoção de juízes federais
do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da e merecimento, alternadamente.
norma regulamentadora for atribuição de órgão, en- § 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de ju-
tidade ou autoridade federal, da administração direta ízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará
ou indireta, excetuados os casos de competência do sua jurisdição e sede.
Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Mi- § 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justi-
litar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da
ça itinerante, com a realização de audiências e demais
Justiça Federal;
funções da atividade jurisdicional, nos limites territo-
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a con-
riais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipa-
cessão de exequatur às cartas rogatórias;
mentos públicos e comunitários.
II - julgar, em recurso ordinário:
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcio-
a) os habeas corpus decididos em única ou última
nar descentralizadamente, constituindo Câmaras re-
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
gionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdi-
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
cionado à justiça em todas as fases do processo.
quando a decisão for denegatória;
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
b) os mandados de segurança decididos em única
I - processar e julgar, originariamente:
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluí-
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, dos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos
quando denegatória a decisão; crimes comuns e de responsabilidade, e os membros
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro do Ministério Público da União, ressalvada a compe-
ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, tência da Justiça Eleitoral;
Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julga-
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, dos seus ou dos juízes federais da região;
em única ou última instância, pelos Tribunais Regio- c) os mandados de segurança e os habeas data contra
nais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Dis- ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
trito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: d) os habeas corpus , quando a autoridade coatora for
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigên-
juiz federal;
cia;
e) os conflitos de competência entre juízes federais
b) julgar válido ato de governo local contestado em
vinculados ao Tribunal;
face de lei federal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pe-
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe
los juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício
haja atribuído outro tribunal.
da competência federal da área de sua jurisdição.
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribu-
nal de Justiça:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e jul-
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
gar:
de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções,
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou
regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e pro-
empresa pública federal forem interessadas na condi-
moção na carreira;
ção de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exer-
as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas
cer, na forma da lei, a supervisão administrativa e or-
à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
çamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo
graus, como órgão central do sistema e com poderes
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.


residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da
Seção IV
União com Estado estrangeiro ou organismo interna-
Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Fe-
cional;
derais
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas
em detrimento de bens, serviços ou interesse da União
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:
ou de suas entidades autárquicas ou empresas públi-
I - os Tribunais Regionais Federais;
cas, excluídas as contravenções e ressalvada a compe-
II - os Juízes Federais.
tência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção inter-
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se nacional, quando, iniciada a execução no País, o resul-
de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possí- tado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
vel, na respectiva região e nomeados pelo Presidente reciprocamente;

16
V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
refere o § 5º deste artigo; III - Juizes do Trabalho.
§ 1º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos 2004)
casos determinados por lei, contra o sistema financei-
ro e a ordem econômico-financeira; § 2º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de
VII - os habeas corpus , em matéria criminal de sua 2004)
competência ou quando o constrangimento provier de § 3º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujei- 2004)
tos a outra jurisdição;
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-
VIII - os mandados de segurança e os habeas data
-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre bra-
contra ato de autoridade federal, excetuados os casos sileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de
de competência dos tribunais federais; sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e repu-
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aerona- tação ilibada, nomeados pelo Presidente da Repúbli-
ves, ressalvada a competência da Justiça Militar; ca após aprovação pela maioria absoluta do Senado
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular Federal, sendo: (“Caput” do artigo com redação dada
de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
exequatur , e de sentença estrangeira, após a homolo- I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos
gação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive de efetiva atividade profissional e membros do Minis-
a respectiva opção, e à naturalização; tério Público do Trabalho com mais de dez anos de
XI - a disputa sobre direitos indígenas. efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
§ 1º As causas em que a União for autora serão afo- II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do
radas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indi-
parte. cados pelo próprio Tribunal Superior.
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser § 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Su-
aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o perior do Trabalho.
autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Tra-
deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa,
balho:
ou, ainda, no Distrito Federal.
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen-
§ 3º Serão processadas e julgadas na Justiça estadual,
to de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre
no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários,
outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o
as causas em que forem parte instituição de previdên-
ingresso e promoção na carreira;
cia social e segurado, sempre que a comarca não seja
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, ca-
sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa con-
dição, a lei poderá permitir que outras causas sejam bendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão ad-
também processadas e julgadas pela Justiça estadual. ministrativa, orçamentária, financeira e patrimonial
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso ca- da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus,
bível será sempre para o Tribunal Regional Federal na como órgão central do sistema, cujas decisões terão
área de jurisdição do juiz de primeiro grau. efeito vinculante.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos hu- § 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho pro-
manos, o Procurador-Geral da República, com a fi- cessar e julgar, originariamente, a reclamação para a
nalidade de assegurar o cumprimento de obrigações preservação de sua competência e garantia da autori-
decorrentes de tratados internacionais de direitos hu- dade de suas decisões.
manos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, po-
fase do inquérito ou processo, incidente de desloca- dendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdi-
mento de competência para a Justiça Federal. ção, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para
o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal,
constituirá uma seção judiciária, que terá por sede a Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidu-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

respectiva capital, e varas localizadas segundo o esta- ra, jurisdição, competência, garantias e condições de
belecido em lei. exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição
e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e
aos juízes da Justiça local, na forma da lei. julgar:
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangi-
Seção V dos os entes de direito público externo e da adminis-
Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais tração pública direta e indireta da União, dos Estados,
Regionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho do Distrito Federal e dos Municípios;
II - as ações que envolvam exercício do direito de gre-
(Denominação da Seção com redação dada pela ve;
Emenda Constitucional nº 92, de 2016) III - as ações sobre representação sindical, entre sindi-
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: catos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindi-
I - o Tribunal Superior do Trabalho; catos e empregadores;

17
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e ha- II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
beas data, quando o ato questionado envolver maté- III - os juízes eleitorais;
ria sujeita à sua jurisdição; IV - as Juntas Eleitorais.
V - os conflitos de competência entre órgãos com ju-
risdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no
I, o; mínimo, de sete membros, escolhidos:
VI - as ações de indenização por dano moral ou patri- I - mediante eleição, pelo voto secreto:
monial, decorrentes da relação de trabalho; a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal
VII - as ações relativas às penalidades administrativas Federal;
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscaliza- b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal
ção das relações de trabalho; de Justiça;
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais II - por nomeação do Presidente da República, dois
previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico
decorrentes das sentenças que proferir; e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de Federal.
trabalho, na forma da lei. Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes pode- seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros
rão eleger árbitros. do Supremo Tribunal Federal, e o corregedor eleitoral
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na ca-
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o pital de cada Estado e no Distrito Federal.
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de § 1º Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
proteção ao trabalho, bem como as convencionadas I - mediante eleição, pelo voto secreto:
anteriormente. a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribu-
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com nal de Justiça;
possibilidade de lesão do interesse público, o Ministé- b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos
rio Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coleti- pelo Tribunal de Justiça;
vo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede
na capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho com- havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso,
põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quan- pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
do possível, na respectiva região, e nomeados pelo III - por nomeação, pelo Presidente da República, de
Presidente da República dentre brasileiros com mais dois juízes dentre seis advogados de notável saber ju-
de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: rídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos Justiça.
de efetiva atividade profissional e membros do Minis- § 2º O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presi-
tério Público do Trabalho com mais de dez anos de dente e o Vice-Presidente dentre os desembargadores.
efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II - os demais, mediante promoção de juízes do traba- Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organiza-
lho por antiguidade e merecimento, alternadamente. ção e competência dos Tribunais, dos juízes de direito
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão
e das Juntas Eleitorais.
a justiça itinerante, com a realização de audiências
§ 1º Os membros dos Tribunais, os juízes de direito
e demais funções de atividade jurisdicional, nos limi-
e os integrantes das Juntas Eleitorais, no exercício de
tes territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de
equipamentos públicos e comunitários.
plenas garantias e serão inamovíveis.
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão fun-
§ 2º Os juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo
cionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do juris-
por mais de dois biênios consecutivos, sendo os subs-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dicionado à justiça em todas as fases do processo.


titutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será processo, em número igual para cada categoria.
exercida por um juiz singular. § 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior
Parágrafo único. (Revogado pela Emenda Constitucio- Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição
nal nº 24, de 1999) e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de
Art. 117. (Revogado pela Emenda Constitucional nº segurança.
24, de 1999)
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais
Seção VI somente caberá recurso quando:
Dos Tribunais e Juízes Eleitorais I - forem proferidas contra disposição expressa desta
Constituição ou de lei;
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre
I - o Tribunal Superior Eleitoral; dois ou mais Tribunais Eleitorais;

18
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
diplomas nas eleições federais ou estaduais; disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justi-
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de ça, sob
mandatos eletivos federais ou estaduais; § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descen-
V - denegarem habeas corpus, mandado de seguran- tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim
ça, habeas data ou mandado de injunção. de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
em todas as fases do processo.
Seção VII § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante,
Dos Tribunais e Juízes Militares com a realização de audiências e demais funções da
atividade jurisdicional, nos limites territoriais da res-
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: pectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públi-
I - o Superior Tribunal Militar; cos e comunitários.
II - os Tribunais e juízes militares instituídos por lei.
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de
de Justiça proporá a criação de varas especializadas,
quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presiden-
te da República, depois de aprovada a indicação pelo com competência exclusiva para questões agrárias.
Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente presta-
Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, ção jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio.
três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da
ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco den- 1. Garantias do Judiciário
tre civis.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos Institucionais:
pelo Presidente da República dentre brasileiros maio- - Autonomia orgânico administrativa: eleger seus ór-
res de trinta e cinco anos, sendo: gãos de direção / elaborar regimento interno / organizar
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e a administração interna.
conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva ati- - Autonomia financeira: elaborarão suas próprias pro-
vidade profissional; postas financeiras, desde que compatíveis com os limites
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes-auditores estipulados pela Lei.
e membros do Ministério Público da Justiça Militar.
1.1. Funcionais:
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar
os crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o - Independência os órgãos:
funcionamento e a competência da Justiça Militar. - Vitaliciedade: somente perderá o cargo por senten-
ça transitada em julgado. Estabilidade adquirida após 02
Seção VIII anos (estágio probatório).
Dos Tribunais e Juízes dos Estados Atenção!
1º grau – vitaliciedade após 02 anos
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, obser- Tribunais – após a posse no cargo superior
vados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º A competência dos tribunais será definida na - Inamovibilidade: impossibilidade de remoção sem
Constituição do Estado, sendo a lei de organização ju- anuência do juiz, exceto por interesse público, sendo
diciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. essa decisão aprovada e votada por 2/3 do TJ ou do CNJ.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de
- Irredutibilidade de subsídios: salário não pode ser
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos esta-
reduzido, garantindo livre exercício profissional.
duais ou municipais em face da Constituição estadual,
vedada a atribuição da legitimação para agir a um úni- - Garantia de imparcialidade (vedações que possam
co órgão. prejudicar a imparcialidade)
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do
Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, consti- Art. 95 parágrafo único
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tuída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos


Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar ou função, salvo uma de magistério;
nos Estados em que o efetivo militar seja superior a - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
vinte mil integrantes. participação em processo;
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e - dedicar-se à atividade político-partidária;
julgar os militares dos Estados, nos crimes militares - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
definidos em lei e as ações judiciais contra atos dis- contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
ciplinares militares, ressalvada a competência do júri privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (EC n.
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal compe- 45/2004);
tente decidir sobre a perda do posto e da patente dos - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se
oficiais e da graduação das praças. afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar cargo por aposentadoria ou exoneração (EC n. 45/2004
processar e julgar, singularmente, os crimes militares — a assim denominada quarentena de saída).

19
Art.92 – Órgãos do poder judiciário

DIVISÕES EM INSTÂNCIAS

1ª Instância (1º grau – órgãos singulares): juízes singulares. Exercem a jurisdição – apenas 01 juiz pode “dizer o
direito”. Decisão individual.
2ª Instância (2º grau – órgão colegiado) podem ser divididos internamente. Ex: STF – 02 turmas. Outros casos po-
dem depender do plenário. Decisão colegiada.

SEQUÊNCIA DO PROCESSO

O andamento processual não obedece a uma sequencia predeterminada. Ex: começa em primeira instância e encer-
ra no STF. Eu posso ter processos que podem iniciar direto no STF face a competência originária.
Regra: Os órgãos do judiciário são órgãos federais, da união; exceto Tribunais de Justiça e Juízes de direito (esta-
duais). TJ/DF embora competência de tribunal estadual, é mantido pela união.

JUSTIÇA ESPECIALIZADA

Tribunais específicos – Justiça especializada.


TRE / TSE – TRT / TST – STM (jurisdição em território nacional)

- SEDE E JURISDIÇÃO

Sede dos Tribunais Superiores / STF e CNJ: sede na capital federal. Atenção: CNJ não exerce jurisdição. O CNJ é
um órgão de controle interno do poder judiciário. Tem a função de controlar a atuação administrativa e financeira do
poder judiciário e fiscalizar a atuação dos juízes – não haverá julgamento de litígios, mas sim fiscalizar administração,
despesas e atuação funcional.
TJ – Jurisdição estadual
TRE / TST / Justiça Federal: divididos em regiões.

COMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS

COMPOSIÇÃO TRIBUNAIS SUPERIORES

STF – membros: 11 ministros


Brasileiros natos, mais de 35 e menos de 65, notável saber jurídico, reputação ilibada.
Indicação do presidente / aprovação do Senado Federal (sabatina) maioria absoluta / nomeação Pres.
República. Vontades complexas. Necessário ser juiz de carreira? Não. Basta a indicação e aprovação do Senado. A
doutrina pacificou a necessidade do curso de direito.

STJ – membros: mínimo 33 ministros


Brasileiro nato ou naturalizado
1/3 juízes dos TRF
1/3 desembargadores TJ
1/6 dentre advogados; e
1/6 dentre membros do MP

TST – membros: 27 ministros


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

4/5 juízes do TRT


1/5 advogados e membros do MP

TSE – membros: 07 ministros


03 ministros do STF (eleitos entre si por voto secreto)
02 ministros do STJ (eleitos entre si por voto secreto)
02 advogados indicados em lista sêxtupla pelo STF e nomeado pelo Pres. República.
STM – membros: 15 ministros
03 oficiais da marinha
03 da aeronáutica
04 do exercito
03 advogados + 10 anos profissão
02 membros do MP da justiça militar

20
Nomenclatura: ministros.

COMPOSIÇÃO TRIBUNAIS 2º GRAU

TRF / TRT / TRE: repetir o menor número de membros: 07


TJ: cada estado define o seu
Tribunal Militar: em caso de guerra pode ser criado.
Juízes: conforme a demanda.
Todos os membros dos tribunais superiores e cnj são indicados. Nomeados pelo presidente com aprovação do
Senado. Estaduais: chefe do executivo

REGRA DO QUINTO CONSTITUCIONAL

APENAS PARA TJ - TRF - TRT - -TST

Quinto constitucional: TJ / TRF / TRT / TST – 1/5 dos membros vem de advogado e membros do MP indicados.
Arredonda pra cima. (Art. 94)
Regra: OAB e representativo do MP propõem uma lista sêxtupla e submete ao Tribunal para que dentro os 06 es-
colha 03. Os 03 escolhidos serão levados a conhecimento do chefe do executivo que fará a escolha final e nomeação.
STJ: regra do terço: 1/3 advogados e membros do MP

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

CNJ: 15 membros – Art. 103B mandato de 02 anos (uma recondução)

09 membros do Judiciário.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- 01 STF – Presidente.
- 01 STJ – indicado pelo próprio Tribunal
- 01 TRF – indicado pelo STJ
- 01 Juiz federal – indicado pelo STJ
- 01 TST – indicado pelo próprio Tribunal
- 01 TRF – indicado pelo TST
- 01 Juiz Trabalho indicado pelo TST
- 01 Desembargador indicado pelo STF
- 01 Juiz estadual indicado pelo STF

E os demais?
02 – 02 – 02
02 Advogados – indicados pelo Conselho Federal OAB
02 Ministério Público: 01 MPU indicado pelo PGR / 01 MP estados (26: escolhido pelo PGR.

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02 cidadãos: notável saber jurídico e reputação iliba- - JUSTIÇA MILITAR (ART. 124 E DL 1001/96)
da: 01 indicado pela Câmara e outro pelo Senado Federal. - JUSTIÇA FEDERAL E TRF (ART. 109 E 108)
Exceto presidente e vice presidente do STF, os demais - JUSTIÇA ESTADUAL (competência residual – de-
serão indicados e nomeados pelo Presidente da Repú- finida pela Constituição do Estado)
blica.
Presidente do CNJ: Presidente do STF e na ausência
o vice.
Ministro Corregedor: Ministro do STJ EXERCÍCIO COMENTADO
Controle dos atos do CNJ: STF / CNJ controla STF?
Não
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: STJProva:
Conhecimentos Básicos - Cargo: 9.
ESTATUTO DA MAGISTRATURA A respeito do que dispõe a Constituição Federal de 1988
(CF) sobre o regime jurídico da administração pública e o
Estatuto da magistratura – art. 93 (aprovado por Lei Poder Judiciário, julgue o item seguinte. Um quinto das
Complementar – maioria absoluta) – Lei ordinária (maio- vagas de magistrados de todos os tribunais superiores
ria simples) Projeto de Iniciativa do STF – Câmara vota e é destinado a membros da advocacia, eleitos por meio
aprova, senado vota e aprovada – Presidente promulga. de lista tríplice indicada pela Ordem dos Advogados do
- Ingresso na carreira Brasil.

Art. 93 I ( ) CERTO ( ) ERRADO


Concurso público – provas e títulos – participação da
OAB em todas as fases. Resposta Letra B.
Bacharel em Direito, mínimo de 03 experiência jurí- Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal
dica.
e Territórios será composto de membros, do Ministério
Entra como juiz substituto. (Residência) após, promo-
Público, com mais de dez anos de carreira, e de advo-
ção para juiz titular.
gados de notório saber jurídico e de reputação ilibada,
- Promoção (antiguidade e merecimento) com mais de dez anos de efetiva atividade profissional,
Art. 93 II – Promoção entrância para entrância / clas- indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representa-
sificação de comarcas diferente de instância. 1ª ent-
ção das respectivas classes.
rância (vara única) 2ª entrância (mais de uma vara)
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal for-
Entrância especial (Ex: capital ou grandes cidades)
mará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que,
Critério: alternadamente 7 - por antiguidade ou me-
nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus inte-
recimento.
Promoção por antiguidade: juiz mais antigo; salvo se grantes para nomeação.
2/3 recusarem. TJ
Promoção por merecimento: 02 anos na entrância / 2. Aplicada em: 2017Banca: CESPEÓrgão: TRE-TOPro-
1ª quinta parte va: Analista Judiciário - Área Administrativa.
Merecimento: desempenho, atualização em cursos. É permitido ao magistrado
Promoção obrigatória: aparecer 03 x consecutivas lista
tríplice ou 5 alternadas. Não serão promovidos aque- a) receber contribuições de entidades privadas a título
les que obstaculizarem o desenvolvimento processual. gratuito.
b) exercer qualquer outro cargo, caso tenha disponibili-
COMPETÊNCIAS DO PODER JUDICIÁRIO dade durante o exercício da magistratura.
c) receber participação em processo no qual tenha atua-
- SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ART. 102 E 103) do em substituição a juiz que se encontrava no gozo
Guardião da CF – controle de constitucionalidade de férias.
- Competências originárias: art. 102 I d) advogar perante juízo do qual tenha sido afastado por
- Competências recursais: Recurso Ordinário (Art. 102 exoneração, desde que decorridos três anos do afas-
II) e Extraordinário (Art.102 III) – Repercussão geral para tamento.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

o extraordinário (recusar apreciação pela votação de 2/3 e) envolver-se em atividades político-partidárias, desde
dos membros) que comunique à presidência do respectivo tribunal.

- SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (art. 105) Resposta: Letra D.


Guardião da Lei infraconstitucional Art. 95 Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
- Competências originárias: art. 105 I I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo
- Competências recursais: Recurso Ordinário (Art. 105 ou função, salvo uma de magistério;
II) e Recurso Especial (Art. 105 III) II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou par-
ticipação em processo;
- JUSTIÇA TRABALHISTA (ART. 113 E 114) em re- III - dedicar-se à atividade político-partidária.
gra as relações regidas pela CLT, excetuando as relações IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
estatutárias. contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
- JUSTIÇA ELEITORAL (ART. 121 E CÓDIGO ELEI-
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
TORAL)

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V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se de provas e títulos, a política remuneratória e os pla-
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento nos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e
do cargo por aposentadoria ou exoneração. funcionamento. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
3,Aplicada em: 2017Banca: CESPEÓrgão: TRE-PEPro- § 3º O Ministério Público elaborará sua proposta or-
va: TécnicoJudiciário – Área Administrativa. çamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
De acordo com a CF, ao juiz diretrizes orçamentárias.
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a res-
a) é garantida a inamovibilidade, ainda que haja motivo pectiva proposta orçamentária dentro do prazo esta-
de interesse público que recomende sua remoção. belecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
b) é permitido dedicar-se à atividade político-partidária, Executivo considerará, para fins de consolidação da
desde que ele esteja em disponibilidade. proposta orçamentária anual, os valores aprovados
c) que esteja em disponibilidade é permitido exercer na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
qualquer outro cargo público. os limites estipulados na forma do § 3º. (In-
d) é permitido receber custas em processo judicial, desde cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
que ele esteja em disponibilidade. § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este arti-
e) é garantida a vitaliciedade, que, no primeiro grau, será go for encaminhada em desacordo com os limites esti-
adquirida após dois anos de exercício. pulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá
aos ajustes necessários para fins de consolidação da
Resposta: Letra D. proposta orçamentária anual. (Incluído pela
Os juízes gozam das seguintes garantias: Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquiri- § 6º Durante a execução orçamentária do exercício,
da após dois anos de exercício, dependendo a perda do não poderá haver a realização de despesas ou a as-
cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o sunção de obrigações que extrapolem os limites es-
juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto
judicial transitada em julgado; se previamente autorizadas, mediante a abertura de
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú- créditos suplementares ou especiais. (Incluí-
blico, na forma do art. 93, VIII; do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto Art. 128. O Ministério Público abrange:
nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. I - o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA: DO d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
MINISTÉRIO PÚBLICO. II - os Ministérios Públicos dos Estados.
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
Procurador-Geral da República, nomeado pelo Pre-
DOS ÓRGÃOS ESSENCIAIS À JUSTIÇA sidente da República dentre integrantes da carreira,
maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de
Tendo em vista a simplicidade da matéria, vejamos o seu nome pela maioria absoluta dos membros do Se-
nado Federal, para mandato de dois anos, permitida
que diz a Constituição Federal:
a recondução.
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República,
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA por iniciativa do Presidente da República, deverá ser
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de precedida de autorização da maioria absoluta do Se-
2014) nado Federal.
SEÇÃO I § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito
DO MINISTÉRIO PÚBLICO Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre in-
tegrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 127. O Ministério Público é instituição perma- escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado
nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in- pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois
cumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime anos, permitida uma recondução.
democrático e dos interesses sociais e individuais in- § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito
disponíveis. Federal e Territórios poderão ser destituídos por deli-
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Pú- beração da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
blico a unidade, a indivisibilidade e a independência forma da lei complementar respectiva.
funcional. § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-
funcional e administrativa, podendo, observado o -Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições
disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a e o estatuto de cada Ministério Público, observadas,
criação e extinção de seus cargos e serviços auxilia- relativamente a seus membros:
res, provendo-os por concurso público de provas ou I - as seguintes garantias:

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a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não po- vedada a representação judicial e a consultoria jurídi-
dendo perder o cargo senão por sentença judicial ca de entidades públicas.
transitada em julgado; § 1º - A legitimação do Ministério Público para as
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse ações civis previstas neste artigo não impede a de
público, mediante decisão do órgão colegiado com- terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto
petente do Ministério Público, pelo voto da maioria nesta Constituição e na lei.
absoluta de seus membros, assegurada ampla defe- § 2º As funções do Ministério Público só podem ser
sa; (Redação dada pela Emenda Constitucional exercidas por integrantes da carreira, que deverão re-
nº 45, de 2004) sidir na comarca da respectiva lotação, salvo autoriza-
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. ção do chefe da instituição. (Redação dada pela
39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação dada § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) -se-á mediante concurso público de provas e títulos,
II - as seguintes vedações: assegurada a participação da Ordem dos Advogados
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel
honorários, percentagens ou custas processuais; em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica
b) exercer a advocacia; e observando-se, nas nomeações, a ordem de classifi-
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; cação. (Redação dada pela Emenda Constitu-
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer ou- cional nº 45, de 2004)
tra função pública, salvo uma de magistério; § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber,
e) exercer atividade político-partidária, salvo exceções o disposto no art. 93. (Redação dada pela
previstas na lei. Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
e) exercer atividade político-partidária; (Re- § 5º A distribuição de processos no Ministério Público
dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) será imediata. (Incluído pela Emenda Consti-
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou tucional nº 45, de 2004)
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta
seção pertinentes a direitos, vedações e forma de in-
lei. (Incluída pela Emenda Constitucional nº
vestidura.
45, de 2004)
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Públi-
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o
co compõe-se de quatorze membros nomeados pelo
disposto no art. 95, parágrafo único, V. (In-
Presidente da República, depois de aprovada a esco-
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
lha pela maioria absoluta do Senado Federal, para
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú-
um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
blico:
sendo: (Incluído pela Emenda Constitucional
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na
nº 45, de 2004)
forma da lei;
I o Procurador-Geral da República, que o preside;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e II quatro membros do Ministério Público da União, as-
dos serviços de relevância pública aos direitos asse- segurada a representação de cada uma de suas car-
gurados nesta Constituição, promovendo as medidas reiras;
necessárias a sua garantia; III três membros do Ministério Público dos Estados;
III - promover o inquérito civil e a ação civil públi- IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Fe-
ca, para a proteção do patrimônio público e social, do deral e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
meio ambiente e de outros interesses difusos e cole- V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
tivos; Ordem dos Advogados do Brasil;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re- VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação
presentação para fins de intervenção da União e dos ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
Estados, nos casos previstos nesta Constituição; outro pelo Senado Federal.
V - defender judicialmente os direitos e interesses das
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério


populações indígenas; Público serão indicados pelos respectivos Ministérios
VI - expedir notificações nos procedimentos adminis- Públicos, na forma da lei.
trativos de sua competência, requisitando informações § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Pú-
e documentos para instruí-los, na forma da lei com- blico o controle da atuação administrativa e financei-
plementar respectiva; ra do Ministério Público e do cumprimento dos deve-
VII - exercer o controle externo da atividade policial, res funcionais de seus membros, cabendo lhe:
na forma da lei complementar mencionada no artigo I zelar pela autonomia funcional e administrativa do
anterior; Ministério Público, podendo expedir atos regulamen-
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instau- tares, no âmbito de sua competência, ou recomendar
ração de inquérito policial, indicados os fundamentos providências;
jurídicos de suas manifestações processuais; II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, ou mediante provocação, a legalidade dos atos ad-
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe ministrativos praticados por membros ou órgãos do

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Ministério Público da União e dos Estados, podendo § 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tribu-
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se tária, a representação da União cabe à Procuradoria-
adotem as providências necessárias ao exato cumpri- -Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em
mento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribu- lei.
nais de Contas; Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Fe-
III receber e conhecer das reclamações contra mem- deral, organizados em carreira, na qual o ingresso de-
bros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos penderá de concurso público de provas e títulos, com
Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em
prejuízo da competência disciplinar e correicional da todas as suas fases, exercerão a representação judi-
instituição, podendo avocar processos disciplinares em cial e a consultoria jurídica das respectivas unidades
curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a federadas. (Redação dada pela Emenda
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcio- Constitucional nº 19, de 1998)
nais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções ad- Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste
ministrativas, assegurada ampla defesa;
artigo é assegurada estabilidade após três anos de
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os proces-
efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho
sos disciplinares de membros do Ministério Público da
perante os órgãos próprios, após relatório circunstan-
União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
ciado das corregedorias. (Redação dada pela Emenda
V elaborar relatório anual, propondo as providências
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Constitucional nº 19, de 1998)
Público no País e as atividades do Conselho, o qual
deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. SEÇÃO III
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um DA ADVOCACIA
Corregedor nacional, dentre os membros do Minis- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de
tério Público que o integram, vedada a recondução, 2014)
competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem
conferidas pela lei, as seguintes: Art. 133. O advogado é indispensável à administração
I receber reclamações e denúncias, de qualquer inte- da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifes-
ressado, relativas aos membros do Ministério Público tações no exercício da profissão, nos limites da lei.
e dos seus serviços auxiliares;
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção SEÇÃO IV
e correição geral; DA DEFENSORIA PÚBLICA
III requisitar e designar membros do Ministério Públi- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de
co, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores 2014)
de órgãos do Ministério Público.
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Art. 134. A Defensoria Pública é instituição perma-
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in-
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias cumbindo-lhe, como expressão e instrumento do re-
do Ministério Público, competentes para receber re- gime democrático, fundamentalmente, a orientação
clamações e denúncias de qualquer interessado contra jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa,
membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
contra seus serviços auxiliares, representando direta- individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,
mente ao Conselho Nacional do Ministério Público. aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º
desta Constituição Federal. (Redação dada pela
SEÇÃO II Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
DA ADVOCACIA PÚBLICA
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Públi-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
ca da União e do Distrito Federal e dos Territórios e
1998)
prescreverá normas gerais para sua organização nos
Estados, em cargos de carreira, providos, na classe
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição
inicial, mediante concurso público de provas e títulos,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

que, diretamente ou através de órgão vinculado, re-


assegurada a seus integrantes a garantia da inamov-
presenta a União, judicial e extrajudicialmente, caben-
ibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das
do-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser
sobre sua organização e funcionamento, as ativida- atribuições institucionais. (Renumerado pela
des de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Executivo. § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura-
§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o das autonomia funcional e administrativa e a inicia-
Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo tiva de sua proposta orçamentária dentro dos limites
Presidente da República dentre cidadãos maiores de estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e sub-
trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e repu- ordinação ao disposto no art. 99, § 2º . (Incluí-
tação ilibada. do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públi-
instituição de que trata este artigo far-se-á mediante cas da União e do Distrito Federal. (Incluído
concurso público de provas e títulos. pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013)

25
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Públi-
ca a unidade, a indivisibilidade e a independência fun-
cional, aplicando-se também, no que couber, o dispos- HORA DE PRATICAR!
to no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional 1- Ano:2018Banca:FCCÓrgão:SEAD-APProva:FCC -
nº 80, de 2014) 2018 - SEAD-AP - Analista Administrativo
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disci- O título I da Constituição Federal de 1988 trata dos
plinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remu- princípios e objetivos fundamentais, incluindo, dentre
nerados na forma do art. 39, § 4º. (Redação esses, a
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a) democracia como princípio de regência das relações
internacionais da República Federativa do Brasil.
b) garantia do desenvolvimento nacional como objetivo
fundamental da República Federativa do Brasil.
EXERCÍCIO COMENTADO c) soberania e construção de uma sociedade livre, justa
e solidária como objetivo do Estado Democrático de
1- (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) Direito.
Com relação à organização dos poderes e às funções es- d) prevalência dos direitos humanos como fundamento
senciais à justiça, julgue o item a seguir. do Estado Democrático de Direito.
Cabe ao Ministério Público Federal representar a União e) cidadania como princípio de regência das relações
em caso de ação judicial proposta por servidor da justiça internacionais da República Federativa do Brasil.
militar da União que cobre diferenças devidas em razão
de erro no cálculo de sua remuneração. 2- Ano:2018Banca:FCCÓrgão:MPE-PEProva:FCC -
2018 - MPE-PE - Técnico Ministerial - Administrativa
( ) CERTO ( ) ERRADO De acordo com o que estabelece a Constituição Federal
acerca dos Direitos e Garantias Fundamentais,
Comentário: A hipótese apresentada na questão tra-
ta-se de competência da Advocacia-Geral da União a) a prática de racismo constitui crime inafiançável e
que representa a União, judicial e extrajudicialmente, imprescritível, sujeito à pena de detenção, nos termos
art. 131, caput, da CF. da lei.
GABARITO OFICIAL: ERRADO b) as associações somente poderão ser compulsoriamente
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por
decisão judicial transitada em julgado.
c) no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano.
d) é assegurada, nos termos da lei, a proteção às
participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, exceto nas
atividades desportivas.
e) são gratuitas as ações de habeas corpus, habeas data e
mandado de segurança, bem como, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania.

3- Ano:2018Banca:FCCÓrgão:TRT - 15ª Região (SP)


Prova: FCC - 2018 - TRT - 15ª Região (SP) - Técnico
Judiciário - Área Administrativa
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A Constituição Federal, ao disciplinar o direito


fundamental à propriedade, ao mesmo tempo estabelece
mecanismos de proteção, e enumera algumas situações
de intervenção do Estado na propriedade privada, regime
esse que compreende a regra segundo a qual

a) aos autores pertence o privilégio temporário para


utilização de sua obra, transmissível aos herdeiros,
pelo tempo que a lei complementar fixar.
b) a autoridade competente poderá utilizar, no caso de
perigo público iminente, a propriedade particular,
assegurado, nessa hipótese, direito à prévia
indenização, em dinheiro.

26
c) a desapropriação poderá ocorrer por necessidade, a) a construção de uma sociedade livre, justa e solidária;
utilidade pública ou por interesse social, tendo a garantia do desenvolvimento nacional; a erradicação
como requisito constitucional inafastável a ulterior da pobreza e da marginalização e a redução das
indenização em dinheiro. desigualdades sociais e regionais; a promoção do bem
d) o direito de herança é garantido, sendo que a sucessão de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
de estrangeiros situados no país será regulada pela idade e quaisquer outras formas de discriminação.
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos b) a independência nacional; a prevalência dos direitos
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a humanos; a autodeterminação dos povos; a não
lei pessoal do de cujus. intervenção; a igualdade entre os Estados; a defesa
e) a lei assegurará aos autores de inventos industriais da paz; a solução pacífica dos conflitos; repúdio ao
o direito exclusivo de sua utilização, publicação terrorismo e ao racismo; cooperação entre os povos
ou reprodução, bem como proteção às criações para o progresso da humanidade e concessão de asilo
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de político.
empresas, imagem, moral e voz humanas e a outros c) a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de
signos distintivos, tendo em vista a função social e o qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
desenvolvimento tecnológico e econômico do País. estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
4- Ano:2018Banca:FCCÓrgão:TRT - 2ª REGIÃO (SP) à propriedade.
Prova: FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Técnico d) a obediência da Administração pública direta e indireta
Judiciário - Área Administrativa de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Um grupo de empregados atuantes em determinada Distrito Federal e dos Municípios aos princípios de
empresa afirmou ao seu superior hierárquico que legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
pretende constituir um sindicato da categoria, fato e eficiência.
esse que levou os empregados e o diretor da empresa e) a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa
a consultarem vários advogados a respeito do assunto. humana; os valores sociais do trabalho e da livre
Dentre as orientações que receberam, mostra-se iniciativa e o pluralismo político.
compatível com a Constituição Federal aquela segundo
a qual
6. (TRT 21ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO
– ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) Diante
a) é desnecessária autorização do Estado para a
da disciplina dos Direitos e Garantias fundamentais na
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
Constituição Federal:
competente, sendo vedadas ao Poder Público a
interferência e a intervenção na organização sindical.
a) somente são assegurados direitos fundamentais
b) o sindicato poderá ter a mesma base territorial de
organização sindical do mesmo grau que represente às pessoas físicas, uma vez que esses decorrem
a mesma categoria profissional ou econômica diretamente do princípio da dignidade da pessoa
dos empregados, desde que assim deliberem os humana.
respectivos associados, não podendo sua área de b) o rol de direitos e garantias fundamentais é taxativo,
atuação ser inferior à de um Município. não sendo admitida a existência de direitos e
c) o sindicato poderá defender os direitos e interesses garantias que não estejam expressamente previstos
coletivos da categoria em questões judiciais ou na Constituição, ainda que decorrentes do regime
administrativas, mas não poderá fazê-lo para defesa e dos princípios por ela adotados, ou previstos em
de direitos e interesses individuais. tratados internacionais em que a República Federativa
d) o empregado que tenha registrado sua candidatura a do Brasil seja parte.
cargo de direção ou de representação sindical poderá c) os direitos fundamentais podem sofrer limitações
ser demitido sem justa causa durante o processo impostas pela própria Constituição, assim como pelo
eleitoral, mas, se eleito, não poderá ser dispensado legislador ordinário, quando autorizado a tanto por
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer aquela.
falta grave. d) somente são assegurados direitos individuais
e) é vedado à assembleia geral do sindicato fixar e coletivos aos brasileiros, sejam eles natos ou
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

contribuição para o custeio do sistema confederativo naturalizados, e não aos estrangeiros.


de representação sindical da categoria profissional e) os direitos assegurados pela Constituição aos
respectiva. trabalhadores urbanos e rurais não se aplicam aos
domésticos, uma vez que as atividades desempenhadas
5- Ano:2018Banca:FCCÓrgão:ALESEProva:FCC - 2018 por essa categoria se encontram disciplinadas por
- ALESE - Técnico Legislativo - Taquigrafia legislação própria.
A Constituição Federal de 1988 tem, como uma de suas
características mais marcantes, a preocupação com a 7. (TRF 5ª REGIÃO – Analista Judiciário – Área
tutela dos direitos humanos, não sendo exagero afirmar Administrativa – FCC – 2017) Nuno e Manuel são dois
que, dentre todas as constituições brasileiras, a vigente jovens adultos de nacionalidade originária portuguesa
é a que mais se destacou nesse tópico. Nesse contexto, que fixaram residência no Brasil e, após cumpridos
a Constituição elenca, como fundamentos da República os requisitos pertinentes, adquiriram a nacionalidade
Federativa do Brasil: brasileira. Nuno almeja um dia tornar-se Ministro do

27
Supremo Tribunal Federal – STF e Manuel, seguir a carreira a) habeas data e mandado de injunção.
diplomática a serviço da República Federativa do Brasil, b) habeas corpus, habeas data, mandado de injunção,
não possuindo qualquer dos dois a intenção de voltar a mandado de segurança, e, na forma da lei, aos atos
seu país de origem. Considerados esses elementos, à luz necessários ao exercício da cidadania.
da Constituição Federal: c) mandado de injunção e mandado de segurança.
d) habeas data, mandado de segurança, e, na forma da
a) ambos poderão exercer os cargos pretendidos, desde lei, aos atos necessários ao exercício da cidadania.
que haja reciprocidade em favor de brasileiros na e) habeas corpus, habeas data e, na forma da lei, aos atos
legislação portuguesa. necessários ao exercício da cidadania.
b) ambos poderão exercer os cargos pretendidos, pois
estes podem ser ocupados tanto por brasileiros natos 10. (TRF 5ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
quanto por brasileiros naturalizados. ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) Adamastor,
c) Nuno poderá exercer o cargo pretendido, mas Manuel advogado, pretende ingressar com medida destinada à
não, porque os cargos da carreira diplomática, proteção de direito líquido e certo à retificação de dados
diferentemente do de Ministro do STF, são privativos a seu respeito constantes dos arquivos de repartição
de brasileiros natos. pública federal. Sabendo-se que Adamastor não tem
d) Nuno não poderá exercer o cargo pretendido, por ser condições de pagar custas processuais sem prejuízo
privativo de brasileiro nato, restrição essa que não se do sustento de sua família, pode-se afirmar que para a
aplica aos cargos da carreira diplomática, podendo retificação desejada deverá ingressar com
Manuel vir a exercê-los.
e) nenhum dos dois poderá exercer os cargos pretendidos, a) habeas data, sem que necessite pleitear os benefícios
por serem estes privativos de brasileiros natos. da Justiça gratuita em seu favor, já que, consoante a
Constituição Federal, o habeas data, o mandado de
8. (TRF 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – injunção e o habeas corpus são ações gratuitas.
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) Considere as b) mandado de segurança e pleitear os benefícios da
situações abaixo. Justiça gratuita em seu favor.
c) habeas data e pleitear os benefícios da Justiça gratuita
I. Gilberto é militar, conta com mais de dez anos de serviço,
em seu favor.
possui alistamento eleitoral e pretende candidatar-se a
d) habeas corpus, se se tratar de dados pertinentes à vida
Vereador.
pregressa na esfera criminal, pleiteando os benefícios
II. Demétrio é conscrito e pretende, durante o período do
da Justiça gratuita em seu favor.
serviço militar obrigatório, alistar-se como eleitor, o que
e) habeas data, sem que necessite pleitear os benefícios
não havia feito anteriormente.
da Justiça gratuita em seu favor, já que, consoante a
Constituição Federal, o habeas data e o habeas corpus
Segundo o texto constitucional, considerados apenas os são ações gratuitas.
dados ora fornecidos, Gilberto:
11. (TRF 5ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA
a) poderá candidatar-se, mas será agregado pela autori- ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) Fiona e Gael são
dade superior e, se eleito, passará automaticamente, irmãos, filhos de pai e mãe estrangeiros que há muitos
no ato da diplomação, para a inatividade, ao passo anos fixaram residência no Brasil. Fiona é a primogênita,
que Demétrio não poderá alistar-se como eleitor no sete anos mais velha que o irmão, nasceu em Portugal,
período pretendido. mas se naturalizou brasileira; Gael, o caçula, nasceu em
b) poderá candidatar-se, mas será agregado terras brasileiras. No dia de seu aniversário de 30 anos,
pela autoridade superior e, se eleito, passará Gael anunciou seu desejo de candidatar-se ao cargo
automaticamente, no ato da posse, para a inatividade, de Presidente da República, nas eleições de 2018, e de
assim como Demétrio poderá alistar-se como eleitor ter sua irmã como Vice. Fiona, entretanto, disse que
no período pretendido. pretende candidatar-se a Governadora do Estado em
c) não poderá candidatar-se, nem Demétrio poderá que residem. Considerando apenas as informações
alistar-se como eleitor no período pretendido. fornecidas, presentes os demais requisitos, à luz da
d) poderá candidatar-se, mas deverá afastar-se da Constituição Federal, Gael:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

atividade militar quatro meses antes das eleições, ao


passo que Demétrio poderá alistar-se como eleitor no a) poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da
período pretendido. República; Fiona não poderá candidatar-se ao de Vice-
e) não poderá candidatar-se, vedada, em qualquer Presidente da República, mas poderá candidatar-se ao
hipótese, a candidatura do militar, não importando, de Governadora do Estado.
para esse fim, o tempo de serviço, assim como b) não poderá candidatar-se ao cargo de Presidente
Demétrio não poderá alistar-se como eleitor no da República; Fiona poderá candidatar-se tanto ao
período pretendido. cargo de Vice-Presidente da República quanto ao de
Governadora do Estado.
9. (TRF 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA c) não poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da
ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) A Constituição República; Fiona não poderá candidatar-se ao cargo
Federal, ao disciplinar direitos e garantias fundamentais, de Vice-Presidente da República, tampouco ao de
assegura gratuidade às ações de: Governadora do Estado.

28
d) não poderá candidatar-se ao cargo de Presidente d) Jorge recebe mensalmente quantia menor que a que
da República; Fiona não poderá candidatar-se ao lhe seria devida, já que seus vencimentos básicos são
cargo de Vice-Presidente da República, mas poderá inferiores ao salário mínimo legal, porém, apenas faz
candidatar-se ao de Governadora do Estado. jus a uma diferença de R$ 100,00 por mês, pois os
e) poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da adicionais temporais podem ser computados para fins
República; Fiona poderá candidatar-se tanto ao de análise do respeito ao salário mínimo até um limite
cargo de Vice-Presidente da República quanto ao de de 25% dos vencimentos básicos.
Governadora do Estado. e) Jorge não faz jus a nenhuma diferença, uma vez que os
direitos elencados na Constituição somente se aplicam
12. (TRT 21ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO aos empregados do setor privado.
– ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) João foi
contratado por tempo determinado, mediante processo 14. (TRT 21ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
seletivo simplificado, para atuar junto a órgão da ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) Em face da
Administração direta, integrante do Poder Executivo de disciplina constitucional do direito de greve, bem como
certo Estado, a fim de atender a necessidade temporária à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal a
de excepcional interesse público. À luz do disposto na respeito da matéria:
Constituição, a remuneração de João:
a) a greve realizada por servidores públicos estatutários
a) não poderá exceder o subsídio mensal, em espécie, dos vinculados à Administração direta poderá ser encerrada
Ministros do Supremo Tribunal Federal, embora possa mediante a celebração de convenção coletiva que
ser superior ao do Governador do Estado respectivo. conceda o reajuste pleiteado pela categoria em greve.
b) não poderá exceder o subsídio mensal do Governador b) aos servidores públicos é vedado o exercício do direito
do Estado respectivo. de greve, uma vez que ainda não restou editada lei
c) não estará sujeita ao limite aplicável aos servidores específica definindo os termos e limites em que tal
ocupantes de cargos efetivos, uma vez que foi direito poderá ser exercido.
contratado por tempo determinado, para atender c) por se tratar de um direito fundamental, o direito de
a necessidade temporária de excepcional interesse greve deve ser considerado cláusula pétrea e, portanto,
público. não pode sofrer nenhuma espécie de restrição imposta
d) terá como limite o subsídio mensal dos pelo legislador ordinário.
Desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado d) a Constituição, ao definir como essenciais as atividades
respectivo, limitado a noventa inteiros e vinte e relacionadas à assistência médica, à educação,
cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos ao transporte coletivo, à segurança pública, às
Ministros do Supremo Tribunal Federal. telecomunicações e à guarda de substâncias radioativas,
e) não poderá exceder o subsídio mensal, em espécie, do equipamentos e materiais nucleares, veda o exercício
Presidente da República, que funciona como limite para do direito de greve por parte dos trabalhadores que
a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, desempenham tais atividades.
funções e empregos públicos da Administração direta, e) o direito de greve não é ilimitado, podendo sofrer
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer restrições impostas pelo legislador ordinário, a quem
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal cabe definir os serviços ou atividades essenciais e dispor
e dos Municípios. sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade.
13. (TRT 21ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) Tendo sido 15. (TCE-SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO –
aprovado em concurso público de provas e títulos, Jorge ADMINISTRAÇÃO – FCC – 2017) Suponha que o Supremo
passou a ocupar cargo de provimento efetivo. Após Tribunal Federal, de ofício, mediante a decisão de 2/3 de
alguns anos de efetivo exercício do cargo, Jorge recebe seus membros, após o julgamento de um caso de grande
R$ 800,00 a título de vencimentos básicos e R$ 400,00 a repercussão, tenha aprovado súmula vinculante. Nessa
título de adicionais temporais. Considerando um salário hipótese, é correto afirmar que a edição da Súmula Vinculante:
mínimo legal hipotético de R$ 1.100,00:
a) desrespeitou a Constituição Federal, pois o Supremo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) não há que se falar em ofensa à Constituição da Tribunal Federal não poderia agir de ofício, mas apenas
República, uma vez que o valor total da remuneração por provocação.
recebida por Jorge é superior ao salário mínimo legal. b) respeitou os requisitos estabelecidos pela Constituição
b) Jorge recebe mensalmente quantia menor que a Federal, contudo somente será dotada de efeito
que lhe seria devida, uma vez que seus vencimentos vinculante para o Poder Judiciário, e não para a
básicos são inferiores ao salário mínimo legal, fazendo Administração Pública, sob pena de violação ao
jus a uma diferença de R$ 300,00 por mês. princípio da separação de poderes.
c) conquanto receba vencimentos básicos inferiores ao c) respeitou todos os requisitos estabelecidos pela
salário mínimo, Jorge não faz jus a nenhuma diferença, Constituição Federal para a sua edição, devendo,
uma vez que está submetido a regime estatutário e portanto, ser observada, obrigatoriamente, desde a sua
os direitos elencados na Constituição, inclusive o publicação na imprensa oficial pelos demais órgãos do
salário mínimo, somente se aplicam aos empregados Poder Judiciário e pela administração pública direta e
públicos. indireta.

29
d) desrespeitou a Constituição Federal, pois a edição da
Súmula Vinculante exige reiteradas decisões sobre ANOTAÇÕES
a matéria constitucional aventada, o que não foi
cumprido ao se decidir em apenas 1 caso.
e) desrespeitou a Constituição Federal, uma vez que o ________________________________________________
quórum exigido pela Constituição é de aprovação
unânime por todos os membros do Supremo Tribunal _________________________________________________
Federal.
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GABARITO _________________________________________________

1 B _________________________________________________
2 C _________________________________________________
3 D
_________________________________________________
4 A
5 E _________________________________________________
6 C _________________________________________________
7 E
_________________________________________________
8 A
9 E _________________________________________________
10 E _________________________________________________
11 D
_________________________________________________
12 B
_________________________________________________
13 A
14 E _________________________________________________
15 D _________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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30
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Código Civil: Das Pessoas: Pessoas Naturais ................................................................................................................................................ 01


Pessoas Jurídicas: Pessoas jurídicas de direito público e de direito privado .................................................................................. 01
Domicílio Civil .......................................................................................................................................................................................................... 01
Dos Fatos Jurídicos: Requisitos de validade do fato jurídico ................................................................................................................. 12
Prescrição e Decadência ...................................................................................................................................................................................... 23
Responsabilidade Civil ........................................................................................................................................................................................... 26
a personalidade jurídica material, alcançando os direitos
patrimoniais, que permaneciam em estado potencial, so-
CÓDIGO CIVIL: DAS PESSOAS: PESSOAS NA-
mente com o nascimento com vida (CC, art. 1.800, § 3º).
TURAIS. PESSOAS JURÍDICAS: PESSOAS JU-
Se nascer com vida, adquire personalidade jurídica mate-
RÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO E DE DIREITO rial, mas, se tal não ocorrer, nenhum direito patrimonial
PRIVADO. DOMICÍLIO CIVIL. terá.

Momento da consideração jurídica do nascituro:


Conforme entendimento doutrinário personalida- Ante as novas técnicas de fertilização in vitro e do
de e capacidade jurídica transmite a ideia de personali- congelamento de embriões humanos, houve quem le-
dade, que revela a aptidão genérica para adquirir direitos vantasse o problema relativo ao momento em que se
e contrair obrigações. deve considerar juridicamente o nascitum, entendendo-
Segundo Maria Helena Diniz: a pessoa natural o sujei- -se que a vida tem início, naturalmente, com a concepção
to ‘das relações jurídicas e a personalidade, a possibilida- no ventre materno. Assim sendo, na fecundação na pro-
de de ser sujeito, toda pessoa é dotada de personalidade. veta, embora seja a fecundação do óvulo, pelo esperma-
Esta tem sua medida na capacidade, que é reconhecida, tozoide, que inicia a vida, é a nidação do zigoto ou ovo
num sentido de universalidade, no art. 12 do Código Ci- que a garantirá; logo, para alguns autores, o nascituro só
vil, que, ao prescrever “toda pessoa é capaz de direitos e será “pessoa” quando o ovo fecundado for implantado
deveres”, emprega o termo “pessoa” na acepção de todo no útero materno, sob a condição do nascimento com
ser humano, sem qualquer distinção de sexo, idade, cre- vida. O embrião humano congelado não poderia ser tido
do ou raça. como nascituro, apesar de dever ter proteção jurídica
- Capacidade de direito e capacidade de exercício: À como pessoa virtual, com uma carga genética própria.
aptidão oriunda da personalidade para adquirir di- Embora a vida se inicie com a fecundação, e a vida viável
reitos e contrair obrigações na vida civil dá-se o com a gravidez, que se dá com a nidação, entendemos
nome de capacidade de gozo ou de direito. que na verdade o início legal da consideração jurídica da
- Quando o Código enuncia, no seu art. 1º, que toda personalidade é o momento da penetração do esperma-
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem ci- tozóide no óvulo, mesmo fora do corpo da mulher. Por
vil, não dá a entender que possua concomitante- isso, a Lei n. 8.974/95, nos arts. 8, II, III e IV, e 13, veio a
mente o gozo e o exercício desses direitos, pois reforçar, em boa hora, essa ideia não só ao vedar:
nas disposições subsequentes faz referência àque- a) manipulação genética de células germinais huma-
les que tendo o gozo dos direitos civis não podem nas;
b) intervenção em material genético humano in vivo,
exercê-los, por si, ante o fato de, em razão de me-
salvo para o tratamento de defeitos genéticos;
noridade ou de insuficiência somática, não terem a
c) produção, armazenamento ou manipulação de em-
capacidade de fato ou de exercício.
briões humanos destinados a servir como material
biológico disponível, como também ao considerar
Para discorrer sobre este tema, iremos trazer o enten-
tais atos como crimes, punindo-os severamente.
dimento da professora Maria Helena Diniz:
Com isso, parece-nos que a razão está com a teoria
Começo da personalidade natural: concepcionista, uma vez que o Código Civil resguarda
Pelo Código Civil, para que um ente seja pessoa e desde a concepção os direitos do nascituro e além disso,
adquira personalidade jurídica, será suficiente que tenha no art. 1.597, presume concebido na constância do casa-
vivido por um segundo. mento o filho havido, a qualquer tempo, quando se tratar
de embrião excedente, decorrente de concepção artificial
- Direitos do nascituro: heteróloga.
Conquanto comece do nascimento com vida a perso-
nalidade civil do homem, a lei põe a salvo, desde a con-
cepção, os direitos do nascituro (CC, ais. 22, 1.609, 1.779 #FicaDica
e parágrafo único e 1.798), como o direito à vida (CF, Para ser considerado pessoa e adquirir a
art. 52, CP, ais. 124 a 128, 1 e II), à filiação (CC, ais. 1.596 personalidade jurídica basta ter vivido ape-
e 1.597), à integridade física, a alimentos (RT 650/220; nas um segundo!
RJTJSP 150/906), a uma adequada assistência pré-natal,
a um curador que zele pelos seus interesses em caso de
incapacidade de seus genitores, de receber herança (CC, Em relação aos incapazes, são considerados absolu-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

arts. 1.798 e 1.800, § 3º), de ser contemplado por doação tamente incapazes:
(CC, art. 542), de ser reconhecido como filho etc. - Menoridade de dezesseis anos: Os menores de de-
Poder-se-ia até mesmo afirmar que, na vida intrau- zesseis anos são tidas como absolutamente inca-
terina, tem o nascituro, e na vida extrauterina, tem o pazes para exercer atos na vida civil, porque de-
embrião, personalidade jurídica formal, no que atina aos vido à idade não atingiram o discernimento para
direitos personalíssimos, ou melhor, aos da personalida- distinguir o que podem ou não .fazer que lhes, é
de, visto ter a pessoa carga genética diferenciada desde conveniente ou prejudicial Por isso para a validade
a concepção, seja ela in vivo ou in vitro (Recomendação dos seus atos, será preciso que estejam represen-
n. 1.046/89, n. 7 do Conselho da Europa), passando a ter tados por seu pai, por sua mãe, ou por tutor.

1
Já em relação aos relativamente incapazes: e 90; CC, art. 92, II), independentemente de ho-
- Incapacidade relativa: A incapacidade relativa diz mologação judicial. Além dessa emancipação por
respeito àqueles que podem praticar por si os atos concessão dos pais, ter-se-á a emancipação por
da vida civil desde que assistidos por quem o di- sentença judicial, se o menor com dezesseis anos
reito encarrega desse ofício, em razão de paren- estiver sob tutela e ouvido o tutor.
tesco, de relação de ordem civil ou de designação - Emancipação tácita ou legal: A emancipação legal
judicial, sob pena de anulabilidade daquele ato decorre dos seguintes casos:
(CC, art. 171), dependente da iniciativa do lesado, a) casamento, pois não é plausível que fique sob a au-
havendo até hipóteses em que tal ato poderá ser toridade de outrem quem tem condições de casar
confirmado ou ratificado. Há atos que o relativa- e constituir família; assim, mesmo que haja anula-
mente incapaz pode praticar, livremente, sem au- ção do matrimônio, viuvez, separação judicial ou
torização. divórcio, o emancipado por esta forma não retoma
- Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: Os à incapacidade;
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos b) exercício de emprego público efetivo, por funcio-
só poderão praticar atos válidos se assistidos pelo nário nomeado em caráter efetivo (não abrangen-
seu representante. Caso contrário, serão anuláveis. do a função pública extranumerária ou em comis-
- Ébrios habituais ou viciados em tóxicos: Alcoólatras, são), com exceção de funcionário de autarquia ou
dipsômanos e toxicômanos. Aqueles que, por cau- entidade paraestatal, que não é alcançado pela
sa transitória ou permanente, não puderem expri- emancipação.
mir sua vontade: Abrangidos estão, aqui: os fracos
de mente, surdos mudos e portadores de anomalia De acordo com o art. 6º a existência da pessoa natural
psíquica que apresentem sinais de desenvolvimen- termina com a morte podendo esta ser morte real ou
to mental incompleto, comprovado e declarado presumida.
em sentença de interdição, que os tornam incapa-
zes de praticar atos na vida civil, sem a assistência - Morte real: Com a morte real, cessa a personalidade
de um curador (CC, art. 1.767. IV). E portadores de jurídica da pessoa natural, que deixa de ser sujeito
deficiência mental, que sofram redução na sua ca- de direitos e deveres, acarretando:
pacidade de entendimento, não poderão praticar a) dissolução do vínculo conjugal e do regime matri-
atos na vida civil sem assistência de curador (CC, monial;
art. 1.767, III). Desde que interditos. b) extinção do poder familiar; dos contratos persona-
- Pródigos: São considerados relativamente incapa- líssimos, com prestação de serviço e mandato;
zes os pródigos, ou seja, aqueles que, comprovada, c) cessação da obrigação, alimentos com o falecimen-
habitual e desordenadamente, dilapidam seu pa- to do credor; do pacto de preempção; da obriga-
trimônio, fazendo gastos excessivos. Com a inter- ção oriunda de ingratidão de donatário; á extinção
dição do pródigo, privado estará ele dos atos que de usufrutos; da doação na forma de subvenção
possam comprometer seus bens, não podendo, periódica e do encargo da testamentaria.
sem a assistência de seu curador (CC, art. 1.767, V),
alienar, emprestar, dar quitação, transigir, hipote- - Morte presumida: A morte presumida pela lei se dá
car, agir em juízo e praticar, em geral, atos que não ausência de uma pessoa nos casos dos arts 22 a
sejam de mera administração (CC, art. 1.782). 39 do Código Civil. Se uma pessoa desaparecer,
sem deixar notícias, qualquer interessado na sua
A capacidade dos indígenas será regulada por legis- sucessão ou o Ministério Público poderá requerer
lação especial. ao juiz a declaração de sua ausência e a nomeação
de curador. Se após um ano da arrecadação dos
bens do ausente, ou, se deixou algum representan-
#FicaDica te. em se passando três anos, sem que dê sinal de
vida, poderá ser requerida sua sucessão provisória
Absolutamente e relativamente incapaz não
(CC, art.. 26) e o início do processo de inventário e
é a mesma coisa!
partilha de seus bens, ocasião em que a ausência
do desaparecido passa a ser considerada presumi-
Quanto à maioridade, Maria Helena Diniz defende da. Feita a partilha, seus herdeiros deverão admi-
que a incapacidade cessará quando o menor completar nistrar os bens, prestando caução real, garantindo
dezoito anos, segundo nossa legislação civil. Ao atingir a restituição no caso de o ausente aparecer. Após
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

dezoito anos a pessoa tornar-se-á maior, adquirindo a dez anos do trânsito em julgado da sentença da
capacidade de fato, podendo, então, exercer pessoal- abertura da sucessão provisória (CC, art. 37), sem
mente os atos da vida civil. que o ausente apareça, ou cinco anos depois das
- Emancipação expressa ou voluntária: Antes da últimas notícias do desaparecido que conta com
maioridade legal, tendo o menor atingido dezes- oitenta anos de idade (CC, art. 38), será declarada a
seis anos, poderá haver a outorga de capacidade sua morte presumida a requerimento de qualquer
civil por concessão dos pais, no exercício do po- interessado, convertendo-se a sucessão provisória
der familiar, mediante escritura pública inscrita no em definitiva. Se o ausente retornar em até dez
Registro Civil competente (Lei n. 6.015/73, arts. 89 anos após a abertura da sucessão definitiva, terá

2
os bens no estado em que se encontrarem e direi- - Lesado indireto: Se se tratar de lesão a interesses
to ao preço que os herdeiros houverem recebido econômicos, o lesado indireto será aquele que so-
com sua venda. Porém, se regressar após esses dez fre um prejuízo em interesse patrimonial próprio,
anos, não terá direito a nada. resultante de dano causado a um bem jurídico
alheio, podendo a vítima estar falecida ou decla-
Morte presumida sem decretação de ausência: rada ausente. A indenização por morte de outrem
Admite-se declaração judicial de morte presumida é reclamada jure próprio, pois ainda que o dano,
sem decretação de ausência em casos excepcionais, ape- que recai sobre a mulher e os filhos menores do
nas depois de esgotadas todas as buscas e averiguações, finado, seja resultante de homicídio ou acidente,
devendo a sentença fixar a data provável do óbito, e tais quando eles agem contra o responsável, procedem
casos são: em nome próprio, reclamando contra prejuízo que
a) probabilidade da ocorrência da morte de quem se sofreram e não contra o que foi irrogado ao ma-
encontrava em perigo de vida e rido e pai.
b) desaparecimento em campanha ou prisão de pes-
soa, não sendo ela encontrada até dois anos após Como o exemplo trazido pela autora Maria Helena
o término da guerra. Diniz: a viúva e os filhos menores da pessoa assassinada
são lesados indiretos, pois obtinham da vítima do ho-
A comoriência é a morte de duas ou mais pessoas na micídio o necessário para sua subsistência. A privação
mesma ocasião e em razão do mesmo acontecimento. de alimentos é uma consequência do dano. No caso do
Embora o problema da comoriência, em regra, alcan- dano moral, pontifica Zannoni, os lesados indiretos se-
ce casos de morte conjunta, ocorrida no mesmo acon- riam aquelas pessoas que poderiam alegar um interes-
tecimento, ela coloca-se, com igual relevância, no que se vinculado a bens jurídicos extrapatrimoniais próprios,
concerne a efeitos dependentes de sobrevivência, na hi- que se satisfaziam mediante a incolumidade do bem
pótese de pessoas falecidas em locais e acontecimentos jurídico moral da vítima direta do fato lesivo. Por ex.: o
distintos, mas em datas e horas simultâneas ou muito marido ou os pais poderiam pleitear indenização por in-
próximas.
júrias feitas à mulher ou aos filhos, visto que estas afe-
tariam também pessoalmente o esposo ou os pais, em
- Efeito da morte simultânea no direito sucessório:
razão da posição que eles ocupam dentro da unidade
A comoriência terá grande repercussão na transmis-
familiar. Haveria um dano próprio pela violação da honra
são de direitos sucessórios, pois, se os comorientes são
da esposa ou dos filhos. Ter-se-á sempre uma presunção
herdeiros uns dos outros, não há transferência de direi-
juris tantum de dano moral, em favor dos ascendentes,
tos; um não sucederá ao outro, sendo chamados à su-
descendentes, cônjuges, irmãos, tios, sobrinhos e primos,
cessão os seus herdeiros ante a presunção juris tantum
de que faleceram ao mesmo tempo. Se dúvida houver em caso de ofensa a pessoas da família mortas ou ausen-
no sentido de se saber quem faleceu primeiro, o magis- tes. Essas pessoas não precisariam provar o dano extra-
trado aplicará o art. 8º, caso em que, então, não haverá patrimonial, ressalvando-se a terceiros o direito de elidir
transmissão de direitos entre as pessoas que morreram aquela presunção. O convivente, ou concubino, noivo,
na mesma ocasião. amigos, poderiam pleitear indenização por dano moral,
mas terão maior ônus de prova, uma vez que deverão
provar, convincentemente. o prejuízo e demonstrar que
#FicaDica se ligavam à vítima por vínculos estreitos de amizade ou
A comoriência é a morte de duas ou mais de insuspeita afeição.
pessoas na mesma ocasião e em razão do
mesmo acontecimento. #FicaDica
Art. 16 – Toda pessoa tem direito ao nome
De acordo com o art. 11, os direitos da personalida- (prenome e sobrenome). O nome faz parte
de são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o da personalidade, pois é o sinal pelo qual a
seu exercício sofrer limitação voluntária, salvo exceções pessoa é reconhecida e individualizada.
previstas em lei.
- Sanções suscitadas pelo ofendido em razão de ame-
aça ou lesão a direito da personalidade: Os direitos - Elementos constitutivos do nome: Dois, em regra,
da personalidade destinam-se a resguardar a dig- são os elementos constitutivos do nome: o pre-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

nidade humana, mediante sanções, que devem ser nome próprio da pessoa, que pode ser livremente
suscitadas pelo ofendido (lesado direto). Essa san- escolhido, desde que não exponha o portador ao
ção deve ser feita por meio de medidas cautelares ridículo; e o sobrenome, que é o sinal que identifi-
que suspendam os atos que ameacem ou desres- ca a procedência da pessoa, indicando sua filiação
peitem a integridade físico-psíquica, intelectual e ou estirpe, podendo advir do apelido de família
moral, movendo-se, em seguida, uma ação que irá paterno, materno ou de ambos.
declarar ou negar a existência da lesão, que poderá
ser cumulada com ação ordinária de perdas e da- A aquisição do sobrenome pode decorrer não só do
nos a fim de ressarcir danos morais e patrimoniais. nascimento, por ocasião de sua transcrição no Registro

3
competente reconhecendo sua filiação, também da ado- direito autoral, desde que ligada à criação intelec-
ção, do casamento, da união estável, ou ato de interessa- tual de obra fotográfica, cinematográfica, publici-
do, mediante requerimento ao magistrado. tária etc.
A pessoa tem autorização de usar seu nome e de de- - Limitações ao direito à imagem: Todavia, há certas
fendê-lo de abuso cometido por terceiro, que, em pu- limitações do direito à imagem, com dispensa da
blicação ou representação, venha a expô-la ao desprezo anuência para sua divulgação, quando:
público — mesmo que não haja intenção de difamar — a) se tratar de pessoa notória, pois isso não consti-
por atingir sua boa reputação, moral e profissional, no tui permissão para devassar sua privacidade, pois
seio da coletividade (honra objetiva). Em regra, a repara- sua vida íntima deve ser preservada. A pessoa que
ção por essa ofensa é pecuniária, mas há casos em que se toma de interesse público, pela fama ou signi-
é possível a restauração in natura, publicando-se desa- ficação intelectual, moral, artística ou política não
gravo. poderá alegar ofensa ao seu direito à imagem se
É vedada a utilização de nome alheio em propaganda sua divulgação estiver ligada à ciência, às letras, à
comercial, por ser o direito ao nome indisponível, admi- moral, à arte e apolítica. Isto é assim porque a di-
tindo-se sua relativa disponibilidade mediante consenti- fusão de sua imagem sem seu consenso deve estar
mento de seu titular, em prol de algum interesse social relacionada com sua atividade ou com o direito à
ou de promoção de venda de algum produto, mediante informação;
pagamento de remuneração convencionada. b) se referir a exercício de cargo público, pois quem
A imagem-retrato é a representação física da pessoa tiver função pública de destaque não poderá im-
como um todo ou em partes separadas do corpo, desde pedir que no exercício de sua atividade, seja filma-
que identificáveis, implicando o reconhecimento de seu da ou fotografada, salvo na intimidade;
titular por meio de fotografia, escultura, desenho, pin-
c) se procurar atender à administração ou serviço da
tura. Intepretação dramática, cinematográfica, televisão,
justiça ou de polícia, desde que a pessoa não sofra
sites etc., que requer autorização do retratado. E a ima-
dano à sua privacidade;
gem-atributo é o conjunto de caracteres ou qualidades
d) se tiver de garantir a segurança pública nacional,
cultivadas pela pessoa, reconhecidos socialmente.
em que prevalecer o interesse social sobre o parti-
Abrange o direito: á própria imagem ou a difusão da
cular, requerendo a divulgação da imagem, p. ex.,
imagem, a imagem das coisas próprias e á imagem em
de um procurado pela policia ou a manipulação
coisas, palavras ou escritos ou em publicações; de obter
imagem ou de consentir em sua captação por qualquer de arquivos fotográficos de departamentos poli-
meio tecnológico. ciais para identificação de delinquente. Urge não
O direito à imagem é autônomo, não precisando es- olvidar que o civilmente identificado não possa ser
tar em conjunto com a intimidade, a identidade, a honra submetido a identificação criminal, salva nos casos
etc. Embora possam estar em certos casos, tais bens a ele autorizados legalmente;
conexos, isso não faz com que sejam partes integrantes e) se buscar atender ao interesse público, aos fins cul-
um do outro. turais, científicos e didáticos;
- Direito de interpretação, direito à imagem e direito f) se houver necessidade de resguardar a saúde públi-
autoral: O direito de interpretação, ou seja, o do ca. Assim, portador de moléstia grave e contagiosa
ator numa representação de certo personagem, não pode evitar que se noticie o fato;
pode estar conexo como direito à voz, à imagem e g) se obtiver imagem, em que a figura seja tão-
com o direito autoral. O autor de obra intelectual -somente parte do cenário (congresso, enchente,
pode divulgá-la por apresentação pública, quando praia, tumulto, show, desfile, festa carnavalesca,
a obra é representada dramaticamente, executada, restaurante etc.), sem que se a destaque, pois se
exibida, projetada em fita cinematográfica, trans- pretende divulgar o acontecimento e não a pessoa
mitida por radiodifusão etc., e é neste terreno que que integra a cena;
se situa o contrato de representação e execução, h) se tratar de identificação compulsória ou impres-
de conteúdo complexo por se referir não só ao cindível a algum ato de direito público ou privado.
desempenho pessoal, mas também à atuação por
meios mecânicos e eletrônicos dos diferentes gê- - Reparação do dano à imagem: O lesado pode plei-
neros de produção intelectual, suscetíveis de co- tear a reparação pelo dano moral e patrimonial
municação audiovisual. (Súmula 37 do STJ) provocado por violação à sua
imagem-retrato ou imagem-atributo e pela divul-
Na representação pública há imagens transmitidas gação não autorizada de escritos ou de declarações
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

para difundir obra literária, musical ou artística que de- feitas. Se a vítima vier a falecer ou for declarada au-
verão ser tuteladas juridicamente, juntamente com os sente, serão partes legítimas para requerer a tutela
direitos do autor. Os direitos dos artistas, intérpretes e ao direito à imagem, na qualidade de lesados indi-
executantes são conexos aos dos escritores, pintores, retos, seu cônjuge, ascendentes ou descendentes e
compositores, escultores etc. Logo, podem eles impedir também, no nosso entender, o convivente, visto ter
a utilização indevida de suas interpretações, bem como interesse próprio, vinculado a dano patrimonial ou
de sua imagem. moral causado a bem jurídico alheio. Este parágra-
- Proteção da imagem como direito autoral: A ima- fo único do art. 20 seria supérfluo ante o disposto
gem é protegida pelo art. 52, XXVIII, a, da CF, como no art. 12, parágrafo único.

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O direito à privacidade da pessoa contém interesses - Escolha de curador dos bens de ausente pelo órgão
jurídicos, por isso seu titular pode impedir ou fazer ces- judicante: Na falta de cônjuge, ascendente ou des-
sar invasão em sua esfera íntima, usando para sua defe- cendente do ausente competirá ao juiz a escolha
sa: mandado de injunção, habeas data, habeas corpus, do curador, desde que idôneo a exercer o cargo.
mandado de segurança, cautelares inominadas e ação de
responsabilidade civil por dano moral e patrimonial. A curadoria dos bens do ausente perdura por um ano,
durante o qual o juiz ordenará a publicação de editais, de
Verificado o desaparecimento de uma pessoa do dois em dois meses, convocando o ausente a reaparecer
seu domicílio, sem dar qualquer notícia de seu paradei- para retornar seus haveres (CPC, art 1.161).
ro e sem deixar procurador, ou representante, para ad- - Abertura da sucessão provisória: Passado um ano
ministrar seus bens, o juiz a requerimento de qualquer da arrecadação dos bens do ausente sem que se
interessado, seja ou não parente, bastando que tenha saiba do seu paradeiro, ou, se ele deixou algum
interesse pecuniário ou do Ministério Público, nomeará representante, em se passando três anos, poderão
um curador para administrar seu patrimônio resguardan- os interessados requerer que se abra, provisoria-
do-o. mente, a sucessão, cessando a curatela (CPC, art.
Não havendo bens, não se terá nomeação de curador. 1.162,III).
Em caso de ausência, a curadoria é dos bens do ausente
e não da pessoa do ausente. Há quem ache, acertada- A sucessão provisória poderá ser requerida por qual-
mente, não se tratar de ausência o desaparecimento de quer interessado:
alguém num acidente aéreo, rodoviário, ferroviário etc. a) cônjuge não separado judicialmente;
em que, pelos indícios, a sua morte parece óbvia, apesar b) herdeiros presumidos legítimos e testamentários;
de não ter sido encontrado seu cadáver já que não há c) pessoas que tiverem sobre os bens do ausente di-
incerteza de seu paradeiro. reito subordinado à condição de morte, ou seja, se
A nomeação de curador a bens de um ausente dar- houver fideicomisso;
-se-á mesmo que ele tenha deixado procurador que se d) credores de obrigações vencidas e não pagas (CPC,
recuse a administrar seu patrimônio ou que não possa
art. 1.163, § lº).
exercer ou continuar o mandato, seja por ter ocorrido o
término da representação a termo, seja por sua renúncia,
- Abertura da sucessão provisória pelo Ministério Pú-
não aceitando a fortiori o mandato, seja por sua morte
blico: Se, findo o prazo legal de um ano, não hou-
ou incapacidade. O mesmo se diga se os poderes outor-
ver interessado na sucessão provisória, ou se entre
gados ao procurador forem insuficientes para a gestão
os herdeiros houver interdito ou menor, competirá
dos bens do ausente.
ao Ministério Público requerer a abertura da suces-
Com isso, o ausente ficará sem representante que ve-
nha a gerir seu patrimônio, urgindo, pois, que se nomeie são provisória (CPC, art. 1.163, § 2º).
curador. - Efeitos da sentença declaratória da abertura da su-
O curador dos bens do ausente, uma vez nomeado, cessão provisória: A sentença que determinar a
terá seus deveres e poderes estabelecidos pelo juiz de abertura da sucessão provisória produzirá efeitos
conformidade com as circunstancias do caso. Logo, o somente 180 dias depois de sua publicação pela
magistrado, conforme o caso, no ato da nomeação de- imprensa. Assim que transitar em julgado, ter-se-á
terminará pormenorizadamente as providências a serem a abertura do testamento, se houver, e proceder-
tomadas e as atividades a serem realizadas, observando -se-á ao inventário e partilha dos bens como se
os dispositivos legais, sempre no que forem aplicáveis, fosse o ausente falecido (CPC, art. 1.165).
reguladores da situação similar dos tutores e curadores, - Ausência de herdeiro: Se, dentro de trinta dias do
para que a atuação do curador dos bens do ausente seja trânsito em julgado da sentença que manda abrir a
realmente eficiente e responsável. sucessão provisória, não aparecer nenhum interes-
A curadoria dos bens do ausente deverá ser deferida, sado, ou herdeiro, que requeira o inventário, sen-
se casado for, não estando separado judicialmente, ao do a sucessão requerida pelo Ministério Público, a
seu cônjuge, para que seu patrimônio não se perca ou herança será considerada jacente (CPC, art. 1.165,
deteriore, assumindo sua administração. Ante o interesse parágrafo único; CC, ais. 1.819 a 1.823).
na conservação dos bens do ausente, qualquer que seja
o regime matrimonial de bens, seu curador legítimo será Para garantir ao ausente a devolução de seus bens,
seu cônjuge. por ocasião de sua volta, o juiz, antes da partilha, deve-
- Nomeação de curador dos bens do ausente na fal- rá ordenar a conversão, por meio de hasta pública, dos
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

ta do cônjuge: Se o ausente que deixou bens não bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em
tiver consorte, nomear-se-á o pai ou a mãe do imóveis ou em títulos de dívida pública da União, adqui-
desaparecido como curador, e, na falta destes, os ridos com o produto obtido.
descendentes, desde que tenham idoneidade para Os herdeiros que forem imitidos na posse dos bens
exercer o cargo. do ausente deverão dar garantias de sua devolução me-
- Ordem de nomeação entre os descendentes: Na diante penhor ou hipoteca proporcionais ao quinhão
curadoria dos bens do ausente cabível a descen- respectivo (CPC, art. 1.166), exceto se ascendentes, des-
dente seguir-se-á o princípio de que os mais pró- cendentes ou cônjuge, desde que comprovada a sua
ximos excluem os mais remotos. qualidade de herdeiros.

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- Falta de condição para prestar garantia: Se o herdei- A sucessão definitiva poderá ser requerida dez anos
ro que tiver direito à posse provisória não puder depois de passada em julgado a sentença que concedeu
prestar as garantias exigidas no caput deste artigo, abertura de sucessão provisória.
não poderá entrar na posse dos bens, que ficarão
sob a administração de um curador, ou de outro Efeitos da abertura da sucessão definitiva:
herdeiro designado pelo magistrado, se prontifi-
que a prestar a referida garantia. Com a sucessão definitiva, os sucessores:
a) passarão a ter a propriedade resolúvel dos bens
Os imóveis do ausente, não só os arrecadados, mas recebidos;
também os convertidos por venda dos móveis, não po- b) perceberão os frutos e rendimentos desses bens,
derão ser alienados, salvo em caso de desapropriação ou podendo utilizá-los como quiser;
por ordem judicial para lhes evitar a ruína. c) poderão alienar onerosa ou gratuitamente tais
Os sucessores provisórios, uma vez empossados nos bens, e
bens, ficarão representando ativa e passivamente o au- d) poderão requerer o levantamento das cauções
sente; logo, contra eles correrão as ações pendentes e prestadas.
as que de futuro, após a abertura da sucessão provisória,
àquele se moverem.
Abertura de sucessão definitiva de ausente com oi-
Consequentemente, o curador dos bens do ausente
tenta anos:
não mais será o representante legal, pois, uma vez que
os herdeiros, em caráter provisório, entraram na posse da
herança, justificativa alguma há para que o curador con- Se se provar que o ausente tem oitenta anos de nasci-
tinue na representação daqueles bens, quer ativa, quer do e que de cinco datam as últimas notícias suas; poder-
passivamente, ou seja, como réu ou como autor. -se-á ter a abertura da sucessão definitiva, consideran-
Se o sucessor provisório do ausente for seu descen- do-se a média de vida da pessoa, mesmo que não tenha
dente, ascendente ou cônjuge, terá a propriedade de to- havido anteriormente sucessão provisória.
dos os frutos e rendimentos dos bens que a este coube- - Regresso do ausente ou de seu herdeiro necessá-
rem, podendo deles dispor como quiser. Se se tratar de rio: Se o ausente, ou algum de seus descendentes
outros sucessores que não aqueles acima enumerados, ou ascendentes, regressar nos dez anos seguintes
sendo. p. ex., parentes colaterais, deverão converter a à abertura da sucessão definitiva, apenas pode-
metade desses rendimentos e frutos em imóveis ou títu- rá requerer ao magistrado a devolução dos bens
los de dívida pública, a fim de garantir sua ulterior e pos- existentes no estado em que se encontrarem os
sível restituição ao ausente. Tal capitalização deverá ser sub-rogados em seu lugar ou o preço os herdeiros
feita de acordo com o Ministério Público, que, além de ou interessados receberam pelos alienados depois
determinar qual o melhor emprego da metade daqueles daquele tempo, respeitando-se assim, os direitos
rendimentos, deverá fiscalizá-lo. de terceiro.
Os sucessores provisórios deverão prestar contas, - Declaração da vacância dos bens do ausente: Se,
anualmente, ao juiz, do emprego da metade dos frutos e nos dez anos a que se refere o caput do artigo ora
rendimentos. Se o ausente aparecer e ficar comprovado examinado, o ausente não retornar, e nenhum in-
que sua ausência foi voluntária e injustificada ele perde- teressado requerer a sucessão definitiva os bens
rá, em favor dos sucessores provisórios, a parte que lhe serão arrecadados como vagos, passando sua pro-
caberia nos frutos e rendimentos. priedade plena ao Município, ao Distrito Federal, se
O sucessor provisório que não pôde entrar na posse situados nas respectivas circunscrições, ou à União.
de seu quinhão, por não ter oferecido a garantia legal,
poderá justificar-se provando a falta de recursos, reque-
rendo judicialmente, que lhe seja entregue metade dos
frutos e rendimentos produzidos pela parte que lhe ca- #FicaDica
beria, e que foi retida, para poder fazer frente à sua sub-
Se, em 30 dias do trânsito em julgado da
sistência.
sentença que manda abrir a sucessão pro-
Retornando o ausente ou enviando notícias suas, ces-
visória, não aparecer nenhum interessado,
sarão para os sucessores provisórios todas as vantagens,
ou herdeiro, a herança será considerada ja-
ficando obrigados a tornar medidas assecuratórias até a
cente.
devolução dos bens a seu dono, conservando-os e pre-
servando-os sob pena de perdas e danos.
Sucessores provisórios como herdeiros presuntivos:
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Os sucessores provisórios são herdeiros presuntivos, Pessoa jurídica


uma vez que administram patrimônio supostamente seu:
o real proprietário é o ausente, cabendo-lhe, também a Conceito de pessoa jurídica: A pessoa jurídica é a
posse dos bens, bem como os seus frutos e rendimentos, unidade de pessoas naturais ou de patrimônios que visa
ou seja, o produto da capitalização ordenada pelo art. 3º. à obtenção de certas finalidades, reconhecida pela or-
O sucessor provisório, com o retorno do ausente, deverá dem jurídica como sujeito de direitos e obrigações.
prestar contas dos bens e de seus acrescidos, devolven-
do-os , assim como, se for o caso, os sub-rogados, se não Pessoas jurídicas de direito público interno: São pes-
mais existirem. soas jurídicas de direito público interno:

6
a) a União, que designa a nação brasileira, nas suas consideração a um fim estipulado pelo fundador,
relações com os Estados federados que a com- sendo este objetivo imutável e seus órgãos ser-
põem e com os cidadãos que se encontram em seu vientes, pois todas as resoluções estão delimitadas
território; logo, indica a organização política dos pelo instituidor. Deve ser constituída por escrito e
poderes nacionais considerada em seu conjunto. lançada no registro geral;
Assim, o Estado Federal (União) seria ao mesmo b) Associações civis, religiosas, pias, morais, cientificas
tempo Estado e Federação; ou literárias e as associações de utilidade pública,
b) os Estados federados, que se regem pela Constitui- que abrangem um conjunto de pessoas, que alme-
ção e pelas leis que adotarem. Cada Estado federa- jam fins ou interesses dos sócios, que podem ser
do possui autonomia administrativa, competência alterados, pois os sócios deliberam livremente, já
e autoridade na seara legislativa, executiva e judi- que seus órgãos são dirigentes. Na associação não
ciária, decidindo sobre negócios locais; há fim lucrativo, embora tenha patrimônio forma-
c) o Distrito Federal, que é a capital da União. É um do com a contribuição de seus membros para a
município equiparado ao Estado federado por ser obtenção de fins culturais, educacionais, esporti-
a sede da União, tendo administração, autoridades vos, religiosos, recreativos, morais etc.;
próprias e leis atinentes aos serviços locais. Possui c) sociedade simples, na qual se visa o fim econômico
personalidade jurídica por ser um organismo polí- ou lucrativo, pois o lucro obtido deve ser reparti-
tico administrativo, constituído para a consecução do entre os sócios, sendo alcançado pelo exercício
de fins comuns; de cenas profissões ou pela prestação de serviços
d) os Territórios, autarquias territoriais (Hely Lopes técnicos (p. ex., uma sociedade imobiliária ou uma
Meirelles), ou melhor, pessoas jurídicas de direito sociedade cooperativa — CC, ais. 982, parágrafo
público interno, com capacidade administrativa e único, e 1.093 a 1.096). As sociedades devem cons-
de nível constitucional, ligadas à União, tendo nes- tituir-se por escrito, lançar-se no registro civil das
ta a fonte de seu regime jurídico infraconstitucio- pessoas jurídicas;
nal (Michel Temer) e criadas mediante lei comple- d) sociedades empresárias, que visam o lucro, me-
mentar; diante exercício de atividade empresarial ou co-
e) os Municípios legalmente constituídos, por terem mercial (RT, 468/207), assumindo as formas de:
interesses peculiares e economia própria. A Cons- sociedade cm nome coletivo; sociedade em co-
tituição Federal assegura sua autonomia política, mandita simples; sociedade em comandita por
ou seja, a capacidade para legislar relativamente ações; sociedade limitada; sociedade anônima ou
a seus negócios e por meio de suas próprias au- por ações. Assim, para saber se dada sociedade é
toridades. simples ou empresária basta considerar a natureza
de suas operações habituais; se estas tiverem por
Ampliação legal do número das pessoas jurídicas de objeto o exercício de atividades econômicas orga-
direito público interno: Além das pessoas enumeradas nizadas para a produção ou circulação de bens ou
pelo por este artigo, a lei estendeu a personalidade de de serviços próprias de empresário, sujeito a re-
direito público, como já tivemos oportunidade de dizer gistro, a sociedade será empresária; caso contrario,
ao comentarmos o art. 40, às autarquias. simples, mesmo que adote quaisquer das formas
empresariais, como permite o Art. 983 do Código
Civil, exceto se for anônima, que, por força de lei,
Pessoas jurídicas de direito público externo: São
será sempre empresária. As sociedades empresá-
as regulamentadas pelo direito internacional público,
rias deverão ter assento no Registro Público de
abrangendo: nações estrangeiras, Santa Sé e organismos
Empresas Mercantis. E as simples, no Registro Civil
internacionais (ONU, OEA, Unesco, FAO etc.).
das Pessoas Jurídicas;
O artigo 43 traz a teoria do risco e responsabilidade
e) partidos políticos, no interesse do regime demo-
objetiva, e por essa teoria cabe indenização estatal de
crático, da autenticidade do sistema representativo
todos os danos causados, por comportamentos dos fun- e defensoras dos direitos fundamentais definidos
cionários, a direitos de particulares. Trata-se da responsa- na Constituição Federal.
bilidade objetiva do Estado, bastando a comprovação da
existência do prejuízo a administrados. Mas o Estado tem O fato que dá origem a pessoa jurídica de direito pri-
ação regressiva contra o agente, quando tiver havido cul- vado é a vontade humana, sem necessidade de qualquer
pa ou dolo deste, de forma a não ser o patrimônio pú- ato administrativo de concessão ou autorização, salvo os
blico desfalcado pela sua conduta ilícita. Logo, na relação casos especiais do Código Civil, porém a sua personali-
entre poder público e agente, a responsabilidade civil é dade jurídica permanece em estado potencial, adquirin-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

subjetiva, por depender da apuração de sua culpabilida- do status jurídico, quando preencher as formalidades ou
de pela lesão causada ao administrado. exigências legais.

Classificação das pessoas jurídicas de direito privado: - Fases do processo genético da pessoa jurídica de
As pessoas jurídicas de direito privado, instituídas por direito privado: Na criação da pessoa jurídica de
iniciativa de particulares, dividem-se, segundo o artigo direito privado há duas fases:
focado, em: a) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, poden-
a) Fundações particulares, que são universalidades do revestir-se de forma pública ou particular, com
de bens, personalizadas pela ordem pública, em exceção da fundação, que requer instrumento pú-

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blico ou testamento. Além desses requisitos, há - Administração coletiva: Se por lei ou pelo contrato
certas sociedades que para adquirir personalidade social vários forem os administradores, as delibe-
jurídica dependem de previa autorização ou apro- rações deverão ser tomadas por maioria de votos
vação do Poder Executivo Federal, como, p. ex., as dos presentes, contados segundo o valor das quo-
sociedades estrangeiras; tas de cada um, exceto se ato constitutivo dispuser
b) a do registro público, pois para que a pessoa jurídi- de modo contrário. Para a formação dessa maioria,
ca de direito privado exista legalmente é necessário é necessário votos correspondentes a mais de me-
inscrever os contratos ou estatutos no seu registro tade do capital.
peculiar; o mesmo deve fazer quando conseguir a - Anulação de decisão contrária à lei e ao estatuto
imprescindível autorização ou aprovação do Poder ou eivada de vício de consentimento ou social: O
Executivo Federal. direito de anular deliberação de administradores
que violar norma legal ou estatutária ou for eiva-
Apenas com o assento adquirirá personalidade ju- da de erro, dolo, simulação ou fraude, poderá ser
rídica, podendo, então, exercer todos os direitos; além exercido dentro do prazo decadencial de três anos.
disso, quaisquer alterações supervenientes havidas em Como a pessoa jurídica precisa ser representada, ati-
seus atos constitutivos deverão ser averbadas no regis- va ou passivamente, em juízo ou fora dele, deverá ser
tro. Como se vê esse sistema do registro sob o regime administrada por quem o estatuto indicar ou por quem
da liberdade contratual, regulado por norma especial, ou seus membros elegerem. Por isso, se a administração da
com autorização legal, é de grande utilidade em razão pessoa jurídica vier a faltar, o magistrado, mediante re-
da publicidade que determinará os direitos de terceiros. querimento de qualquer interessado, deverá nomear um
O registro do ato constitutivo é uma exigência de ordem administrador provisório, que a representará enquanto
pública no que atina à prova e à aquisição da personali- não se nomear seu representante legal, que exterioriza-
dade jurídica das entidades coletivas. rá sua vontade, no exercício dos poderes que lhe forem
- Prazo decadencial para anular constituição de pes- conferidos pelo contrato social.
soa jurídica de direito privado: Havendo defeito no
ato constitutivo de pessoa jurídica de direito priva-
Desconsideração da pessoa jurídica:
do, pode-se desconstituí-la dentro do prazo deca-
A teoria da desconsideração permite que o juiz não
dencial de três anos, contado da publicação de sua
inscrição no Registro. mais considere os efeitos da personificação ou da au-
- Registro civil da pessoa jurídica: Somente com o re- tonomia jurídica da sociedade para atingir e vincular a
gistro ter-se-á a aquisição da personalidade jurídica. responsabilidade dos sócios, com o intuito de impedir a
consumação de fraudes e abusos de direito cometidos
Tal registro de atos constitutivos de sociedades sim- por meio da personalidade jurídica que causem prejuízos
ples dar-se-á no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, sen- ou danos a terceiros.
do que as sociedades empresárias deverão ser registra- Em muitas situações os sócios ou acionistas adminis-
das no Registro Público de Empresas Mercantis, sendo tradores das sociedades, sejam elas de capital ou pes-
competentes para a prática de tais atos as Juntas Comer- soas, acabam agindo com excesso de poder ou má-fé,
ciais, e seguem o disposto nas normas dos arts. 1.150 e contrariam o contrato e estatuto social da sociedade, ou
1.154 do Código Civil. até mesmo as leis.
Esta teoria foi desenvolvida pelos tribunais norte-a-
- Requisitos para o registro da pessoa jurídica de di- mericanos, tendo em vista aqueles casos concretos, em
reito privado: O artigo sub examine aponta os re- que o controlador da sociedade a desviava de suas finali-
quisitos do assento, pois este declarará: dades, para impedir fraudes mediante o uso da persona-
a) a denominação, os fins, a sede, o tempo de dura- lidade jurídica, responsabilizando seus membros.
ção e o fundo social, quando houver; Pelo Código Civil, quando a pessoa jurídica se desviar
b) nome e individualização dos fundadores ou insti- dos fins que determinarem sua constituição, em razão
tuidores e dos diretores; do fato de os sócios ou administradores a utilizarem para
c) a forma de administração e a representação ativa e alcançar finalidade diversa do objetivo societário para
passiva, judicial e extrajudicial; prejudicar alguém ou fazer mau uso da finalidade social,
d) a possibilidade e o modo de reforma do estatuto ou quando houver confusão patrimonial (mistura do pa-
social no que atina à administração da pessoa ju- trimônio social com o particular do sócio, causando dano
rídica; a terceiro) em razão de abuso de personalidade jurídica,
e) a responsabilidade subsidiária dos sócios pelas o magistrado, a pedido do interessado ou do Ministério
obrigações sociais; Público, está autorizado, com base na prova material do
f) as condições de extinção da pessoa jurídica e
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

dano, a desconsiderar, episodicamente, a personalida-


g) o destino do seu patrimônio nesse caso. de jurídica, para coibir fraudes e abusos dos sócios que
dela se valerem como escudo, sem importar essa medida
- Vinculação da pessoa jurídica aos atos praticados numa dissolução da pessoa jurídica.
pelos administradores: Se seus administradores Em relação à questão processual, esta teoria propõe
a representam ativa e passivamente, em juízo ou
a vincular todos os possíveis responsáveis previstos, ou
fora dele, todos os atos negociais exercidos por
seja, todos os sócios, fazendo uso de institutos proces-
eles, dentro dos limites de seus poderes estabele-
suais que regulam o litisconsórcio a fim de garantir um
cidos no estatuto social, obrigarão a pessoa jurídi-
grau de aproveitamento e otimização do processo. É de
ca, que deverá cumpri-los.

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certa forma uma maneira eficaz para fins de prevenir fu- Conteúdo do estatuto da associação:
turas fraudes a credores, desde que requerida em casos A associação é constituída por escrito e o estatuto
extremos de desvio de finalidade da empresa e abuso da social, que a regerá, sob pena de nulidade, poderá reves-
personalidade jurídica dos sócios, entre outros. tir-se de forma pública ou particular, devendo conter: a
Atualmente a desconsideração da personalidade jurí- denominação, a finalidade e a sede da associação; requi-
dica é um remédio bastante eficaz, utilizado ao caso con- sitos para admissão, demissão e exclusão de associados;
creto, pois se torna cada vez mais necessário a existência direitos e deveres dos associados; fontes de recursos para
de mecanismos, para garantir o pagamento de credores sua manutenção; modo de constituição e funcionamento
que sofreram de alguma forma prejuízos ocasionados dos órgãos deliberativos e administrativos e condições
por fraude permeando assim pela eficácia real do Direito. para alteração de disposições estatutárias e para dissolu-
A desconsideração é um instrumento para a efetivi- ção da associação. Isto é assim porque toda estruturação
dade do processo, a fim de elencar os responsáveis pe- do grupo social baseia-se nessas normas estatutárias.
los danos, executar o fiel cumprimento do pagamento do Exige-se uma regulamentação bastante uniforme e
crédito aos credores e o retorno da atividade empresarial. severa, no estatuto, dos direitos e deveres dos associa-
dos, que deverão ter tratamento igual.
O ato constitutivo poderá, apesar de os associados
deverem ter direitos iguais, criar posições privilegiadas
#FicaDica
ou conferir direitos preferenciais para certas categorias
A utilização da desconsideração da perso- de membros, como, p. ex.: a dos fundadores, que não
nalidade jurídica deve ser aplicada aos ca- poderá ser alterada sem o seu consenso, mesmo que
sos previstos em lei, e não de forma ampla haja decisão assemblear aprovando tal alteração; a de
ou genérica. sócios remidos de determinado clube, que pagam certa
importância em dinheiro para ter o direito de pertencer
vitaliciamente à associação, sem mais dispêndios, não
Havendo dissolução da pessoa jurídica ou cassada podendo, assim, a assembleia deles exigir pagamento de
sua autorização para funcionamento, ela subsistirá para outra contribuição, salvo se houver seu expresso consen-
fins de liquidação, mas aquela dissolução ou cassação timento ou se for tal exigência imprescindível para obter
deverá ser averbada no registro onde ela estiver inscrita. meios necessários à sobrevivência da associação.
- Liquidação da sociedade: Percebe-se que a extinção A qualidade de associado somente poderá ser trans-
da pessoa jurídica não se opera instantaneamente, ferida a terceiro com o consenso da associação ou com
pois se houver bens de seu patrimônio e dívidas permissão estatutária.
a resgatar, ela continuará em fase de liquidação, - Transferência de quota ideal do patrimônio da asso-
durante a qual subsiste para a realização do ati- ciação: Se, p. ex., por morte, falência, interdição ou
vo e pagamento de débitos, cessando, de uma só retirada de associado que tenha uma fração ideal
vez, quando se der ao acervo econômico o destino do patrimônio da associação houver transferência
próprio. de sua quota, tal fato não importará, obrigatoria-
- Cancelamento da inscrição da pessoa jurídica: Ence- mente, na atribuição da qualidade de membro da
nada a liquidação, promover-se-á o cancelamento associação ao seu sucessor (adquirente ou her-
da inscrição da pessoa jurídica. A extinção da pes- deiro), a não ser que haja, no estatuto, convenção
soa jurídica, com tal cancelamento, produzirá efei- nesse sentido.
tos ex nunc, mantendo-se os atos negociais por ela - Exclusão de associado: Há imposição de sanções
praticados até o instante de seu desaparecimento, disciplinares ao associado que infringir as normas
respeitando-se direitos de terceiro. estatutárias ou que praticar ato prejudicial ao gru-
po, que poderão, ante a gravidade do motivo, che-
Conceito de associação: gar até mesmo à expulsão, desde que haja justa
causa e deliberação fundamentada da maioria ab-
É uma pessoa jurídica de direito privado voltada à soluta dos presentes à assembleia geral especial-
realização de finalidades culturais, sociais, pias, religiosas, mente convocada para essa finalidade.
recreativas etc., cuja existência legal surge com a inscri- - Injustiça ou arbitrariedade na exclusão de associado:
ção do estatuto social que a disciplina, no registro com- O estatuto poderá indicar, taxativamente, as cau-
petente. Por exemplo: APAE, UNE, Associação de Pais e sas graves determinantes da exclusão do membro
Mestres, Associação dos Advogados de São Paulo. associado, sendo que, se a apreciação da sua con-
duta for considerada injusta ou arbitrária, o lesado
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

- Inexistência de reciprocidade de direitos e obriga- poderá, da decisão do órgão que decretou sua ex-
ções entre os associados: Com a personificação da pulsão, interpor recurso à assembleia geral e, ain-
associação, para os efeitos jurídicos, ela passará da, defender seu direito de associado por via ju-
a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obri- risdicional, embora a jurisprudência tenha negado
gações. Cada um dos associados constituirá uma provimento à ação judicial para indenização de da-
individualidade e a associação uma outra (CC, art. nos, em razão do afastamento ilícito do associado,
50, 2a parte), tendo cada um seus direitos, deveres devido à natureza do vínculo contratual que o une
e bens, não havendo, porém, entre os associados à associação, sujeitando-o aos termos estatutários
direitos e deveres recíprocos. e às decisões dos órgãos da associação.

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Nenhum associado poderá ser impedido de exer- instituidor poderá providenciar a elaboração das normas
cer direito ou função que lhe foi conferida pelo pacto estatutárias e o registro da fundação (forma direta) ou
social a não ser nos casos e no modo previsto legal ou encarregar outrem para este fim (forma fiduciária). Se,
estatutariamente são invulneráveis direitos individuais porventura, na dotação de bens o instituidor vier a lesar
especiais, como p. ex., o direito á presidência, ao voto a legítima de seus herdeiros necessários, estes poderão
reforçado, ás atribuições especificas etc., Apesar de seus pleitear o respeito ao quantum legitimário. Dever-se-á
vastos poderes, a assembleia não poderá efetivar todas proceder ao registro, mediante intervenção do Ministério
as deliberações da maioria, uma vez que há certos direi- Público, que deverá analisar o estatuto elaborado pelo
tos essenciais dos associados oriundos do pacto social, fundador, verificando se houve observância das bases da
insuscetíveis de violação. fundação, se os bens são suficientes aos fins colimados e
Compete à assembleia a deliberação sobre: eleição e há licitude de seu objeto.
destituição de administradores; aprovação de contas e Estando tudo em perfeita ordem o Ministério Público
alteração do estatuto social. aprovará o estatuto, dentro de quinze dias da autuação
do pedido de aprovação. Se, porventura, o fundador não
- Princípio da maioria: Consagra-se o princípio da elaborar o estatuto nem ordenar algum para fazê-lo ou
maioria nas deliberações assembleares, exigindo- se o estatuto elaborado no prazo assinado pelo institui-
-se, para destituição de diretoria e alteração esta- dor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, o Ministério
tutária, o voto concorde de dois terços dos presen- Público poderá tornar a iniciativa.
tes à assembleia especialmente convocada para Portanto, para que a fundação tenha personalidade
esse fim, não podendo ela deliberar em primeira jurídica será preciso dotação, elaboração e aprovação
convocação, sem a maioria absoluta dos associa- dos estatutos e registro.
dos, ou com menos de um terço nas convocações A lei prevê a possibilidade de ter bens insuficientes
seguintes. para a constituição da fundação, doados por escritura
pública ou deixados por via testamentária, ordenando,
Todos os associados têm direito de participação na então, que sejam incorporados em outra fundação que
assembleia geral e de nela votar; logo, tal assembleia é vise igual ou semelhante objetivo, exceto se outra coisa
convocada, na forma do estatuto, garantindo-se a um não houver disposto o instituidor.
quinto dos associados o direito de promovê-la. Se a fundação for constituída por meio de escritura
Sendo extinta uma associação, o remanescente do pública, o instituidor terá a obrigação de transferir a pro-
seu patrimônio líquido depois de deduzidas quando for priedade, ou outro direito real, dos bens livres colocados
o caso, as quotas ou frações ideais do patrimônio, em ra- a serviço de um fim lícito e especial por ele pretendido,
zão de transferência a adquirente ou a herdeiro de asso- sob pena de, não o fazendo, serem registrados em nome
ciado, será destinado a entidade de fins não econômicos dela, por mandado judicial.
indicada pelo estatuto. Ante a omissão estatutária, por Caso o instituidor não elaborou os estatutos da fun-
deliberação dos associados, os seus bens remanescentes dação, estes deverão ser organizados e formulados por
deverão ser transferidos para um estabelecimento muni- aqueles a quem foi incumbida a aplicação do patrimônio,
cipal, estadual ou federal que tenha finalidade similar ou de conformidade com a finalidade específica e com as
idêntica à sua. E se porventura não houver no Município, restrições impostas pelo fundador, de maneira a não ser
no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que violada a vontade do instituidor. E, se os estatutos não
a extinta associação está sediada, estabelecimento, ou forem elaborados dentro do prazo imposto pelo insti-
instituição, nas condições indicadas, seus bens remanes- tuidor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, caberá ao
centes irão para os cofres do Estado, do Distrito Federal Ministério Público tal incumbência.
ou da União. Uma vez elaborados os estatutos com base nos obje-
- Possibilidade de restituição da contribuição social tivos que se pretende alcançar, deverão ser eles subme-
aos associados: Os associados poderão receber em tidos à aprovação do órgão local do Ministério Público,
restituição, com a devida atualização, as contribui- que é o órgão fiscalizador da fundação em virtude de lei.
ções que prestaram à formação do patrimônio so- Se, porventura, este vier a recusar tal aprovação, o ela-
cial, antes da destinação do remanescente, se cláu- borador das normas estatutárias poderá requerer aquela
sula estatutária permitir ou se houver deliberação aprovação denegada, mediante recurso ao juiz.
dos associados nesse sentido. O órgão legítimo para velar pela fundação, impedin-
do que se desvirtue a finalidade específica a que se des-
#FicaDica tina, é o Ministério Público. Consequentemente, o órgão
do Ministério Público de cada Estado ou o Ministério
É uma pessoa jurídica de direito privado Público Federal, se funcionar no Distrito Federal ou em
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

voltada à realização de finalidades culturais, Território, terá o encargo de fiscalizar as fundações que
sociais, pias, religiosas, recreativas. estiverem localizadas em sua circunscrição, aprovar seus
estatutos no prazo de quinze dias e as suas eventuais
alterações ou reformas, zelando pela boa administração
Constituir-se-á a fundação mediante escritura pú- da entidade jurídica e de seus bens.
blica ou testamento, contendo ato de dotação que com- A ação da fundação poderá circunscrever-se a um só
preende a reserva de bens livres (propriedades, créditos Estado ou a mais de um. Se sua atividade estender-se a
ou dinheiro) legalmente disponíveis, indicação do fim vários Estados, o Ministério Público de cada um terá o
lícito colimado e o modo de administração. O próprio

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ônus de fiscalizá-la, verificando se atende à consecução – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias
do seu objetivo específico. Ter-se-á, então, uma multi- alternativas, modernização de sistemas de gestão,
plicidade de fiscalização, embora dentro dos limites de produção e divulgação de informações e conheci-
cada Estado. mentos técnicos e científicos;
A Alteração dos estatutos apenas será admitida nos – promoção da ética, da cidadania, da democracia e
casos em que houver necessidade de sua reforma. A dos direitos humanos e
Fundação, como qualquer pessoa jurídica devido aos – atividades religiosas.
progressos sociais precisará amoldar-se ás novas neces-
sidades, adaptando seus estatutos á nova realidade jurí- Conceito legal de domicilio civil da pessoa natural:
dico-social. Pelo art. 70 do Código Civil, o domicílio civil é o lugar
Se na reforma estatutária houver minoria vencida, os onde a pessoa estabelece sua residência com animo de-
administradores da fundação, ao submeterem o estatuto finitivo tendo, portanto, por critério a residência. Nesta
ao órgão do Ministério Público, requererão que se cienti- conceituação, legal há dois elementos: o objetivo, que é
fique o fato àquela minoria, que poderá, se quiser, estan- a fixação da pessoa em dado lugar, e o subjetivo, que é
do inconformada, impugnar aquela alteração recorrendo a intenção de ali permanecer com animo definitivo. Im-
ao Judiciário dentro do prazo decadencial de dez dias, porta em fixação espacial permanente da pessoa natural.
pleiteando a invalidação das modificações estatutárias A nossa legislação admite a pluralidade de domicilio
feitas pela maioria absoluta dos membros da Adminis- se a pessoa natural tiver mais de uma residência, pois
tração da fundação e aprovadas pelo órgão local do Mi- se considerará domicilio o seu qualquer uma delas. Ad-
nistério Público. mite também que, excepcionalmente, pode haver casos
Isto é assim porque a lei apenas conferiu ao Minis- em que uma pessoa natural não tenha domicílio certo ou
tério Público o dever de fiscalizar e não o direito de de- fixo, ao estabelecer que aquele que não tiver residência
cidir, uma vez que o controle da legalidade compete ao habitual, como, p. ex., o caixeiro-viajante, o circense, terá
Judiciário. O magistrado terá, então, a competência para por domicilio o lugar onde for encontrado.
decidir e conhecer das nulidades que, porventura, apa- As pessoas jurídicas têm seu domicílio que é sua sede
reçam no processo de alteração do estatuto da funda- jurídica, onde os credores podem demandar o cumpri-
mento das obrigações. Como não têm residência, é o
ção, mediante recurso interposto pela minoria vencida
local de suas atividades habituais, de seu governo, ad-
dos membros de sua Administração, cuja decadência se
ministração ou direção, ou, ainda, o determinado no ato
opera em dez dias.
constitutivo.
Constatado ser ilícito, impossibilidade, ou inútil o
As pessoas jurídicas de direito público interno têm
objetivo da fundação, o órgão do Ministério Público, ou por domicílio a sede de seu governo. De maneira que a
ainda, qualquer interessado poderá requerer a extinção União aforará as causas na capital do Estado ou Território
da instituição. em que tiver domicílio a outra parte e será demandada,
Terminará a existência da fundação com o vencimento à escolha do autor, no Distrito Federal ou na capital do
do prazo de sua duração. Para tanto, o Ministério Público Estado em que se deu o ato que deu origem à demanda,
ou qualquer interessado deverá, mediante requerimento, ou em que se situe o bem. Os Estados e Territórios têm
promover a extinção da fundação. por sede jurídica as suas capitais, e os Municípios, o lugar
Com a decretação judicial da extinção da fundação da Administração municipal.
pelos motivos acima arrolados, seus bens serão, salvo As pessoas jurídicas de direito privado têm por do-
disposição em contrário no seu ato constitutivo ou no micilio o lugar onde funcionarem sua diretoria e admi-
seu estatuto, incorporados em outra fundação, designa- nistração ou onde elegerem domicilio especial nos seus
da pelo juiz, que almeje a consecução de fins idênticos estatutos ou atos constitutivos, devidamente registrados.
ou similares aos seus. O Poder Público dará destino ao - Pluralidade do domicilio da pessoa jurídica de di-
seu patrimônio, entregando-o a uma fundação que per- reito privado: O art.75, § 1º, admite a pluralidade
siga o mesmo objetivo, exceto se o instituidor dispôs de domiciliar da pessoa jurídica de direito privado
forma diversa, hipótese em que se respeitará sua vonta- desde que tenham diversos estabelecimentos (p.
de e a do estatuto. ex., agências, escritórios de representação, depar-
tamentos, filiais), situados em comarcas diferentes,
Com o advento da Lei n.º 13.151 de 2015, a fundação caso em que poderão ser demandadas no foro em
somente poderá ser constituir somente para as seguintes que tiverem praticado o ato. De forma que o lo-
finalidades: cal de cada estabelecimento dotado de autonomia
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

– assistência social; será considerado domicilio para os atos ou negó-


– cultura, defesa e conservação do patrimônio histó- cios nele efetivados, com o intuito de beneficiar os
rico e artístico; indivíduos que contratarem com a pessoa jurídica.
– educação;
Se a sede da Administração, ou diretoria, da pessoa
– saúde;
jurídica se acha no exterior, os estabelecimentos, agên-
– segurança alimentar e nutricional;
cias, filiais ou sucursais situados no Brasil terão por do-
– defesa, preservação e conservação do meio ambien-
micilio o local onde as obrigações foram contraídas pelos
te e promoção do desenvolvimento sustentável; respectivos agentes.

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Ter-se-á o domicílio necessário ou legal quando for a) começa a existência legal das pessoas jurídicas de di-
determinado por lei, em razão da condição ou situação reito privado com o início efetivo de suas atividades,
de ceias pessoas. O domicilio do incapaz é legal, pois sua mesmo que ainda não inscrito seu ato constitutivo no
fixação operar-se-á por determinação de lei e não por respectivo registro.
volição. O recém-nascido adquire o domicilio de seus b) obrigam a pessoa jurídica os atos dos seus administra-
pais. Os absoluta ou relativamente incapazes terão por dores, exercidos ou não nos limites de seus poderes
domicilio o de seus representantes legais (pais, tutores definidos no ato constitutivo.
ou curadores). c) se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o
- Domicilio necessário do servidor público: Deriva o juiz, de ofício, nomear-lhe-á outro administrador.
domicílio legal ou necessário do servidor públi- d) nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada
co de lei, pois o artigo sub examine entende por a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá
domiciliado o funcionário público no local onde para os fins de liquidação, até que esta se conclua; en-
exerce suas funções por investidura efetiva. Logo cerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento
tem por domicílio o lugar onde exerce sua função da inscrição da pessoa jurídica.
permanente. e) a proteção dos direitos da personalidade é exclusiva
às pessoas físicas, com exceção somente da proteção
O domicilio do militar do Exército é o lugar onde à marca empresarial.
servir e o do da Marinha ou da Aeronáutica em serviço
ativo, a sede do comando a que se encontra imediata- Resposta: Letra D. Art. 51. Nos casos de dissolução da
mente subordinado. Marinha mercante é a encarregada pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu fun-
de transportar mercadorias e passageiros. Os oficiais e cionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação,
tripulantes dessa marinha mercante têm por domicílio até que esta se conclua.
necessário o lugar onde estiver matriculado o navio, em- §3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancela-
bora passem a vida em viagens. mento da inscrição da pessoa jurídica.
O preso terá por domicílio o lugar onde cumprir a
sentença. Tratando-se de preso internado em manicômio
judiciário, é competente o juízo local para julgar pedido DOS FATOS JURÍDICOS: REQUISITOS DE VA-
de sua interdição, nos termos do art. 76 do Código Civil. LIDADE DO FATO JURÍDICO.
Se se tratar de preso ainda não condenado, seu domicilio
será o voluntário.
- Citação de ministro ou agente diplomático no es- Elementos essenciais do ato negocial:
trangeiro: Se o ministro ou agente diplomático Os elementos essenciais são imprescindíveis à exis-
brasileiro for citado no exterior e alegar a imunida- tência e validade do ato negocial, pois formam sua subs-
de sem designar o local onde tem, no país, o seu tância; podem ser gerais, se comuns à generalidade dos
domicílio, deverá responder perante a Justiça do negócios jurídicos, dizendo respeito à capacidade do
Distrito Federal ou do último ponto do território agente, ao objeto lícito e possível e ao consentimento
brasileiro onde o teve. dos interessados; e particulares, peculiares a determi-
- Domicílio contratual ou de eleição é o estabelecido nadas espécies por serem concernentes à sua forma e
contratualmente pelas partes em contrato escrito, prova.
que especificam onde se cumprirão os direitos e
os deveres oriundos da avença feita. O domicilio de Capacidade do agente:
eleição dependerá de manifestação expressa dos Como todo ato negocial pressupõe uma declaração
contraentes, da qual surge a competência especial,
de vontade, a capacidade do agente é indispensável à
determinada pelo contrato, do foro que irá apreciar
sua participação válida na seara jurídica. Tal capacidade
os possíveis litígios decorrentes do negócio jurídico
poderá ser:
contratual. O local indicado no contato para o adim-
a) geral, ou seja, a de exercer direitos por si, logo o
plemento obrigacional será também aquele onde o
ato praticado pelo absolutamente incapaz sem a
inadimplente irá ser demandado ou acionado.
devida representação será nulo e o realizado pelo
relativamente incapaz sem assistência será anulá-
#FicaDica vel;
b) especial, ou legitimação, requerida para a validade
O domicílio civil é o lugar onde a pessoa es-
de certos negócios em dadas circunstâncias (p. ex.,
tabelece sua residência com animo definiti-
vo tendo, portanto, por critério a residência. pessoa casada é plenamente capaz, embora não
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

tenha capacidade para vender imóvel sem auto-


rização do outro consorte ou suprimento judicial
desta, exceto se o regime matrimonial de bens for
o de separação).
EXERCÍCIO COMENTADO
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável:
1. (Prefeitura de São Luís/MA - Auditor Fiscal de Tri- O negócio jurídico válido deverá ter, como diz Crome,
butos I - FCC – 2018). Em relação às pessoas jurídicas, em todas as partes que o constituírem, um conteúdo le-
é certo que galmente permitido. Deverá ser lícito, ou seja, conforme

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a lei, não sendo contrário aos bons costumes, à ordem o capaz que veio a contratar com relativamente incapaz
pública e à moral. Se tiver objeto ilícito será. E o que estará autorizado legalmente a invocar em seu favor a
ocorrerá, p. ex., com a compra e venda de coisa roubada. incapacidade relativa deste, desde que indivisível a pres-
Deverá ter ainda objeto possível, física ou juridicamente. tação, objeto do direito ou da obrigação comum.
Se o ato negocial contiver prestação impossível, como a
de dar volta ao mundo em uma hora ou de vender he- Impossibilidade relativa do objeto:
rança de pessoa viva, deverá ser declarado nulo. Se a impossibilidade do objeto for relativa, isto é, se
Deverá ter objeto determinado ou, pelo menos, sus- a prestação puder ser realizada por outrem, embora não
cetível de determinação, pelo gênero e quantidade, sob o seja pelo devedor, não invalidade o negócio jurídico.
pena de nulidade absoluta. Cessação da impossibilidade do objeto negocial an-
tes do implemento da condição. Se o negócio jurídico
Consentimento dos interessados: contendo objeto impossível, tiver sua eficácia subordina-
As partes deverão anuir, expressa ou tacitamente, da a um evento futuro e incerto, e aquela impossibilidade
para a formação de uma relação jurídica sobre determi- cessar antes de realizada aquela condição válida será a
nado objeto, sem que se apresentem quaisquer vícios de avença.
consentimento, como erro, dolo, coação, estado de pe-
rigo e lesão, ou vícios sociais, como simulação e fraude Previsão contratual de forma especial:
contra credores. A emissão da vontade é dotada de poder criador; as-
sim sendo, se houver cláusula negocial estipulando a in-
Forma prescrita ou não defesa em lei: validade do negócio jurídico, se ele não se fizer por meio
Às vezes será imprescindível seguir determinada for- de escritura pública, esta passará a ser de sua substância.
ma de manifestação de vontade ao se praticar ato ne- Logo, tal declaração de vontade somente terá eficácia
gocial dirigido à aquisição, ao resguardo, à modificação jurídica se o ato negocial revestir a forma prescrita con-
ou extinção de relações jurídicas. O princípio geral é que tratualmente.
a declaração de vontade independe de forma especial,
sendo suficiente que se manifeste de modo a tornar co- Reserva mental lícita:
A reserva mental é a emissão de uma intencional de-
nhecida a intentio do declarante, dentro dos limites em
claração não querida em seu conteúdo, nem tampouco
que seus direitos podem ser exercidos. Apenas, excep-
em seu resultado, pois o declarante tem por único obje-
cionalmente, a lei vem a exigir determinada forma, cuja
tivo enganar o declaratário.
inobservância invalidará o negócio.
Logo, se conhecida da outra parte, não toma nula a
declaração da vontade, pois esta inexiste, e, consequen-
Incapacidade relativa como exceção pessoal:
temente, não se forma qualquer ato negocial, uma vez
Por ser a incapacidade relativa uma exceção pessoal,
que não havia intentio de criar direito, mas apenas de
ela somente poderá ser formulada pelo próprio incapaz
iludir o declaratário. Se for desconhecida pelo destinatá-
ou pelo seu representante. Como a anulabilidade dó ato rio, subsiste o ato.
negocial praticado por relativamente incapaz é um bene-
ficio legal para a defesa de seu patrimônio contra abu- Reserva mental ilícita conhecida do declaratário:
sos de outrem, apenas o próprio incapaz ou seu repre- Se, além de enganar, houver intenção de prejudicar,
sentante legal o deverá invocar. Assim, se num negócio ter-se-á vício social similar à simulação, ensejando nuli-
um dos contratantes for capaz e o outro incapaz, aquele dade do ato negocial. É preciso esclarecer que o conhe-
não poderá alegar a incapacidade deste em seu próprio cimento da reserva mental que acarreta a invalidade do
proveito, porque devia ter procurado saber com quem negócio somente pode ser admissível até o momento da
contratava e porque se trata de proteção legal oferecida consumação do ato negocial, pois se o declaratário co-
ao relativamente incapaz. Se o contratante for absoluta- municar ao reservante, antes da efetivação do negócio,
mente incapaz, o ato por ele praticado será nulo, pou- que conhece a reserva, não haverá esta figura, que tem
co importando que a incapacidade tenha sido invocada por escopo enganar o declaratário.
pelo capaz ou pelo incapaz, tendo em vista que o Códi-
go Civil, pelo art. 168, parágrafo único, não possibilita O silêncio pode dar origem a um negócio jurídico,
ao magistrado suprir essa nulidade, nem mesmo se os visto que indica consentimento, sendo hábil para produ-
contratantes o solicitarem, impondo-se lhe até mesmo o zir efeitos jurídicos, quando cedas circunstâncias ou os
dever de declará-la de ofício. usos o autorizarem, não sendo necessária a manifestação
expressa da vontade. Caso contrário, o silêncio não terá
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Invocação da incapacidade de uma das partes ante força de declaração volitiva. Se assim é, o órgão judicante
a indivisibilidade do objeto do direito ou da obriga- deverá averiguar se o silêncio traduz, ou não, vontade.
ção comum: Logo, a parêmia “quem cala consente” não tem juridici-
Se o objeto do direito ou da obrigação comum for dade. O puro silêncio apenas terá valor jurídico se a lei à
indivisível, ante a impossibilidade de separar o interes- determinar, ou se acompanhado de certas circunstâncias
se dos contratantes, a incapacidade de um deles pode- ou de usos e costumes do lugar, indicativos da possi-
rá tornar anulável o ato negocial praticado, mesmo que bilidade de manifestação da vontade, e desde que não
invocada pelo capaz, aproveitando aos cointeressados seja imprescindível a forma expressa para a efetivação
capazes, que porventura houver. Logo, nesta hipótese, negocial.

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A interpretação do ato negocial situa-se na seara do do representado, não só a sua qualidade, mas também
conteúdo da declaração volitiva, pois o intérprete do a extensão dos poderes que lhe foram conferidos, sob
sentido negocial não deve ater-se, unicamente, à exe- pena de, não o fazendo, ser responsabilizado civilmente
gese do negócio jurídico, ou seja, ao exame gramatical pelos atos que excederem àqueles poderes.
de seus termos, mas sim em fixar a vontade, procurando Se, porventura, o representante concluir negócio ju-
suas consequências jurídicas, indagando sua intenção, rídico, havendo conflito de interesses com o representa-
sem se vincular, estritamente, ao teor linguístico do ato do, com pessoa que devia ter conhecimento desse fato,
negocial. Caberá, então, ao intérprete investigar qual a aquele ato negocial deverá ser declarado anulável.
real intenção dos contratantes, pois sua declaração ape- Prazo decadencial para anulação de ato efetuado por
nas terá significação quando lhes traduzir a vontade real- representante em conflito de interesses com o represen-
mente existente. O que importa é a vontade real e não tado: Pode-se pleitear anulação do negócio celebrado
a declarada; daí a importância de desvendar a intenção com terceiro, pelo representante em conflito de interes-
consubstanciada na declaração. ses com o representado, dentro de cento e oitenta dias,
contados da conclusão do negócio jurídico ou da cessa-
Conceito de representação: ção da incapacidade do representado.
A representação é a relação jurídica pela qual certa
pessoa se obriga diretamente perante terceiro, por meio Papel do curador especial:
de ato praticado em seu nome por um representante, Havendo conflito de interesses entre representado e
cujos poderes são conferidos por lei ou por mandato. representante, os atos negociais deverão, para ser váli-
dos, ser celebrados por curador especial.
Representante legal:
O representante legal é aquele a quem a norma jurídi- Conceito de condição:
ca confere poderes para administrar bens alheios, como Condição é a cláusula que subordina o efeito do ne-
o pai, ou mãe, em relação a filho menor, tutor, quanto gócio jurídico, oneroso ou gratuito, a evento futuro e in-
ao pupilo e curador, no que concerne ao curatelado. A certo.
representação legal serve aos interesses do incapaz.
Requisitos:
Representante convencional ou voluntário: Para a configuração da condição será preciso a ocor-
O representante convencionado é o munido de man- rência dos seguintes requisitos:
dato expresso ou tácito, verbal ou escrito, do represen- a) aceitação voluntária, por ser declaração acessória
tante, como o procurador, no contrato de mandato. da vontade incorporada a outra, que é a principal
por se referir ao negócio a que a cláusula condicio-
Efeitos da representação: nal se adere com o objetivo de modificar uma ou
A manifestação da vontade pelo representante ao algumas de suas consequências naturais;
efetivar um negócio em nome do representado, nos limi- b) futuridade do evento, visto que exigirá sempre um
tes dos poderes que lhe foram conferidos, produz efeitos fato futuro, do qual o efeito do negócio depende-
jurídicos relativamente ao representado, que adquirirá rá; e
os direitos dele decorrentes ou assumirá as obrigações c) incerteza do acontecimento, pois a condição rela-
que dele advierem. Logo, uma vez realizado o negócio ciona-se com um acontecimento incerto, que po-
pelo representante, os direitos serão adquiridos pelo re- derá ocorrer ou não.
presentado, incorporando-se em seu patrimônio; igual-
mente os deveres contraídos em nome do representado Condição lícita:
devem ser por ele cumpridos, e por eles responde o seu Lícita será a condição quando o evento que a consti-
acervo patrimonial. tui não for contrário à lei, à ordem pública ou aos bons
Se o representante vier a efetivar negócio jurídico costumes.
consigo mesmo no seu interesse ou por conta de outrem
anulável será tal ato, exceto se houver permissão legal ou Estão defesas as condições:
autorização do representado. a) perplexos, se privarem o ato negocial de todo o
efeito, como a venda de um prédio sob a condição
Consequência jurídica do substabelecimento: de não ser ocupado pelo comprador; e
Se, em caso de representação voluntária, houve subs- b) puramente potestativas, se advindas de mero ar-
tabelecimento de poderes, o ato praticado pelo substa- bítrio de um dos sujeitos. Por exemplo, consti-
belecido reputar-se-á como tendo sido celebrado pelo tuição de uma renda em seu favor se você vestir
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

substabelecente, pois não houve transmissão do poder, tal roupa amanhã; aposição de cláusula que, em
mas mera outorga do poder de representação. É preciso contrato de risco, dê ao credor poder unilateral de
esclarecer que o poder de representação legal é insus- provocar o vencimento antecipado da dívida, dian-
cetível de substabelecimento. Os pais, os tutores ou os te de simples circunstancia de romper-se o vínculo
curadores não podem substabelecer os poderes que têm empregatício entre as partes. Urge lembrar que a
em virtude de lei. condição resolutiva puramente potestativa é admi-
Como os negócios jurídicos realizados pelo represen- tida juridicamente, pois não subordina o efeito do
tante são assumidos pelo representado, aquele terá o de- negócio jurídico ao arbítrio de uma das partes, mas
ver de provar àqueles, com quem vier a tratar em nome sim sua ineficácia. Sendo tal condição resolutiva,

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nulidade não há porque existe um vínculo jurídico versam ou da escritura pública devidamente transcrita.
válido consistente na vontade atual de se obrigar, Esclarece Clóvis Beviláqua que o implemento da con-
de cumprir a obrigação assumida, de sorte que, dição suspensiva não terá efeito retroativo sobre bens
como observa Vicente Ráo, o ato jurídico chega a fungíveis, móveis adquiridos de boa-fé e imóveis, se não
produzir os seus efeitos, só se resolvendo se a con- constar do registro hipotecário a inscrição do título, onde
dição, positiva ou negativa, se realizar e quando se acha consignada a condição.
se realizar. O art. 122 veda a condição suspensiva Inserção posterior de novas disposições: A norma não
puramente potestativa. veda a possibilidade de, na pendência de uma condição
suspensiva, fazer novas disposições, que, todavia, não
Condições suspensivas física ou juridicamente im- terão validade se, realizada a condição, forem com ela
possíveis: incompatíveis.
As condições fisicamente impossíveis são as que não A condição resolutiva subordina a ineficácia do ne-
podem efetivar-se por serem contrárias à natureza. Por gócio a um evento futuro e incerto. Enquanto a condi-
exemplo, a doação de uma casa a quem trouxer o mar ção não se realizar o negócio jurídico vigorará, podendo
até a Praça da República da cidade de São Paulo será exercer-se desde a celebração deste o direito por ele
inválida, visto que a condição suspensiva que subordina estabelecido. Mas, verificada a condição, para todos os
a eficácia negocial a evento futuro incerto é impossível efeitos extingue-se o direito a que ela se opõe. Por exem-
fisicamente. As condições juridicamente impossíveis são plo, constituo uma renda em seu favor, enquanto você
as que invalidamos atos negociais a elas subordinados, estudar.
por serem contrarias à ordem legal, como, p. ex., a outor- Se uma condição resolutiva for aposta em um ato
ga de uma vantagem pecuniária sob condição de haver negocial, enquanto ela não se der; vigorará o negócio
renúncia ao trabalho. jurídico, mas, ocorrida a condição, operar-se-á a extinção
do direito a que ela se opõe. Mas, se tal negócio for de
Condições ilícitas ou de fazer coisa ilícita: execução continuada, a efetivação da condição, exceto
As condições ilícitas ou as de fazer coisa ilícita são se houver disposição em contrário, não atingirá os atos
já praticados, desde que conformes com a natureza da
condenadas pela norma jurídica, pela moral e pelos bons
condição pendente e aos ditames da boa-fé. Acatado
costumes e, por isso, invalidam os negócios a que forem
está princípio da irretroatividade da condição resolutiva.
apostas. Por exemplo: prometer uma recompensa sob a
A condição suspensiva ou resolutiva valerá como rea-
condição de alguém viver em concubinato; dispensar,
lizada se seu implemento for intencionalmente impedido
se casado, os deveres de coabitação e fidelidade mútua;
por quem tirar vantagem com sua não-realização. Se a
mudar de religião, ou, ainda, não se casar.
parte beneficiada com o implemento da condição forçar
maliciosamente sua realização, esta será tida aos olhos
Condições incompreensíveis ou contraditórias: da lei como não verificada para todos os efeitos; p. ex.,
Se os negócios contiverem cláusulas que subordinem se alguém contempla certa pessoa com um legado sob
seus efeitos a evento futuro e incerto, mas eivadas de condição de prestar serviços a outrem, e o legatário ma-
obscuridades, possibilitando várias interpretações pelas liciosamente cria uma situação que venha forçá-lo a ser
dúvidas que levantam, tais atos negociais invalidar-se-ão. despedido sem justa causa, para receber o legado sem
ter de prestar serviços. Provada a má-fé do legatário, não
Condição resolutiva impossível: se lhe entregará o legado. Se, ao contrário, se forçar uma
Se for aposta num negócio condição resolutiva im- justa causa para despedir o legatário, com o intuito de
possível ou de não fazer coisa impossível, será tida como privá-lo de receber o legado, provada a má-fé, o legado
não escrita; logo, o negócio valerá como ato incondicio- ser-lhe-á entregue, mesmo que não continue a prestação
nado, sendo puro e simples, como se condição alguma se de serviços.
houvesse estabelecido, por ser considerado inexistente. Quanto aos atos de administração praticados na pen-
dência da condição, ela não terá efeito retroativo, salvo
Condição suspensiva: se a lei expressamente o determinar, de maneira que tais
Será suspensiva a condição se as partes protelarem, atos serão intocáveis, e os frutos colhidos não precisarão
temporariamente, a eficácia do negócio até a realização ser restituídos. Porém, a norma jurídica estabelece que a
do acontecimento futuro e incerto. condição terá efeito retroativo quanto aos atos de dispo-
Efeito da condição suspensivo pendente: Pendente sição, que, com sua ocorrência, serão tidos como nulos.
a condição suspensiva não se terá direito adquirido, mas Não há que confundir o termo com o prazo, que é
expectativa de direito ou direito eventual. Só se adquire o lapso de tempo compreendido entre a declaração de
o direito após implemento da condição. A eficácia do ato vontade e a superveniência do termo em que começa o
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

negocial ficará suspensa até que se realize o evento futu- exercício do direito ou extingue-se o direito até então
ro e incerto. A condição se diz realizada quando o acon- vigente.
tecimento previsto se verificar. Ter-se-á, então, o aperfei-
çoamento do ato negocial, operando-se ex tunc, ou seja,
desde o dia de sua celebração, se inter vivos, e da data da #FicaDica
abertura da sucessão, se causa mortis, daí ser retroativo.
A retroatividade da condição suspensiva não é apli- O negócio jurídico válido deverá ter, como
cável aos contratos reais, uma vez que só há transferên- diz crome, em todas as partes que o consti-
cia de propriedade após a entrega do objeto sobre que tuírem, um conteúdo legalmente permitido.

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Contagem dos prazos: damento uma razão plausível ou ser de tal monta que
O prazo é contado por unidade de tempo (hora, dia, qualquer pessoa de atenção ordinária seja capaz de co-
mês e ano), excluindo-se o dia do começo (dies a quo) e metê-lo em face da circunstância do negócio. Real, por
incluindo-se o do vencimento (dies ad quem), salvo dis- importar efetivo dano para o interessado. O erro subs-
posição, legal ou convencional, em contrário. Se se as- tancial é erro de fato por recair sobre circunstância de
sumir uma obrigação dia 15 de maio, com prazo de um fato, ou seja, sobre as qualidades essenciais da pessoa
mês, não se computará o dia 15, e a obrigação vencer- ou da coisa. Poderá abranger o erro de direito, relativo à
-se-á dia 16 de junho. existência de uma norma jurídica dispositiva, desde que
afete a manifestação da vontade, caso em que viciará o
Para resolver questões alusivas a prazo, o Código Ci- consentimento.
vil apresenta os seguintes princípios:
a) se o vencimento do ato negocial cair em feriado - Erro sobre o objeto principal da declaração:
ou domingo, será prorrogado até o primeiro dia Ter-se-á erro substancial quando atingir o objeto
útil subsequente. Logo, como sábado não é feria- principal da declaração em sua identidade, isto é, o obje-
do, não há qualquer prorrogação, a não ser que o to não é o pretendido pelo agente (p. ex., se um contra-
pagamento tenha de ser efetuado em Banco que tante supõe estar adquirindo um lote de terreno de ex-
não tiver expediente aos sábados; celente localização, quando na verdade está comprando
b) se o termo vencer em meados de qualquer mês, o um situado em péssimo local).
vencimento dar-se-á no décimo quinto dia, qual-
quer que seja o número de dias que o acompa- - Erro sobre a qualidade essencial do objeto:
nham; assim sendo, pouco importará que o mês Apresentar-se-á o erro substancial quando recair so-
tenha 28 ou 31 dias; bre a qualidade essencial do objeto, como, p. ex., se a
c) se o prazo estipulado for estabelecido por mês, este pessoa pensa adquirir um relógio de prata que, na reali-
será contado do dia do início ao dia corresponden- dade, é de aço.
te do mês seguinte. Se no mês do vencimento não
houver o dia correspondente, o prazo findar-se-á
- Erro de direito:
no primeiro dia subsequente;
O errar juris não consiste apenas na ignorância da
d) se o prazo for fixado em horas, a contagem far-se-
norma jurídica, mas também em seu falso conhecimento
-á de minuto a minuto.
e na sua interpretação errônea, podendo ainda abranger
a ideia errônea sobre as consequências jurídicas do ato
Os atos negociais inter vivos sem prazo serão exequí-
veis imediatamente, abrangendo tanto a execução pro- negocial. Se o erro de direito afetar a manifestação voli-
movida pelo credor como o cumprimento pelo devedor. tiva, tendo sido o principal ou o único motivo da realiza-
Todavia, como nos ensina João Franzen de Lima: “não se ção do ato negocial, sem, contudo importar em recusa à
deve entender ao pé da letra, como sinônimo de imedia- aplicação da lei vicia o consentimento. Para anular o ne-
tamente, a expressão desde logo, contida na regra deste gócio não poderá, contudo recair sobre norma cogente,
dispositivo. Entendida ao pé da letra poderia frustrar o mas tão somente sobre normas dispositivas, sujeitas ao
benefício, poderia anular o negócio. Deve haver o tempo livre acordo das partes.
bastante para que se realize o fim visado, ou se empre-
guem meios para realizá-lo”. - Erro na transmissão da vontade por instrumento
Caso haverá em que impossível será o adimplemento ou por interposta pessoa:
imediato. Se alguém recorrer a rádio, televisão, telefone, men-
sageiro ou telégrafo para transmitir uma declaração de
Prazo tácito: vontade, e o veículo utilizado o fizer com incorreções,
Para evitar hipóteses em que o adimplemento do acarretando desconformidade entre a vontade declarada
contrato não se pode dar de imediato, esclarece o artigo e a interna, poder-se-á alegar erro nas mesmas condi-
sub examine que, se a execução tiver de ser feita em local ções em que a manifestação volitiva se realiza inter pre-
diverso ou depender de tempo, não poderá, obviamen- sentes.
te, prevalecer o imediatismo da execução. O prazo tâcito
decorrerá, portanto, da natureza do negócio ou das cir- Se uma declaração de vontade com certo conteúdo
cunstâncias. Por exemplo, no transporte de uma merca- for transmitida com conteúdo diverso, o negócio poderá
doria de São Paulo a Manaus, mesmo que não haja prazo, ser passível de nulidade relativa, porque a manifestação
mister será um espaço de tempo para que seja possível de vontade do emitente não chegou corretamente à ou-
a efetivação da referida entrega no local designado; na tra parte. Se, contudo, a alteração não vier a prejudicar o
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

compra de uma safra de laranja, o prazo será a época da real sentido da declaração expedida, o erro será insignifi-
colheita, mesmo que não tenha sido estipulado. cante e o negócio efetivado prevalecerá.
Erro substancial: - Erro acidental:
O erro é uma noção inexata sobre um objeto, que O erro acidental diz respeito às qualidades secun-
influência a formação da vontade do declarante, que a dárias ou acessórias da pessoa, ou do objeto. Não terá
emitirá de maneira diversa da que a manifestaria se dele qualquer influência na perfeição do negócio jurídico. O
tivesse conhecimento exato. Para viciar a vontade e anu- erro acidental não induz anulação do ato negocial por
lar o ato negocial, deste deverá ser substancial, escusável não incidir sobre a declaração da vontade, se se puder,
e real. Escusável, no sentido de que há de ter por fun- por seu contexto e pelas circunstâncias. identificar a pes-

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soa ou a coisa. Assim, o erro sobre a qualidade da pes- negócio. Ocorrerá quando uma das partes vem a ocultar
soa, de ser ela casada ou solteira, não terá o condão de algo que a outra deveria saber e se sabedora não teria
anular um legado que lhe for feito, se se puder identificar efetivado o ato negocial. O dolo negativo acarretará anu-
a pessoa visada pelo testador, apesar de ter sido erro- lação do ato se for dolo principal.
neamente indicada.
Para o dolo negativo deverá haver:
- Erro de cálculo e sua retificação: a) um contrato bilateral;
O errar in quantitate diz respeito a engano sobre peso, b) intenção de induzir o outro contratante a praticar
medida ou quantidade do bem, logo é erro acidental, não o negócio jurídico;
induzindo anulação do negócio, por não incidir sobre a c) silêncio sobre uma circunstância ignorada pela ou-
declaração da vontade. Se assim é, o erro de cálculo não tra parte;
anula o negócio, nem vicia o consentimento, autorizando d) relação de causalidade entre omissão intencional e
tão-somente a retificação da declaração volitiva. a declaração volitiva;
e) ato omissivo do outro contratante e não de ter-
Conceito de dolo: ceiro;
Dolo, segundo Clóvis Beviláqua, é o emprego de um f) prova da não-realização do negócio se o fato omi-
artifício astucioso para induzir alguém à prática de um tido fosse conhecido da outra parte contratante.
ato que o prejudica e aproveita ao autor do dolo ou a
terceiro. O dolus malus, de que cuida o art. 145, é defei- Se o dolo for provocado por terceira pessoa a mando
to do ato jurídico, idôneo a provocar sua anulabilidade, de um dos contratantes ou com o concurso direto deste,
dado que tal artifício consegue ludibriar pessoas sensa- o terceiro e o contratante serão tidos como autores do
tas e atentas. dolo. Poder-se-á apresentar três hipóteses:
a) o dolo poderá ser praticado por terceiro com a
O dolo principal é aquele que dá causa ao negócio cumplicidade de um dos contratantes;
jurídico, sem o qual ele não se teria concluído, acarre-
b) o artifício doloso advém de terceiro, mas a pane, a
tando a anulação daquele ato negocial. Para que o dolo
quem aproveita, o conhece ou o deveria conhecer;
principal se configure e tome passível de anulação o ato
e
negocial, será preciso que:
c) o dolo é obra de terceiro, sem que dele tenha ciên-
a) haja intenção de induzir o declarante a praticar o
cia o contratante favorecido.
negócio lesivo à vítima;
b) os artifícios maliciosos sejam graves, aproveitan-
Se o dolo de terceiro apresentar-se por cumplicidade
do a quem os alega, por indicar fatos falsos, por
de um dos contratantes ou se este dele tiver conheci-
suprimir ou alterar os verdadeiros ou por silenciar
algum fato que se devesse revelar ao outro con- mento, o ato negocial anular-se-á, por vício de consen-
tratante; timento, e se terá indenização de perdas e danos a que
c) seja a causa determinante da declaração de von- será obrigado o autor do dolo, mesmo que o negócio
tade, cujo efeito será a anulabilidade do ato, por jurídico subsista. Se o contratante favorecido não tiver
consistir num vício de consentimento; e conhecimento do dolo de terceiro, o negócio efetivado
d) proceda do outro contratante, ou seja, deste co- continuará válido, mas o terceiro deverá responder pelos
nhecido, se procedente de terceiro. danos que causar. Logo, se houver dolo principal de ter-
ceiro, e uma das partes tiver ciência dele, não advertindo
- Dolus incidens: o outro contratante da manobra, tornar-se-á correspon-
O dolo acidental ou dolus incidens é o que leva a sável pelo engano a que a outra parte foi induzida, que
vítima a realizar o negócio, porém em condições mais terá, por isso, o direito de anular o ato, desde quê prove
onerosas ou menos vantajosas, não afetando sua decla- que o outro contratante sabia da dolosa participação do
ração de vontade, embora venha a provocar desvios, não terceiro. Assim, se não se provar, no negócio, que uma
se constituindo vício de consentimento, por não influir das partes conhecia o dolo de terceiro, e mesmo que
diretamente na realização do ato negocial que se teria haja presunção desse conhecimento, não poderá o ato
praticado independentemente do emprego das mano- ser anulado.
bras astuciosas.
O dolo acidental, por não ser vício de consentimento - Dolo de representante legal ou convencional:
nem causa do contrato, não acarretará a anulação do ne- O dolo de representante legal ou convencional de
gócio, obrigando apenas à satisfação de perdas e danos uma das partes não pode ser considerado de terceiro,
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

ou a uma redução da prestação convencionada. pois, nessa qualidade, age como se fosse o próprio re-
presentado, sujeitando-o à responsabilidade civil até a
- Dolo positivo e dolo negativo: importância do proveito que tirou do ato negocial, com
O dolo positivo é o artifício astucioso decorrente de ação regressiva contra o representante. O representado
ato comissivo em que a outra parte é levada a contra- deverá restituir o lucro ou vantagem oriunda do ato do-
tar por força de afirmações falsas sobre a qualidade da loso de seu representante ante o princípio que veda o
coisa. O dolo negativo, previsto no Art. 147, vem a ser a enriquecimento sem causa, tendo, porém, uma actio de
manobra astuciosa que constitui uma omissão dolosa ou in rem verso. E se o representante for convencional, deve-
reticente para induzir um dos contratantes a realizar o rá responder solidariamente com ele por perdas e danos.

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Pode haver dolo de ambas as partes que agem dolo- um dos contratantes nas circunstâncias acima enumera-
samente, praticando ato comissivo ou configurando-se das, não se justificará a anulabilidade do ato, que perma-
torpeza bilateral. Se o ato negocial foi realizado em virtu- necerá válido, uma vez que não se trata de coação.
de de dolo principal ou acidental de ambos os contratan-
tes, não poderá ser anulado, nem se poderá pleitear in- - Ameaça do exercício normal de um direito:
denização; ter-se-á uma neutralização do delito porque A ameaça do exercício normal de um direito exclui
há compensação entre dois ilícitos; a ninguém caberá se a coação, porque se exige que a violência seja injusta.
aproveitar do próprio dolo. Se ambas as partes contra- Desse modo, se um credor de dívida vencida e não paga
tantes se enganaram reciprocamente, uma não poderá ameaçar o devedor de protestar o título e requerer fa-
invocar contra a outra o dolo, que ficará paralisado pelo lência, não se configurará a coação por ser ameaça justa
dolo próprio. que se prende ao exercício normal de um direito; logo o
devedor não poderá reclamar a anulação do protesto. O
Coação: simples temor reverencial vem a ser o receio de desgos-
Para que haja coação moral, suscetível de anular ato tar ascendente ou pessoa a quem se deve obediência e
negocial, será preciso que: respeito, que não poderá anular o negócio, desde que
a) seja a causa determinante do negócio jurídico, pois não esteja acompanhado de ameaças ou violências irre-
deverá haver um nexo causal entre o meio intimi- sistíveis.
dativo e o ato realizado pela vítima; A coação exercida por terceiro vicia o negócio jurídi-
b) incuta à vítima um temor justificado, por subme- co, causando sua anulabilidade, se dela teve ou devesse
tê-la a um processo que lhe produza ou venha a ter conhecimento o contratante que dela se aproveitar.
produzir dor (morte, cárcere privado, desonra, mu- Havendo coação exercida por terceiro, urge averiguar,
tilação, escândalo etc.), fazendo-a recear a conti- para apurar a responsabilidade civil, se a parte a quem
nuação ou o agravamento do mal se não manifes- aproveite teve prévio conhecimento dela, pois esta res-
tar sua vontade no sentido que se lhe exige; ponderá solidariamente com o coator por todas as per-
c) o temor diga respeito a um dano iminente, susce- das e danos causados ao coacto. Logo, além da anulação
tível de atingir a pessoa da vítima, sua família ou do ato negocial pelo vício de consentimento, a vitima
seus bens. E se o ato coativo disser respeito a pes- terá direito de ser indenizada pelos prejuízos sofridos,
soa não pertencente à família da vítima, o órgão ficando solidariamente obrigados a isso o autor da via
judicante, com equidade e com base nas circuns- compulsiva e o outro contraente que dela teve ciência e
tâncias, decidirá se houve, ou não, coação; dela auferiu vantagens.
d) o dano seja considerável ou grave, podendo ser
moral, se a ameaça se dirigir contra a vida, liber- Estado de perigo:
dade, honra da vítima ou de pessoa de sua famí- No estado de perigo, há temor de grave dano mo-
lia, ou patrimonial, se a coação disser respeito aos ral ou material à própria pessoa, ou a parente seu, que
seus bens. O dano ameaçado deverá ser efetivo ou compele o declarante a concluir contrato, mediante pres-
potencial a um bem pessoal ou patrimonial. E ne- tação exorbitante. A pessoa natural premida pela neces-
cessário, portanto, que a ameaça se refira a preju- sidade de salvar-se a si própria, ou a um familiar seu, de
ízo que influencie a vontade do coacto a ponto de algum mal conhecido pelo outro contratante, vem a as-
alterar suas determinações, embora não possa, no sumir obrigação demasiadamente onerosa. Por exemplo:
momento, verificar, com justeza, se será inferior ou venda de casa a preço fora do valor mercadológico para
pagar um débito assumido em razão de urgente inter-
superior ao resultante do ato extorquido.
venção cirúrgica, por encontrar-se em perigo de vida.
Em se tratando de pessoa não pertencente à família
Ao apreciar a gravidade da via compulsiva, o magis-
do declarante, o juiz decidirá pela ocorrência, ou não, do
trado deverá, em cada caso concreto, ater-se aos meios
estado de perigo, segundo as circunstâncias, guiando-se
empregados pelo coator, verificando se produzem cons-
pelo bom senso.
trangimento moral, sem olvidar o sexo, a idade, a condi-
ção social, a saúde e o temperamento da vítima. Deverá, Lesão:
portanto, averiguar quaisquer circunstâncias, sejam elas E um vício de consentimento decorrente do abuso
pessoais ou sociais, que concorram ou influam sobre o praticado em situação de desigualdade de um dos con-
estado moral do coacto, levando-o a executar ato ne- tratantes, por estar sob premente necessidade, ou por
gocial que se lhe é exigido. Isto é assim porque a lei, ao inexperiência, visando a protegê-lo ante o prejuízo so-
pressupor que todos somos dotados de certa energia frido na conclusão do contrato, devido à desproporção
ou grau de resistência, não desconhece que sexo, ida- existente entre as prestações das duas partes, dispensan-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

de, saúde, condição social, temperamento podem tornar do-se a verificação do dolo, ou má-fé, da pane que se
decisiva a coação, que, exercida em certas circunstâncias, aproveitou.
pode pressionar e influir mais poderosamente.
A desproporção das prestações, ocorrendo lesão, de-
- Excludentes da coação: verá ser apreciada segundo os valores vigentes ao tempo
Não se considerará coação, portanto, vício de con- da celebração do negócio jurídico pela técnica pericial e
sentimento suscetível de anular negócio, a ameaça do avaliada pelo magistrado. Se a desproporcionalidade for
exercício normal de um direito e o simples temor reve- superveniente à formação do negócio, será juridicamen-
rencial. Assim, se algum negócio for levado a efeito por te irrelevante.

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A lesão inclui-se entre os vicio de consentimento e ou, ainda, se o adquirente, sendo o preço inferior, para
acarretará a anulabilidade do negócio, permitindo-se, conservar os bens, depositar quantia correspondente ao
porém, para evitá-la, a oferta de suplemento suficiente, valor real.
ou, se o favorecido concordar, a redução da vantagem,
aproveitando, assim, o negócio. Para que não haja nulidade relativa do negócio jurídi-
co lesivo a credor, será mister que o adquirente:
Fraude contra credores e seus elementos: a) ainda não tenha pago o preço real, justo ou cor-
A fraude contra credores constitui a prática malicio- rente;
sa, pelo devedor, de atos que desfalcam seu patrimônio, b) promova o depósito judicial desse preço; e
com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução por dívi- c) requeira a citação em edital de todos os interessa-
das em detrimento dos direitos creditórios alheios. Dois dos, para que tomem ciência do depósito.
são seus elementos: o objetivo, que é todo ato prejudicial
ao credor, por tornar o devedor insolvente ou por ter Com isso estará assegurando a satisfação dos credo-
sido realizado em estado de insolvência, ainda quando o res, não se justificando a rescisão contratual, pois ela não
ignore ou ante o fato de a garantia tornar-se insuficien- trará qualquer vantagem aos credores defraudados, que,
te; e o subjetivo que é a má-fé, a intenção de prejudicar no processo de consignação em pagamento, poderão, se
do devedor ou do devedor aliado a terceiro, ilidindo os for o caso, contestar o preço alegado, hipótese em que o
efeitos da cobrança. magistrado deverá determinar a perícia avaliatória.

- Estado de insolvência: - Ação pauliana contra o devedor insolvente:


Pelo art. 748 do Código de Processo Civil, ter-se-á in- Em regra a revocatória deverá ser intentada contra o
solvência sempre que os débitos forem superiores à im- devedor insolvente, seja em caso de transmissão gratuita
portância dos bens do devedor. A prova da insolvência de bens, seja na hipótese de alienação onerosa, tendo-se
far-se-á, em regra, com a execução da dívida. em vista que tal ação visa tão-somente anular um ne-
gócio celebrado em prejuízo do credor. Mas nada obsta
- Ação pauliana: a que seja movida contra a pessoa que com ele veio a
A fraude contra credores, que vicia o negócio de sim- efetivar o ato fraudulento ou contra terceiro adquiren-
ples anulabilidade, somente é atacável por ação paulia- te de má-fé. Logo, poderá ser proposta contra os que
na ou revogatória, movida pelos credores quirografários intervieram na fraude contra credores, citando-se todos
(sem garantia) que já o eram ao tempo da prática desse que nela tiverem tomado pane. “O litisconsórcio, na ação
ato fraudulento que se pretende invalidar. O credor com pauliana, é obrigatório. Não podem as partes dispensá-
garantia real (penhor, hipoteca ou anticrese) não poderá -lo” (RT, 447/147).
reclamar a anulação, por ter no ônus real a segurança de
seu reembolso. - Revocatória contra a pessoa que celebrou o ato
fraudatório com o devedor insolvente:
Contrato oneroso fraudulento: Poderão ser acionados por terem celebrado estipula-
Será suscetível de fraude o negócio jurídico a título ção fraudulenta com o devedor insolvente:
oneroso se praticado por devedor insolvente ou quando a) herdeiros do adquirente, com a restrição do art.
a insolvência for notória ou se houver motivo para ser 1.792 do Código Civil;
conhecida do outro contratante. Podendo ser anulado b) contratante ou adquirente de boa-fé, sendo o ato
pelo credor. Por exemplo, quando se vender imóvel em a título gratuito, embora não tenha o dever de res-
data próxima ao vencimento das 0brigações inexistindo tituir os frutos percebidos (CC, art. 1.214) nem o de
outros bens para saldaria dívida. responder pela perda ou deterioração da coisa, a
Será notória a insolvência de certo devedor se for tal que não deu causa (CC, art. 1.217), tendo, ainda, o
estado do conhecimento geral. Todavia, desta notorieda- direito de ser indenizado pelas benfeitorias úteis e
de não se poderá dispensar prova; logo todos os meios necessárias que fez (CC, art. 1.219);
probatórios serão admitidos. Por exemplo, será notória a c) adquirente de boa-fé, sendo o negócio oneroso,
insolvência se o devedor tiver seus títulos protestados ou hipótese em que, com a revogação do ato lesivo e
ações judiciais que impliquem a vinculação de seus bens. restituição do bem ao patrimônio do devedor, se
Será presumida a insolvência quando as circunstân- entregará ao contratante acionado a contrapres-
cias indicarem tal estado, que já devia ser do conheci- tação que forneceu, em espécie ou no equivalen-
mento do outro contraente que tinha motivos para saber te. Quem receber bem do devedor insolvente, por
da situação financeira precária do alienante. Por exem- ato oneroso ou gratuito, conhecendo seu estado
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

plo, preço vil, parentesco próximo alienação de todos os de insolvência, será obrigado a devolvê-lo, com os
bens, relações de amizade, de negócios mútuos etc. frutos percebidos e percipiendos (CC, art. 1.216),
tendo, ainda, de indenizar os danos sofridos pela
- Perda da legitimação ativa para mover ação pau- perda ou deterioração da coisa, exceto se demons-
liana: trar que eles sobreviriam se ela estivesse em poder
Perderão os credores a legitimação ativa para mover do devedor (CC, art. 1.218). Todavia, resguardado
a ação revocatória dos bens do devedor insolvente que estará seu direito à indenização das benfeitorias
ainda não pagou q preço, que é o corrente, depositá-lo necessárias que, porventura, tiver feito no bem
em juízo, com citação em edital de todos os interessados (CC, art. 1.220).

19
- Ação pauliana contra terceiro adquirente de má-fé: cios essenciais. Por exemplo, se for praticado por pessoa
O terceiro será aquele que veio a adquirir o bem absolutamente incapaz (CC, art. 32); se tiver objeto ilícito
daquele que o obteve diretamente do alienante ou impossível; se não revestir a forma prescrita em lei
insolvente, ou melhor, é o segundo adquirente ou ou preterir alguma solenidade imprescindível para sua
sub adquirente que, estando de má-fé, deverá ser validade; se tiver por objetivo fraudar lei imperativa; e
acionado e restituir o bem. quando a lei taxativamente o declarar nulo ou lhe negar
efeito. De modo que um negócio nulo é como se nunca
O pagamento antecipado do débito a credores frus- tivesse existido desde sua formação, pois a declaração de
tra a igualdade que deve existir entre os credores quiro- sua invalidade produz efeito ex tunc (Súmula 346 do STF).
grafários, que, por tal razão, poderão propor ação pau-
liana para invalidá-lo, determinando que o beneficiado - Simulação como vício social:
reponha o que recebeu em proveito do acervo. Consiste num desacordo intencional entre a vontade
O credor que vier a receber pagamento de dívida ain- interna e a declarada para criar, aparentemente, um ato
da não vencida será obrigado a devolver o que recebeu, negocial que inexiste, ou para ocultar, sob determinada
mas essa devolução não apenas aproveitará aos que o aparência, o negócio quando, enganando terceiro, acar-
acionaram, pois reverterá em beneficio do acervo do de- retando a nulidade do negócio. Mas entendemos que
vedor, que deverá ser partilhado entre todos os credores tecnicamente mais apropriado seria admitir a sua anula-
que legalmente estiverem habilitados no concurso cre- bilidade, por uma questão de coerência lógica ao dispos-
ditório. to no caput do art. 167, em que se admite a subsistência
Se o devedor insolvente vier a contrair novo débito, do ato dissimulado se válido for na forma e na substân-
visando beneficiar os próprios credores, por ter o esco- cia e diante, por exemplo, como veremos logo mais, do
po de adquirir objetos imprescindíveis não só ao fun- prescrito no art. 496 do Código Civil.
cionamento do seu estabelecimento mercantil, rural ou
industrial, evitando a paralisação de suas atividades e - Simulação absoluta:
consequentemente a piora de seu estado de insolvência
Ter-se-á simulação absoluta quando a declaração en-
e o aumento do prejuízo aos seus credores, mas tam-
ganosa da vontade exprime um negócio jurídico bilateral
bém à sua subsistência e a de sua família, o negócio por
ou unilateral, não havendo intenção de realizar ato nego-
ele contraído será válido, ante a presunção em favor da
cial algum. Por exemplo, é o caso da emissão de títulos
boa-fé.
de crédito, que não representam qualquer negócio, feita
Todos os novos compromissos indispensáveis à con-
pelo marido antes da separação judicial para lesar a mu-
servação e administração do patrimônio do devedor
lher na partilha de bens.
insolvente, mesmo que o novo credor saiba de sua in-
solvência, serão tidos como válidos, e o novel credor
equiparar-se-á aos credores anteriores. A dívida con- - Simulação relativa:
traída pelo insolvente com tal finalidade não constituirá A simulação relativa é a que resulta no intencional de-
fraude contra credores, sendo incabível a ação pauliana. sacordo entre a vontade interna e a declarada. Ocorrerá
A ação pauliana tem por primordial efeito a revoga- sempre que alguém, sob a aparência de um negócio fic-
ção do negócio lesivo aos interesses dos credores qui- tício, realizar outro que é o verdadeiro, diverso, no todo
rografários, repondo o bem no patrimônio do devedor, ou em parte, do primeiro, com o escopo de prejudicar
cancelando a garantia real concedida em proveito ao terceiro. Apresentam-se dois contratos: um real e outro
acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de cre- aparente. Os contratantes visam ocultar de terceiros o
dores, possibilitando a efetivação do rateio, aproveitan- contrato real, que é o querido por eles.
do a todos os credores e não apenas ao que a intentou.
Se, porventura, o ato invalidado tinha por único es- - Modalidades de simulação relativa:
copo conferir garantias reais, como penhor, hipoteca A simulação relativa poderá ser:
e anticrese, sua anulabilidade alcançará tão-somente a a) subjetiva, se a parte contratante não tira proveito
da preferência estabelecida pela referida garantia; logo do negócio, por ser o sujeito aparente. O negó-
a obrigação principal (débito) continuará tendo valida- cio não é efetuado pelas próprias partes, mas por
de. Com a anulação da garantia, o credor não irá perder pessoa interposta ficticiamente. Por exemplo, é o
seu crédito, pois figurará, perdendo a preferência, como que sucede na venda realizada a um terceiro para
quirografário, entrando no rateio final do concurso cre- que ele transmita a coisa a um descendente do
ditório. alienante, a quem se tem a intenção de transferi-la
desde o início, burlando-se o disposto no Art. 496
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Conceito de nulidade: do Código Civil, mas tal simulação só se efetivará


Nulidade é a sanção, imposta pela norma jurídica, quando se completar com a transmissão dos bens
que determina a privação dos efeitos jurídicos do ato ao real adquirente (STF, Sumulas 152 e 494);
negocial praticado em desobediência ao que prescreve. b) objetiva, se respeitar à natureza do negócio pre-
tendido, ao objeto ou a um de seus elementos
- Efeitos da nulidade absoluta: contratuais; se o negócio contiver declaração, con-
Com a declaração da nulidade absoluta do negócio fissão, condição ou cláusula não verdadeira - é o
jurídico, este não produzirá qualquer efeito por ofender que se dá, p. ex., com a hipótese em que as partes
princípios de ordem pública, por estar inquinado por ví- na escritura de compra e venda declaram preço in-

20
ferior ao convencionado com a intenção de burlar Confirmação:
o fisco, pagando menos imposto; se as partes co- A nulidade relativa pode convalescer, sendo confirma-
locarem, no instrumento particular, a antedata ou a da, expressa ou tacitamente, pelas partes, salvo direito de
pós-data, constante no documento, não aquela em terceiro. A confirmação é, portanto, segundo Serpa Lo-
que o mesmo foi assinado, pois a falsa data indica pes, o ato jurídico pelo qual uma pessoa faz desaparecer
intenção discordante da verdade. os vícios dos quais se encontra inquinada uma obrigação
contra a qual era possível prover-se por via de nulidade
- Direitos de terceiro de boa-fé: ou de rescisão. O ato nulo, por sua vez, será insuscetível
Havendo decretação da invalidação do negócio jurí- de ratificação, por prevalecer o interesse público.
dico simulado, os direitos de terceiro de boa-fé em face A confirmação retroage à data do ato, logo, seu efeito
dos contratantes deverão ser respeitados. é ex tunc, tornando válido o negócio desde sua forma-
ção, resguardados os direitos, já constituídos, de tercei-
- Dissimulação e simulação: ros. Para tanto será necessário que o ratificante conceda
Não há que confundir a simulação com a dissimula- a ratificação no momento em que haja cessado o vício
ção. A simulação provoca falsa crença num estado não que maculava o negócio e que o ato confirmativo não
real; quer enganar sobre a existência de uma situação incorra em vício de nulidade.
não verdadeira, tornando nulo o negócio. A dissimula-
ção oculta ao conhecimento de outrem uma situação - Confirmação expressa:
existente, pretendendo, portanto, incutir no espírito de O ato de confirmação deverá conter a substância da
alguém a inexistência de uma situação real. No negócio obrigação confinada e a vontade expressa de confirmá-la.
jurídico subsistirá o que se dissimulou se válido for, na Logo, preciso será que se deixe patente a livre intentio de
substância e na forma. confirmar ato negocial que se sabe anulável, devendo-se,
para tanto, conter, por extenso, o contrato primitivo que
O negócio nulo não poderá ser confirmado, nem con- se pretende confinar, indicando-o de modo que não haja
valescerá pelo decurso do tempo. dúvida alguma. Não se poderá fazer uso de frases vagas
ou imprecisas, pois a vontade de ratificar deverá constar
- Conversão do ato negocial nulo: de declarações explícitas e claras.
A conversão acarreta nova qualificação do negócio
jurídico. Refere-se à hipótese em que o negócio nulo não
- Forma da confirmação:
pode prevalecer na forma pretendida pelas partes, mas,
O ato de confirmação deverá observar a mesma for-
como seus elementos são idôneos para caracterizar ou-
ma prescrita para o contrato que se quer confirmar. As-
tro, pode ser transformado em outro de natureza diversa,
sim, se se for confirmar uma doação de imóvel, o ato
desde que isso não seja proibido, taxativamente, como
de ratificação deverá constar de escritura pública, por ser
sucede nos casos de testamento. Assim sendo, ter-se-á
esta da substância do ato.
conversão própria apenas se se verificar que os contra-
tantes teriam pretendido a celebração de outro contra-
- Confirmação tácita:
to, se tivessem ciência da nulidade do que realizaram. A
conversão subordinar-se-á à intenção das partes de dar A confirmação tácita dar-se-á quando a obrigação já
vida a um contrato diverso, na hipótese de nulidade do tiver sido parcialmente cumprida pelo devedor conhe-
contrato que foi por elas estipulado, mas também à for- cedor do vício que a maculava, tomando-a anulável. A
ma, por ser imprescindível que, no contrato nulo, tenha vontade de confirmar está ínsita, pois, mesmo sabendo
havido observância dos requisitos de substância e de for- do vício, o confirmador não se importou com ele, e teve
ma do contrato em que poderá ser transformado para a intenção de confirmá-lo e de reparar a mácula.
produzir efeitos.
A nulidade relativa ou anulabilidade refere-se, na li- - Requisitos:
ção de Clóvis Beviláqua, “a negócios que se acham in- Para que se configure a confirmação tácita será mister
quinados de vício capaz de lhes determinar a ineficácia, que haja:
mas que poderá ser eliminado, restabelecendo-se a sua a) voluntária execução parcial da obrigação;
normalidade”. b) conhecimento do vício que a toma anulável; e
e) intenção de confirmá-la.
- Atos negociais anuláveis:
Serão anuláveis os negócios se: Prova: A prova da confirmação tácita competirá a
quem a arguir.
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

a) praticados por pessoa relativamente incapaz (CC, A confirmação expressa, ou a execução voluntária da
art. 42) sem a devida assistência de seus legítimos obrigação anulável, conduzirá ao entendimento de que
representantes legais (CC, art. 1.634, V); houve renúncia a todas as ações, ou exceções, de que o
b) viciados por erro, dolo, coação, estado de peri- devedor dispusesse contra o ato. Deveras, se o ato for
go, lesão ou fraude contra credores, simulação ou passível de anulação, o lesado poderá lançar mão de
fraude (CC, arts. 138 e 165); e uma ação, mas se houve confirmação expressa ou táci-
c) a lei assim o declarar, tendo em vista a situação ta, subentende-se que houve renúncia a qualquer provi-
particular em que se encontra determinada pessoa dência que possa obter a decretação judicial da nulidade
(CC, Art. 1.650). relativa.

21
- Irrevogabilidade da renúncia: traído e declarado inválido, a não ser que o outro contra-
Com a ratificação não mais será possível anular o ato tante prove que o pagamento feito reverteu em proveito
negocial viciado, pois a nulidade deixou de existir, ante a do incapaz. A parte contrária, para obter a devolução do
irrevogabilidade do ato ratificatório, que validou a obri- quantum pago ao menor, deverá demonstrar que o in-
gação em definitivo. capaz veio a se enriquecer com o pagamento que lhe foi
Se a nulidade relativa do ato negocial ocorrer por fal- feito em virtude do ato negocial invalidado.
ta de autorização de terceiro, passará a ter validade se, Com a invalidação do ato negocial ter-se-á a restitui-
posteriormente, tal anuência se der. ção das partes contratantes ao statu quo ante, ou seja, ao
estado em que se encontravam antes da efetivação do
- Efeito “ex nunc” da declaração judicial de nuli-
dade relativa: negócio. O pronunciamento da nulidade absoluta ou re-
A declaração judicial de ineficácia do ato negocial lativa requer que as partes retomem ao estado anterior,
opera ex nunc, de modo que o negócio produz efeitos como se o ato nunca tivesse ocorrido. Por exemplo, com
até esse momento, respeitando-se as consequências ge- a nulidade de uma escritura de compra e venda, o com-
radas anteriormente. Tal ocorre porque a anulabilidade prador devolve o imóvel, e o vendedor, o preço.
prende-se a uma desconformidade que a norma consi- Se for impossível que os contratantes voltem ao esta-
dera menos grave, uma vez que o negócio anulável vio- do em que se achavam antes da efetivação negocial, por
la preceito concernente a interesses meramente indivi- não mais existir a coisa ou por ser inviável a reconstitui-
duais, acarretando uma reação menos extrema. ção da situação jurídica, o lesado será indenizado com o
A anulabilidade só pode ser alegada pelos prejudica- equivalente.
dos com o negócio ou por seus representantes legítimos,
não podendo ser decretada ex officio pelo juiz. Sendo - Exceções:
que só aproveitará à parte que a alegou, com exceção de
A norma do art. 182, ora comentado, comporta’ as
indivisibilidade ou solidariedade.
seguintes exceções:
O prazo de decadência para pleitear, judicialmente, a a) impossibilidade de reclamação do que se pagou a
anulação do negócio jurídico é de quatro anos, contado, incapaz, se não se provar que reverteu em proveito
havendo: dele a importância paga (CC, art. 181); e
a) coação, do dia em que ela cessar; b) o possuidor de boa-fé poderá fruir das vantagens
b) erro, dolo, fraude contra credores, estado de peri- que lhe são inerentes, como no caso dos frutos
go ou lesão, do dia da celebração do ato negocial; percebidos e das benfeitorias que fizer (CC, arts.
e 1.214 e 1.219).
c) ato de incapaz, do dia em que cessar a incapaci-
dade. - Nulidade parcial de um negócio:
A nulidade parcial de um ato negocial não o atingirá
- Proibição de alegação da menoridade para exi- na pane válida, se esta puder subsistir autonomamente,
mir-se de obrigação assumida: devido ao princípio utile per mutile non vitiatur.
O menor, entre dezesseis e vinte um- anos não po-
derá invocar a proteção legal em favor de sua incapa-
cidade para eximir-se da obrigação ou para anular um - Nulidade da obrigação principal:
ato negocial que tenha praticado, sem a devida assistên- A nulidade da obrigação principal implicará a da
cia, se agiu dolosamente, escondendo sua idade, quan- acessória, p. ex., a nulidade de um contrato de locação
do inquirido pela outra parte, ou se espontaneamente acarretará a da fiança, devido ao princípio de que o ac-
se declarou maior. O menor não poderá, portanto, em cessorium sequitur suum principale.
tais circunstancias, alegar sua menoridade para escapar
à obrigação contraída. - Nulidade da obrigação acessória:
Não será juridicamente admissível que alguém se A nulidade da obrigação acessória não atingirá a
prevaleça de sua própria malícia para tirar proveito de obrigação principal, que permanecerá válida e eficaz. Se
um ato ilícito, causando dano ao outro contratante de numa locação for anulada a fiança, o pacto locatício sub-
boa-fé, protegendo-se, assim, o interesse público. sistirá.
Se não houver malícia por parte do incapaz, ter-se-á
a invalidação de seu ato, que será, então, nulo, se sua
incapacidade for absoluta, ou anulável, se relativa for,
sendo que, neste último caso, competirá ao incapaz, e #FicaDica
não àquele que com ele contratou, pleitear a anulabilida-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Dolo é o emprego de um artifício astucioso


de do negócio efetivado. Se a incapacidade for absoluta,
para induzir alguém à prática de um ato que
qualquer interessado poderá pedir a nulidade do ato ne-
o prejudica e aproveita ao autor do dolo ou
gocial, e até mesmo o magistrado poderá pronunciá-la
a terceiro.
de ofício.
A coação exercida por terceiro vicia o ne-
gócio jurídico, causando sua anulabilidade,
- Impossibilidade de reclamar a devolução da im-
se dela teve ou devesse ter conhecimento o
portância paga a incapaz:
contratante que dela se aproveitar.
O absoluta ou relativamente incapaz não terá o dever
de restituir o que recebeu em razão do ato negocial con-

22
Ato ilícito: Disciplina jurídica dos atos jurídicos em sentido
O ato ilícito é praticado em desacordo com a ordem estrito:
jurídica, violando direito subjetivo individual. Causa dano Os atos jurídicos em sentido estrito geram conse-
patrimonial ou moral a outrem, criando o dever de repa- quências jurídicas previstas em lei e não pelas partes
rá-lo (STJ, Súmula 37). interessadas, não havendo, como ocorre nos negócios
Logo, produz efeito jurídico, só que este não é dese- jurídicos, regulamentação da autonomia privada. Trata-
jado pelo agente, mas imposto pela lei. -se dos atos materiais (acessão, fixação e transferência de
domicilio, especificação etc.) e das participações (aviso,
- Elementos essenciais: confissão, notificação etc.).
Para que se configure o ato ilícito, será imprescindível Juntamente com os negócios jurídicos constituem es-
que haja: pécie de um gênero, que é o ato jurídico em sentido am-
a) fato lesivo voluntário, causado pelo agente, por plo. E, assim sendo, aos atos lícitos, que não são negócios
ação ou omissão voluntária, negligência ou impru- jurídicos, aplicam-se, no que couberem, as disposições
dência;
atinentes aos negócios jurídicos.
b) ocorrência de um dano patrimonial ou moral, sen-
do que pela Súmula 37 do Superior Tribunal de
Justiça serão cumuláveis as indenizações por dano
#FicaDica
material e moral decorrentes do mesmo fato;
c) nexo de causalidade entre o dano e o comporta- O ato ilícito é praticado em desacordo com
mento do agente. a ordem jurídica, violando direito subjetivo
individual. Causa dano patrimonial ou moral
- Consequência do ato ilícito: a outrem, criando o dever de repará-lo.
A obrigação de indenizar é a consequência jurídica do
ato ilícito (CC, arts. 927 a 954), sendo que a atualização
monetária incidirá sobre essa dívida a partir da data do
ilícito (Súmula 43 do STJ).
EXERCÍCIO COMENTADO
- Abuso de direito ou exercício irregular do direi-
to: 1. (TRT/15ªRegião(SP) - Analista Judiciário - Área Ju-
O uso de um direito, poder ou coisa, além do permi- diciária - Oficial de Justiça Avaliador Federal – FCC –
tido ou extrapolando as limitações jurídicas, lesando al- 2018). De acordo com o Código Civil, os negócios jurídi-
guém, traz como efeito o dever de indenizar. Realmente, cos devem ser interpretados
sob a aparência de um ato legal ou lícito, esconde-se a
ilicitude no resultado, por atentado ao princípio da boa-
a) somente de acordo com a lei, defeso que os usos e
-fé e aos bons costumes ou por desvio de finalidade so-
princípios sejam utilizados para esse fim.
cioeconômica para a qual o direito foi estabelecido.
b) conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebra-
- Atos lesivos que não são ilícitos: ção.
Há hipóteses excepcionais que não constituem atos c) de acordo com a moral e os bons costumes, além da
ilícitos apesar de causarem danos aos direitos de outrem, lei, vedado que os usos sejam considerados, uma vez
isto porque o procedimento lesivo do agente, por mo- que nosso ordenamento jurídico não é consuetudiná-
tivo legítimo estabelecido em lei, não acarreta o dever rio.
de indenizar, porque a própria norma jurídica lhe retira a d) se benéficos ou se houver renúncia, ampliativamen-
qualificação de ilícito. Assim, ante o artigo sub examine te, para tornar efetivo o benefício ao favorecido pela
não são ilícitos: a legítima defesa, o exercício regular de avença.
um direito e o estado de necessidade. e) sempre literalmente, para evitar obscuridades ou con-
tradições.
- Legítima defesa:
A legítima defesa exclui a responsabilidade pelo pre- Resposta: Letra B. Nos termos do art. 113 do Códi-
juízo causado se, com uso moderado de meios necessá- go Civil, os negócios jurídicos devem ser interpretados
rios, alguém repelir injusta agressão, atual ou iminente, a conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebra-
direito seu ou de outrem. ção.
- Exercício regular de um direito reconhecido: Se al-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

guém no uso normal de um direito lesar outrem


não terá qualquer responsabilidade pelo dano, por PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA.
não ser um procedimento ilícito.
- Estado de necessidade: O estado de necessidade
consiste na ofensa do direito alheio para remover Para resguardar seus direitos, o titular deve praticar
perigo iminente, quando as circunstâncias o torna- atos conservatórios, como: protesto, retenção (CC, Art.
rem absolutamente necessário e quando não ex- 1.219), arresto, sequestro, caução fidejussória ou real,
ceder os limites do indispensável para a remoção interpelações judiciais para constituir devedor em mora.
do perigo. E quando sofrer ameaça ou violação, o direito subjetivo

23
será protegido por ação judicial, nasce então, para o ti- legais quando estes, por dolo ou negligência, derem cau-
tular, a pretensão que se extinguirá nos prazos arrolados sa à prescrição, assegurando-se, assim, a incolumidade
nos arts. 205 e 206. patrimonial dos incapazes, que têm, ainda, mesmo que
Somente depois de consumada a prescrição, desde não houvesse essa disposição, o direito ao ressarcimento
que não haja prejuízo de terceiro, é que poderá haver dos danos que sofrerem, em razão do disposto nos arts.
renúncia expressa ou tácita por parte do interessado. 186 e 927 do Código Civil, de que o artigo ora comenta-
Como se vê, não se permite a renúncia prévia ou anteci- do é aplicação. Com isso, dá-se uma proteção legal aos
pada à prescrição, a fim de não destruir sua eficácia prá- incapazes.
tica, caso contrário, todos os credores poderiam impô-la
aos devedores; portanto, somente o titular poderá re- - Prescrição iniciada contra “de cujus”:
nunciar à prescrição após a consumação do lapso previs- A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a
to em lei. Na renúncia expressa, o prescribente abre mão correr contra o seu herdeiro a título universal ou singular,
da prescrição de modo explícito, declarando que não a salvo se for absolutamente incapaz. A prescrição iniciada
quer utilizar, e na tácita, pratica atos incompatíveis com a contra o de cujus continuará a correr contra seus suces-
prescrição, p. ex., se pagar dívida prescrita.
sores, sem distinção entre singulares e universais; logo,
continuará a correr contra o herdeiro, o cessionário ou
- Sujeição aos efeitos da prescrição:
o legatário. A prescrição iniciada contra o auctor succes-
Tanto as pessoas naturais como as jurídicas sujeitam-
sionis continuará, e não recomeçará a correr contra seu
-se aos efeitos da prescrição ativa ou passivamente, ou
seja, podem invocá-la em seu proveito ou sofrer suas sucessor.
consequências quando alegada ex adverso, sendo que
o prazo prescricional fixado legalmente não poderá ser - Causas impeditivas da prescrição:
alterado por acordo das partes. As causas impeditivas da prescrição são as circuns-
tancias que impedem que seu curso inicie, por estarem
- Alegação da prescrição em qualquer grau de ju- fundadas no status da pessoa individual ou familiar,
risdição: atendendo razões de confiança, amizade e motivos de
A prescrição poderá ser arguida na primeira instância, ordem moral.
que está sob a direção de um juiz singular, e na segunda
instância, que se encontra em mãos de um colegiado de - Casos em que a prescrição não se inicia:
Juízes superiores. Pode ser invocada em qualquer fase Não corre a prescrição entre cônjuges, na constância
processual: na contestação, na audiência de instrução e do matrimônio (24, 526/193); entre ascendentes e des-
julgamento, nos debates, em apelação, em embargos in- cendentes, durante O pátrio poder; entre tutelados ou
fringentes, sendo que no processo em fase de execução curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela
não é cabível a arguição da prescrição, exceto se super- ou curatela. Nestas hipóteses a prescrição ficará impedi-
veniente à sentença transitada em julgado. Os arts. 193 da de fluir no tempo.
do CC e 303, III, do CPC são exceções à regra geral do
art 300 do CPC de que toda a matéria de- defesa do réu - Incapacidade absoluta impede prescrição:
deverá concentra-se na contestação. Isto é assim porque O Art. 198 contém causa impeditiva da prescrição,
o art. 193 do CC é norma especial, prevalecendo sobre logo esta não correrá contra os absolutamente incapa-
o art. 300 do CPC, que é norma legal. Logo, a prescrição zes. Por exemplo, suponha-Se que, após o vencimento
é matéria que pode ser alegada em qualquer instancia da dívida, venha a falecer o credor, deixando herdeiro de
(CPC art. 300, III), mesmo depois da contestação e até, oito anos de idade; contra ele não correrá a prescrição
pela primeira vez, no recurso da apelação (CPC, art. 741,
até que atinja dezesseis anos, ocasião em que terá início
VI).
o curso prescricional. tendo-se aqui uma exceção ao Art.
196 do Código Civil, segundo o qual a prescrição iniciada
- Invocação pela parte a quem aproveita:
contra uma pessoa continua a correr contra seu herdeiro
A prescrição somente poderá ser invocada por quem
ela aproveite, seja pessoa física ou jurídica, p. ex., o her- (RT 260/332).
deiro do prescribente, o credor do prescribente, o fiador,
é o devedor em obrigação solidária, o coobrigado em
obrigação indivisível, desde que se beneficiem com a de- - Causas suspensivas da prescrição:
cretação da prescrição. As causas suspensivas da prescrição são as que, tem-
O juiz não poderá conhecer da prescrição da ação re- porariamente paralisam ø seu curso; superado o fato
lativa a direitos patrimoniais, reais ou pessoais, se não for suspensivo, a prescrição continua a correr, computado
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

invocada pelos interessados, não podendo, portanto, de- o tempo decorrido antes dele. Tais causas estão arrola-
cretá-la ex officio, por ser a prescrição um meio de defesa das no Art. 198, II e III, ante a situação especial em que
ou exceção peremptória. O juiz, a não ser para beneficiar se encontram o titular e o sujeito passivo. De forma que
absolutamente incapaz, poderá suprir ex officio a alega- suspensa estará a prescrição: contra os ausentes do Brasil
ção da prescrição. em serviço público da União, dos Estados e dos Municí-
pios e os que se acharem servindo na armada e no exér-
Ação regressiva: cito nacionais em tempo de guerra. Essas duas causas
As pessoas que a lei priva de administrar os próprios poderão transformar-se em impeditivas se a ação surgir
bens têm ação regressiva contra os seus representantes durante a ausência ou serviço militar temporário.

24
- Condição suspensiva e termo não vencido impe- incapazes do art. 3º do Código Civil; e terceiro com legí-
dem a prescrição: timo interesse econômico ou moral, como o seu credor,
São causas impeditivas da prescrição a condição sus- o credor do credor ou o fiador do credor.
pensiva e o não-vencimento do prazo. Não corre a pres-
crição, pendendo condição suspensiva. Não realizada - Efeitos da interrupção da prescrição:
tal condição, o titular não adquire direito, logo não tem Quanto aos efeitos da interrupção da prescrição, o
ação; assim, enquanto não nascer a ação, não pode ela princípio é de que ela aproveita tão-somente a quem a
prescrever. Igualmente impedida estará a prescrição não promove, prejudicando aquele contra quem se processa.
estando vencido o prazo, pois o titular da relação jurídica Contudo, a interrupção da prescrição por um credor não
submetida a termo não vencido não poderá acionar nin- aproveita aos outros, como, semelhantemente, operada
guém para efetivar seu direito. contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudicará aos
demais coobrigados.
- Pendencia de ação de evicção como causa sus- Se se tratar de obrigação solidária passiva ou ativa,
pensiva da prescrição: a interrupção efetuada contra o devedor solidário en-
Se pender ação de evicção, suspende-se a prescrição volverá os demais, e a interrupção aberta por um dos
em andamento; somente depois de ela ter sido definiti- credores solidários aproveitará aos outros, em razão de
vamente decidida, resolvendo-se o destino da coisa evic- consequência da solidariedade prevista nos arts. 264 a
ta, o prazo prescritivo volta a correr. 285 do Código Civil, pela qual os vários credores soli-
dários são considerados como um só credor, da mesma
- Efeitos da suspensão da prescrição na solidarie- forma que os vários devedores solidários são tidos como
dade ativa: um só devedor. Além disso, a interrupção operada contra
Se a obrigação for indivisível e solidários forem os um dos herdeiros do devedor solidário não lesará os ou-
credores, suspensa a prescrição em favor de um dos cre- tros herdeiros ou devedores, senão quando se tratar de
dores, tal suspensão aproveitará aos demais. obrigação ou de defeito indivisível.
Isto é assim porque a solidariedade ativa ou passiva
- Prescrição e obrigação divisível: não passa aos herdeiros (CC, arts. 270 e 276); logo, ape-
Se a obrigação for divisível, a prescrição não se sus- nas serão atingidos os demais coerdeiros pela interrup-
penderá para todos os coobrigados, ante o fato de ser ção se houver indivisibilidade da obrigação. E, finalmen-
um beneficio personalíssimo. Se vários forem os cointe- te, a interrupção produzida pelo credor contra o principal
ressados, ocorrendo em relação a um deles uma causa devedor prejudicará o fiador, independentemente de no-
suspensiva de prescrição, esta aproveitará apenas a ele, tificação especial, pelo simples fato de ser a fiança uma
não alcançando os outros, para os quais correrá a pres- obrigação acessória.
crição sem qualquer solução de continuidade. Desaparecendo a responsabilidade do afiançado, não
mais a terá o fiador; igualmente, se o credor interrompe a
- Causas interruptivas da prescrição:
prescrição contra o devedor, esta interromper-se-á tam-
As causas interruptivas da prescrição são as que inu-
bém relativamente ao fiador.
tilizam a prescrição iniciada, de modo que o seu prazo
recomeça a correr da data do ato que a interrompeu ou
Prazos:
do ultimo ato do processo que a interromper.
Se a lei não fixar prazo menor para a pretensão ou
- Casos de interrupção da prescrição: exceção, este será de dez anos.
Interrompem a prescrição atos do titular reclamando
seu direito, tais como: citação pessoal feita ao devedor, Prazo de prescrição especial:
ordenada por juiz; protesto judicial e cambial, que tem Há casos de prescrição especial para os quais a norma
apenas efeito constituir o devedor em mora; apresenta- jurídica estatui prazos mais exíguos, pela conveniência
ção do título de crédito em juízo de inventário, ou em de reduzir o prazo geral para possibilitar o exercício de
concurso de credores, o mesmo sucedendo com o pro- certos direitos ou pretensões.
cesso de falência e de liquidação extrajudicial de bancos, Tal prazo pode ser ânuo (CC, Art. 206, § 12, 1, II, a e b,
bem como das companhias de seguro, a favor ou contra III, IV, bienal (CC, Art. 206, § 22), trienal (CC. Art. 206, § 3º,
a massa; atos judiciais que constituam em mora o de- Ia IX), quatrienal (CC, Art. 206, § 42) e quinquenal (CC, Art.
vedor, incluindo as interpelações, notificações judiciais e 206, § 52, 1 a III).
atos praticados na execução da parte líquida do julgado,
com relação à parte ilíquida; e atos inequívocos ainda ex- #FicaDica
trajudiciais que importem reconhecimento do direito do
devedor. Como pagamento parcial por parte do devedor; A prescrição somente poderá ser invocada
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

pedido deste ao credor, solicitando mais prazo; transfe- por quem ela aproveite, seja pessoa física
rência do saldo de certa conta, de um ano para outro ou jurídica.
(Súmula 154 do STF).

- Legitimidade para promover a interrupção da Decadência


prescrição:
Podem promover a interrupção do lapso prescricio- Inaplicabilidade à decadência das normas contidas
nal quaisquer interessados, tais como: o titular do direito nos arts. 197 a 204 do Código Civil: As normas relativas
em via de prestação; seu representante legal salvo o dos ao impedimento, suspensão e interrupção de prescrição

25
apenas serão aplicáveis à decadência nos casos admiti- - Teoria da Equivalência de Condições – todos os an-
dos por lei. A decadência corre contra todos, não admi- tecedentes que concorreram para o dano se equi-
tindo sua suspensão ou interrupção em favor daqueles valem, desta forma configuram-se como causa e
contra os quais não corre a prescrição, com exceção do imputando-lhe a responsabilização. Justificam esta
caso do art. 198, 1 (CC, art. 208); a prescrição pode ser teoria em que o dano não haveria ocorrido sem
suspensa, interrompida ou impedida pelas causas legais. que uma das condições tivesse se verificado. O
nosso Código Penal adota esta teoria, com o aper-
- Ação regressiva contra representante: feiçoamento da imputação objetiva e tipicidade, o
As pessoas jurídicas e os relativamente incapazes têm que não gera maiores problemas de ordem prá-
ação regressiva contra representante legal que der causa tica. Porém, na esfera cível, não se adota esta te-
à decadência ou não a alegar no momento oportuno, e oria, pois seria temerário uma vez que permitiria
direito à reparação dos danos sofridos. uma digressão infinita, responsabilizando pessoas
que não tiveram nenhuma ligação adequada com
- Incapacidade absoluta como causa impeditiva da o fato ocorrido. Um exemplo seria a concorrência
decadência: entre o fabricante e o vendedor de um veículo, no
O Art. 198 contém causa impeditiva da decadência; qual o condutor provocou um acidente, neste caso
logo, esta não correrá contra as pessoas arroladas no Art. todos concorreriam por este fato.
32 do Código Civil, ou seja, os absolutamente incapazes. - Teoria da Causalidade Adequada – aqui causa não
é todo e qualquer antecedente, mas apenas o an-
- Renúncia de decadência prevista em lei: tecedente abstratamente idôneo à produção do
A decadência resultante de prazo legal não pode ser resultado danoso. Atualmente, esta teoria vem se
renunciada pelas partes, nem antes nem depois de con- aperfeiçoando no sentido de que se exige ainda
sumada, sob pena de nulidade. A decadência decorrente que a causa seja direta ou imediata, sendo retira-
de prazo legal deve ser considerada e julgada pelo ma- das as concausas anteriores que nada influíram à
gistrado, de ofício, independentemente de arguição do produção do resultado danoso.
interessado.
b) Dano ou prejuízo: consiste na lesão (diminuição
ou subtração) a um interesse jurídico tutelado, pa-
DA RESPONSABILIDADE CIVIL. trimonial ou extrapatrimonial, causado por ação
ou omissão do sujeito infrator. Por isso é requisito
indispensável à caracterização da responsabilidade
A responsabilidade civil é uma das espécies de res- civil, ou seja, não existindo o dano ou prejuízo não
ponsabilidade jurídica, ladeando com as responsabilida- se fala em obrigação de indenizar, independente-
des: penal, tributária, administrativa, entre outras. Neste mente da modalidade de responsabilização.
caso as diferenças não estão na causa, pois a conduta
humana é a mesma, mas sim nos efeitos. Deste modo, A nossa doutrina e jurisprudência entendem que para
nota-se que o fato diferenciador nas esferas da respon- haver o dano é indispensável que haja os seguintes re-
sabilidade civil e penal que a intervenção penal é mais quisitos:
rigorosa, sendo ultima ratio, diferentemente da civil. Esta
está embasada na relevância social do bem jurídico tute- 1 – Violação de um interesse jurídico patrimonial
lado, ou seja, no direito penal tutelam-se bens mais rele- e/ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou
vantes, a exemplo da vida. jurídica: é possível o pleito de dano material e
As instâncias civil e criminal são independentes e au- moral de forma independente, ou cumulada, como
tônomas, é por isso que há a possibilidade de um mesmo disciplinam os artigos seguintes e sumulas do STJ.
fato levar a um ilícito civil e penal.
Desta forma a responsabilidade civil deriva da trans- Art. 5º CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção
gressão de uma norma jurídica pré-existente, na qual o de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
transgressor deve indenizar pelo mal causado. Consiste aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
em atribuir a alguém, violador de um dever jurídico pri- do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran-
mitivo, as consequências danosas do seu comportamen- ça e à propriedade, nos termos seguintes:
to, impondo a obrigação de indenizar. V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
São elementos indispensáveis para a responsabiliza- ao agravo, além da indenização por dano material,
ção: conduta humana; nexo de causalidade e o dano ou moral ou à imagem;
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

prejuízo.
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
a) Nexo de causalidade: é preciso haver um nexo de ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
causalidade entre a conduta e o resultado dano- denização pelo dano material ou moral decorrente de
so para que haja a obrigação de indenizar. O nexo sua violação;
causal ou a relação de causalidade é o liame entre Art. 186 CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntá-
a conduta e o dano, de modo que um seja visto ria, negligência ou imprudência, violar direito e cau-
como consequência do outro. Há duas correntes sar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
em nossa doutrina que abrangem a respeito: comete ato ilícito.

26
Súmula 37 – São cumuláveis as indenizações por benefício futuro à vítima. Aqui a vítima não se tem
dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. a certeza de vantagem e não perde algo que seria
Súmula 387 – É possível a acumulação das indeniza- do seu patrimônio.
ções de dano estético e moral. d) dano mora presumido: esta tese tem embasa-
Sobre a pessoa jurídica, lembra-se da redação do arti- mento na dificuldade em se comprovar a efetiva-
go 52 do Código Civil e da Súmula 227 do STJ, viabilizam ção do dano extrapatrimonial, por se tratar de algo
a proteção dos direitos da personalidade e o pleito de imaterial ou ideal, a dilação probatória torna-se
danos morais. dificultosa. Por isso, alguns tribunais passaram a
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, entender que o dano é ínsito à própria ofensa, ao
a proteção dos direitos da personalidade. ilícito em si mesmo, pois decorre inexoravelmente
Súmula 227 – A pessoa jurídica pode sofrer dano mo- do próprio fato ofensivo. Esta tese é aplicada em
ral. casos onde a pessoa tem o nome inserido na lista
de negativados do SCPC e SERASA.
2 – Certeza do dano: somente o dano certo e efetivo e) dano indireto: esta tese está intrinsecamente liga-
é indenizável, neste caso não há que se falar em da aos efeitos da lesão jurídica, ou seja, o prejuízo
compensação da vítima por dano abstrato ou hi- causado a um bem jurídico econômico pode re-
potético, mesmo nos casos de danos morais, onde sultar perda de ordem moral, ou seja, dano moral
é difícil a sua qualificação. indireto, e de ofensa a um bem jurídico extrapatri-
3 – Subsistência do dano: se o dano for reparado, monial que pode originar um dano material (patri-
perde-se o interesse da responsabilidade civil, ou monial indireto).
seja, o dano deve permanecer no momento de sua f) dano reflexo, oblíquo ou ricochete: neste caso é
exigibilidade em juízo, não há que se falar em in- importante salientarmos que dano indireto não é
denização se o dano já foi reparado espontanea- sinônimo do dano moral em reflexo, este é fruto
mente. de uma lesão sofrida por outrem. Conceitualmen-
4 – Nexo causal direto e imediato entre prejuízo e te, dano oblíquo consiste no prejuízo que atinge
conduta humana lesante: como foi visto na teo- reflexamente pessoa próxima, ligada à vitima dire-
ria da causalidade adequada, a reparação apenas ta da atuação ilícita.
se dará no que se relaciona aos danos diretos e
imediato sofridos pela vítima, em decorrência da Em relação à reparação do dano, o artigo 944 CC
conduta humana. disciplina que seja feita com base na sua extensão, não
considerando, portanto, como fator diferenciado a inten-
ção do agente, mas sim a extensão do dano causado,
#FicaDica
com isso reparando-o da melhor forma possível, fazendo
A responsabilidade civil deriva da transgres- com que a vítima retorne ao status anterior. O referido
são de uma norma jurídica pré-existente, na artigo preceitua também a norma de equidade, ou seja,
qual o transgressor deve indenizar pelo mal caso haja uma desproporção entre a gravidade da culpa
causado. e o dano, o juiz poderá reduzir equitativamente a inde-
nização. Esta regra se trata de uma exceção à reparação
integral
São espécies de danos:
a) dano patrimonial: trata-se de uma lesão a um in- Em se tratando de fontes geradoras de obrigações
teresse patrimonial, sendo passível de restituição (deveres), o direito civil brasileiro acolhe três tipos:
integral segundo a teoria da diferença, ou seja, a) Obrigações derivadas de vontade humana: oriun-
apura-se qual seria a situação atual sem o dano e das de um ato jurídico lato sensu (negócio jurídico,
a sua diferença para a situação atual com o dano, ato jurídico stricto sensu);
reparando justamente referida diferença. b) Obrigações derivadas de ato ilícito: seja pelo
b) dano moral: consiste no prejuízo ou lesão de di- inadimplemento (total ou parcial), seja pelo come-
reitos desprovidos de conteúdo pecuniário e va- timento de um delito; e
lor econômico essencial, a exemplo dos direitos c) Obrigações derivadas direta ou imediatamente da
da personalidade. Aqui está nítido a ligação entre lei: obrigações tributárias, administrativas, oriun-
a modalidade danosa e o direito à dignidade da das do poder familiar ou mesmo de um fato ju-
pessoa humana, princípio essencial adotado pela rídico stricto sensu, como também os casos de
Constituição Federal. enriquecimento sem causa, que implicam em um
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Há outras modalidades de danos, mas abordaremos pagamento injusto e, em consequência, na obri-


as mais requisitadas em concursos públicos, mantendo gação de restituir, assim como nos casos de abuso
a ordem: de direito.

c) a perda de uma chance: neste caso, a pessoa per- O nobre doutrinador Nelson Nery Junior ensina a res-
de aquilo que poderia ser uma oportunidade séria peito dos sistemas de responsabilidade civil, sendo o seu
e real, de um possível ganho, caracteriza-se quan- posicionamento o mais acertado, no qual estipula que
do em virtude de conduta de outrem desaparece a dois são os sistemas de responsabilidade civil que foram
probabilidade de um evento que possibilitaria um adotados pelo CC:

27
- responsabilidade civil objetiva e 3. Quanto ao agente:
- responsabilidade civil subjetiva.
- Responsabilidade Direta: ocorre quando o ato ilí-
O sistema geral do Código Civil é o da responsabili- cito é praticado pelo próprio agente. Nesse caso o
dade civil subjetiva, conforme o artigo 186, que se funda agente responderá por seus próprios atos.
na teoria da culpa: para que haja o dever de indenizar, é - Responsabilidade Indireta: quando o ato ilícito de-
necessária a existência do dano, do nexo de causalidade corre de ato de terceiro, com o qual o Agente tem
entre o fato e o dano e a culpa lato sensu (culpa – im- vínculo legal de responsabilidade, de fato de ani-
prudência, negligência ou imperícia; ou dolo) do agente. mal e de coisas inanimadas sob sua guarda.
Já o sistema subsidiário adotado pelo mesmo orde-
namento jurídico é o da responsabilidade civil objetiva
(art. 927 p.u.), que se funda na teoria do risco: para que #FicaDica
haja o dever de indenizar, é irrelevante a conduta (dolo
ou culpa) do agente, pois basta à existência do dano e do A responsabilidade civil subjetiva, conforme
nexo de causalidade entre o fato e o dano. o artigo 186, que se funda na teoria da cul-
Haverá responsabilidade civil objetiva quando a lei pa: para que haja o dever de indenizar, é
assim o determinar ou quando a atividade habitual do necessária a existência do dano, do nexo de
agente, por sua natureza, implicar risco para o direito de causalidade entre o fato e o dano e a culpa
outrem. lato sensu (culpa – imprudência, negligên-
Há outros subsistemas derivados dos dois sistemas, cia ou imperícia; ou dolo) do agente.
que se encontram tanto no Código Civil como em leis
extravagantes.
Em se tratando das espécies de responsabilidade civil, Causas Excludentes da Responsabilidade Civil
adotaremos a classificação dada pela respeitável doutri-
nadora Maria Helena Diniz, e para ela são classificadas da As hipóteses a seguir são causas onde há o rompi-
seguinte forma: mento do nexo de causalidade, com isso rompe-se a res-
ponsabilidade civil.
1. Quanto ao seu fato gerador: 1) Caso fortuito e força maior: excluem a respon-
- Responsabilidade Contratual: esta surge quando sabilidade civil, pois decorrem de um evento não
há por parte de um dos contratantes, o descum- imputável ao suposto causador do dano, seja im-
previsível, seja inevitável.
primento total ou parcial do contrato. Resultando,
2) Estado de necessidade e legítima defesa: o es-
portanto, de ilícito contratual, ou seja, de falta de
tado de necessidade consiste na agressão a um
adimplemento ou da mora no cumprimento de
direito alheio, de valor jurídico igual ou inferior
qualquer obrigação. Neste caso o ônus da prova
aquele que se quer preservar, com o objetivo de
na responsabilidade contratual compete ao deve-
afastar um perigo atual ou iminente, já na legítima
dor, que deve provar, ante o inadimplemento, a
defesa o agente reage a uma agressão injusta, atu-
inexistência de sua culpa ou a presença de qual-
al ou iminente, utilizando os meio necessários, de
quer excludente do dever de indenizar. forma proporcional e moderada. Nos artigos 929 e
- Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana: 930 CC estabelecem que se nessas duas situações
acontece a responsabilidade extracontratual ou se o agente atingir interesse de terceiro inocente,
aquiliana, quando por ato ilícito uma pessoa causa este deverá ser indenizado cabendo, portanto ação
dano a outra, ou seja, quando a pessoa em inobser- regressiva em face do causador.
vância aos preceitos legais, causa dano a outrem. 3) Estrito cumprimento do dever legal e exercí-
É mister, que nessa espécie de responsabilidade cio regular de direito: o nosso código civil não
não há uma relação obrigacional entre as partes, trata o estrito cumprimento do dever legal como
contudo, tal obrigação decorre da inobservância excludente, sendo adotado, porém, pela doutrina.
de um dever legal de não causar dano a outrem. Um exemplo, de ausência de responsabilidade, é
quando um policial arromba uma porta para cum-
2. Quanto ao fundamento: prir um mandato. Da mesma maneira ocorre com
- Responsabilidade Subjetiva: para a caracterização o exercício regular de direito, não configurando
de referida responsabilidade, imprescindível se faz abuso.
a comprovação da culpa. Dessa forma, a Vítima 4) Culpa exclusiva da vítima: tem o poder de rom-
precisa provar a culpa do Agente do ato ilícito. per o nexo causal a atuação culposa da vítima,
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

- Responsabilidade Objetiva: esta responsabilidade devendo o réu da ação indenizatória demonstrar


se funda na teoria do risco, ou seja, quando a ati- suficientemente esta causa. Um exemplo clássico
vidade normalmente desenvolvida pelo autor do é quando uma pessoa tentando o suicídio atira-se
dano, implicar, por sua natureza, risco para os di- na frente de um carro, o motorista, neste caso, é
reitos de outrem. Importante destacar, que na Res- apenas um instrumento.
ponsabilidade Objetiva não há a necessidade de 5) Fato de terceiro: é o comportamento causal de um
comprovação da culpa por parte do prejudicado, terceiro apto a romper o nexo de causalidade entre
sendo necessária, apenas a ocorrência do ato ilí- o agente do dano e a vítima. Aqui também o ônus
cito. da prova será do causador do dano.

28
Responsabilidade Civil Indireta Responsabilidade civil do Estado e do particular

O agente responde por um ato que não é propria- Neste tópico será tratado sobre a responsabilidade
mente seu, são responsabilidades de fundo objetivo. civil do Estado; em relação à responsabilidade civil do
O Código Civil divide em: responsabilidade civil pelo particular, já abordamos anteriormente seguindo a or-
fato da coisa ou de animal e responsabilidade civil por dem lógica do Código Civil Brasileiro.
ato de terceiro. Mas mesmo assim iremos conceituar, para um melhor
entendimento, sobre o tema.
A primeira é subdividida em: A responsabilidade civil consiste na obrigação de re-
a) Responsabilidade pelos animais: neste caso a parar economicamente os danos causados a terceiros,
responsabilidade é do dono ou detentor (aquele sejam no âmbito patrimonial ou moral. Desta forma, em
que, transitoriamente, está com o animal sob seu razão de um dano patrimonial ou moral é possível o Es-
comando), admite-se também como excludentes a tado ser responsabilizado e, por consequência, deverá
culpa exclusiva da vitima e a força maior. pagar uma indenização capaz de compensar os prejuízos
b) Responsabilidade por ruína de edifício ou cons- causados.
trução: é também objetiva, por ausência de repa- Será abordado neste tópico sobre a responsabilida-
ros cuja necessidade é manifesta, a responsabilida- de extracontratual do Estado, ou seja, não será tratada a
de é do proprietário, sendo este responsável pelas responsabilidade decorrente de prejuízos causados em
benfeitorias necessárias. decorrência de contratos administrativos. Sendo que a
c) Responsabilidade civil por ato de terceiro: o responsabilidade é do Estado, e não da Administração.
agente responde pelo ato de um terceiro, de for- Importante salientar que não são somente os atos
ma objetiva; não se fala em presunção de culpa, ilícitos efetuados pelos agentes públicos que estão ca-
sendo, portanto responsabilidade objetiva, bem pazes de gerar a responsabilidade extracontratual do Es-
como solidária. tado, mas também os atos lícitos.
Nos dois casos o Estado responderá. Tanto por atos
Repetição de Indébito ilícitos quanto por atos lícitos ou omissões. Mas há uma
diferenciação em relação aos danos causados; quando
O Código Civil disciplina esta matéria da seguinte for- for dano causado por atos lícitos a doutrina fala em “in-
ma: denização”, mas se a consequência for em decorrência
- o credor que demandar o devedor, antes de se exi- de atos ilícitos, a expressão usada será “ressarcimento”.
gir o crédito, ficará obrigado a esperar o vencimen- A responsabilidade objetiva (que independe da com-
to e descontar os juros correspondentes, além de provação de dolo ou de culpa) do Estado está prevista no
pagar custas em dobro. parágrafo 6º do artigo 37 da Constituição Federal.
- o credor que demandar divida já paga, este será
obrigado a pagar o dobro do que houver cobrado. Art. 37, § 6º – As pessoas jurídicas de direito público
- o credor que demandar por mais do que for devido e as de direito privado prestadoras de serviços públi-
será obrigado a indenizar pelo equivalente do pe- cos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
dido a mais. qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
Essas hipóteses não serão aplicadas se o credor desis- culpa.
tir da ação antes de contestada a lide, salvo se o devedor
tinha direito de haver indenização por algum prejuízo Na doutrina, acerca deste assunto, encontramos duas
comprovado. teorias, a seguir:
1) Teoria do Risco Integral: não admite causas exclu-
Transmissibilidade da obrigação de indenizar dentes de responsabilidade, logo o Estado deveria
responder por qualquer dano, ainda que não tenha
Esta é transferida aos herdeiros, como também o dado causa;
direito subjetivo de responsabilidade civil, sendo que a 2) Teoria do Risco Administrativo: admite causas ex-
prescrição não é suspensa e nem interrompida com a cludentes de responsabilidade como caso fortuito,
morte, prosseguindo perante os herdeiros. força maior e culpa exclusiva da vítima. Esta é a te-
oria adotada em nosso Direito, devendo o Estado
responder pelos prejuízos causados aos adminis-
#FicaDica
trados, salvo quando presente alguma das causas
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

A responsabilidade civil indireta é quando acima mencionadas


o agente responde por um ato que não é
propriamente seu, são responsabilidades de A responsabilidade objetiva consagrada ao Estado
fundo objetivo. pelo parágrafo 6º do art. 37, CF, como já visto, envolve
tanto as pessoas jurídicas de direito público, quanto às
de direito privado.
O Supremo Tribunal Federal, durante muito tempo,
entendeu que a responsabilidade objetiva das concessio-
nárias e permissionárias dos serviços públicos eram so-

29
mente aos seus usuários e não se estendiam a terceiros.
Este entendimento não ocorre mais, desde 2009, como
demonstra e ementa a seguir: HORA DE PRATICAR!

“I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de 1. (TRT/15ªRegião(SP) - Analista Judiciário - Área Ju-
direito privado prestadoras de serviço público é obje- diciária - Oficial de Justiça Avaliador Federal – FCC
tiva relativamente a terceiros usuários e não usuários – 2018). Rogério, de 14 anos, briga na escola com Fili-
do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Cons- pe, da mesma idade, e lhe quebra o braço, causando-
tituição Federal. I -lhe prejuízo de R$ 2.000,00 nas despesas médicas e de
I - A inequívoca presença do nexo de causalidade en- hospital. Fica provado que Filipe não deu causa à briga,
tre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro razão pela qual seu pai, representando-o, quer receber o
não usuário do serviço público, é condição suficiente valor dos danos. Nessas circunstâncias, Rogério,
para estabelecer a responsabilidade objetiva da pes- a) ainda que devidamente representado, não responderá
soa jurídica de direito privado. pelo prejuízo, porque o fato envolveu duas pessoas
III - Recurso extraordinário desprovido”. (RE 591.874) absolutamente incapazes, sem discernimento para en-
tenderem o caráter ilícito de sua conduta, equiparan-
Desta forma, o parágrafo 6º do art. 37, CF, deve ser do-se o evento a caso fortuito ou força maior.
interpretado de forma extensiva, utilizando o princípio b) por ser absolutamente incapaz, não responderá em
da isonomia, pois deve ser protegido também os não nenhuma hipótese pelo prejuízo causado, o que se
usuários de serviços públicos que sejam atingidos pela restringe a pessoas maiores ou relativamente incapa-
prestação do mesmo. Toda atividade comporta um risco zes, caso em que haverá solidariedade com seus res-
e a empresa prestadora de serviços deve assumi-lo de ponsáveis legais.
maneira integral. c) apesar de absolutamente incapaz, responde exclusi-
A responsabilidade civil em matéria de consumidor va e diretamente pelo prejuízo causado, por se tratar
se deve a dois principais fatores: a produção em série e o de conduta dolosa e não culposa, sendo irrelevante
circuito de distribuição dos bens em massa. a condição financeira de seus responsáveis legais; no
O CDC prevê a responsabilidade civil objetiva, inde- entanto, não pode ser privado de meios suficientes à
pendentemente de culpa do agente, por todos os danos sua subsistência.
causados aos consumidores. Esta responsabilidade do d) apesar de absolutamente incapaz, responderá pelo
fabricante ou do produtor está na esfera extracontratual, prejuízo que causou, se as pessoas que respondem
pois não existe vínculo contratual direto como consu- por ele não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dis-
midor, não obstante as construções doutrinárias e juris- puserem de meios suficientes; nesse caso, a indeniza-
prudenciais para estabelecer uma relação direta entre as ção deverá ser equitativa e não terá lugar se privar do
pontas de produção e do consumo. necessário o incapaz ou as pessoas que dele depen-
dam.
e) em qualquer hipótese, responderá pelo prejuízo se
#FicaDica seus responsáveis legais não tiverem meios para in-
denizar a vítima, sem limitação quanto à extensão da
A responsabilidade civil do estado consiste indenização pela natureza ilícita de sua conduta.
na obrigação de reparar economicamente
os danos causados a terceiros, sejam no 2. (TRT/15ªRegião(SP) - Analista Judiciário - Área Ju-
âmbito patrimonial ou moral. diciária - Oficial de Justiça Avaliador Federal – FCC –
2018). Em relação à capacidade, considerando o que
dispõe o Código Civil,

a) por disposição expressa, a personalidade civil da pes-


soa começa com sua concepção.
b) são absolutamente incapazes aqueles que, por causa
transitória ou permanente, como o estado de coma,
não puderem exprimir sua vontade.
c) entre outras hipóteses, cessará, para os menores, a in-
capacidade, pela concessão dos pais, ou de um de-
les na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver de-


zesseis anos completos.
d) a comoriência, isto é, a morte de duas ou mais pessoas
na mesma ocasião, resolve-se na presunção de que a
mais velha morreu primeiro, se não for possível provar
quem faleceu em primeiro lugar.
e) a morte presumida exige sempre a decretação da au-
sência, que se dá quando a lei autoriza a abertura de
sucessão definitiva.

30
3. (SEFAZ-SC - Auditor-Fiscal da Receita Estadual -
Gestão Tributária (Prova 3) - FCC - 2018 -). De acordo ANOTAÇÕES
com o Código Civil de 2002, os prazos prescricionais

a) podem ser alterados mediante acordo entre as partes. ________________________________________________


b) são interrompidos por qualquer ato inequívoco, ainda
que extrajudicial, que importe reconhecimento do di- _________________________________________________
reito pelo devedor.
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c) podem ser renunciados validamente pelo interessado
antes de sua consumação, desde que não acarrete _________________________________________________
prejuízo a terceiro.
d) são de vinte anos, quando a lei não lhe haja fixado _________________________________________________
prazo menor.
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e) interrompidos contra o devedor principal não prejudi-
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cam o fiador.
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GABARITO _________________________________________________

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1 D
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2 C
3 B _________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

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31
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

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32
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Da aplicação da Lei Penal ........................................................................................................................................................................................ 01


Dos crimes contra a Fé Pública ............................................................................................................................................................................... 11
Dos Crimes contra a Administração Pública ................................................................................................................................................... 21
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 10.106
APLICAÇÃO DA LEI PENAL de 28 de março de 2006, não descriminalizou o crime de
rapto, previsto anteriormente no artigo 219 e seguintes
do Código Penal, mas somente deslocou sua tipicidade
para o artigo 148 e seguintes (“sequestro” e “cárcere pri-
O Direito Penal está interligado a todos os ramos do vado”), houve, assim, uma continuidade normativa atí-
Direito, especialmente Direito Constitucional, que se tra- pica.
duz no estatuto máximo de uma sociedade politicamen- A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e
te organizada. todos os efeitos penais da sentença.
Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena
eficácia quando compatível com os Princípios e Normas
descritos na Constituição Federal abstraindo-a como um
todo.
O estudo da aplicação da lei penal tem, quase que
obrigatoriamente, passar pelos princípios constitucionais
e assim avançar nesta ramos do direito.
Tenha a ideia de que os princípios são o alicerce de
todo sistema normativo, fundamentam todo o sistema
de direito e estabelecem os direitos fundamentais do ho-
mem.

2.1- A LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO


O Código Penal, logo no art. 1º dispõe que não há
crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem A lei posterior não retroage para atingir os
prévia cominação legal. fatos praticados na vigência da lei mais benéfica
A lei penal não pode retroagir, o que é denominado (“Irretroatividade da lei penal”). Contudo, haverá
como irretroatividade da lei penal. extratividade da lei mais benéfica, pois será válida
Contudo, exceção à norma, a Lei poderá retroagir mesmo após a cessação da vigência (Ultratividade
quando trouxer benefício ao réu. da Lei Penal).
Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos du-
rante sua vigência, porém, por vezes, verificamos a extra- Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e
tividade da lei penal. continuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave,
A extratividade da lei penal se manifesta de duas ma- nos termos da Súmula 711 do STF.
neiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da Ainda no art. 1º, do CP, há o princípio da legalidade,
lei. em que a maioria dos nossos autores considera o princí-
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal pio da legalidade sinônimo de reserva legal.
é o seu poder de regular situações fora de seu período A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de
de vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações não haver diferença conceitual entre legalidade e reserva
passadas, seja em relação a situações futuras. legal.
Quando a lei regula situações passadas, fatos anterio- Dissentindo desse entendimento o professor Fernan-
res a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. do Capez diz que o princípio da legalidade é gênero que
Já, se sua aplicação se der para fatos após a cessação de compreende duas espécies: reserva legal e anterioridade
sua vigência, será chamada ultratividade. da lei penal.
Com efeito, o princípio da legalidade corresponde
aos enunciados dos arts. 5º, XXXIX, da Constituição Fede-
ral e 1º do Código Penal (“não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”)
e contém, nele embutidos, dois princípios diferentes: o
da reserva legal, reservando para o estrito campo da lei
a existência do crime e sua correspondente pena (não
há crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia co-
minação legal), e o da anterioridade, exigindo que a lei
Tanto a abolitio criminis como a novatio legis esteja em vigor no momento da prática da infração penal
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

in melius, aplica se o princípio da retroatividade da (lei anterior e prévia cominação).


Lei penal mais benéfica. Assim, a regra do art. 1º, denominada princípio da le-
galidade, compreende os princípios da reserva legal e da
A Lei nº 10.106 de 28 de março de 2006 descrimina- anterioridade.
lizou os artigos 217 e 240, do Código Penal, respectiva- Não é difícil compreender a lei penal no tempo e no
mente, os crimes de “sedução” e “adultério”, de modo espaço.
que o sujeito que praticou uma destas condutas em fe- Porém, há detalhes que vamos apresentar.
vereiro de 2006, por exemplo, não será responsabilizado Um dos autores que leciona muito bem sobre a lei
na esfera penal. penal no tempo é Damásio Evangelista de Jesus.

1
Quais os efeitos da lei nova descriminante? Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Pe-
A lei nova descriminante, atuando retroativamente, nal que:
exclui todos os efeitos jurídico-penais do comportamen-
to antes considerado infração. Há extinção do jus punien-
di in concreto e do jus punitionis. Embora cessadas as circunstâncias que a de-
terminaram (lei excepcional) ou decorrido o período
Qual a importância prática? de sua duração (lei temporária), aplicam se elas aos
1ª) a persecutio criminis ainda não foi movimentada: fatos praticados durante sua vigência.
o inquérito policial ou o processo não pode ser iniciado;
2ª) o processo está em andamento: deve ser “tran- São, portanto, leis ultra ativas, pois regulam atos
cado” mediante decretação da extinção da punibilidade; praticados durante sua vigência, mesmo após sua revo-
3ª) já existe sentença condenatória com trânsito em gação.
julgado: a pretensão executória não pode ser efetivada (a Vamos seguir os ensinamentos de Damásio Evange-
pena não pode ser executada); lista de Jesus:
4ª) o condenado está cumprindo a pena: decretada a
extinção da punibilidade, deve ser solto. Auto revogação:
O término da vigência das leis excepcionais e tem-
Outra pergunta: como fica o rol dos culpados? porárias não depende de revogação por lei posterior,
A condenação é registrada e lançado o nome do réu fugindo à regra geral. Consumado o lapso da lei tem-
no rol dos culpados, ato que permite a documentação
porária, ou cessadas as circunstâncias determinadoras
da decisão condenatória para que produza seus efeitos
das excepcionais, cessa a sua vigência. Fala-se, então, em
secundários.
auto revogação.
Ocorrendo a abolitio criminis, a condenação é decla-
rada inexistente e o nome do condenado é riscado do rol
dos culpados: o comportamento, como conduta punível, Princípio de reserva legal:
deixa de figurar em sua vida pregressa. Se vier a praticar As leis temporárias e excepcionais não derrogam o
outra infração, a conduta anterior, tornada inexistente, princípio de reserva legal, pois não se aplicam a fatos
não o poderá prejudicar. ocorridos antes de sua vigência.

E no caso de lei intermediária mais benéfica? Ultra atividade:


No caso de lei intermediária mais benéfica, pode As leis de vigência temporária (excepcionais e tem-
acontecer que o sujeito pratique o fato sob o império de porárias) são ultra ativas, no sentido de continuarem a
uma lei, surgindo, depois, sucessivamente, duas outras, ser aplicadas aos fatos praticados durante a sua vigência
regulando o mesmo comportamento, sendo a interme- mesmo depois de seu auto revogação.
diária a mais benigna. A razão é evidente. Se o criminoso soubesse ante-
O que se deve fazer é analisar os efeitos das três leis, cipadamente que estivessem destinadas a desaparecer
veremos que a primeira é ab-rogada pela intermédia e, após um determinado tempo, perdendo a sua eficácia,
sendo mais severa, não tem ultra atividade; a interme- lançaria mão de todos os meios para iludir a sanção,
diária, mais favorável que as outras duas, retroage em principalmente quando iminente o término de sua vigên-
relação à primeira e possui ultra atividade em face da cia pelo decurso de seu período de duração ou de suas
terceira; esta, mais severa, não retroage. circunstâncias determinadoras.
Se a lei temporária não tivesse eficácia após o decur-
2.2- LEI EXCEPCIONAL E TEMPORÁRIA so do lapso temporal pré-fixado, todos os que tivessem
A lei excepcional e temporária integra o tema lei pe- desobedecido a sua norma nos últimos dias de vigência
nal no tempo. ficariam impunes, pois não haveria tempo para o proces-
O Código Penal diz o seguinte: samento das ações penais antes da auto revogação.
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora de- Tal possibilidade criaria graves injustiças: uns seriam
corrido o período de sua duração ou cessadas as circuns-
condenados, outros, não. Só seriam apenados os que ti-
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
vessem praticado crimes em época bem anterior ao tér-
durante sua vigência.
mino de sua vigência.

Hipótese de não se seguir nenhuma lei, após a


auto revogação da temporária ou excepcional, regen-
do o mesmo fato:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Neste caso, não é mudada a repressão penal. O or-


denamento jurídico renascido (a lei ordinária) não pode
ser considerado lei posterior, pois não há lei alguma mais
benigna regulando o fato: a ordem jurídica é a mesma.
Faltam apenas elementos típicos temporais exigidos
pela lei intermitente.
Se não há lei posterior, não há duas leis em conflito.
Não há questão de retroatividade benéfica, pois ine-
xiste o que retroagir.

2
O problema é de ultra atividade. E o motivo da aceitação reside na circunstância de
que a obrigatoriedade da notificação não se fundou na
Hipótese de seguir-se, à lei de vigência temporá- temporariedade ou excepcionalidade.
ria, outra mais benigna e regendo o mesmo fato: Se tivesse sido colocada a doença no elenco comple-
Ocorre a retroatividade benéfica quando a lei excep- mentar por causa de uma calamidade pública, como uma
cional ou temporária posterior abrange não somente o epidemia, a solução seria no sentido da ultra atividade.
comportamento descrito pela figura típica antiga, mas
também as circunstâncias anormais que o tornaram pu- Revogação da portaria sobre tóxico:
nível ou merecedor de maior punibilidade. Retirada a referência a determinada substância tóxica
do elenco da portaria, a retroatividade benéfica opera a
Alteração do complemento da norma penal em extinção da punibilidade.
branco:
Normas penais em branco são as de definição típica 2.3- TEMPO E LUGAR DO CRIME
integradas por outra norma.
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento
Modificada esta, favorecendo o sujeito, não retroa-
da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento
gem. Damásio afirma que, só tem influência a variação
do resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
da norma complementar na lei penal em branco quando
importe em real modificação da figura abstrata do Direito A respeito do tempo do crime, existem três teorias:
Penal, e não quando importe a mera modificação de cir-
cunstância que, na realidade, deixa subsistente a norma.
Assim, a circunstância de que uma norma retire de
determinada moeda a sua natureza nenhuma influên-
cia tem sobre as decisões condenatórias existentes em
consequência de falsificação de moeda, pois não houve
variação quanto ao objeto abstrato da proteção penal.
A norma penal permanece a mesma.
Para que a retroatividade benéfica se produzisse, por
exemplo, no crime previsto no art. 173, do CP (“abuso de
incapazes”), desde que adotada a tese dos 21 anos, seria
preciso que a menoridade civil fosse alterada: modificada
esta, alterada estaria a idade do “menor” a que faz refe-
rência a figura abstrata, o que realmente veio ocorrer em
face do art. 5º, do Código Civil.
Analisando a norma penal em branco, chegamos à
conclusão de ser constituída de duas partes:
1ª) em parte é uma lei com vigência comum;
2ª) na outra deve ser atendida a excepcionalidade ou O Artigo 4º do Código Penal dispõe que:
temporariedade.
A primeira é a disposição a ser completada; a segun-
da é o complemento. Considera se praticado o crime no momento da
A primeira não possui excepcionalidade ou tempora- ação ou omissão, ainda que outro seja o momento
riedade; a segunda pode ter aqueles caracteres que lhe do resultado (tempus regit actum).
dão ultra atividade. Assim, aplica se a teoria da atividade, nos termos
Assim, revogado o art. 269, do CP, que contém uma do sistema jurídico instituído pelo Código Penal.
norma penal em branco, não se pode falar em ultra ati-
vidade em relação aos fatos praticados durante a sua vi- O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código
gência.
Penal português em que também é adotada a Teoria da
É que a conduta deixa de ser considerada ilícita e a
Atividade para o tempo do crime.
norma, que é em branco, nada tem de temporária ou ex-
cepcional. Em decorrência disso, aquele que praticou o crime no
Pode acontecer, entretanto, que a doença não denun- momento da vigência da lei anterior terá direito a aplica-
ciada pelo médico seja retirada do elenco complementar, ção da lei mais benéfica.
deixando de ser de notificação compulsória. O menor de 18 anos, por exemplo, não será consi-
Neste caso, duas hipóteses podem ocorrer: derado imputável mesmo que a consumação ocorrer
1ª) se a doença constava do elenco por motivo de quando tiver completado idade equivalente a maiorida-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

temporariedade ou excepcionalidade, o caso é de ultra de penal.


atividade; E, também, o deficiente mental será imputável, se na
2ª) se a doença fazia parte do elenco complementar época da ação era consciente, tendo sofrido moléstia
por motivo que não excepcional, o caso é de retroativi- mental tão somente na época do resultado.
dade. Novamente, observa-se a respeito dos crimes perma-
No exemplo do médico que não faz comunicação de nentes, tal como o sequestro, nos quais a ação se prolon-
moléstia legalmente considerada contagiosa, que depois ga no tempo, de modo que em se tratando de “novatio
se verifica não possuir tal característica, é de aceitar-se a legis in pejus”, nos termos da Súmula 711 do STF, a lei
retroatividade. mais grave será aplicada.

3
LUGAR DO CRIME Vamos estudar cada um desses quatro princípios.
O art. 6º, do CP dispõe que se considera praticado o
crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no Princípio da Especialidade — Lex specialis derogat ge-
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deve- nerali
ria produzir-se o resultado. Norma especial é a que possui todos os elementos da
geral e mais alguns, denominados especializantes, que
Cléber Masson ensina que: trazem um minus ou um plus de severidade.
“A aplicação do princípio da territorialidade da lei pe- É como se tivéssemos duas caixas praticamente
nal no espaço depende da identificação do lugar do cri- iguais, em que uma se diferenciasse da outra em razão
me. Várias são as teorias que buscam estabelecer o lugar de um laço, uma fita ou qualquer outro detalhe que a
do crime. torne especial.
Entre uma e outra, o fato se enquadra naquela que
Destacam-se três: tem o algo a mais.
1ª Teoria da atividade, ou da ação: Lugar do crime O infanticídio tem tudo o que o homicídio tem, e mais
é aquele em que foi praticada a conduta (ação ou omis- alguns elementos especializantes:
são);
2ª Teoria do resultado, ou do evento: Lugar do cri-
me é aquele em que se produziu ou deveria produzir-se
o resultado, pouco importando o local da prática da con-
duta; e
3ª Teoria mista ou da ubiquidade: Lugar do crime
é tanto aquele em que foi praticada a conduta (ação ou
omissão) quanto aquele em que se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.

No art. 6º, o CP adotou a teoria mista ou da ubiqui-


dade.”
Nas provas, é clássico questionar qual das teorias é
adotada pelo Código Penal.
É fácil, teoria mista ou da ubiquidade. Anote mais
uma vez: Lugar do crime é tanto aquele em que foi prati-
cada a conduta (ação ou omissão) quanto aquele em que
se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

CONFLITO APARENTE DENORMAS O tráfico internacional de drogas se distingue do con-


O conflito aparente de normas é o conflito que se trabando porque se refere, especificamente, a um deter-
estabelece entre duas ou mais normas aparentemente minado tipo de mercadoria proibida, qual seja, a subs-
aplicáveis ao mesmo fato. tância entorpecente.
Há conflito porque mais de uma pretende regular o A subtração de incapazes se diferencia do sequestro
fato, mas é aparente, porque, com efeito, apenas uma porque pressupõe que a vítima seja, especificamente,
delas acaba sendo aplicada à hipótese. menor de 18 anos ou interdito, e deve ser subtraída de
Fernando Capez nos ensina que para que se configu- quem tem a sua guarda em virtude de lei ou ordem ju-
re o conflito aparente de normas é necessária a presença dicial.
de certos elementos: O estupro é o constrangimento ilegal com uma fina-
a) unidade do fato (há somente uma infração penal);
lidade específica: submeter a mulher à conjunção carnal
b) pluralidade de normas (duas ou mais normas pre-
(embora também se possa cogitar do princípio da subsi-
tendendo regulá-lo);
diariedade nesse caso, como adiante se verá).
c) aparente aplicação de todas as normas à espécie (a
Tem-se assim, um único fato, o qual na dúvida entre
incidência de todas é apenas aparente);
uma caixa comum (a norma genérica) e uma com ele-
d) efetiva aplicação de apenas uma delas (somente
mentos especiais, opta pela última.
uma é aplicável, razão pela qual o conflito é aparente).
A regra é que a lei especial prevalece sobre a geral, a
A solução dá-se pela aplicação de alguns princípios,
os quais, ao mesmo tempo em que afastam as normas qual deixa de incidir sobre aquela hipótese.
Para se saber qual norma é geral e qual é especial,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

não incidentes, apontam aquela que realmente regula-


menta o caso concreto. não é preciso analisar o fato concreto praticado, sendo
Esses princípios são chamados de “princípios que so- suficiente que se comparem abstratamente as descrições
lucionam o conflito aparente de normas”. contidas nos tipos penais.
Quais são esses princípios? Com efeito, da mera leitura das definições típicas já se
Princípio da: sabe qual norma é especial.
a) especialidade; Na arguta observação de Damásio, “...o princípio da
b) subsidiariedade; especialidade possui uma característica que o distin-
c) consunção; gue dos demais: a prevalência da norma especial sobre
d) alternatividade. a geral se estabelece in abstracto, pela comparação das

4
definições abstratas contidas nas normas, enquanto os A norma primária não é especial, é mais ampla.
outros exigem um confronto em concreto das leis que O crime de ameaça (art. 147, do CP) cabe no de cons-
descrevem o mesmo fato”. trangimento ilegal mediante ameaça (art. 146, do CP), o
Outro dado de relevo é o de que a comparação entre qual, por sua vez, cabe dentro da extorsão (art. 158, do
as leis não se faz da mais grave para a menos grave, nem CP).
dá mais completa para a menos completa. O sequestro (art. 148, do CP) no de extorsão median-
A norma especial pode descrever tanto um crime te sequestro (art. 159, do CP).
mais leve quanto um mais grave. O disparo de arma de fogo (art. 15, da Lei nº
Não é uma relação de parte a todo, de conteúdo para 9.826/2003) cabe no de homicídio cometido mediante
continente, de menos para mais amplo. É simplesmente disparos de arma de fogo (art. 121, do CP).
de geral para especial, como se tivéssemos duas caixas Há um único fato, o qual por ser maior do que a nor-
diferenciadas uma da outra apenas por um laço ou enfei- ma subsidiária, só se pode encaixar na primária.
te especializante. No entanto, que há casos em que tanto se pode apli-
A norma especial não é necessariamente mais grave car o princípio da especialidade quanto o da subsidia-
ou mais ampla que a geral, ela é apenas especial.
riedade.
Vamos exemplificar: a norma do art. 123, do CP, que
O roubo e o estupro são especiais em relação ao
trata do infanticídio, prevalece sobre a do art. 121, que
constrangimento ilegal, mas também são mais amplos, já
cuida do homicídio, porque possui, além dos elemen-
que este último cabe tanto num quanto no outro.
tos genéricos deste último, os seguintes especializantes:
“próprio filho”, “durante o parto ou logo após” e “sob a A norma primária prevalece sobre a subsidiária, que
influência do estado puerperal”. passa a funcionar como um soldado de reserva (expres-
O infanticídio não é mais completo nem mais grave, são de Nélson Hungria, citado por Fernando Capez).
ao contrário, é bem mais brando do que o homicídio. Tenta-se aplicar a norma primária, e somente quando
É, no entanto, especial em relação àquele. isso não se ajustar ao fato concreto, recorre-se subsidia-
Sob outro aspecto, na conduta de importar cocaína, riamente à norma menos ampla.
aparentemente duas normas se aplicam: a do art. 334, do Não pode ser feita como no caso da especialidade.
CP, definindo o delito de contrabando (importar merca- Em primeiro lugar, porque, para a aplicação do princípio
doria proibida) e a do art. 33, caput, da Lei nº 10.343/2006 da subsidiariedade, é imprescindível a análise do caso
(importar drogas, ainda que gratuitamente, sem autori- concreto, sendo insuficiente a mera comparação abstrata
zação legal ou em desacordo com determinação legal ou dos tipos penais.
regulamentar). Com efeito, da mera leitura de tipos não se saberá
O tipo incriminador previsto na Lei de Drogas, em- qual deles deve ser aplicado ao caso concreto. Antes de
bora bem mais grave, é especial em relação ao contra- mais nada, é necessário verificar qual crime foi praticado
bando. Assim, a importação de qualquer mercadoria e qual foi a intenção do agente, para só então saber qual
proibida configura o delito de contrabando, mas, se ela norma incidirá.
for substância psicotrópica, esse elemento especializante Em segundo lugar, na subsidiariedade não existem
afastará a incidência do art. 334, do CP. elementos especializantes, mas descrição típica de fato
O tipo fundamental é excluído pelo qualificado ou mais abrangente e mais grave.
privilegiado, também por força do princípio da especia- O referencial é, portanto, diferente.
lidade, já que os tipos derivados possuem todos os ele- Uma norma é mais ampla do que a outra, mas não
mentos do básico, mais os especializantes. necessariamente especial.
Assim, o furto privilegiado e o qualificado prevalecem A comparação se faz de parte a todo, de conteúdo
sobre o simples. para continente, de menos para mais amplo, de menos
para mais grave, de minus a plus.
Princípio da Subsidiariedade — Lex primaria dero-
Um fato (subsidiário) está dentro do outro (primário).
gat subsidiariae
É como se tivéssemos duas caixas de tamanhos dife-
Subsidiária é aquela que descreve um grau menor de
violação de um mesmo bem jurídico, isto é, um fato me- rentes, uma (a subsidiária) cabendo na outra (primária).
nos amplo e menos grave, o qual, embora definido como Por exemplo, o agente efetua disparos de arma de
delito autônomo, encontra-se também compreendido fogo sem, no entanto, atingir a vítima.
em outro tipo como fase normal de execução de crime Aparentemente três normas são aplicáveis: o art. 132,
mais grave. do CP (periclitação da vida ou saúde de outrem); o art.
Define, portanto, como delito independente conduta 15 da Lei nº 9.826/2003 (disparo de arma de fogo); e o
art. 121 combinado com o art. 14, II, do CP (homicídio
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

que funciona como parte de um crime maior.


Dessa forma, se for cometido o fato mais amplo, duas tentado).
normas aparentemente incidirão: aquela que define esse O tipo definidor da tentativa de homicídio descreve
fato e a outra que descreve apenas uma parte ou fase um fato mais amplo e mais grave, dentro do qual cabem
dele. os dois primeiros. Assim, se ficar comprovada a intenção
A norma que descreve o “todo”, isto é, o fato mais de matar, aplica-se a norma primária, qual seja, a da ten-
abrangente, é conhecida como primária e, por força do tativa branca de homicídio; não demonstrada a voluntas
princípio da subsidiariedade, absorverá a menos ampla, sceleris (animus necandi), o agente responderá pelo cri-
que é a norma subsidiária, justamente porque esta última me de disparo, o qual é considerado mais grave do que
cabe dentro dela. a periclitação.

5
Espécies de subsidiária Aqui, ao contrário da especialidade e da subsidia-
Expressa ou explícita: riedade, não há um fato único buscando se enquadrar
A própria norma reconhece expressamente seu ca- numa ou noutra norma, mas uma sequência de situações
ráter subsidiário, admitindo incidir somente se não ficar diferentes no tempo e no espaço, ou seja, uma sucessão
caracterizado fato de maior gravidade. Exemplos: o tipo de fatos, na qual o fato mais grave absorve o menor.
penal previsto no art. 132, do CP, estabelece sua inci- Vamos ao bordão: o peixão engole o peixe, que engo-
dência “se o fato não constitui crime mais grave”; o art. le o peixinho, que engole o girino.
129, § 3º, do CP, ao definir a lesão corporal seguida de Desta forma, como todos vão parar na barriga do pei-
morte, afirma incidir se “...as circunstâncias evidenciam xão, só ele e a sua norma restarão.
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o ris- Não é a norma que absorve a outra, mas o fato que
co de produzi-lo”; e o art. 21, da Lei das Contravenções consome os demais, fazendo com que só reste uma nor-
Penais, que prevê as vias de fato, reconhece: “...se o fato ma.
não constitui crime”. Por exemplo, um sujeito dirige perigosamente (dire-
ção perigosa) até provocar, dentro do mesmo contexto
Tácita ou implícita: a norma nada diz, mas, diante do fático, um acidente fatal (homicídio culposo no trânsito).
caso concreto, verifica-se sua subsidiariedade. Exemplo: Observe que neste caso, o peixe “direção perigosa”
é absorvido pelo peixão “homicídio culposo”, restando
mediante emprego de violência, a vítima é constrangida
apenas este último crime e, por conseguinte, a norma
a entregar a sua carteira ao autor.
que o define.
Incidem aparentemente o tipo definidor do roubo
Evita-se, assim, o bis in idem, pois o fato menor esta-
(norma primária) e o do constrangimento ilegal (norma
ria sendo punido duas vezes: como parte de um todo (a
subsidiária). direção perigosa integrou a fase de execução do delito
Da mera comparação entre os tipos, sem que a lei culposo contra a vida) e como crime autônomo.
nada diga, resulta, porém, a prevalência do art. 157 sobre Utilizando uma metáfora para melhor explicar: um
o art. 146. Assim, também, no caso da ameaça em relação sujeito, irritado com um cachorrinho que lhe acena, quer
ao constrangimento ilegal. que o rabinho pare de balançar.
Para tanto, saca de sua pistola e estoura os miolos
Qual a diferença entre especialidade e subsidiarie- daquele pequeno cão. Ao matar o cão, matou o seu ra-
dade? binho, que não vai mais balançar. Assim é a consunção,
Na especialidade, é como se tivéssemos duas caixas, punindo o todo, já puniu também a parte.
cuja diferença seria algum detalhe existente em uma e
não constante na outra, tal como um laço vermelho ou Continuando com os ensinamentos de Capez, hipóte-
um papel de embrulho; na subsidiariedade há duas cai- ses em que se verifica a consunção:
xas idênticas, só que uma, menor, cabe na outra. 1ª) Crime progressivo
Ocorre quando o agente, objetivando, desde o iní-
Princípio da Consunção — Lex consumens derogat cio, produzir o resultado mais grave, pratica, por meio
consumptae de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico.
É o princípio segundo o qual um fato mais amplo e Há uma única conduta comandada por uma só vontade,
mais grave consome, isto é, absorve, outros fatos menos mas compreendida por diversos atos (crime plurissub-
amplos e graves, que funcionam como fase normal de sistente).
preparação ou execução ou como mero exaurimento. O último ato, causador do resultado inicialmente pre-
Costuma-se dizer (Fernando Capez): “o peixão (fato tendido, absorve todos os anteriores, que acarretaram
mais abrangente) engole os peixinhos (fatos que inte- violações em menor grau.
gram aquele como sua parte)”. Por exemplo, revoltado porque sua esposa lhe ser-
viu sopa fria, após um longo e cansativo dia de trabalho,
o marido arma-se de um pedaço de pau e, desde logo,
Qual a diferença entre a Subsidiariedade e a Com-
decidido a cometer o homicídio (uma única vontade),
paração?
desfere inúmeros golpes contra a cabeça da vítima até
É muito tênue a linha diferenciadora que separa a
matá-la (vários atos).
consunção da subsidiariedade. Como se nota, há uma única ação, isto é, um único
Na verdade, a distinção está apenas no enfoque dado crime (um homicídio), comandado por uma única vonta-
na incidência do princípio. de (a de matar), mas constituído por vários atos, progres-
Na subsidiariedade, em função do fato concreto pra- sivamente mais graves.
ticado, comparam-se as normas para se saber qual é a
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Aplicando-se o princípio da consunção, temos que


aplicável. o último golpe, causador do resultado letal, absorve os
Na consunção, sem recorrer às normas, comparam-se anteriores (peixão engole peixinhos), respondendo o
os fatos, verificando-se que o mais grave absorve todos agente somente pelo homicídio (as lesões corporais são
os demais. absorvidas).
O fato principal absorve o acessório, sobrando ape- Há quatro elementos:
nas a norma que o regula. A comparação, portanto, é a) unidade de elemento subjetivo (desde o início, há
estabelecida entre fatos e não entre normas, de maneira uma única vontade);
que o mais perfeito, o mais completo, o “todo”, prevalece b) unidade de fato (há um só crime, comandado por
sobre a parte. uma única vontade);

6
c) pluralidade de atos (se houvesse um único ato, não • Progressividade na lesão ao bem jurídico (o pri-
haveria que se falar em absorção); meiro crime, isto é, a primeira sequência voluntária de
d) progressividade na lesão ao bem jurídico (os atos atos, provoca uma lesão menos grave do que o último e,
violam de forma cada vez mais intensa o bem jurídico, por essa razão, acaba por ele absorvido).
ficando os anteriores absorvidos pelo mais grave).
O agente só responde pelo resultado mais grave, fi- b) Fato anterior (“ante factum”) não punível: sempre
cando absorvidas as lesões anteriores ao bem jurídico. que um fato anterior menos grave for praticado como
meio necessário para a realização de outro mais grave,
2ª) Crime complexo ficará por este absorvido.
É o que resulta da fusão de dois ou mais delitos au- Note que o fato anterior que integra a fase de prepa-
tônomos, que passam a funcionar como elementares ou ração ou de execução somente será absorvido se for de
circunstâncias no tipo complexo. menor gravidade (somente o “peixinho” é engolido pelo
O fato complexo absorve os fatos autônomos que o “peixão”, e não o contrário).
integram, prevalecendo o tipo resultante da reunião da- Exemplo, o agente falsifica uma carteira de identidade
queles. e com ela comete um estelionato. Responde pelos dois
Por exemplo, latrocínio (constituído pelo roubo + crimes, pois o documento falsificado poderá ser usado
homicídio). Aplica-se o princípio da consunção, porque em inúmeras outras fraudes.
os fatos componentes do tipo complexo ficam absorvi- Se, contudo, falsificasse a assinatura de um fólio de
dos pelo crime resultante de sua fusão (o autor somente cheque e o passasse a um comerciante, só responderia
responde pelo latrocínio, ficando o roubo e o homicídio pelo estelionato, pois não poderia usar aquela folha falsa
absorvidos). em nenhuma outra fraude.
O que se crítica é que o falso, crime mais grave, não
3ª) Progressão criminosa poderia ser absorvido pelo estelionato. Aplicou-se, en-
Compreende três subespécies, quais sejam: tretanto, no caso, a progressão criminosa, na modalidade
a) Progressão criminosa em sentido estrito: nessa hi- fato anterior não punível.
pótese, o agente deseja inicialmente produzir um resul-
tado e, após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar sua c) Fato posterior (“post factum”) não punível: ocorre
agressão produzindo uma lesão mais grave. quando, após realizada a conduta, o agente pratica novo
ataque contra o mesmo bem jurídico, visando apenas ti-
Distingue-se do crime progressivo, porque, enquanto
rar proveito da prática anterior.
neste há unidade de desígnios (desde logo o agente já
O fato posterior é tomado como mero exaurimento.
quer o resultado mais grave), na progressão criminosa
Por exemplo, após o furto, o agente vende ou destrói
ocorre pluralidade de elemento subjetivo, ou seja, plu-
a coisa.
ralidade de vontades (inicialmente quer um resultado e,
Há uma regra que auxilia na aplicação do princípio da
após atingi-lo, muda de ideia e resolve provocar outro de
consunção, segundo a qual, quando os crimes são come-
maior gravidade). tidos no mesmo contexto fático, opera-se a absorção do
No exemplo dado para o crime progressivo, imagine- menos grave pelo de maior gravidade.
mos que o marido queira inicialmente ferir sua esposa, Sendo destacados os momentos, responderá o agen-
isto é, cometer um crime de lesões corporais. te por todos os crimes em concurso.
Posteriormente, com a vítima já prostrada ao solo, Assim, por exemplo, se o sujeito é agredido em um
surge a intenção de matá-la, o que acaba sendo feito. boteco e, jurando vingança, dirige-se ao seu domicílio ali
Desse modo, no crime progressivo há um só crime, co- nas proximidades, arma-se e retorna ao local, logo em
mandado por uma única vontade, no qual o ato final, seguida, para matar seu algoz, não responderá pelo por-
mais grave, absorve os anteriores, ao passo que na pro- te ilegal e disparo da arma de fogo em concurso com o
gressão criminosa há mais de uma vontade, correspon- homicídio doloso, já que tudo se passou na mesma cena,
dente a mais de um crime, ficando o crime mais leve ab- em um mero desdobramento de ações até o resultado
sorvido pelo de maior gravidade. final.
Embora haja condutas distintas (cada sequência de Neste caso, o porte e o disparo integram o homicí-
atos comandada pela vontade corresponde a uma con- dio como parte de seu iter criminis, de maneira que os
duta, logo, para cada vontade, uma conduta), o agente punir autonomamente implicaria bis in idem inaceitável,
só responde pelo fato final, mais grave. pois já foram punidos como partes de um todo (a ação
Os fatos anteriores ficam absorvidos. homicida).
Ao contrário, se um larápio perambula a noite inteira
Elementos da progressão criminosa em sentido es- com um revólver pelas ruas, até que, ao nascer do sol,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

trito: encontra uma desafortunada vítima, a qual vem a assal-


• Pluralidade de desígnios (o agente inicialmente tar, haverá concurso de crimes entre o porte ilegal e o
deseja praticar um crime e, após cometê-lo, resolve prati- roubo, dada a diversidade dos momentos consumativos
car outro de maior gravidade, o que demonstra existirem e dos contextos em que os delitos foram cometidos.
duas ou mais vontades). O mesmo ocorre com a embriaguez ao volante e a
• Pluralidade de fatos (ao contrário do crime pro- direção perigosa em relação ao subsequente crime cul-
gressivo, em que há um único fato delituoso composto poso de trânsito: se tudo ocorreu na mesma situação,
de diversos atos, na progressão criminosa existe mais de consunção, caso contrário, concurso material entre as
um crime, correspondente a mais de uma vontade). infrações.

7
Princípio da Alternatividade
Ocorre, ainda seguindo os ensinamentos de Capez, quando a norma descreve várias formas de realização da figura
típica, em que a realização de uma ou de todas configura um único crime.
São os chamados tipos mistos alternativos, os quais descrevem crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado.
Por exemplo: o art. 33, caput, da Lei nº 10.343/2006 (Lei de Drogas), que descreve dezoito formas de prática do tráfi-
co ilícito de drogas, mas tanto a realização de uma quanto a de várias modalidades configurará sempre um único crime.
Não há propriamente conflito entre normas, mas conflito interno na própria norma. Além do mais, o princípio da
consunção resolve com vantagem o mesmo conflito.
Veja, se o agente importa heroína, transporta maconha e vende ópio, não resta dúvida de que cometeu três crimes
diferentes e vai responder por eles em concurso material. Não há que se falar em alternatividade.
Por quê?
Porque não existe nexo causal entre as condutas.
Ora, existindo relação de causalidade entre as condutas, como no caso de um agente que importa, transporta,
expõe à venda e vende maconha, haverá um único crime, não por aplicação do princípio da alternatividade, mas da
consunção.
A alternatividade nada mais representa do que a aplicação do princípio da consunção, com um nome diferente.
Com efeito, no citado caso do art. 33, caput, da Lei de Drogas (Lei n. 10.343/2006), se o agente importa cocaína,
transporta esta droga e depois a vende, ninguém põe em dúvida tratar-se de um só delito de tráfico, ficando as figuras
posteriores do transporte e da venda absorvidas pela importação (delito mais grave).
Neste caso, foi o nexo de causalidade entre os comportamentos e a similitude dos contextos fáticos que caracteri-
zou a absorção dos peixes menores pelo peixão do tráfico internacional (importação de droga).
Isto nada mais é do que a incidência da teoria do post factum não punível, hipótese de consunção.
Em contrapartida, se o agente importa morfina, transporta cocaína e vende ópio, haverá três crimes diferentes em
concurso, tendo em vista que um nada tem que ver com o outro. Não se opera a consunção, dada a diversidade de
contextos.
Assim, a questão passa a ser puramente terminológica.
Chama-se alternatividade à consunção que se opera dentro de um mesmo tipo legal entre condutas integrantes de
normas mistas. Portanto, a alternatividade é a consunção que resolve conflito entre condutas previstas na
mesma norma e não um conflito entre normas.

2.4- TERRITORIALIDADE E EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL


Art. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime co-
metido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves bra-
sileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves
e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspon-
dente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da norma penal a fatos cometidos no Brasil:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

8
O Território nacional abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares inte-
riores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12 milhas) e espaço aéreo.
Os § 1º e 2º do art. 5ºdo Código Penal esclarecem ainda que:

“Para os efeitos penais, consideram se como extensão do território nacional as embarcações e aerona-
ves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar” (§ 1º).

“É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estran-
geiras de propriedade privada, achando se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil” (§ 2º).

No art. 7º, do CP, ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos criminosos ocorridos no exterior.

A extraterritorialidade possui os seguintes princípios norteadores:


a) Princípio da nacionalidade ativa. Aplica-se a lei nacional do autor do crime, qualquer que tenha sido o local da
infração.
b) Princípio da nacionalidade passiva. A lei nacional do autor do crime aplica-se quando este for praticado contra
bem jurídico de seu próprio Estado ou contra pessoa de sua nacionalidade.
c) Princípio da defesa real. Prevalece a lei referente à nacionalidade do bem jurídico lesado, qualquer que tenha sido
o local da infração ou a nacionalidade do autor do delito. É também chamado de princípio da proteção.
d) Princípio da justiça universal. Todo Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade
do sujeito ativo e passivo, e o local da infração, desde que o agente esteja dentro de seu território (que tenha voltado
a seu país, p. ex.).
e) Princípio da representação. A lei nacional é aplicável aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves e em-
barcações privadas, desde que não julgados no local do crime.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

9
Sobre a pena cumprida no estrangeiro, a regra conti- 2.5.2 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MODO
da no art. 8º, do CP, estabelece que a pena no estrangei- Gramatical, filológica ou literal- considera o sentido
ro será atenua em relação a pena imposta no Brasil pelo literal das palavras.
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, Teleológica, se refere à intenção objetivada pela lei.
quando idênticas. Exemplo: proibir a entrada de acessórios de celular,
A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei mesmo que a lei se refira apenas ao aparelho.
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, Histórica, indaga a origem da lei.
pode ser homologada no Brasil para: Sistemática, interpretação em conjunto com a legis-
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a resti- lação em vigor e com os princípios gerais do direito.
tuições e a outros efeitos civis; Progressiva ou evolutiva, busca o significado legal
II - sujeitá-lo a medida de segurança. de acordo com o progresso da ciência.
Parágrafo único: 2.5.3 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO RESULTA-
A homologação depende: DO
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da Declarativa ou declaratória, é aquela em que a letra
parte interessada; da lei corresponde exatamente àquilo que a ela quis di-
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de zer, sem restringir ou estender seu sentido.
extradição com o país de cuja autoridade judiciária ema- Restritiva, a interpretação reduz o alcance das pala-
nou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do vras da lei para corresponder à intenção do legislador.
Ministro da Justiça. Extensiva, amplia o alcance das palavras da lei para
corresponder à sua vontade.

2.5.4 INTERPRETAÇÃO SUI GENERIS


A interpretação sui generis pode ser exofórica ou en-
dofórica.
Veja:
Exofórica, o significado da norma interpretativa não
está no ordenamento normativo (exemplo: erro de tipo).
Endofórica, o texto normativo interpretado empresta
o sentido de outros textos do próprio ordenamento jurí-
dico (muito usada nas normas penais em branco).

2.5.5 INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTI-


TUIÇÃO
A Constituição Federal informa e conforma as normas
hierarquicamente inferiores. Esta é uma importante for-
ma de interpretação no Estado Democrático de Direito.

2.5.6 DISTINÇÃO ENTRE INTERPRETAÇÃO EX-


TENSIVA E INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
2.5 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcan-
A interpretação é medida necessária para que com- ce das palavras, a analógica fornece exemplos encer-
preendamos o verdadeiro sentido da norma e seu alcan- rados de forma genérica, permitindo ao juiz encontrar
ce. outras hipóteses, funcionando como uma analogia in
Na interpretação, há lei para regular o caso em con- malan partem admitida pela lei.
creto, assim, apenas deverá ser extraído do conteúdo Rogério Greco fala em interpretação extensiva em
normativo sua vontade e seu alcance para que possa re- sentido amplo, a qual abrange a interpretação extensiva
gular o fato jurídico. em sentido estrito e interpretação analógica.

2.5.1 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO SUJEITO


Autêntica ou legislativa, aquela fornecida pela pró-
pria lei. EXERCÍCIO COMENTADO
Exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser con-
siderado funcionário público para fins penais. 1. (TRF5 – Analista Judiciário – Área Jurídica – FCC –
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Doutrinária ou científica, aquela aduzida pelo jurista 2017) Sobre a aplicação da lei penal, é correto afirmar
por meio de sua doutrina. que
Jurisprudencial, é o significado da lei dado pelos Tri-
bunais, exemplo, súmulas. A. o Código Penal adotou o princípio da territorialida-
Ressalta-se que a Exposição dos Motivos do Código de, em relação à aplicação da lei penal no espaço. Tal
Penal configura uma interpretação doutrinária, pois foi princípio é absoluto, não admitindo qualquer exceção.
elaborada pelos doutos que criaram o Código, ao passo B. transitada em julgado a sentença condenatória, com-
que a Exposição de Motivos do Código de Processo Pe- pete ao Juízo do Conhecimento a aplicação da lei mais
nal é autêntica ou legislativa, pois foi criada por lei. benigna.

10
C. a lei aplicável para os crimes permanentes será aquela vigente quando se iniciou a conduta criminosa do agente.
D. quando a abolitio criminis se verificar depois do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, extinguir-se-ão
todos os efeitos penais e extrapenais da condenação.
E. a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência.

GABARITO OFICIAL: E
Vamos ao texto de lei: Art. 3º - CP: A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA.

Os crimes contra a fé pública são divididos da seguinte forma:

10.1 DO MOEDA FALSA


O crime de moeda falsa, previsto no Artigo 289 do Código Penal, tem como figura típica a seguinte conduta: fal-
sificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro.
Este crime pode ser praticado de duas formas:

Sobre o crime de moeda falsa, é importante levar em consideração o seguinte:


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

 É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


 Não admite a modalidade culposa, podendo ser praticado somente a título de dolo;
 Admite a tentativa;
 Segundo posicionamento doutrinário majoritário, para configuração deste crime, a falsificação ou alteração
não podem ser grosseiras (aquela vista a olho nu por qualquer pessoa dotada de capacidade mediana) – neste caso,
estaremos diante de conduta que configura crime impossível em relação ao crime de moeda falsa;

Contudo, caso a falsificação seja grosseira, o seu uso pode caracterizar o crime de estelionato, conforme entendi-
mento sumulado do STJ.

11
O crime de moeda falsa possui formas qualifica-
das.
Responderá pelo crime de moeda falsa na modali-
dade qualificada:
1. O funcionário público ou diretor, gerente, ou
fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza
a fabricação ou emissão de moeda com título ou peso
 Exige-se que a moeda metálica ou papel-moeda inferior ao determinado em lei ou de papel-moeda
tenham curso legal no país ou no estrangeiro. Caso não em quantidade superior à autorizada;
tenham, ou estejam foram de circulação, não irá se con- Neste caso, trata-se de crime próprio, que so-
figurar este crime mente poderá ser praticado pelo funcionário público ou
Configurará o crime de circulação de moeda falsa, diretor, gerente ou fiscal de banco de emissão.
incorrendo na mesma pena do crime de moeda falsa, 2. Quem desvia e faz circular moeda, cuja circu-
a conduta do agente que, por conta própria ou alheia, lação não estava ainda autorizada.
importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, em- O crime de moeda falsa na modalidade qualificada
presta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. não admite a forma culposa.
Sobre o crime de circulação de moeda falsa, Os crimes relacionados à moeda falsa são processa-
fique atento às seguintes informações: dos e julgados pela Justiça Federal, mediante ação pe-
 É crime de ação múltipla, que se configura com nal pública incondicionada (lembre-se que, caso se trate
a prática de quaisquer um dos verbos descritos no tipo de falsificação grosseira, poderá caracterizar o estelionato,
penal; de competência da Justiça Estadual);
Caso o agente pratique mais de um verbo, no
mesmo contexto fático, responderá por apenas um crime
de circulação de moeda falsa.
 O crime somente poderá ser praticado dolo-
samente, portanto, é necessário que o agente saiba ou
tenha dúvida sobre a falsidade da moeda;
 Admite tentativa; 10.2 Crimes Assimilados ao de Moeda Falsa
 É crime comum, que pode ser praticado por Praticará crime assimilado ao de moeda falsa,
qualquer pessoa, salvo aquele que falsifica a moeda – previsto no Artigo 290 do Código Penal, o agente que
não se trata de hipótese de concurso de crimes, assim, formar cédula, nota ou bilhete representativo de
caso o agente falsifique a moeda e a guarde, responderá moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes
apenas pelo crime de moeda falsa; verdadeiros; suprimir em nota, cédula ou bilhete reco-
Se o agente recebe a moeda de boa-fé, mas, para não lhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indi-
ficar no prejuízo, a restitui à circulação. Ele responderá cativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula,
criminalmente? nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para
Sim. A resposta é positiva. o fim de inutilização.
Neste caso, responderá o agente pelo crime de cir- O crime assimilado ao de moeda falsa poderá ser pra-
culação de moeda falsa na modalidade privilegiada, com ticado mediante a prática das seguintes condutas:
uma pena bem mais branda em relação aos outros dois 1. Formar cédula, nota ou bilhete representativo
tipos penais que já estudamos. de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes
verdadeiros – aqui, o agente monta uma nova cédula,
nota ou bilhete representativo de moeda, utilizando-
-se de fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes que
são verdadeiros;

2. Suprimir em nota, cédula ou bilhete recolhidos,


para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de
sua inutilização – aqui, a nota, cédula ou bilhete estão
recolhidos e inutilizados. O agente, com a finalidade
de restituí-los à circulação, retira (suprimi) o sinal in-
dicativo de inutilização;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Sobre o crime de circulação de moeda falsa 3. Restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em
privilegiada, fique atento ao seguinte: tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização
 O recebimento da moeda se dá de boa-fé (o – aqui, é punida a conduta do agente que devolve à
agente acredita que é verdadeira). A restituição à circula- circulação cédula, nota ou bilhete que já estão reco-
ção deve se dar dolosamente (o agente já conhece sobre lhidos para fins de inutilização ou que se encontrem
a falsidade da moeda); em uma das condições analisadas logo acima.
 É crime comum, que pode ser praticado por
qualquer pessoa, exceto o falsificador; Sobre o crime assimilado à moeda falsa, é impor-
 Admite tentativa. tante ficar atento ao seguinte:

12
 É crime comum, que pode ser praticado por 10.4 EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM
qualquer pessoa. PERMISSÃO LEGAL
Este crime, previsto no Artigo 292 do Código Penal,
irá se configurar quando o agente emitir, sem permis-
são legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha
promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a
que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser
pago.
Considera-se menos grave a conduta de quem uti-
liza nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha
promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou
a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva
ser pago como dinheiro.
Sobre o crime de emissão de título ao portador
sem permissão legal, é importante ficar atento ao se-
guinte:
 Não admite a modalidade culposa (só poderá  Exige-se que o agente não tenha permissão le-
ser praticado dolosamente); gal para a emissão, caso a tenha, o fato será atípico;
 Admite tentativa.  Não admite a modalidade culposa (deve ser
 É processado e julgado pelo Justiça Federal, praticado dolosamente);
mediante ação penal pública incondicionada;  É crime comum, que pode ser praticado por
 Trata-se de tipo penal misto alternativo, que qualquer pessoa;
se consuma com a prática de quaisquer das condutas
previstas no tipo penal. 10.5 FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS
O crime de falsificação de papéis públicos está previs-
10.3 Petrechos para Emissão de Moeda
to no Artigo 293 do Código Penal.
Este crime, previsto no Artigo 291 do Código Penal,
É um tipo penal bastante extenso, que irá se configu-
tem como figura típica a seguinte conduta: fabricar, ad-
rar quando o agente falsificar, fabricando-os ou alte-
quirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou
rando-os:
guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qual-
quer objeto especialmente destinado à falsificação de
 Selo destinado a controle tributário, papel
moeda.
selado ou qualquer papel de emissão legal destinado
O objeto material deste crime é o maquinismo, apa-
relho, instrumento ou qualquer objeto especialmente à arrecadação de tributo;
destinado à falsificação de moeda. Logo, exige-se que o  Papel de crédito público que não seja moeda
equipamento tenha destinação específica, não configu- de curso legal;
rando este tipo penal caso o equipamento tenha outras  Vale postal;
finalidades e também possa, de alguma forma, ser utili-  Cautela de penhor, caderneta de depósito de
zado para falsificar moeda. caixa econômica ou de outro estabelecimento manti-
Temos aqui uma conduta que constitui exceção à pu- do por entidade de direito público;
nição de um crime a partir do momento em que se inicia  Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro
a execução do crime. Assim, caso um agente tenha a fi- documento relativo à arrecadação de rendas públicas
nalidade de falsificar moeda e, para isso, adquira um apa- ou a depósito ou caução porque o poder público seja
relho, mesmo que não inicie a execução da falsificação, responsável;
poderá ser responsabilizado criminalmente pelos atos  Bilhete, passe ou conhecimento de empresa
preparatórios, que constituem crime autônomo. de transporte administrada pela União, por Estado ou
Sobre o crime de petrechos para emissão de por Município.
moeda, é importante ficar atento ao seguinte: Este tipo penal poderá ser praticado com a falsifica-
 É crime de ação múltipla, que poderá ser pra- ção de quaisquer um dos documentos vistos acima, de
ticado por meio da execução de quaisquer um dos ver- duas formas: fabricando-os (neste caso, o agente cria
bos previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, fornecer, um documento) ou alterando-os (o agente altera docu-
possuir ou guardar. mento já existente).
É crime comum, que pode ser praticado por Existem formas equiparadas ao crime de falsifi-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL


qualquer pessoa; cação de papéis públicos, incorrendo o agente nas mes-
 O crime se configura ainda que o agente prati- mas penas deste.
que as condutas descritas no tipo penal sem finalidade
onerosa; Nas mesmas penas irá incorrer aquele que:
 No verbo guardar, trata-se de crime perma- 1. Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos
nente, que admite a prisão em flagrante enquanto não papéis falsificados a que se refere este artigo;
se cessar a permanência; 2. Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
 Não admite a forma culposa; empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo
 Admite tentativa. falsificado destinado a controle tributário;

13
3. Importa, exporta, adquire, vende, expõe à Sobre o crime de petrechos de falsificação, é impor-
venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, em- tante que você leve para a sua prova as seguintes infor-
presta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em mações:
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade  É crime de ação múltipla, que poderá ser pra-
comercial ou industrial, produto ou mercadoria: ticado mediante a execução de quaisquer um dos verbos
a) Em que tenha sido aplicado selo que se desti- previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, fornecer, pos-
ne a controle tributário, falsificado; suir ou guardar;
b) Sem selo oficial, nos casos em que a legis-  É crime comum, que poderá ser praticado por
lação tributária determina a obrigatoriedade de sua qualquer agente;
aplicação. Entretanto, caso o crime seja praticado por fun-
cionário público, prevalecendo-se este do cargo, a pena
O tipo penal do crime de falsificação de papéis públi- será aumentada da sexta parte (1/6).
cos apresenta três modalidades em que a pena será mais
branda se comparada ao tipo penal principal e às formas
equiparadas, que tem como pena a reclusão de dois a
oito anos e multa:
 Aquele que suprimir, em qualquer dos papéis
vistos logo acima, quando legítimos, com o fim de tor-
ná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo  Assim como o crime de petrecho para falsifica-
de sua inutilização, incorrerá na pena de reclusão de um ção de moeda, o objeto deve ser destinado especial-
a quatro anos e multa; mente para falsificar os papéis previstos no Artigo
 Aquele que usar os papéis, depois de alterados 293, caso o objeto tenha outras finalidades (tem outras
(após a supressão de carimbo ou sinal indicativo de inu- utilidades e também serve para falsificar papéis), não há
tilização, quando legítimos, com o fim de torná-los uti- que se falar na prática deste tipo penal;
lizáveis), incorrerá na pena de reclusão de um a quatro  Só poderá ser praticado dolosamente;
anos e multa;  Admite a modalidade tentada;
 Aquele que usar ou restituir à circulação, embo-  No verbo guardar, trata-se de crime perma-
ra recebido de boa-fé, qualquer dos papeis falsificados nente, protraindo-se a conduta no tempo.
ou alterados, depois de conhecer a falsidade ou altera-
ção, incorrerá na pena de detenção, de seis meses a dois 10.6 FALSIDADE DOCUMENTAL
anos, ou multa 10.6.1 FALSIFICAÇÃO DE SELO OU SINAL PÚBLI-
CO
O crime de falsificação de selo ou sinal público,
que está previsto no Artigo 296 do Código Penal, confi-
gura-se com a prática da seguinte conduta típica: falsi-
ficar, fabricando-os ou alterando-os selo público des-
tinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou
de Município ou selo ou sinal atribuído por lei a entidade
de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de
tabelião.

Sobre o crime de falsificação de papéis públicos, é


importante levar em consideração o seguinte:
 É crime comum, que pode ser praticado por
qualquer pessoa;
 Só admite a modalidade dolosa – não pode
ser praticado culposamente;
 Caso a falsificação seja grosseira, haverá a atipi-
cidade deste crime;
 Admite a tentativa; São condutas equiparadas ao crime de falsificação
Se o papel for de emissão da União, será proces- de selo ou sinal público, incorrendo nas mesmas penas
NOÇÕES DE DIREITO PENAL


sado e julgado pela Justiça Federal; o agente que:
1. Faz uso do selo ou sinal falsificado;
10.5 Petrechos de Falsificação 2. Utiliza indevidamente o selo ou sinal verda-
Cometerá este crime, previsto no Artigo 294 do Có- deiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou
digo Penal, o agente que fabricar, adquirir, fornecer, alheio.
possuir ou guardar objeto especialmente destinado à 3. Altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
falsificação de qualquer dos papeis previstos no cri- logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados
me de falsificação de papéis públicos (Artigo 293 do ou identificadores de órgãos ou entidades da Adminis-
Código Penal). tração Pública.

14
Sobre este crime, é importante que você leve em consideração as seguintes disposições:
 É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.

 Só pode ser praticado dolosamente;


 Admite a modalidade tentada, já que se trata de crime plurissubsistente;
 A falsificação pode se dar de 2 (duas formas): com a fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com a alte-
ração (o agente modifica o selo ou sinal);
 Trata-se de crime de forma livre, que pode ser praticado de qualquer modo pelo agente.

10.6.2 Falsificação de Documento Público


Este crime está previsto no Artigo 297 do Código Penal. A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em
parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro.

O crime pode ser praticado das seguintes formas:

Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria um documento público falso ou modifica o documento públi-
co verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
Você não pode confundir a falsidade material com a falsidade ideológica.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

15
Sobre o crime de falsificação de documento público, é importante que você leve em consideração as seguin-
tes informações:
 É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;
Caso o agente seja funcionário público e se prevaleça do cargo para praticar o fato, a pena será aumentada da
sexta parte (aumento de 1/6).

 Não admite a modalidade culposa – só pode ser praticado dolosamente;


 Não exige dolo específico – especial fim de agir;
 Admite a tentativa;
 O objeto material do crime é o documento público.

É muito importante que você saiba o que é documento público, para fins de configuração deste crime, já que existe,
também, o crime de falsificação de documento particular, já que eles são apenados de formas diferentes, sendo aquele
mais grave do que este.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Para fins de concurso público, pode-se conceituar documento público como aquele emitido por funcionário
público, no exercício de suas funções, a serviço da União, estados-membros, Distrito Federal ou municípios (emitido
por órgãos ou entidades públicas).
Porém, o Código Penal equipara alguns outros documentos, embora emitidos por particulares, a documento pú-
blico.

O título ao portador é documento de crédito que não informa o seu beneficiário, a exemplo do cheque no valor
de até R$ 100,00 (cem reais). O endosso é uma forma de transferir a propriedade de um título (do endossante para o
endossatário), como os cheques em geral e as notas promissórias, que constituem exemplos de títulos transmissíveis
por endosso.

16
 Sobre este crime, há uma importante súmula do STJ:
Súmula 16. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Esta súmula se refere à aplicação do princípio da consunção ou absorção. Quando o crime de falsificação de
documento público for meio para praticar o crime de estelionato, será por este absorvido.
Agente que, para obter ilícita vantagem em prejuízo de terceiro, altera sua carteira de identidade verdadeira, res-
ponderá apenas pelo crime de estelionato caso a potencialidade lesiva da falsificação fique exaurida com a prática do
estelionato.
 Caso a falsificação ou alteração sejam grosseiras, haverá atipicidade deste crime, podendo configurar outra
infração penal.

10.6.3 FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR


O crime de falsificação de documento particular, que está previsto no Artigo 298 do Código Penal, irá se con-
figurar quando o agente falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro.
A conduta é igual ao crime de falsificação de documento público, sendo diferente no que se refere ao objeto
material do crime. Estes crimes também se diferenciam em relação à pena cominada.

Professor, mas o que é documento particular?


Amigos, vamos levar para a nossa prova o critério da exclusão. Será documento particular aquele que não
é documento público, nem equiparado a documento público.
Neste crime, a falsidade também é material, alterando-se a forma estrutural do documento, podendo o conteúdo
ser verdadeiro ou não.
Sobre o crime de falsificação de documento particular, é importante que você fique atento ao seguinte:
 É crime comum;
 Admite a tentativa;
 Só pode ser praticado dolosamente;
 Não exige especial fim de agir (dolo específico);
 Aplica-se a Súmula 17 do STJ: quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido;
 Se a falsificação for grosseira, não irá se configurar este crime, mas poderá se configurar outro tipo penal.
Para fins de aplicação deste crime, equipara-se a documento público o cartão de crédito ou de débito.

10.6.4 Falsidade Ideológica


Este crime está previsto no Artigo 299 do Código Penal.
Configura-se com a prática da seguinte conduta típica: omitir, em documento público ou particular, declara-
ção que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
com o fim de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Professor, a falsidade ideológica pode ser praticada tanto em documento público quanto em documento particular?
Sim, guerreiros. A resposta é positiva. Entretanto, a pena será distinta.
1. Documento público: reclusão, de um a cinco anos, e multa;

17
2. Documento particular: reclusão, de um a três
anos, e multa.
O tipo penal deste crime apresenta causa de aumento
de pena.

Sobre o crime de falso reconhecimento de firma


ou letra, você deve ficar atento ao seguinte:
 É crime próprio, que só poderá ser praticado
pelo funcionário público que pode reconhecer firma ou
letra;
Em relação ao crime de falsidade ideológica, é im- Admite a participação de particular, desde que
portante que você leve em consideração as seguintes conheça a condição de funcionário público do agente;
informações:  Só poderá ser praticado dolosamente;
 É crime comum;  Não exige fim especial de agir (dolo específi-
Atenção: se praticado por funcionário público, co);
que se prevalece do cargo, haverá aumento de pena de  Segundo posicionamento que prevalece, trata-
1/6 (um sexto). -se de crime plurissubsistente, que admite, portanto,
Não basta que seja praticado por funcionário público, a tentativa;
para se aplicar a causa de aumento da pena, mas, tam-  A ação penal será pública incondicionada;
bém, que ele se prevaleça do cargo para praticar o crime.
 Não admite a modalidade culposa – só pode 10.6.6 CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICA-
ser praticado dolosamente; MENTE FALSO
 Exige-se dolo específico (especial fim de agir): Este crime está previsto no artigo 301, do CP.
fim de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a Conduta típica: atestar ou certificar falsa-
verdade sobre fato juridicamente relevante. mente, em razão de função pública, fato ou circunstân-
Caso a conduta seja praticada sem uma das fina- cia que habilite alguém a obter cargo público, isenção de
lidades específicas vistas acima, o crime não irá se confi- ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
gurar. vantagem.
 Admite a modalidade tentada nas condutas Sobre este crime, é importante levar em con-
sideração o seguinte:
comissivas, mas não admite, segundo posicionamento
 Trata-se de crime próprio, que só pode ser pra-
doutrinário majoritário, na conduta omissiva (omitir);
ticado por funcionário público, em razão da função pú-
 Neste crime, a forma do documento segue in-
blica;
tacta; o que se falsifica é o conteúdo das informações
Admite o concurso de pessoas com particulares,
contidas no documento público ou particular (com a
desde que estes conheçam sobre a situação de funcioná-
omissão de declaração ou com a declaração falsa).
rio público;
Inserir informação falsa em currículo Lattes não
 Não admite a modalidade culposa;
configura o crime de falsidade ideológica, segundo  Admite a forma tentada;
posicionamento do STJ.  É crime de ação múltipla, que pode se configurar
com a prática de quaisquer um dos verbos previstos no
10.6.5 FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU tipo penal: atestar ou certificar;
LETRA  Para a configuração deste crime, exige-se
Previsto no Artigo 300, do CP, este crime se con- que a certificação ou atestado se deem para as finali-
figura com a prática da seguinte conduta típica: reco- dades previstas no tipo penal: habilitar alguém a obter
nhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, cargo público; isentar de ônus ou de serviço de caráter
firma ou letra que o não seja. público, ou qualquer outra vantagem.
Entendam da seguinte forma:  Caso o crime tenha como finalidade a ob-
Firma = assinatura; tenção de lucro (finalidade específica), será aplicada,
Letra = manuscrito daquele que assina. além da pena privativa de liberdade, a pena de multa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Ainda no artigo 301, do CP, parágrafo 1º, temos um


outro tipo penal: Certidão ou Atestado Ideologica-
mente Falso.
O crime de certidão ou atestado ideologicamente fal-
so irá se configurar quando o agente falsificar, no todo
ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de
certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato
ou circunstância que habilite alguém a obter cargo públi-
A pena do crime será distinta conforme a natureza do co, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou
documento: qualquer outra vantagem.

18
Sobre este crime, é importante levar em conside- Sobre este crime, é importante ficar atento ao se-
ração o seguinte: guinte:
 É crime comum, que poderá ser praticado por  É crime comum, que pode ser praticado por
qualquer pessoa; qualquer pessoa;
 Só pode ser praticado dolosamente – não ad-  Não admite a forma culposa – deve ser pratica-
mite a forma culposa; do dolosamente;
 Admite a modalidade tentada;  Em regra, não exige dolo específico, salvo no
 É crime de ação múltipla, que pode ser pratica- caso da conduta prevista no Artigo 303, Parágrafo único:
do mediante a execução de quaisquer uma das seguintes na mesma pena incorre quem, para fins de comércio,
condutas: faz uso do selo ou peça filatélica.
Se a reprodução ou alteração se derem pelo mesmo
1. Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou cer-
agente que fez uso para comércio, responderá ele por
tidão;
crime único.
2. Alterar o teor de certidão ou atestado verda-
 É crime plurissubjetivo, que admite a modali-
deiro. dade tentada;
 Caso o crime tenha como finalidade a ob-  Para que o crime se configure, é necessário que
tenção de lucro (finalidade específica), será aplicada, o selo ou peça filatélica tenham valor para fins de cole-
também, a pena de multa. ção;
A conduta não será típica caso a reprodução ou a
10.6.7 Falsidade de Atestado Médico alteração estejam visivelmente anotadas na face ou no
O crime de falsidade de atestado médico está previs- verso do selo ou peça.
to no Artigo 302 do Código Penal.
Este crime tem como figura típica a seguinte conduta: 10.6.9 USO DE DOCUMENTO FALSO
dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado Previsto no artigo 304, do CP, o crime de uso de do-
falso. cumento falso tem como figura típica a seguinte condu-
Sobre este crime, é importante levar em conside- ta: fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou al-
ração: terados, a que se referem os artigos 297 a 302, do CP.
 É crime próprio, que só poderá ser praticado Vamos recordar quais são os tipos penais previstos
por médico; entre os artigos 297 e 302, CP:
 Não admite a forma culposa – deve ser pratica-
do dolosamente;
 Não exige fim especial de agir (dolo específi-
co), salvo no caso de obtenção de lucro;
 Admite a tentativa;
 Caso o médico pratique a conduta com finalida-
de de obter lucro (dolo específico), será aplicada a ele,
além da pena privativa de liberdade, a pena de multa;
 Exige-se que a conduta praticada pelo médico
se dê no exercício da função.

10.6.8 Reprodução ou Alteração de Selo ou Peça


Filatélica O uso de qualquer um dos documentos previstos aci-
Este crime, previsto no artigo 303, do CP, irá se con- ma configura o crime de uso de documento falso, res-
figurar quando o agente reproduzir ou alterar selo ou pondendo o agente com a mesma pena correspondente
peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo à falsificação ou alteração.
quando a reprodução ou a alteração está visivelmente Caso um agente seja surpreendido utilizando um do-
anotada na face ou no verso do selo ou peça. cumento público falso, será responsabilizado com a pena
O crime de reprodução ou alteração de selo ou pela de reclusão de dois a seis anos, e multa, mesma pena
aplicada ao crime de falsificação de documento público.
filatélica pode ser praticado de duas formas:
Professor, e se o agente que fez uso do docu-
mento falso foi o mesmo que o falsificou? Ele será res-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ponsabilizado de que forma?


Amigos, segundo entendimento que predomina no
STJ, neste caso, deverá o agente responder apenas por
falsificação de documento público.
Assim, caso o agente falsifique e use o documento
Professor, o que seria peça filatélica? falso, deverá responder apenas por aquele.
É qualquer documento que tenha interesse para a Sobre o crime de uso de documento falso, é im-
coleção de selos. A filatelia é a arte de estudar ou de portante levar em consideração as seguintes informa-
colecionar selos. ções:

19
 A súmula 546 do STJ estabelece: a competên- A pena do crime será diferente, a depender da na-
cia para processar e julgar o crime de uso de documento tureza do documento destruído, suprimido ou ocultado.
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual
foi apresentado o documento público, não importando a
qualificação do órgão expedidor.
Assim, caso o agente utilize uma carteira de identida-
de falsa, não será relevante para fins de análise de com-
petência para processo e julgamento o órgão expedidor
do documento (unidade da federação que o expediu),
mas sim o órgão ou entidade ao qual foi apresentado o
documento. Caso o agente apresente o documento falso
a um órgão ou entidade federais, a exemplo da Polícia Em relação aos tipos penais que apresentam penas
Rodoviária Federal e do INSS, a competência para pro- como visto acima, você deve ter um cuidado redobrado
cesso e julgamento será da Justiça Federal. Se o docu- ao analisar o tipo penal e possíveis questões de prova
mento falso for apresentado a órgão ou entidade esta- sobre o tema.
duais, a exemplo das polícias civis ou da SANEAGO, o
processo e julgamento será de competência da Justiça
Estadual.
 Para caracterização deste crime, não basta o
mero porte do documento falso, exigindo-se que o EXERCÍCIO COMENTADO
agente o use efetivamente, apresentando-o a alguém;
 É crime comum, que pode ser praticado por 1. (TRF4 – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Ava-
qualquer pessoa; liador Federal – FCC – 2014) A respeito do crime de mo-
 É crime formal; eda falsa, tal como tipificado no Código Penal (art. 289),
 Não admite a modalidade culposa – só pode ser
praticado dolosamente; A. há duas hipóteses de condutas culposas, uma delas de
 Não exige fim especial de agir (dolo específi- menor potencial ofensivo.
co); B. há uma hipótese de conduta culposa de menor poten-
 Caso o agente desconheça sobre a falsidade do cial ofensivo.
documento e o utilize, não há que se falar na configura- C. há uma hipótese de conduta dolosa de menor poten-
ção deste tipo penal, já que, como visto acima, o elemen- cial ofensivo.
to subjetivo é somente o dolo; D. há uma hipótese de conduta culposa, mas nenhuma
 Prevalece o entendimento de que não admite a de menor potencial ofensivo.
modalidade tentada, já que se trata de crime unissub- E. todas as hipóteses são de condutas dolosas, mas ne-
sistente, perfazendo-se mediante a execução de um úni- nhuma de menor potencial ofensivo.
co ato (ou o agente usa o documento e pratica o crime;
ou o agente não usa o documento e o fato será atípico); GABARITO OFICIAL: C
 Segundo o STJ, se o documento usado for gros- Encontramos a resposta no próprio texto de lei: emis-
seiramente falsificado, perceptível aos olhos do homem
são de título ao portador sem permissão legal, art. 292,
comum, não irá se configurar o crime de uso de docu-
do CP. Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha,
mento falso;
vale ou título que contenha promessa de pagamento
em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do
10.6.10 SUPRESSÃO DE DOCUMENTO
nome da pessoa a quem deva ser pago. Pena - deten-
O crime de supressão de documento, que está
ção, de 1 a 6 meses, ou multa.
previsto no Artigo 305 do Código Penal, irá se configurar
quando o agente destruir, suprimir ou ocultar, em be-
nefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio,
documento público ou particular verdadeiro, de que
não podia dispor.
Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser
praticado com a execução das seguintes condutas:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

20
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO terço até a metade se da modifi-cação ou alteração
PÚBLICA. resulta dano para a Administração Pública ou para
o administra-do.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

São aqueles praticados contra os órgãos da adminis- Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
tração pública, sendo subdivi-dido em 5 capítulos. Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documen-
to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo
ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
TÍTULO XI Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA constitui crime mais grave.

CAPÍTULO I Emprego irregular de verbas ou rendas públicas


DOS CRIMES PRATICADOS Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO diversa da estabelecida em lei:
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Peculato Concussão
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di- Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou in-
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou diretamente, ainda que fora da função ou antes de
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú- Excesso de exação
blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida- devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra-
de que lhe proporciona a qualidade de funcioná-rio. voso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei
nº 8.137, de 27.12.1990)
Peculato culposo Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
crime de outrem: § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
Pena - detenção, de três meses a um ano. de outrem, o que recebeu indevidamente para reco-
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação lher aos cofres públicos:
do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
pena imposta. Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
Peculato mediante erro de outrem direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utili- antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in-
dade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de devida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em con-
Inserção de dados falsos em sistema de informações seqüência da vantagem ou pro-messa, o funcionário
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, o pratica infringindo dever funcional.
a inserção de dados fal-sos, alterar ou excluir indevida- § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
mente dados corretos nos sistemas informatizados ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
bancos de dados da Administração Pública com o fim cedendo a pedido ou influência de outrem:
de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000))
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Facilitação de contrabando ou descaminho
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Modificação ou alteração não autorizada de sistema Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, siste-
ma de informações ou progra-ma de informática sem Prevaricação
autorização ou solicitação de autoridade competente: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevida-
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) pessoal:

21
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Inclu-
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou ído pela Lei nº 9.983, de 2000)
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Admi-
o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que nistração Pública ou a ou-trem: (Incluído pela Lei nº
permita a comunicação com outros presos ou com o 9.983, de 2000)
ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de Violação do sigilo de proposta de concorrência
responsabilizar subordinado que cometeu infração no Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concor-
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de
não levar o fato ao conhecimento da autoridade com- devassá-lo:
petente: Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Funcionário público
Advocacia administrativa Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interes- efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
se privado perante a adminis-tração pública, valendo- remuneração, exerce cargo, emprego ou função pú-
-se da qualidade de funcionário: blica.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
multa. contratada ou conveniada para a execução de ativida-
de típica da Administração Pública. (Incluído pela
Violência arbitrária Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando
a pretexto de exercê-la: os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da ocupantes de cargos em comissão ou de função de di-
pena correspondente à violên-cia. reção ou assessoramento de órgão da administração
direta, sociedade de economia mista, empresa pública
Abandono de função ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos pela Lei nº 6.799, de 1980)
permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. CAPÍTULO II
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CON-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. TRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
Usurpação de função pública
de fronteira:
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolon-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
gado
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes
Resistência
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exer-
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
cê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente violência ou ameaça a funcio-nário competente para
que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se exe-
Violação de sigilo funcional cuta:
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do Pena - reclusão, de um a três anos.
cargo e que deva permane-cer em segredo, ou facili- § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuí-
tar-lhe a revelação: zo das correspondentes à violência.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,


se o fato não constitui crime mais grave. Desobediência
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) público:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, forneci- Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra for-
ma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas Desacato
de informações ou banco de dados da Administração Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício
Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) da função ou em razão dela:

22
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Contrabando
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
de 1995) (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
pretexto de influir em ato praticado por funcionário § 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei
público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
nº 9.127, de 1995) I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contra-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. bando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
(Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se que dependa de registro, análise ou autorização de ór-
o agente alega ou insinua que a vantagem é também gão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008,
destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº de 26.6.2014)
9.127, de 1995) III - reinsere no território nacional mercadoria brasi-
leira destinada à exporta-ção; (Incluído pela Lei nº
Corrupção ativa 13.008, de 26.6.2014)
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
a funcionário público, para determiná-lo a praticar, qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
omitir ou retardar ato de ofício: no exercício de atividade comercial ou industrial, mer-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. ca-doria proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) nº 13.008, de 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário alheio, no exercício de ati-vidade comercial ou indus-
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo trial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído
dever funcional. pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se
Descaminho às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo,
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de qualquer forma de comércio irregular ou clandestino
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em
pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
nº 13.008, de 26.6.2014) § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contra-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação bando é praticado em trans-porte aéreo, marítimo ou
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, pública ou venda em hasta pública, promovida pela
de 26.6.2014) administração federal, estadual ou municipal, ou
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami- por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar
nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
alheio, no exercício de atividade comercial ou indus- além da pena corresponden-te à violência.
trial, merca-doria de procedência estrangeira que in- Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém
troduziu clandestinamente no País ou importou frau- de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
dulentamente ou que sabe ser produto de introdução
clandestina no território nacio-nal ou de importação Inutilização de edital ou de sinal
fraudulenta por parte de outrem; (Redação dada pela Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado,
alheio, no exercício de ati-vidade comercial ou indus- por de-terminação legal ou por ordem de funcionário
trial, mercadoria de procedência estrangeira, desa- público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
companhada de documentação legal ou acompanha- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
da de documentos que sabe serem fal-sos. (Redação
Subtração ou inutilização de livro ou documento
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)


§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente,
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio ir- livro oficial, processo ou documento confiado à custó-
regular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, dia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular
inclusive o exercido em residências. (Redação dada em serviço público:
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de des- constitui crime mais grave.
caminho é praticado em trans-porte aéreo, maríti-
mo ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído
26.6.2014) pela Lei nº 9.983, de 2000)

23
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social ço), se, em razão da vanta-gem ou promessa, o fun-
previdenciária e qualquer acessório, mediante as se- cionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de
guintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. (Inclu-
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de ído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
documento de informações previsto pela legislação Tráfico de influência em transação comercial interna-
previdenciária segurados empregado, empresário, tra- cional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
balhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou pro-
nº 9.983, de 2000) messa de vantagem a pretexto de influir em ato pratica-
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios -do por funcionário público estrangeiro no exercício de
da contabilidade da empre-sa as quantias desconta- suas funções, relacionado a tran-sação comercial inter-
das dos segurados ou as devidas pelo empregador ou nacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
pelo toma-dor de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
de 2000) (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se
auferidos, remunerações pa-gas ou creditadas e de- o agente alega ou insinua que a vantagem é também
mais fatos geradores de contribuições sociais previ- destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei
denciá-rias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) nº 10467, de 11.6.2002)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontane- 10467, de 11.6.2002)
amente, declara e confessa as contribuições, impor- Art. 337-D. Considera-se funcionário público estran-
tâncias ou valores e presta as informações devidas à geiro, para os efeitos penais, quem, ainda que tran-
previdência social, na forma definida em lei ou regu- sitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, em-
lamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela prego ou função pública em entidades estatais ou em
Lei nº 9.983, de 2000) representações diplomáticas de país estrangei-ro. (In-
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou cluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
aplicar somente a de multa se o agente for primário e Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público es-
de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº trangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
9.983, de 2000) empresas controladas, diretamente ou indiretamente,
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) pelo Poder Público de país estrangeiro ou em orga-
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- nizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela 10467, de 11.6.2002)
previdência social, administrativamente, como sendo
o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fis- CAPÍTULO III
cais.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua fo- JUSTIÇA
lha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir Reingresso de estrangeiro expulso
a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a Art. 338 - Reingressar no território nacional o estran-
de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) geiro que dele foi expulso:
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices nova expulsão após o cum-primento da pena.
do reajuste dos benefícios da previdência social. (In-
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Denunciação caluniosa
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação po-
CAPÍTULO II-A licial, de processo judicial, instauração de investigação
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CON- administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
TRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA ad-ministrativa contra alguém, imputando-lhe crime
(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº
10.028, de 2000)
Corrupção ativa em transação comercial internacional Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indi- § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
retamente, vantagem indevi-da a funcionário público se serve de anonimato ou de nome suposto.
estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação
praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à é de prática de contraven-ção.
transação comercial internacio-nal: (Incluído pela Lei
nº 10467, de 11.6.2002) Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunican-
(Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) do-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um ter- sabe não se ter verificado:

24
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de
Auto-acusação falsa processo civil ou administra-tivo, o estado de lugar, de
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
inexistente ou praticado por outrem: ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir
Falso testemunho ou falsa perícia efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a penas aplicam-se em dobro.
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, Favorecimento pessoal
inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) pública autor de crime a que é cominada pena de re-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. clusão:
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um ter- § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
ço, se o crime é praticado medi-ante suborno ou se Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
cometido com o fim de obter prova destinada a pro- § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descenden-
duzir efeito em processo penal, ou em processo civil te, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
em que for parte entidade da administração pública
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, Favorecimento real
de 28.8.2001) Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-
-autoria ou de receptação, au-xílio destinado a tornar
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
seguro o proveito do crime:
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se re-
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
trata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº
10.268, de 28.8.2001)
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qual-
ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comu-
quer outra vantagem a teste-munha, perito, contador,
nicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, ne-
legal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei
gar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálcu-
nº 12.012, de 2009).
los, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Inclu-
nº 10.268, de 28.8.2001) ído pela Lei nº 12.012, de 2009).
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Reda-
ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Exercício arbitrário ou abuso de poder
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de
a um terço, se o crime é co-metido com o fim de obter liberdade individual, sem as formalidades legais ou
prova destinada a produzir efeito em processo penal com abuso de poder:
ou em processo civil em que for parte entidade da Pena - detenção, de um mês a um ano.
administração pública direta ou indire-ta. (Redação Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcio-
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) nário que:
Coação no curso do processo I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com estabelecimento destinado a execução de pena priva-
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra tiva de liberdade ou de medida de segurança;
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que fun- II - prolonga a execução de pena ou de medida de
ciona ou é chamada a intervir em processo judicial, segurança, deixando de expe-dir em tempo oportuno
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: ou de executar imediatamente a ordem de liberdade;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia
da pena correspondente à vio-lência. a vexame ou a constran-gimento não autorizado em lei;
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para sa- Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de se-
tisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a gurança
lei o permite: Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, galmente presa ou submetida a medida de segurança
além da pena correspondente à violência. detentiva:
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
mente se procede mediante queixa. § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa mais de uma pessoa, ou medi-ante arrombamento, a
própria, que se acha em po-der de terceiro por deter- pena é de reclusão, de dois a seis anos.
minação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli-
Fraude processual ca-se também a pena corres-pondente à violência.

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§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se CAPÍTULO IV
o crime é praticado por pes-soa sob cuja custódia ou DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
guarda está o preso ou o internado. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de Contratação de operação de crédito
três meses a um ano, ou multa. Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de
Evasão mediante violência contra a pessoa crédito, interno ou exter-no, sem prévia autorização
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o in- legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
divíduo submetido a me-dida de segurança detentiva, Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído
usando de violência contra a pessoa: pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena,
pena correspondente à violên-cia. autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou ex-
Arrebatamento de preso terno: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do I – com inobservância de limite, condição ou montante
poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: estabelecido em lei ou em resolução do Senado Fede-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena ral; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
correspondente à violência. II – quando o montante da dívida consolidada ultra-
passa o limite máximo autori-zado por lei. (Incluído
Motim de presos pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a or-
dem ou disciplina da prisão: Inscrição de despesas não empenhadas em restos a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pena correspondente à vio-lência. Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos
Patrocínio infiel a pagar, de despesa que não tenha sido previamente
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou pro- empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei:
curador, o dever profissional, prejudicando interesse, (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o ad- Assunção de obrigação no último ano do mandato ou
vogado ou procurador judicial que defende na mesma legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrá- Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri-
rias. gação, nos dois últimos qua-drimestres do último ano
do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso res-
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar te parcela a ser paga no exercício seguinte, que não
de restituir autos, documen-to ou objeto de valor pro- tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de
batório, que recebeu na qualidade de advogado ou caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
procurador: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. pela Lei nº 10.028, de 2000)

Exploração de prestígio Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela


Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer Lei nº 10.028, de 2000)
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, pe- (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
rito, tradu-tor, intérprete ou testemunha: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. pela Lei nº 10.028, de 2000)
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um ter-
ço, se o agente alega ou insi-nua que o dinheiro ou Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº
utilidade também se destina a qualquer das pessoas 10.028, de 2000)
referidas neste artigo. Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
Violência ou fraude em arrematação judicial sem que tenha sido constituí-da contragarantia em
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação valor igual ou superior ao valor da garantia prestada,
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou li- na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (In-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

citante, por meio de violência, grave ameaça, fraude


ou ofereci-mento de vantagem: cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei
além da pena correspondente à violência. nº 10.028, de 2000)
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou sus- Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
pensão de direito mover o cancelamento do montante de restos a pagar
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autori- inscrito em valor superior ao permitido em lei: (Incluí-
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por do pela Lei nº 10.028, de 2000)
decisão judicial: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

26
Aumento de despesa total com pessoal no último
ano do mandato ou legisla-tura (Incluído pela Lei nº
10.028, de 2000) HORA DE PRATICAR!
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que
acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos 1. (TRF4 – Analista Judiciário – Execução de Manda-
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou dos – FCC – 2010) No que se refere à aplicação da lei
da legisla-tura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)) penal, de acordo com o Código Penal, é certo que
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
pela Lei nº 10.028, de 2000) A. ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (In- estrangeiro, os crimes contra a vida ou a liberdade do
cluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Presidente ou do Vice-Presidente da República.
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta B. a pena cumprida no estrangeiro é computada na pena
pública ou a colocação no mercado financeiro de títu- imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas,
los da dívida pública sem que tenham sido criados por ou nela é atenuada, quando idênticas.
lei ou sem que estejam registrados em sistema centra- C. a homologação de sentença estrangeira para obrigar o
lizado de liquidação e de custó-dia: (Incluído pela Lei condenado à reparação do dano, quando da aplicação
nº 10.028, de 2000) de lei brasileira produz na espécie as mesmas conse-
quências, depende de pedido da parte interessada.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído D. a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
pela Lei nº 10.028, de 2000). período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram, não se aplica ao fato praticado
durante sua vigência.
EXERCÍCIO COMENTADO E. a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, salvo se decidi-
dos por sentença condenatória transitada em julgado.
1. (PF – DELEGADO – CESPE – 2018) Com relação a cri-
mes contra a pessoa, contra o patrimônio e contra a ad-
ministração pública, julgue o item que segue. Considere
2. (TRF5 – Analista Judiciário – Área Jurídica – FCC –
a seguinte situação hipotética. Carlos praticou o crime de
2012) Em relação aos crimes contra a fé pública previstos
sonegação previdenciária, mas, antes do início da ação
no Código Penal brasileiro é correto afirmar,
fiscal, confessou o crime e declarou espontaneamente os
corretos valores devidos, bem como prestou as devidas
A. Excepcionalmente admitem a modalidade culposa
informações à previdência social. Nessa situação, a atitude
quando se tratar de falsificação de documento par-
de Carlos ensejará a extinção da punibilidade, indepen-
ticular.
dentemente do pagamento dos débitos previdenciários.
B. Exigem como elemento a imitação ou alteração da ver-
dade; a possibilidade de dano e o dolo.
( ) CERTO ( ) ERRADO
C. A alteração inapta a induzir número indeterminado
de pessoas leva à consideração da forma tentada em
qualquer caso.
Resposta: Certo. Conforme o Art. 337-A. Suprimir ou
D. No crime de moeda falsa, mesmo ausente a capacida-
reduzir contribuição social previdenciária e qualquer
de ilusória da contrafação, tem-se caracterizada sua
acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir
consumação.
de folha de pagamento da empresa ou de documento
E. Tratando-se de crimes formais não admitem forma
de informações previsto pela legislação previdenciá-
tentada.
ria segurados empregado, empresário, trabalhador
avulso ou trabalhador autônomo ou a este equipa-
3. (TRF1 – Analista Judiciário – Execução de manda-
rado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar
dos – FCC – 2011) Aquele que falsifica a assinatura de
mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da
avalista numa nota promissória, da qual é credor, res-
empresa as quantias descontadas dos segurados ou as
ponderá pelo crime de
devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
II – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros aufe-
A. falsa identidade.
ridos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos
B. falsidade ideológica.
geradores de contribuições sociais previdenciárias: Pena
C. falsificação de documento particular.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

– reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.


D. falsificação de documento público.
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
E. uso de documento falso.
mente, declara e confessa as contribuições, impor-
tâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regula-
mento, antes do início da ação fiscal.
Ainda assim: SOnegação DE CONtribuição PREviden-
ciária. “ só declara, confessa e presta”. Apropriação de
contribuição previdenciária: também terá que pagar!

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ANOTAÇÕES
GABARITO

1 C ________________________________________________
2 B _________________________________________________
3 D _________________________________________________

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