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Alessandra Jungblut
Renata Mateus
CRIATIVIDADE
Reitor Prof. Celso Niskier
Pro-Reitor Acadêmico Maximiliano Pinto Damas
Pro-Reitor Administrativo e de Operações Antonio Alberto Bittencourt
Coordenação do Núcleo de Educação a Distância Viviana Gondim de Carvalho
Redação Dtcom
Análise educacional Dtcom
Autoria da Disciplina Alessandra Jungblut, Renata Mateus
Validação da Disciplina Maura Xerfan
Designer instrucional Milena Rettondini Noboa
J95c
Jungblut, Alessandra.
152 p.
ISBN: 978-859-368-533-0
CDD 658.012
© Copyright 2017 da Dtcom. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os
direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal,
art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”.
Sumário
01 Introdução à Criatividade......................................................................................................... 7
02 Processos criativos.................................................................................................................14
03 A criatividade e o ser humano...............................................................................................21
04 Criatividade individual e cultural...........................................................................................28
05 Enfoque holístico e visão sistêmica da criatividade.........................................................36
06 A criatividade e o ensino-aprendizagem como forma de socialização........................43
07 A criatividade convertida em resolução de dilemas existenciais..................................50
08 Relação entre criatividade, tempo e neutralidade no processo criativo.......................57
09 Processo, técnicas e ferramentas do processo criativo..................................................64
10 A Criatividade e o Mercado de Trabalho.............................................................................71
11 Autoestima como fator de criatividade...............................................................................78
12 Emoções que curam e a criatividade..................................................................................85
13 Motivação e Criatividade........................................................................................................92
14 Criatividade: Ideal Humano...................................................................................................99
15 A Criatividade nas Organizações....................................................................................... 106
16 A criatividade e os sistemas de comunicação............................................................... 114
17 A criatividade orienta o pensar e o expressar de forma relacional:
ideal organizacional.............................................................................................................. 121
Introdução
A criatividade possibilitou a humanidade desenvolver cidades, inovar tecnologicamente e
cientificamente e descobrir a si mesmo e ao mundo. Nesta aula, aprenderemos o conceito de
criatividade e suas principais características.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
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CRIATIVIDADE
A criatividade já teve inúmeros significados. Na Grécia Antiga, ela era uma inspiração vinda
dos deuses. A partir do século XVIII, surgiu a noção de genialidade – indivíduos dotados de habili-
dades excepcionais determinadas por fatores genéticos – e a relação entre loucura e criatividade
(Lubart, 2007).
Para Virgolim, Fleith e Neves-Pereira (2008), há um conceito sobre o que é criar. Na literatura
científica, a criatividade depende do objeto de estudo: alguns conceitos são baseados no processo
criativo, outros, no produto da criação, e outros consideram as características de personalidade do
indivíduo. Podemos definir, então, criatividade como “a emergência de um produto novo, relevante
pelo menos para a pessoa que cria a solução, constituindo-se numa atitude que implica conhe-
cimento, imaginação e avaliação” (Noller, 1977 apud Virgolim, Fleith e Neves-Pereira 2008, p. 18).
Maslow (1968, apud Alencar, 2009) afirma que a criatividade é mais que inspiração ou ilumi-
nação, é fruto de trabalho, treino, perfeccionismo e atitude criativa.
FIQUE ATENTO!
A criatividade existe em todos os seres humanos. As diferenças entre indivíduos
considerados muito criativos e os demais é a intensidade com que a criatividade é
manifestada.
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CRIATIVIDADE
Para tentar esclarecer esses equívocos, estudos foram realizados sob diferentes ângulos e
abordagens no âmbito da Psicologia. Acompanhe!
•• Gestalt: das experiências passadas, aproveitamos o que deu certo, criamos algo novo ou
percebemos de maneira nova velhas ideias. A abordagem admite a criação por insights
ou “iluminações” repentinas, que ocorrem quando o indivíduo está distraído.
•• Humanismo: o ser humano tem potencial criativo, que necessita de condições para
evoluir: estar aberto às experiências; avaliar-se; ser hábil para lidar com elementos e
conceitos; ter segurança e liberdade psicológica (liberdade de expressão e percepções
espontâneas).
SAIBA MAIS!
A editora Zahar publicou um booktrailer com base no livro de Steven Johnson, inti-
tulado “De onde vêm as boas ideias?”. Acesse: <https://www.youtube.com/watch?-
v=g6tgH2dWx5c>.
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CRIATIVIDADE
Fatores
Fatores
conativos Fatores Fatores
cognitivos
- estilo emocionais ambientais
- inteligência
- personalidade
- conhecimento
- motivação
Potencial criativo
Arte Literatura Ciência Comércio Outras áreas
Produções criativas
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CRIATIVIDADE
Souza (2012) afirma que pessoas criativas apresentam dois padrões de pensamento: um para
reestruturar conceitos, e o outro para avaliá-los. O primeiro padrão está relacionado ao hemisfério
direito (ênfase na percepção, síntese, rearranjo de ideias, uso de metáforas, intuição e comporta-
mento criativo) e o segundo, relacionado ao esquerdo (processos verbais, lógicos e analíticos).
FIQUE ATENTO!
Não podemos afirmar que a criatividade ocorre somente no hemisfério direito, con-
siderando que a avaliação das ideias e sua adequação aos objetivos da criação é
especialidade do hemisfério esquerdo.
SAIBA MAIS!
A Neurociência é uma disciplina que esclarece aspectos relacionados à criatividade,
explicando como acontece no cérebro humano e quais fatores a influenciam. Saiba
mais em: <http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/7285/2/ULFBA_tes%20373.pdf>.
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CRIATIVIDADE
4 A evolução cocriativa
Quando pensamos em descobertas da humanidade, queremos saber como surgiram e
quem foi o inventor. Antes da Renascença, como afirma Ashton (2016), não era hábito dar cré-
dito às criações – muitas descobertas importantes são fruto de inovações herdadas de pessoas
desconhecidas.
Figura 4 – Evolução e cooperação
Fonte: mmatee/Shutterstock.com
FIQUE ATENTO!
Após a globalização, a colaboração tornou-se fácil e ágil, abrindo espaço para o avanço tec-
nológico e das nações. A comunicação e a informação ficaram mais rápidas e amplas, estimu-
lando e promovendo novas descobertas. Segundo Masi (2003), isso ocorre, principalmente, no
campo científico. O predomínio de gênios como Newton ou Galileu (big science) deu lugar aos
“cérebros coletivos” (small science): pesquisadores unidos em organizações que visam produzir
novas teorias e práticas.
EXEMPLO
Para que uma lata de refrigerante seja produzida, são utilizados produtos e tecnolo-
gias originários de vários lugares do mundo, inventados por dezenas de milhares de
pessoas. É impossível produzir sozinho e em apenas um único país. Assim, um dos re-
frigerantes mais famosos do mundo, que é considerado americano, na verdade não é
tão americano quanto imaginamos, uma vez que é fruto da nossa evolução cocriativa.
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CRIATIVIDADE
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
Referências
ALENCAR, Eunice. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3. ed. Brasília: UNB, 2009.
D’ADDARIO, Miguel. Coaching Pessoal. 3. ed. Teaneck: Babelcube Inc., 2016. Disponível em:
<https://books.google.com.br/books?id=b8nSDAAAQBAJ&pg=PT8&dq=coach+hemisf%C3%A-
9rios+cerebrais&hl=pt-BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 26 jan. 2017.
MASI, Domenico de. Criatividade e Grupos Criativos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
SOUZA, Bruno Carvalho Castro. Criatividade: a engenharia cognitiva da inovação. Brasília: Edição
do Autor, 2012. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/21143567/criatividade---a-
-engenharia-cognitiva-da-inovacao>. Acesso em: 26 jan. 2017.
VIRGOLIM, Ângela M. R., FLEITH, Denise de S. e NEVES-PEREIRA, Mônica S. Toc, toc... plim, plim:
lidando com as emoções, brincando com o pensamento através da criatividade. 9. ed. Campinas:
Papirus, 2008.
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TEMA 2
Processos criativos
Alessandra Jungblut
Introdução
O processo criativo passa por etapas fundamentais para atingir os objetivos. Atualmente,
nossa sociedade incentiva as novas ideias e está abrindo espaço para a valorização do profissio-
nal criativo.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
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CRIATIVIDADE
Fonte: NeydtStock/Shutterstock.com
FIQUE ATENTO!
Criar implica em conhecimento, estudo, informação e pensamento independente
(senso crítico). Mas envolve também a capacidade de deixar as ideias fluírem es-
pontaneamente. A análise e o julgamento são as etapas finais.
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CRIATIVIDADE
Coleta de informação
1. Preparação Análise inicial
Trabalho consciente
Descanso
2.Incubação Jogo associativo inconsciente
Esquecimento dos detalhes
Experiência “Eureka”
3.Iluminação
Emergência de ideias
Comunicar os resultados também é importante, segundo Alencar (2009). Uma ideia pode
resolver um problema individual, porém torna-se socialmente relevante quando é compartilhada.
Mesmo assim, nem sempre a sociedade é receptiva a novas descobertas, e por vezes, demora-se
algum tempo até uma obra ser reconhecida.
EXEMPLO
Van Gogh produziu milhares de obras de arte em vida, porém jamais vendeu um
único quadro. O reconhecimento de sua genialidade artística viria somente após
sua morte (hoje um quadro de Van Gogh é valioso).
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CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
Ostrower (2011. p.102) aponta a questão do estilo como importante para caracterizar
uma sociedade.
Isso explica o porquê de determinadas ideias serem aceitas ou não em certo período ou local.
Porém, o homem também age na sociedade e suas criações influenciam da mesma forma que
são influenciadas.
Na perspectiva comportamental, as respostas do ambiente a um determinado comporta-
mento podem reforçá-lo ou suprimi-lo. Sobre o condicionamento operante, teoria desenvolvida por
Skinner, Goodwin (2010) explica que o comportamento é modelado por suas consequências: se
forem positivas, há maior chance de o comportamento ser repetido; se forem negativas, é provável
que não se repita. Assim, comportamentos criativos em ambientes favoráveis são reforçados e
motivam a sua continuidade.
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CRIATIVIDADE
cesso de geração de ideias; rejeitar ideias ambíguas (o indivíduo evita o pensamento divergente e
pode bloquear sua criatividade); o medo de errar ou parecer tolo; e a crença de que não é capaz.
Outro obstáculo é citado por Nicolau (2014): o julgamento. As críticas são importantes
no processo de criação, para diferenciarmos se, o que produzimos, é bom ou ruim, porém, seu
excesso pode ser prejudicial. A maioria das invenções é fruto de tentativas e erros, protótipos e
ideias excêntricas.
Figura 3 – O giroscópio, de Da Vinci
Fonte: Mar.k/Shutterstock.com
FIQUE ATENTO!
Um ambiente pode oferecer condições adequadas para estimular a criatividade,
mas cabe ao indivíduo confiar em seu potencial, manter-se motivado e não ter
medo de errar.
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CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
O relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento
(UNCTAD) sobre a Economia Criativa analisa as políticas e aponta direções
possíveis para o desenvolvimento criativo mundial. Acesse em: <http://unctad.org/
pt/docs/ditctab20103_pt.pdf>.
Segundo Reis (2012), a abertura de mercados facilitou a circulação de bens e serviços cria-
tivos no mundo. Porém, há a tendência de serem oferecidos produtos ou serviços semelhan-
tes. Então, surge a valorização da criatividade como forma de diferenciação e competitividade.
Além disso, há a necessidade de produzir, fazer parte de um contexto global e manter a cultura
local, oferecendo algo único e atrativo.
EXEMPLO
Artes cênicas
Artes visuais
Música ao vivo, teatro,
Pinturas, esculturas,
dança, ópera, circo,
fotografia e antiguidades.
fantoches, etc.
Indústrias
Editoras e mídia criativas
Audiovisuais
impressa
Filme, televisão, rádio,
Livros, imprensa e
demais radiodifusões.
outras publicações.
Novas mídias
Design
Software, videogames,
Interiores, gráfico, moda
conteúdo digital
joalheria, brinquedos. Serviços criativos
criativo.
Arquitetura publicidade,
P&D criativo,
cultural recreativo.
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CRIATIVIDADE
Segundo Peixoto e Ferreira (2011), temos a necessidade de ter mais profissionais criativos,
que estejam adequados às novas tendências. As organizações ainda possuem pessoas que exe-
cutam muito e criam pouco. A nova geração tem grande potencial criativo, faz atividades simultâ-
neas, mas precisa ser estimulada a ter foco para adaptar-se ao crescente mercado.
FIQUE ATENTO!
O desenvolvimento da criatividade hoje é essencial, o ambiente é propício e a ne-
cessidade de manter o foco na produção de novas ideias/produtos/serviços é im-
portante para obter sucesso.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
Referências
NAÇÕES UNIDAS. Conferência das Nações Unidas sobre comércio e desenvolvimento - (UNCTAD).
Relatório de economia criativa 2010: economia criativa uma, opção de desenvolvimento. 2010.
Disponível em: <http://unctad.org/pt/docs/ditctab20103_pt.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2017.
DELL’ ISOLA, Alberto. Mentes brilhantes. São Paulo: Universo dos Livros, 2012.
DI NIZO, Renata. Foco e criatividade: fazer mais com menos. São Paulo: Summus, 2009.
GOODWIN, C. James. História da psicologia moderna. 4. ed. São Paulo: Cultrix, 2010.
LIBANIO, João Batista. Introdução à vida intelectual. 3. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 28. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
PEIXOTO, Clea Jatahy; FERREIRA, Larissa Torres. Criatividade e mercado de trabalho. FTDR:
Revista Científica da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro, p. 47-8, nº 1, jul/dez 2011.
REIS, Ana Carla Fonseca. Cidades criativas: da teoria à prática. São Paulo: Sesi Editora, 2012.
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TEMA 3
A criatividade e o ser humano
Alessandra Jungblut
Introdução
O estímulo ao ato de criar envolve uma série elementos, desde os traços de personalidade até
a influência da cultura e do meio social. Aspectos individuais incluem a curiosidade, a flexibilidade,
a motivação e a persistência. Essas características, aliadas a um ambiente adequado, podem con-
tribuir para a expressão criativa.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
1 A criatividade e a personalidade
(ajustamento e papéis sociais)
A criatividade está presente em nós, manifestada em diferentes intensidades. De acordo com
Alencar e Fleith (2009), a produção criativa de um indivíduo é influenciada por habilidades cogniti-
vas, condições ambientais, motivação, atitudes e traços de personalidade.
O ambiente e a educação são essenciais no desenvolvimento criativo, ao estimular essa ativi-
dade, sem obstaculizar à expressão. Segundo Predebon (2010), existem características favorecem
a criatividade e compõem a chamada “personalidade criativa”:
•• Independência, ousadia
•• Curiosidade
•• Flexibilidade
•• Sensibilidade
•• Leveza, otimismo
•• Fluência verbal e de raciocínio
•• Interesse variado
•• Valorização do diferente
•• Intuição, impulsividade
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CRIATIVIDADE
Fonte: Visual3Dfocus/Shutterstock.com
Essas características não estão presentes em todos os criativos, mas é possível desenvolver
alguns desses aspectos para expressar melhor seu potencial.
A criatividade faz parte da interação do homem com o meio social: ele a utiliza para manter o
equilíbrio entre suas necessidades e a adaptação ao ambiente. Isso é chamado de ajustamento cria-
tivo que, segundo Pacheco (2010), é uma maneira saudável de interagir ativamente, adaptando-se e
equilibrando as demandas externas e internas, sem anular ou supervalorizar nenhuma delas.
EXEMPLO
Uma pessoa preocupada em manter uma alimentação livre de agrotóxicos mora
em um apartamento e não encontra esses produtos em um supermercado próxi-
mo. Então, constrói uma horta vertical em sua sacada.
FIQUE ATENTO!
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CRIATIVIDADE
2 A criatividade e a socialização
(formação de valores, dogmas e preconceito)
Na infância, iniciamos o processo de socialização, definido como a aquisição de valores,
padrões comportamentais, crenças e atitudes, que se torna mais complexo com o passar do tempo
(Mussen, 1988 apud Neves, 2008). A criatividade, de acordo com Chagas, Apes e Fleith (2008), não é
consequência exclusiva de processos internos, mas resulta da interação do indivíduo com o meio e
se desenvolve constantemente por meio das experiências acumuladas durante a vida.
Ainda na infância, utilizamos a imaginação e a fantasia; conforme crescemos, desenvolve-
mos a linguagem e o conhecimento, adquirimos experiências mais complexas e conseguimos
transformar os sonhos em realidade. É o momento em que a criatividade atinge sua maturidade.
CULTURA
domínio
seleção de transmissão de
novidade informação
PRODUÇÃO
DE
NOVIDADE
campo indivíduo
estimula a
novidade EXPERIÊNCIA
SOCIEDADE PESSOAL
Csikszentmihalyi (1999 apud Chagas, Apes e Fleith, 2008) propõe um modelo sistêmico para
o estudo da criatividade, considerando-a como a soma de aspectos individuais (genética e experi-
ências pessoais), culturais e sociais.
Os aspectos individuais envolvem curiosidade, motivação, persistência, entusiasmo, flexibi-
lidade de pensamento, entre outros. Os aspectos culturais são os hábitos, regras, preconceitos e
conhecimentos compartilhados. Já os aspectos sociais envolvem as relações entre grupos.
Na interação com a cultura, o indivíduo criativo poderá fazer questionamentos e propor
mudanças criativas, desde que encontre um ambiente social adequado que ofereça oportunidade
de escolha, tarefas estimulantes e a aceitação das diferenças.
FIQUE ATENTO!
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CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
Para entender mais sobre o processo de socialização e a relação entre indivíduo, so-
ciedade e cultura, acesse: <http://wright.ava.ufsc.br/~alice/conahpa/anais/2009/
cd_conahpa2009/papers/final157.pdf>.
Introversão
Extroversão
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CRIATIVIDADE
Segundo Cain (2012), a supervalorização dos extrovertidos pode fazer com que os introver-
tidos sintam dificuldade em aceitar-se. Os introvertidos tendem a ser mais criativos porque pos-
suem uma experiência interna mais rica, são mais focados e persistentes, enquanto os extroverti-
dos têm a necessidade de obter atenção do grupo.
SAIBA MAIS!
4 O Ser criativo
A autoaceitação é uma das características que auxiliam a expressão criativa, assim como a
leveza. De acordo com Castilho e Sanmartin (2013), a ação criadora vai além da resolução de pro-
blemas e atende necessidades intrínsecas de realização. O jogo, as brincadeiras e a diversão são
importantes aliados no desenvolvimento de pessoas criativas. No adulto, redescobrir a esponta-
neidade e a alegria e divertir-se no processo criativo é importante para pessoas que querem vencer
as repressões e enfrentar o medo do julgamento alheio. O foco é o processo de criação em si, ao
invés da simples espera por recompensa ou punição.
O ato de dedicar-se à produção criativa com prazer e satisfação está relacionado aos aspec-
tos motivacionais. Amabile (1996 apud Alencar e Fleith, 2009) afirma que a motivação intrínseca
é o que leva o indivíduo a buscar mais informações, arriscar-se e sair do comum, buscando novas
estratégias criativas. De acordo com Ostrower (2011), a criatividade é uma habilidade caracterís-
tica do ser humano e o ato de criar é uma necessidade. Dessa forma, o homem como ser criativo
por natureza encontra satisfação na realização desse potencial.
EXEMPLO
Podemos observar essa motivação em personalidades que se destacaram. Leonardo
da Vinci foi um criativo obcecado pela observação do mundo. Carregava consigo um
caderno para anotar pensamentos e inventos e desenhar o que via nas ruas. Tinha
interesses variados, como pintura, geometria, anatomia, entre outros (Herbert, 2002).
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CRIATIVIDADE
FIQUE ATENTO!
Exercer a criatividade é uma necessidade humana e é por meio dela que o ser hu-
mano se realiza. Para isso, é preciso motivação e um ambiente adequado à livre
expressão.
Fechamento
Ao final desta aula, você teve a oportunidade de:
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CRIATIVIDADE
Referências
ALENCAR, Eunice e FLEITH, Denise. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3. ed. Brasília: UNB, 2009.
CAIN, Susan. O Poder dos Quietos: como os tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que
não para de falar. Rio de Janeiro: Agir, 2012.
CASTRO, Carol. Tímidos sem vergonha. Superinteressante, 2014. Disponível em: <http://super.
abril.com.br/comportamento/timidos-sem-vergonha/>. Acesso em: 21 fev. 2017.
CHAGAS, Jane F., APES, Cristiana C. e FLEITH, Denise S. A relação entre criatividade e desen-
volvimento: uma visão sistêmica. pp. 210-230. In: DESSEN, Maria A. e COSTA JR, Áderson Luiz.
A Ciência do Desenvolvimento Humano: tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre:
Artmed, 2008.
FEIST, Jess; FEIST, Gregory J. e ROBERTS, Tommi-Ann. Teorias da personalidade. 8. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2015.
JUNG, Carl G. Tipos Psicológicos. 4. ed. Coleção Obra Completa – v. 6. Petrópolis: Vozes, 2011.
MOREIRA, Mafalta Vaz Pinto. Criatividade organizacional, uma abordagem sistémica e pragmá-
tica. 2008. 185 f. Dissertação (Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico) – FEUP.
Porto, Portugal. 2008.
NEVES, Sissi Malta. Os papéis sociais e a cidadania. In ZANELLA, Andrea V., et al. Psicologia e
práticas sociais. [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. pp. 28-48.
Disponível em: <http://books.scielo.org/id/886qz/pdf/zanella-9788599662878-05.pdf>. Acesso
em: 21 fev. 2017.
OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 28. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
PACHECO, Cristina V. Razão x Emoção: um atendimento clínico sob a luz da Gestalt- Terapia.
[online] Monografia. Florianópolis: Comunidade Gestáltica, 2010. Disponível em: <https://view.
officeapps.live.com/op/view.aspx?src=http://www.comunidadegestaltica.com.br/sites/default/
files/CRISTINA%20VIEIRA%20PACHECO.docx>. Acesso em: 21 fev. 2017.
PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
VIRGOLIM, Ângela M. R., FLEITH, Denise S. e NEVES-PEREIRA, Mônica S. Toc, toc... plim, plim:
lidando com as emoções, brincando com o pensamento através da criatividade. 9. ed. Campinas:
Papirus, 2008.
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TEMA 4
Criatividade individual e cultural
Alessandra Jungblut
Introdução
O ato de criar depende de aspectos individuais, culturais e do meio social para se desenvolver
plenamente. A criatividade adquire uma importância cada vez maior em nosso dia a dia e é indis-
pensável para garantir nossa sobrevivência e o gerenciamento do conhecimento, além de ser uma
ferramenta importante para a autorrealização e o sucesso profissional.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
•• identificar particularidades individuais e culturais para o desenvolvimento da criatividade;
•• entender sobre a necessária sabedoria em ser criativo para a conquista de êxito.
FIQUE ATENTO!
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CRIATIVIDADE
Fonte: Alphaspirit/Shutterstock.com
EXEMPLO
A técnica de combinações forçadas sugere fazer associações entre duas coisas
que parecem distantes, buscando uma ligação entre eles – carro e peixe; gato e
geladeira; livro e lâmpada, etc.
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CRIATIVIDADE
difícil para o ser humano prever o tipo de conhecimento necessário para os próximos anos – é
preciso ampliar nossa capacidade de pensar e criar (ALENCAR & FLEITH, 2009).
Fonte: mmatee/Shutterstok.com
EXEMPLO
3 Criatividade e inteligência
A inteligência humana está associada à capacidade de raciocínio, aprendizagem, resolução
de problemas e adaptação ao meio. Até a metade do século XX, pesquisas sobre inteligência eram
suficientes para explicar o funcionamento mental. Segundo Bee e Boyd (2011), para compreender
e medir diferenças individuais de inteligência surgiram a abordagem psicométrica e o teste de QI.
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CRIATIVIDADE
Atualmente, temos abordagens amplas como a teoria de Robert Sternberg e os três tipos dife-
rentes de inteligência: a analítica/componencial (planejamento, organização, memória); a criativa/
experiencial (respostas não convencionais, exame crítico de ideias, associações); e a prática/con-
textual (manejo de questões práticas, percepção social). Outra teoria emergente foi a de Howard
Gardner (Inteligências Múltiplas), que admite oito tipos de inteligência: linguística, lógico-matemá-
tica, espacial, corporal/cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista (BEE e BOYD, 2011).
De acordo com Freitas-Magalhães (2003), a criatividade já foi associada à inteligência, pois
acreditava-se que era uma característica apenas de indivíduos inteligentes. Porém, estudos reali-
zados por Wallach e Kogan mostraram que existem pessoas inteligentes com pouca expressão
criativa, e pessoas com baixo nível intelectual, com bom desempenho criativo.
Isso ocorre porque os inteligentes considerados pouco criativos apresentaram um sentimento
de insegurança em situações de ambiguidade e preferem padrões já conhecidos de desempenho.
Já os indivíduos criativos com baixo nível intelectual sentem-se mais seguros quando não há ava-
liação de desempenho.
FIQUE ATENTO!
A relação entre criatividade e inteligência foi muito debatida entre psicólogos. De acordo com
Del Isola (2012), são coisas distintas e independentes. Essa diferença existe, segundo Gardner (1996
apud DEL ISOLA, 2012), devido à relação entre pensamento divergente e pensamento convergente.
Pessoas inteligentes são convergentes, emitem respostas corretas convencionais aos problemas.
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CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
Confira o vídeo publicado no canal do Projeto Fronteiras do Pensamento explicando
a diferença entre inteligência e criatividade. Acesse: <https://www.youtube.com/
watch?v=yLC707jeDKs>.
4 Criatividade e êxito
Para Maslow (apud FEIST, FEIST & ROBERTS, 2015), criatividade e autorrealização são sinô-
nimos. Pessoas autorrealizadas são criativas na medida em que percebem a verdade, a beleza e
a realidade de maneira única, e não precisam ser grandes artistas ou poetas. São pessoas que
conseguiram sair do comum e desenvolver seu potencial, tanto na vida pessoal como no trabalho.
Além disso, a prática criativa permite o exercício natural da inovação, ou seja, uma forma de
fugir da linha evolutiva normal e dar um salto em direção ao novo. É a ação individual sendo um
diferencial na vida de outras pessoas, permitindo a realização pessoal e nos tornando pessoas
mais felizes (PREDEBON, 2010).
Fonte: Lightspring/Shutterstock.com
De acordo com Linkner (2014), a criatividade é importante não apenas para artistas e pes-
soas do meio publicitário, mas para o sucesso em outras áreas. Pessoas que ocupam cargos
gerenciais consideram a presença de pessoas criativas como vitais para o crescimento de suas
– 32 –
CRIATIVIDADE
empresas. Porém, Bes e Kotler (2011) alertam para se distinguir criatividade de inovação nas orga-
nizações de trabalho. A criatividade é uma ferramenta para o alcance da inovação.
SAIBA MAIS!
Sobre criatividade e inovação, Barlach publicou uma tese intitulada “A humana sob
a ótica do empreendedorismo inovador”. Acesse: <http://www.teses.usp.br/teses/
disponiveis/47/47134/tde-01122009-084339/pt-br.php>.
Ideias e soluções novas e interessantes devem ser gerenciadas para atingir os objetivos, ou
seja, devem ser materializadas no mercado para que as pessoas possam sentir-se efetivamente
participativas. “As pessoas propõem ideias e, devido à falta de regras claras acerca do que fazer
com elas, estas definham antes de chegarem a algum lugar. Desse modo, as pessoas ficam des-
motivadas e param de propor novas ideias” (BES & KOTLER, 2011, p. 22-23).
FIQUE ATENTO!
O meio social é importante para o desenvolvimento da criatividade. Portanto, é im-
portante incentivar a participação das pessoas, ouvir ideias e contribuir para um
clima de aceitação e motivação.
– 33 –
CRIATIVIDADE
Existem, assim, demandas sociais que favorecem a criatividade, como o fato de vivermos em
um tempo em que organizações criativas representam vantagem competitiva e acabam incenti-
vando cada vez mais a expressão. Como afirma Csikszentmihalyi (1996, apud CHAGAS; ASPESI &
FLEITH, 2008, p. 227), “é mais fácil desenvolver a criatividade das pessoas mudando as condições
do ambiente, do que tentando fazê-las pensar de forma criativa”.
O ambiente de trabalho deve ser considerado como um importante espaço para o desenvol-
vimento da criatividade. Segundo Muzzio (2017), a cultura que emerge do contexto organizacional
pode motivar a criatividade dos indivíduos mantendo valores, regras e práticas convergentes com
a ação criativa. Uma cultura organizacional em que há interação entre as características individu-
ais e as características e objetivos da própria organização podem ser determinantes da expres-
são criativa no momento em que estimulam as relações interpessoais, a comunicação, as novas
ideias, a confiança e o comprometimento com o trabalho.
Fechamento
Ao final desta aula, você teve a oportunidade de:
Referências
ALENCAR, Eunice e FLEITH, Denise. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3. ed. Brasília: UNB, 2009.
BEE, Helen e BOYD, Denise. A Criança em Desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
BES, Fernando T. e KOTLER, Philip. A Bíblia da Inovação. São Paulo: Leya, 2011.
CHAGAS, Jane F., ASPESI, Cristiana C. e FLEITH, Denise S. A relação entre criatividade e desenvolvi-
mento: uma visão sistêmica. pp. 210-230. In: DESSEN, Maria A. e COSTA JR, Áderson L. A Ciência do
Desenvolvimento Humano: tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed, 2008.
DELL’ISOLA, Alberto. Mentes Brilhantes. São Paulo: Universo dos Livros, 2012.
DI NIZO, Renata. Foco e Criatividade: fazer mais com menos. São Paulo: Summus, 2009.
– 34 –
CRIATIVIDADE
FEIST, Jess; FEIST, Gregory e ROBERTS, Tommi-Ann. Teorias da Personalidade. 8. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2015.
LINKNER, Josh. Criativo e Produtivo: os 5 passos da inovação empresarial que geram resultados
imediatos. Ribeirão Preto: Novo Conceito Editora, 2014.
MUZZIO, Henrique. Indivíduo, liderança e cultura: evidências de uma gestão da criatividade. Revista
RAC, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, art. 6, pp. 107-124, Jan./Fev. 2017. Disponível em: <http://dx.doi.
org/10.1590/1982-7849rac2017160039>. Acesso em: 16 mar. 2017.
PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
– 35 –
TEMA 5
Enfoque holístico e visão
sistêmica da criatividade
Alessandra Jungblut
Introdução
A atitude criativa é o que move o ser humano a criar. Para isso, é preciso curiosidade, capaci-
dade de questionar e se abrir para o novo. A realização pessoal ocorre por meio da satisfação de
criar algo que se considera bom, é brincar com as ideias, é testar hipóteses diferentes.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
1 A atitude criativa
Ações criativas iniciam a partir de questionamentos sobre situações. O ser humano observa
as situações e investiga novos modos de olhar e novas soluções possíveis. Atitude, segundo Rodri-
gues (1981, apud GOULART, 2006), é uma predisposição a favor ou contra um objeto social. Ela
surge da percepção e do sentimento que temos sobre algo e pode influenciar nosso comporta-
mento em determinadas ocasiões.
A atitude criativa deriva da curiosidade, do hábito de questionar, da vontade de desenvolver
algo. São as atitudes mentais e emocionais que desenvolvemos ao investigar uma realidade. Pro-
mover a atitude criativa é motivar o indivíduo a desenvolver suas criações, fazendo com que ele
perceba que existem opções disponíveis. O indivíduo com atitude criativa vê o mundo com a inge-
nuidade de uma criança e o conhecimento de um adulto – possui grande capacidade de atenção e
de observação e, para ele, o mundo é cheio de surpresas (FERREIRA et al, 2011).
– 36 –
CRIATIVIDADE
Predebon (2010) afirma que, entre os métodos disponíveis para desenvolver a criatividade,
estão as abordagens atitudinais, cujo objetivo é justamente ampliar a atitude criativa por meio de
um trabalho psicológico, com técnicas de reflexão e assimilação de novos valores. Ele se refere
a uma teoria das aberturas, na qual uma pessoa se torna mais criativa quando está mais aberta.
Pessoas tornam-se mais abertas ao aprimorar algumas características como flexibilidade, articu-
lação, comunicabilidade, inquietude e leveza. O desenvolvimento dessas características objetiva
ampliar a atitude criativa.
SAIBA MAIS!
Indivíduos com atitude criativa, segundo Ferreira (2011), são persistentes mesmo diante de
grupos opostos às suas ideias e confrontam o ceticismo e até a hostilidade. A atitude inovadora
resiste e persiste ao buscar constantemente o estado de harmonia.
FIQUE ATENTO!
– 37 –
CRIATIVIDADE
Autorrealização
Estado de
satisfação
Estima
Necessidade de desenvolver um
sentimento de autovalorização
Amor e pertencimento
Necessidade de receber e dar afeição
Necessidades de segurança
Necessidade de um ambiente seguro e protegido
Necessidades fisiológicas
Impulsos primários: necessidades de água, alimento e sexo
FIQUE ATENTO!
– 38 –
CRIATIVIDADE
Para que o produto criativo seja construtivo e positivo, Rogers (2009) enfatiza a importância
do autoconhecimento, de estar aberto às experiências. Ao ficar na defensiva e não aceitar a si
mesmo, o indivíduo não permite a livre circulação dos estímulos e não consegue criar algo bom –
torna-se rígido. Outra condição interna para a criatividade é o sentimento positivo em relação à sua
própria criação. Não é o julgamento do outro que vai satisfazer o indivíduo, mas sim, a consciência
de que fez um bom trabalho e realizou suas potencialidades emergentes.
Além disso, a autorrealização passa pela capacidade de brincar com as ideias, criar hipóte-
ses improváveis, unir elementos impossíveis. Esse exercício amplia a visão criativa da vida e pode
efetivamente resultar em descobertas valorosas.
3 A criatividade e a urgência em
transformar estilos de pensar e expressar
Para Maslow, segundo Feist, Feist e Roberts (2015), pessoas autorrealizadas são criativas,
conseguem sentir prazer mesmo em atividades triviais e são resistentes à aculturação. Isso não
significa que ignoram as normas ou agem de maneira antissocial, mas apresentam autonomia,
padrões próprios e não seguem o senso comum.
Para ter criatividade e autonomia é preciso estar aberto às emoções e aprender a dominar
os condicionamentos. Segundo Predebon (2010), é necessário fugir das limitações impostas. A
aprendizagem de conceitos, valores e regras é importante para a formação da personalidade e o
bom convívio em sociedade, mas a extrema rigidez é um obstáculo ao processo criativo, quando
insistimos em obter verdades definitivas, sem conciliar o que já existe com o novo.
– 39 –
CRIATIVIDADE
EXEMPLO
Uma pessoa é recebida no novo emprego. Em um primeiro momento, é possível que
alguns não simpatizem com ela, pois representa o novo, o desconhecido. Com o tem-
po, mudam sua opinião sobre ela e ficam amigos. É essa abertura ao novo que pos-
sibilitou isso. A abertura ao pensamento criativo funciona de maneira semelhante.
SAIBA MAIS!
EXEMPLO
Conta-se que Newton descobriu a Lei da Gravidade quando uma maçã caiu em sua
cabeça. Nessa história, a espontaneidade ocorre no momento em que ele tem a
ideia repentina de que, se a maçã caiu, é porque há uma força que a atraiu. A espon-
taneidade é resposta a um acontecimento (Guimarães, 2011).
– 40 –
CRIATIVIDADE
Fonte: corbac40/Shutterstock.com
Segundo Ostrower (2011), a espontaneidade existe mesmo com a influência do meio social
sobre a criatividade humana. O ser humano atinge sua maturidade e seleciona o que considera
mais relevante na sua interação com o mundo. Ser espontâneo é estar aberto a essa interação,
sem rigidez ou preconceitos. A espontaneidade é o que nos torna flexíveis e garante nossa adap-
tação ao meio social e a tudo que é novo.
FIQUE ATENTO!
A espontaneidade não é uma energia que permanece no indivíduo. Ela surge de
repente, motivada por uma situação. É o ponto de partida da criatividade e, para ser
espontâneo, é preciso estar receptivo.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
– 41 –
CRIATIVIDADE
Referências
CHRISTIANSEN, James. Codependência: quebre o ciclo e liberte-se. [E-book].Teaneck: Babelcube
Inc., 2016.
FEIST, Jess; FEIST, Gregory e ROBERTS, Tommi-Ann. Teorias da Personalidade. 8. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2015.
FELDMAN, Robert S. Introdução à Psicologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
FERREIRA, Cristiano Vasconcellos, et. al. Projeto do Produto. Rio de janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2011.
GOULART, Iris B. Temas de Psicologia e Administração. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.
GUIMARAES, Gustavo Queiroz. Uma nova resposta ao conceito de espontaneidade. Rev. bras.
psicodrama [online]. 2011, v.19, n.1, p. 135-142. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932011000100011>. Acesso em: 15 mar. 2017.
PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
MOREIRA, Mafalda Vaz Pinto. Criatividade organizacional: uma abordagem sistêmica e pragmá-
tica. Portugal: Repositário Aberto da Universidade do Porto, 2008. Disponível em: <http://hdl.han-
dle.net/10216/12180>. Acesso em: 15 mar. 2017.
OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 28. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
TV CULTURA DIGITAL. Mude, mas comece. Provocações, 2004. Disponível em: < https://www.
youtube.com/watch?v=A2hk9jtL7WA>. Acesso em 17 mar. 2017.
– 42 –
TEMA 6
A criatividade e o ensino-aprendizagem
como forma de socialização
Renata Mateus
Introdução
A criatividade é inerente do ser humano, mas com o passar do tempo, ela pode ser explorada
ou “bloqueada”.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
FIQUE ATENTO!
Charlot (2009), em uma entrevista, revela que a fórmula para ensinar é simples: aprender é
igual a atividade adicionada de sentido e prazer, porém resolvê-la é o problema. Segundo o autor
não há o prazer de aprender, pois quando o aluno não estuda, o professor simplesmente afirma que
caso o aluno persista dessa forma, não irá passar de ano. Isso só faz com que a escola se afirme
como um lugar no qual apenas se estuda sobre assuntos “chatos” para poder passar de ano.
– 43 –
CRIATIVIDADE
EXEMPLO
•• um professor com propriedade de seu conteúdo e gostando do que faz e que conheça
e explore com seus alunos técnicas que estimulem o desenvolvimento da criatividade;
•• o aluno, com capacidades e aptidões, interesses e estilos reconhecidos;
•• o currículo, contendo uma estrutura, conteúdo e metodologia e o apelo ao imaginário.
– 44 –
CRIATIVIDADE
[...] aberto a novas experiências e mudanças, ser ousado e curioso, ter confiança em si
próprio, trabalhar com idealismo e paixão, proporcionar clima criativo nas aulas, permitir
ao aluno pensar, desenvolver ideias e pontos de vista e fazer escolhas, valorizar o trabalho
criativo, não rechaçar os erros, mas torná-los pontos do processo de aprendizagem, consi-
derar os interesses e habilidades dos alunos.
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com
Atualmente, se faz necessário uma escola aberta e um profissional que possibilite respostas
criativas, que incentive a criatividade, buscando desenvolver o potencial criativo de cada um.
SAIBA MAIS!
Ken Robinson é uma referência na área de criatividade voltado ao processo ensino-
aprendizagem. Confira um TED feito por ele sobre criatividade nas escolas. Acesse
em: <https://www.youtube.com/watch?v=M2pRR_w-5Uk>.
A criatividade precisa ser vista pelas escolas como uma forma de atrair novamente os alunos,
proporcionando aulas prazerosas, que estimulem e desenvolvam o potencial criativo de cada um.
É preciso excluir barreiras que possibilitam a manifestação criativa, fazendo com que a escola
forme cidadãos criativos para um mundo complexo em mudanças.
– 45 –
CRIATIVIDADE
FIQUE ATENTO!
Com conhecimento e imaginação, as ideias podem ser combinadas, alteradas e
recombinadas. Assim, para se ver problemas conhecidos de um novo ângulo, é ne-
cessária imaginação criativa.
Além disso, para se ter boas ideias é necessário estar de bem, com bom humor, que nesse
caso é estar em um estado de espírito que, independentemente de qualquer aflição, o indivíduo
permanece bem, possibilitando continuar criando e tendo novas ideias, sem que os problemas
atrapalhem o processo criativo. Para Virgolim, Fleith e Pereira (2008), precisamos trilhar caminhos
que nos levem à felicidade, entre eles o prazer, a alegria e a diversão que a criatividade pode conter.
Para atingir o objetivo da criatividade é necessário valorizarmos o humor, como disposição
para aprender, e exercícios de liberdade e autoconfiança. O respeito à liberdade e à criatividade em
concordância com o instintivo deve ser o principal recurso educativo.
Esse são os ingredientes básicos de uma vida criativa. O prazer fornecerá motivação e ener-
gia ao processo criativo que, para acontecer, precisa de um ambiente favorável, com liberdade,
onde o prazer é a força motriz.
– 46 –
CRIATIVIDADE
Hoje, as práticas educacionais aplicadas estão seguindo o princípio de que primeiro apren-
de-se para depois fazer. Assim, precisamos dar liberdade ao processo de ensino-aprendizagem,
possibilitando ao aluno aprender criando e criar aprendendo. Algumas escolas já estão criando
salas ambientes, nas quais os alunos desenvolvem um determinado projeto e a partir dele são
aplicadas as disciplinas necessárias.
EXEMPLO
O aluno é convidado a participar de um projeto de desenvolvimento de um carrinho
ou de aproveitamento da água da chuva. A partir desse projeto são aplicados os
conceitos de Matemática (o que é necessário de cálculo), ou Português (nome do
produto, desenvolvimento de um manual), arte (criação do produto), entre várias
outras formas de aplicação.
Conforme crescemos, vamos assumindo um poder de julgamento e de juízo, que faz com
que nossa imaginação diminua e a de conhecimento aumente. Assim, até os seis anos de idade,
podemos dizer que somos extremamente criativos e, quando iniciamos o processo de alfabetiza-
ção e temos contato com o meio social, os reguladores passam a fazer parte do nosso dia a dia:
“não pode”; “não deve”; “isso não existe”.
Periscinoto (2002) retratou o comportamento humano relacionado com a imaginação e o
conhecimento, em que perdemos nossa espontaneidade, que é uma das características das pes-
soas criativas, passando a ter medo de determinadas ações, de ousar, pensando sempre o que
outros acharão de nossas atitudes, deixando de criar.
Então, a escola desempenha um papel fundamental na mudança de mentalidades, na supe-
ração dos preconceitos e no combate a atitudes discriminatórias, envolvendo valores de reconhe-
cimento e respeito ao outro.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), a escola permite que as crianças con-
vivam com diferentes origens, níveis socioeconômicos, costumes, dogmas religiosos, que são dife-
rentes do que cada criança conhece. É onde ensina-se as regras da sociedade e espaço público,
que permite o conviver democrático com as diferenças, que apresentam conhecimentos sistema-
tizados sobre o mundo e a pluralidade de povos, e fornece subsídios para debates e discussões.
– 47 –
CRIATIVIDADE
FIQUE ATENTO!
É nesse sentido que a criatividade pode atuar, pois seres criativos precisam conexões sociais
significativas, e a motivação e a autoconfiança são fatores importantes para o sucesso do indiví-
duo, enquanto emoções negativas como a ansiedade podem prejudicar o processo criativo.
SAIBA MAIS!
A Teoria do Modelo Componencial da Criatividade explica de que forma os fatores
cognitivos, motivacionais, sociais e de personalidade influenciam o processo criati-
vo. O livro A Ciência do Desenvolvimento Humano: Tendências atuais e perspectivas
futuras, em seu capitulo 11, trata a respeito desse modelo.
– 48 –
CRIATIVIDADE
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade
cultural e orientação sexual. Brasília: MEC/ SEF, 1997.
CHARLOT, Bernard. Sentido e prazer para aprender. Revista Patio, n. 9, 2009. Disponível em: <http://
loja.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/5861/sentido-e-prazer-para-aprender.aspx>. Acesso em:
22 mar. 2017.
COSTA JUNIOR, Áderson Luiz; DESSEN, Maria Auxiliadora. A ciência do desenvolvimento humano:
Tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed, 2008.
DI NIZO, Renata. Foco e criatividade: fazer mais com menos. São Paulo: Summus, 2009.
OLIVEIRA, Zélia Maria Freire. Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo. Estudos
de Psicologia, Campinas: 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v27n1/v27n1a10.
pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017.
VIRGOLIM, Angela Magda Rodrigues; FLEITH, Denise de Souza; PEREIRA, Mônica Souza Neves.
Toc, Toc... Plim, Plim! Lidando com as emoções, brincando com o pensamento através da criativi-
dade. 9. ed. Campinas: Papirus, 2008.
PERISCINOTO, Alex. É preciso desenvolver a abertura para novas ideias. 2002. Disponível em:
<http://www.sescsp.org.br/online/artigo/1442_IMAGINACAO+VERSUS+CONHECIMENTO#/tag-
cloud=lista>. Acesso em: 05 abr. 2017.
– 49 –
TEMA 7
A criatividade convertida em resolução
de dilemas existenciais
Renata Mateus
Introdução
Problemas surgem todos os dias, sejam eles em nossa fase de aprendizagem na escola ou
até nos ambientes organizacionais. Assim, a criatividade pode nos ajudar a buscar soluções e uma
nova forma de encará-los.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
•• compreender sobre os contextos que integram o universo bidimensional da criatividade
desde os parâmetros mentais, físicos, lúdico, energético, racional e emocional;
•• reconhecer o ser criativo pela sintonia do indivíduo com sua essência.
– 50 –
CRIATIVIDADE
FIQUE ATENTO!
É necessário que criemos esquemas mentais básicos para depois utilizá-los na re-
solução de problemas mais difíceis.
EXEMPLO
Quando você se depara com um problema, busca informações que já tem, para
assim ter um ponto de partida no raciocínio, e a partir desses dados, com novas
informações, cria um novo mapa mental.
SAIBA MAIS!
Mapas mentais são técnicas gráficas, que utilizam uma palavra como ponto de
partida para adicionar novas ideias, facilitando a compreensão de um problema
e como você o interpreta. No livro “Mapas Mentais e sua elaboração: um sistema
definitivo de pensamento que transformará a sua vida, de Tony Buzan, você encontra
modelos de mapas mentais para desenvolver.
– 51 –
CRIATIVIDADE
Com a ludicidade, temos prazer, alegria e entretenimento na hora de aprender. Por meio de
jogos e brincadeiras desenvolvemos habilidades cognitivas e motoras, estimulando a curiosidade,
a autoconfiança e a autonomia, proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do pensamento,
da concentração e da atenção.
FIQUE ATENTO!
As brincadeiras são importantes para o desenvolvimento do indivíduo, ajudando na
estruturação de conhecimentos, fazendo com que os indivíduos sejam desafiados
a produzir e oferecer situações problema, a fim de motivar a percepção e constru-
ção de esquemas de raciocínio e ser uma forma de aprendizagem diferenciada.
Algumas empresas perceberam que a ludicidade é uma necessidade de todos, portanto, esti-
mular a criatividade incentivando brincadeiras e jogos é um grande diferencial. Não é apenas diver-
são, pois é um facilitador da aprendizagem, desenvolvimento pessoal, social e cultural.
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Assim, é necessária a prática lúdica, permitindo adquirir experiências cognitivas. Para Silva
e Gonçalves (2010), nas organizações, o foco é desenvolver melhorias para a empresa e buscar
solução de problemas, desenvolvendo o autoconhecimento, a motivação, liderança, socialização,
integração, criatividade, entre outras habilidades.
EXEMPLO
O lúdico possibilita ajudar no desenvolvimento de um novo produto. Imagine que
uma organização precisa lançar um novo produto. Se ficar presa nos fatos e dados
que possui, dificilmente conseguirá enxergar novas formas de produzir algo.
– 52 –
CRIATIVIDADE
Brotto (2001) mostra que as atividades lúdicas possibilitam que conheçamos a nós mesmos,
aceitando e mediando nossa personalidade, fazendo com que nos desprendamos do real, pois o
lúdico proporciona uma trama entre a ficção e a realidade. A ludicidade não aliena, mas permite
que o real fique interrompido, fazendo com que possamos avaliar e analisar cenários e as possí-
veis consequências decorrentes das decisões adotadas.
FIQUE ATENTO!
A criatividade é uma fonte de energia, necessária para uma vida criativa, já que
todos podemos nos tornar mais criativos.
A criatividade, hoje, é importante, pois o indivíduo criador é aquele que amplia seus conheci-
mentos, e ela é a matéria-prima para construção de uma transformação da sociedade e de novos
modelos de negócios. A criatividade é uma poderosa ferramenta para a aprendizagem, pois é
capaz de transformar as informações recebidas pelos indivíduos. É um processo de transforma-
ção do conhecimento e de ideias prévias em ideia novas e inovadoras, que passam a ser um novo
conhecimento (ULBRICHT; VANZIN; SILVA; BATISTA, 2013).
Educadores e educandos devem estar atentos ao processo de despertar, desenvolver, usar e
manter a criatividade, para que isso reflita e promova uma transformação da sociedade e levem à
reflexão e a construção de novos conhecimentos.
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– 53 –
CRIATIVIDADE
A educação não consiste apenas em ensinar por condicionamento ou por repetição, mas,
sobretudo, favorecer o desenvolvimento da pessoa através do exercício das suas estru-
turas criativas ou de descoberta pessoal. Assim, o que importa é promover na criança a
responsabilidade por si própria e pela sua ação, favorecer o desenvolvimento das capaci-
dades de imaginação e de criatividade, desenvolvendo o seu próprio autoconceito e, por
conseguinte, melhorando ou otimizando a sua atitude para com a vida. (PORTUGAL, 1991
apud MARTINS, 2011, p.308).
Para Vieira (1999), o processo criativo não envolve apenas a emoção, mas também o esforço
em conseguir informações e a habilidade de combinar esses dados, que provém de diversas fon-
tes de informação, com as informações acumuladas ao longo dos anos por nós, como leituras,
filmes, observações, vivências e toda e qualquer experiência vivenciada.
Portanto, está em nós, sentirmos, percebermos e transformarmos esse potencial de emoção,
que está a volta, em expressão de nossa sensibilidade.
– 54 –
CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
A revista eletrônica Temática (UFBP) publicou uma série de artigos sobre criatividade
e as questões da razão e emoção. Acesse em: <http://www.insite.pro.br/2005/55-
Neuroci%C3%AAncias%20e%20cogni%C3%A7%C3%A3o.pdf>.
O processo criativo faz com que os dados trazidos para a solução de um problema, junto com
as informações de nossa bagagem, se encontrem, formando um circuito criativo. Assim, é impor-
tante que inputs racionais e emocionais associem-se na criação de uma nova ideia, provocando
algum tipo de emoção e atraindo a atenção das pessoas para a ideia transmitida.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
– 55 –
CRIATIVIDADE
Referências
BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência.
Santos, SP: Projeto Cooperação, 2001.
BUZAN, Tony. Mapas Mentais e sua elaboração: um sistema definitivo de pensamento que trans-
formará a sua vida. Tradução Euclides Luiz Calloni, Cleusa Margô Wosgrau. São Paulo: Cultrix, 2005.
BZUNECK, José Aloyseo. Conceitos e funções dos esquemas cognitivos para a aprendizagem –
implicações para o ensino. Semina, Londrina, v. 12, n.3, p. 142-145, 1991.
DI NIZO, Renata. Foco e criatividade: fazer mais com menos. São Paulo: Summus, 2009.
MARTINS, Vítor Manuel Tavares. A Qualidade da Criatividade como Mais Valia para a Educação,
2011. Disponível em: <http://www.ipv.pt/millenium/Millenium29/37.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2017.
MOTTIN, Ernani José. Criatividade: Passo a passo. Porto Alegre: Age, 2004.
NICOLAU, Marcos. Razão e Criatividade: artigos sobre Neurociências e Cognição. Revista eletrô-
nica Temática, Insite.com.br, 2014. Disponível em: <http://www.insite.pro.br/2005/55-Neuroci%-
C3%AAncias%20e%20cogni%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em 29 mar. 2017.
SILVA, T. A. C.; GONÇALVES, K.G.F. Manual de Lazer e Recreação: o mundo lúdico ao alcance de
todos. São Paulo: Phorte, 2010.
ULBRICHT, Vania Ribas; VANZIN Tarcísio; SILVA, Andreza Regina Lopes da; BATISTA Cláudia
Regina. Contribuições da criatividade em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Pimenta
Cultural, 2013.
VIEIRA, Stalimir. Raciocínio criativo na publicidade: uma proposta. São Paulo: Loyola, 1999.
VIRGOLIM, Angela Magda Rodrigues; FLEITH, Denise de Souza; PEREIRA, Mônica Souza Neves.
Toc, Toc... Plim, Plim! Lidando com as emoções, brincando com o pensamento através da criativi-
dade. 9. ed. Campinas: Papirus, 2008.
ULBRICHT, Vania Ribas; VANZIN Tarcísio; SILVA, Andreza Regina Lopes da; BATISTA Cláudia
Regina. Contribuições da criatividade em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Pimenta
Cultural, 2013.
– 56 –
TEMA 8
Relação entre criatividade, tempo e
neutralidade no processo criativo
Renata Mateus
Introdução
Aprendemos que o homem sempre viveu em sociedade, isto é, associado a outros indivíduos
de sua espécie. E, a partir do momento que o consumo passou a fazer parte do dia a dia desses
indivíduos, a sociedade foi impactada diretamente.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
FIQUE ATENTO!
No ponto de vista existencial, Bittencourt (2005) esclarece que o tempo é o horizon-
te do entendimento do indivíduo. Mesmo que o indivíduo seja o criador do tempo,
ele não o determina.
Ainda nesse sentido, Elias (1998) mostra que o tempo não existe em si mesmo, e é, antes
de tudo, um símbolo social, organizado em calendários, que ajuda na organização das relações
entre as pessoas (feriados, datas de aniversários, períodos de férias, vencimento de contratos), e
possui uma função social reguladora da vida humana, parte de um método civilizador criado para
pressionar a nós mesmos.
– 57 –
CRIATIVIDADE
Figura 1 – O tempo
Mas o tempo individual, criado a partir do tempo biológico de cada indivíduo, também leva
em consideração o tempo social. Assim, cada pessoa tem uma relação com o passado, presente
e futuro, de forma que o significado de passado e de presente podem sofrer alterações, conforme
a trajetória de cada pessoa. Já o futuro é o lugar dos sonhos de cada um, dos projetos a serem
realizados, e da espera pela morte.
Para Melucci (2007), os tempos que experimentamos são diferentes uns dos outros, pare-
cendo, por vezes, até opostos. Existe em especial, uma separação entre tempos internos, que cada
pessoa vive sua própria experiência interna (emoções), e o tempo exterior, notado de outros ritmos
e regulado pelas diversas formas de pertencimento de cada um. Temos muitas temporalidades que
convivem simultaneamente. Assim, a criatividade é generalizada e contínua, pois estamos sempre
revendo e aprimorando processos, atividades, produtos e integrando-os de novas maneiras.
EXEMPLO
– 58 –
CRIATIVIDADE
Fonte: Sangoiri/Shutterstock.com
Assim, no processo de criação é necessário não abandonar esse senso crítico, mas é neces-
sário deixar de lado os julgamentos. É importante não limitar a imaginação e sair da zona de con-
formidade e neutralidade, sem limitar sua criatividade.
– 59 –
CRIATIVIDADE
Sem a pressão do tempo podemos desenvolver o processo criativo, desde que haja motiva-
ção para isso, mas também podemos ter uma boa performance criativa sob pressão e com pouco
tempo. O crucial na questão do tempo é saber separar as coisas importantes das corriqueiras e dedi-
car o tempo necessário às importantes. Portanto, podemos concluir que o gerenciamento do tempo
é uma habilidade essencial para o sucesso em qualquer atividade, inclusive a do processo criativo.
SAIBA MAIS!
O design think é uma técnica de solução criativa de problemas, considerando uma
sequência de espaços de ação com tempos para cada uma delas. No livro Design
Thinking & Thinking Design: Metodologia, ferramentas e umas reflexões sobre o
tema, você poderá conhecer a fundo essa técnica.
O processo criativo não obedece uma linha linear de começo, meio e fim e, em sua maioria, o
resultado desse processo é demorado e precisa de tempo para um retorno positivo.
– 60 –
CRIATIVIDADE
EXEMPLO
FIQUE ATENTO!
– 61 –
CRIATIVIDADE
Fonte: Gaudilab/Shutterstock.com
FIQUE ATENTO!
A partir do momento que enfrentamos os bloqueios, reestabelecemos a criativida-
de, e assim, quanto mais confiarmos no nosso processo criativo, menos problemas
teremos com os bloqueios.
SAIBA MAIS!
Portanto, à medida que nos conhecemos, percebemos o que nos bloqueia, e com base nesse
conhecimento, podemos descobrir como vencer estes bloqueios.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
– 62 –
CRIATIVIDADE
Referências
AMABILE, Teresa M. Como (não) matar a criatividade. HSM Management, p. 111-6, 1999.
BITTENCOURT, Maria Inês Garcia de Freitas. Reflexões sobre o tempo: instrumentos para uma
viagem pelo ciclo vital. Psychê [online]. v.9, n.15, pp. 93-104, 2005. Disponível em: <http://pepsic.
bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-11382005000100008#I>. Acesso em: 24
mar. 2017.
DESSEN, Maria Auxiliadora; JUNIOR, Áderson Luiz Costa. A Ciência do Desenvolvimento Humano:
Tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed, 2008.
KOHAN, Silvia Adela. Os segredos da criatividade: técnicas para desenvolver a imaginação, evitar
bloqueios e expresser ideias. Tradução de Gabriel Perissé. Coleção Guias do Escritor. Belo Hori-
zonte: Editora Gutemberg, 2013.
MARINHO-ARAÚJO, Claisy Maria. A ciência do desenvolvimento humano: para além de uma Psico-
logia do Desenvolvimento. Psicol. Esc. Educ. v.10, n.1, Campinas: 2006.
MELO, Adriana; ABELHEIRA Ricardo. Design Thinking & Thinking Design: Metodologia, ferramen-
tas e uma reflexões sobre o tema. São Paulo: Novatec, 2015.
PRADO, Renata Muniz; ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de; FLEITH, Denise de Souza. Diferenças
de gênero em criatividade: análise das pesquisas brasileiras. Bol. psicol [online]. v.66,
n.144, pp. 113-124, 2016. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0006-59432016000100010>. Acesso em: 24 mar. 2017.
WEINER, Rui Silvestre de Bastos. A criatividade no ensino do design. Tese de Mestrado. Universi-
dade das Belas Artes, Universidade do Porto, 2010.
– 63 –
TEMA 9
Processo, técnicas e ferramentas do
processo criativo
Renata Mateus
Introdução
O processo criativo envolve muitas etapas, para que resulte no objetivo a ser alcançado. Para isso,
além das etapas, há diversas técnicas e ferramentas que facilitarão o desenvolvimento da criatividade.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
1 Criatividade x inovação
Ao falar de processo criativo, é importante sabermos diferenciar criatividade de inovação. A
criatividade está diretamente relacionada ao nosso potencial de gerar novas ideias, a invenção, que
surge da criatividade, está relacionada a um protótipo que é desenvolvido baseado nas ideias ou
na combinação delas, sendo que ao menos uma deve ser nova. Portanto, a inovação é a realização
dessa invenção.
EXEMPLO
Uma inovação pode ser um produto, bem, serviço ou processo novo ou significativa-
mente melhorado. Nas empresas, por exemplo, pode ser uma nova metodologia orga-
nizacional implantada no local de trabalho, em um projeto ou nas relações externas.
– 64 –
CRIATIVIDADE
CRIATIVIDADE INOVAÇÃO
FIQUE ATENTO!
A inovação é um ato intencional que afeta pessoas e empresas. É por meio dela que
as organizações utilizam o potencial criativo de seu capital humano para buscar
novas soluções às necessidades apresentadas.
As empresas podem usar o potencial criativo de seus colaboradores para desenvolver soluções
que atendam às necessidades e problemas que ainda não foram solucionados, mas, para que isso
ocorra, é preciso que as organizações não fiquem apenas no campo da criatividade (geração de
ideias), mas passem a inovar, ou seja, a colocar em prática, para que não fique um “buraco” entre
a identificação do problema, as ideias para solucioná-lo e a geração de valor a partir dessas ideias.
SAIBA MAIS!
Martha Gabriel, em um TED, falou sobre a relação entre a criatividade e a inovação
no ambiente empresarial, diferenciando esses dois conceitos. Para conferir esse
conteúdo, acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=d9oAIsEBclI>.
A criatividade é muito relevante no dia a dia das organizações por permitir o pensamento
criativo, o que leva à inovação. No entanto, é fundamental que ela seja canalizada na solução de
problemas e necessidades.
2 Processo criativo
Para entendermos o processo criativo, é importante compreender que as ideias não surgem
do nada, ou são apenas frutos do acaso, de uma euforia momentânea, de um simples click, pelo
contrário, são fruto de um enorme esforço mental.
– 65 –
CRIATIVIDADE
Fayga
Ostrower
Processo existencial, o qual abrange o pensar, o sentir, o consciente, o
Três momentos: insight, elaboração e inspiração.
(1987) inconsciente e, principalmente, a intuição.
Elias Paul Processo que permite ao indivíduo compreender elementos que faltam e,
Torrance assim, formar ideias ou hipóteses, além de testá-las e comunicar os 4 fases: preparação, incubação, iluminação e revisão.
(1976) resultados, ou, após os resultados, modificá-las e testá-las novamente.
George
Frederick 5 fases: primeira apreensão, preparação, incubação, iluminação
Kneller Processo mental e emocional.
e verificação.
(1978)
Autores
Alex F.
O processo criativo, dificilmente, será explicado de forma perfeita, pois há 7 fases: orientação, preparação, análise, ideação, incubação,
Osborn
(1987) muitos elementos intangíveis e variáveis. síntese e avaliação.
Wilferd A.
Peterson Não há magia, mas, sim, um trabalho árduo. 4 fases: saturação, incubação, iluminação e verificação
(1991)
Panizza (2004) enumera diversos autores que descrevem as etapas do processo criativo de
forma muito semelhante, tendo como alguma diferença o número de fases do processo. O que
podemos perceber de similaridade é que há sempre uma etapa inicial de identificação do pro-
blema, seguida pela fase de não consciência, momento dos insights, e, por fim, a crítica.
FIQUE ATENTO!
Mesmo didaticamente separando em etapas definidas, o processo não ocorre de
forma contínua e linear, podendo retornar a etapas e fases anteriores, reelaborando-
-as com um novo ponto de vista.
De maneira macro, podemos dizer que o processo criativo possui 4 etapas básicas:
– 66 –
CRIATIVIDADE
EXEMPLO
Você precisa fazer uma análise profunda de um problema a ser solucionado, para isso
você deve obter um raio-x da situação, ser o mais fiel possível em relação ao que se
irá enfrentar. Para isso, é importante o acesso a todos os tipos de informações exis-
tentes: dados estatísticos, opiniões de terceiros, expectativas das pessoas, coisas que
já tenham sido feitas (outros objetos), entre outros. Essa análise, se feita de forma
inadequada ou com poucos dados, pode fazer com que as estratégias escolhidas não
ajudem a resolver a situação existente.
•• coleta de dados: etapa de extrema importância para ajudar a entender o que se neces-
sita para chegar ao objetivo final. Não se pode ter informações insuficientes nem em
demasia, pois uma fará que faltem informações para a resolução do problema e outra
poderá atrapalhar em perceber o que realmente é importante;
•• incubação e ideação/iluminação ou geração e seleção de ideias: embora não seja um
processo necessariamente consciente, é importante que o criativo dê um tempo para que
a mente processe todas as informações coletadas, as quais devem ser cruzadas com o
repertório já existente, estabelecendo novas conexões até que surjam novas ideias;
•• verificação, consenso e implementação da ideia desenvolvida: está é a fase de crítica
e verificação da ideia gerada a partir das fases anteriores. Aqui é possível melhorar e
adaptar a solução encontrada, como também perceber que a solução encontrada não
é a mais adequada, fazendo com que se inicie todo o processo novamente. Por fim,
ocorre a aceitação de uma das soluções encontradas e inicia-se a implementação.
Portanto, as ideias não nascem ao acaso, há um trabalho árduo a ser percorrido para que
boas ideias surjam e ajudem a solucionar problemas e desafios propostos diariamente.
FIQUE ATENTO!
É importante manter a criatividade sempre ativa, e as pequenas ações do dia a dia
nos ajudam a fazer isso, bem como os momentos mais complexos, como achar
uma nova solução para um problema no trabalho.
– 67 –
CRIATIVIDADE
•• Brainstorming e Brainwritting: criado por Osborn (1953 apud WEINER, 2010), é definida
como uma “tempestade” ou “chuva” de ideias, que a partir de um grupo de pessoas
buscarão a solução de um problema.
•• BIP: para Barreto (1997), é necessário basear-se em três questões para o processo
criativo: bom humor, irreverência e pressão.
•• Mapa Mental: desenvolvido por Tony Buzan (1974 apud WEINER, 2010) , é um dia-
grama ou gráfico criado para organizar as informações sobre determinado tema.
•• Scamper: para Osborn (1953 apud WEINER, 2010), o processo criativo é formado pela
resposta a sete perguntas que consistem das seguintes palavras: Substitua – combine
– adapte – modifique – proponha novos usos – elimine – reorganize.
•• Seis chapéus: desenvolvida na década de 1980 por Bono, busca usar o máximo da
experiência dos participantes durante uma discussão.
•• Caixa Morfológica: desenvolvida por Osborn e Arnold (1957 e 1962 apud WEINER,
2010), combina soluções, para elementos estruturais ou funcionais previamente sele-
cionados, para um produto. O fundamento dessa técnica é decompor o problema nos
seus elementos básicos.
Todas essas técnicas facilitam a geração de ideias, pois seguem metodologias e ajudam a
compreender o problema, gerar ideias e selecionar as já existentes, além de planejar as atividades.
Essas técnicas podem ser realizadas em grupos ou de maneira individual.
Nº de pessoas Finalidade
Técnica
Individuais Em grupo Compreender Gerar Selecionar
Brainstorming/Brainwritting X X X
Mapa Mental X X X
SCAMPER X X X
6 Chapéus X X X
SAIBA MAIS!
Para conhecer mais sobre cada uma dessas técnicas, leia o capítulo 5 do “Manual
de Criatividade Empresarial”. Acesse: <http://www.cria.pt/media/1366/manual-cre-
atividade-portugues_pt_web.pdf>.
– 68 –
CRIATIVIDADE
Além das técnicas abordadas até aqui, cada vez mais surgem outras a serem exploradas.
Veja a seguir.
•• Pesquisa visual: serve para analisar conteúdo, gerar alternativas e até comunicar uma
ideia. Nela você faz uma coleta visual de tudo o que está relacionado ao universo do
projeto, sejam concorrentes ou referências, para depois serem analisadas (similari-
dade, cor, forma, traço, grid etc.) a fim de encontrar um padrão de repetição ou tendên-
cia. Dessa forma, é possível identificar caminhos interessantes a serem abordados ou
como o seu projeto pode se diferenciar dentre os que já existem.
•• Brain duping visual: é comparada ao brainstorming, só que ao invés de ser verbal é
totalmente visual e consiste na técnica do esboço livre dentro dos objetivos do projeto.
Com diversos esboços, é necessário revisar todos e encontrar possíveis caminhos de
soluções para serem aprimorados.
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com
•• Doodle: ajuda a desbloquear o espírito criativo com rabiscos online dos nossos pensa-
mentos e ideias. Além disso, possibilita publicar e compartilhar com a rede.
– 69 –
CRIATIVIDADE
Existem milhares de ferramentas online e aplicativos que ajudam no processo criativo, até
mesmo para desenvolver as técnicas apresentadas, principalmente como o brainstorming (como
o Spider Scribe) e mapas mentais (como o Mind Meister).
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
Referências
GOLEMAN, Daniel; RAY, Micheal L.; KAUFMAN, Paul. O Espírito Criativo. Tradução de Gilson Cesar
Cardoso de Souza. 6. ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2013.
Manual de Criatividade Empresarial. Universidade do Algarve/ CRIA, 2010. Disponível em: <http://
www.cria.pt/media/1366/manual-creatividade-portugues_pt_web.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2017.
SANMARTIN, Stela Maris. Criatividade e Inovação na Empresa: do Potencial à Ação Criadora. São
Paulo: Editora Trevisan, 2012.
GABRIEL, Martha. A lagarta e a borboleta: da criatividade à inovação. In: TEDx Talks, 2014. Disponí-
vel em: <https://www.youtube.com/watch?v=d9oAIsEBclI>. Acesso em: 07 jun. 2017.
WEINER, Rui Silvestre de Bastos. A criatividade no ensino do design. Porto, 90 f. Dissertação (mes-
trado em Design Gráfico e Projetos Especiais). Faculdade de Belas Artes, Universidade do Porto,
Porto, 2010. Disponível em: <https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/67408/2/23828.
pdf>. Acesso em: 07 maio 2017.
– 70 –
TEMA 10
A Criatividade e o Mercado de Trabalho
Renata Mateus
Introdução
A criatividade faz parte do dia a dia das pessoas, seja nas pequenas atitudes ou na criação de
novos projetos. Engana-se quem acredita que a criatividade é inerente apenas a quem trabalha na
área de marketing ou correlatas, ela está presente em todos os lugares, independente se o profissio-
nal atua ou não na área.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
FIQUE ATENTO!
Johnsos, Chistensen e Kagermann (2008 apud GREGORY, ROSA e CASAROTTO FI-
LHO, 2013) afirmam que 50% dos executivos acreditam que, para o sucesso das
organizações, a inovação nos modelos de negócios será mais importante do que a
inovação de produtos. A criatividade das pessoas e equipes, no início desse proces-
so de inovação, assume um papel fundamental, já que a inovação será a implanta-
ção das ideias criativas.
– 71 –
CRIATIVIDADE
Para Gregory, Rosa e Casarotto Filho (2013), os modelos de negócios podem abranger a
criatividade da seguinte forma:
Criatividade
Líder/ da equipe
gestor
Inovação Criatividade
Criatividade
Cultura
do indivíduo
criativa cta
pa
Im
Ambiente
de trabalho
Sempre pensamos que a criação de novos produtos é uma, ou mesmo a única, forma de
explorar a criatividade no ambiente de trabalho, mas, segundo Goleman, Ray e Kaufman (2013), há
outras maneiras de utilizá-la, como veremos a seguir.
– 72 –
CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
Leia sobre o papel da criatividade no ambiente empresarial atualmente no Manual de
criatividade empresarial, capítulos 2, 3 e 4. Acesse: <http://www.cria.pt/media/1366/
manual-creatividade-portugues_pt_web.pdf>.
Assim, é importante que as empresas também adotem uma orientação voltada ao surgi-
mento de novas ideias, pois não adianta a empresa ter colaboradores motivados, que pensem
criativamente, se o ambiente organizacional não for propício para o surgimento de novas ideias.
EXEMPLO
Para se ter um ambiente propício à criatividade, é necessário criar espaços para seus
funcionários interagirem durante o expediente. Empresas já proporcionam para seus
colaboradores lugares calmos, para relaxar, com atividades de lazer e descanso, como
salas de jogos, ambientes de massagem e cafés, que quebram a rotina diária e melho-
ram o clima organizacional.
– 73 –
CRIATIVIDADE
FIQUE ATENTO!
A mente criativa procura diferentes formas de pensamento e é capaz de reinterpre-
tar a realidade segundo novos parâmetros lógicos, ajudando, por exemplo, a solu-
cionar problemas em ambientes empresariais, vendo-os sob uma nova perspectiva.
Quando falamos do perfil de um líder criativo, isso engloba também a capacidade de ser origi-
nal, ser aberto a novas experiências, ter facilidade de comunicação, espírito inovador e assertividade.
Com isso, percebemos que quando possuímos uma predisposição para encontrar soluções e
para a mudança, como resultado, temos uma atitude criativa, relacionada ao uso de novas formas
e metodologias, que não correspondem às lógicas tradicionais.
– 74 –
CRIATIVIDADE
FIQUE ATENTO!
Treinamentos focados no desenvolver criativo do colaborador ajudam a aumentar a
conexão entre os funcionários e a trabalhar molduras mentais para se adequarem à
cultura da criatividade, introduzindo técnicas criativas que podem ser adotadas no
trabalho diário de um grupo.
A empresa deve incentivar e desenvolver a cultura criativa, pois é dessa forma que surgirá
o desenvolvimento de soluções inovadoras, que realinham as atividades, aceitam as mudanças
organizacionais e melhoram a flexibilidade estratégica. Portanto, para uma empresa ser criativa, ela
deve apresentar diversos comportamentos e características que favoreçam o fluxo da criatividade.
Flexibilidade Rigidez
Com tanta inovação é essencial avaliar todos os novos processos. As empresas utilizam o
método PDCA (“Plan” – planejar / “Do” - fazer ou executar / “Check” - checar, analisar ou verificar /
“Action” - agir de forma a corrigir eventuais erros ou falhas), para fazer essa análise.
– 75 –
CRIATIVIDADE
EXEMPLO
SAIBA MAIS!
No artigo Gestão da Criatividade, José Cláudio Cyrineu Terra aborda temas como
treinamento para a criatividade nas organizações e o clima, motivação e recompen-
sas para a criatividade nas organizações. Acesse: <200.232.30.99/download.asp?fi-
le=3503038.pdf>.
– 76 –
CRIATIVIDADE
Para que uma empresa seja criativa, é preciso que ela proporcione as condições para que
isso aflore, indo contra o condicionamento imposto pela própria sociedade, o qual desperdiça e
inibe a criatividade de seus colaboradores.
Fechamento
Chegamos ao final do conteúdo, que abordou sobre a relação de criatividade com o mundo
corporativo.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
Referências
GOLEMAN, Daniel; RAY, Micheal L.; KAUFMAN, Paul. O Espírito Criativo. 4 ed. Tradução Gilson
Cesar Cardoso de Souza. Editora Cultrix: São Paulo, 2013.
GREGORY, Rodrigo Pereira; ROSA, Letícia Kern da; CASAROTTO FILHO, Nelson. O papel da criativi-
dade na inovação em modelos de negócios. In Contribuições da criatividade em diferentes áreas
do conhecimento. (Vania Ribas Ulbright, Tarcísio Vanzin, Andreza Regina Lopes da Silva e Claudia
Regina Batista, Orgs.). São Paulo: Pimenta Cultural, 2013. Disponível em: < http://www.academia.
edu/9139784/_eBook_-_PDF_Contribui%C3%A7%C3%B5es_da_criatividade_em_diferentes_%-
C3%A1reas_do_conhecimento>. Acesso em: 07 maio 2017.
TERRA, José Cláudio Cyrineu. Gestão da Criatividade. Revista de Administração, São Paulo v.35,
n.3, p.38-47, julho/setembro 2000. Disponível em: <200.232.30.99/download.asp?file=3503038.
pdf>. Acesso em: 18 abr. 2017.
– 77 –
TEMA 11
Autoestima como fator de criatividade
Alessandra Jungblut
Introdução
Situações difíceis podem causar desânimo e falta de motivação para desenvolver a criatividade.
Experiências como rejeição, fracasso e críticas excessivas podem afetar de maneira negativa o indi-
víduo e conduzir a um autoconceito negativo e a um sentimento de baixa autoestima. Desenvolver a
autoestima permite ao ser humano obter maior confiança em seu potencial criativo.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
– 78 –
CRIATIVIDADE
EXEMPLO
Figura 1 – Autoconceito
Fonte: fgnvzql/Shutterstock.com
SAIBA MAIS!
Leia este artigo sobre autoestima, autoconceito e autoimagem publicado na Revista
Equilíbrio Corporal e Saúde. Acesse: <http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.
php/reces/article/view/22/19>.
– 79 –
CRIATIVIDADE
Esforço
reduzido
Baixa
Baixa
expectativa Fracasso real
autoestima
de desempenho
Alta
ansiedade
De acordo com Feldman (2015), algumas pessoas possuem um sentimento crônico de baixa
autoestima e o fracasso é visto como algo inevitável em suas vidas. Essa crença eleva o nível de
ansiedade desses indivíduos, tornando as tarefas mais difíceis de serem executadas e ocasio-
nando o insucesso – o que confirma sua crença. É um ciclo autodestrutivo onde as consequências
negativas reforçam o sentimento de baixa autoestima.
FIQUE ATENTO!
– 80 –
CRIATIVIDADE
EXEMPLO
Para Adler (1964 apud FEIST, FEIST E ROBERTS, 2015), cada pessoa é livre para criar seu
estilo de vida. Embora a personalidade seja formada por aspectos genéticos e sociais, o indivíduo
é ator em seu próprio ambiente e é capaz de desenvolver autoestima.
Fonte: pathdoc/Shutterstock.com
12. Viver conscientemente: ter consciência da realidade e das próprias ações, objetivos e
valores. Aceitar a realidade é estar aberto às experiências;
– 81 –
CRIATIVIDADE
13. Autoaceitação: aceitar-se como é, reconhecendo seus sentimentos e seu próprio valor
independente de aprovação ou desaprovação;
14. Viver com responsabilidade: assumir responsabilidade pelas próprias escolhas e ações;
conquistar o que se deseja sem esperar ou culpar os outros; manter uma atitude ativa;
15. Autoafirmação (autenticidade): evitar fingir para ser aceito, valorizar a sua própria ver-
dade; fingir implica em rejeitar a si mesmo; pessoas autênticas sabem ser elas mes-
mas e se mostram assim para o mundo;
16. Viver com um propósito: ter objetivos e lutar por eles com disciplina, perseverança e
confiança no próprio potencial;
17. Viver com integridade: agir de acordo com os próprios ideais e valores, ser coerente.
FIQUE ATENTO!
– 82 –
CRIATIVIDADE
Por isso, sentimentos positivos a respeito do próprio valor são tão importantes – o que deter-
mina o sucesso no processo criativo não é o nível de inteligência, de talento ou de esforço, mas
principalmente, a reação perante às adversidades da criação.
SAIBA MAIS!
O filme “Julie e Julia” apresenta a história de duas mulheres em épocas diferentes que
enfrentaram adversidades, confiaram em seu potencial criativo e desenvolveram a
persistência em busca de seus objetivos. Acesse em: <https://www.youtube.com/
watch?v=qqQICUzdKbE>.
Oech (1988) afirma que pessoas criativas são aquelas que acreditam em seu potencial.
Quem vê a si mesmo como criativo sente liberdade para brincar com o conhecimento e valoriza
até mesmo as pequenas ideias. Essa liberdade é descrita por Predebon (2010) como leveza, oti-
mismo e jovialidade. É uma característica de pessoas excepcionalmente criativas. Além disso,
a própria prática criativa propicia o crescimento e alimenta aspectos positivos de nossa individua-
lidade, permitindo maior incremento na autoestima.
FIQUE ATENTO!
Autoestima é importante para a criatividade – indivíduos conscientes de seu pró-
prio valor não desistem facilmente e possuem a estrutura necessária para enfrentar
eventuais críticas.
Fechamento
Ao final desta aula, você teve a oportunidade de:
Referências
ALENCAR, Eunice e FLEITH, Denise. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3. ed. Brasília: UNB, 2009.
ASSIS, Simone Gonçalves e AVANCI, Joviana Quintes. Labirinto de espelhos: formação da autoes-
tima na infância e na adolescência. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004.
– 83 –
CRIATIVIDADE
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair e TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma
introdução ao estudo de Psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
BRANDEN, Nathaniel. Como aumentar sua autoestima. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.
_________________ Autoestima e os seus seis pilares. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
FELDMAN, Robert S. Introdução à Psicologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
FEIST, Jess; FEIST, Gregory e ROBERTS, Tommi-Ann. Teorias da Personalidade. 8. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2015.
FRANCO, Sérgio de Gouvêa. Sofrimento e o viver criativo. Revista Liceu On-Line - FECAP, São
Paulo, v. 1, n. 1, p. 12-15, 2010.
OECH, Roger Von. Um toc na cuca. 12. ed. São Paulo: Editora de Cultura, 1988.
PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
– 84 –
TEMA 12
Emoções que curam e a criatividade
Alessandra Jungblut
Introdução
A criatividade faz parte da natureza humana, assim como as emoções. Para criar, o ser
humano utiliza suas experiências, suas emoções e sua imaginação a fim de modificar a realidade.
Os estados emocionais podem contribuir ou retardar o desempenho criativo, e a expressão das
emoções é importante para manter a saúde, adquirir autoestima e agir com espontaneidade.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
EXEMPLO
Uma empresa, na qual os líderes estimulam o potencial individual e acolhem novas
ideias, pode gerar um sentimento positivo e segurança para que as pessoas se
expressem. Uma empresa restritiva, na qual há agressiva cobrança de resultados,
pode tornar os indivíduos mais temerosos e dificultar a espontaneidade.
– 85 –
CRIATIVIDADE
Foto: GaudiLab/Shutterstock.com
Reis, Guedes e Bahia (2014) afirmam que as pessoas diferem na forma como experimentam
e se comportam perante as emoções. Para ser criativo, é preciso saber lidar com as próprias
emoções, adaptando-se às situações e criando novas formas de reagir ao ambiente. Essa forma
criativa de lidar com as próprias emoções é chamada de criatividade emocional.
Existem pessoas emocionalmente criativas que enxergam desafios em situações conside-
radas por outras como ameaças, são capazes de compreender as necessidades do outro, são
menos vinculadas a padrões sociais, exploram o significado das próprias experiências emocionais
e toleram aspectos conflituosos em si e nos outros.
FIQUE ATENTO!
Emoções positivas aumentam a criatividade, estimulando a espontaneidade. Emo-
ções negativas desencorajam o ato criativo e incitam o indivíduo a manter padrões
tradicionais.
– 86 –
CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
O artigo “O Viver Criativo”, da psicanalista Vera Marieta Fisher, apresenta a origem
do potencial criativo, conceitos de criatividade e a importância de criar. Acesse:
<http://www.gpc.org.br/conversa-com-um-psicanalista-o-viver-criativo/>.
Segundo Perls (1997 apud PACHECO, 2010), uma pessoa saudável está em constante mudança
a fim de adaptar-se, manter o equilíbrio e satisfazer suas necessidades na relação com o mundo. São
os ajustamentos criativos que permitem uma relação adequada entre o indivíduo e as circunstâncias
do meio (regras sociais, hábitos culturais, necessidades do outro, limitação de recursos etc.).
Um indivíduo não é saudável quando evita o contato, não consegue lidar com consequências
negativas de seus esforços, evita experiências novas por medo, não aceita a emoção, não sabe
diferenciar o que são as suas próprias necessidades, aceita tudo o que vem do outro sem questio-
nar e necessita de constante aprovação. O objetivo do ser humano é desenvolver a identidade cria-
tiva, ou seja, tomar consciência de seu potencial e descobrir ferramentas para lidar com o mundo.
Fonte: A_lion_A/Shutterstock.com
Moreno (2014 apud DI NIZO, 2015) acredita que a adaptação ao ambiente nem sempre repre-
senta uma convivência saudável: há o risco de uma padronização nos modos de pensar e agir.
Para ele, o ideal de uma integração saudável com o mundo são as respostas espontâneas. O ado-
ecimento emocional acontece quando há o adormecimento da espontaneidade e da criatividade.
Todos nós temos necessidade de pertencer a um grupo, mas é preciso ajustar nossas próprias
necessidades e objetivos de forma equilibrada, sem agredir e sem deixar de expressar nossos
talentos e dons.
FIQUE ATENTO!
– 87 –
CRIATIVIDADE
3 A criatividade terapêutica
Atividades criativas são frequentemente utilizadas de maneira terapêutica, contribuindo para
o bem-estar e a cura de várias patologias em todas as idades. Antony (2009) traz um exemplo de
psicoterapia com crianças que estão em sofrimento em função de baixa autoestima e depressão.
O terapeuta utiliza atividades corporais, o desenho, a pintura ou mesmo fantoches, para incentivar
a descarga de tensões e a expressão de emoções reprimidas que podem causar o adoecimento.
Fonte: belushi/Shutterstock.com
Elmescany (2010), ao tratar sobre a criatividade e sua função terapêutica, apresenta o con-
ceito de resiliência – característica que representa a capacidade do indivíduo de enfrentar situa-
ções conflituosas e superá-las, fortalecendo-se e descobrindo novos significados para sua vida.
EXEMPLO
Uma pessoa que descobre ser portadora de uma doença grave pode deixar-se levar
por sentimentos negativos e ficar paralisada diante da vida ou buscar alternativas
para enfrentar a situação de forma positiva.
– 88 –
CRIATIVIDADE
sofrimento psíquico. Esse suporte significa mostrar aos participantes outras formas de enxergar
determinada situação e descobrir várias soluções possíveis.
SAIBA MAIS!
O artigo “Por que você deveria fazer algo criativo todos os dias” fala sobre um estu-
do realizado sobre a relação entre criatividade e as emoções. Acesse: <http://super.
abril.com.br/blog/como-pessoas-funcionam/por-que-voce-deveria-fazer-algo-cria-
tivo-todos-os-dias/
– 89 –
CRIATIVIDADE
Para redescobrir esse potencial é preciso aceitar essas emoções, expressá-las e em seguida
aprender a superar o que for negativo, como no conceito de resiliência. A psicoterapia, para redes-
cobrir o potencial criativo, e o estabelecimento de metas, para canalizar a energia criativa, podem
ser úteis para conquistar satisfação e bem-estar.
FIQUE ATENTO!
Fechamento
Referências
ANTONY, Sheila Maria da Rocha. Os ajustamentos criativos da criança em sofrimento: uma com-
preensão da gestalt-terapia sobre as principais psicopatologias da infância. Revista Estudos e
Pesquisas em Psicologia, UERJ, Rio de Janeiro, ano 9, n. 2, p. 356-375, 2009.
BARROCO, Sonia Mari Shima. Psicologia educacional e arte: uma leitura histórico-cultural da
figura humana. Maringá: Eduen, 2007.
BRENNAN, Barbara Ann. Luz emergente: a jornada da cura pessoal. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
DI NIZO, Renata. Equipes solidárias: por que em grupo e não sozinho? São Paulo: Summus, 2015.
FRANCO, Sérgio de Gouvêa. Sofrimento e o viver criativo. Revista Liceu [On-line] - FECAP, São
Paulo, v. 1, n. 1, p. 12-15, 2010.
FISHER, Vera Marieta. Conversa com o psicanalista: “o viver criativo’. Grupo Psicanalítico de
Curitiba (PR), s.d. Disponível em: http://www.gpc.org.br/conversa-com-um-psicanalista-o-viver-
criativo/. Acesso em: 31 mar. 2017.
– 90 –
CRIATIVIDADE
PACHECO, Cristina Vieira. Razão x Emoção: um atendimento clínico sob a luz da Gestalt Terapia.
Comunidade Gestáltica, Florianópolis, 2010. Disponível em: <http://comunidadegestaltica.com.
br/monografias/razao-x-emocao-um-atendimento-clinico-sob-luz-da-gestalt-terapia>. Acesso em:
31/03/2017.
PRADO, Ana Carolina. Porque você deveria fazer algo criativo todos os dias. Superinteressante,
2016. Disponível em: <http://super.abril.com.br/blog/como-pessoas-funcionam/por-que-voce-
deveria-fazer-algo-criativo-todos-os-dias/>. Acesso em: 31 mar. 2017.
SOUSA, Silvia D’Avó Saldanha. Criatividade e regulação emocional. Psicologia (Secção de Psicologia
Clínica e da Saúde, Núcleo de Psicoterapia Cognitiva-Comportamental e Integrativa), Universidade
de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2014. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10451/18104>.
Acesso em: 31/03/2017.
REIS, Inês; GUEDES, Davis e BAHIA, Sara. Expressões de criatividade na emoção. Revista de Psico-
logia da Criança e do Adolescente, v. 5, n. 1, pp. 41-56. Lisboa, 2014.
– 91 –
TEMA 13
Motivação e Criatividade
Alessandra Jungblut
Introdução
Para expressar a criatividade é preciso motivação, a qual se origina no próprio indivíduo.
Portanto, a criação de um ambiente favorável à expressão de novas ideias é importante para o
desenvolvimento de pessoas criativas.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
EXEMPLO
Marília é gerente de produção e está sempre envolvida nas discussões para melhorar
o fluxo de trabalho de sua equipe. Ao compartilhar suas ideias, se sente realizada. A
empresa em que trabalha oferece espaço para discussão e está aberta a novas ideias.
Nesse caso, a motivação é intrínseca e o ambiente é favorável.
– 92 –
CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
O filme “À Procura da Felicidade” (2007) apresenta com muita propriedade a questão
da automotivação. O personagem Chris Gardner (Will Smith), apesar de enfrentar o
fracasso como vendedor de equipamentos médicos e perder sua casa, consegue se
manter altamente motivado para encontrar novas formas de sobreviver e cuidar do
filho. Assista ao trailer: <https://www.youtube.com/watch?v=2tYV9iYr-DM>.
Fonte: Alphaspirit/Shutterstock.com
De acordo com Amabile (1996 apud DESSEN e COSTA JR., 2008), a criatividade possui três
componentes: habilidades de domínio (conhecimento sobre algo), processos criativos relevantes
(traços de personalidade, estilo cognitivo e estratégias que favorecem novas ideias) e motivação
intrínseca. Indivíduos são mais criativos quando têm interesse e satisfação em realizar uma tarefa.
A motivação intrínseca favorece a busca de novos conhecimentos, o desenvolvimento de habilida-
des e o hábito de apresentar ideias diferentes e não convencionais.
FIQUE ATENTO!
A criatividade precisa de um estímulo motivador. A motivação intrínseca ocorre in-
ternamente e pode ser facilitada mantendo-se expectativas positivas, equilíbrio entre
idealismo, objetividade e planejamento. Além disso, um ambiente favorável à expres-
são de ideias pode contribuir como incentivo à criatividade (motivação extrínseca).
– 93 –
CRIATIVIDADE
PODER MOTIVAÇÃO
EMPOWERMENT
LIDERANÇA DESENVOLVIMENTO
Chiavenato (2007) também aponta o empowerment como importante método para a gestão
de pessoas e o desenvolvimento de um ambiente adequado à criatividade. Em ambientes direcio-
nados para isso, as pessoas estão envolvidas nas decisões, nas atribuições de responsabilidades
pelo alcance de metas, na liberdade para escolher métodos de trabalho, no incentivo ao trabalho
de equipe integrado e coeso e na autoavaliação do desempenho. Uma liderança que é capaz de
oferecer esse método de trabalho é chamada de renovadora.
Esse estilo de gestão envolve não apenas o bom relacionamento com as pessoas, mas prin-
cipalmente o foco na criatividade e na inovação que ocorrem por meio da aprendizagem e da
mudança. Hoje não basta mais manter estratégias tradicionais – as pessoas precisam aprender
novos hábitos e conceitos para se sentirem motivadas a contribuir com ideias e soluções, acres-
centando um diferencial competitivo para as empresas.
– 94 –
CRIATIVIDADE
FIQUE ATENTO!
O empowerment é uma nova maneira de trabalhar com pessoas. É o ato de “em-
poderamento” ou fortalecimento das pessoas por meio de um trabalho em equipe
onde há autonomia e liberdade para tomar decisões e assumir responsabilidades.
FIQUE ATENTO!
Ao pensarmos em inovação, é importante perceber que as melhores soluções são
aquelas que nunca foram testadas. Portanto, manter um ambiente propício à expres-
são criativa envolve a abertura ao novo, a manutenção da comunicação e da confiança,
o reconhecimento dos esforços e a liberdade para experimentar. Novas ideias devem
ser encorajadas e acolhidas, mesmo que não sejam imediatamente implementadas.
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com
– 95 –
CRIATIVIDADE
Amabile (2001 apud ALENCAR, 2009, p. 83) afirma que “um ambiente social de apoio é vital
para o desenvolvimento de motivações, atitudes e habilidades”, ou seja, é preciso ter oportunidades
para identificar habilidades e desenvolver a criatividade. Segundo Predebon (2010), no momento
em que a motivação é ativada, o indivíduo pode fazer o melhor uso de seu potencial criativo.
A motivação otimiza a competência, esta gera mais criatividade e, consequentemente, mais
sucesso, o que é traduzido em mais motivação, como um ciclo de retroalimentação. Manter-se
motivado é essencial para que o ser humano possa lidar bem com a mudança ou com as situa-
ções imprevistas sem perder a capacidade de criar novas soluções.
SAIBA MAIS!
Neste artigo, Eunice Alencar discute a criação de ambientes organizacionais para a pro-
moção da criatividade. Acesse: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v38n2/a03v38n2.pdf>.
EXEMPLO
Ao assumir o papel de chefe de família, o indivíduo deve estar apto a agir de maneira
independente, tomar decisões. Essa aptidão envolve o cuidado consigo mesmo, ou
seja, a capacidade de ter autoestima e segurança necessárias para dar conta de suas
responsabilidades sem perder a espontaneidade e a autonomia.
– 96 –
CRIATIVIDADE
Fonte: Lightspring/Shutterstock.com
Segundo Predebon (2010), a realização pessoal gera a motivação necessária para que o ser
humano possa criar. Para isso, é preciso disciplina e mudanças de atitude com o objetivo de cresci-
mento pessoal. Não somos perfeitos, portanto não devem existir sentimentos de culpa, arrependi-
mento ou cobrança. Para sentir-se bem, o indivíduo precisa ter consciência de que está se tornando
melhor a cada dia e errando cada dia menos, além de dedicar alguns minutos diariamente para
a introspecção e para o planejamento de suas próximas ações. Além disso, a transformação de
obstáculos em desafios é uma maneira rápida de mobilizar esforços para conquistar os objetivos.
Fechamento
Ao final desta aula, você teve a oportunidade de:
– 97 –
CRIATIVIDADE
Referências
ALENCAR, Eunice; FLEITH, Denise. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3. ed. Brasília: UNB, 2009.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2007.
DESSEN, Maria Auxiliadora; COSTA JR, Áderson Luiz. A ciência do desenvolvimento humano: ten-
dências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed, 2008.
GUIMARÃES, Sueli Édi Rufini; BZUNECK, José Aloyseo. Propriedades psicométricas de uma
medida de avaliação da motivação intrínseca e extrínseca: um estudo exploratório. Londrina/PR.
Revista Psico-USF, v. 7, n. 1, pp. 01-08, jan/jun 2002.
MORAES, Fábio Cássio Costa. Desafios estratégicos em gestão de pessoas. Curitiba: IESDE Bra-
sil, 2012.
MUCCINO, Gabriele. À Procura da felicidade. [Filme]. Direção de Gabriele Muccino. Roteiro de Ste-
ven Conrad. Produção Columbia Pictures em associação com Sony Pictures, EUA, 2006.
PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
ROBERTO, Gelson Luiz. Aquém e além do tempo. Porto Alegre: Editora Letras de Luz, 2004.
SCHMITT, Bernd H.; BROWN, Laura. Gerenciamento criativo: planos e ferramentas para transfor-
mar sua empresa em um estúdio de criação. São Paulo: Nobel, 2004.
– 98 –
TEMA 14
Criatividade: Ideal Humano
Alessandra Jungblut
Introdução
O ser humano precisa de foco e objetividade para solucionar questões e, para isso, usa a cria-
tividade. No processo criativo, o comprometimento total e o trabalho são características fundamen-
tais. Além disso, manter uma atitude mental aberta, equilibrar imaginação e realidade, fazer pergun-
tas certas e pensar no futuro auxiliam na autorrealização e no desenvolvimento dessa habilidade.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
FIQUE ATENTO!
Ter ideias apenas não basta, pois elas precisam ser trabalhadas e aplicadas em
função dos objetivos.
Como afirma Ashton (2016), para se obter sucesso em qualquer área, é preciso estar com-
pletamente comprometido. Dedicar-se por inteiro ao objetivo e evitar distrações, além de persistir
mesmo diante dos fracassos, é essencial para que o ser humano consiga aproveitar seus talentos
– 99 –
CRIATIVIDADE
de maneira produtiva e criativa. Estar imerso no processo criativo e ter foco nos objetivos é o que
conduz o indivíduo a conquistar o que deseja, independente de obstáculos que possam surgir
durante o processo.
Fonte: Patpitchaya/Shutterstock.com
Para Ashton (2016), os chamados bloqueios criativos referem-se, na verdade, aos produtos
que o criador considera ruins. Nesses casos, é preciso trabalhar mais e persistir até encontrar o
resultado satisfatório. A falta de ideias, também considerada como um bloqueio, pode ser facil-
mente solucionada por meio de tarefas simples como fazer um passeio ou mudar de ambiente.
Outro aspecto que pode dificultar o ato criativo é a preocupação com a avaliação externa.
No entanto, é a motivação intrínseca que move o indivíduo a criar, é a sua paixão ao realizar
algo. A paixão significa uma escolha sem recompensa, pois esse sentimento é a própria recom-
pensa em si, que, unida ao conhecimento, traz satisfação ao indivíduo que cria e aprova o que fez.
EXEMPLO
Woody Allen, um dos cineastas mais produtivos de sua geração, nunca esperou a ins-
piração surgir para criar seus roteiros. Ele costuma trabalhar o dia todo, utilizando todo
o seu tempo, além disso, evita participar de cerimônias de premiação, pois acredita
que a avaliação é subjetiva, depende do gosto pessoal, portanto é ele quem deve acre-
ditar e gostar de seu próprio trabalho.
2 A formação da criatividade
Segundo Maslow (1968 apud PREDEBON, 2010, p. 20), “o homem criativo não é o homem
comum ao qual se acrescentou algo; o homem criativo é o homem comum do qual nada se tirou”.
Essa citação reafirma a natureza criativa do ser humano e a influência de fatores externos que
podem inibir a expressão da criatividade.
– 100 –
CRIATIVIDADE
O potencial criativo, para Alencar e Fleith (2009), é inibido em ambientes onde se estimula o
medo do ridículo e da crítica, onde a imaginação e a fantasia são vistas como perda de tempo e
onde estão presentes atitudes negativas com relação ao hábito de arriscar algo fora dos padrões.
Predebon (2010) afirma que a eclosão da criatividade pessoal pode ser facilitada por padrões
de comportamento pré-criativos, ou seja, formas de comportamento que podem estimular a criati-
vidade e encontram-se divididos em duas vertentes complementares: o ligar-se e o soltar-se.
O ligar-se, segue o autor, significa manter um alto nível de atenção permanente e concen-
tração em determinada atividade, é estar alerta, exercer a curiosidade, registrar ideias e manter a
disciplina. Já o soltar-se é abrir espaço para explorar hipóteses e adaptar soluções de acordo com
o contexto. Esse comportamento abrange o cultivo a interesses variados e uma visão mais leve do
mundo, sem censurar-se, fugindo da rotina e não levando tão a sério as críticas. Esses comporta-
mentos pré-criativos são a porta de entrada para a criatividade e para o desenvolvimento de uma
personalidade criativa.
EXEMPLO
Um professor, ao acompanhar seus alunos em uma viagem, precisa estar atento ao
que acontece ao seu redor para identificar problemas e oportunidades (ligar-se) e, ao
mesmo tempo, ser capaz de mudar a programação de acordo com a necessidade
para motivar os alunos (soltar-se).
– 101 –
CRIATIVIDADE
O processo criativo em si, como colocado por Siqueira (2015), tem início no momento em que
o indivíduo percebe a oportunidade de criar algo novo ou quando sente que há um problema a ser
resolvido. A partir daí, a criatividade fundamenta-se em três princípios ou ações mentais: atenção,
fuga e movimento. A atenção envolve a concentração no problema ou situação; a fuga representa
o ato de afastar-se do pensamento convencional, quebrando os limites; e o movimento diz respeito
à atitude de combinar elementos e soltar a imaginação. Segundo o autor, todos os métodos que
visam a desenvolver a criatividade possuem esses três pilares e diferem apenas na ênfase atribu-
ída a cada um deles.
FIQUE ATENTO!
É possível desenvolver uma personalidade criativa por meio de comportamentos
pré-criativos e utilizar técnicas mentais baseadas nos princípios de atenção, fuga
e movimento.
– 102 –
CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
O artigo “A experiência criativa infantil em Abraham Maslow” traz informações so-
bre o desenvolvimento saudável da criatividade e a autorrealização. Acesse: <http://
www.faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/7f2HDPxI4K4jn-
LY_2013-5-13-16-1-47.pdf>.
FIQUE ATENTO!
– 103 –
CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
Leia a entrevista com Clóvis de Barros Filho sobre a atitude de “pensar fora da caixa”.
Acesse: <http://exame.abril.com.br/carreira/hora-de-desmontar-a-caixa/>.
Fonte: Punyhong/Shutterstock.com
Para Menna Barreto (2011), o mundo nunca esteve tão aberto à inovação nem necessitou
tanto de pessoas criativas, tendo em vista as grandes mudanças no cenário econômico e tecnoló-
gico e na perspectiva de futuro que vislumbramos. Já no âmbito pessoal, os indivíduos precisam
pensar sobre o futuro e sobre a relação com seu próprio envelhecimento. Garantir um destino
pleno e realizado requer o desenvolvimento máximo da criatividade, ou seja, a criatividade sendo
um fator imprescindível para a realização pessoal, passará a ser também um fator de sobrevivên-
cia. O ser humano precisa manter o entusiasmo e a alegria de criar para garantir um futuro pleno
e realizado, evitando o ostracismo.
Fechamento
Ao final desta aula, você teve a oportunidade de:
– 104 –
CRIATIVIDADE
Referências
ALENCAR, Eunice; FLEITH, Denise. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3. ed. Brasília: UNB, 2009.
BES, Fernando T.; KOTLER, Philip. A Bíblia da Inovação. São Paulo: Leya, 2011.
BOFF, Leonardo. Transcendência. In: STRECK, Danilo R.; REDIN, Euclides e ZITKOSKI, Jaime J.
(Orgs.). Dicionário Paulo Freire. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.
DI NIZO, Renata. Foco e Criatividade: fazer mais com menos. São Paulo: Summus, 2009.
CASTILHO, Marta Andrade; SANMARTIN, Stela Maris. Criatividade no processo de coaching. São
Paulo: Trevisan Editora, 2013.
FELDMAN, Robert S. Introdução à Psicologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
MASI, Domenico de. Criatividade e grupos criativos: descoberta e invenção. Vol. 1. Rio de Janeiro:
Sextante, 2005.
MENNA BARRETO, Roberto. Você e o futuro: criatividade para uma era de mudanças radicais. São
Paulo: Summus, 2011.
PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
SIQUEIRA, Jairo. Criatividade aplicada: habilidades e técnicas essenciais para a criatividade, inova-
ção e solução de problemas. Rio de Janeiro: Jairo Siqueira/Clube dos Autores, 2015.
– 105 –
TEMA 15
A Criatividade nas Organizações
Alessandra Jungblut
Introdução
O ambiente de trabalho é o local ideal para desenvolver e expressar o potencial criativo. A cul-
tura e o clima organizacional e as lideranças podem estimular a motivação dos indivíduos para ações
criativas que serão transformadas em inovação. Uma organização inovadora utiliza a criatividade
para solucionar problemas e tomar decisões, além de contar com um setor de RH estratégico com
foco no desenvolvimento.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
– 106 –
CRIATIVIDADE
EXEMPLO
A empresa XCom, especializada na produção de câmeras fotográficas, está muito
preocupada em manter a tradição. Devido a isso, não investe em novos produtos e
tecnologias que atendam à demanda do mercado e não possui um espaço criativo
para o desenvolvimento de novas ideias e produtos, ficando ultrapassada e perdendo
espaço para a concorrência.
FIQUE ATENTO!
A cultura organizacional é a percepção compartilhada por todos a respeito de como
as coisas funcionam e como devem se comportar. Ela conta com indivíduos moti-
vados a expressar suas ideias.
– 107 –
CRIATIVIDADE
Confiança/ Seguridade emocional nos relacionamentos. Quando existe um alto grau de confian-
abertura ça os indivíduos se abrem genuinamente e fracamente com os outros.
Tempo de valor que as pessoas podem utilizar para produzir novas ideias. Flexíveis
Tempo de Ideia
linhas de tempo permitem às pessoas explorar e desenvolver novas alternativas.
– 108 –
CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
Para saber mais sobre o estímulo à geração de ideias no ambiente organizacional
e sobre as metodologias de gestão da criatividade e da inovação, leia “Gestão de
Ideias” de David, Carvalho e Penteado. Acesse: <http://repositorio.utfpr.edu.br:8080/
jspui/bitstream/1/2058/1/gestaoideias.pdf>.
– 109 –
CRIATIVIDADE
Segundo Siqueira (2015), muitas vezes o indivíduo apresenta sua ideia com entusiasmo,
mas ela é rapidamente descartada simplesmente porque apresentou algum indício de dificuldade
em sua implementação. Ideias devem ser examinadas e trabalhadas até que se tornem viáveis,
mesmo que seu resultado final se transforme em uma ideia diferente da original.
FIQUE ATENTO!
Descartar uma ideia sem realizar uma avaliação detalhada, pode inibir a expressão
criativa da equipe. Ideias devem ser analisadas e lapidadas para se transformar em
algo relevante.
Após a fase criativa (de geração de várias ideias), é o momento de classificar, comparar e
escolher a solução mais adequada. Siqueira (2015) apresenta uma metodologia eficaz de aná-
lise e soluções chamada Solução Criativa de Problemas (SCP). Esse método foi desenvolvido por
Osborn e Parnes e permite que indivíduos e organizações tornem-se mais criativos e inovadores.
1 Estruturação
de oportunidades
2 Exploração
de dados Entendimento
do desafio
Formulação
3 do problema
Geração
4 de ideias
Produção
de ideias
5 Desenvolvimento
de soluções
Preparação
para a ação
6 Viabilização
da mudança
Ação
Esse método, como afirma Siqueira (2015), é constituído pelos três estágios a seguir.
– 110 –
CRIATIVIDADE
18. Entendimento do desafio: é preciso fazer as perguntas certas para poder selecionar um
objetivo, oportunidade ou problema. Em seguida, é o momento de reunir conhecimentos
e organizar informações sobre o assunto de acordo com a importância ou relevância.
19. Geração de ideias: esse momento é dividido em duas partes: a fase divergente e a fase
convergente. Na fase divergente, são geradas várias opções de resposta, há a ausência
de julgamento e procuram-se ideias para solucionar a questão considerando diferentes
pontos de vista. Na fase convergente, selecionam-se as melhores ideias e estratégias.
20. Preparação para a ação: examinar cuidadosamente as ideias promissoras e elaborar um
plano de ação, procurando o apoio necessário para implementar a solução com sucesso.
EXEMPLO
A empresa X.Y está com dificuldades em cumprir prazos e está recebendo várias re-
clamações de seus clientes. A direção da empresa ainda não sabe por onde começar
a resolver essa questão e marca uma reunião com a equipe, que procura responder
às perguntas: “Qual o setor que apresenta maior dificuldade com os prazos?”, “Por que
isso acontece?”, “O que pode ser feito para agilizar este processo?”. As perguntas aju-
dam a equipe a encontrar o problema e estabelecer objetivos. A partir daí, são geradas
ideias para solucionar a questão e as melhores são selecionadas e postas em prática.
4 A cRHiatividade
O setor de Recursos Humanos (RH), segundo Ulrich (et al, 2014), pode agregar valor a uma
organização ao concentrar seus esforços na capacitação e no desenvolvimento do talento humano,
com a finalidade de manter a competitividade e adaptar-se às mudanças no mercado de trabalho.
O conhecimento em si já não é mais a vantagem competitiva de uma organização, na verdade é o
que ela é capaz de criar.
Como afirma Alencar (2009), a criatividade nas empresas recebe especial atenção devido
ao fato de que a sobrevivência e a expansão dependem da diversificação de produtos, de saber
antecipar as demandas de mercado, de melhorar a qualidade dos produtos e serviços e de recrutar
e reter bons empregados.
A inovação, como apontado por Kassoy (1999), pode ser definida como a criatividade apli-
cada, o que pode ser feito também pelo setor de RH ao utilizar estrategicamente os elementos
criativos como forma de adaptação (criatividade adaptativa) ou como forma de inovação (criativi-
dade inovadora).
A criatividade adaptativa é utilizada quando a empresa necessita de várias pequenas ideias
para aplicar no dia a dia como forma de reduzir custos, aperfeiçoar produtos e processos e melho-
rar o atendimento – são exemplos as pequenas alterações, como alterar um texto ou diminuir
o excesso de scripts para os vendedores. Já a criatividade inovadora diz respeito às pessoas e
possibilita mudanças comportamentais que o momento exige – são exemplos o treinamento para
a criatividade, a seleção de indivíduos com perfil criativo e ações que promovem harmonia entre
objetivos pessoais e objetivos da empresa.
– 111 –
CRIATIVIDADE
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com
FIQUE ATENTO!
O setor de RH pode contratar pessoas com perfil criativo e também promover trei-
namentos com objetivo de desenvolver a criatividade.
Kassoy (1999) apresenta algumas formas de estimular a inovação na empresa, como semi-
nários, monitorias, comunicação interna, reuniões periódicas, campanhas, laboratório de criativi-
dade e banco de ideias. Esses são alguns exemplos, mas cada empresa pode usar a sua própria
criatividade para encontrar outras formas de intervenção de acordo com as necessidades e carac-
terísticas organizacionais.
SAIBA MAIS!
Leia o artigo As 25 frases que bloqueiam a criatividade nas empresas, da Revista Me-
lhor RH, para isso, acesse: <http://www.revistamelhor.com.br/conheca-as-25-frases-
-que-bloqueiam-a-criatividade-nas-empresas/>.
Fechamento
Ao final desta aula, você teve a oportunidade de:
– 112 –
CRIATIVIDADE
Referências
ALENCAR, Eunice; FLEITH, Denise. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3. ed. Brasília: UNB, 2009.
BERG, Ernesto. As 25 frases que bloqueiam a criatividade nas empresas. Revista Melhor RH,
25 mar. 2015. Disponível em: <http://www.revistamelhor.com.br/conheca-as-25-frases-que-blo-
queiam-a-criatividade-nas-empresas/>. Acesso em: 14 maio 2017.
DAVID, Denise Elizabeth Hey; CARVALHO, Hélio Gomes de; PENTEADO, Rosângela de Fátima
Stankowitz. Gestão de ideias. Curitiba: Aymará Educação, 2011. Disponível em: <http://repositorio.
utfpr.edu.br:8080/jspui/bitstream/1/2058/1/gestaoideias.pdf>. Acesso em: 16 maio 2017.
KASSOY, Gisela. Estímulo, desenvolvimento e resgate da criatividade na empresa. In: BOOGS, Gus-
tavo G. Manual de Treinamento e Desenvolvimento. 3. ed. ABTD – Associação Brasileira de Trei-
namento e Desenvolvimento. São Paulo: Makron Books, 1999.
KOTLER, Philip; BES, Fernando Trías de. A Bíblia da Inovação. São Paulo: Leya, 2011.
MCSHANE, Steven L.; VON GLINOW, Mary Ann. Comportamento Organizacional: conhecimento
emergente, realidade global. 6. ed. Porto Alegre: McGraw Hill, 2014.
PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
ROBBINS, Stephen; JUDGE, Timothy A.; SOBRAL, Filipe. Comportamento Organizacional: teoria e
prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson Education, 2010.
SIQUEIRA, Jairo. Criatividade Aplicada: habilidades e técnicas essenciais para a criatividade, ino-
vação e solução de problemas. Rio de janeiro: Jairo Siqueira/Clube dos Autores, 2015.
ULRICH, Dave et al. Competências globais do RH: agregando valor competitivo de fora para den-
tro. Porto Alegre: Bookman, 2014.
– 113 –
TEMA 16
A criatividade e os sistemas
de comunicação
Renata Mateus
Introdução
O mundo empresarial sofre constantes mudanças e, devido a isso, as organizações necessi-
tam utilizar a criatividade para se reinventarem constantemente. Assim, nesta aula veremos como a
comunicação ajuda nesse processo e o que pode ser feito para exercitar a atividade criativa.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
EXEMPLO
– 114 –
CRIATIVIDADE
Além de uma boa comunicação verbal, é importante estar atento à comunicação não verbal.
Kohan (2013) afirma que na sociedade é fundamental o modo de se apresentar, as vestimentas, as
mímicas, os gestos, a postura do corpo, a expressão facial, os movimentos das mãos e do corpo,
entre várias outras formas de comunicação. Todos esses elementos ajudam na compreensão da
mensagem a ser transmitida e a criar um fluxo de informação, que facilitará a criação de um clima
de confiança, contribuindo para a manifestação de novas ideias.
FIQUE ATENTO!
A criatividade exige uma comunicação aberta e livre de julgamentos sem, no entan-
to, abrir mão da necessidade de obter resultados definitivos e mensuráveis. Assim,
a gestão deve priorizar o desenvolvimento de ideias, mantendo as possibilidades
abertas e evitando o fechamento prematuro.
Por fim, comunicação e criatividade são fatores que interferem diretamente no desempenho de
uma organização, e a comunicação torna-se de extrema importância para se ter uma cultura criativa.
– 115 –
CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
Leia a entrevista com Lucas Foster sobre empreendedorismo, criatividade, respon-
sabilidade e ética. Acesse: <http://www.valor.com.br/cultura/blue-chip/4314332/
empreender-com-criatividade-responsabilidade-e-etica>.
3 Resistência às mudanças
Atualmente, a mudança é necessária e fundamental para empresas e instituições em todo o
mundo. Porém, ao invés de tentarmos transformar nossos comportamentos, somos resistentes
a mudanças, a qualquer tipo de comportamento que tenha o objetivo de mudar a condição atual.
Nossa natureza tende a uma proteção, criando modelos de respostas prontas, tendendo a usá-las
em contextos semelhantes ou até mesmo iguais, não procurando novas possibilidades. Para Oli-
veira (2010), esse aspecto desafia as organizações a realizar as mudanças necessárias, muitas
vezes marcadas por uma resistência às novas ideias.
– 116 –
CRIATIVIDADE
EXEMPLO
Quando temos um problema com um cliente, nossa tendência é seguir normas e
padrões de procedimentos da empresa já preestabelecidos, o que nos impossibilita
de pensar e agir de modo diferente, trazendo novas soluções. Daí vem a famosa
resposta para a pergunta “Por que você está fazendo dessa forma?”: “Porque sem-
pre foi feito assim”.
FIQUE ATENTO!
O receio de mudanças impede a organização de visualizar oportunidades e for-
mular estratégias que permitam a adaptação a novas situações. Nesse sentido, a
criatividade ajuda a procurar alternativas e formular soluções que respondam ao
novo. Portanto, a predisposição para encontrar soluções e para a mudança, que é
positiva, implica também na existência de uma atitude criativa.
– 117 –
CRIATIVIDADE
•• educação e comunicação;
•• participação e envolvimento;
•• facilitação e suporte;
•• negociação e acordo;
•• manipulação e cooperação;
•• coerção explícita e/ou implícita.
FIQUE ATENTO!
Como visto, não basta apenas passar por treinamentos para desenvolver o potencial criativo,
é necessário que as empresas construam um ambiente que valorize e cultive a criatividade.
SAIBA MAIS!
Leia o livro “Os Segredos da Criatividade. Técnicas Para Desenvolver a Imaginação,
Evitar Bloqueios e Expressar Ideias”, de Silvia Adela Kohan, para descobrir algumas
técnicas para exercitar a criatividade.
– 118 –
CRIATIVIDADE
Por meio de técnicas para auxiliar o aperfeiçoamento do potencial criativo, a criatividade deve
ser treinada com persistência. Para isso, é necessário enfrentar algumas situações para que o
processo criativo obtenha êxito ao final:
•• receptividade;
•• imersão;
•• dedicação e desprendimento;
•• imaginação e julgamento;
•• interrogação;
•• uso de erros;
•• submissão à obra de criação.
Por fim, é necessário se despojar de crenças e velhas ideias, dando lugar ao novo, vendo o
que ninguém mais vê, pensando no que mais nenhuma pessoa está pensando. Obter isso envolve
fazer novas combinações de ideias e pensamentos, descobrir novas formas de busca, enfim, des-
pertar o espírito de colaboração.
Fechamento
Chegamos ao final desta aula, que abordou sobre a relação de criatividade com o mundo
corporativo.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
Referências
ARDITO, Roberto V. Criatividade e Ética: os limites corporativos na Gestão da Tecnologia e da
Inovação. Relampa 2007; 20(1): 4-6. Disponível em: <http://www.relampa.org.br/audiencia_pdf.
asp?aid2=64&nomeArquivo=editorial(3)-20-01.pdf>. Acesso em: 26 maio 2017.
KLINK, Angela. Empreender com criatividade, responsabilidade e ética. Valor Econômico. 13 nov.
2015. Disponível em: <http://www.valor.com.br/cultura/blue-chip/4314332/empreender-com-cria-
tividade-responsabilidade-e-etica>. Acesso em: 26 maio 2017.
KOHAN, Silvia Adela. Os segredos da criatividade: técnicas para desenvolver a imaginação, evitar
bloqueios e expressar ideias. Tradução Gabriel Perissé. Belo Horizonte: Editora Gutenberg, 2013.
LIMA, Marcelo Simão; CARRIERI, Alexandre de Pádua; PIMENTEL, Thiago Duarte. Resistência
à mudança gerada pela implementação de sistemas de gestão integrada (ERP): um estudo de
caso. Revista Gestão e Planejamento, Salvador, v. 8, n. 1, p. 89-105, jan.-jun. 2007. Disponível em:
<file:///C:/Users/M%C3%A1rcia/Downloads/258-3233-1-PB.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2017.
– 119 –
CRIATIVIDADE
NIZO, Renata Di. Foco e criatividade: fazer mais com menos. São Paulo: Summus, 2009.
OLIVEIRA, Zélia Maria Freire de. Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo. Estu-
dos de Psicologia I, Campinas I 27(1) I 83-92 I janeiro – março, 2010.
– 120 –
TEMA 17
A criatividade orienta o pensar e o
expressar de forma relacional:
ideal organizacional
Renata Mateus
Introdução
Somos seres inteligentes, com a capacidade de pensar, questionar e argumentar, mas também
precisamos estar entre as pessoas, conversando e interagindo. Por isso, o trabalho em grupo é de
extrema importância para o desenvolvimento criativo.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
– 121 –
CRIATIVIDADE
Fonte: Pressmaster/Shutterstock.com
Masi (2003) diz, ainda, que os meios culturais favorecem a criatividade, propiciando a uma
mente criativa oportunidades criativas, mas, para que isso ocorra, é necessário que nós estejamos
expostos e abertos aos diferentes estímulos culturais, sejam eles contrários ou semelhantes, para
absorvê-los.
FIQUE ATENTO!
O contexto social também ajuda no estímulo à criatividade, proporcionando uma
visão transformadora, sem discriminações, com tolerância e aceitando opiniões
divergentes.
Masi (2003) explica que o grupo criativo é variado, sendo composto de personalidades ima-
ginativas e pessoas concretas, e que ele se torna criativo quando são discutidos os critérios para
selecionar os membros e líderes, a localização do poder e os métodos de administração. O autor
ainda identifica algumas características constantes em uma equipe criativa, veja a seguir.
•• Individualmente: o foco.
•• Membros do grupo: forte motivação à atividade criativa e realizadora; habilidades ele-
vadas por um forte compartilhamento emotivo, diversidade de interesses e experiên-
cias, miscigenação de experiências, no nível do grupo.
•• Grupo no seu conjunto: aspecto emergente - preeminência de um líder-fundador capaz
de uma dedicação quase heroica ao objetivo; convivência pacífica dos membros; equilí-
brio de natureza afetiva e profissional; capacidade interdisciplinar; complementaridade
e afinidade cultural.
– 122 –
CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
Para aprofundar o assunto, leia o livro “Criatividade e grupos criativos (vol.2): Fantasia
e concretude”, de Domenico De Masi.
Por fim, o autor reforça que a carência pode tornar-se estímulo à criação para os indivíduos
criativos, pois eles possuem uma forte capacidade de adaptação, valorizam recursos, mesmo que
mínimos, e conseguem produzir sob estresse. Em oposição a essas situações estimulantes no
estresse, temos a contrapartida no ócio, que permite o afastamento dos problemas e propicia que
as ideias acumuladas no inconsciente passem para o consciente.
– 123 –
CRIATIVIDADE
EXEMPLO
Observe que um grupo criativo pode ser composto por diversas pessoas, como um
humorista, um filósofo, um matemático e um psicólogo, por exemplo. Todos eles jun-
tos formam esse grupo, mesmo que um deles não tenha o perfil criativo, será consi-
derado como peça fundamental para o equilíbrio do conjunto. Por fim, a comunicação
ajuda na busca de um modelo de identidade grupal, construindo os vínculos.
Dessa maneira, ao falar sobre criatividade, faz-se necessário o elo, pois ele relacionará a opor-
tunidade de refletir, propor, interpretar e avaliar criteriosamente as ideias e seus possíveis fatos em
relação à relevância e à capacidade de desenvolver o senso crítico e a busca do conhecimento no
dia a dia, gerando e mantendo os vínculos.
EXEMPLO
Existem diversos bloqueios à criatividade que podem inibir as pessoas de participa-
rem ou criarem grupos criativos. Bloqueios como julgamento de ideias, ambiente
hierárquico tradicionalista e estresse, inibem as pessoas de darem ideias e aceitarem
novas propostas.
Existem diversas técnicas para desenvolver a criatividade, mas ela também tem muitos pres-
supostos, veja:
– 124 –
CRIATIVIDADE
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com
FIQUE ATENTO!
Veja que a prática em grupo demanda uma complexa rede de relacionamentos in-
tergrupais e numa variedade de ideias. Por essa razão, inserir o brincar no currículo
provoca o desenvolvimento físico, intelectual, criativo, social e a linguagem.
SAIBA MAIS!
Para saber mais sobre o assunto, leia o livro “O poder criador da mente: princípios e
processos do pensamento criador e do ‘Brainstorming’”, de Alex F. Osborn, trata em
alguns capítulos sobre a colaboração criadora por equipes, colaboração criadora
por grupos e explicação da fluência do grupo.
Esse processo em que há interação e ao mesmo tempo restrição em consequência dos obs-
táculos do dia a dia, provoca a necessidade de uma comunicação interpessoal contínua, conser-
vando o intenso conjunto relacional.
– 125 –
CRIATIVIDADE
FIQUE ATENTO!
As características dos indivíduos, como a personalidade e as habilidades cognitivas
aliados ao ambiente onde está inserido, e aqui inclui-se o ambiente empresarial, atu-
am reciprocamente, numa interação dinâmica lúdica, tornando a pessoa criativa.
As rotinas do trabalho que usam um sistema de recompensa e punição, o que não facilita o
processo de criatividade, e que acabam rejeitando uma nova visão do mundo, precisam se aten-
tar à necessidade da manifestação criativa. Para que as pessoas expressem a sua criatividade, é
necessário que elas possuam o motivo, os meios e a oportunidade.
Há pouco tempo a separação entre trabalho, ócio e jogo era marcante, porém hoje diversas
profissões possuem conotações lúdicas, que desenvolvem o ócio e o jogo, e tornam o trabalho
produtivo, leve, participativo e harmonioso. Masi (2003) coloca que o trabalho não caracteriza
nossa vida e nossa coletividade, mas é caracterizado pela valorização do tempo livre, do jogo
para produzir riqueza e conhecimento. Assim, pode-se dizer que o trabalho entrou na vida e a vida
entrou no trabalho.
– 126 –
CRIATIVIDADE
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
Referências
ALENCAR, Eunice Maria Lima Soriano de. O contexto educacional e sua influência na criatividade.
Linhas Críticas. Linhas críticas, Brasília, v.8, n.15, jul/dez 2002.
MASI, Domenico de. Criatividade e grupos criativos (vol.2) - Fantasia e concretude. Rio de Janeiro:
Sextante, 2003.
– 127 –
TEMA 18
Sobre o trabalho criador que inova
Renata Mateus
Introdução
Vivemos em um mundo envolvido em rotinas, sejam elas de trabalho ou de nossa própria
vida pessoal. Esse cotidiano nos apresenta um desafio de olhar com outros olhos, um olhar inova-
dor, diferente do que já vivemos, para que possamos sobrevier.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
EXEMPLO
Trabalhos como cuidados com a saúde, higiene e alimentação também eram tra-
tados como douleia.
Arendt (2004) mostra que, para os gregos, a natureza da atividade era secundária em relação
à liberdade de seu exercício. Servidão, ou douleia, era a ausência de liberdade por uma “sujeição à
necessidade”:
– 128 –
CRIATIVIDADE
Fonte: Ollyy/Shutterstock.com
Aqui, segundo Salis (2004), percebemos a importância do ócio, uma vez que suas funções
estavam voltadas para a descoberta, a libertação, o uso dos talentos e as possibilidades de cada um.
FIQUE ATENTO!
O ócio criador também passou a ter grande valor na douleia, pois permitia que o
indivíduo transformasse sua rotina num desafio para a criatividade e a inovação. As
tarefas do dia a dia eram transformadas em novas possibilidades.
As descobertas ocasionadas pelo trabalho denominado erga podiam e deviam apoiar a dou-
leia, transformando as atividades cotidianas em desafios à criatividade. Através desses dois con-
ceitos, os gregos acreditavam que todos podíamos alcançar o equilíbrio da subsistência usando
seu tempo criador também no dia a dia.
– 129 –
CRIATIVIDADE
SAIBA MAIS!
O livro “Um chute na rotina - Os Quatro Papéis Essenciais no Processo Criativo”, de
Roger Von Oech, fala sobre o processo criativo, como ocorre a geração de ideias,
como aplicá-las, o sucesso que isso traz, além de mostrar uma série de estratégias
práticas para fazer a criatividade fazer parte da rotina.
Nizo (2009) mostra que ser criativo exige esforço, mas proporciona prazeres infindáveis. Para
que isso ocorra, é necessário que o indivíduo se abra para o mundo e o explore, deixando a moro-
sidade de lado. Essa é a grande dificuldade de muitas pessoas, ou seja, ousar, ser diferente, trans-
gredir as obviedades. Na rotina de fazer e olhar as coisas da mesma forma e ao mesmo tempo, as
equipes não são encorajadas a desenvolver o potencial gerador de ideias.
FIQUE ATENTO!
Fonte: Phovoir/Shutterstock.com
– 130 –
CRIATIVIDADE
3 O ócio criador
Atualmente, grande parte das pessoas adultas dedicam-se ao trabalho, mas, segundo Masi
(2000), estamos caminhando para uma sociedade em que grande parte do tempo será dedicado
a outras atividades. Para o autor, tanto no trabalho quanto em outras atividades, fazemos mais
coisas com o cérebro que manuais, e dentre as atividades cerebrais as mais apreciadas e valoriza-
das no mercado de trabalho, hoje, são as atividades criativas, que estão atreladas ao ócio criativo.
No entanto, em alguns momentos, podemos atribuir à palavra “ócio” uma conotação negativa,
mas, na verdade, se formos buscar seu sentido original, ele é positivo. Na Antiguidade, Masi (2000)
mostra que os gregos consideravam aqueles que exerciam o trabalho físico como escravos; já
aqueles que realizavam as atividades não físicas, como política, estudo, poesia e filosofia, eram
considerados cidadãos e estavam aptos para os trabalhos “ociosos”. Como podemos observar, a
palavra ócio em sua origem estava ligada às atividades “mentais”, que proporcionavam o pensar,
tinha uma conotação positiva.
Hoje, dedicar-se ao pensar diferente, a criar novas coisas, tornou-se essencial em qualquer
atividade. Nesse sentido, Masi (2000) afirma que devemos nos dedicar às nossas potencialidades
durante o tempo livre, ou ocioso, pois é nele que passamos a maior parte do dia.
SAIBA MAIS!
Quer saber mais sobre o ócio criativo, leia: “O ócio criativo” de Domenico de Masi.
Acesse: <https://wbrasiljr.files.wordpress.com/2012/08/o-c3b3cio-criativo-domenico-
de-masi.pdf>.
Para Masi (2000), na era Pós-industrial, ainda sofremos com a herança da era Industrial, em
que trabalhávamos mais com mãos, isto é, fisicamente. Com o avanço da tecnologia, muitos per-
deram seus postos de trabalho para as máquinas. Alguns podem considerar esse fato ruim por
vários fatores, como, por exemplo, a perda de postos de trabalho, mas junto com a tecnologia
veio uma série de oportunidades, proporcionando aos indivíduos evoluírem em análises, desenvol-
– 131 –
CRIATIVIDADE
verem novos produtos e automatizarem processos, possibilitando tempo para outras atividades
analíticas. Porém, por mais sofisticadas e inteligentes que sejam as máquinas, jamais substituirão
o homem nas atividades criativas, pois essas exigem o pensar fora do processo e de uma forma
diferente do que está sendo feito. Assim, na busca por trabalho, tem mais oportunidade quem
oferece serviços do tipo intelectual, cientifico ou artístico.
EXEMPLO
Trabalhamos oito horas por dia, dormimos outras oito e em outras oito nos diver-
timos, instruímos e tratamos do nosso corpo. Ao longo do ano, apenas um mês é
dedicado ao ócio. Apesar disso, achamos essa rotina, que nos condiciona e nos
impede de imaginar um outro estilo de vida, natural.
Fonte: Andrey_Popov/Shutterstock.com
Masi (2000) afirma que a sociedade baseada no ócio proporciona um ambiente melhor até
para aqueles que trabalham, pois torna-se mais agradável trabalhar com pessoas descansadas e
que se divertem.
– 132 –
CRIATIVIDADE
Fonte: Poznyakov/Shutterstock.com
Oliveira (2006) mostra que esse conceito assumiu com Platão o sentido do ideal educativo,
relacionando-o com a formação do homem como cidadão para vida, valorizando o movimento.
Entre os gregos, era muito prestigiada a capacidade criativa das crianças na criação dos jogos.
Eles consideravam que a brincadeira era fundamental à educação, inclusive mais do que o próprio
brinquedo. Dessa forma, considerava-se mais a capacidade de ironizar, inventar e disfarçar, ou
seja, o principal recurso educativo era baseado na expressividade e na criatividade.
FIQUE ATENTO!
Há também um fator mais importante que o próprio conceito de paideia e que deve
ser considerado como fundamento de reflexão do ser: o de trabalho, que, conjuga-
do à paideia, proporcionou uma diminuição do conceito original, pois focou-se na
questão de propriedade e técnica.
Por fim, essa metodologia colabora no desenvolvimento da capacidade de lidar com confli-
tos, tomar decisões e determinar compromissos, ampliando as possibilidades de ações dos indi-
víduos sobre todas essas relações.
– 133 –
CRIATIVIDADE
Fechamento
Chegamos ao final desta aula, que abordou sobre a relação de criatividade com o mundo
corporativo.
Referências
ARENDT, Hannah. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
HOLANDA, Aurelio Buarque. Míni Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 8. ed. Curitiba: Posi-
tivo, 2010.
MASI, Domenico de. O ócio criativo. 3. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. Disponível em: <https://
wbrasiljr.files.wordpress.com/2012/08/o-c3b3cio-criativo-domenico-de-masi.pdf>. Acesso em: 08
jun. 2017.
OLIVEIRA, Mária Lúcia. Escola não é lugar de brincar? In: Humor e alegria na educação. (Valéria
Amorim Arantes, Org.). São Paulo: Summus, 2006.
SALIS, Viktor. D. Ócio Criador, Trabalho e Saúde. São Paulo: Claridade, 2004.
– 134 –
TEMA 19
Capacidade de trabalhar criativamente e
a liderança
Renata Mateus
Introdução
A relação entre criatividade e trabalho é de extrema importância para as organizações. No
entanto, ela também deve fazer parte do pensamento dos gestores da empresa. Proporcionar às
equipes um ambiente estimulador, ajuda com que eles se sintam bem.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
FIQUE ATENTO!
A criatividade nas organizações deve ser pensada tanto na dimensão pessoal quan-
to empresarial. Deve-se considerar o desbloqueio dos Modelos Mentais, que são
suposições e visões do mundo já internalizadas em nós, e que influenciam nossos
comportamento e decisões.
SAIBA MAIS!
Leia o livro “Criatividade: passo a passo”, de Ernani José Mottin, sobre a relação de
liderança e criatividade.
– 135 –
CRIATIVIDADE
Observe que o líder tem papel fundamental para estimular o ambiente à criatividade e ele
pode fazer isso de várias maneiras.
EXEMPLO
O estímulo à criatividade pode ser feito pelo líder através de uma comunicação clara
dos objetivos organizacionais, ou mediando conflitos, ou promovendo a abertura ao
diálogo e a aceitação às diversidades, ou incentivando o comprometimento e o envol-
vimento pleno de todos da equipe.
O líder deve estar disposto a aprender e a ensinar, ou seja, a contribuir para que a sua equipe
esteja motivada e capacitada, encontrado novas formas de alavancar os resultados através do
trabalho em equipe e do direcionamento das tarefas. Por isso, a criatividade é fundamental no
ambiente de trabalho e a liderança deverá ser favorável à criação, pois em ambientes excessiva-
mente sem flexibilidade, os colaboradores não se sentirão motivados a defender novas ideias.
– 136 –
CRIATIVIDADE
Carnegie (2012) explica que o líder deve aprender a ser um mentor, um orientador, além de
dedicar-se a ajudar seus funcionários fazendo com que eles realizem o que eles têm de melhor, a
desenvolverem os próprios talentos e encorajá-los a usarem a própria iniciativa e discernimento.
Por fim, como colocado por Perry (s/d apud MAXWELL, 2012, p.24): “liderança é acolher as pes-
soas onde elas estão para levá-las para algum lugar”. Isso é, o líder tem o papel de influenciar os
colaboradores a alcançar os objetivos propostos pela empresa, desenvolvendo as competências
de sua equipe na busca por melhores resultados.
As gestões das organizações veem percebendo que seus funcionários merecem e querem
viver melhor. Por isso, cada vez mais temos investimento em iniciativas para melhorar a qualidade
de vida tanto dos colaboradores quanto dos familiares. Investir no capital humano da empresa
possibilita resultados extremamente positivos no desempenho das atividades e consequente-
mente no progresso da empresa.
O desempenho do funcionário está diretamente ligado à qualidade de vida na empresa, pois
quando ele está satisfeito e motivado com os processos de trabalho escolhidos, conquista rapida-
mente a alta produtividade. Assim, é necessário satisfazer não só as necessidades básicas, como
alimentação ou segurança, considerada a saúde física, mas também as necessidades de saúde
mental, como sentimentos e emoções, que também fazem parte das organizações.
FIQUE ATENTO!
Chiavenato (2010) mostra que a qualidade de vida no trabalho está diretamente
ligada à motivação, responsável por interferir nas atitudes e comportamento das
pessoas, o que acaba impactando na produtividade individual e na do grupo, conse-
quentemente, a criatividade é a vontade de inovar ou aceitar mudanças.
EXEMPLO
A qualidade de vida nas organizações envolve a preocupação com a alimentação dos
colaboradores; as questões de saúde, como preocupação com postura; auxílio psico-
lógico em situações de perda e depressão; atenção às causas financeiras; e também
com a quebra da rotina como forma de diminuir o stress.
Dessa forma, surgem programas que visam a proporcionar benefícios tanto na vida profissional
quanto pessoal, melhorando a motivação, a criatividade e a produtividade das equipes de trabalho.
– 137 –
CRIATIVIDADE
Fonte: Sudowoodo/Shutterstock.com
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com
– 138 –
CRIATIVIDADE
Por fim, Csikszentmihalyi (1996 apud JESUS, 2014) relata que, para a maioria das pessoas, a
felicidade vem de momentos de criação e do processo de descoberta, fazendo com que a prática
criativa melhore significativamente o bem-estar dos indivíduos.
FIQUE ATENTO!
Nem sempre há um ambiente propício para a criatividade nas organizações, mas
há uma abertura por parte das pessoas para tornar as empresas mais favoráveis
a ela.
Para muitos, o trabalho é algo penoso e necessário apenas para assegurar o sustento e sobre-
vivência, o que acarreta às empresas consequências como a alta rotatividade, a baixa produção,
os erros e os desperdícios crônicos. Já outras pessoas encaram o trabalho como fonte de felici-
dade e de oportunidades para se viver uma vida equilibrada e plena de significado. Nesse caso, a
organização é recompensada pelo entusiasmo de seus funcionários, bem como contribuições à
inovação e ao crescimento dos negócios.
– 139 –
CRIATIVIDADE
Hoje, vivemos um tempo marcado pela urgência criativa nas organizações, no entanto, por
outro lado, há uma busca intensa do indivíduo por experienciar a felicidade. Csikszentmihalyi (1995
apud SILVA, 2002) mostra que ser humano significa ser criativo e é uma via para a felicidade. Para
o autor, no momento da criação, sentimos a vida com sentido. Ele defende ainda a ideia de que a
felicidade de um dia prevê a criatividade do dia seguinte. Isto é, quando estamos felizes tendemos
a ser mais criativos, facilitando a busca de soluções e o alcance de nossos objetivos, nos encami-
nhando a um maior sucesso e a um estado de felicidade, que, dentro de um ciclo, estimulará ainda
mais a criatividade.
SAIBA MAIS!
Csikszentmihalyi é um dos principais autores da área e possui diversos livros que
relatam a relação entre criatividade e felicidade, entre eles estão: A psicologia da
felicidade, A descoberta do fluxo: a psicologia do envolvimento com a vida cotidiana
e Gestão qualificada: a conexão entre felicidade e negócio. Boa leitura!
A prática da liderança criativa pode deixar o ambiente de trabalho mais divertido, inovador e
feliz, ajudando a equipe a criar um resultado superior e diferente, já que ela estimula os profissio-
nais a fugirem da rotina dos processos, buscando novas oportunidades.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
Referências
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organiza-
ções. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
CARNEGIE, Dale. Como fazer amigos e influenciar pessoas. 52. ed. atualizada. São Paulo: Com-
panhia Editora Nacional, 2012.
MOTTIN, Ernani José. Criatividade: passo a passo. Porto Alegre: Age, 2004.
JESUS, Saul Neves de; IMAGINÁRIO, Susana; MOURA, Inês; VISEU, João; RUS, Cláudia.
– 140 –
CRIATIVIDADE
Criatividade e motivação dos artistas como preditores da sua saúde mental. Psicologia, saúde &
doenças, 2014, p. 544 - 556. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/pdf/psd/v15n3/v15n3a01.
pdf>. Acesso em: 06 jun. 2017.
SILVA, Onã. ReCreativity: flow and The Psychology of Discovery and Invention. LINHAS CRÍTICAS,
Brasília, v.8, n.15, jul/dez 2002. Disponível em: <periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/
download/6488/5244>. Acesso em: 07 jun. 2017.
– 141 –
TEMA 20
A Cultura da Criatividade no Ambiente
das Organizações
Renata Mateus
Introdução
Hoje, as organizações precisam se reinventar constantemente para fazer parte do mercado
competitivo. Para isso, necessitam estar abertas à criatividade e à inovação.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
•• conhecer os casos de empresas certificadas como criativas, tais como Google, Disney
etc.;
•• identificar cenários indicativos de organizações inovadoras e produtivas temperadas
pela cultura da criatividade.
1 As empresas criativas
A criatividade está cada vez mais presente no mundo empresarial e temos diversos exemplos
de empresas criativas. Uma delas é a Google, referência para muitas organizações, principalmente
pela criatividade que emprega no trabalho. Segundo Casaqui (2009), a empresa oferece aos cola-
boradores condições que se tornaram diferenciais, como massagens gratuitas, design inusitado,
liberdade para personalizar as estações de trabalho e de poder dedicar 20% do tempo de trabalho a
projetos pessoais.
FIQUE ATENTO!
Para a empresa, o modelo de gestão adotado é o principal fator de sucesso, que acaba
atraindo os talentos que irão compor suas equipes de trabalho pelo mundo. Os colaboradores
acreditam na missão que a organização possui de “transformar o mundo em um lugar melhor
para viver, organizando todas as informações existentes” (CASAQUI, 2009, p.170). Outro fator de
sucesso é o próprio ambiente, que lembra mais um parque de diversões, estimulando os colabora-
dores e fazendo com que passem boa parte de seu tempo na empresa.
– 142 –
CRIATIVIDADE
Por fim, a Google sustenta a ideia de ambiente democrático, no qual as colaborações e opini-
ões dos funcionários são estimuladas e bem aceitas, pois o sentido da criatividade para eles é algo
ligado à manifestação do jogo no trabalho, o qual serve à estratégia mercadológica.
EXEMPLO
Há outras empresas consideradas criativas. Entre elas estão a 3M, focada em inova-
ção com o post-it; o grupo Pão de Açúcar, que antecipa tendências, como no caso dos
alimentos orgânicos; e as experiências que o Airbnb proporciona.
Outra empresa vista como exemplo de criatividade e inovação é a Apple, reconhecida por
seus produtos com excelência no design, nas cores e formatos, por propiciar uma experiência
inovadora ao cliente e pelo conceito de tecnologia de ponta. Operando em 180 pontos de venda
no mundo e com mais de 20 mil funcionários, a Apple demonstrou que investir em criatividade
e consequentemente na inovação, sua filosofia organizacional, transformou-se numa vantagem
competitiva valiosa e comprovadamente bem-sucedida. Segundo Almeida (2015), esse foco em
inovação tem sido vital para que a empresa se mantenha competitiva em um mercado com acir-
rada concorrência. Hoje, os concorrentes já desenvolveram produtos semelhantes, o que ajuda a
Apple a conservar a motivação para que a empresa dê continuidade em suas inovações, criando
novos produtos.
SAIBA MAIS!
Em “Nos bastidores da Disney”, o autor Tom Connellan revela os sete segredos do su-
cesso da empresa, que também é considerada inovadora. Acesse: <http://www.pro-
jeto.camisetafeitadepet.com.br/imagens/banco_imagem_livros/87_livro_site.pdf>.
– 143 –
CRIATIVIDADE
Como último case, vamos discutir sobre a Disney. Connellan (1998) relata que a organização
tem a capacidade de ouvir qualquer colaborador que tenha uma ideia criativa. Como empresa,
estão sempre procurando novas maneiras de fazer as coisas e de encontrar soluções criativas
para os problemas. Em muitas organizações, os executivos acabam deixando seus egos interferir
no trabalho, ou seja, se a ideia não for dada por eles, não é boa. Na Disney, é diferente. Os executi-
vos não estão preocupados com a origem da ideia, escutam a todos, seja o funcionário um mem-
bro do elenco, um convidado, um vice-presidente ou até mesmo o faxineiro. O que importa é que,
se a ideia for boa, deve ser aproveitada e receber o devido crédito.
FIQUE ATENTO!
A criatividade, segundo Rosenfeld e Servo (1984 apud CRESPO; WECHSLER, 2001),
é um atributo que até pode pertencer a uma única pessoa, porém a inovação requer
a colaboração de muitas pessoas.
Crespo e Wechsler (2001) ressaltaram que a empresa que pretende incentivar a criatividade
deve preocupar-se mais no recrutamento de colaboradores, bem como na capacidade que estes
têm de inovar, do que com suas próprias experiências educacionais. As empresas precisam desen-
volver constantemente produtos e serviços inovadores e de qualidade, renovando o modo que
operam, para manterem-se competitivas no mercado global e, para isso, precisam da capacidade
de seus colaboradores para inovar. Então, segundo Bruno-Faria (2008), a inovação possui uma
relação muito próxima com a criatividade, mesmo usando outras fontes de inspiração.
– 144 –
CRIATIVIDADE
Para Petrini (1998, p. 21 apud BRUNO-FARIA, 2008), o que “costuma faltar não é criatividade
no sentido de criação de ideias, mas a inovação no sentido de produção de ações, o que pode
caracterizar a baixa inovação nas organizações”. Isso quer dizer que o líder pode tanto estimular
quanto inibir a criatividade de sua equipe, impactando no processo de inovação e evidenciando o
vínculo entre inovação e criatividade. Além disso, a liderança criativa passa a ser um dos facilita-
dores para colocar em prática a criatividade e as estruturas flexíveis e inovadoras que permitem ao
potencial criativo ser exposto.
3 Criatividade e produtividade
As empresas são impactadas diariamente por pressões e desafios, efeitos da economia, da
tecnologia, das questões sociais, da qualificação profissional, da busca pelo conhecimento etc.
Com isso, sentem-se obrigadas a adequarem-se a essa realidade e, ao mesmo tempo, a reagirem,
com o propósito de alcançar, constantemente, a qualidade, o conhecimento e a produtividade.
FIQUE ATENTO!
No cenário atual, a criatividade tem mostrado cada vez mais ser importante para os
profissionais que buscam o sucesso pessoal e profissional.
SAIBA MAIS!
Para as empresas serem criativas e inovadoras, é necessário que haja um gerenciamento dos
colaboradores que promovem a criatividade e a inovação, além disso a liderança deve ser voltada
para o desenvolvimento de novas formas de trabalho. Ou seja, a meta do gerenciamento criativo e
inovador é incrementar a produtividade, a fim de que possa melhor competir no mercado de trabalho.
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CRIATIVIDADE
A partir de novas soluções para problemas nas empresas, conquista-se inovações valiosas,
motivações, desenvolvimento das habilidades pessoais e do desempenho efetivo do grupo, tudo
isso vinculando o aprimoramento da produtividade com a criatividade e a qualidade no trabalho.
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CRIATIVIDADE
Para aproveitar o potencial criativo da força de trabalho, a empresa deve manter gestores e
colaboradores criativos, além disso deve proporcionar um ambiente de confiança, onde as pes-
soas se sintam livres e motivados a contribuir para o sucesso da organização.
EXEMPLO
São necessárias outras condições que incentivem as pessoas a colaborar na eficácia
da organização, como uma liderança de apoio, incentivos ao conhecimento e proces-
sos de grupo que favoreçam a criatividade. Algumas empresas já possuem projetos
que estimulam a inovação onde as pessoas apresentam novas soluções para a em-
presa e são premiadas por isso.
Por fim, a partir do momento em que os colaboradores recebem treinamento para a resolu-
ção de problemas em equipe e se envolvem em projetos de inovação, Borghini (2005) afirma que
se espera uma melhoria no seu envolvimento com a organização, seguida de uma sistematização
do conhecimento que passa a ser explicado claramente, sem restrições.
Fechamento
Chegamos ao final desta aula, que abordou sobre a relação de criatividade, inovação e reso-
lução de problemas no mundo corporativo.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
•• conhecer os casos de empresas certificadas como criativas, tais como Google, Disney
e Apple;
•• perceber como a criatividade está relacionada com a inovação e produtividade
organizacional;
•• identificar a criatividade como facilitadora na resolução de problemas e tomada de
decisões.
Referências
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CRIATIVIDADE
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