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LEI
Fontes
Temos as fontes material e formal. Vejamos:
1. A fonte material refere-se ao órgão que tem poderes para sua elaboração
e criação. O artigo 22, I, da Constituição Federal menciona que a União
Federal é a fonte de produção do Direito Processual Penal. Portanto, os
Estados e os Municípios, num primeiro momento, não detêm o poder de
legislar sobre o Direito Processual Penal. Se subdividem em mediatas e
imediatas:
a) as fontes materiais mediatas: são as remotas que se manifestam através
da sociedade em algum momento histórico por meio de valores, ideais e
interesses;
b) as fontes materiais imediatas: referem-se ao órgão encarregado da
elaboração da norma processual penal que é o Estado. Obs. É competência
exclusiva de a União legislar sobre o Direito Processual Penal. Contudo, em
matéria de procedimentos, é possível que os Estados-membros legislem
concorrentemente a promulgar normas específicas. Ex. Custas forenses.
Princípios
Segundo Guilherme de Souza Nucci “...princípio jurídico quer dizer um
postulado que se irradia por todo o sistema de normas, fornecendo um
padrão de interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito
positivo, estabelecendo uma meta maior a seguir. Cada ramo do Direito
possui princípios próprios, que informam todo o sistema, podendo estar
expressamente previstos no ordenamento jurídico ou ser implícitos, isto é,
resultar da conjugação de vários dispositivos legais, de acordo com a cultura
jurídica formada com o passar dos anos de estudo de determinada matéria.
O processo penal não foge à regra, erguendo-se em torno de princípios, que,
por vezes, suplantam a própria literalidade da lei. Na Constituição Federal,
encontramos a maioria dos princípios que governam o processo penal
brasileiro, alguns explícitos, outros implícitos".¹
Abaixo estão listados os princípios mais importantes do Direito
Constitucional e Processual Penal, mencionados na Constituição Federal²,
no Código de Processo Penal³ e comentados nos livros de Processo Penal
de diversos doutrinadores, entre eles podemos citar Guilherme de Souza
Nucci (2014) , Fernando Capez (2013), Gustavo Henrique Righi Ivahy
Badaró (2014), Fernando da CostaTourinho Filho (2009), Edilson Mougenot
Bonfim (2013), Vicente Greco Filho (2010), AuryLopesJr.(2014), Luiz
Fernando de Moraes Manzano (2010), Ana Flávia Messa (2014), André Luiz
Nicolitt (2013), Eugênio Pacelli de Oliveira (2013), Jaques de Camargo
Penteado (2013), Alexandre Cebrian Araújo Reis, Vitor Eduardo Rios
Gonçalves, sob coordenação de Pedro Lenza (2012) etc:4-16
Interpretação analógica e
extensiva
A aplicação da lei processual penal segue as mesmas regras de
hermenêutica que disciplinam a interpretação das leis em geral. Para o
doutrinador Fernando Capez “interpretação é a atividade que consiste em
extrair da norma seu exato alcance e real significado. Deve buscar a vontade
da lei, não importando a vontade de quem a fez”.¹
No que diz respeito a espécie, pode ser:
a) quanto ao sujeito que procede a interpretação:
1) autêntica/legislativa - é aquela elaborada pelo órgão responsável pelo
texto. Pode ser:
por lei posterior: uma lei nova para esclarecer lei em vigor. Ex. Lei
n. 11.767/08 que esclarece a busca e apreensão do local de
trabalho de advogado.
"O doutrinador Aury Lopes(2010, p. 215 e 216) distingue leis penais puras,
leis processuais penais puras e as leis mistas. A primeira é aquela que
disciplina o poder punitivo estatal, é o conteúdo material do processo,
cabendo para o Direito Penal (tipificação de crimes, pena máxima e mínima,
regime de cumprimento) a retroatividade da lei penal mais branda e
irretroatividade da lei mais maléfica. A segunda regula o início,
desenvolvimento ou fim de um processo, e seus institutos processuais
(perícia, rol de testemunhas, forma de realizar atos processuais, ritos),
ademais, aplicando-se o principio da imediatidade, não ocorre o efeito
retroativo. Por fim, a última possui peculiares características penais e
processuais, aplicando-se para tais casos as regras do Direito Penal, no
caso a lei mais branda retroage e a mais gravosa não.Existem as normas
processuais penais materiais, que são normalmente institutos
mistos/híbridos, estudados tanto no Direito Penal, como no Processo Penal,
nesses casos aceita-se sua retroatividade, em razão de sua dupla natureza.
Como outros exemplos, temos perempção, o perdão, a renúncia, a
decadência, e outros.Quando alguma regra é alterada acontecerá, por
vezes, reflexos incontestáveis no Direito Penal. Por exemplo: nos casos em
que a norma inclua outra forma de perempção, mesmo se referindo a
circunstâncias futuras, podem ocorrer, em casos concretos, que o
processado seja favorecido com a norma recém-criada. Ela é retroativa para
o fato de extinguir a punibilidade do réu, pois tem efeito no direito material
(art. 107, IV, CP)".³-4
Inquérito Policial
O SIGNIFICADO DE PERSECUÇÃO PENAL
Quando uma pessoa culpável (arts. 21, 22, 26, 27 e 28, CP) é apontada
como autora de um fato típico (conduta + nexo causal + resultado +
tipicidade), sem estar acobertada por uma excludente
de antijuridicidade (art. 23, CP) temos UM CRIME, segundo o conceito
analítico, definido em seus elementos pela Teoria do Crime.
Um crime é, em regra, considerado ofensa a um bem jurídico penal relevante
de interesse à sociedade que, segundo a perspectiva da teoria do contrato
social, delegou a um ente soberano denominado Estado o poder-dever de
impor o preceito secundário da norma penal incriminadora (pena - de tanto
a tanto...) contra aquele que violar o preceito primário desta mesma norma
(artigo "x" - é crime fazer tal coisa...), posto que ela represente a vontade
desta sociedade em proibir determinadas condutas e punir quem as praticar
- trata-se do conhecido fundamento do jus puniendi.
Pois bem, por óbvio que esta delegação de poder só pode ser exercida nos
próprios limites de quem a concede e, nesse sentido, é na própria
Constituição e nas leis que a sociedade estabelece para o Estado em que
termos o Estado poderá interferir no status libertatis de quem praticar uma
infração penal. E isto se dá por uma razão muito simples: todos nós estamos
sujeitos a fazer isso ou, pelo menos, de sermos investigados e processados
por isso.
Veja que, em ambas, os conceitos estudados na Parte Geral da disciplina
de Direito Penal (I e II) são fundamentais, basta que você leia novamente
este trecho e perceba que, apesar de estarmos na disciplina de Direito
Processual Penal, você já estudou estes conceitos há um bom tempo não
é?
VOCÊ NÃO SE LEMBRA BEM DA PARTE GERAL DE
DIREITO PENAL?!
O estudo do Processo Penal é indissociável dos conhecimentos previamente
obtidos ao longo de todo o curso na disciplina de Direito Penal,
principalmente no que diz respeito à teoria do crime e à aplicação das
sanções penais, pois...
Destinatários:
INQUÉRITOS EXTRAPOLICIAIS.
FIQUE ATENTO!
NOTITIA CRIMINIS
Notitia criminis significa a notícia do crime, ou seja, os modos pelos quais a
autoridade policial pode tomar conhecimento da prática de uma infração
penal, a fim de que, a partir disso, tome as providências necessárias à
elucidação de suas circunstâncias e busca de sua autoria.
Há maneiras diferentes da autoridade policial chegar a esta informação e a
doutrina costuma classificá-las em:
Notitia criminis de cognição direta.
Notitia criminis de cognição indireta.
o Delatio criminis.
Simples.
Postulatória.
Determina o art. 6º, CPP quais são as diligências diligências iniciais a serem
realizadas pela autoridade policial quando tomar conhecimento de infração
penal.
Deve a autoridade providenciar a preservação do local do crime, proceder à
apreensão de objetos que com ele se relacionem, verificar todos os indícios
aptos à demonstração da materialidade delitiva (provas, perícias e corpo de
delito), executar as oitivas dos envolvidos na ocorrência (vítimas,
testemunhas, suspeitos, etc.).
Quanto ao indiciado, o interrogatório deve estar adequado ao EOAB,
contendo daos sobre sua vida pregressa, sua identificação (inclusive
dactiloscópica, nos casos autorizados pela Lei nº 12.037/09), seus
antecendetes criminais e informações constantes das novas disposições
sobre filhos menores e/ou deficientes, determinadas pela Lei nº 13.257/16.
Segundo o art. 7º, CPP, a autoridade policial poderá proceder à reprodução
simulada dos fatos, isto é, uma reconstituição. Tal possibilidade deve ser
conjugada ao princípio do nemo tenetur se detegere, que significa a não
obrigatoriedade de ninguém a produzir provas contra si mesmo - vale dizer:
o indiciado NÃO É obrigado a participar.
O art. 14 do CPP fala sobre a possibilidade das partes envolvidas em uma
investigação produzirem requerimentos – novamente, reconsidere-se este
artigo à luz das novas disposições do EAOAB.
Art. 7º São direitos do advogado:
...
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações,
sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento
e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios
dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive,
no curso da respectiva apuração:
a) apresentar razões e quesitos;
ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO: opções
do titular da ação penal e suas
consequências.
Ação Penal
Podemos dizer que a ação penal é um direito outorgado ao cidadão de pedir
ao Estado a aplicação da lei penal ao caso concreto, a fim de garantir a
proteção efetiva de sus direitos penalmente tutelados. Em razão de ser um
direito subjetivo perante o Estado/Juiz, a princípio toda ação penal é pública,
sendo contudo feita a distinção entre ação penal pública e ação penal
privada, em virtude da legitimidade para interpô-la, se do Ministério Público
ou da vítima, respectivamente.
O art.100 do Código penal ratifica esta divisão ao mencionar que:
"A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo,
quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do
Ministro da Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido
ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação
pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por
decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa
ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão"¹.
Condições da ação.
O direito de ação só poderá ser exercido se preenchidas as condições. São:
b) Pública condicionada:
No caso da ação penal pública condicionada, o ofendido autoriza o Estado
a promover a ação penal. A esta autorização dá-se o nome de
representação, com a qual o órgão competente, ou seja, o parquet, está
autorizado a oferecer a denúncia, se for o caso.
Quando a ação penal for condicionada, a lei o dirá, expressamente,
'proceder-se-á mediante representação".
O art.129, I da Constituição Federal dispõe que é função institucional do
Ministério Público, privativamente, promover ação penal pública, na forma
da lei. ²¹
Já o art.24 do Código Processual Penal, preceitua que, nos crimes de ação
pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público,
dependendo, quando exigido por lei, de requisição do ministro da Justiça ou
de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá -
lo (pública condicionada).²²
Consiste a representação do ofendido em um tipo de pedido por meio do
qual o ofendido ou seu representante legal expressam o desejo de
instauração da ação, autorizando a persecução penal.
A representação é um direito da vítima e pode ser exercido por ela ou por
seu representante legal, ou, ainda, por procurador com poderes especiais,
mediante declaração escrita ou oral conforme o artigo art.39, caput, do CPP.
²³
Quando o ofendido for incapaz e não tiver quem o represente legalmente, o
será por curador especial, nomeado, de ofício, ou a requerimento do
Ministério Público, pelo Juiz competente para o processo penal, consoante
os artigos 30 e 33 do Código de Processo Penal, por analogia. Nesse caso
o curador não está obrigado a representar.
O prazo para se exercer o direito de representação é de seis meses,
contados a partir do dia em que a vítima ou o seu representante legal tomar
conhecimento da autoria do crime, conforme os artigos arts.103 do Código
Penal e 38 do Código Processual Penal.
No caso de vítima menor de idade, o prazo contará para seu representante
legal a partir do dia em que tomar conhecimento do fato, desde que tal não
se venha a dar após o representado atingir a maioridade.
Nesta situação, em que o representante legal, ignora o fato acontecido, o
prazo passará a ser contado a partir do momento em que a vítima atingir a
maioridade. No caso de incapacidade mental, isto, obviamente, não se
aplica, pois a representação legal não cessa até que cesse a incapacidade
conforme artigo 25 do CPP a representação será irretratável, depois de
oferecida a denúncia.
Jurisdição
É o poder de julgar atribuído, constitucionalmente, ao Estado (inerente aos
magistrados/autoridades) para aplicar a lei abstrata aos casos concretos
apresentados, resolvendo negócios e contendas.
Normalmente a atividade jurisdicional é exercida pelos magistrados,
contudo, o artigo 52, I e II, da CF, possibilita ao Senado Federal que
processe e julgue diversas autoridades, vejamos:
. Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos
crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
mesma natureza conexos com aqueles;(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 23, de 02/09/99)
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros
do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos
crimes de responsabilidade;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)¹
{...}Da mesma forma, as Constituições Estaduais têm estabelecido regras
parecidas, fixando a competência de Tribunais especiais para julgar o
Governador, o Vice-Governador, etc.
Princípios da Jurisdição
a) Princípio do Juiz Natural (Art. 5°, XXVII e LIII da CF): Tem direito de ser
julgado pelo juiz natural da causa, ou seja, têm o direito de ser julgados por
um magistrado de ofício, concursado.
c)Princípio do Devido Processo Legal (Art. 5°, LIV, CF): O cidadão tem o
direito de galgar o trâmite legal do processo em todas as suas etapas e
dispor do princípio do contraditório e da ampla defesa.
Espécies da Jurisdição.
Divide-se em:
Competência
COMPETÊNCIA ABSOLUTA E
COMPETÊNCIA RELATIVA (critérios
para se fixar a competência)
Absoluta: Diz-se por “absoluta” a competência em razão da matéria (Ratione
materiae) e em razão da prerrogativa funcional (Ratione Personae), uma vez
que tais questões tratam de matéria de ordem pública, não podendo ser
prorrogadas e nem modificadas pelas partes.
Seu reconhecimento pode ocorrer em qualquer tempo ou grau de jurisdição
gerando a nulidade absoluta do feito. Coloca-se nesse perfil a competência
em razão da matéria (ex.: federal ou estadual; cível ou criminal; matéria
criminal geral ou especializada) e a competência em razão da prerrogativa
de função (ex.: julgamento de juiz de direito deve ser feito pelo Tribunal de
Justiça etc.).
Relativa: Diz respeito à competência territorial (Ratione Loci), sobre a qual
prevalece o interesse da parte que a suscitou. Pode ser contestada por meio
da exceção de incompetência.
Não havendo contestação, a competência não mais poderá ser alterada no
desenrolar do processo, passando de relativa à absoluta. Segundo o
doutrinador Guilherme de Souza Nucci, “a divisão entre competência
absoluta e relativa – a primeira improrrogável, enquanto a segunda
admitindo prorrogação – é dada pela doutrina e confirmada pela
jurisprudência, embora não haja expressa disposição legal a respeito”.³
O lugar da infração:
Modificações de competência:
REGRAS E PROCEDIMENTO DE
APLICAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES
Preliminarmente, é importante salientar que as medidas cautelares diversas
da prisao (vide Art. 319 do Código de Processo Penal) não podem ser
aplicadas às infrações penais (crimes ou contravenções penais) para as
quais NÃO exista cominação abstrata de pena privativa de liberdade ,
haja vista que violaria o postulado da proporcionalidade.
As medidas cautelares, conforme Art. 282 § 1º do Código de Processo
Penal podem ser aplicadas, conforme o caso concreto, bem como as
necessidade anteriormente
analisadas, ISOLADAS ou CUMULATIVAMENTE.
É imperioso ressaltar que somente o magistrado, por meio de decisão
devidamente fundamentada (vide Art. 93, inciso IX da Constituição da
República) poderá decretar a aplicação de qualquer medida cautelar. No
entanto, se, durante o inquérito policial, é proibido ao magistrado decretar ex
officio a medida cautelar, isto, pois, dependerá de representação da
autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público. Entretanto, no
curso do processo penal o magistrado poderá decretá-las de ofício (vide Art.
282 § 2º do Código de Processo Penal). O procedimento das medidas
cautelares está previsto no Art. 282 § 3º do Código de Processo Penal.
Ademais, a detração (vide Art. 42 do Código Penal) não tem aplicação no
âmbito das medidas cautelares diversas da prisão, exceto a internação
provisória (vide Art. 319, inciso VII do Código de Processo Penal).
FIANÇA
A medida cautelar de fiança está prevista no Art. 319, inciso VIII do Código
de Processo Penal e será concedida como caução ou contracautela para
que o indivíduo, indiciado ou acusado não fuja.
Assim sendo, a fiança terá cabimento para assegurar o comparecimento a
todos os atos do processo penal, evitar a obstrução do seu respectivo
andamento, bem como em caso de resistência injustificada à ordem judicial.
A fiança pode ser concedida no âmbito do instituto da liberdade provisória e
está prevista no Art. 5º, inciso LXVI da Constituição Federal, bem como
prevista e regulada no Art. 310, inciso III do Código de Processo Penal, bem
como regulada nos Arts. 321 a 350 do Código de Processo Penal brasileiro.
Ademais, a fiança poderá ser aplciada cumuladamente com outras medidas
cautelares ou isoladamente, observando os dispositivos supracitados (vide
Art. 319, § 4º do Código de Processo Penal).
MONITORAÇÃO ELETRÔNICA
QUESTÕES DIVERSAS
Existem questões não diretamente relacionadas ao tema das medidas
cautelares, mas, contudo, importantíssimas, pois relacionadas ao tema das
prisões cautelares no âmbito do Direito Processual Penal.
USO DE ALGEMAS
PRISÃO EM FLAGRANTE
CONCEITO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
O vocábulo flagrante tem origem latina e provém etimologicamente da
palavra "flagrare", significando o que está queimando, ardendo, em chamas,
abrasador. No vernáculo pátrio brasileiro é utilizado para representar o que
é manifesto, claro, patente ou evidente. Na hipótese do FLAGRANTE
DELITO, a palavra é utilizada para ilustrar que alguém foi surpreendido
no exato momento em que, supostamente, está praticando uma
infração penal (MOSSIN, 2010, p. 395).
A prisão em flagrante é uma medida de caráter pré-cautelar que se inicia
com natureza administrativa, sendo, depois jurisdicionalizada, tendo por
objetivo evitar a prática delitica ou deter o seu suposto autor, bem como
tutelar a prova da ocorrência do delito e sua respectiva autoria (BADARÓ,
2014, p. 724/725).
A prisão em flagrante delito está prevista no Art. 5º, inciso LXI da
Constituição Federal e regulamentada nos Arts. 301 a 309 do Código de
Processo Penal. Destarte, realizaremos a abordagem das questões
referentes à prisão em flagrante.
V - FLAGRANTE ESPERADO
VI - FLAGRANTE FORJADO
Esta hipótese de flagrante foi trazida pela antiga Lei das Organizações
Criminosas (vide Art. 2º, inciso II da Lei 9.034/95). No entanto, atualmente
está expressamente previsto na atual Lei de Organizações Criminosas, no
Art. 8º, da Lei 12.850/2013. Ademais, o Art. 53, inciso II, da Lei 11.343/2006,
também trata desse tema.
Nessa situação os agentes do estado retardam o momento da prisão em
flagrante, acompanhando a empreitada delituosa, mediante autorização
judicial, para que consigam melhores e mais abrangentes provas sobre a
organização criminosa que está sendo objeto de investigação.
Trata-se de flagrante válido e reconhecido legalmente, desde que
observadas as recomendações legais.
FORMALIDADES DA PRISÃO EM
FLAGRANTE
Caso alguém seja surpreendido em flagrante delito, conforme as hipóteses
legais e admitidas doutrinariamente, a autoridade policial deverá lavrar
um AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE.
O auto de prisão em flagrante deve observar algumas formalidades previstas
expressamente na lei, nesse sentido é o disposto nos Arts 304 a 309 do
Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei 11.113/2005.
Assim, a lavratura do auto de prisão em flagrante deverá observar o
seguinte:
Ocorrendo a captura do preso, este será conduzido, sem demora, à
presença da autoridade competente, em seguida o delegado de polícia que
estiver presidindo o auto de prisão em flagrante deverá tomar a oitiva dos
condutores (geralmente milicianos, nada impede que sejam particulares),
depois disso, tomar-se-ia as declarações das testemunhas (vide Art. 304, §
2º do CPP). O CPP exige duas testemunhas que tenham presenciado a
prisão em flagrante, podendo o condutor ser computado para isto ou, na falta
de testemunhas ditas numerárias, duas testemunhas que tenham
presenciado a apresentação do preso à autoridade, estas denominadas
testemunhas instrumentárias. Após as oitivas de todas as testemunhas a
autoridade deverá colher o interrogatório do preso, lavrando, ao final, o auto
de prisão em flagrante.
Ademais,é importante salientar que a autoridade policial deverá respeitar os
direitos fundamentais do preso. Assim, há uma série de garantias
conferidas ao preso. Senão vejamos:
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM
FLAGRANTE
A prisão em flagrante será relaxada, ou seja, suavizada, afastada quando
eivada de ilegalidade. Esse relaxamento, em regra, é realizado
pela AUTORIDADE JUDICIÁRIA que fará o controle jurisdicional da prisão
flagrante (pré-cautelar de natureza administrativa). Nada impede que
autoridade policial possa realizar o relaxamento da prisão em flagrante em
hipóteses de manifesta atipicidade do fato (NUCCI, 2013, p. 613).
Assim, conforme previsto no Art. 310, inciso I do Código de Processo Penal,
o magistrado poderá relaxar a prisão em flagrante, expedindo o
competente alvará de soltura, nas seguintes hipóteses:
a) ATIPICIDADE DO FATO;
b) PROVA CABAL DE QUE O PRESO NÃO PRATICOU O FATO TÍPICO;
c) INOBSERVÂNCIA DAS FORMALIDADES DE LAVRATURA DO AUTO DE
PRISÃO;
d) EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE;
e) EXCESSO DE PRAZO NA REMESSA DO AUTO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE.
PRISÃO TEMPORÁRIA
A PRISÃO TEMPORÁRIA é uma das modalidades de prisões cautelares.
Prisão cautelar "carcer ad custodiam" é aquela prisão decretada antes do
trânsito em julgado da sentença penal condenatória com o escopo de
resguardar a eficácia das investigações ou do processo penal. Trata-se de
modalidade de medida cautelar pessoal, destinada à assegurar e acautelar
o bom andamento do processo penal (LIMA, 2014, p. 644).
A prisão temporária está disciplinada na Lei 7.960, de 21 de dezembro de
1989, e tem o objetivo principal de assegurar a eficácia das investigações
criminais nos casos de crimes graves. Ademais, referida lei foi criada com o
escopo de por fim à famigerada prisão para averiguações, consistente na
prisão de pessoas para averiguar a vinculação das mesmas a alguma
infração penal, independentemente da existência de prisão em flagrante ou
de autorização judicial (LIMA, 2014, p. 646).
A doutrina, em geral, aponte a INCONSTITUCIONALIDADE da Lei 7.960/89,
por VÍCIO FORMAL, haja vista que se originou da conversão da MEDIDA
PROVISÓRIA Nº 111, de 24 de novembro de 1989. A conversão da Medida
Provisória em Lei que regulamente matéria de Direito Processual Penal viola
o disposto no Art. 22, inciso I, bem como o Art. 62, §1º, inciso I, alínea "b",
ambos da Constituição da República (LOPES Jr., 2012, p. 877).
No entanto, em que pese a inconstitucionalidade apontada pela doutrina, a
Lei 7.960/89, permanece em vigor e produzindo efeitos.
CONCEITO
A prisão temporária é a prisão de natureza cautelar, com prazo
preestabelecido de duração, cabível exclusivamente durante o inquérito
policial ou de qualquer investigação preliminar equivalente, objetivando o
encarceramento em virtude de infrações previstas, expressamente na lei
(ALENCAR; TÁVORA, 2013, p. 594). Nesse sentido, é interessante citar as
lições de RENATO BRASILEIRO DE LIMA:
PRISÃO PREVENTIVA
A prisão preventiva é uma dentre as modalidades de prisões
processuais ou prisões provisórias, também denominadas prisões
cautelares, previstas na legislação processual penal brasileira. Tal
modalidade de prisão decorre de questões processuais. Portanto, não é uma
pena privativa de liberdade, seu objetivo é acautelar o bom andamento
da persecução penal.
A prisão preventiva não viola o princípio constitucional do ESTADO DE
INOCÊNCIA (vide Art. 5º, inciso LVII da Constituição Federal), haja vista que
a Constituição pode exepcionar a si mesma, pois prevê a possibilidade de
decretação da prisão preventiva, pelo juiz competente (nesse sentido vide
Art. 5º, iniciso LXI da Constituição Federal).
A prisão preventiva é a mais ampla mas medidas cautelares pessoais, tendo
cabimento durante todas as fases da persecução penal (inquérito policial e
ação penal). Ademais, admite-se a prisão preventiva até mesmo sem a
instauração de inquérito policial, nos casos de necessidade e conforme
observância de seus pressupostos.
Atualmente, com a reforma operada pela Lei 12.403 de 4 de maio de 2011,
a prisão preventiva é a última medida cautelar pessoal a ser adotada pelo
juiz, ou seja, é a ULTIMA RATIO (nesse sentido vide Art. 282 §§ 4º e 6º do
Código de Processo Penal brasileiro).
Contudo, a prisão preventiva só poderá ser decretada se atendidos
os REQUISITOS LEGAIS. Esses requisitos legais, pressupostos
fundamentais e hipóteses de cabimento estão regulados nos Arts. 311 a 316
do Código de Processo Penal brasileiro.
PRESSUPOSTOS FUNDAMENTAIS
Para que o juiz possa decretar a prisão preventiva é necessária a presença
de alguns pressupostos fundamentais.
Os pressupostos fundamentais da prisão preventiva estão, expressamente
previstos, no Art. 312 do Código de Processo Penal, quais sejam: "fumus
commissi delicti" e "periculum libertatis". Assim sendo, para decretação
da prisão preventiva é imprescindível a presença dos dois.
Portanto, para a compreensão da prisão preventiva e de suas hipóteses de
cabimento é importante a análise desses pressupostos fundamenais.
LIBERDADE PROVISÓRIA
- Aos que infringirem, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que
se referem os Arts. 327 e 328 do CPP;
- Em caso de prisão civil (vide Art. 324, inciso II do CPP c/c Art. 733 §
1º do CPC - vide Art. 528 § 3º da Lei 13.105/2015);
- Prisão militar (vide Art. 324, inciso II, segunda parte c/c Art. 142 da CF
e Decreto-Lei 1.002/1969);
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3
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SUJEITOS PROCESSUAIS
O JUIZ
O juiz é a figura central do processo, ou o sujeito “piú eminente” da relação
processual (MARQUES, 2000, p. 1). Trata-se do sujeito processual
imparcial, que possui a função relevante de conduzir o bom andamento do
processo, bem como o julgamento do pedido de tutela jurisdicional.
Para que alguém possa exercer a atividade jurisdicional como juiz é
necessário gozar de capacidade civil, ser portador de diploma de bacharel
em Direito e ter sido regularmente investido na judicatura (vide Art. 93, inciso
I da Constituição da República).
Ademais, o juiz dever ser competente para julgar a causa
penal, constituindo a imparcialidade atributo essencial para o exercício
de sua relevante atividade judicante (vide Art. 5º, incisos XXXVII e LIII da
Constituição da República).
Aos integrantes do Poder Judiciário, em geral, são conferidas algumas
prerrogativas inerentes ao cargo relevante que exercem, quais sejam:
a VITALICIEDADE, INAMOVIBILIDADE e a IRREDUTIBILIDADE DE
VENCIMENTOS (vide Art. 95, incisos I a III da Constituição da República).
No entanto, o exercício da magistratura impõe várias limitações ao juiz
conforme o disposto no Art. 95, parágrafo único da Constituição Federal.
O MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público, conforme Art. 127 da Constituição da República é uma
instituição permanente, essencial à necessária administração da justiça,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.
O Art. 127 § 1º da Constituição da República prevê os princípios
fundamentais da instituição, quais sejam: a UNIDADE,
a INDIVISIBILIDADE, bem como a INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL. Os
princípios supramencionados devem ser observados pelo Ministério Público
dos Estados, bem como pelo Ministério Público da União.
Ademais, é importante salientar que o Ministério Público, dentre suas várias
atribuições, deve promover, privativamente, a ação penal pública
incondicionada e condicionada (vide Art. 129, inciso I da Constituição da
República). Aliás, no mesmo sentido é o disposto no Art. 257 do Código de
Processo Penal.
Para a corrente majoritária o Ministério Público é uma “PARTE IMPARCIAL”,
pois, atua no processo penal como “custos legis”, ou seja, como fiscal da lei.
Ainda que realize a acusação, por meio da denúncia, deve observar a
legalidade, podendo, inclusive, pedir a absolvição do acusado ou até mesmo
impetrar ordem de habeas corpus em seu favor (vide Art. 385 do Código de
Processo Penal). Sobre esta questão, pesquisar a obra do professor AURY
LOPES JÚNIOR (LOPES Jr, Aury. Direito Processual Penal. 9.ed. São
Paulo: Saraiva, 2012).
Ao Ministério Público, conforme Art. 258 do Código de Processo Penal
brasileiro são aplicáveis as mesmas hipóteses de impedimentos e
suspeições dos magistrados, no que lhe for aplicável.
O ACUSADO
O acusado, imputado ou réu é o sujeito passivo da ação penal, é o
individuo contra quem é movida a ação penal seja pública ou privada, nesta
última é denominado como querelado. O Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de
outubro de 1969, o Código de Processo Penal Militar, traz no seu bojo uma
definição precisa do que venha ser acusado. Assim, conforme o Art. 69 do
Código de Processo Penal Militar brasileiro: “Considera-se acusado aquele
a quem é imputada a prática de infração penal em denúncia recebida"
(BADARÓ, 2014, p. 197).
O acusado é o sujeito processual sobre o qual recai a carga acusató ria
durante o tempo de duração do processo. É sobre os ombros do acusado
que recai a pretensão punitiva do Estado, sendo assim, o sujeito passivo da
ação penal deverá resistir à pretensão punitiva.
É importante ressaltar que somente a pessoa maior de 18 (dezoito) anos
pode figurar como acusado, pois o menor de 18 (dezoito) anos é inimputável
(vide Art. 228 da Constituição Federal, bem como Art. 27 do Código Penal).
Referente à pessoa jurídica, conforme Art. 225 § 3º da Constituição da
República c/c Art. 3º da Lei 9.605/1998, poderá figurar como acusada de
crimes contra o meio ambiente, conforme doutrina majoritária. Assim, em
que pese o princípio “Societas delinquere non potest”, segundo o qual a
pessoa jurídica não tem capacidade de conduta, nem mesmo de
culpabilidade, o constituinte, contrariando a doutrina penal, tratou
expressamente da responsabilidade penal da pessoa jurídica, que agora
poderá figurar no polo passivo da relação processo penal, nos casos de
crimes perpetrados contra o meio ambiente.
O acusado tem direito, no âmbito do processo penal, a todas as garantias
previstas constitucionalmente (vide Art. 5º da Constituição da República),
bem como as que estão previstas nos tratados de direitos humanos e,
também nas legislações ordinárias.
Nesse sentido, referente às garantias do acusado o Pacto de San José da
Costa Rica, promulgado no Brasil pelo Decreto 678 de 6 de novembro de
1992, prevê e regulamenta, no seu Art. 8º uma série de garantias
fundamentais. Senão vejamos.
O ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO
Conforme ensinamentos de EDILSON MOUGENOT BONFIM a assistência
da acusação “é a posição processual ocupada pelo ofendido ou por alguém
a ele relacionado quando, não sendo autor da ação penal, ingresse no
processo com a finalidade de auxiliar o acusador público na posição
acusatória. Não postula como acusador principal, portanto, atuando
secundariamente”.
O assistente de acusação poderá atuar no processo penal auxiliando a
acusação formulada pelo Ministério Público e, sua atuação está
regulamentada nos Arts. 268 a 273 do Código de Processo Penal.
O assistente de acusação será admitido, no processo penal, enquanto não
passar em julgado a sentença, conforme expressa determinação do Art. 268
do CPP. Assim sendo, não poderá atuar no inquérito policial ou em qualquer
fase de investigação preliminar.
Ademais, a admissão do assistente dependerá de autorização judicial.
Aliás, do despacho que admitir ou não a atuação do assistente no processo
criminal, não caberá recurso algum, de modo que será possível impetrar o
remédio constitucional de mandado de segurança, previsto no Art. 5º, inciso
LXIX da Constituição da República (vide Arts. 272 e 273 ambos do CPP).
O DEFENSOR
Conforme FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO a defesa “é toda
atividade da parte acusada de oposição à atuação da pretensão punitiva.
Daí se segue que Defensor é o sujeito que realiza os atos em que consiste
a defesa”.
No processo penal a defesa técnica é indisponível conforme previsto no
Art. 5º, inciso XXXVIII, alínea “a”, bem como Art. 5º, inciso LV da
Constituição da República. Ademais, tão importante é a defesa técnica que
a Constituição declarou que o advogado é indispensável à administração da
justiça, conforme Art. 133 da Carta Magna.
Nesse mesmo sentido o Art. 261 do Código de Processo Penal afirma que
“Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou
julgado sem defensor”. Referente à importância e indisponibilidade da
defesa técnica veja o teor da Súmula 523 do Egrégio Supremo Tribunal
Federal.
O defensor deverá apresentar ao Poder Judiciário tudo quanto possa
melhorar a situação processual do acusado, não excluindo,
evidentemente, o direito do acusado de realizar sua autodefesa, ainda
que não apresente capacidade postulatória. Portanto, o acusado
poderá realizar sua autodefesa, todavia, somente o acusado que possui
capacidade postulatória poderá realizar sua própria defesa técnica.
É importante registrar que a defesa técnica poderá ser exercida pela
defensoria pública, por defensor constituído, bem como por defensor dativo.
A defensoria pública está prevista nos Arts. 134 e 135 da Constituição da
República. Trata-se de instituição permanente, importantíssima à função
jurisdicional estatal, cabendo-lhe, a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e
coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados. Nesse sentido, veja
as disposições da Lei 1.060 de 1950, que regulamenta as normas atinentes
à concessão de assistência judiciária aos reconhecidamente necessitados.
Por sua vez, o defensor constituído recebeu do Código de Processo Penal a
denominação de procurador. Trata-se do advogado (vide Art. 266 do Código
de Processo Penal). Ademais, a atividade advocatícia, no Brasil, está
regulamentada, expressamente, pela Lei 8.906 de 4 de julho de 1994, ou
seja, o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. O Art. 7º da referida
legislação ordinária prevê uma série de prerrogativas inerentes à atividade
de advogado.
Já o defensor dativo é aquele nomeado pelo magistrado conforme Art. 263
do Código de Processo Penal. A nomeação, pelo juiz, de defensor dativo é
obrigatória quando o acusado não possuir defensor constituído. No entanto,
o acusado poderá, a qualquer tempo, nomear defensor de sua confiança
pessoal (vide Art. 263, caput do CPP).
É importante frisar com ênfase que o advogado ocupa papel central e
fundamental na manutenção do Estado Democrático de Direito. A ele
cabe a missão, no âmbito do processo penal, de defender não só a pessoa
acusada, mas, além disso, as bases sólidas do princípio do devido processo
legal. O constituinte originário foi altissonante e preciso ao proclamar,
expressamente, no Art. 133 da Constituição da República, que o advogado
mostra-se indispensável à administração da justiça.
PERITOS E INTÉRPRETES
Os peritos são pessoas que possuem “expertise”, ou seja, conhecimentos
técnicos nas mais variadas áreas do conhecimento humano. São
importantes no processo penal, pois devem prestar esclarecimentos ao juiz
a respeito de determinado fato de difícil compreensão.
Os peritos podem ser oficiais ou particulares, conforme determinação do Art.
159 §§1º e 2º do Código de Processo Penal. Cabe ao perito realizar os
exames periciais, de modo que sua nomeação realizar-se-ia conforme
critério do juiz ou da autoridade policial. Nesse sentido é o disposto no Art.
276 do Código de Processo Penal brasileiro.
Ademais, o perito nomeado pela autoridade está obrigado a aceitar o
encargo, sob pena de multa, salvo escusa atendível, conforme Art. 277 do
Código de Processo Penal. Tal disposição é aplicável aos peritos não oficiais
que deverão prestar o compromisso de bem e fielmente desempenhar o
encargo que lhes foi atribuído, com fulcro no Art. 159 § 2º do Código de
Processo Penal.
Conforme lições de GENIVAL VELOSO DE FRANÇA:
Exceções
A legislação processual penal criou um “Título” para esclarecer as questões
e processos que se mostram como incidentes na lide principal.
Podemos dizer que incidental é toda polêmica que pode trazer uma mudança
no julgamento do processo, portando deve ser resolvida antes da sentença
final. Subdividem-se em questões prejudiciais (arts. 92 a 94 do CPP) e
processos incidentes (arts. 95 a 111, exceções; art. 112, incompatibilidades
e impedimentos; arts.113 a 117, conflito de jurisdição; arts.118 a 124, a
restituição de coisa apreendida; arts. 125 a 144, medidas assecuratórias;
arts, 145 a 148, o incidente de falsidade;149 a 154, incidente de insanidade
mental do acusado).
As questões prejudiciais são aquelas voltadas a um elemento constitutivo do
crime e que subordinam a decisão da causa principal. Já os processos
incidentes são aqueles que surgem ao longo da causa principal e que
requerem solução pelo próprio juiz criminal, antes que o mérito seja
conhecido e decidido.
QUESTÕES PREJUDICIAIS:
Se refere ao próprio processo e seu normal desenvolvimento, devendo ser
solucionada tão logo seja invocada. Temos:
a) Prejudiciais homogêneas e heterogêneas: As homogêneas dizem
respeito à matéria da causa principal, que é penal (ex.: apreciação da
exceção da verdade no crime de calúnia). Outra ilustração de questão
prejudicial homogênea, em nosso entender, é o reconhecimento da
existência do delito antecedente para caracterização da receptação. As
heterogêneas ligam-se a outras áreas do direito, devendo ser decididas por
outro juízo (ex. discussão sobre a nulidade de casamento para configuração
do crime de bigamia).
b) Prejudiciais obrigatórias e facultativas:As obrigatórias são aquelas que
se aplicam ao estado civil das pessoas, obrigando o juiz criminal a aguardar
a solução da questão na esfera cível (art. 92, CPP). Ex. Quando o julgador
verifica relação de dependência entre a causa principal e controvérsia que
julga séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas (capacidade,
cidadania etc.).Já as facultativas são aquelas em que a lei concede poder
ao juiz penal para decidir se a questão será julgada como fundamento do
pedido ou se espera a decisão ser proferida no civil. Nessa situação é
preciso verificar dois aspectos básicos:
Arresto
O artigo 137 do Código de Processo Penal, menciona que: "se o responsável
não possuir bens imóveis ou os possuir de valor insuficiente, poderão ser
arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é
facultada a hipoteca legal dos imóveis"¹, ou seja, na falta de bens imóveis
para assegurar o pagamento de indenização ao ofendido ou custeio das
despesas do processo, será viável o arresto de bens móveis passíveis de
penhora.
“Art. 141.O arresto será levantado ou cancelada a hipoteca, se, por sentença
irrecorrível, o réu for absolvido ou julgada extinta a punibilidade. (Red ação
dada pela Lei nº 11.435, de 2006)”. 6
HIPOTECA LEGAL:
É uma medida cautelar, constante em lei, cujo procedimento para sua
utilização baseia-se na especialização, logo, sujeito ao pedido da parte
interessada, podendo ser o imóvel arrestado ou tornado indisponível, desde
logo, para garantir que a própria especialização tenha sucesso.
O artigo 134, do CPP menciona que incide hipoteca legal sobre os bens
imóveis do indiciado, devendo ser pleiteado pelo ofendido, a qualquer
tempo, o procedimento chamado de especialização de hipoteca legal, desde
que exista certeza da infração e indícios suficientes de autoria de um crime.
Vejamos:
" Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser
requerida pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja
certeza da infração e indícios suficientes da autoria". 1
Menciona o Código Civil, no art. 1.489, III, que “a lei confere hipoteca: (...)
III – ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinquente,
para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das despesas
judiciais; (...)”. 2
O ofendido, seu representante legal e seus herdeiros e, excepcionalmente,
o Ministério Público (quando a vítima for pobre ou quando houver interesse
da fazenda pública) são pessoas autorizadas para provocar o procedimento
de especialização da hipoteca . A parte interessada deve requerer a asua
especialização, demonstrando sobre quais imóveis ela deverá incidir,
ocasionando a indisponibilidade dos bens. Após o juiz mandará avaliar o
imóvel (s) arbitrando o valor da responsabilidade, tudo conforme dispõe o
artigo 135, do CPP. Vejamos:
" Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimento, em que a parte
estimará o valor da responsabilidade civil, e designará e estimará o imóvel
ou imóveis que terão de ficar especialmente hipotecados, o juiz mandará
logo proceder ao arbitramento do valor da responsabilidade e à avaliação do
imóvel ou imóveis.
§ 1o A petição será instruída com as provas ou indicação das provas em que
se fundar a estimação da responsabilidade, com a relação dos imóveis que
o responsável possuir, se outros tiver, além dos indicados no requerimento,
e com os documentos comprobatórios do domínio.
§ 2o O arbitramento do valor da responsabilidade e a avaliação dos imóveis
designados far-se-ão por perito nomeado pelo juiz, onde não houver
avaliador judicial, sendo-lhe facultada a consulta dos autos do processo
respectivo.
§ 3o O juiz, ouvidas as partes no prazo de dois dias, que correrá em cartório,
poderá corrigir o arbitramento do valor da responsabilidade, se Ihe parecer
excessivo ou deficiente.
§ 4o O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca do imóvel ou imóveis
necessários à garantia da responsabilidade.
§ 5o O valor da responsabilidade será liquidado definitivamente após a
condenação, podendo ser requerido novo arbitramento se qualquer das
partes não se conformar com o arbitramento anterior à sentença
condenatória.
§ 6o Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro ou em títulos de dívida
pública, pelo valor de sua cotação em Bolsa, o juiz poderá deixar de mandar
proceder à inscrição da hipoteca legal .3
Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se dentro no
prazo de 90 dias, a contar da data em que transitar em julgado a sentença
final, condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não forem
reclamados ou não pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão,
depositando-se o saldo à disposição do juízo de ausentes.
ATOS DO JUIZ
O juiz é o principal sujeito processual e realiza, no processo penal, atos
jurisdicionais relevantes que merecem atenção. Senão vejamos:
Notificação.
A doutrina costuma distinguir intimação de notificação. Intimação é a
comunicação de ato processual já praticado. Ex.: réu intimado de sentença.
A notificação, por sua vez, é a comunicação para que se pratique
determinada conduta. Ex.: testemunha notificada para comparecer em juízo.
Nem sempre, porém, o Código de Processo Penal utiliza no sentido acima
explicitado os termos "intimação" e "notificação", razão pela qual torna -se
sem importância tal classificação. Na prática forense costuma-se utilizar
somente o termo intimação, abrangendo, assim, a notificação
NOTIFICAÇÃO
O Código de Processo Penal brasileiro não cuidou expressamente das
notificações.
Os Arts. 370 a 372 do Código de Processo Penal apontam, apenas às
intimações. Assim sendo, é possível perceber que o diploma processual
penal se olvidou das notificações.
FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO afirma que o legislador não
visualizou qualquer interesse prático na distinção teórica entre
INTIMAÇÃO e NOTIFICAÇÃO. No entanto, salienta que há diferença
doutrinária entre os dois institutos mencionados.
Para o autor supracitado a NOTIFICAÇÃO é a cientificação que se faz a
alguém (ACUSADO, MINISTÉRIO PÚBLICO, TESTEMUNHAS, PERITOS,
ASSISTENTES TÉCNICOS etc.) de um despacho ou decisão que ordena
fazer ou deixar de fazer alguma coisa no processo, sob certa
cominação (TOURINHO, 2009, p. 520). Nesse sentido, pode-se citar o Art.
218 do Código de Processo Penal que possui advertência e possibilidade da
testemunha ser conduzida coercitivamente, caso não compareça para o ato
que foi notificada.
No entanto, prevalece na doutrina pátria que, atualmente, não existe
qualquer relevância prática na classificação dos atos processuais de
comunicação denominados intimação e notificação.
Intimação
INTIMAÇÃO DA SENTENÇA
Nos termos do Art. 389 do Código de Processo Penal a sentença será
considerada publicada quando o juiz a entregar ao escrivão. Assim, o
escrivão lavrará nos autos um termo de publicação da sentença, certificando
a data em que ocorreu. Ademais, após a efetivação da publicação da
sentença a acusação e a defesa devem ser intimadas.
O Parquet será sempre intimado pessoalmente da sentença, conforme
Art. 390 do Código de Processo Penal.
O querelante, bem como o assistente de acusação serão intimados da
sentença pessoalmente ou, na pessoa do defensor contituído, este
último por meio de publicação no Diário Oficial.
Por sua vez, haja vista o princípio constitucional da AMPLA DEFESA (vide
Art. 5º, inciso LIV da Constituição Federal), em que pese, o disposto no Art.
392 do Código de Processo Penal, pode-se afirmar que o ACUSADO deve
ser intimado pessoalmente.
No entanto, caso não seja devidamente encontrado, será intimado por edital
com prazo de 90 (noventa) dias, em caso de ter sido imposta pena privativa
de librerdade igual ou superior a 1 (um) ano, e de 60 (sessenta) dias, nas
demais situações.
NÃO SE ESQUEÇA: é importante salientar que a ausência completa de
intimação da sentença é causa de nulidade prevista expressamente no Art.
564, inciso III, alínea "o" do Código de Processo Penal, haja vista o principio
consitucional do contraditório (vide Art. 5º, inciso LV da Constituição
Federal).
Revelia.
A INEXISTÊNCIA DA REVELIA NO
PROCESSO PENAL
Conforme ensinamentos de COSTA MACHADO a REVELIA (de rebellis,
rebeldia) é o estado de contumácia do réu, ou seja, a situação de inércia
do réu quanto ao seu direito de defesa (MACHADO, 2006, p. 693).
No âmbito do Direito Processual Civil o instituto da revelia está previsto no
Art. 319 Do Código de Processo Civil que determina in verbis: "Se o réu não
contestar a ação, repuar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor".
Percebe-se que o dispositivo supracitado aborda os efeitos materiais da
revelia. No entanto, surge a perplexidade, pois tal instituto tem aplicação no
Direito Processual Penal brasileiro?
No Direito Processual Penal caso o acusado seja CITADO ou INTIMADO
pessoalmente para qualquer ato processual e deixar de comparecer sem
motivo devidamente justificado, ou por outro lado, mudar de residência, sem,
contudo, comunciar ao juiz, terá sua revelia decretada nos exatos termos do
Art. 367 do Código de Processo Penal.
O dispositivo supracitado determina in verbis: "Art. 367. O processo seguirá
sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para
qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de
mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo".
Todavia, diferente do que ocorre no Direito Processual Civil, a revelia não
gera a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo acusador
(Ministério Público ou Querelante) na DENÚNCIA ou QUEIXA-CRIME.
Assim, o Art. 319 do Código de Processo Civil não tem aplicação no
Direito Processual Penal.
No Direito Processual Penal a revelia não tem os mesmos efeitos do
Direito Processual Civil, haja vista o PRINCÍPIO DO ESTADO OU
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (PRINCÍPIO DA NÃO-CULPABILIDADE),
previsto, expressamente, no Art. 5º, inciso LVII da Constituição da
República. Portanto, a acusação continua com o ônus de provar o
alegado, se não o fizer será o acusado absolvido (GONÇALVES; REIS,
2015, p. 445).
No Direito Processual Penal o único efeito prático da revelia é determinar
que o acusado não seja mais intimado pessoalmente dos atos processuais
posteriores, podendo, no entanto, realizar sua defesa normalmente.
Ademais, seu defensor, será sempre notificado e/ou intimado da realização
de qualquer ato processual. Nesse sentido, é importante salientar o Art.
261, caput, do Código de Processo Penal que determina in
verbis "Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será
processado ou julgado sem defensor ". Entretanto, o acusado deverá
sempre ser INTIMADO DA SENTENÇA PROLATADA.
Nesse sentido, a doutrina pátria tem defendido que no Direito Processual
Penal não há, efetivamente, observância do instituto da revelia. Senão
vejamos: