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OBESIDADE Prof.

José Aroldo Filho


goncalvesfilho@nutmed.com.br

NUTRIÇÃO PARA O CONTROLE DE PESO Tecido adiposo marrom produção de calor e dissipação
do excesso de energia (presente em especial nos
Componentes do peso corporal lactentes).

O tecido adiposo aumenta de tamanho (hipertrofia) ou


número (hiperplasia). O ganho de peso pode ser resultante
de hiperplasia, hipertrofia ou combinação das duas.

A obesidade é sempre caracterizada por hipertrofia,


mas algumas também envolvem hiperplasia (em especial
durante a lactância e adolescência).

A hiperplasia pode ocorrer na vida adulta quando o


conteúdo de gordura das células existentes tiver alcançado
sua capacidade.

Quando o peso é reduzido o tamanho da célula de


gordura diminui, mas não seu número. O maior nível de
gordura no crescimento normal ocorre aos 6 meses de
idade (~25%).

A composição da dieta têm sido foco na lipogênese,


uma vez que a energia metabolizável da gordura dietética
varia de 10,9 – 11,2kcal/g.

Em condições normais de alimentação pouco


carboidrato é usado para produzir tecido adiposo e é
necessário cerca de três vezes a quantidade de energia
para converte o excesso de carboidrato em gordura.

Quando são consumidas dietas com alto teor de


carboidratos, ocorre lipogênese pela supressão da
oxidação lipídica.

Os triglicerídeos da dieta e de depósito são


Composição corporal em indivíduos adultos sadios.
transportados segundo duas enzimas, a lipoproteína lipase
(LPL) e a lipase sensível a hormônio (HSL).
O tecido adiposo é localizado primariamente sob a
pele, no mesentério e no omento e atrás do peritôneo. O
A LPL capta os triglicerídeos do sangue, hidrolisa e
tecido adiposo é composto por gordura, pequenas
transporta o ácido graxo para dentro do adipócito, ao
quantidades de proteína e água.
passo que a HSL faz o transporte reverso.
Tecido adiposo branco proteção dos órgãos,
reservatório de triglicerídeos e preservação de calor;

FATORES REGULADORES ENVOLVIDOS NA ALIMENTAÇÃO E NA ADIPOSIDADE (KRAUSE).

Neurotransmissores do cérebro Características e função


Norepinefrina e dopamina Liberados pelo sistema nervoso simpático (SNS) em resposta a ingestão de alimentos;
media a atividade das áreas no hipotálamo que controlam o comportamento alimentar.
O jejum e a semi-inanição levam a redução da atividade do SNS e aumentam a
atividade medular adrenal com um consequente aumento na epinefrina, a qual promove
a mobilização de substratos. As vias dopaminérgicas no cérebro têm o papel de
reforçar as propriedades dos alimentos.
Serotonina, neuropeptídio Y e A redução da serotonina e o aumento do neuropeptídeo Y têm sido associados com um
endorfinas aumento no apetite de carboidratos. O nível de neuropeptídeo Y aumenta durante a
privação de alimentos; isso pode ser um fator para o aumento do apetite após uma
dieta. A predileção e o desejo por alimentos doces ricos em gorduras, observando entre
pacientes obesos e bulímicos, envolve o sistema de endorfinas.
Fator de liberação da corticotropina Envolvido no controle da liberação dos hormônios adrenocorticotrópicos da glândula
(CRF) pituitária, o CRF é um potente agente anoréxico e reduz a resposta do alimento
produzida pela norepinefrina e pelo neuropeptídeo Y. O CRF é liberado durante o
exercício físico.

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Hormônios intestinais Características e função
Incretinas Os peptídeos gastrintestinais aumentam a quantidade de insulina liberada pelas células
beta do pâncreas após uma refeição, até antes das concentrações de glicose no
sangue se tornarem elevadas. Eles também diminuem a taxa de absorção por
reduzirem o esvaziamento gástrico e podem diretamente reduzir ingestão de alimentos.
As incretinas também inibem a liberação do glucagon pelas células alfa do pâncreas
(ver GLP-1 e GIP também).
Colecistocinina (CCK) Liberada pelo trato intestinal quando gorduras e proteínas atingem o intestino delgado,
receptores da CCK têm sido encontradas no trato gastrintestinal e no cérebro. A CCK
causa a contração da vesícula biliar e estimula o pâncreas a liberar enzimas. No
cérebro, a CCK inibe a ingestão de alimentos.
Bombesina Liberada pelos neurônios entéricos reduz a ingestão a ingestão de alimentos e melhora
a liberação da CCK.
Enterostatina Uma parte da lipase pancreática; envolvida especificamente com a saciedade após o
consumo de gorduras.
Adiponectina Uma adipocitocina secretada pelo adiposo que modula a glicose e o catabolismo dos
ácidos graxos. Concentrações deste hormônio estão inversamente relacionadas com o
índice de massa corporal (IMC). O hormônio atua nos distúrbios metabólicas tal como
diabetes tipo 2, a obesidade e a aterosclerose. As concentrações caem após cirurgia de
bypass gástrico por mais de seis meses (Couce et al., 2006).
Glucagon O aumento de secreção de glucagon é causado pela hipoglicemia e pelos aumentos
das concentrações de noropinefrina e epinefrina, dos aminoácidos plasmáticos e
colecistocinina. A diminuição da secreção de glucagon ocorre quando a insulina ou a
somatostatina são liberados.
Apoliproteína A-IV Sintetizada e secretada pelo intestino durante a secreção linfática de quilomícrons.
Após entrar na circulação sanguínea, uma pequena porção de apolipoproteína A-IV
entra no sistema nervoso central (SNC) e inibe o consumo de alimentos.
Ácidos graxos Ácido graxos livres, triglicerídeos e glicerol são fatores que também afetam a captação
da glicose pelos tecidos periféricos.
Peptídio 1 semelhante a glucagon Liberados pela mucosa intestinal na presença de uma refeição rica em glicose e
(GLP-1) e peptídio insulinotrópico lipídios; estimula a síntese e a liberação da insulina; GLP-1 diminui a secreção do
dependente de glicose (GIP) glucagon, retarda o tempo de esvaziamento gástrico e pode promover a saciedade;
exemplos de hormônios incretina.
Insulina Atua no SNC e no sistema nervoso periférico para regular a ingestão de alimentos. A
insulina está envolvida na síntese e no armazenamento dos lipídios. A atividade da
insulina reduzida pode levar ao impedimento da termogênese. É possível que obesos
com deficiência ou resistência à insulina tenham um defeito no sistema de distribuição
de glicose e um grau baixo de termogênese. Quanto maior à resistência insulina, menor
é o efeito térmico do alimento. Concentrações de insulina em jejum aumentam
proporcionalmente com o grua da obesidade; n entanto, muitos obesos apresentam
resistência à insulina devido à falta de efeito dos receptores de insulina, pela
intolerância à glicose e pela dislipidemia associada. Estas sequelas podem ser
normalmente corrigidas com a redução da massa corporal.
Leptina Uma adiponectina secretada pelo tecido adiposo que está relacionada com o
percentual de gordura corporal. Principal sinal dos estoques de energia; em caso de
obesidade perde a habilidade para inibir a ingestão de energia ou para aumentar o
gasto energético (Enriori et al, 2006). Com paradas aos homens, as mulheres possuem
concentrações significativamente maior de leptina sérica (Marshall et al., 2000). Estas
observações confirmam o papel da leptina na regulação do apetite (Reseland et al.,
2001).
Resistina Uma adiponectina expressada principalmente nos adipócitos; antagoniza a ação da
insulina (Goldstein e Scalia, 2007; Janke et al., 2000).
Grelina Produzida principalmente pelo estômago; atua sobre o hipotálamo estimulando a fome.
As concentrações de grelina são maiores em indivíduos magros e menores em obesos.
Concentrações aumentadas são observadas em pessoas que estão seguindo a dieta, e
concentrações supridas são observadas após bypass gástrico (Cummings et al., 2002),
possivelmente contrariando pela adiponectina (Couce et al., 2006)
Peptídio YY 3-36 (PYY3-36) Secretados pelas células endócrinas que reveste o intestino curto e o cólon em
resposta ao alimento, um ‘atravessador’ na manutenção do apetite (Schwartz e Morton,
2002). Após a infusão de uma dose fisiológica de PPY3-36 em homens e mulheres não
obesos, a alimentação foi inibida por mais de 12 horas, resultando em redução de 33%
na ingestão calórica total por período de 24 horas (Bstterham et al., 2002). O PPY
parece funcionar de forma oposta a grelina; induz à saciedade.

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DESEQUILÍBRIO FUNCIONAL E OBESIDADE: Defeito na sinalização intracelular de insulina – produção de
ALTERAÇÕES HORMONAIS, IMUNOLÓGICAS E citocinas pró-inflamatórias
ENZIMÁTICAS (CHEMIN & MURA)
Indivíduos obesos apresentaram duas vezes mais TNF e
a) Insulina RNAm nos adipócitos que indivíduos magros, sendo esta
A resistência à insulina é definida como uma resposta correlação positiva com o aumento do IMC. Os níveis de IL-6
biológica subnormal do organismo ao efeito da alta e IL-1 também estão aumentados em obesos.
concentração de insulina no metabolismo de glicose. As
causa de resistência podem ser atribuídas a:  TNF-α (COZZOLINO & COMINETTI, 2013) contribui
 Fatores nutricionais (glico ou lipotoxicidade); para a redução da sensibilidade à ação da insulina. Suprime
 Defeitos de sinalização de insulina nos tecidos-alvo; a fosforilação e a atividade do receptor tirosina quinase (IR)
 Aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias. e do substrato 1 do receptor de insulina (IRS-1) nos
músculos e no tecido adiposo, o que reduz a síntese e a
Sabe-se que a obesidade abdominal é um fenótipo translocação do transportador de glicose GLUT-4 para a
característico de resistência a insulina que desencadeia membrana, comprometendo a captação de glicose via ação
todas as outras complicações envolvidas com a síndrome de insulina. A redução da sensibilidade periférica à insulina
metabólica, culminando com o aparecimento de outras favorece o aumento da gliconeogênese hepática e a redução
doenças crônicas. do clearence de glicose pelos músculos esqueléticos e pelo
tecido adiposo, induzindo hiperinsulinemia.
Glicotoxicidade
O aumento do TNF no tecido adiposo acarreta diminuição
Ingestão de carboidratos de alto índice glicêmico pode da expressão dos transportadores GLUT-4. A redução do
ocasionar: peso corporal desses indivíduos está associada à diminuição
 Lipogênese; do TNF-α.
 Aumentar os níveis de triglicerídeos circulantes;
 Depletar as vitaminas do complexo B, vitamina C e cromo;  IL-6 (COZZOLINO & COMINETTI, 2013) aumenta o
 Diminuir a saciedade e oxidação de lipídeos; influxo de ácidos graxos livres. Está associada à inibição da
 Causar irritabilidade e hiperatividade; migração do GLUT-4.
 Aumentar a ingestão alimentar compulsiva (mediada pelo
neuropeptideo Y);  IL-18 (COZZOLINO & COMINETTI, 2013) promove
 Hipertrofia pancreática e hiperinsulinismo; instabilidade de placas ateroscleróticas, sendo mais
propensas à ruptura. Está associada com resistência à
 Aumento da produção de cortisol.
insulina, hiperglicemia e hiperfagia.
Lipotoxicidade
 Proteína ligadora do retinol 4 (COZZOLINO &
Em razão da intensa atividade da LPL em obesos, observa- COMINETTI, 2013) produzida pelo tecido adiposo visceral
se: na presença da obesidade e da resistência à insulina, sendo
considerada marcador da expansão do tecido adiposo intra-
 Aumento dos triglicerídeos nos adipócitos;
abdominal e da inflamação subclínica. Parece existir
 Aumento do fluxo de ácidos graxos livres no fígado;
existência de uma associação positiva entre o aumento das
 Diminuição da extração hepática da insulina, com concentrações séricas da RBP4 e os parâmetros da
hiperinsulinemia sistêmica. síndrome metabólica, como a hipertensão arterial, as
dislipidemias e o aumento do IMC. A expressão da RBP4 é
A exposição prolongada à hiperglicemia e à relacionada inversamente às concentrações de GLUT4,
hiperinsulinemia resulta na diminuição da expressão de evidenciando a importância desta proteína na regulação do
enzimas lipolíticas e altera o potencial para oxidação de metabolismo da glicose.
ácidos graxos.
 Zinco-alfa2-glicoproteína (COZZOLINO & COMINETTI,
O alto consumo de saturados e de W-6 está diretamente
2013) a ZAG ou AZPG1 é uma proteína secretada pelos
relacionado com menor sensibilidade à insulina, alterando o
adipócitos de indivíduos obesos, sugerida como candidata
metabolismo do ácido araquidônico (via inibição da δ 5-
potencial na modulação do peso corporal. A ação desta
desaturase) e desviando a cascata para produção de
citocina está associada à redução da síntese de ácidos
eicosanóides pró-inflamatórios.
graxos e aumento de lipólise. Na presença de inflamação
crônica de baixo grau, a produção de citocinas pró-
inflamatórias, como o TNF-α, constitui um fator importante
na regulação da ZAG.

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Alterações na secreção de adipocinas na obesidade e o desenvolvimento da resistência à insulina
(COZZOLINO & COMINETTI, 2013).

Papel dos ácidos graxos essenciais no processo anti- passo que estimula a lipogênese via receptores alfa. Esta
inflamatório e ativação da funcionalidade da insulina regulação hormonal está prejudicada na obesidade, com
aumento da função dos receptores alfa (mediada pelos
1) Ácido γ-linolênico (W-6 - GLA) moduladores da ação de corticotropina e do hormônio
liberador de corticotropina).
Principal fonte: óleos vegetais e de prímula (5 a 10% do total
de ácido graxo).
O consumo de 1 – 2,4g/dia de GLA é suficiente para Pacientes obesos apresentam maior atividade da
mediar efeitos imunológicos. LPL, contribuído para acúmulo de tecido adiposo. Na
perda de peso, a atividade da LPL aumenta ainda
2) EPA e DHA (W-3) mais, sugerindo uma desregulação metabólica da
ação da LPL no tecido adiposo, que pode
Principal fonte: óleo de peixe. representar um set point na perda de peso,
Sugere-se que o EPA e DHA levam à redução das principalmente se esta perda de peso for induzida
respostas de IL-1 e TNF e diminuem a produção de por dietas hipocalóricas.
eicosanóides pró-inflamatórios, podendo melhorar a
sensibilidade insulínica em até 38%.
c) Estrogênio: Os estrógenos estão envolvidos com maior
A recomendação de W-3 é de 3 – 4g/dia, sempre depósito de gordura na região glúteo-femoral do que
acompanhada de uma vitamina antioxidante, como 100UI de abdominal, mediado pela ação da LPL nestas regiões. Uma
vitamina E. forma de equilibrar o excesso de estrogênio produzido é a
ingestão de fitoestrógenos (isoflavonas da soja e lignanas da
A suplementação de 6g/dia pode diminuir os níveis de linhaça). Os fitoestrógenos estimulam a secreção de
proteína C-reativa séricos. glucagon, leva à diminuição das enzimas lipogênicas e
redução do acúmulo de gordura corporal.
3) Ácido α-linolênico (W-3)
d) Testosterona: Baixo nível de testosterona é o principal
Principal fonte: linhaça. Uso de 13g/dia durante quatro fator para o desenvolvimento de obesidade visceral. Em
semanas. homens de meia-idade, os níveis de testosterona estão
diminuídos, com o aumento concomitante da obesidade
A adição à dieta diminui a produção de IL-1 e TNF pelos abdominal. O reestabelecimento do nível de testosterona
monócitos e induzir importantes efeitos imunomodulatórios. aumenta a sensibilidade insulínica no músculo esquelético,
atenua a produção do cortisol e reduz os níveis de hormônio
a) Cortisol: A obesidade central é associada com aumento do do crescimento em indivíduos com obesidade visceral.
cortisol sérico, estimulando o consumo calórico (lipídico e
glicídico). Os receptores hipotalâmicos estimuladores de e) Hormônios produzidos pelo tecido adiposo:
neuropeptídeo Y são mediados por cortisol. O fracionamento
da dieta diminui os níveis de cortisol. Leptina
A leptina, expressa pelo tecido adiposo como sinal de
b) Catecolaminas: As catecolaminas são responsáveis pela adiposidade (quanto mais tecido adiposo, maiores as
regulação e ativação de enzimas, como a LPL e a LHS, que concentrações de leptina), diminui a expressão do
determinam o acúmulo ou oxidação dos triglicerídeos. As neuropeptídeo Y e reduz o consumo alimentar, da gordura
catecolaminas estimulam a lipólise via receptores beta, ao corporal, dos níveis de glicose, insulina e cortisol

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plasmáticos e aumento do gasto energético e produção de Serotonina: A serotonina e seus agonistas inibem o
calor. consumo alimentar na parte ventromedial do hipotálamo.
Intensifica o poder de saciedade dos alimentos nos
Indivíduos obesos altas concentrações de leptina  componentes de pós-ingestão e pós-absorção da saciedade.
resistência (?). A hiperleptinemia está associada com a Níveis de serotonina são dependentes da ingestão alimentar
hiperinsulinemia. A atividade física reduz a resistência à de triptofano e também dos carboidratos.
insulina, aumenta a atividade simpática e é importante
reguladora do balanço energético. Fontes alimentares de triptofano.
Proteína animal Carboidrato
Adiponectina Leite 50 mg Arroz integral 90 mg
Diferente da leptina, os níveis de adiponectina estão Iogurte 45 mg Arroz 90 mg
reduzidos no obeso, estando ainda mais elevados em Queijos amarelos 38 mg Macarrão 80 mg
mulheres que homens. Os níveis plasmáticos de Ovos/ carnes/ 29 mg Pão francês 70 mg
adiponectina são negativamente correlacionados com o IMC, peixes/ aves
percentual de gordura, concentração de leptina, resistência à Queijo fresco 17 mg Pão integral 60 mg
insulina, hipertensão arterial, níveis de LDL e triglicerídeos. Batata 30 mg
Proteína vegetal (grãos) Carboidratos (frutas)
Resistina (COZZOLINO & COMINETTI, 2013)
Soja 45 mg Tâmara 49 mg
Apresenta importante papel na resistência à insulina, nas
Nozes 45 mg Abacate 22 mg
doenças cardiovasculares e na modulação do processo
Feijão 27 mg Banana 18 mg
inflamatório. Estão elevadas na obesidade. A neutralização
do TNF-α reduz as concentrações séricas de resistina. A Lentilha 25 mg Morango 15 mg
resistina induz resistência à insulina em pacientes Castanhas 20 mg Cereja 8 mg
obesos com obesidade visceral. Promove hiperglicemia Ervilha 10 mg Laranja 8 mg
por aumentar a produção hepática de glicose, além de
bloquear o efeito anti-inflamatório da adiponectina no
endotélio vascular. Possui potencial papel de regulação da Peptídeos da família do Hormônio Liberador de
adipogênese. Corticotropina (CRH): Estão localizados no eixo
paraventricular do hipotálamo e, em indivíduos magros, pode
f) Receptores ativadores da proliferação de peroxissomos induzir anorexia.
(PPAR)
Melanocortina (MSH): São derivados do mesmo precursor
Estão envolvidos na diferenciação dos pré-adipócitos, no da POMC. São secretadas nos núcleos paraventricular e
acúmulo de triglicerídeos, no tecido adiposo e exerce efeitos ventromedial do hipotálamo, induzindo a inibição da ingestão
regulatórios na sensibilidade à insulina. alimentar.

ALTERAÇÕES HIPOTALÂMICAS AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA OBESIDADE EM


ADULTOS
a)Neuropeptídeos Orexigênicos
Neuropeptídeo Y: Expresso no núcleo arqueado, Anamnese
paraventricular e lateral do hipotálamo. Parece promover
atividade lipogênica no tecido adiposo, reduzindo a atividade A anamnese é o primeiro passo obrigatório, onde levanta-
do sistema nervoso simpático e inibindo a lipólise. É o mais se dados fundamentais para o estabelecimento de
potente orexígeno do SNC. estratégias que serão adotadas durante o tratamento. A
idade do paciente é importante. O risco para um grau
Galanina: Expresso no núcleo arqueado e paraventricular comparável de obesidade parece maior entre os indivíduos
do hipotálamo, embora orexígeno, não promove lipogênese com idade superior a 40 anos.
como o NPY.
A celularidade adiposa está associado a períodos críticos
MCH (Melanin-concentrating Hormone): Expresso no onde tem-se hiperplasia celular: gestação, idade pré-escolar
núcleo lateral do hipotálamo. Possui efeito sinérgico com o e adolescência. Existe uma relação com a desnutrição fetal,
NPY. O jejum leva sua hipersecreção e sua atividade principalmente se ocorrer após a 30ª semana gestacional e
estimula o eixo hipotálamo-adrenal. durar até o primeiro ano de vida, estimulando a produção de
adipócitos. Pode associar-se ao DM2, HAS e DCV na vida
Hipocretina e Orexinas: Localizados no núcleo lateral do adulta.
hipotálamo. O jejum aumenta secreção de orexinas, menos Deve-se avaliar a presença de ansiedade e depressão,
potentes que o NPY e MCH. As hipocretinas estimulam a bem como a possibilidade de transtorno de compulsão
liberação do NPY no núcleo paraventricular. alimentar periódica.

Observar se o paciente já fez algum tratamento para


Grelina: Seus efeitos são mediados pelo NPY no
perda de peso, o que inclui dietas de moda ou se teve
hipotálamo. O NPY estimula a liberação de grelina no
assessoria de algum profissional ou se usou de medicações.
estômago, aumentando a ingestão alimentar no obeso. A
grelina age na manutenção do peso em estado de equilíbrio,
Deve ser levantada também a história familiar de excesso
estando associadas com menor peso corporal. Segundo
de peso e de co-morbidades.
Chemin & Mura, embora a glicose regule os níveis de
grelina, o contato do nutriente com células estomacais pode
Avaliar funcionamento intestinal e urinário. Realizar a
ser mais importante inibidor da liberação de grelina.O
anamnese alimentar através de recordatórios de 24h,
consumo de dieta hipocalórica pode aumentar os níveis de
frequência de consumo, registro alimentar de 3 e 5 dias.
grelina.
Avaliar número de refeições e hábitos. Observar
concomitantemente sinais e sintomas de alterações de
b)Neuropeptídeos Anorexigênicos
micronutrientes.

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Realizar levantamento de atividade física. d) Percentual de gordura corporal

a) Peso (CUPPARI) Classificação de excesso de adiposidade segundo


- correlaciona-se indiretamente com a quantidade de gordura percentual de gordura corporal (CHEMIN & MURA).
total e o % em qualquer grupo etário. Mulheres (%) Homens (%)
- tabelas segundo compleição física (Metropolitan Life Leve 25 – 30 15 – 20
Insurance Company, 1983): limitações de metodologia, Moderada 30 – 35 20 – 25
limitações operacionais, avaliar riscos de vida e representam Elevada 35 – 40 25 – 30
o peso ideal ou peso corporal relativo. Pouca Mórbida >40 >30
operacionalidade no setor saúde.
Equações de correção para pacientes obesos (uma vez
Compleição física = estatura (cm) / circunferência do que o uso das dobras cutâneas em obesos é de difícil
punho (cm) aferição e implica em erros de avaliação.
Classifica-se a compleição segundo sexo como grande, Para homens obesos de 24 – 68 anos:
média ou pequena. A partir desta classificação aponta-se a % Gordura = 0,31457 (circunferência abdominal) – 0,10969 x
faixa de peso corporal relativo segundo sexo e estatura. Peso + 10,8336
Compleição física segundo sexo. Para mulheres obesas de 20 – 60 anos:
Compleição Grande Média Pequena % Gordura = 0,11077 (circunferência abdominal) – 0,17666 x
Homens <9.6 9.6 – 10.4 >10.4 (estatura) + 0,187 x Peso + 51,03301
Mulheres <10.1 10.1 – 11.0 >11.0
e) Circunferência do pescoço (Cuppari 2014) – possui
associação com o IMC.
Peso corporal relativo segundo compleição física. Sexo
feminino (recorte) Risco de complicações metabólicas conforme
Estatura Grande Média Pequena circunferência de pescoço
(cm) Peso (kg). Medida de circunferência de Risco de excesso
147,7 46.3 – 50.3 49.4 – 51.9 53.5 – 59.4 pescoço (cm) de peso
149.9 46.7 – 51.3 50.3 – 55.8 51.4 – 60.8 Homens Mulheres
152.4 47.2 – 52.2 51.3 – 57.1 55.3 – 62.1 <37 <34 Não identificável
≥37 ≥34 Investigação
Peso corporal relativo segundo compleição física. Sexo
adicional
masculino (recorte)
≥39,5 ≥36,5 Obesidade presente
Estatura Grande Média Pequena
(cm) Peso (kg).
f) Circunferência abdominal – Obesidade abdominal
157.5 58.8 – 60.8 59.4 – 63.9 62.2 – 68.0
160.0 58.9 – 61.7 60.3 – 61.9 63.5 – 69.4 Perimetrias e risco de co-morbidades (DAN
162.6 59.9 – 62.6 61.2 – 65.8 64.4 – 70.8 WAITZBERG, 2009).
Risco de complicações metabólicas
- será definido como obeso o indivíduo que possuir >20% do Sexo masculino
peso corporal relativo segundo as tábuas da Metropolitan. Elevado Muito elevado
Cintura ≥94cm ≥102cm
Fonte: Metropolitan height and weight tables. Stat Bull RCQ 0,9 – 1,0 >1,0
Metrop Insur Co, 64; 2-9, 1983.
Sexo feminino
b) Índice de Conicidade (Cuppari, 2014) - Leva em
consideração as medidas de peso, altura e circunferência de Elevado Muito elevado
cintura, onde: Cintura ≥80cm ≥88cm
RCQ 0,75 – 0,85 >0,85

Distribuição regional de gordura (Cuppari, 2014)


Risco de complicações metabólicas conforme etnia
Possui como faixa teórica esperada de 1 a 1,73. Acima População Homens Mulheres
deste valor estaria associada à obesidade abdominal. Europeus, etnias do ≥94 ≥80
oriente médio,
c) IMC mediterrâneos e
africanos subsaarianos
Classificação do estado nutricional segundo IMC e risco Caucasianos ≥94 (risco ≥80 (risco
de co-morbidades (CHEMIN & MURA). aumentado) aumentado)
Classificação IMC (kg/m2) Risco de co- ≥ 102 (risco ≥ 88 (risco
morbidades muito muito
Baixo peso <18,5 Baixo aumentado) aumentado)
Peso normal 18,5 – 24,9 Médio Norte-americanos, ≥102 ≥88
Sobrepeso 25,0 – 29,9 Ligeiramente aumentado canadenses e
Obesidade I 30,0 – 34,9 Moderado europeus
Obesidade II 35,0 – 39,9 Grave Asiáticos e japoneses, ≥90 ≥80
Obesidade III ≥40,0 Muito grave etnias de América do
Central e do Sul
Chineses ≥85 ≥80
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TRATAMENTO CLÍNICO DA OBESIDADE Objetivo: atingir, segundo a ADA, o melhor peso possível no
contexto da saúde geral.
 Tratamento médico: modificação do estilo de vida
(aumento da atividade física), apoio psicológico, drogas e
cirurgia;

 Tratamento nutricional: mudança na escolha de


alimentos, manutenção da ingestão de micronutrientes e
educação nutricional.

Eliminando hábitos na hora da alimentação Negociar com os familiares para comer alimentos
saudáveis
Alimentar-se somente sentado em lugar determinado Pedir para outras pessoas monitorarem os padrões
Sentar-se à mesa num local diferente alimentares e darem retroalimentação positiva
Deixar a mesa assim que acaba de se alimentar Substituir os lanches por outras atividades
Não ter outra atividade na hora da alimentação, como ler ou assistir
televisão Comportamentos para prolongar a hora de
Não colocar na mesa as travessas de alimentos alimentação e reduzir a quantidade consumida de
No restaurante, limitar o consumo de pãozinho para unidade, sem ou alimento
com pouca quantidade de manteiga
Suprir a casa com alimentos saudáveis Comer devagar e saborear cada porção
Manter os alimentos em armários, onde não possam ser vistos Descansar o garfo entre as porções
Fazer as compras, com uma lista após ter feito uma refeição Atrasar a alimentação por 2 a 3 min e conversar com os
completa outros
Limitar a quantidade de dinheiro para ir às compras Atrasar o consumo do lanche desejado por 10 min
Planejar eventos especiais, festas e jantares Servir os alimentos em prato pequeno
Guardar imediatamente as sobreas de alimentos em armários, Deixar 1 a 2 porções no prato
refrigerador ou freezer, para outras refeições Dividir as porções na metade para que uma outra porção
possa ser consumida
Estratégias para modificação de estilo de vida segundo KRAUSE

MODIFICAÇÃO DA DIETA - osteoartrose e alterações menstruais.

Os programas para perda de peso com algum grau de e.Antecedentes familiares (DAN 2009)
excesso integram mudanças alimentares com exercícios,
mudança de comportamento, educação nutricional e apoio f.Hábitos (DAN 2009)
psicológico.
Avalia-se presença de hábitos sociais, como:
Quando estas abordagens falham em ocasionar a
- tabagismo;
redução de peso desejada, a medicação pode ser
- etilismo social; e
adicionada ao programa e, no caso de obesidade mórbida, a
- atividade física.
intervenção cirúrgica pode ser necessária.
- exames bioquímicos
- exame físico: cardiovascular e abdome.
O atendimento em obesidade deve ser pautado nos
seguintes passos: ABORDAGEM FARMACOLÓGICA AO TRATAMENTO DA
OBESIDADE
a.Histórico da obesidade (DAN 2009)
Orientações do NIH dos EUA para o tratamento de
- peso ao nascer; indivíduos com excesso de peso ou obesos:
- idade de início da obesidade; e
- tratamentos anteriores. Tabela 10: Tratamentos para excesso de peso segundo
IMC (DAN WAITZBERG, 2009).
b.Fatores etiológicos (DAN 2009) IMC (kg/m2) TRATAMENTO
25 – 26,9 com Dieta, atividade física e terapia
- presença de doenças orgânicas (Cushing e outras causas comorbidades comportamental.
endócrinas). 27 – 29,9 com Dieta, atividade física e terapia
comorbidades comportamental e farmacoterapia.
c.Padrões de alimentação (DAN 2009) 30 – 34,9 Dieta, atividade física e terapia
comportamental e farmacoterapia.
- observar presença de transtornos alimentares (como 35 – 39,9 Dieta, atividade física e terapia
transtorno de compulsão alimentar); comportamental e farmacoterapia.
- verificar hábitos de alimentação. Possibilidade de intervenção cirúrgica
em pacientes com comorbidades.
d.Comorbidades da obesidade (DAN 2009) ≥40 Dieta, atividade física e terapia
comportamental e farmacoterapia.
- HAS; Intervenção cirúrgica em pacientes.
- DM;
- dislipidemias; MOREIRA & CHIARELLO (2008):
- apneia do sono;
- doença coronariana; As premissas fundamentais são:
- litíase biliar;

7
- a medicação não deve constituir único critério para utilização se acompanhou de melhora na severidade da
tratamento; apneia
- focada no tratamento integral do paciente obeso;
- prescrita e controlada por médicos; b.Orlistat
- recomendada para obesos ou pacientes com sobrepeso O orlistat diminui a absorção de lipídios ligando-se à
(IMC>25kg/m2!) acompanhado de co-morbidades (DM, HAS lípase pancreática e, por meio desse mecanismo, inibindo a
ou dislipidemias). hidrólise dos lipídios alimentares a ácidos graxos livres e
monoacilgliceróis absorvíveis.
Os medicamentos dividem-se em três categorias:
Auxilia na perda de peso, adicionado à dieta
A. Atuam no SNC modulando apetite e comportamento hipocalórica, e na manutenção da perda de peso.
alimentar
-catecolaminérgicos (femproporex, anfepramona, Dose: 120mg.
dietilpropiona, mazindol e bupropiona);
-serotoninérgicos (fluoxetina e sertralina); Efeitos colaterais: distúrbios gastrointestinais e pequena
-mista (sibutramina). redução nas vitaminas lipossolúveis.

B.Aumentam termogênese – efedrina, cafeína e aminofilina c.Exenatide


Exenatide é uma terapia injetável para DM tipo 2, que se
C.Atuam inibindo a absorção de gorduras – orlistat. assemelha à ação do hormônio pancreático incretina, que
estimula a secreção de insulina.
Segundo as Diretrizes Brasileiras de Obesidade
Reduz HbA1C e peso, sem aumentar a incidência de
2009/2010 - idealmente, deve-se estabelecer o grau de
hipoglicemia.
obesidade no qual se aceita a intervenção com
medicamentos em cada população, mas os critérios aceitos d.Pramlintide
são: É um peptídeo injetável que imita a atividade da amilina,
1) IMC de 30 kg/m2 ou 25 kg/m2 na presença de um hormônio pancreático, que junto a insulina, controla os
comorbidades; níveis pós-prandiais de glicose. Indicado para tratamento de
2) falha em perder peso com o tratamento não DM tipos 1 e 2 e pode ser usado em associação com
farmacológico. insulina ou metformina.

e.Rimonabanto
Existem, atualmente, cinco medicamentos registrados
Atua no sistema endocanabinóide, regulando a ingestão
para tratar a obesidade no Brasil: dietilpropiona alimentar, acúmulo de lipídios e do metabolismo de lipídios e
(anfepramona), femproporex, mazindol, sibutramina e glicose
orlistate.
Dose: 5 a 20mg/dia (em estudos clínicos).
A maioria dos trabalhos que avaliaram o efeito do
tratamento farmacológico na perda de peso estudou obesos f.Fluoxetina e outros inibidores da recaptação de serotonina
(Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2009/2010)
sem outras doenças associadas (a maior parte deles
Alguns inibidores seletivos da recaptação de serotonina
composta de mulheres brancas), em que se adicionou (fluoxetina e sertralina), usados para tratar depressão,
orientação de dieta hipocalórica aos dois braços de podem proporcionar efeito de perda de peso, embora não
tratamento (droga e placebo). tenham indicação formal no tratamento de obesidade.

MEDICAMENTOS ANTIOBESIDADE A fluoxetina demonstrou efeito transitório de perda de


peso, presente principalmente nos seis primeiros meses de
uso, após o qual ocorre recuperação do peso perdido, não
a.Sibutramina sendo por isso indicada para tratamento em longo prazo da
Age inibindo a recaptação de norepinefrina e serotonina, obesidade.
além de amplificar os sinais de saciedade e induzir uma
sensação de plenitude. g.Anorexígenos catecolaminérgicos (Diretrizes Brasileiras de
Obesidade 2009/2010)
A sibutramina induz perda de peso e parece melhorar os Documentaram-se com dietilpropiona e mazindol
componentes da síndrome metabólica, como TG, colesterol sintomas leves a moderados de estimulação dos sistemas
total e HDL e insulina. nervoso central (incluindo insônia, nervosismo e euforia) e
Dose: 10mg/dia. cardiovascular (incluindo taquicardia e, ocasionalmente,
elevação da pressão arterial).
Efeitos colaterais: aumentos modestos em pressão arterial e
na frequência de pulso. Um inquérito epidemiológico norte-americano não
sugere associação do uso de dietilpropiona e mazindol à
Pacientes diabéticos tipo 2 em uso de metformina e hipertensão pulmonar. Em razão da ausência de estudos de
sibutramina 15 mg tiveram pequenas reduções da glicose, longa duração (superior a um ano), não há evidência de
hemoglobina glicada e triglicerídeos e pequenos aumentos eficácia e segurança de uso de dietilpropiona e mazindol em
do colesterol HDL em relação aos participantes que longo prazo.
receberam placebo, e nenhum efeito sobre o colesterol total
e o colesterol LDL. Não há estudos clínicos publicados com femproporex.

O uso de sibutramina em homens obesos com apneia a.Avaliação laboratorial (MOREIRA & CHIARELLO, 2008)
do sono demonstrou que a perda de peso resultante de sua

8
Incluir exames como: Pode-se conjugar ainda o coprológico funcional,
- hemograma completo; dosagem de homocisteína do plasma e EAS.
- lipidograma;
- glicose e insulina; TRATAMENTO CLÍNICO
- hemoglobina glicosilada;
- ureia, creatinina e ácido úrico; Visa a interrupção do ganho de peso, a obtenção e
- sódio, potássio, magnésio, cálcio, zinco e ferro; estabilização do peso que seja capaz de beneficiar a saúde
- vitamina B12 e ácido fólico; do indivíduo, além de controle e prevenção de co-
- ferritina e ceruloplasmina; morbidades.
- hormônios tireoidianos.
ABORDAGEM DIETÉTICA:

Critérios para seleção das estratégias de tratamento da obesidade, de acordo com o IMC e a presença ou não de fator de
risco
Pontos de corte do IMC (kg/m2)
25,0 a 29,9 30,0 a 34,9 35,0 a 39,9 > 40,0
Sem fator de risco Manter peso, dieta Perda de 5-10% do Perda > 10% do peso Perda de 20-30% do
saudável, exercício. peso corporal. corporal, em geral as peso corporal.
drogas são
necessárias.
Com fator de risco Enfoque na dieta, Enfoque na dieta, Perda de 20-30% do Se insucesso,
exercícios e mudanças exercício e mudança peso corporal. Se encaminhar ao
de comportamentos. de comportamento. insucesso, encaminhar especialista ou
Após 3 meses sem Após 12 semanas sem ao especialista ou considerar a
sucesso, propor déficit sucesso, considerar a considerar a possibilidade do
energético leve para necessidade e possibilidade do tratamento cirúrgico.
perda de 5-10 kg em tratamento tratamento cirúrgico.
24 semanas. Se medicamentoso.
insucesso, avaliar a
necessidade de
tratamento
medicamentoso.

É fundamental a adoção de dietas que tenham valor resistência à insulina) em programas com VCT inferior a
calórico reduzido frente ao VT (dieta hipocalórica), porém 1200 kcal para mulheres e 1800 kcal para homens.
superior ao GEB, pelo risco de doença reumatológica tipo
gota, complicações cardíacas e cálculo biliar. Segundo CHEMIN & MURA (2011), os fundamentos dos
planos alimentares para o tratamento de obesidade incluem:
Recomenda-se fracionamento dietético em 5 – 7 - promoção de balanço energético negativo, em que a
refeições diárias, redução do consumo de gorduras totais e reserva adiposa será usada como substrato energético;
aumento de ingestão de fibras. A restrição de gorduras, - manutenção do peso perdido;
independente de outras abordagens, pode promover - prevenção de futuros ganhos de peso corporal.
redução de 3 – 4kg em 6 meses.
Os planos alimentares adequados não devem extrapolar
PLANOS DIETÉTICOS a TMB e respeitar a distribuição de macronutrientes na
proporção de 55 – 60% para CHO (CUPPARI 2014 libera
Todas as dietas hipocalóricas, se sustentadas em longo até 20% de CHO simples); 15 – 20% PTN (0,8 – 1,0g/kg) e
prazo, levam à perda de peso. Entretanto, em curto prazo, 20-25% LIP (CUPPARI 2014 distribui em no máximo 7%
as dietas cetogênicas, ricas em gorduras e escassas em de saturados e 10% de PUFAS), além de atender as
carboidratos, causam maior perda de água do que de necessidades diárias de micronutrientes
gordura corporal.
Os planos podem ser subdivididos em:
As dietas escassas em carboidratos e ricas em Leve restrição ≥1200kcal/dia
gorduras, especialmente saturadas em colesterol, são Moderada restrição >800kcal (1000 – 1400kcal)
também ricas em proteínas animais e deficientes em Grande restrição 800 – 1200kcal (10-19kcal/kg)
vitaminas A, B6 e E, folato, cálcio, magnésio, ferro, potássio Muito baixo VC 400-800kcal (10kcal/kg)
e fibras. Portanto, requerem suplementação. .
I. DIETAS RESTRITAS EM CALORIAS
As necessidades calóricas em pacientes hospitalizados
podem ser medidas através de calorimetria indireta ou por É o método mais utilizado prescrito para redução de
métodos estimativos, sendo a fórmula mais frequentemente peso. Um déficit calórico de 500 – 1000 kcal atinge a meta.
utilizada a Harris-Benedict.
Rica em carboidratos quantidades generosas de
As dietas restritas em calorias são consideradas os proteínas (15 – 25% VET), para prevenir a conversão da
métodos mais utilizados para redução de peso. Um déficit proteína da dieta em energia.
calórico de 500 – 1000 kcal atinge a meta.
Incluir fibra extra (aumenta a saciedade e reduz a
Suplementação vitamínica e minerálica (em especial o eficiência de absorção intestinal).
mineral cromo, em virtude do auxílio no tratamento da

9
Suplementação vitamínica e minerálica em programas
com VCT inferior a 1200 kcal para mulheres e 1800 kcal - Características do programa alimentar:
para homens.
Deve-se atentar:
- fracionamento: pelo menos 5 refeições/dia (CUPPARI 2014
ATENÇÃO – DAN WAITZBERG 2009 / CHEMIN & recomenda cerca de 6 refeições diárias);
MURA 2011 / CUPPARI 2014 - consistência: sólida, comer lentamente e mastigar bem;
- volume: podem ser de grande volume, mas de baixo valor
- redução de 500 a 1000Kcal/d com relação a calórico;
anamnese alimentar, para uma perda de 0,5 a 1kg por - temperatura: alimentos quentes promovem saciedade mais
semana. rápido.

Segundo a Cuppari (2014), para o cálculo direto, II. DIETAS DO SISTEMA DE SUBSTITUIÇÃO
sugere-se 15 a 20kcal/kg de peso ATUAL/dia, não
inferior ao GEB. III.DIETAS COM FÓRMULAS E PROGRAMAS DE
SUBSTITUIÇÃO DE REFEIÇÃO
Valor calórico total variando de 1000 – 1600 kcal com
MOREIRA & CHIARELLO (2008) bebidas ou barras substituindo refeições.

- Necessidades nutricionais: um método prático é utilizar 20 IV. PROGRAMAS COMERCIAIS


– 25kcal/kg de peso atual/dia. Segundo o Consenso Latino-
Americano de Obesidade e I Diretriz Brasileira de V. DIETAS DE BAIXO VALOR CALÓRICO (CUPPARI,
Diagnóstico e Tratamento de Síndrome Metabólica indicam 2014) 10 a 19kcal /kg de PESO DESEJÁVEL.
uma redução de 500 – 1000kcal do VET para promover
perda de peso de 0,5 – 1,0kg/semana. As dietas entre 800 – VI. RESTRIÇÃO EXTREMA DE ENERGIA
1200kcal/dia não são indicadas. As dietas com restrição extrema de energia fornecem
menos de 800 kcal/dia e a inanição ou as dietas de jejum ou
A perda de até 1kg/semana é considerada ideal. A perda de fome fornecem menos de 200 kcal/dia.
de 5 – 10% do peso corpóreo é considerada benéfica
quando mantida por mais de 1 mês. a) Jejum:
Mais de 50% da perda rápida de peso é de líquidos,
Segundo o Consenso Latino-Americano de Obesidade e levando a problemas como hipotensão. O acúmulo de ácido
I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento de úrico pode precipitar episódios de gota; e também podem
Síndrome Metabólica recomenda-se a seguinte distribuição: ocorrer cálculos biliares.

- PTN 15-20% (não menos que 0,8g/kg); b) Dietas de valor calórico muito baixo (VLCD):
- CHO 55-60%; Fornecem de 200 – 800 kcal, ou cerca de <10kcal/kg de
- LIP 20-25%. PESO DESEJÁVEL/dia (CUPPARI, 2014). Características
das VLCD:
Em relação aos lipídios, a AHA recomenda não mais  Hipocalóricas;
que 30% do VET de lipídios, sendo <10% de saturados (se  Ricas em proteínas (0,8 – 1,5g de proteínas/kg de peso
dislipidêmicos deverá ser <7%), <10% PUFAS e 10 – 15% corporal ideal);
MUFAS. Ingestão inferior a 15% do VET à base de lipídios  Suplementadas por vitaminas, minerais e ácidos graxos
pode reduzir HDL e aumentar TG séricos. essenciais;
 Ministradas por 12 – 16 semanas;
Quanto às fibras, a ADA recomenda de 20-35g, sendo  Rápida perda de peso (20kg, com manutenção de 33 –
pelo menos 25% de solúveis. 50% do peso perdido no ano seguinte);
 Reservada a indivíduos com IMC>30kg/m2 que não
Pacientes obesos podem ter tolerância diminuída à obtiveram sucesso com outros programas de dietas
glicose. O cromo é um componente ativo do Fator de associados a psicoterapia. Ocasionalmente podem ser
Tolerância à Glicose (TGF). Outros elementos incluem: indicadas para indivíduos com IMC de 27 – 30 com co-
niacina, cisteína, glicina e ácido glutâmico. morbidades ou fatores de risco.
Outro ponto seria a ansiedade e depressão associadas a DAN WAITZBERG (2009) fornecem de 1,5 a 2,0g de
diminuição de serotonina. A síntese de serotonina é proteína/kg/dia.
dependente de triptofano e total de CHO da dieta. Outros
fatores necessários para síntese incluem: vitamina B6, Formas de VLCD:
magnésio e ácido fólico.  Dieta de jejum modificadora poupadora de proteína
(PSMF) 1,5g de proteína/kg de PCI na forma de carne
- Alimentos funcionais e obesidade: estuda-se a soja e o chá magra, peixe e aves, sem carboidratos e apenas gorduras
verde. contidas nos alimentos. Possui alta taxa de excreção de
nitrogênio 11 – 23g declinando gradualmente nos primeiros
A soja é rica em fitoestrógenos, que parecem reduzir a dias (adicionar 100g de glicose/dia para prevenir futuras
gordura corporal e insulina de jejum. Além de aumentar perdas de nitrogênio).
HDL. O consumo de soja deve ser incentivado. Tofu e missô
tem maior disponibilidade de isoflavonas. Deve-se ingerir
 Dietas líquidas baseadas em proteína do leite ou de ovos.
pelo menos 2,25mg de isoflavonas por g de soja.
Contêm 33 – 70g de proteína, 30 – 45g de carboidrato e
pouca gordura.
O chá verde tem ação antioxidante e aumento de
termogênese, através da ação das catequinas. O cosumo de
chá verde entre 3 e 5g de folha/dia não apresentou efeitos
satisfatórios.

10
PACIENTES OBESOS HOSPITALIZADOS (DAN Dietas hipocalóricas balanceadas, com quantidades
WAITZBERG, 2009): moderadas de gorduras, reduzem o LDL colesterol,
normalizam os triglicerídeos e diminuem a pressão arterial.
As necessidades calóricas em pacientes hospitalizados
podem ser medidas através de calorimetria indireta ou por DIETAS ESCASSAS EM GORDURAS E MUITO
métodos estimativos, sendo a fórmula mais frequentemente ESCASSAS EM GORDURAS (MENOS DE 19%)
utilizada a Harris-Benedict.
Estas dietas ricas em carboidratos e com quantidades
Pode-se utilizar também as fórmulas preconizadas pela moderadas de proteínas foram historicamente desenvolvidas
OMS, onde: para prevenir ou reverter doença cardiovascular e não para
perder peso. Tais dietas constituem-se em vegetais, frutas,
Homens: grãos integrais, feijão, moderada quantidade de ovos,
18 – 30 anos: 64,4 x P – 113 x A + 3000/4,25 laticínios escassos em gorduras, produtos de soja e
31 – 60 anos: 19,2 x P – 66,9 x A + 3769/4,25 pequenas quantidades de açúcar e farinha.

Mulheres: Dietas escassas em gorduras, que objetivam a


18 – 30 anos: 55,6 x P – 1397,4 x A + 146/4,25 manutenção do peso, diminuem de modo significativo o
31 – 60 anos: 36,4 x P – 104,6 x A + 3619/4,25 colesterol total (-12,5%), LDL (-17,1%) e HDL colesterol (-
22,8%), mas aumentam também os triglicerídeos, de
Se sedentários, multiplicar por 1,3; se ativos multiplicar por maneira significativa, em 47,3%. Em contraste, dietas
1,5. escassas em gorduras hipocalóricas, que objetivam a
redução de peso, resultam em diminuição de 24,3% do LDL
Segundo MOORE, citado por WAITZBERG (2009), o colesterol, e os níveis de triglicerídeos permanecem
cálculo das necessidades calóricas para pacientes obesos é inalterados.
estimado a partir da determinação do peso ideal,
multiplicando-se, segundo atividade física: DIETAS DE BAIXÍSSIMAS CALORIAS

- sedentário: 20 - 25kcal/kg PI; As dietas de baixíssimas calorias, usualmente, proveem


- atividade moderada: 30kcal/kg PI; ou 400 a 800 kcal por dia e devem conter 0,8 a 1 g por quilo do
- atividade intensa: 35 – 50kcal/kg PI. peso ideal por dia de proteínas de boa qualidade e
quantidades diárias recomendadas de minerais, vitaminas e
A partir daí, devem-se subtrair 500 a 1000kcal, para ácidos graxos essenciais.
alcançar perda de peso de 0,5 a 1,0kg/semana.
São utilizadas como única fonte de nutrição durante
Outro fator é que o gasto basal está modificado em quatro a 16 semanas e, em geral, são efetivas para
pessoas com peso 125% acima do peso ideal, deste modo, pacientes que não obtiveram sucesso com outros
sugere-se ajuste do peso, onde: tratamentos ou que tenham comorbidades importantes,
sendo necessária intensa supervisão.
Peso ajustável = (peso atual – peso ideal) x 0,25 + peso
ideal As dietas de baixíssimas calorias são úteis para induzir
rápida perda de peso e motivar o paciente muito obeso, mas
Uso de alimentos substitutos de gorduras e deve-se utilizá-las por longos períodos. Devem ser seguidas
carboidratos. por outro tratamento para manter a perda de peso.

DIRETRIZES BRASILEIRAS DA OBESIDADE 2009/2010 DIETAS COM GORDURAS MODIFICADAS

 DIETAS BALANCEADAS Existem algumas evidências de que a substituição de


Caracterizam-se por serem compostas de 20% a 30% de gordura saturada por gorduras monoinsaturadas (MUFAs),
gorduras, 55% a 60% de carboidratos e 15% a 20% de como azeite de oliva, abacate e nozes, pode melhorar o
proteínas. perfil lipídico e o controle glicêmico, além de auxiliar na
perda de peso.
Essas dietas são calculadas para promover um déficit de Deve-se efetuar estudos de longo prazo sobre a eficácia
500 a 1.000 kcal/d, com um mínimo de 1.000 a 1.200 kcal/d das dietas ricas em MUFAs, antes que se possa recomendá-
para as mulheres e 1.200 a 1.400 kcal/d para os homens. las como baseadas em evidência.

O objetivo das dietas balanceadas é permitir ao DIETA DO ÍNDICE GLICÊMICO


consumidor a escolha de maior variedade de alimentos,
adequação nutricional, maior aderência, resultando em O índice glicêmico é usado para medir o relativo
perda de peso pequena, mas sustentada. aumento da glicemia após uma quantidade-padrão de dieta
de carboidratos. Comidas como vegetais não feculentos,
Diferentes percentuais variando entre 10%, 20%, 30% e legumes, frutas e derivados do leite têm baixo índice
40% das calorias da dieta provenientes de gorduras não glicêmico, enquanto produtos com grãos refinados e batatas,
influenciaram a perda de peso nem a redução no percentual um alto índice glicêmico.
de massa gorda corpórea de mulheres adultas e obesas
submetidas à restrição calórica e exercícios durante 12 Alimentos com alto índice glicêmico, calorias por
semanas. calorias, elevam mais os níveis de insulina do que os com
baixo índice glicêmico, sugerindo que os que possuem alto
Dietas com 1.000 a 1.200 kcal/dia resultam em perda de índice glicêmico podem promover ganho de peso por
7 a 13 kg (média de 8%) e redução na gordura abdominal dirigirem preferencialmente os nutrientes da oxidação no
medida pela circunferência abdominal em média de 10 cm, músculo para estocagem na gordura.
no período de seis semanas a seis meses.

11
Propôs-se que dietas com baixo índice glicêmico podem 5.PSYLLIUM (PLANTAGO)
auxiliar na perda de peso. Realizou-se pequeno número de Psyllium é uma fibra hidrossolúvel derivada da semente
estudos de curto prazo com dietas com baixo índice da Plantago ovata. Propõe-se que o uso dessa fibra
glicêmico em casos de obesidade infantil, diabetes tipos 2 e aumente a saciedade, reduzindo a ingestão calórica. Apesar
1, mas nenhum por períodos superiores a um ano, o que de haver uma sugestão de discreta redução na ingestão
não valida essa dieta para recomendação. alimentar, os estudos até agora realizados não demonstram
diferença na perda de peso de indivíduos obesos usando 15
PERDA DE PESO: TRATAMENTOS HETERODOXOS E a 30 g/dia do suplemento, quando comparado ao placebo.
SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS (DIRETRIZES
BRASILEIRAS DE OBESIDADE 2009/2010) A ingestão da fibra relaciona-se a distúrbios
gastrointestinais, como flatulência, diarreia e náuseas, além
ACUPUNTURA de interferir na absorção de medicamentos, como
antibióticos e digitálicos, e potencializar a ação de drogas
A acupuntura é a inserção de pequenas agulhas em anticoagulantes.
vários locais do corpo, com propósitos terapêuticos, entre
eles a redução de peso. Sugere-se que o estímulo do ramo SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS
auricular do nervo vagal aumente o tônus do músculo liso do
estômago, suprimindo o apetite. Há necessidade de maior 1.ÁCIDO LINOLEICO CONJUGADO (ALC)
investigação para que se possa indicar acupuntura ao O ácido linoleico conjugado é produzido, naturalmente,
tratamento da obesidade. no aparelho gastrointestinal dos animais ruminantes, pelas
bactérias fermentativas que isomerizam o ALC. Trata-se de
AROMATERAPIA ácidos graxos tipos trans encontrados, principalmente, na
carne bovina e seus derivados, incluindo manteiga e queijos.
Este tipo de terapia baseia-se na teoria de que a Os estudos até agora realizados não justificam o uso desse
exposição a estímulos olfativos particulares poderia, de suplemento no tratamento da obesidade.
alguma forma, reduzir a ingestão alimentar e, como
consequência, haver redução do peso. Não existem 2.CAFEÍNA
evidências científicas que comprovem seu mecanismo de A cafeína pertence a um grupo de compostos solúveis
ação ou eficácia. chamados purinas1(D) (1,3,7-trimetilxantina), encontradas
naturalmente em grãos de café e cacau, chás, guaraná,
FITOTERAPIA chocolate, bebidas à base de colas e sob a forma de
comprimidos. A cafeína estimula a liberação de adrenalina
1.EPHEDRA SINICA que age como antagonista dos adenina-receptores nos
Ephedra sinica ou ma-huang, nome chinês da planta adipócitos.
Ephedra, é frequentemente utilizada para perder peso e, em
geral, combinada com outros compostos, como cafeína e/ou Com isso, há aumento dos níveis intracelulares do 3,5-
aspirina. A frequência e a magnitude dos efeitos colaterais e monofosfato de adenosina, o qual ativa a lipase hormônio-
a ineficácia dos suplementos contendo efedrina sensível, promovendo a lipólise, havendo liberação de
contraindicam seu uso no tratamento da obesidade. ácidos graxos livres na circulação. Também não existem
estudos que mostrem que o guaraná e as colas reduzam o
2.ERVA-DE-SÃO JOÃO (HYPERICUM PERFORATUM) peso corporal.
É uma planta nativa da Europa, da Austrália e das
Américas. Seus extratos, que parecem ter ação 3.CAPSAICINA
serotoninérgica, são utilizados para tratar depressão. Não A capsaicina é uma substância presente nas pimentas
existem evidências científicas de que a erva-de-são joão e pimentões. In vitro, ativa a colecistocinina (a qual suprime
seja eficaz para reduzir peso. o apetite), estimula a secreção de adrenalina, a
gliconeogênese, a lipólise e a termogênese. Existem poucos
3.GARCINIA CAMBOGIA estudos em humanos, sendo a maioria de curto prazo,
Esta substância, extraída da casca de uma fruta cítrica realizados com indivíduos magros e que não comprovam as
exótica (Brindall berry ou brindleberry), contém ácido ações termogênica, anorexígena e redutora de peso.
hidroxicítrico, que inibe a clivagem enzimática do citrato.
Segundo seus defensores, além de aumentar a taxa de
síntese hepática de glicogênio, inibe o apetite e a estocagem 4.CROMO
de gordura corporal. O cromo é um mineral essencial, considerado um
cofator da insulina. Tem-se investigado seu papel no
Apesar de não terem sido documentados efeitos metabolismo de carboidratos e proteínas. Utiliza-se o
colaterais significantes, não existem estudos de longo prazo picolinato de cromo, um derivado orgânico composto de
a esse respeito. Atualmente, não há dados convincentes cromo trivalente e ácido picolínico, em muitas fórmulas para
para o uso da garcínia como agente antiobesidade. emagrecimento, não há suporte teórico ou prático para o uso
de suplementos com cromo no tratamento da obesidade.
4.IOIMBINA (PAUSINYSTALIA YOHIMBE)
A Yohimbe é uma planta nativa da África Central. O 5.QUITOSANA
constituinte ativo dessa planta é a ioimbina, antagonista do A quitosana é um polissacarídeo catiônico, polímero da
alfa-2 receptor. Nos três estudos randomizados encontrados, glucosamina, derivado da quitina, componente do
nos quais se comparou a substância isoladamente com exoesqueleto e conchas dos artrópodes: caranguejos,
placebo, os resultados foram conflitantes. camarões e lagostas. Na ausência de dieta hipocalórica, não
há efeito da quitosana na perda de peso.
Descreveram-se efeitos colaterais como irritabilidade,
artralgias e cefaleia. Até o momento, não há evidências Além disso, não se demonstrou a presença de gordura
clínicas de que se possa indicar a ioimbina para reduzir nas fezes dos indivíduos testados. Não se determinou
peso. rigorosamente a segurança do uso da substância, bem como

12
não se avaliou o efeito sobre a absorção de vitaminas Sucralose  derivado do açúcar com ligações carbono-
lipossolúveis em longo prazo. cloro. Edulcorante artificial não calórico. Excretado nas
fezes. Estável a altas temperaturas. Poder de doçura 600x
6.HIDROXIMETILBUTIRATO superior ao açúcar. Ingestão aceitável: 45mg/100g de
O hidroximetilbutirato (HMB) é um metabólito da leucina alimento dietético ou 25mg/100mL de bebida dietética.
encontrado naturalmente em peixes, frutas e no leite
humano. Também está disponível como suplemento Estévia  Extraído da Stevia rebaudiana. Edulcorante
dietético, usado primariamente por atletas com o objetivo de natural, sabor semelhante a sacarose, residual amargo de
aumentar a massa muscular e reduzir o tecido adiposo. É mentol. Eliminado pela urina. Estável em altas temperaturas.
importante salientar que os estudos sempre foram feitos por Poder de doçura 300x superior ao do açúcar. Não calórico.
prazo curto e em indivíduos que praticavam exercícios Ingestão aceitável: 5,5mg/kg/dia.
físicos orientados. Não se testou a eficácia do HMB em
indivíduos obesos sedentários ou não. Dessa forma, ainda Sorbitol  poliol encontrado em frutas (maçã, pêra e
não existem evidências que corroborem o uso dessa ameixas). Natural. Poder de doçura inferior ao açúcar.
substância no tratamento da obesidade. Estável em altas temperaturas. Ingestão aceitável: 20 -
30g/dia.
7.PIRUVATO
Tem-se efetuado suplementação nutricional com Ciclamato  Edulcorante artificial de gosto metálico. Poder
piruvato, com o intuito de modificar a composição corporal e de doçura 30x superior ao açúcar. Não calórico. Estável em
melhorar a performance atlética. A maioria dos estudos não altas temperaturas. Ingestão aceitável: 11mg/kg/dia.
é randomizada ou duplo-cego e utiliza o piruvato em grande
quantidade (de 2% a 15% do total de calorias), associado à Sacarina  derivado do tolueno ou do anidrodo ftálico.
dieta hipocalórica e à atividade física. Artificial com sabor residual amargo. Não calórico. Poder de
doçura 300x superior ao açúcar. Estável em altas
Apesar de não haver relatos de efeitos adversos, não se temperaturas. Ingestão aceitável: 2,5mg/kg/dia.
verificou devidamente sua segurança. Considerando a
avaliação rigorosa dos estudos clínicos, existem fracas ANORMALIDADES METABÓLICAS ASSOCIADAS À
evidências de que o piruvato auxilie os obesos a perderem OBESIDADE
peso.
1.SÍNDROME METABÓLICA (DAN 2009)
HIPNOSE
Apesar de a hipnose ser utilizada para auxiliar a perda
de peso, a maioria das revisões feitas até hoje conclui que a A síndrome metabólica constitui diversidade de
hipnose per se tem pouco ou nenhum efeito na redução e na anormalidades metabólicas que são fatores de risco para
manutenção do peso perdido DCV. Os critérios mais utilizados são os da OMS e do NCEP
ATPIII.

USO DE ALIMENTOS SUBSTITUTOS DE GORDURAS E As características comuns aos grupos são OBESIDADE
CARBOIDRATOS ABDOMINAL (IMC elevado e/ou grande circunferência de
cintura), metabolismo da glicose alterado, dislipidemias e
A.SUBSTITUTOS DE GORDURAS elevação da pressão arterial.

A alteração do metabolismo de ácidos graxos livres


Olestra  éster de ácido graxo com a sacarose. Não
associada mais especificamente à obesidade abdominal
possui calorias. Não é absorvido e a eliminação é fecal.
está provavelmente envolvida na patogênese da síndrome
Possui efeitos adversos na absorção de carotenóides,
metabólica.
vitaminas lipossolúveis e medicamentos. Aumenta a
velocidade de trânsito intestinal. É utilizada em preparações
Tabela 11: Critérios para SM segundo NCEP e OMS.
submetidas a altas e frias temperaturas.
NCEP ATPIII OMS
Simplesse  é derivado da proteína da clara do ovo, do Glicemia de jejum >100mg/dl >100mg/dl; ou
leite desnatado ou do soro do leite. Fornece de 1-2kcal/g. TTOG> 140mg/dl
Possui absorção igual das proteínas. Efeitos adversos Obesidade abd
relatados em pacientes alérgicos Às frações proteicas Homens CC>102cm RCQ>0,9
citadas. Pode ser utilizados em coberturas e recheios, Mulheres CC>88cm RCQ>0,85
produtos de sobremesa refrigerados ou congelados. A alta Ou IMC>30kg/m2
temperatura provoca coagulação de proteínas. Triglicerídeos ≥150mg/dl ≥130mg/dl
HDL
B.SUBSTITUTOS DE CHOS Homens <40mg/dl <36mg/dl
Mulheres <50mg/dl <39mg/dl
Acessulfame K  sal potássio da sulfonamida cíclica, Pressão Arterial ≥130/85mmHg ≥140/90mmHg
derivada do ácido acetoacético. Edulcorante artificial, pó Microalbuminúria Sim
branco, cristalino, inodoro e sem sabor residual. Excretado
na urina. Pode ser usada por diabéticos. Poder de doçura 2.RESISTÊNCIA À INSULINA (DAN 2009)
200x superior ao açúcar. Não calórico. Estável em altas
temperaturas. Ingestão aceitável: 15mg/kg/dia. A liberação excessiva de ácidos graxos livres (AGL) no
plasma pelo tecido adiposo e a concentração plasmática
Aspartame  éster metílico dos aminoácidos fenilalanina e elevada de ácidos graxos livres podem alterar a capacidade
ácido galacturônico. Edulcorante artificial, pó branco, de insulina em estimular a captação de glicose pelo
cristalino, inodoro e de intenso sabor doce. Poder de doçura músculos e em suprimir a produção hepática de glicose.
200x superior ao açúcar. Valor calórico de 4kcla/g. Instável
em altas temperaturas. Ingestão aceitável: 40mg/kg/dia. A resistência à insulina induzida pelos ácidos graxos
Proibido para fenilcetonúricos. livres nos músculos e fígado ocasiona portanto uma
13
produção hepática excessiva de glicose e uma utilização de Von Willebrand, fator VII e do inibidor do ativador do
glicose insuficiente pelos tecidos periféricos. plasminogênio-1.

A diminuição na sensibilidade à insulina pelos ácidos Adipocinas, como IL-6 e TNF, são os principais fatores
graxos livres é compensada até certo ponto por um aumento responsáveis pelo aumento nos fatores pró-trombóticos. A
na secreção de insulina induzido pelos ácidos graxos livres, leptina, outra adipocina, foi apontada como responsável pela
que serve provavelmente como mecanismo feedback para promoção de trombose.
proteger o corpo dos efeitos prejudiciais da resistência à
insulina. 3.ATEROSCLEROSE (DAN 2009)

3.DISLIPIDEMIA (DAN 2009) A resistência à insulina parece ser uma causa


importante de aterosclerose, além disso, várias adipocinas,
Durante condições pós-absortivas muitos triglicerídeos que se encontram aumentadas na circulação de indivíduos
plasmáticos circulam na região central das lipoproteínas obesos (p. ex., leptina, IL-6 e TNF), forma demonstradas
VLDL, que são produzidas e secretadas pelo fígado. Mais de como promovendo o desenvolvimento aterosclerose.
dois terços dos triglicerídeos secretados pelo fígado em
VLDL derivam dos ácidos graxos plasmáticos liberados 4.INFLAMAÇÃO (DAN 2009)
durante a lipólise no tecido adiposo subcutâneo.
O tecido adiposo produz várias citocinas inflamatórias,
Além disso, excessiva massa adiposa visceral também que podem induzir resistência à insulina e a adiponectina,
pode contribuir para a razão aumentada de secreção de TG- que aumenta a inflamação diretamente ou estimulando a
VLDL em pacientes obesos. Aproximadamente 20% dos produção hepática da proteína C reativa.
AGL levados ao fígado derivam de TG do tecido adiposo
visceral. Um aumento de TG plasmáticos aumenta a A inflamação pode portanto ser um fator importante na
transferência de TG das lipoproteínas VLDL para as HDL, patogênese da síndrome metabólica, pois pode levar à
em troca do colesterol, o que acarreta diminuição da resistência à insulina, e pode ser uma ligação entre
concentração de HDL colesterol. síndrome metabólica e as DCV.

4.HIPERTENSÃO (DAN 2009) Exercício (KRAUSE)

Anormalidades no metabolismo de AGL ajudam a O exercício é extremamente importante no controle do


explicar a ocorrência de hipertensão e resistência à insulina. peso, pois promove aumento do gasto energético. A
Concentração aumentada de AGL causam vasocontrição, combinação entre exercício de resistência (promove
especialmente quando a captação de glicose mediada pela aumento de massa magra) e aeróbico (queima energética
insulina alterada devido a elevação da concentração por aumento da TMR) pode promover perda ao redor de 2 a
plasmática de AGL. 3kg, dependendo da duração, intensidade e tipo de
exercício.
Além disso, pode ocorrer aumento de pressão arterial
em consequência de resistência à insulina no endotélio, Problemas comuns encontrados no controle da obesidade
outro ponto é que a hiperinsulinemia aumenta a reabsorção (KRAUSE)
renal de sódio.
 Efeito Platô: considera-se efeito platô o permanecimento
OBESIDADE E DOENÇAS CARDIOVASCULARES no mesmo nível de peso por bom tempo.

1.DISFUNÇÃO ENDOTELIAL (DAN 2009) Reflete uma redução de lipídeos no adipócito até algum
sinal que exija ajuste metabólico e manutenção de peso.
A disfunção endotelial é considerada como evento
patogênico precoce nas DCV. O endotélio vascular libera Além disso, qualquer perda de peso promove perda de
fatores vasoativos, de relaxamento e de contração, que são massa magra, consequentemente, diminuição da TMR.
importantes para o controle do tônus vascular. Um
desequilíbrio de fatores de controle de tônus vascular que Logo, atinge-se um estado de equilíbrio no qual a
ocasione vasocontrição promove inflamação vascular, ingestão de energia equilibra-se com o gasto. A menos que
trombose e aterosclerose. se diminua o VCT ingerido ou aumente-se o gasto, a perda
de peso para neste ponto.
A perda da capacidade vasodilatadora na vasculatura
periférica, isto é disfunção endotelial, é um bom fator de  Ciclo do peso ou efeito ioiô significa perdas e reganho de
predição de eventos vasculares (AVE e ataques cardíacos). peso, a cada volta do ciclo leva-se mais tempo para perder a
Além disso, a hiperglicemia e hipertrigliceridemia, frequentes mesma quantidade de peso e menos tempo para recuperá-
entre obesos, forma demonstrados alterando a la. Pode ocorrer por razões metabólicas ou
vasodilatação produzida pelo óxido nítrico. IL-=6 e TNF comportamentais.
liberados pelo tecido adiposo, deficiência de adiponectina e
resistência à leptina parecem causar vasoconstrição.

2.TROMBOSE (DAN 2009)

A obesidade é considerada como condição pré-


trombótica, devido à atividade aumentada da cascata de
coagulação, que não é plenamente compensada pela
atividade aumentada da cascata fibrinolítica. Indivíduos
obesos têm concentrações elevadas de fibrinogênio, fator de

14
COMPOSIÇÃO DOS PLANOS ALIMENTARES PARA
PREVENÇÃO DE DCNT (CHEMIN & MURA 2011) b)Mistas: bypass gástrico em Y-Roux com estoma calibrado
ou anel de Capella.
LIP 15 – 30%VCT
AGS <10%VCT
AGPI 6 – 10%VCT
W3 5 – 8% VCT
W6 1 – 2% VCT
CHO 55 – 75% VCT
AÇÚCARES <10% VCT
PTN 10 – 15% VCT
COLESTEROL <300mg
NaCl (sódio) <5g (<2g)
Frutas e vegetais >400g
Fibras >25g
Fibras solúveis 20g

CUIDADO NUTRICIONAL NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIOS


DE CIRURGIA BARIÁTRICA

Indicados para pacientes com IMC>40 ou a partir de 35 com


outros fatores de risco.

Indicações:
a) presença de morbidades, que resulta da obesidade ou é
por ela agravada, como apneia do sono; Perdas de peso de 35 – 40%, mantidas em longo
b) persistência de IMC>40kg/m2 ou de excesso de peso prazo, e com taxa de reganho tão baixas quanto 5%. São
superior a 45kg por vários anos. A faixa de IMC pode ser consideradas o padrão-ouro, indicadas à maioria dos obesos
reduzida para 35kg/m2 na presença de comorbidades; mórbidos.
c) fracasso de métodos conservadores de emagrecimento
bem conduzidos; c)Disabsortivas/Malabsortivas: derivação biliopancreática de
d) ausência de causas endócrinas de obesidade; Scopinaro e duodenal switch de Heiss.
e) avaliação favorável das possibilidades psíquicas de o
paciente suportar as transformações radicais de
comportamento impostas pela operação.

Adiciona-se: Motivação, aceitação e conhecimento sobre os


riscos da cirurgia e ausência de contraindicações.

Condições que contraindicam cirurgia:


a) pneumonias graves, como enfisema avançado ou
embolias pulmonares repetidas;
b) insuficiência renal;
c) lesão acentuada do miocárdio;
d) cirrose hepática;
e) distúrbios psiquiátricos ou dependência de álcool ou
drogas.

TIPOS DE PROCEDIMENTOS

a)Restritivas: banda gástrica ajustável, gastroplastia vertical


com badagem.

Indicadas para superobesos, oferecem perda de peso de 40


– 45% e para aqueles que não aceitem restrição alimentar.

BALÃO INTRAGÁSTRICO (BIG)

Trata-se de um procedimento endoscópico, e não de


uma cirurgia propriamente dita. Pode ser utilizado como
método auxiliar para perda de peso no pré-operatório. Só se
pode utilizar o balão por até seis meses e, se houver
necessidade de recolocá-lo, deve-se aguardar um intervalo
de 30 dias. Apesar de ser um procedimento de baixo risco,
em geral cursa com reganho de peso após sua retirada

15
ORIENTAÇÕES NO PRÉ-OPERATÓRIO Com a introdução da alimentação com consistência
normal, pode-se evoluir o volume, como por exemplo, no
Deve ser realizada anamnese clínica e nutricional. Deve bypass em Y-Roux a 200/250mL por refeição.
ser elaborado o diagnóstico da situação e estimular a
motivação para o seguimento das orientações dietéticas, Evolução da alimentação
como a importância de macro e micronutrientes após
bariátrica, detectar carências nutricionais no pré-operatório, Aumenta-se a consistência dos alimentos a cada 2
como deficiência de ferro e B12. meses, podendo variar de acordo com a tolerância
individual.
COMPLICAÇÕES
No pós-operatório, após liberação dietética, inicia-se com
Entre as complicações relacionadas com a banda a ingestão de água, progredindo com dieta de líquidos claros
gástrica, há deslizamento gástrico da banda com aumento (ficando de 4 a 7 dias nesta conduta).
ou obstrução do neoestômago, erosão da banda, infecção
do portal e dilatação esofagiana. O paciente evolui, segundo tolerância para a dieta líquida,
permanecendo por 15 dias. Na quarta semana de pós-
As complicações pós-operatórias mais comuns de todas operatório faz-se uma dieta de transição para dieta pastosa.
as técnicas descritas são tromboembolismo pulmonar,
deiscência da sutura, fístulas, estenoses, infecções e
hemorragia (mais comuns no pós-operatório precoce),
hérnia e torção de alça intestinal (mais comuns no pós-
operatório tardio).

Nas técnicas disabsortivas e, em menor grau, na DGYR,


há maior risco de se desenvolver diarreia com flatulência
excessiva, desnutrição proteica, anemia ferropriva,
deficiência de vitaminas e doenças osteometabólicas. A
síndrome de dumping pode ocorrer após DGYR, quando
houver ingestão de alimentos doces ou hiperosmolares.

Tratamento nutricional

a) Preparo pré-operatório

Avaliação do estado nutricional:


1.Bioquímica;
2.Antropométrica;
3.Anamnese alimentar

Tabela 12: Exames laboratoriais pré-operatórios.

De rotina:
Hemograma, coagulograma, sódio, potássio, uréia,
creatinina, glicemia de jejum, bilirrubinas, transaminases,
fosfatase alcalina, y-glutamiltransferase, colesterol total e
frações, triacilgliceróis, proteína total, albumina, ácido
úrico

A critério:
Hemoglobina glicosilada, fibrinogênio, insulina, hormônios
tireoidianos, cálcio, magnésio, fósforo, fero, ferritina,
transferrina, ácido fólico, vitamina B12

Compreensão do tratamento e educação nutricional.

b) Tratamento pós-operatório

Volume

Nas cirurgias com bypass em Y-Roux, com reservatório


gástrico em torno de 20mL, a ingestão aceitável é de no
máximo 50mL por refeição.

Nas derivações biliopancreáticas, com volume gástrico de


200 – 500mL, a ingestão pode ser de 300 – 500mL por vez.
No duodenal switch, com capacidade gástrica de 150mL, a
ingestão aceitável é de 200mL.

Recomenda-se evitar período de jejum superior a 3h,


para prevenir hipoglicemia.

16
PROTOCOLO DO DAN WAIZTBERG (2009) NO PÓS-
OPERATÓRIO DE CIRURGIA BARIÁTRICA

A.ORIENTAÇÕES NO PRÉ-OPERATÓRIO (DAN 2010)

Deve ser realizada anamnese clínica e nutricional. Deve


ser elaborado o diagnóstico da situação e estimular a
motivação para o seguimento das orientações dietéticas,
como a importância de macro e micronutrientes após
bariátrica, detectar carências nutricionais no pré-operatório,
como deficiência de ferro e B12.

B.ORIENTAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO (DAN 2010)

A ingestão de alimentos inicia-se após período de 12 a


A segunda fase do tratamento corresponde à dieta 24horas pós-operatório, com líquidos em pequenos goles e
pastosa com duração de 15 dias a 1 mês a depender da fracionados. A dietética é dividida em quatro fases.
tolerância individual.
Período 1: Alimentação líquida
A duração desta fase é de duas semanas. A alimentação
liquida ajuda a diminuir as chances de complicações
mecânicas. Preconiza-se 30mL/hora. Conforme tolerância,
pode-se evoluir para 100-120ml/hora durante o dia.

Não utilizar canudos (possibilita aerofagia). Evitar bebidas


com gás, café e bebidas alcoólicas. Beber bastante líquido,
o ideal é 1200 a 1800ml/dia. Toda vez que houver ajuste da
banda, voltar para a alimentação do período por uma
semana.

Período 2: Alimentação liquidificada (baixa em gordura e


doce concentrado).
Aproximadamente duas semanas após a intervenção
cirúrgica. Todos os alimentos são liquidificados para a
consistência de purê, cremes e papas. Este período de
tratamento se mantém por duas semanas.

Só é permitido 4 colheres de sopa (60g) por refeição. Ao


sentir-se satisfeito deve para de comer.

O mínimo recomendado de líquidos é 6 a 8 xícaras de


chá (600 a 800ml), sendo as bebidas de baixa caloria. O
ideal é consumo hídrico de 2,5 a 3,0L/dia.

Nunca beba e coma ao mesmo tempo, esperar 30


A terceira fase corresponde à dieta branda com duração minutos antes e após as refeições. Comer devagar, uma
de 15 dias. refeição deve durar de 30 a 45 minutos. As frutas devem ser
cozidas, amassadas ou raspadas.

Período 3: Alimentação pastosa (baixa em gordura e


doce concentrado).
Aproximadamente quatro semanas após a operação
poderá ocorrer a progressão para a dieta pastosa, com
duração de uma a duas semanas.
A dieta branda possui duração até a consistência normal,
permanecendo o controle de volume. A quarta fase, ou fase Os alimentos são oferecidos sem passar no
de dieta normal, atenta-se às adequações nutricionais, liquidificador, mas podem ser amassados com o garfo.
preocupando-se com a seleção dos alimentos ricos em Produtos cárneos devem ser servidos moídos, desfiados ou
proteínas, cálcio, ferro, vitaminas A e C e folatos avaliar cortados em pequenos cubos. Ingerir primeiro os alimentos
demais carências nutricionais. O controle de volume deve ricos em proteína. Meta: 70g de proteína/dia. As frutas
ser mantido. devem ser amassadas ou raspadas. Evitar jejum superior a
3 horas.

Período 4: Dieta normal (baixa em gordura e doce


concentrado).
Evitar frituras. Carnes devem ser preparadas grelhadas,
assadas e cozidas. Ingerir primeiro os alimentos ricos em
proteína. Meta: 70g de proteína/dia. Evitar jejum superior a 3
horas.

17
Tabela 13: Manifestações clínicas decorrentes de carências nutricionais na pós-bariátrica – CHEMIN & MURA.

Local Sinais clínicos Carências


Pele Xerose, hiperceratose folicular, petêquias excessivas Vitaminas A, C e K
Dermatite Ácidos graxos essenciais, zinco e niacina
Pouco brilho Ferro, ácido fólico
Cicatrização deficiente Proteínas, vitamina C e zinco
Seca e áspera Vitamina A e ácidos graxos essenciais

Face Palidez, seborreia nasolabial, edema de face Proteína, vitamina B2


Cabelos Queda excessiva, perda de brilho, secos, quebradiços, Proteína, ácidos graxos essenciais
despigmentação, fáceis de se arrancar
Olhos Palidez conjuntival e inchaço, xerose, hemorragia, Ferro, vitaminas A, B2, B6 e C
conjuntivite leve
Lábios Queilose angular (lesões rosas ou brancas nos cantos da Vitamina B2
boca)
Língua Língua magenta, atrofia e hipertrofia das papilas Vitamina B2, ácido fólico e niacina.
Gengivas Gengivas retraídas, sangramento Vitamina C
Unhas Quebradiças, em forma de colher, com cumes Ferro
Tecido Edema, pouca gordura Proteínas e calorias
subcutâneo
Sistema Cardiomegalias Vitamina B1
cardiovascular
Sistema Mudanças psicomotoras, fraqueza motora, alterações Proteína, vitamina B1, B5 e B12
nervoso sensitivas, depressão, formigamento das mãos e dos pés:
confusão e demência

Necessidades nutricionais (CHEMIN & MURA)


 Líquidos  2000 mL/dia; d) Monitoração
 Proteínas  60 – 80g/dia. Em caso de depleção de Além da avaliação da ingestão alimentar, do peso
proteína e glicogênio repõe-se de 1,5 – 2g/kg de peso corporal e alterações de composição corporal, dentre outros
corrigido/dia; parâmetros.
 Carboidratos  avaliar a presença de Dumping, nestes
casos, açúcares e alimentos ricos em açúcar simples deve Tabela 14: Exames laboratoriais pós-operatórios.
ser excluído;
 Gorduras  uso de alimentos e preparações com pouco A cada 6 meses
gordura, por conta do alto valor calórico; Hemograma, coagulograma, glicemia de jejum, TGO,
 Vitaminas e Minerais  avaliar carências específicas TGP, colesterol total e frações, proteína total,
(B12, ferro, cálcio em especial); albumina, ácido úrico, cálcio total e ionizado,
 Fibras  introduzidas a partir do quarto mês como ferro, ferritina, transferrina, ácido fólico e vitamina
suplemento. Fibras solúveis – Benefiber®; Mix de fibras – B12.
Stimulance®.
A critério
c) Complicações Vitamina A, tiamina, vitamina D, zinco, magnésio,
As complicações mais temidas no pós-operatório são fósforo e PTH.
sepse de origem abdominal, causada por deiscência de
sutura, e o tromboembolismo pulmonar. Outras
complicações menos graves: atelectasia pulmonar, e) Atividade física
hipoventilação, seroma, infecção de ferida operatória, hérnia Recomenda-se, pelo menos, 30min de caminhada diária
incisional, litíase biliar e obstrução intestinal. A baixa associada com hidroginástica, esporte ou dança. O exercício
ingestão de água é de risco para nefrolitíase. contribui para o emagrecimento e manutenção do peso
perdido.
Nas cirurgias restritivas e mistas, alimentos proteicos mal
mastigados podem impactar o reservatório gástrico proximal, f) Falha da cirurgia
formando benzoares. A má absorção nas cirurgias mal Perda de peso em excesso inferior a 50% caracteriza
absortivas pode causar flatulência e diarreia/esteatorréia, falha no tratamento. O emagrecimento insuficiente está
sendo inconvenientes. Podem ser contornados com dieta relacionado à escolha inadequada da técnica, abuso de
pobre em gordura e metronidazol. alimentos calóricos ou sedentarismo.

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