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CURSO DE DIREITO
ALCÂNTARA
2019
LINO MARQUES MARINS
ALCÂNTARA
2019
RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADO 26. Acompanhamento processual. STF. Disponível em:
<http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4515053> Publicado em 01 jul. 2019. Acesso em 10 set.
2019.
2
GGB. Grupo Gay da Bahia. Assassinatos de LGBT no Brasil. Relatório anual do GGB indica 266 homicídios em
2011. GGB. Disponível em: <https://grupogaydabahia.com.br/assassinatos/relatorios/relatorio-2011/> Publicado
em 02 abr. 2012. Acesso em 10 set. 2019.
3
Ibidem.
4
GGB. Grupo Gay da Bahia. Relatório 2018. Homofobia Mata. Disponível em:
<https://homofobiamata.files.wordpress.com/2019/01/relatorio-2018-1.pdf> Publicado em jan. 2019. Acesso em
10 set. 2019.
5
Foto 1 – Pessoas LGBT mortas no Brasil por ano – Relatório 2018 (GGB)5
Tendo como base esses dados alarmantes, a ABGLT (Associação Brasileira de Gays,
Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), pessoa jurídica de direito privado, em dez de
maio de 2012, impetrou no Supremo Tribunal Federal o Mandado de Injunção 4733, para obter
a criminalização de todas as formas de Homofobia (LGBT fobia), com fulcro na parte final do
artigo 5º, inc. LXXI, da constituição da república federativa do Brasil, na tentativa de garantir
o direito constitucional à cidadania para a população LGBT brasileira, bem como o direito
fundamental à segurança.
Dois pontos importantes motivaram essa ação, a saber: a violação do direito à segurança
da população LGBT no Brasil e a intenção de garantir o direito à livre orientação de gênero
conforme consta no artigo 5º, caput, e art. 3º, inc. IV, da Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988, ficando assim, demonstrado o cabimento do Mandado de Injunção.6 No
entanto, pairava ainda uma questão de ordem legal crucial: como o STF poderia atender a esse
pedido, de criminalização da homofobia, sem ultrapassar a esfera de sua competência e sem
ferir o princípio da separação dos poderes?
5
Ibidem.
6
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. MI 4733. Acompanhamento processual. STF. Disponível em:
<https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4239576> Publicado em 01 jul. 2019 Acesso em 10 set.
2019.
6
7
OLIVEIRA, João Daniel Correia. O princípio da separação dos poderes e o controle judicial do motivo do ato
administrativo. Jusbrasil. Disponível em: <https://joaodanielcorreia.jusbrasil.com.br/artigos/501938605/o-
principio-da-separacao-dos-poderes-e-o-controle-judicial-do-motivo-do-ato-administrativo> Publicado em 27
fev. 2018. Acesso em 10 set. 2019.
8
MONTESQUIEU, Charles Louis de Secondat Baron de la. Do espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
p. 32.
9
VANIN, Carlos Eduardo. Princípio da separação de poderes na corrente tripartite. Jusbrasil. Disponível em:
<https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/artigos/400382901/principio-da-separacao-de-poderes-na-corrente-
tripartite> Publicado em out. 2016. Acesso em 10 set. 2019.
7
No Brasil, a separação dos poderes foi adotada pela primeira vez na constituição de
1824, depois da declaração da Independência. Nessa época existiam quatro poderes: Executivo,
Legislativo, Judiciário e Moderador (que era exercido pelo Imperador). O Poder Moderador foi
extinto na constituição de 1889, sendo mantida a divisão, em três poderes, pelas Constituições
seguintes.10
Ao longo dos anos, as novas constituições, mantiveram a descentralização do poder,
atribuindo ao Executivo, ao Legislativo e ao Judiciário, competências específicas, de forma que
cada um trabalhasse de maneira independente e harmônica entre si, procurando evitar abusos
do Estado, como preconiza o Artigo 2º, da Constituição da República Federativa do Brasil.11
As competências de cada poder que temos atualmente advém da Constituição da
República Federativa do Brasil de cinco de outubro de 1988. Atualmente somos divididos em
três poderes: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário, cada um com suas
atribuições específicas, conforme explicaremos a seguir.
10
COURCEIRO, Júlio Cezar da Silveira. Princípio da Separação de Poderes em corrente tripartite. Âmbito
Jurídico. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/principio-da-separacao-
de-poderes-em-corrente-tripartite/> Publicado em: 01 nov. 2011. Acesso em 10 set. 2019.
11
Ibidem.
12
FIGUEIREDO, Daniel. A separação dos três poderes. Politize. Disponível em:
<https://www.politize.com.br/separacao-dos-tres-poderes-executivo-legislativo-e-judiciario/> Acesso em 10 set.
2019.
8
Desta forma então, em âmbito federal, o Poder Legislativo passou a ser exercido pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado, que compõem o Congresso Nacional, ficando
responsáveis pela elaboração, aprovação e fiscalização das normas jurídicas.14
O Supremo Tribunal Federal ocupa o topo da justiça, sendo o responsável pela guarda
da Constituição, conforme o art. 102 da Constituição da República de 1988. É composto por
13
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Bahia: Jus Podivm, 2016. p. 601.
14
FIGUEIREDO, op. cit.
15
Ibidem.
16
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Estrutura e Atribuições. STF. Disponível em: <
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/sobreStfCooperacaoInternacional/anexo/STF__Brasil__Estrutura_e_Atribuico
es.pdf> Publicado em 2010. Acesso em 10 set. 2019.
9
onze membros que são denominados Ministros, devendo obrigatoriamente serem brasileiros
natos (art. 12, § 3º, inc. IV, da CRFB/1988). São escolhidos dentre os cidadãos com mais 35 e
menos de 70 anos de idade, de notável saber jurídico e de conduta ilibada (art. 101 da
CRFB/1988), sendo todos nomeados pelo presidente da república após sabatina e aprovação do
Senado Federal.
O STF tem muitas atribuições, mas aqui vamos destacar somente duas, especificamente
relacionadas à temática desse trabalho. São elas: processar e julgar, originariamente:
- Processar e julgar, originariamente, as Ações Diretas de Inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo federal ou estadual e ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal;
- Processar e julgar, originariamente, o Mandado de Injunção, quando a elaboração da norma
regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal
de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal.
17
NL. Normas Legais. Ação Direta De Inconstitucionalidade Por Omissão – ADO. Normas Legais. Disponível
em: <http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/acao-direta-de-inconstitucionalidade-por-omissao.htm>
Acesso em 10 set. 2019.
10
forma insuficiente. A inconstitucionalidade por omissão parcial poderá ser parcial propriamente
dita ou parcial relativa. Na omissão parcial propriamente dita – a lei existe, mas regula de forma
deficiente o texto e a Omissão parcial relativa surge quando a lei existe e outorga determinado
benefício à certa categoria, mas deixa de concedê-lo a outra, que também deveria ter sido
contemplada.18
18
Ibidem.
19
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Injunção – um instrumento republicano para sanar eventuais
omissões legislativas. Notícias STF. Disponível em: <
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=165753> Publicado em 15 nov. 2010.
Acesso em 10 set. 2019.
11
Disciplinado pela Lei 13.300/2016, Art. 12º e seu Parágrafo único. Os direitos, as
liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivos são os pertencentes,
indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe
ou categoria.
20
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. PPS pede declaração de omissão do Congresso por não votar projeto sobre
homofobia. Notícias STF. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=256721> Publicado em 23 dez. 2013.
Acesso em 10 set. 2019.
21
Ibidem.
12
22
VALENTE, Fernanda. Não cabe ao Supremo criminalizar homofobia, diz advogado criminalista. ConJur.
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-mai-24/nao-cabe-supremo-criminalizar-homofobia-
criminalista> Publicado em 24 mai. 2019. Acesso em 10 set. 2019.
23
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Informativo nº 931. Informativo STF. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo931.htm> Publicado em 22 fev. 2019. Acesso
em 10 set. 2019.
24
DINIZ, Scoty. A atual interpretação do Supremo Tribunal Federal sobre o efeitos do Mandado de Injunção e o
Princípio da Separação de Poderes. Jurídico Certo. Disponível em: <https://juridicocerto.com/p/advocacia-
diniz5/artigos/a-atual-interpretacao-do-supremo-tribunal-federal-sobre-o-efeitos-do-mandado-de-injuncao-e-o-
principio-da-separacao-de-poderes-3552> Publicado em 03 abr. 2017. Acesso em 10 set. 2019.
13
3 CONCLUSÃO
Este trabalho, que se iniciou como uma pesquisa bibliográfica e jurisprudencial sobre a
questão da criminalização da homofobia, pelo STF, sofreu alguns desdobramentos ao longo de
25
FREIRE, Lucas; CARDINALI, Daniel. O ódio atrás das grades: da construção social da discriminação por
orientação sexual à criminalização da homofobia. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-64872012000600003> Acesso em 10 set. 2019.
26
PLATINI, Michel. A criminalização da LGBTFobia pelo STF e os efeitos na vida prática da população LGBTI.
Congresso em Foco. Disponível em: <https://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunas/a-criminalizacao-da-
lgbtfobia-pelo-stf-e-os-efeitos-na-vida-pratica-da-populacao-lgbti/> Publicado em 17 jun. 2019. Acesso em 10 set.
2019.
27
FREIRE; CARDINALI, op. cit.
14
sua execução, já que, o questionamento inicial, que seria, se o STF é competente ou não para
tal ato, mostrou-se completamente solucionado, com os estudos e debates preliminares, com
alguns colegas e professores.
Nesse sentido, o entendimento da utilização da Teoria Concretista, pelo STF, como
recurso para criminalização da homofobia, acabou por redirecionar a pesquisa.
Assim, explicamos os dois remédios constitucionais que foram manejados perante o
Supremo Tribunal Federal para que a população brasileira LGBT pudesse ter seus direitos
constitucionais à cidadania e à segurança, garantidos pelo Estado brasileiro, ou seja, explicamos
a ação indireta de inconstitucionalidade (ADO), e o Mandado de Injunção (MI), conceituando-
os e justificando sua aplicação.
Falamos sobre a divisão dos poderes constituídos no Brasil, detalhando suas
atribuições, em nível federal, dando um enfoque maior ao Poder Judiciário, mais
especificamente ao STF, no tocante a questão do julgamento da ADO 26 e do MI 4733, alvos
de nossa análise nessa pesquisa
Mostramos que no direito penal brasileiro não se pode utilizar o instituto da analogia in
malam partem e que o Poder Judiciário não pode ultrapassar suas atribuíções e invadir a
competência do Poder Legislativo para criar leis, em regra geral, mas notamos que os três
poderes acabam, por vezes, tendo a necessidade de funcionarem de forma atípica a sua função
originária.
Ao falarmos sobre a teoria concretista utilizada pelo Supremo Tribunal Federal , diante
desse caso de extrema relevância para a sociedade brasileira, percebemos que o mesmo se viu
em uma situação com um grau elevado de pressão, pois qual fosse a decisão que tomasse, iria
desagradar boa parte da sociedade.
Consideramos de suma importância destacar que, a decretação do ADO 26 e do MI
4733, acarretou alguns reflexos na sociedade brasileira com repercusões na maneira de tratar e
na maneira de enxergar a população LGBTQI+, de forma que deva ser dever de todos o respeito
à diversidade, criando punição para aquele da sociedade que ainda insistir em desrespeitar esta
parcela da população.
Por acreditar que este tema tem uma grande relevância no meio acadêmico, seja pela
discussão se o Supremo Tribunal Federal estaria extrapolando suas atribuições e estaria
invadindo as atribuições do Congresso Nacional, com isso acabando com a isonomia entre os
poderes constituidos, seja pela análise dos instrumentos utilizados para concretização de suas
ações ou seja pelo aprofundamento dos estudos sobre a teoria concretista, acreditamos ser esse
trabalho de suma importância.
15
4 REFERÊNCIAS
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Estrutura e Atribuições. STF. Disponível em: <
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/sobreStfCooperacaoInternacional/anexo/STF__Brasil__Estr
utura_e_Atribuicoes.pdf> Publicado em 2010. Acesso em 10 set. 2019.
______. PPS pede declaração de omissão do Congresso por não votar projeto sobre homofobia.
Notícias STF. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=256721> Publicado em
23 dez. 2013. Acesso em 10 set. 2019.
DINIZ, Scoty. A atual interpretação do Supremo Tribunal Federal sobre o efeitos do Mandado
de Injunção e o Princípio da Separação de Poderes. Jurídico Certo. Disponível em:
<https://juridicocerto.com/p/advocacia-diniz5/artigos/a-atual-interpretacao-do-supremo-
tribunal-federal-sobre-o-efeitos-do-mandado-de-injuncao-e-o-principio-da-separacao-de-
poderes-3552> Publicado em 03 abr. 2017. Acesso em 10 set. 2019.
FREIRE, Lucas; CARDINALI, Daniel. O ódio atrás das grades: da construção social da
discriminação por orientação sexual à criminalização da homofobia. Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-64872012000600003>
Acesso em 10 set. 2019.
GGB. Grupo Gay da Bahia. Assassinatos de LGBT no Brasil. Relatório anual do GGB indica
266 homicídios em 2011. GGB. Disponível em:
<https://grupogaydabahia.com.br/assassinatos/relatorios/relatorio-2011/> Publicado em 02 abr.
2012. Acesso em 10 set. 2019.
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Bahia: Jus Podivm, 2016. p. 601.
MONTESQUIEU, Charles Louis de Secondat Baron de la. Do espírito das leis. São Paulo:
Martins Fontes, 2000. p. 32.
NL. Normas Legais. Ação Direta De Inconstitucionalidade Por Omissão – ADO. Normas
Legais. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/acao-direta-de-
inconstitucionalidade-por-omissao.htm> Acesso em 10 set. 2019.
OLIVEIRA, João Daniel Correia. O princípio da separação dos poderes e o controle judicial do
motivo do ato administrativo. Jusbrasil. Disponível em:
<https://joaodanielcorreia.jusbrasil.com.br/artigos/501938605/o-principio-da-separacao-dos-
poderes-e-o-controle-judicial-do-motivo-do-ato-administrativo> Publicado em 27 fev. 2018.
Acesso em 10 set. 2019.