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RECIFE
2014
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Recife
2014
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Catalogação na fonte
Elaine Barroso
CRB 1728
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, em primeiro lugar, pela força e coragem durante toda esta longa
caminhada.
Dedico esta, bem como todas as minhas demais conquistas, aos meus amados pais
(Ilma e Clodoaldo) que nunca mediram esforços para me apoiar nesta jornada, por sempre
terem confiado em mim, nas minhas escolhas. Amo vocês!
Aos meus familiares e amigos que sempre estiveram torcendo e vibrando a cada
vitória conquistada.
Aos meus queridos amigos de turma que sempre quando puderam me ajudaram, me
apoiaram, me deram forças: Natache, Natália, Isis, Cícero, Greicilene, Talita, Rafaela e
Amanda. Foi maravilhoso cada sonho, cada desafio enfrentado e cada conquista que passei ao
lado de vocês. Que a gente não se largue por muito tempo!
Muito Obrigado!
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RESUMO
ABSTRACT
The surface temperature is parameter studied by remote sensing and is important to the
understanding the interaction between the surface and atmosphere, especially for being
influenced by variations in climate. The surface temperature has important role in the
hydrological cycle, since some pro processes of the cycle suffer temperature influences. Thus,
becomes a good parameter to the study of the environmental services hydroclimatic character
of great importance for semiarid areas. In this work it was determined the surface temperature
based on satellite images and was estimated vegetation indexes to analyze the influence of the
surface temperature in the provision of hydroclimatic environmental services in the center-
south region of backcountry of Pernambuco. From Landsat 5 TM satellite images were
performed digital modeling procedures were carried out using the Model Maker tool of
ERDAS IMAGINE 9.1 program, and, subsequently, it was estimated vegetation indexes
(NDVI, SAVI, IAF), surface albedo and surface temperature. A comparison was made
between NDVI and surface temperature to analyze how these parameters influence the
provision of hydroclimatic environmental services. The NDVI showed average 0,38 value
with standard deviation of 0,12; the SAVI presented average value of 0,22 with standard
deviation of 0,07 and the IAF presented average value of 0,27 with standard deviation of 0,20.
The surface albedo reached minimum, average and maximum values of 0,008, 0, 140 and
0,717, respectively. The minimum value of the surface temperature was 19,6°C; maximum of
45,3°C and average value of 35,8°C. The surface temperature values reached and NDVI for
the study area demonstrate that the ability to provide hydroclimatic services is reduced,
because the high temperatures cause water loss by vegetation and water courses of the basin,
increase directly and indirectly affecting the local hydrological cycle and not providing a
thermal stability for the region, accelerating the desertification process in the area. The
results show that the vegetation is essential to the maintenance of the hydroclimatic watershed
environmental services, especially in arid and semiarid areas.
Lista de Ilustrações
Lista de Tabelas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 14
2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................... 14
2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 14
3 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 15
3.1 Temperatura de Superfície ................................................................................................ 15
3.2 Sensoriamento Remoto Termal .................................................................................. .......16
3.3 Serviços Ambientais ......................................................................................................... 17
3.4 Pagamento por Serviços Ambientais como Incentivo à Conservação .............................. 20
3.5 Índices de Vegetação e a Influência da Cobertura Vegetal ............................................... 21
3.6 Albedo da Superfície ......................................................................................................... 23
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 24
4.1 Descrição da Área de Estudo ................................................................................ ............24
4.2 Processamento Digital ....................................................................................................... 25
4.3 Obtenção da Temperatura de Superfície ........................................................................... 26
4.4 Análise de Índices de Vegetação, Albedo de Superfície, Temperatura de Superfície e
Serviços Ambientais Hidroclimáticos .................................................................................... 30
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 31
5.1 Índices de Vegetação ........................................................................................................ 31
5.2 Albedo de Superfície ........................................................................................................ 34
5.3 Temperatura de Superfície ................................................................................................ 35
5.4 NDVI x Temperatura e os Serviços Ambientais Hidroclimáticos .................................... 37
6 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 39
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 40
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1 INTRODUÇÃO
A bacia hidrográfica do Rio Pajeú está inserida em uma região de semiárido (ou
domínio Caatinga), com grande importância para a biodiversidade e ao seu imenso potencial
para a conservação dos serviços ambientais (Ministério do Meio Ambiente - MMA, 2010),
com regime intermitente e grande irregularidade pluviométrica. Esta bacia hidrográfica é a
maior bacia do estado de Pernambuco com uma área total de 16.8886,22 km2, onde o
território rural do Sertão do Pajeú compreende uma área de 13.350,30 km2.
O objetivo do presente estudo é determinar a temperatura de superfície com base em
imagens de satélite e estimar índices de vegetação para analisar a influência da temperatura de
superfície na geração de serviços ambientais hidroclimáticos na região centro-sul do sertão
pernambucano.
A proposta aqui apresentada está vinculada ao subprojeto (SP-4) “Biodiversidade e
Serviços Ecossistêmicos” do projeto INNOVATE (Interplay between the multiple use of
water reservoirs via innovative coupling of substance cycles in aquatic and terrestrial
ecosystems) envolvendo instituições brasileiras e alemães de ensino e pesquisa com o
objetivo de estudar e propor estratégias para otimização dos múltiplos usos dos reservatórios
construídos pela intervenção humana através do aumento paralelo da produtividade, redução
da emissão de gases de efeito estufa (GEE) e manutenção da biodiversidade. O projeto é
subsidiado pelo MCT, CNPq e Bundesministeriur fur Bildung und Forschung (Alemanha).
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2 OBJETIVOS
3 REVISÃO DA LITERATURA
O Sensoriamento remoto é o termo usado para definir a tecnologia que permite obter
imagens e outros tipos de dados, da superfície terrestre, através da captação e/ou do registro
da energia refletida ou emitida pelos alvos terrestres sem que haja um contato físico de
qualquer espécie entre o sensor e o objeto. A tecnologia usada nos satélites é um exemplo do
sensoriamento remoto (FLORENZANO, 2002; MENDONÇA, 2007; MENESES e
ALMEIDA, 2012).
A transmissão dos dados do objeto terrestre, como a água, a vegetação e o solo, para o
sensor é realizada pela radiação eletromagnética (REM). Novo (2008) aponta que a REM
pode ser definida como uma forma dinâmica de energia que se manifesta a partir de sua
interação com a matéria. Segundo Meneses e Almeida (2012), as imagens de sensoriamento
remoto dependem da qualidade e intensidade irradiante das fontes de REM. O Sol é a fonte de
REM mais potente devido a sua alta temperatura.
O sensoriamento remoto pode ser utilizado para os serviços ambientais sendo possível
realizar a avaliação da temperatura superficial terrestre (corpos d’água, áreas vegetadas, áreas
urbanas, solos expostos, etc.), o levantamento batimétrico e o monitoramento de clorofila e
emissão de metano por corpos d’água (CTA – SERVIÇOS EM MEIO AMBIENTE, 2011).
Os dados de sensoriamento remoto obtidos no infravermelho termal não diferem dos
demais dados obtidos pelos demais sensores orbitais: a energia eletromagnética que emana de
um objeto ou área geográfica à distância é captada e, posteriormente, através de algoritmos
matemáticos e estatísticos, são extraídas feições e informações de interesse (SANTOS, 2010).
Porém, o sensoriamento remoto termal tem a vantagem de proporcionar em tempo
sincronizado uma densa rede de dados de temperatura para toda uma cidade e ou para uma
área distinta da mesma (NICHOL, 1996).
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Ciclagem de Nutrientes
Formação de solo
Suporte Produção primária
Regulação climática
Processos ecológicos
Alimentos
Água
Provisão Madeira e Fibra
Combustível
Recursos genéticos
Regulação do clima
Controle de erosão
Controle de inundações
e desastres naturais
Purificação da água
Regulação Purificação do ar
Controle de doença
Estética
Espiritual
Culturais Educacional
Inspiração
Lazer
Fonte: Millennium Ecosystem Assessment
Os serviços ambientais são prestados de maneira difusa tendo o seu valor ignorado ou
subestimado, e não sendo internalizados na economia nacional. A valoração desses serviços
ambientais pode se tornar um meio eficiente para a preservação destes, pois pode causar
sensibilidade para estas e outras questões ambientais. Neste cenário, o Pagamento por
Serviços Ambientais (PSA) surge como um instrumento que fornece incentivo e
financiamento para a conservação dos ecossistemas que geram esses valiosos serviços.
Wunder (2005) define PSA como uma transação voluntária, na qual um serviço
ambiental bem definido, ou um uso da terra que possa assegurar este serviço, é adquirido por,
pelo menos um comprador de no mínimo, um provedor, sob a condição de que ele garanta a
provisão do serviço. Segundo Estrada e Quitero (2003), o PSA é um dos mecanismos mais
inovadores para gerar benefícios sociais e ambientais por ter um impacto sobre o uso da terra
e no bem-estar dos produtores mais pobres, e os serviços ambientais hidrológicos são um dos
mais importantes devido ao seu impacto direto no bem-estar da sociedade, na produção
agrícola e elétrica, e sua inter-relação com outros serviços como a conservação do solo e
cobertura florestal.
O PSA conforma-se como um mecanismo de compensação flexível, direto e
promissor, onde os provedores dos serviços são reconhecidos economicamente pelos
beneficiários dos mesmos (TOGNETTI et al., 2003).
Como os serviços ambientais são prestados em áreas habitadas por populações
tradicionais, povos indígenas ou com alta biodiversidade, é recomendável adotar salvaguardas
para guiar essas iniciativas e evitar efeitos negativos, como expulsão de populações
tradicionais e indígenas de suas terras, perda de biodiversidade e desvio de recursos
(SANTOS et al., 2012).
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Um dos parâmetros que podem ser estudados pelo sensoriamento remoto é o albedo da
superfície, e de acordo com Lopes e Valeriano (2007), o albedo da superfície consiste na
reflectância integrada por todo o espectro eletromagnético e em todas as direções.
Ainda, conforme o mesmo autor, o albedo varia em devido ao comprimento de onda
conforme a reflectância do local e é também dependente das condições de iluminação.
Segundo Robinove et al. (1981) imagens de albedo pode ser usada para mostrar
mudanças na superfície, onde em áreas de solo exposto o albedo é maior do que em áreas com
densidade de vegetação devido ao aumento da umidade do solo.
A determinação do albedo é um parâmetro importante no estudo de mudanças
climáticas e impactos ambientais, por controlar as condições microclimáticas das culturas e a
absorção de radiação, afetando aspectos físicos e fisiológicos, como o balanço de energia,
evapotranspiração e fotossíntese, podendo ser utilizado como indicador de desertificação
(BEZERRA et al., 2011; SILVA et. al., 2005; WANG et al., 2001).
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4 MATERIAL E MÉTODOS
O rio Pajeú nasce a uma altitude aproximada de 800 metros, na serra do Balanço
(Município de Brejinho), na divisa entre os estados de Pernambuco e Paraíba e deságua no
lago de Itaparica, após percorrer cerca de 353 km na direção geral nordeste-sudoeste.
A rede hidrográfica da bacia, incluindo-se o rio principal, apresenta um regime sazonal
intermitente, com a interrupção do curso no período de estiagem, característica acentuada dos
rios sertanejos. Geralmente, estes rios têm leitos largos e arenosos onde se formam lençóis de
água subterrânea utilizados pela população sob a forma de cacimbas (ANDRADE, 1999).
A área da bacia hidrográfica do Pajeú é caracterizada pela grande irregularidade das
precipitações pluviométricas, sendo por isso uma das áreas de menor índice pluviométrico do
estado de Pernambuco. As médias pluviométricas anuais oscilam entre 500 e 800 mm por ano
e o período chuvoso nesta área compreende os meses de fevereiro a maio (SUDENE, 1990;
IPA, 1994).
Elaborou-se um banco de dados a partir de imagens geradas pelo sensor TM, que se
encontra a bordo do satélite Landsat 5, adquiridas no banco de dados do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE). A imagem de satélite utilizada é de 20/11/2009 do Ponto 66 e
órbita 216.
Todo o processamento de modelagem digital da imagem de satélite para aplicação dos
índices escolhidos foi executado por meio dos softwares ERDAS Imagine 9.1 (para o recorte
espacial) e ArcGis 10.1 (para o modelo final dos layouts).
Tornam-se -se necessários as realizações de correções geométricas e recortes de áreas
de interesse. As correções geométricas removem os erros sistemáticos presentes nas imagens
orbitais possibilitando a comparação da imagem corrigida a uma base cartográfica
(DEBIASE, 2007). Para obter a temperatura da superfície terrestre através de imagens orbitais
da região termal, é necessário utilizar técnicas de correção dos efeitos atmosféricos sobre as
medidas de temperatura (TSUYUGUCHI, CUNHA e RUFINO, 2010).
Neste estudo foi realizado um procedimento de ortorretificação através do ERDAS
Imagine 9.1, que conforme Ideião (2009), a imagem ortorretificada é importante porque a
ortorreitificação melhora a qualidade das imagens para análise visual e processamento digital
das imagens, além de minimizar os efeitos de deslocamento unidimensional do relevo e de
distorção tangencial da escala.
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Depois da modelagem extraiu-se uma área específica de interesse dentro desta órbita,
que caracteriza a região Centro-Sul da bacia hidrográfica do Rio Pajeú. O recorte foi feito em
referencia ao banco de dados nacional da ANA.
Neste trabalho, foi utilizado algumas etapas do modelo desenvolvido por Bastiaanssen
(1995), o algoritmo SEBAL – Surface Energy Balance Algorithm for Land, que tem sido
vastamente utilizado em muitas partes do mundo e proporcionando resultados satisfatórios no
âmbito dos recursos naturais e gerenciamento dos recursos hídricos (BASTIAANSSEN et al.,
1998; ALLEN et al., 2001). O diagrama abaixo (Figura 2) mostra as etapas metodológicas
para a obtenção da temperatura de superfície.
Imagem de
Satélite Dados de Etapa 5
Entrada Índices de vegetação
(IVDN, IVAS, IAF)
Etapa 1
Radiância
espectral
Etapa 6
Emissividade da
superfície
Etapa 2
Reflectância
Etapa 7
Temperatura de
Etapas 3 e 4 superfície
Albedo
bi a i
Lλi a i ND (1)
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π . L λi
ρ λi (2)
k λi . cos Z . d r
Onde: Lλi é a radiância espectral de cada banda, Kλi é a irradiância solar espectral de cada
banda no topo da atmosfera (Wm 2 μm 1 , Tabela 3), Z é o ângulo zenital solar em que para
obtê-lo é necessário através do catálogo da imagem encontrar o ângulo de elevação do sol (E)
e, assim, calcular Z e d r é a razão entre a distância média Terra-Sol (ro) e a distância Terra-
Sol (r) em dado dia do ano (DSA) calculado segundo a equação de Duffie e Beckman (1980).
Z = (90° - E) (3)
Em que E é o ângulo de elevação do sol.
DDA 2 π
d r 1 0,033 (4)
365 r
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Na terceira etapa é calculado o albedo planetário (α toa ) , isto é, o albedo não ajustado
a transmissividade atmosférica, que é obtida pela combinação linear das reflectâncias
monocromáticas:
α toa 0,293 ρ1 0,274 ρ 2 0,233 ρ3 0,157 ρ 4 0,033 ρ5 0,011ρ 7 (5)
Onde: ρ 1, ρ 2, ρ 3, ρ 4, ρ 5 e ρ 7, são os albedos planetários das bandas 1, 2, 3, 4, 5 e 7,
respectivamente.
Depois de calculado o albedo planetário é calculado o albedo da superfície, que é o
albedo corrigido para os efeitos atmosféricos α , pela equação (BASTIAANSSEN, 1995):
α toa α p
α 2 (4)
τ sw
Sendo que α toa é o albedo planetário, α p é a da radiação solar refletida pela
atmosfera e τ sw é a transmissividade atmosférica que para condições de céu claro, pode ser
obtida a partir da seguinte equação (ALLEN et al., 2002):
τsw 0,75 2.105 z (5)
do vermelho ( ρ V ) pela soma das mesmas (ALLEN et al., 2002), calculou-se o Índice de
Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI), que é um indicador sensível da quantidade e
da condição da vegetação verde:
ρ IV ρ V
NDVI (6)
ρ IV ρ V
O NDVI é usado para identificar a presença de vegetação verde na superfície, o que
permite caracterizar sua distribuição espacial, bem como a evolução do seu estado ao longo
do tempo, a qual é determinada pelas variações das condições climáticas dominantes, bem
como pelos ciclos fenológicos anuais (FOLHES, 2007). Os valores variam de –1 a +1 e para
superfícies com alguma vegetação o NDVI varia de 0 e 1, já para a água e nuvens o NDVI
geralmente é menor que zero.
O Índice de Vegetação Ajustado para os Efeitos do Solo (SAVI) proposto por Huete
(1988) é um índice que busca amenizar os efeitos do “background” do solo e é utilizada a
expressão:
(1 L)(ρIV ρV )
SAVI (7)
(L ρIV ρV )
Onde: o fator L é uma função do tipo de solo, e segundo Huete (1988), o valor do fator
L escolhido deve ser menor quanto mais densa for à vegetação. Neste estudo foi adotado L =
0,5, que é o valor mais frequente na literatura (HUETE e WARRICK, 1990; ACCIOLY et al.,
2002; BOEGH et al., 2002).
Para o cálculo o Índice de Área Foliar (IAF), utilizou-se a equação proposta por Allen
et al. (2002) , que é definido pela razão entre a área foliar de toda a vegetação por unidade de
área utilizada por essa vegetação:
0,69 SAVI
ln
IAF (8)
0,59
0,91
Quando o IAF foi ≥ 3, a ε 0 foi 0,98 e a ε NB foi 0,98, e para corpos de água (NDVI <
K2
Ts (11)
ε K
ln NB 1 1
L λ,6
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Novas et. al. (2008), em um estudo realizado na bacia do Rio Traipu em Alagoas,
obteve para o NDVI um intervalo de [-0,69 a 0,81] com valores de médias de 0,40,
observando-se que a área estudada apresentou consideravelmente regiões de solo exposto ou
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pouca vegetação. Shilpakar (2003), em pesquisa realizada na bacia do Rio Rapti, no Nepal,
encontrou valores de NDVI entre 0,55 e 0,70 em áreas de floresta e de 0,17 em áreas de solos
expostos. Foram encontrados em áreas irrigadas de cana-de-açúcar, no sub-médio São
Francisco em Juazeiro na Bahia, valores negativos de NDVI próximos a -0,98 e valores
positivos próximos a 0,82, onde os valores de NDVI negativos correspondem aos corpos
d’água (LIRA et al., 2009).
Na região de estudo o SAVI apresentou um intervalo de [-0,41 a 0,73] com média de
0,22 com desvio padrão de 0,07. Neste intervalo de valores de SAVI obtidos fica evidente a
existência de solos expostos correspondendo aos valores negativos, onde estes também
compreendem os corpos de água, a pastagem e superfícies com pouca vegetação. Observa-se
pelo histograma (Figura 3B) que os valores de SAVI não excederam 0,25 o que de acordo
com Ideião (2009) é considerado um valor muito baixo e um indicador de uma menor
densidade de cobertura vegetal, e assim o solo dessa região pode ter contribuído na resposta
do NDVI.
Giongo et al. (2007), em estudo realizado em regiões de Pernambuco obteve para o
SAVI valores de -0,214, 0,121 e 0,521, como mínimo, médio e máximo, respectivamente. Os
baixos valores encontrados refletem uma menor densidade de cobertura vegetal da área
estudada. Em um estudo realizado na bacia do Rio Traipu em Alagoas, foi encontrado um
intervalo de [0 a 0,47] e valores médios de 0,21 (NOVAS et al., 2008).
O IAF para a região Centro-Sul da bacia do Rio Pajeú apresentou um intervalo de [0 a
6] com valores médios de 0,27 com desvio padrão de 0,20 (Figura 3 C). Tais resultados para o
IAF demonstram que a vegetação na região estudada é típica de semiárido com poucas folhas,
pequena dimensão e quedas das folhas na época seca.
Novas et. al. (2008) para um estudo na bacia do Rio Traipu em Alagoas, encontrou
para o IAF um intervalo [0 a 1,09] e valores médios de 0,24, evidenciando consideráveis
regiões IAF baixos. A bacia hidrográfica do Rio Moxotó em Pernambuco por apresentarem
uma maior biomassa às áreas com vegetação de porte Arbustiva Fechada, Arbórea Fechada e
Mata Ciliar e conseguirem manter as suas folhas no ano de 1993 considerado extremamente
seco, com índices variando, entre 0 e 3,560 (OLIVEIRA et. al. 2009).
Os pixels com valores mais positivos estão representados em tons esverdeados
correspondendo às áreas com maiores índices de vegetação, enquanto que o decréscimo dos
valores de pixels representa a redução da vegetação, onde de tons amarelados até
avermelhados se encontram os valores intermediários correspondendo ao solo mais
descoberto até aos valores mais negativos que correspondem aos corpos d’água da bacia
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(Figura 4). Esses valores caracterizam diferenças da cobertura vegetal, que está caracterizado
por presença e disponibilidade de recursos naturais distintos. Como, por exemplo, corpos
d’água e manchas de solos e afloramentos rochosos (RAMOS et al., 2010).
Figura 4: Índices de vegetação para a região Centro-Sul da bacia hidrográfica do Rio Pajeú, PE:
SAVI, NDVI e IAF.
Para regiões onde os valores do NDVI e SAVI são baixos, apresentam também,
valores muito baixos do IAF (IDEIÃO, 2009). Os melhores índices de vegetação foram
obtidos nas áreas que possuem cobertura vegetal predominante de Caatinga arbórea fechada,
seguido pela área de pastagem e cultivo irrigado. As áreas de solo exposto ou com pouca
vegetação e áreas urbanas obtiveram os menores índices de vegetação.
Os melhores índices de vegetação foram obtidos nas áreas que possuem cobertura
vegetal predominante de Caatinga arbórea fechada, seguido pela área de pastagem e cultivo
irrigado. As áreas de solo exposto ou com pouca vegetação e áreas com atividades antrópicas
obtiveram os menores índices de vegetação.
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Áreas analisadas por Robinove et al. (1981) apontaram que o aumento do albedo
acontece principalmente devido ao solo exposto e que a sua diminuição ocorre primeiramente
devido ao aumento da umidade do solo e ao aumento na densidade da vegetação. Esta
afirmativa corrobora a observação feita neste estudo na região centro-sul da bacia do Rio
Pajeú. No mapa de albedo do presente estudo (Figura 5) pode-se verificar que as áreas com
cobertura vegetal, áreas irrigadas e presença de reservatórios de água alcançaram valor
mínimo de 0,008. As áreas de solo exposto, que podem ter sido áreas com corpos hídricos em
sua superfície antes do período seco, ou as áreas com solos sem cobertura vegetal e áreas
urbanas, alcançaram valor máximo de 0,717. O valor médio de albedo obtido foi de 0,140.
Em um estudo realizado na bacia hidrográfica do Rio Moxotó em Pernambuco,
verificou-se que as áreas com uma maior presença de vegetação apresentaram valores de
albedo da superfície variando entre 0,10 e 0,20 e as áreas que apresentaram solo exposto
variaram de 0,30 a 0,45 (OLIVEIRA et al. 2009). Comparando tal resultado com o do estudo
presente, nota-se que a diferença entre os valores mínimos e máximos de albedo para a bacia
do Rio Moxotó foi inferior à diferença obtida para a região centro-sul da bacia do Rio Pajeú.
Isto se explica pelo fato da bacia e Moxotó possuir uma vegetação de Caatinga de porte
arbustiva fechada, arbórea fechada e mata ciliar nas margens da bacia, enquanto que a região
da bacia do Pajeú possui uma Caatinga arbórea fechada e ausência de matas ciliares.
A partir de tais resultados temos que a TS na área de estudo foi maior em superfícies
de solo exposto, algumas até com afloramento rochoso e sobre influência antrópica e menor
em áreas de cobertura vegetal mais densa, devido à concentração de umidade na vegetação e
em reservatórios hídricos. As diferenças de TS é função das propriedades físico-químicas dos
corpos, atribuindo-lhes comportamento térmico diferenciado (TSUYUGUCHI, CUNHA E
RUFINO, 2010). Segundo Alves et al. (2009), na Caatinga os afloramentos rochosos ficam
expostos, sujeitos à ação do vento e de outros fatores, que podem experimentar temperaturas
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muito baixas durante as noites mais frias do ano, enquanto que a temperatura pode ser
bastante elevada durante os dias quentes e ensolarados do verão.
Folhes (2005) em um estudo realizado bacia hidrográfica do rio Jaguaribe no Ceará,
verificou que as áreas mais frias identificadas na imagem coincidem com as áreas cobertas
com vegetação verde e com os espelhos d’água apresentando um valor de TS de 19°C, e as
mais quentes estão associadas às regiões sujeitas ao estresse hídrico como as áreas
desprovidas de cobertura vegetal apresentando valores de TS podendo ultrapassar os 49°C.
Para a bacia hidrográfica do Córrego Beija Flor obteve-se temperatura média de 22,9°C, onde
as áreas que registraram menor temperatura foram as de reflorestamento seguidas da área
irrigada e as áreas de mata ciliar tendo as menores TS de 15°C a 17°C e as áreas de solo
exposto foram as áreas com maior temperatura entre 31,4°C (OLIVEIRA e ROSA, 2013).
longos períodos secos (PRADO, 2003). A partir destas características juntamente com os
valores de TS encontrados e de NDVI para a área de estudo, tem-se que a capacidade de
prestação de serviços hidroclimáticos é reduzida, pois as altas temperaturas fazem com que a
perda d’água pela vegetação e pelos cursos d’agua da bacia, aumente direta e indiretamente,
afetando o ciclo hidrológico local e não proporcionando uma estabilidade térmica para a
região. Assim, o processo de desertificação é acelerado, devido a estes extremos climáticos
intensos associados à degradação do solo.
locais somadas com o aumento de temperatura do planeta faz com que o déficit hídrico, que já
é grande, cresça mais.
Assim, fica evidente que se faz necessário a existência de vegetação ao entorno da
bacia do Pajeú, principalmente por esta ter um regime intermitente. A complexidade da
dinâmica das matas ripárias envolve um conjunto de interações ecológicas de extrema
importância à manutenção dos recursos hídricos em termos de vazão e à proteção dos
mananciais contra a erosão e o assoreamento do solo garantindo a qualidade da água (LIMA,
1989; MARIANO et. al., 2009). Na Caatinga, a mata ciliar comporta toda faixa de vegetação
localizada nas margens de cursos d'águas, sejam eles intermitentes ou temporários (SOUTO,
2012).
Segundo Valcarcel (1998) os ecossistemas florestais desempenham a função de
administração hidrológica da água precipitada, isto é, captando, armazenando e
disponibilizando-a lenta e gradualmente, em quantidade e qualidade, ainda que no período de
estiagem. Todavia, como a região centro-sul da bacia do Rio Pajeú apresenta área degradada,
possuindo alguns núcleos de desertificação, se ocorrer uma chuva intensa, a geração de
serviços ambientais através dessa precipitação será comprometida, uma vez que este ambiente
se encontra desajustado. Este fato só justifica que a vegetação é fundamental na manutenção
dos serviços ambientais hidroclimáticos.
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39
2
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALLEN, R.; BASTIAANSSEN, W.; WATERS, R.; TASUMI, M.; TREZZA, R. Surface
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users manual, v.01, p. 97, 2002.
ANDRADE, T. L. C.. Hidrografia. In: Atlas Escolar de Pernambuco. Org. por ANDRADE,
M. C. O. Editora Grafset, João Pessoa, Paraíba, p. 40-42. 1999.
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