Sunteți pe pagina 1din 26

***

**

NOVENA DE NATAL
Santo Afonso Maria de Ligório

1ª Edição
APRESENTAÇÃO

É tradição católica que, no tempo do Santo Natal, realize-se novenas, para honrar o Salvador que vai
chegar e preparar os corações para O receber dignamente.
Em meio a tantos opúsculos e livretos que propõe variadas formas de realizá-la, a Editora Morus oferece
ao público, a Novena de Natal composta por Santo Afonso Maria de Ligório!
Nela, o leitor encontrará uma série de meditações que o convidarão a comprometer sua vida, mais
fortemente, com o divino mistério da Encarnação do Verbo de Deus! Aproveitando o tempo santo e as
graças especiais que o Divino Redentor derrama sobre os homens neste período, a alma e a mente são
convidadas a fazer penitência, arrepender-se de seus erros e agradecer, de todo o coração, por tão grande
amor!
Além da novena, o livrinho traz algumas meditações de Santo Afonso, retiradas do mesmo livro para o
período natalino, bem como alguns cânticos tradicionais para acompanhar a oração!

Desejamos a todos, as bênçãos do nascimento de Jesus Cristo, nosso Deus e Salvador!

Um feliz e santo Natal!


QUEM FOI SANTO AFONSO

Afonso Maria de Ligório nasceu de pais nobres, em Nápoles, a 27 de setembro de 1696. Sua juventude foi
piedosa, estudiosa e caritativa. Aos 17 anos ele era doutor em direito civil e canônico e começava, pouco
depois, uma brilhante carreira de advogado. Mas nem seu sucesso, nem as instâncias de seu pai, que o
queria casado, o impediram de deixar o mundo. Diante do altar de Nossa Senhora, fez o voto de se tornar
sacerdote. Ordenado padre em 1726, consagrou-se à pregação. Em 1729, uma epidemia permitiu-lhe que
se dedicasse aos doentes em Nápoles. Pouco depois retirou-se, com alguns companheiros, a Santa Maria
dos Montes, e com eles se preparou para a evangelização dos campos.
Em 1732, estabeleceu a Congregação do Santíssimo Redentor, que lhe deveria acarretar numerosas
dificuldades e perseguições. Entretanto muitos postulantes afluíram e o instituto se expandiu
rapidamente. Em 1762 foi nomeado Bispo de Santa Ágata dos Godos, perto de Nápoles. Empreendeu ato
contínuo de visitas à sua diocese, pregando em todas as paróquias e reformando o clero.
Santo Afonso dirigia seu Instituto e o das religiosas, que tinha fundado para servir de apoio, por sua oração
contemplativa, a seus filhos missionários.
Em 1765, demitiu-se do ministério episcopal e voltou a viver entre seus filhos. Por esta época, uma cisão se
produziu no Instituto dos Redentoristas, e Santo Afonso se viu expulso de sua própria família religiosa. A
provação foi muito grande, mas ele não perdeu a coragem e predisse mesmo que a unidade se
restabeleceria depois de sua morte. Às suas doenças, se acrescentaram sofrimentos morais que lhe
causaram longas crises de escrúpulos e diversas tentações. Porém, seu amor a Deus não fez senão crescer.
Enfim, no dia 1º de agosto de 1787, entregou sua alma ao Senhor, na hora em que os sinos tocavam o
Ângelus. Afonso foi canonizado em 1839 pelo papa Gregório XVI. Em 1871, Pio IX proclamou-o Doutor da
Igreja (Doctor Zelantissimus). Um dos autores católicos mais lidos, é também o santo padroeiro dos
confessores.
A NOVENA

A Novena de Natal escrita por Santo Afonso Maria de Ligório, é parte de sua famosa Opere Ascetiche
(Ópera Ascética), que, no Brasil, foi editada como Meditações para Todos os Dias e Festas do Ano Tiradas
das Obras Ascéticas de Santo Afonso Maria de Ligório, pelo redentorista, Padre João de Jong, CSsR, em
1921.
Trata-se uma verdadeira joia da espiritualidade cristã. Um convite à meditação e à penitência, que leva a
alma a refletir sobre o imenso amor que nosso Divino Redentor nos dedicou e dedica, nos mistérios da
Salvação.
Santo Afonso dialoga com a alma do fiel, a fim de demonstrar os sofrimentos e penas que Nosso Senhor
Jesus Cristo padeceu por nós, desde o ventre de Sua Santíssima Mãe, Maria, sabedor que era de tudo pelo
que haveria de passar para satisfazer a Justiça Divina!
Após refletir sobre as agonias enfrentadas pelo Verbo Divino Encarnado e pela Sagrada Família de Nazaré,
Santo Afonso, dirige-se, então, a Deus, pedindo perdão, pelas faltas, que levaram Jesus a tão terríveis
penas, e faz firmes e concretos propósitos, a fim de corresponder ao amor oferecido por tão doce e santo
Coração!
Naturalmente, ao final, cada oração e propósito é oferecido a Deus pelas mãos puríssimas de Maria!
Mãe, te ti esperamos tudo!

Como estamos respondendo a este amor perfeitíssimo? Santo Afonso nos convida a fazê-lo, a partir deste
acontecimento sublime: Jesus nasceu! Nosso Deus, Divino Redentor, está conosco! Glória a Deus nas
alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade!

Um detalhe especial: Quem reza esta novena, recebe 300 dias de indulgência a cada dia rezado. No Dia de
Natal, ou num dia da Oitava, Indulgência Plenária, para os que a fizerem toda e cumprirem as obras
prescritas, da Confissão e Comunhão!
CONSELHOS PARA FAZER BEM A NOVENA

Bom seria se a novena fosse rezada diante do presépio. Na falta do mesmo, pode-se preparar uma imagem
da Sagrada Família, ou de Nossa Senhora!
Acenda-se velas, para, simbolicamente, iluminar nosso caminho até a Gruta de Belém!

Pequeno Roteiro

I. Sinal da Cruz

II. Pode-se fazer uma pequena introdução (curta)

III. Canto

IV. Reza da coroinha

IV. Leitura das Meditações (3 leitores para cada dia: um para introdução, um para a meditação, um para os
afetos e súplicas)

V. Ao terminar, recomenda-se rezar o santo Terço e a Ladainha de Nossa Senhora

VI. Canto
CAPÍTULO 1
Novena de Natal
Composta por Santo Afonso Maria Ligório

COROINHA PARA SER RECITADA ANTES DE CADA MEDITAÇÃO

I. Meu doce Jesus, que nasceste em uma caverna e, depois foste colocado em uma manjedoura com
palhas, tende piedade de nós!

R. Tende misericórdia, Senhor! Tende piedade de nós!

Pai nosso, Ave Maria, Glória

II. Meu doce Jesus que foste apresentado e oferecido por Maria no templo para ser um dia sacrificado por
nós na cruz, tende piedade de nós! – R. Tende misericórdia, Senhor...

III. Meu doce Jesus, que foste perseguido por Herodes e forçado a fugir para o Egito, tende piedade de nós!
– R. Tende misericórdia, Senhor...

IV. Meu doce Jesus, que moraste no Egito por sete anos, pobre, desconhecido e desprezado pelo povo,
tende piedade de nós! – R. Tende misericórdia, Senhor...

V. Meu doce Jesus, que um dia retornaste à Tua casa para um dia estar, em pleno meio dia, em uma cruz
entre dois ladrões, tende piedade de nós! – R. Tende misericórdia, Senhor...

VI. Meu doce Jesus, Vós que foste aquele menino de doze anos que permaneceu no templo discutindo com os
doutores da lei, e que após três dias foste encontrado por Vossa Santa Mãe, Maria Santíssima, tende piedade de
nós! – R . Tende misericórdia, Senhor...

VII. Meu doce Jesus, que viveste escondido por tantos anos na oficina de Nazaré, servindo a Maria e a José, tende
piedade de nós! – R. Tende misericórdia, Senhor...

VIII. Meu doce Jesus, que três anos antes de Tua Paixão, saíste a ensinar e a pregar o caminho da Salvação, tende
piedade de nós! – R. Tende misericórdia, Senhor...

IX. Meu doce Jesus, que, finalmente, por amor, terminaste Tua vida morrendo na cruz, tende piedade de
nós! – R. Tende misericórdia, Senhor...
PRIMEIRO DIA – 16 DE DEZEMBRO
Jesus Menino consente em ser nosso Redentor

“Eu te estabeleci para luz das gentes, a fim de levares a minha salvação até a última extremidade da Terra” (Is 49,6)

Introdução: Muitos cristãos costumam, neste tempo, armar um presépio como representação do
Nascimento de Jesus Cristo; mas bem poucos se lembram de preparar, com atos de amor, o seu coração, a
fim de que o Divino Menino nele possa repousar. Nós queremos fazer parte do número destes últimos. Por
isso, a fim de excitar-nos, desde o primeiro dia da Novena, a pagar com nosso amor o amor de Jesus Cristo,
consideremos o amor que nos mostrou, incumbindo-se, desde o primeiro instante da Sua concepção, de
satisfazer por nós, a Divina Justiça.

I. Considera como o Pai Eterno disse a Jesus Menino, no instante da Sua Encarnação, estas palavras:

“Dedi te in lucem gentium, ut sis, salus mea1 – Eu te estabeleci para luz das gentes, a fim de salvá-las”. Meu
Filho, Eu te dei ao mundo para luz e vida das nações, a fim de que lhes alcances a salvação, que Eu estimo
tanto como se fosse a minha própria. É, então, muito necessário e urgente que te consumas todo inteiro,
para o bem dos homens – “Totus illi datus, totus in suos usus impenderis2.” É muito necessário e urgente
que desde o nascer, sofras extrema pobreza, a fim de que o homem se faça rico. É necessário e urgente
que sejas vendido como um escravo, para impetrares ao homem a sua liberdade; que, como um escravo
seja açoitado e crucificado, a fim de pagares à minha justiça, o que homem a ela deve. É necessário e
urgente que dês o Teu Sangue e a tua vida, a fim de livrares o homem da morte eterna. Em uma palavra,
saiba que não Te pertences mais a Ti mesmo, senão aos homens. Assim, meu dileto Filho, o homem irá
render-se ao Meu amor; será todo Meu, vendo que Eu lhe dei o Meu Unigênito, sem reserva alguma, e que
nada mais Me resta para lhe dar!”
“Sic Deus dilexit mundum, ut Filium suum unigenitum daret3 – Tanto Deus amou o mundo, que lhe deu Seu
Unigênito!”. Ó, amor infinito, digno unicamente de um Deus infinito!
À semelhante proposta Jesus Menino não se entristece; ao invés disso, nela se compraz, aceita-a com amor
e exulta: “Exultavit ut gigas ad currendam viam4- Deu passos como gigante para correr o caminho.” Desde
o primeiro instante da Sua Encarnação, Jesus se dá todo ao homem e abraça com alegria todas as dores e
ignomínias que, na Terra teria que sofrer por amor dos homens.

Pondera aqui, que o Pai Celestial mandou Seu Filho para ser nosso Redentor e medianeiro entre Deus e os
homens, se obrigou, por assim dizer, a perdoar-nos e a amar-nos, visto que prometeu receber-nos em Sua
graça, contanto que o Filho satisfizesse por nós a justiça Divina. Por outro lado, o Verbo Divino, tendo
aceitado a incumbência do Pai, que no-lO deu, enviando-O para a nossa Redenção, obrigou-se também a
amar-nos, não em vista de nossos merecimentos, mas para obedecer à vontade misericordiosa do Pai.

Afetos e Súplicas

II. Meu amado Jesus, se é verdade, conforme reza a lei, que a doação faz adquirir o domínio, Vós Sois meu,
visto que Vosso Pai Vos deu à mim; por mim é que nascestes, a mim é que fostes dado. Posso dizer, pois,
com verdade: “Iesus meus et omnia – Meu Jesus e meu tudo!” Já que Vós sois meu, é meu também tudo
quanto é Vosso. Assim m’o garante o Vosso Apóstolo: “Quomodo non etiam cum illo omnia nobis donavit5?
– Como não nos deu também com Ele todas as coisas?” É meu o Vosso Sangue, são meus os Vossos
merecimentos, são minhas as Vossas graças, é meu o Vosso paraíso. Se Sois meu, quem jamais poderá
separar-me de Vós? Assim dizia, jubiloso, Santo Antão Abade. Assim também quero dizer para o futuro.

1
Is 49,6
2
S. Bernardo
3
Jo 3,16
4
Sl 18,6
5
Rom 8,32
Somente por culpa minha posso perder-Vos e separar-me de Vós. Mas, ó meu Jesus, se antigamente Vos
deixei e perdi, agora pesa-me, de toda a minha alma e estou resolvido a, antes perder a vida e tudo, do
que perder-Vos, ó Bem infinito e único Amor da minha alma.
Graças Vos dou, Pai Eterno, por me haverdes dado Vosso Filho; e por que m’O destes todo a mim, eu,
criatura miserável, me dou todo a Vós. Por amor desse mesmo Filho, aceitai-me e prendei-me com laços
de amor ao meu Redentor; mas prendei-me de tal maneira que também possa dizer: “Quis me separabit a
caritate Christi?6 Quem me separará do amor de Cristo?” Que bem terrestre será ainda capaz de separar-
me do meu Jesus? E Vós, meu Salvador, se Sois todo meu, sabei que eu também sou Vosso. Disponde de
mim, e de tudo o que é meu como quiserdes. Será possível que eu recuse alguma coisa a um Deus que não
me recusou Seu Sangue e Sua Vida? – Maria, minha Mãe, guardai-me debaixo da vossa proteção. Não
quero mais ser meu, quero ser todo do meu Senhor. Cuidai-me em fazer-me fiel; em vós confio!

SEGUNDO DIA – 17 DE DEZEMBRO


Tristeza do Coração de Jesus no seio da Virgem Maria

“Hostiam et oblationem noluisti, corpus autem aptasti mihi – Não quiseste hóstia nem oblação, porém, me
formaste um corpo” (Hb 10,5)

Introdução: Tudo quanto Jesus Cristo padeceu no correr de Sua vida, foi-Lhe posto diante dos olhos,
quando ainda se achava no seio de Sua Mãe; e Jesus aceitou tudo por nosso amor. Porém, naquela
aceitação e na repreensão da repugnância natural, ó Deus, que aflição devia experimentar o Seu Coração!
Se Jesus, embora inocente, desde o princípio da vida começou a sofrer por nós, não é justo que nós, que
somos pecadores, padeçamos por Seu amor e em desconto de nossos pecados?

I. Considera a grande amargura que o Coração de Jesus Menino devia sentir, atormentado e oprimido no
seio de Maria, quando, no primeiro instante da Encarnação, o Pai Eterno Lhe mostrou toda a sorte de
desprezos, de dores e de angústias que, no correr da Sua Vida, deveria sofrer, a fim de livrar os homens de
seu estado de miséria. – Eis o que Ele falou, pela boca do profeta Isaias:

“Mane erigit mihi aurem – Pela manhã (o Senhor) levanta-me o ouvido”. Isto é: no primeiro instante da
minha Encarnação, meu Pai me fez conhecer a Sua vontade: que Eu levasse uma vida de sofrimentos para
ser, finalmente, sacrificado na cruz. “Ego autem non contradico; corpus meum dedi percutientibus7 – Eu
não contradigo; entreguei o meu corpo aos que me feriam”. Ó almas, aceitei tudo pela vossa salvação e
desde então, entreguei o meu corpo para receber os açoites, os pregos e a morte!”

Pondera que tudo o que Jesus Cristo sofreu no correr de Sua vida e em Sua Paixão, foi-lhe posto diante dos
olhos, quando ainda se achava no seio de Sua Mãe. Jesus aceitou tudo com amor. Mas, naquela aceitação,
e na repressão de Sua repugnância natural, ó Deus, que angústias e que aflição não devia experimentar o
Coração inocente de Jesus! Desde então, compreendia bem o quanto teria de sofrer, primeiro nascendo
numa gruta fria, pousada de animais; em seguida, tendo de morar trinta anos, desconhecido, na loja de um
simples artesão. Já, então, viu que os homens deviam trata-lo como um ignorante, como um escravo,
como um sedutor, como um réu de morte, digno da mais infame e dolorosa morte, destinada aos piores
criminosos. Tudo isso, o nosso amante Redentor aceitou-o, cada instante; mas, cada vez que renovava a
aceitação, tornava a sofrer, juntas, todas as penas e humilhações que, depois, deveria sofrer até a morte. E
para que? Para salvar-nos da morte eterna, a nós, miseráveis pecadores.

Afetos e Súplicas

6
Rom 8,35
7
Isa 50, 4-6
II. Ó meu amado Redentor, quanto Vos custou, desde a Vossa primeira entrada neste mundo, tirar-me da
miséria que tinha atraído sobre mim por causa dos meus pecados! Para me livrardes da escravidão do
demônio, a quem, de livre vontade, me tinha vendido, Vos sujeitastes a ser tratado como o mais vil de
todos os escravos. E eu, sabedor disso, tive ânimo de amargurar, tantas vezes, o Vosso amabilíssimo
Coração, que tanto me amou! Mas, já que Vós, que Sois inocente e Sois o meu Deus, aceitastes por meu
amor uma vida e uma morte tão penosas, aceito por Vosso amor, ó Jesus meu, toda a pena que vier das
Vossas mãos! Aceito-a e abraço-a por vir daquelas mãos que um dia foram traspassadas, a fim de livrar-me
do inferno, tantas vezes merecido pelos meus pecados. Ó, meu Redentor, o amor que mostrastes em
oferecer-Vos para sofrer tanto por mim, constrange-me demais a aceitar, por Vosso amor, toda pena, todo
desprezo. Ó meu Senhor, pelos Vossos merecimentos, dai-me o Vosso Santo Amor; este tornar-me-á
suaves e amáveis todas as dores e todas as ignomínias. Amo-Vos sobre todas as coisas, amo-Vos de todo o
meu coração, amo-Vos mais que a mim mesmo.
Durante toda a Vossa vida, me tendes dado provas demasiadamente grandes do Vosso afeto para comigo.
Eu, ingrato, já tenho vivido tantos anos nesta terra e quais são as provas de amor que Vos mostrei? Fazei, ó
meu Deus, que, ao menos nos anos de vida que me restam, Vos dê alguma prova de meu amor. Não tenho
coragem de comparecer na Vossa presença, quando vierdes a julgar-me, tão pobre como agora me acho,
sem ter feito alguma coisa pelo Vosso amor. Mas, que posso fazer sem a Vossa graça? Nada, senão pedir-
Vos que me socorrais, e este mesmo pedido ainda é uma graça da Vossa parte. Jesus meu, socorrei-me
pelos merecimentos de Vossas penas e do Sangue que por mim derramastes. – Maria Santíssima,
recomendai-me a Vosso Filho, peço-te pelo amor que lhe tendes. Lembrai-vos que sou daquelas ovelhas
pelas quais Vosso Filho morreu.

TERCEIRO DIA – 18 DE DEZEMBRO


Expectação do Parto da Virgem Maria

“Exspectabimus eum et salvabit nos – Esperaremos por Ele, e Ele nos salvará” (Is 25,9)

Introdução: Foi tão grande o desejo de Maria de ver, em breve, nascido, seu Divino Filho, que, em
comparação com Ele, os suspiros mais ardentes dos Patriarcas e dos Profetas pareciam frios. Todavia, Jesus
não quis antecipar o Seu nascimento; quis ser semelhante aos outros e ficar oculto no seio materno, em
recolhimento e em preparação de Sua entrada no mundo. Oh! Que bela lição para nós, se a soubermos
aproveitar!

I. Muito embora a divina Mãe reconhecesse perfeitamente a grande honra que lhe advinha por trazer um
Deus no seu seio, e os grandes tesouros de graças que ia merecendo, dando abrigo a seu Senhor, todavia
foram tão grandes e veementes os seus desejos de ver o Salvador nascido que, em comparação deles
pareciam frios os ardentes desejos dos Patriarcas e dos Profetas, que durante quatro mil anos fizeram
violência ao céu, dizendo: “Mitte quem missurus es8 - Envia aquele que deves enviar”. Esses desejos
nasciam na Santíssima Virgem, de um amor duplo. Em primeiro lugar, amava com terníssimo afeto o seu
Divino Filho e, por isso, desejava dar à luz para vê-lO, abraça-lO, e provar-Lhe seu amor, prestando-lhe toda
a sorte de serviços. Demais, o coração da Virgem estava possuído de amor ardente para com o próximo.
Por esta razão, apesar de prever o modo desumano com que os homens haveriam de acolher e de tratar
Jesus Cristo, anelava pelo momento de manifestar ao mundo o seu Salvador, e de enriquecer o universo
com aquele Bem Supremo e com as graças infinitas que Ele queria comunicar às nossas almas.
Ó, divina Mãe, graças vos sejam dadas por terdes desejado tanto dar-nos o vosso Jesus! Por piedade, dai
m’O também a mim; fazei com que, assim como nasceu corporalmente de vossas puríssimas entranhas,
assim renasça espiritualmente pela graça em meu coração. Fazei que a minha alma, abrasada no amor
Divino, procure comunica-lo também ao próximo!
Mais ardente do que o desejo de Maria, foi o de Jesus. Achando-se ainda no seio de Maria, ansiava pela
hora de Seu nascimento, a fim de realizar a obra da Redenção do gênero humano e cumprir a Sua missão,

8
Ex 4,13
conforme a vontade de Seu Pai Celestial. Parece, por assim dizer, que desde então exclamou o que, depois
de crescido, falando de Sua Paixão, disse aos discípulos: “Ah! Como sofro enquanto não vir realizado na
cruz o batismo de sangue com que devo ser batizado. – Mas, apesar disso, não quis nascer antes do tempo,
para assemelhar-se a todos os outros mortais.
Conservou ali, escondido, como que em recolhimento e preparação para a Sua futura entrada no mundo,
empregando todos aqueles momentos preciosos em oração e contemplação. – Desta sorte, quis ensinar-
nos que nos preparemos bem para O recebermos, que nos recolhamos frequentes vezes em nós mesmos
em silêncio e recolhimento, longe dos tumultos mundanos, antes de tratarmos com os homens, e
entregarmo-nos aos trabalhos do ministério. Aproveitemo-nos de tão belas lições que o Divino Salvador
nos dá antes de nascer. Entretanto, unamos os nossos desejos de o vermos, em breve, nascido, aos dos
Patriarcas, de São José, da Santíssima Virgem e da Igreja Católica.

Afetos e Súplicas

II. Ó Adonai... veni ad redimendum nos in brachio extento9 - Ó Adonai, Deus, vinde para nos remir pelo
poder de Vosso braço!” – Ó, Deus, protetor fortíssimo e guia fiel de Vosso povo, vinde remir o gênero
humano com o Vosso supremo poder! Vinde livrar-nos de tantas misérias nossas e subjugar, com o Vosso
braço todo-poderoso, os poderes das trevas, que demasiado reinaram sobre nós e arruinaram as almas! E
Vós, ó Pai Eterno, que quisestes, mediante a embaixada do Anjo, que O Vosso Verbo tomasse carne no seio
da Bem-Aventurada Virgem Maria, dai que, venerando-a como verdadeira Mãe de Deus, possamos, pela
sua intercessão, obter o Vosso auxílio. Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo!10

QUARTO DIA – 19 DE DEZEMBRO


A Paixão de Jesus Cristo durou todo o tempo de Sua vida

“Dolor meus in conspectu meo semper – A minha dor está sempre diante de mim.” (Sl 37,18)

Introdução: Desde o instante em que foi criada a alma de Jesus Cristo e unida com Seu pequenino corpo,
viu diante de Si todos os padecimentos que teria de sofrer para a redenção dos homens. Por isso, Jesus
começou, desde o primeiro instante da Sua vida, a sofrer, por nosso amor, a tristeza mortal que depois
padeceu no Horto de Getsêmani. E como temos nós correspondido a tão grande amor? Talvez com frieza e
ingratidão.

I. Considera como, no mesmo instante em que foi criada a alma de Jesus e unida com Seu pequenino corpo
no seio de Maria, O Pai Eterno manifestou a Seu Filho a Sua vontade: que morresse para a redenção do
mundo. No mesmo tempo, pos-lhe diante dos olhos, a vista triste de todos os sofrimentos que deveria
sofrer até a morte, a fim de remir o gênero humano. Mostrou-lhe, então, todos os trabalhos, desprezos e
pobreza que deveria suportar em toda a Sua vida, tanto em Belém, como no Egito e em Nazaré. Mostrou-
lhe, em seguida, todas as dores e ignomínias de Sua Paixão: os açoites, os espinhos, os cravos e a cruz;
todos os desgostos, tristezas, agonias e abandono em que havia de terminar a Sua vida no Calvário.
II. Quando Abraão levava seu filho à morte, não quis contristá-lo comunicando a sorte com antecedência,
nem no pouco tempo de que precisavam para chegarem ao monte. Mas, O Pai Eterno quis que Seu Filho
encarnado, destinado a ser vítima da Divina justiça pelos nossos pecados, sofresse já, então, todas as
penas, às quais, depois, deveria submeter-se na vida e na morte. – Por esta razão, desde o instante que
baixou ao seio de Sua Mãe, Jesus sofreu sem interrupção a tristeza que o acabrunhou no horto, e que era
suficiente para tirar-lhe a vida, assim como Ele mesmo disse: “Tristis est anima mea usque ad mortem11 - A
minha alma está triste até a morte”. De sorte que, desde então, Ele sentiu vivamente e sofreu o peso todo
de todos os tormentos e opróbrios que o esperavam.

9
Antif. mai. fer.
10
Or. festi.
11
Mt 26,38
Toda a vida, portanto, e todos os anos do Redentor, foram vida e anos de dores e de lágrimas: “Defecit in
dolore vita mea, et anni mei in gemitibus12 - A minha vida tem desfalecido com a dor, e os meus anos com
os gemidos”. O Seu Divino Coração não teve um instante, livre de padecimento. Quer vigiasse, quer
dormisse, sempre tinha diante dos olhos aquela triste representação que lhe atormentou mais a
Santíssima alma, do que os santos mártires foram atormentados por todos os seus suplícios. Os mártires
padeceram, mas, ajudados com a graça, padeceram com alegria e ardor: Jesus, ao contrário, padeceu
sempre com o Coração cheio de desgosto e tristeza, e aceitou tudo por nosso amor.

Afetos e Súplicas

II. Ó doce, ó amável, ó amante Coração de Jesus! É, pois, verdade que, desde menino, estivestes repleto de
amargura e que, no seio de Maria, padecestes uma agonia sem consolação, sem testemunha, sem ao
menos ter quem Vos aliviasse e de Vós se compadecesse. Tudo isso, ó meu Jesus, sofrestes a fim de
satisfazer, pelas penas eternas e pela agonia sem fim que deviam ser a minha sorte no inferno, por causa
dos meus pecados. Padecestes privado de todo alívio, a fim de me salvar, a mim que tive a audácia de
abandonar o meu Deus e de virar-lhe as costas para satisfazer a meus miseráveis apetites! Graças Vos dou
e compadeço-me de Vós, em primeiro lugar por ver que, ao passo que Vós padecestes tanto por amor aos
homens, estes, nem sequer, de Vós se compadecem. Ó, amor de Deus! Ó, ingratidão dos homens! – Ó
homens, ó homens, vede esse Cordeirinho inocente que está em agonia por Vós, para dar à Divina Justiça,
satisfação pelas injúrias que Vós lhes tendes feito. Vede como Ele está orando e intercedendo por Vós,
junto do Eterno Pai: contemplai-O e amai-O!
Ah, meu Redentor, quão poucos são os que pensam nas Vossas dores e no Vosso amor! Ó Deus! Quão
poucos são os que Vos amam! Mas, ai de mim! Eu também tenho vivido muitos anos esquecido de Vós!
Vós que tanto padeceis para ser por mim amado, e não Vos amei! Perdoai-me, ó Jesus meu, perdoai-me;
quero emendar-me e amar-Vos! Desgraçado de mim, Senhor, se ainda resistisse à Vossa graça e, com
minha resistência, me condenasse! As grandes misericórdias de que tendes usado comigo e,
especialmente, a Vossa doce voz, que agora me chama ao Vosso amor, seriam o meu maior castigo no
inferno. Meu amado Jesus, tende piedade de mim, não permitais que para o futuro, eu viva ingrato ao
Vosso amor. Dai-me a luz e dai-me força para vencer tudo, a fim de cumprir a Vossa santa vontade!
Atendei-me, Vo-lo peço, pelos merecimentos de Vossa Paixão. É nesta que confio, bem como na Vossa
intercessão, ó Maria! – Minha querida Mãe, socorrei-me; vós que me impetrastes todas as graças que
tenho recebido de Deus, eu vo-lo agradeço; mas se não continuardes a socorrer-me, eu continuarei a ser
infiel, assim como o tenho sido nos anos passados.

QUINTO DIA – 20 DE DEZEMBRO


Jesus Menino se oferece à justiça divina como nossa vítima

“Oblatus est, quia ipse voluit – Ele foi oferecido, porque Ele mesmo quis!” (Is 53,7)

Introdução: Todos os sacrifícios oferecidos a Deus no correr de quarenta séculos, não foram bastante
eficazes para remir o homem. Por isso, o Verbo Divino, apenas feito homem, ofereceu-se a Si mesmo como
vítima da Divina Justiça, e por nosso amor, aceitou a morte com todos os padecimentos que a deviam
acompanhar. Fê-lo o Divino Menino, logo na Sua primeira entrada no mundo. E nós, já chegados ao uso da
razão, que temos feito por Seu amor? Talvez, desde então, já tenhamos começado a ofendê-lO.

I. O Verbo Divino, no primeiro instante em que se fez homem e criança no seio de Maria, ofereceu-se a Si
mesmo, sem reserva, aos sofrimentos e à morte, para o resgate do mundo. Sabia que todos os sacrifícios
de ovelhas e de bois, oferecidos antigamente a Deus, não puderam resgatar as culpas dos homens. Era
preciso que uma pessoa divina, pagasse, em lugar dos homens, o preço do resgate. Por isso, disse Ele,
conforme nos ensina o Apóstolo:

12
Sl 30,11
“Hostiam et oblationem noluisti13 - Não quiseste hóstia nem oblação”. Meu Pai, todas as vítimas que Vos
foram oferecidas até hoje, não foram suficientes, nem poderiam sê-lo, para satisfazer à Vossa justiça. Vós
me preparastes este corpo passível, a fim de que Eu possa aplacar-Vos e salvar os homens, com o preço do
meu Sangue! “Ecce venio – eis que venho” Eis-me aqui, disposto a aceitar tudo e a submeter-me
inteiramente à Vossa vontade.
Relutava a parte inferior da alma que, naturalmente, tinha horror de uma vida e morte tão cheias de
padecimentos e de opróbrios. Mas, venceu a parte racional da alma que, inteiramente submissa à vontade
do Pai, aceitou tudo, de sorte que, desde aquele instante, Jesus começou a padecer toas as angústias e
dores que devia sofrer nos anos de Sua vida terrestre.
Foi assim que se houve Jesus desde a Sua primeira entrada no mundo. Más, ó Deus, como é que nos temos
havido nós para com Jesus, desde que, chegados ao uso da razão, começamos a conhecer, pela luz da fé,
os sagrados mistérios da nossa Redenção? Quais são os pensamentos, os projetos, os bens que foram
objetos do nosso amor? Prazeres, passeios, desejos de grandeza, vinganças, sensualidades; eis os bens que
nos prenderam o afeto do coração. Mas, se ainda temos fé, é mister que mudemos, afinal, a nossa vida e
os nossos afetos. Amemos um Deus que tanto tem padecido por nós!

Súplicas e Afetos

II. Ó meu Senhor, quereis que Vos diga como me tenho havido para convosco durante a minha vida? Desde
o despontar da razão comecei a desprezar a Vossa graça e o Vosso amor. Mas Vós o sabeis melhor do que
eu mesmo; não obstante, suportastes-me, porque ainda me quereis bem. Eu andava fugindo de Vós, e Vós
viestes à minha procura, chamando-me. Foi este mesmo amor que Vos fez baixar do céu, a fim de buscar
as ovelhas perdidas, que Vos fez suportar-me e não me abandonar. Meu Jesus, agora Vós me buscais e eu
Vos busco. Sinto que a Vossa graça me auxilia; auxilia-me com o arrependimento dos meus pecados, que
detesto mais que qualquer outro mal; auxilia-me inspirando-me um grande desejo de Vos amar e dar-Vos
gosto. Sim, meu Senhor, quero amar-Vos e agradar-Vos quanto puder. Mas, o que me faz temer é a minha
fraqueza e insuficiência, consequência dos meus pecados. Maior, todavia, é a confiança que a Vossa graça
me inspira, fazendo-me colocar a minha esperança nos Vossos merecimentos e dizer com toda a
segurança: “Omnia possum in eo qui conforta14 - Tudo posso naquele que me conforta”. Se sou fraco, Vós
me dareis força contra os inimigos; se sou enfermo, espero que o Vosso Sangue será o meu remédio; se
sou pecador, espero que me fareis santo. Reconheço que, outrora, tenha cooperado para a minha
perdição, porque, nos perigos, deixei de recorrer a Vós. Para o futuro, meu Jesus e minha Esperança, quero
sempre recorrer a Vós, e de Vós espero todo o auxílio, todo o bem. Amo-Vos sobre todas as coisas e não
quero amar senão a Vós. Ajudai-me, Vo-lo suplico, pelo merecimento de tantos sofrimentos que desde
menino suportastes por mim. “Respice infaciem Christi tui15- Põe os olhos no rosto do teu Cristo”. Eu não
mereço graças, mas merece-as esse Filho inocente que Vos oferece uma vida de dores, a fim de que useis
de misericórdia comigo. – E vós, Mãe da Misericórdia, Maria, não deixeis de interceder por mim. Sabeis
quanto confio em vós, e bem sei que não desamparais a quem recorre a vós.

SEXTO DIA – 21 DE DEZEMBRO


Dor de Jesus Menino pela previsão da ingratidão dos homens

“In própria venit, et sui eum non receperunt – Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam” (Jo
1,11)

Introdução: A Ingratidão desagrada aos homens. Qual deve, pois, ter sido a tristeza de Jesus Menino, ao
prever que os Seus benefícios seriam pagos pelo mundo com injúrias, traições e tormentos! Mas, ai de nós
que, porventura, até hoje temos respondido aos benefícios do Senhor de um modo tão desumano! Ou,

13
Hb 10,5
14
Fl 4,13
15
Sl 83,10
pelo menos, temo-lO amado tão pouco, como se nenhum bem nos tivesse feito, nem sofrido coisa alguma
por nós. Queremos ser tão ingratos sempre?

I. Pelos dias do Santo Natal, São Francisco de Assis andava pelos caminhos e bosques, chorando e
suspirando com gemidos inconsoláveis. Perguntado pela razão de tanto sofrer, respondeu:
“Como não chorar, vendo que o amor não é amado? Vejo um Deus como que perdido de amor ao homem,
e o homem tão ingrato para com esse Deus!”
Ora, se a ingratidão dos homens afligia tanto o coração de São Francisco, quanto mais não terá afligido o
Coração de Jesus Cristo?
Apenas concebido no seio de Maria, Jesus viu a ingratidão desapiedada que receberia da parte dos
homens. Baixara do céu para acender o fogo do Divino Amor; somente este desejo fizera-O descer sobre a
terra, para ali sofrer um abismo de dores e ignomínias: “Ignem veni mittere in terram16 - Eu vim trazer o
fogo à terra”. E, em seguida, viu um abismo de pecados que os homens haviam de cometer, depois de
presenciarem tantos rasgos do Seu amor. foi isso, no pensar de São Bernardino de Sena, o que O fez sofrer
dores infinitas: “Et ideo infinite dolebat. – Mesmo para nós, é insuportável vermos uma pessoa tratada por
outras com ingratidão e, muitas vezes isto aflige muito mais a alma do que qualquer dor aflige o corpo.
Qual não deve, pois, ter sido a dor que nossa ingratidão causou a Jesus, nosso Deus, quando viu que os
Seus benefícios e o Seu amor Lhe seriam retribuídos por nós com desgostos e injúrias? “Et posuerunt
adversum me mala pro bonis, et odium pro dilectione 17 - Retribuíram-me o bem com o mal, e o meu amor
com ódio”.
Parece que, também hoje em dia, Jesus Cristo se queixa: “Tamquam extraneus factus sum fratribus meis18 -
Fiquei como que um estranho aos meus irmãos”. Porquanto, vê que de muitos não É amado, nem
conhecido, como se nenhum bem lhes tivesse feito e nada, por amor deles, tivesse sofrido. Ó Deus, que
caso fazem também presentemente, tantos cristãos, do amor de Jesus Cristo?
Apareceu, certo dia, o Redentor, ao bem-aventurado Henrique Suso, sob a forma de um peregrino que
andava de porta em porta, a pedir pousada, mas, todos o repeliam com injúrias e ultrajes. Ai! Quantos
homens se parecem com aqueles de que fala Jó, dizendo: “Diziam a Deus: Retira-te de nós... sendo ele
quem cumulou de bens as suas casas!”19 Em outro tempo, nós também nos temos unido àqueles ingratos;
mas queremos continuar do mesmo modo? Não! Porque não merece tal O Menino amável, que baixou dos
céus para padecer e morrer por nós e, assim, fazer-Se amar por nós!

Afetos e Súplicas

II. Meu amado Jesus, será verdade que Vós baixastes dos céu para Vos fazerdes amar por mim, que por
meu amor viestes abraçar uma vida de trabalhos e a morte de cruz, a fim de eu Vos faça uma boa acolhida
em meu coração, eu que tive a audácia de Vos repelir tantas vezes de mim, dizendo: “Recede a me,
Domine – Afasta-te de mim, Senhor”; não Vos quero? Ó meu Deus, se não fosseis a bondade infinita e não
tivésseis dado a própria vida para me perdoardes, não me animaria a pedir-Vos perdão. Mas, ouço que Vós
mesmo me ofereceis a paz: “Convertimini ad me, ait Dominus, et convertar ad vos20 - Convertei-vos a mim,
diz o Senhor, e eu me converterei a vós”. Vòs mesmo, ó Jesus, a quem tenho ofendido, quereis ser o meu
advogado: “Ipse est propritiatio pro peccatis nostris21 - Ele é a propiciação pelos nossos pecados”. Não Vos
quero fazer nova injúria, desconfiando da Vossa misericórdia. Pesa-me, de toda a minha alma de Vos ter
desprezado, ó Bem Supremo; pelo Sangue que derramastes por mim, recebei-me em Vossa graça!
Pater nom sum dignus vocari filius tuus22 - Meu Pai e meu Redentor, não sou mais digno de ser Vosso filho,
depois de ter renunciado tantas vezes ao Vosso amor; mas fazei-me digno com os Vosso merecimentos.

16
Lc 12,49
17
Sl 108,5
18
Sl 68,9
19
Jó 22,17
20
Zc 1,3
21
I Jo 2,2
22
Lc 15,21
Graças Vos dou, meu Pai, graças Vos dou e Vos amo. Ah! Só a lembrança da paciência com que me tendes
suportado tantos anos, e das graças que me tendes dispensado, depois de tantas injúrias que Vos causei,
deveria fazer-me viver sempre abrasado em Vosso amor. Vinde, pois, meu Jesus, não quero mais repulsar-
Vos! Vinde morar em meu pobre coração. Amo-Vos e quero amar-Vos sempre. Abrasai-me sempre mais,
lembrando-me o amor que me mostrastes.
Minha Rainha e Mãe, Maria, ajudai-me; rogai a Jesus por mim; fazei com que no tempo de vida que ainda
me resta, me mostre grato a Deus, que me amou tanto, ainda depois de eu O ter ofendido tão
gravemente.

SÉTIMO DIA – 22 DE DEZEMBRO


Viagem de São José e Maria Santíssima a Belém

“Ascendem autem et Ioseph... ut profiteretur cum Maria desponsata sibi uxore praegnante – Subiu também
José, para se alistar com sua esposa Maria, que estava grávida” (Lc 2,4)

Introdução: Tendo Deus decretado que Seu Filho nascesse do modo mais pobre e mais penoso, numa
estrebaria, dispôs que César lançasse um decreto de recenseamento universal. Sabedor disso, perturbou-
se São José, na dúvida se levaria, ou não, Maria consigo. A Virgem, porém, animou-o e, com ele, se pôs a
caminho. Tomemos estes santos personagens como companheiros em nossa viagem para a eternidade.

I. Havia Deus decretado que Seu Filho nascesse, não na cassa de José, senão numa gruta, que servia de
estrebaria, do modo mais pobre e mais penoso no qual uma criança pode nascer. Por isso, dispôs que
César lançasse um édito por meio do qual, cada um deveria alistar-se na cidade própria donde trazia a sua
origem. – Quando José teve conhecimento do mando, perturbou-se, na dúvida se deveria deixar a Virgem
Maria em casa ou leva-la consigo, visto que estava próxima de dar à luz.
“Minha esposa e senhora”, disse-lhe, “por um lado não quereria deixar-vos só; por outro, se vos levo,
aflige-me o triste pensamento de que muito tereis de sofrer numa viagem tão longa, por um tempo tão
rigoroso!” Maria, porém, anima-o, dizendo: “José meu, não temais: eu vos acompanharei e o Senhor nos
ajudará!” – Por inspiração divina, e pelo conhecimento da profecia de Miquéias, a Virgem sabia que o
Divino Infante devia nascer em Belém. Toma, pois, as faixas e os pobres paninhos já preparados e parte
com José: “Ascendit autem et Ioseph – ut profiteretur cum Maria – Subiu também José para se alistar com
Maria”.
Consideremos aqui, as devotas e santas conversas que, durante a viagem, faziam entre si aqueles santos
esposos, acerca da misericórdia, da bondade e do amor do Verbo Divino, que em breve ia nascer e fazer a
Sua entrada no mundo, pela salvação dos homens. Consideremos os atos de louvor, de bênção, de
agradecimento, de humildade e de amor que aqueles excelsos viajantes praticavam no caminho. De certo,
sofreu muito a santa Virgenzinha, próxima de dar à luz, tendo de fazer uma viagem tão longa; mas
suportou tudo em paz e com amor. ofereceu a Deus todas as suas penas, unindo-as com as penas de Jesus,
que trazia no seio.
Ah! Na viagem de nossa vida, unamo-nos a Maria e José, e acompanhemo-nos deles, e agora façamos com
eles, companhia ao Rei do céu, que vai nascer numa gruta. Roguemos aos santos viajantes que, pelos
merecimentos das penas que então padeceram, nos acompanhem na viagem que estamos fazendo para a
eternidade.

Afetos e Súplicas

II. Meu caro Redentor, sei que nesta viagem, Vos acompanham legiões de anjos do céu; mas quem Vos
acompanha na terra? Ninguém senão José, e Maria que Vos traz consigo. Permiti, ó meu Jesus, que eu
também Vos acompanhe. Tenho sido um miserável ingrato, mas agora reconheço a injúria que tenho feito.
Vós baixastes do céu para fazer-Vos meu companheiro na terra, e eu, ingrato, tantas vezes afastei-me de
Vós pelos meus pecados. Ó, meu Senhor, quando penso que tão repetidas vezes me apartei de Vós para
satisfazer meus detestáveis apetites, renunciando assim à Vossa amizade, quisera morrer de dor. Mas Vós
viestes para me perdoar; perdoa-me sem demora, visto que me pesa de toda a minha alma de Vos ter
abandonado e virado as costas tantas vezes. Proponho, e com a Vossa graça espero, nunca mais Vos deixar
e nunca mais me apartar de Vós, meu único amor.
A minha alma enamorou-se de Vós, ó meu amável Deus-Menino. Amo-Vos, meu doce Salvador, e já que
viestes à terra para me salvar e dispensar-me as Vossas graças, peço-Vos só esta graça: não permitais que,
em tempo algum, eu me separe de Vós! Uni-me estreitamente convosco, prendendo-me com os doces
laços do Vosso Santo Amor. Meu Redentor e meu Deus, quem terá ânimo para Vos deixar e viver sem Vós,
privado de Vossa santa graça? – Maria Santíssima, eis-me aqui para acompanhar-vos em vossa viagem; e
vós, ó minha Mãe, não deixeis de me proteger na minha viagem para a eternidade. Assisti-me sempre,
principalmente quando chegar ao fim da minha vida, próximo ao momento do qual dependerá, se estarei
sempre convosco, amando meu Jesus no paraíso, ou se estarei para sempre longe de vós, odiando Jesus no
inferno. Ó, minha Rainha, salvai-me pela vossa intercessão! Seja a minha salvação amar-vos a vós e a Jesus
Cristo para sempre, no tempo e na eternidade. Vós sois a minha esperança; de vós espero tudo.

OITAVO DIA – 23 DE DEZEMBRO


José e Maria, peregrinos em Belém, sem abrigo.

“In propria venit, et sui eum non receperunt – Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam” (Jo
1,11)

Introdução: A cidade de Belém, que recusa dar abrigo a Jesus Menino, foi figura daqueles muitos corações
ingratos que dão acolhida a tantas miseráveis criaturas e não a Deus. Reflitamos, porém, no que a Virgem
Maria disse a uma alma devota:
“Foi uma disposição Divina, que a mim e ao meu Filho, faltasse abrigo entre os homens, a fim de que as
almas, cativadas pelo amor de Jesus, se oferecessem a si próprias para O acolherem”.

I. Quando um rei faz uma primeira entrada numa cidade do seu reino, que manifestações de veneração se
lhe preparam! Que pompas! Que arcos de triunfo! Prepara-te, pois, ó Belém venturosa, para receberes
dignamente o Rei do céu; fica sabedora que, entre todas as cidades, és tu, a ditosa que Ele escolheu para
nela nascer em terra, a fim de reinar, depois, nos corações dos homens. “Ex te enim egredietur qui sit
dominator in Israel23 - De ti sairá aquele que há de reinar em Israel”.
Eis que já entram em Belém, esses dois excelsos viajantes, José, e Maria, que traz no seu seio o Salvador do
mundo. Entram na cidade, dirigem-se para a casa do ministro imperial, a fim de pagarem tributo e serem
alistados nos registros dos súditos de César. Mas quem os reconhece? Quem lhes vai ao encontro? Quem
lhes oferece agasalho? “In propria venit, et sui eum non receperunt – Ele veio para o que era Seu, e os Seus
não o receberam”. Eles são pobres, e como pobres são desprezados; são tratados ainda pior que os outros
pobres, e até expulsos.
Chegada a Belém, Maria entendeu que se aproximava a hora do seu parto. Avisou a São José, e este,
diligenciou achar agasalho em uma casa dos habitantes de Belém, a fim de não ter de levar sua esposa à
hospedaria, lugar pouco conveniente para uma tenra donzela. Ninguém quis atender-lhe o pedido e é bem
verossímil que, da parte de alguns, fosse taxado de insensato, por trazer consigo a esposa, próxima ao
parto, em tempo noturno e de tanta afluência de gente. – Para não ficar durante a noite no meio da rua,
viu-se, afinal, obrigado a levar a Virgem Maria à hospedaria pública, onde já muitos pobres se haviam
alojado para a noite. Mas como? Também dali foram expulsos e foi-lhes respondido que não havia lugar
para eles: “Non erat eis locus in diversório24 - Não havia lugar para eles na estalagem”! Havia ali, lugar para
todos, também para os mais abjetos, mas não para Jesus Cristo. – Contemplemos quais devem ter sido os
sentimentos de São José e de Maria Santíssima, vendo-se desprezados e expulsos por cada um!

23
Mq 5,2
24
Lc 2,7
Afetos e Súplicas

II. A estalagem de Belém foi figura daqueles corações ingratos que dão acolhida a tantas criaturas
miseráveis e não a Deus. Quantos há que amam aos parentes, os amigos e até aos animais, mas não amam
Jesus Cristo, e nenhum caso fazem de Sua graça e de Seu amor! Maria Santíssima disse a uma alma devota:
“Foi uma disposição Divina que, a mim e ao meu Filho, nos faltasse agasalho da parte dos homens, a fim de
que as almas, cativadas pelo amor de Jesus, se oferecessem a si próprias para O acolherem e O
convidassem, amorosamente, a tomar morada em seus corações.
Sim, meu Jesus, vinde nascer, por Vossa graça, em meu pobre coração! Eu não me animaria a pedir-Vos
esta graça, se não soubesse que Vós mesmo me inspirais o pensamento de Vo-la rogar! Ó, Senhor, eu sou
aquele que, com os meus pecados, Vos tenho tantas vezes expulsado cruelmente de minha alma! Mas já
que baixastes à terra para perdoar os pecadores arrependidos, perdoa-me, porque me pesa sobre todas as
coisas de Vos ter desprezado, meu Salvador e meu Deus, que Sois tão bom e me tendes tão grande amor.
Nestes dias, dispensais grandes graças a tantas almas; consolai também a minha. A graça que quero é a de
Vos amar para o futuro, de todo o meu coração; abrasai-me todo em Vosso amor! Amo-Vos, meu Deus,
feito menino por meu amor. Ah, não permitais que eu Vos deixe de amar! – Ó Maria, minha Mãe, vós
podeis tudo com as vossas súplicas; eis aqui o que unicamente vos peço: rogai a Jesus por mim e obtende-
me a graça de amá-lO com todas as minhas forças, a fim de desagravá-lO, assim, de tantas ofensas que, em
outro tempo, Lhe tenha feito! Ó minha Mãe amantíssima, rogo-vos, exatamente pela vossa Maternidade
Divina, tomai o meu coração e aconchegai-o ao vosso; aconchegue-o, também, ao do vosso Divino Filho, e
fazei que seja consumido pelas mais belas chamas do amor a vós e a Jesus!

NONO DIA – 24 DE DEZEMBRO


A Gruta de Belém

“Reclinavit eum in praesepio; qui non erat eis locus in diversório – Ela reclinou-O em uma manjedoura;
porque não havia lugar para eles na estalagem”. (Lc 2,7)

Introdução: Que terão dito os anjos vendo a divina Mãe entrar na gruta de Belém, a fim de dar à luz o Filho
de Deus? Os filhos do príncipes, nascem em quartos adornados de ouro; e a o Rei do céu prepara-se, para
nascer, uma estrebaria fria; para cobri-Lo, uns pobres paninhos; para cama, um pouco de palha e para O
colocar, uma vil manjedoura? Oh, ingratidão dos homens! Oh, confusão para o nosso orgulho que sempre
ambiciona comodidades e honras!

I. Continuemos hoje a meditar na história do nascimento de Jesus Cristo. Vendo-se expulsos de toda parte,
São José e a Bem-aventurada Virgem, saem da cidade, a fim de achar, fora dela, ao menos algum abrigo.
Os pobres viandantes caminham na escuridão, errando e espreitando; afinal, depara-se-lhes aos pés dos
muros de Belém, uma rocha escavada em forma de gruta, que servia de estábulo para os animais. Disse,
então, Maria: José, meu esposo, não precisamos ir mais longe; entremos nesta gruta e deixemo-nos ficar
aqui. – Mas como? Responde São José; não vês, minha Esposa, que esta gruta é tão fria e úmida que a água
escorre por toda parte? Não vês que não é uma morada para homens, senão uma estrebaria para animais?
Como queres passar aqui a noite e dar à luz? – Contudo, é verdade, tornou a falar Maria, que este estábulo
é o paço real, onde quer nascer o Filho Eterno de Deus!
Ah! Que terão dito os anjos, vendo a divina Mãe entrar naquela gruta para dar à luz! Os filhos dos príncipes
nascem em quartos adornados de ouro; preparam-se-lhes berços incrustrados com pedras preciosas e
mantilhas preciosas; e fazem-lhe cortejo os primeiros senhores do reino.
E ao Rei do céu, prepara-se uma gruta fria e sem lume para nela nascer; uns pobres paninhos para cobrí-lO;
um pouco de palha para o leito e uma vil manjedoura para O colocar? “Ubi aula, ubi thronus? – Meu Deus,
assim pergunta São Bernardo, onde está a corte, onde está o trono real deste Rei do céu, porquanto não
vejo, senão, dois animais para Lhe fazerem companhia, e uma manjedoura de irracionais, na qual deve ser
posto?
Ó, Gruta ditosa, que tiveste a ventura de ver o Verbo Divino nascido dentro de ti! Ó, presépio ditoso, que
tiveste a honra de receber em ti o Senhor do céu! Ó, palha ditosa, que serviste de leito àquele, cujo trono é
sustentado pelos serafins! Sim, fostes ditosos, ó Gruta, ó presépio, ó palha; mais ditosos, porém, são os
corações que, tenra e fervorosamente, amam Esse amabilíssimo Senhor e que, abrasados em amor, O
recebem na Santa Comunhão. Oh! Com que alegria e satisfação vai, Jesus Cristo, pousar no coração que O
ama!

Afetos e Súplicas

II. Um Deus que quer começar a Sua infância num estábulo, confunde o nosso orgulho e, segundo a
reflexão de São Bernardo, já prega com exemplo o que, mais tarde havia de pregar à viva voz: “Aprendei de
mim que Sou manso e humilde de coração25”. Eis porque, ao contemplarmos o nascimento de Jesus Cristo
e, ao ouvirmos falar em gruta, manjedoura, em palha, em leite, choros de nenê, estas palavras deveriam
ser para nós como que chamas de amor e como que flechas que nos ferissem os corações e nos fizessem
amantes da santa humildade!
É verdade, ó meu Jesus, Vós, tão desprezado por nossos amor, com Vosso exemplo, fizestes os desprezos
excessivamente caros e amáveis aos que Vos amam! Mas, como, então, é possível que eu, ao invés de os
abraçar, como Vós os abraçastes, ao receber algum desprezo da parte dos homens, me tenha mostrado
tão orgulhoso, e tenha ainda chegado a ofender-Vos, ó Majestade Infinita? Pecador e orgulhoso!
Ah, Senhor! Já compreendo! Eu não soube aceitar com paciência as humilhações e as afrontas, porque não
Vos soube amar! Se Vos tivera amor, ter-me-iam sido doces e amáveis! Mas, visto que prometeis o perdão
a quem se arrepende, de toda a minha alma, arrependo-me de toda a minha vida desordenada, tão
diferente da Vossa! Quero emendar-me e, por isso, Vos prometo que, para o futuro, aceitarei com paz
todos os desprezos que me vierem, e que os sofrerei por Vosso amor, ó Jesus meu, que por meu amor
tendes sido tão desprezado! Compreendo que as humilhações são as minas preciosas, por meio das quais
quereis enriquecer as almas com tesouros eternos. Já sou digno de outras humilhações e de outros
desprezos, porque desprezei a Vossa graça. Mereço ser pisado aos pés do demônio. Mas, os Vosso
merecimentos são a minha esperança. Quero mudar de vida; não quero mais causar-Vos desgosto; para o
futuro, não quero buscar senão a Vossa vontade e, por isso, Vos dou todo o meu coração. Possui-o, e
possui-o para sempre, a fim de que eu seja sempre Vosso e todo Vosso!
E Vós, Pai Eterno, que a cada ano nos alegrais com a esperança de nossa Redenção, concedei-me que, com
confiança, possa esperar a vinda do Vosso Filho Unigênito, como Juiz, a quem agora recebo alegremente
como Salvador!26 Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo e de Maria Santíssima!

CAPÍTULO 2
Meditações de Santo Afonso para o Tempo do Natal

I – DIA 25 DE DEZEMBRO – NATIVIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

“Impietati sunt dies ut pareret (Maria); et peperit filium suum primogenitum – Completaram-se os dias em
que (Maria) devia dar à luz; e deu à luz o seu Filho primogênito”. (Lc 2,6)

Introdução: Imaginemos ver a Jesus, já nascido, na gruta de Belém, e ouvir os anjos cantar: glória a Deus e
paz e na Terra aos homens de boa vontade! Quais devem ter sido os sentimentos que, então, se
despertaram no coração de Maria, ao ver o Verbo Divino, feito seu Filho! Qual a devoção e ternura de São
José ao apertar, contra o coração, o Santo Menino! Unamos os nossos afetos com os desses grandes
personagens!

25
Mt 11,29
26
Or. fer. curr.
I. Quando Maria Santíssima entrou na gruta, pôs-se logo em oração! De súbito, vê uma refulgente luz,
sente no coração um gozo celestial, abaixa os olhos e – ó Deus! – o que vê? Vê já, diante de si, o Menino
Jesus, tão belo e tão amável que enleva os corações! Mas, treme e chora; segundo a revelação feita a
Santa Brígida, estende as mãozinhas para dar a entender que deseja que Maria o tome nos braços. Maria,
no auge da Santa Alegria, chama José! Vem, ó José, diz ela, vem e vê, pois já nasceu o Filho de Deus!
Aproxima-se José e, vendo Jesus nascido, adora-O por uma torrente de doces lágrimas!
Em seguida, a Santa Virgem, movida de compaixão maternal, levanta com respeito o amado Filho e,
conforme a já citada revelação, faz por aquecê-lo com o calor de seu rosto e do seu peito. Tendo-O no
colo, adora o Divino Menino como seu Deus, beija-lhe os pés como a seu Rei e beija-lhe o rosto como a seu
Filho e procura depressa cobri-lO e envolvê-lO nas mantilhas. Mas, ai! como são ásperos e grosseiros os
paninhos! Além disso, são frios e úmidos e, naquela gruta, não há fogo para aquecê-los!
Consideremos aqui, os sentimentos que surgiram no coração de Maria, quando viu o Verbo Divino
reduzido, por amor dos homens, a tão extrema pobreza! Contemplemos a devoção e a ternura que ela
experimentou, quando apertava o Filho de Deus, já feito seu Filho, contra o coração! Unamos os nossos
afetos aos de tão boa Mãe e roguemos a Deus Pai “que o novo nascimento do Seu Unigênito, feito homem,
nos livre do antigo cativeiro, em que nos tem o jugo do pecado”.27

II. Jesus nasceu! Vinde, ó reis, príncipes e todos os homens da Terra: vinde adorar o nosso Rei! Mas, quem
é que se apresenta?... Ah! O Filho de Deus veio ao mundo, e o mundo não O quis conhecer!
Porém, se não vem os homens, vem, ao menos os anjos, adorar o seu Senhor, e cantam jubilosos: “Glória
in altissimis Deo, et in terra pax hominibus bonae voluntatis28 - Glória a Deus nas alturas e na terra paz aos
homens de boa vontade!” Glória à Divina Misericórdia, que, em vez de castigar os homens rebeldes, fez o
próprio Deus tomar o castigo sobre Si e, assim, os salvou! Glória à Divina Sabedoria, que achou meio de
satisfazer à Justiça e, ao mesmo tempo, de livrar o homem da morte merecida! Glória ao Divino Poder que,
de um modo tão admirável, venceu as forças do inferno! Glória, finalmente, ao Divino Amor, que induziu
um Deus a fazer-Se homem e a levar uma vida tão pobre, humilhada e penosa. – Meu irmão, unamos as
nossas orações às dos anjos e digamos com a nossa Santa Madre Igreja:
“Glória in excelsis Deo! Glória a Deus nas alturas e na Terra paz aos homens de boa vontade! Nós Vos
louvamos, Vos bendizemos, Vos adoramos, Vos glorificamos! Graças Vos damos por Vossa grande glória!
Senhor Deus , Rei do céu, Deus Pai Todo-Poderoso! Ó, Senhor, Filho Unigênito de Deus, Filho do Pai: Vós
que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós! Vós que tirais os pecados do mundo, aceitai as
nossas súplicas. Vós que estais sentado à mão direita do Pai, tende piedade de nós! Porque, só Vós, ó Jesus
Cristo, Sois Santo, só Vós o Senhor, só Vós o Altíssimo, com o Espirito Santo, na glória de Deus Pai! Assim
seja!29

II – UMA VISTA À GRUTA DE BELÉM30

“Transeamus usque Bethlehem, et videamos hoc verbum, quod factum est – Cheguemos até Belém, e
vejamos o que é isto que sucedeu!” (Lc 2,15)

I. Tende ânimo! Maria convida a todos, os justos e os pecadores, a entrar na Gruta para adorarem seu
Divino Filho e beijarem-lhe os pés! Eia, pois, ó almas devotas, entrai e vede, sobre a palha, o Criador do céu
e da terra, feito Menino pequenino, mas tão encantador, tão radiante que, para toda a gente, irradia
torrentes de luz! Já que Jesus nasceu, a Gruta não é mais horrorosa, ao invés, foi feita um paraíso.
Entremos e não temamos!
Jesus nasceu e nasceu para todos! “Ego flos campi, et ilium convallium! – Eu, assim manda-nos avisar Jesus,
Sou a flor do campo e a açucena dos vales!31 Jesus se chama açucena dos vales para nos dar a entender

27
Or. Festi.
28
Lc 2,14
29
Missal Romano
30
N.E. – Esta meditação corresponde à Meditação da Tarde do Dia 26 de Dezembro.
31
Cant. 2,1
que, assim como Ele nasceu tão humilde, assim somente os humildes O acharão. Por isso, o anjo não foi
anunciar o nascimento de Jesus Cristo a César, nem a Herodes; mas sim aos pobres e humildes pastores.
Jesus chama-se também flor dos campos, porque, segundo a interpretação do cardeal Hugo, quer que
todos O possam achar! As flores dos jardins estão reclusas e não se permite a todos procura-las e toma-las.
Ao contrário, as flores dos campos estão expostas à vista de todos e, quem quiser, as pode tirar! É assim
que Jesus Cristo quer estar: ao alcance de todo aquele que O desejar!
Entremos, pois a porta está aberta: “Non est satelles, qui dicat: non est hora – Não há guarda, diz São
Pedro Crisólogo, para dizer que não são horas”. Os príncipes deixam-se ficar fechados nos seus palácios,
cercados de soldados e não é fácil obter-se audiência. Quem deseja falar com os reis, tem de afadigar-se
muito e, bastantes vezes será mandado embora com o conselho de voltar em outro tempo, por não ser dia
de audiência. Não é assim com Jesus Cristo. Está na Gruta de Belém, como criancinha, para atrair a quem
vier procura-lo. A Gruta está aberta, sem guardas, nem portas, de modo que cada um pode entrar à
vontade, quando quiser, para achar O pequenino Rei, para falar com Ele e, mesmo abraçá-lO e assim
satisfazer a Seu amor!
II. Almas devotas, contemplai naquela manjedoura, sobre aquela pobre palha, o tenro Menino que está a
chorar! Vede como é formoso; mirai a luz que irradia e o amor que respira; esses olhos atiram flechas aos
corações que O desejam, esses choros de nenê são chamas abrasadoras para os que O amam. No dizer de
São Bernardo, a própria Gruta e as próprias palhas clamam e vos dizem que ameis Aquele que vos ama,
que ameis um Deus que é digno de amor infinito! Baixou do céu e se fez menino e menino pobre, para
manifestar o amor que vos tem e para cativar, por Seus sofrimentos, o vosso amor!
Perguntai-Lhe:
- Ó, formoso Menino pequenino, dize-me de quem És Filho?
Ele irá lhe responder:
- Minha Mãe é esta linda e pura Virgem, que está a meu lado!
- E Teu Pai, quem É?
- Meu Pai É Deus!
- Mas, como? Tu És O Filho de Deus, e És tão pobre e tão humilde? Nesse estado, quem Te reconhecerá?
Quem Te respeitará?
- A Santa Fé – responde Jesus – me fará conhecer por quem Sou, e me fará amado e, por isso, quis
manifestar-me, a primeira vez que me vedes, como criança tão pobre e humilde, a fim de que assim, me
ameis com mais ternura, vendo a que estado me reduziu o amor que vos tenho.
- Mas, dize-me, meu Menino, porque volves os Teus olhos para todos os lados? Que estás esperando?
Ouço que suspiras. Dize-me, para que são esses suspiros? Ó Deus! Ouço que estás chorando! Dize-me: por
que choras?
- Ah! – responde Jesus – Eu olho ao redor de mim, porque estou procurando alguma alma que Me queira.
Suspiro pelo desejo de ver, junto de mim, algum coração abrasado em Meu amor, assim como estou
abrasado em seu amor. Choro sim; e choro porque não vejo corações, ou vejo extremamente poucos
corações, que me procurem e me queriam amar!

Ó Maria, Mãe do Belo Amor, fazei que meu coração seja, também, do número daqueles que buscam e
amam Jesus!

III – OFERECIMENTO DO CORAÇÃO A JESUS MENINO32

Dilectus meus mihi et ego illi, qui pascitur inter lilia – O meu amado é meu e eu sou dele, que se apascenta
entre as açucenas” (Cant. 2,16)

I. Alma devota, aviva a tua fé e a tua confiança. O mesmo Jesus que, por nosso amor, baixou do céu à terra
e quis nascer numa gruta fria, está, agora, abrasado no mesmo amor, escondido no Santíssimo

32
N.E. – Esta meditação corresponde à Meditação da Tarde do Dia 27 de Dezembro
Sacramento. Que é que faz ali? “Respiciens per cancellos33 - Olha por entre as grades”. Qual amante aflito
pelo desejo de ver seu amor correspondido, Jesus, de dentro da Hóstia Consagrada, como que por entre
uma grade estreita, olha-te se ser visto, espreita teus pensamentos e os teus afetos, os teus desejos, e
convida-te, suavemente, a chegar-te a Ele. Eia, pois, dá contento ao Amante Divino, e aproxima-te dEle!
Lembra-te, porém, do que ordena: “Non apparebis in conspectu meo vaccus34 - Não aparecerás em minha
presença com as mãos vazias”. “Quem se chegar ao altar para Me honrar, não se chegue sem Me
presentear alguma oferta”. Na noite de Natal, os pastores que foram visitar o Menino Jesus na Gruta de
Belém, trouxeram-Lhe os seus presentes. É, pois, mister que tu também Lhe ofereças o teu presente. Que
poderás oferecer-Lhe? O presente mais precioso que possas trazer para O Menino Jesus, é um coração
penitente e amante: “Praebe, fili mi, cor tuum mihi35 - Meu filho, dá-me o teu coração”.
Ó meu Senhor, eu não devia ter ânimo de me chegar à Vós, vendo-me tão manchado de pecados. Mas já
que Vós, Jesus meu, me convidais com tanta benevolência e me chamais com tamanho amor, não quero
resistir. Não quero fazer-Vos esta nova afronta que, depois de Vos ter tantas vezes virado as costas,
deixasse agora, por desconfiança de aceder ao Vosso doce convite. Mas, sabeis que sou pobre de tudo e
que não tenho nada que Vos oferecer-Vos. Não tenho, senão, meu coração, e este Vo-lo dou! Verdade é
que, este meu coração, durante algum tempo, Vos tem ofendido, mas agora está arrependido e, contrito
como se acha, eu Vo-lo ofereço. Sim, meu Divino Menino, pesa-me de Vos ter dado desgosto. Confesso-o:
tenho sido um traidor, um ingrato, um desumano fazendo-Vos sofrer tanto e derramar tantas lágrimas no
presépio de Belém; mas as Vossas lágrimas são a minha esperança. Sou um pecador e não mereço perdão,
mas, dirijo-me à Vós, que, sendo Deus, Vos fizestes criança para me perdoar. – Pai Eterno, se eu mereci o
inferno, vede as lágrimas de Vosso Filho inocente; são elas que Vos imploram o meu perdão. Vós não
negais nada às súplicas de Jesus Cristo. Atendei-O, visto que Vos pede que me perdoeis nestes dias
santíssimos, que são dias de alegria, dias de salvação, dias de perdão!
II. Ó meu pequenino Jesus, espero que me perdoareis; mas só o perdão dos meus pecados não basta!
Neste santo tempo de Natal, dispensais às almas graças grandes! Eu também quero uma graça bem
grande, e deveis conceder-m’a: é a graça de Vos amar! Agora que me chego aos Vosso pés, abrasai-me
todo em Vosso amor e prendei-me a Vós, mas prendei-me de tal modo que eu nunca mais me afaste de
Vós! Assim, ó meu Deus amabilíssimo, espero que Vos amarei sempre e que Vós sempre me amareis:
assim, ó meu amado Jesus, espero que serei sempre todo Vosso e que Vós sempre sereis todo meu:
“Dilectus meus mihi et ego illi – O meu amado é para mim e eu sou para ele”. Creio em Vós, ó Bondade
infinita; espero em Vós, ó Bondade infinita; amo-Vos, ó Bondade infinita! Amo-Vos, ó meu Deus, feito
Menino por meu amor, amo-Vos e sempre o hei de repetir, amo-Vos, amo-Vos! W Jesus, meu Deus, amo-
Vos sobre todas as coisas36.
Mas, não Vos amo bastante; quero amar-Vos muito, e Vós deveis fazer que assim seja! Ofereço-Vos o meu
coração, entrego-o todo inteiro, não o quero mais! Mudai-o e guardai-o para sempre! Não m’o entregueis
mais, pois, se o entregardes em minhas mãos, tenho medo que Vos tornará a trair.
Maria Santíssima, vós sois a Mãe desse grande Filho, sede também minha Mãe; em vossas mãos, deposito
o meu coração, apresentai-o a Jesus; se Lhe apresentardes, Jesus não o rejeitará! Apresentai-o, pois, e
rogai que o queira aceitar. Amém!

IV. FELICIDADE DE QUEM NASCEU DEPOIS DA REDENÇÃO E NA IGREJA CATÓLICA37

“Ubi venit plenitudo temporis, misit Deus Filium suum, ut eos, qui sub lege erant, redimeret – Quando
chegou a plenitude do tempo, enviou Deus a Seu Filho, para que remisse aqueles que estavam debaixo da
lei”.

33
Cant. 2,9
34
Ex 23,15
35
Pr 23,26
36
50 dias de indulgência para quem rezar esta jaculatória ou a ensinar aos outros.
37
N.E. – Esta meditação corresponde à Meditação da Tarde do Dia 28 de Dezembro
I. Que graças devemos dar a Deus, por nos haver feito nascer depois de já realizada a grande obra da
Redenção humana! É isso que quer dizer a palavra plenitudo temporis – plenitude do tempo –, tempo
venturoso pela plenitude da graça que Jesus Cristo nos mereceu pela Sua vinda. Infelizes de nós se, réus de
tantos pecados, como somos, tivéssemos vivido nesta terra antes da vinda de Jesus Cristo!
Antes da vinda do Messias, ah! em que lamentável condição se achavam os homens! O verdadeiro Deus
era apenas conhecido na Judéia; em todas as outras partes do mundo, reinava a idolatria, de modo que os
nossos antepassados adoravam a pedra, a madeira e os demônios. Adoravam um sem-número de falsos
deuses. Somente o verdadeiro Deus não era amado, nem mesmo conhecido. Ainda em nossos tempos,
quantos países há, onde é reduzido o número de católicos e todos os demais são pagãos ou hereges, dos
quais a maior parte, com certeza, se condenarão! Quanto mais nós, devemos ser agradecidos a Deus
porque, não somente nos fez nascer depois da vinda de Jesus Cristo, mas, além disso, em um país católico!
Senhor meu, graças Vos dou. Ai de mim se, depois de cometer tantos pecados, vivesse no meio dos infiéis
ou dos hereges! Reconheço, ó meu Deus, que me quereis salvo, e eu, desgraçado, tantas vezes quis
perder-me, perdendo a Vossa graça. Redentor meu, tende piedade de minha alma que tanto Vos custou!
II. “Misit Deus Filium suum, ut eos, qui sub lege erant, redimeret38 - Deus enviou Seu Filho, para que remisse
aqueles que estavam debaixo da lei”. Peca o escravo, e pecando entrega-se ao poder do demônio; e eis
que vem seu Senhor mesmo para o resgatar com a Sua morte! Ó, amor imenso, ó amor infinito de Deus
para com o homem!
Portanto, ó meu Redentor, se Vós não me tivésseis remido com a Vossa morte, o que seria de mim? De
mim, digo, que pelos meus pecados, tantas vezes tenho merecido o inferno! Se Vós, ó Jesus meu, não
tivésseis morrido por mim, já Vos teria perdido para sempre, nem haveria mais para mim esperança
alguma de recuperar a Vossa graça, nem de ver um dia no paraíso o Vosso belo rosto! Meu caro Salvador,
graças Vos dou, e espero ir ao céu para Vos agradecer eternamente! Pesa-me, acima de todos os males, de
Vos ter desprezado em outro tempo. Para o futuro, proponho, antes sofrer toda a pena, qualquer morte,
do que ofender-Vos! Mas, como em tempos passados, Vos tenho traído, posso tornar a trair-Vos para o
futuro. Ó, meu Jesus, não queirais permiti-lo! “Ne permittas me separati a te39 - Não permitais que eu me
aparte de Vós”. Amo-Vos, Bondade infinita, e quero amar-Vos sempre, nesta vida e durante toda a
eternidade. – Ó minha Rainha e Advogada, Maria, guardai-me sempre debaixo do vosso manto e livrai-me
do pecado!

V – PARA O ÚLTIMO DIA DO ANO


Devemos aproveitar o tempo

“Ecce brevis anni transeunte, et semitam per quam non revertar ambulo – Vê que passam os breves anos, e
eu caminho por uma vereda pela qual não voltarei” (Jó 16,23)

Introdução: Com razão, o Espírito Santo nos exorta a que conservemos o tempo, porquanto o tempo é não
somente precioso, mas ainda de mui curta duração! Lembra-te de como se passaram depressa os doze
meses do ano que hoje termina. Dize-me, irmão meu, como é que até hoje tendes empregado o tempo?
Esforça-te, ao menos, em resgatar o tempo perdido, empregando-o melhor para o futuro? Quem sabe?
Talvez, o ano que finda seja o último da tua vida!

I. O tempo, sobre ser a coisa mais preciosa, porque é um tesouro que só neste mundo se acha, é ainda de
mui curta duração! “Ecce brevis anni traseunt”. Lembra-te de como se passaram depressa os doze meses
do ano que hoje finda! – É, portanto, como razão, que o Espírito Santo nos exorta a conservarmos o tempo
e não deixarmos perder-se, um só momento, sem o aproveitarmos bem! Mas, ai de nós! Quão

38
Gl 4,14
39
Or. Alma de Cristo
diversamente vão as coisas! Ó, tempo desprezado! Tu serás a coisa que os mundanos desejarão mais na
hora da morte, quando ouvirem dizer que, para eles, não haverá mais tempo: “Tempus non erti amplius”.
E tu, irmão meu, em que empregas o teu tempo? Deus te concedeu a graça de teres chegado até o dia de
hoje, com preferência a tantos milhares e milhões de pessoas, talvez da tua idade, ou mesmo mais novas,
talvez fortes como tu ou, ainda, mais robustos, com a mesma compleição que tu ou, talvez, mais sadia. Elas
morreram e tu estás vivo! Elas estão reduzidas à podridão e cinzas no túmulo e tu estás aqui, meditando!
Elas, na eternidade e muitas, infelizmente, no inferno e tu ainda no tempo! Mas, como é que passas o
tempo? Em que coisas o empregaste até hoje?
Faze aqui, aos pés de Jesus Cristo, um exame geral da tua vida. Pondera, por um lado, as inúmeras graças
com que Deus te tem cumulado, especialmente no correr deste ano; por outro, recorda as faltas, as
imperfeições, quiçá os pecados, com que, continuamente, desde o primeiro dia do ano, até este último,
tens ofendido o Senhor, retribuindo-Lhe a generosidade infinita com ingratidão! – Ah! Se não resgatares,
desde já, o tempo inutilmente perdido, ou quiçá, mal empregado, ele te causará remorsos amargosos,
quando, no leito de morte, te achares próximo àquele grande momento, do qual depende a eternidade!
II. Meu irmão, se por desgraça, tiveres de reconhecer que passaste na tibieza o tempo do ano que se
passou, procura passar no fervor ao menos este último dia. Agradece muitas vezes a Deus o ter-te
conservado em vida até o dia de hoje e pede-Lhe perdão das negligências passadas no Seu serviço! Visto
que não sabes se viverás até o dia de amanhã e se entrarás ainda no ano novo, põe hoje mesmo em
ordem, as coisas da tua consciência e purifica a tua alma por meio de uma confissão anual. Afinal, faze um
propósito firme e eficaz de servires a Deus para o futuro com mais zelo e de empregares melhor o ano
vindouro. É assim que, no dizer do Apóstolo, andarás no caminho da salvação com circunspecção e
recobrarás o tempo: “Videte quomodo caute ambuletis... redimentes tempus40 - Vede como andais
prudentemente... remindo o tempo”.
“Ó, Senhor, cuja misericórdia não tem limites, cuja bondade é um tesouro inesgotável, dou graças à Vossa
Majestade piedosíssima, por todos os benefícios que me tendes feito, em particular, pelo tempo que me
concedeis para chorar as minhas culpas e reparar as minhas desordens. Quem sabe se o ano que hoje
finda, não será, talvez, o último inteiro da minha vida? Não, não quero mais resistir aos Vossos convites tão
amorosos. Pesa-me, ó meu Bem supremo, de Vos ter ofendido e proponho-me fazer, de hoje em diante,
contínuos atos de amor, a fim de compensar o tempo perdido!”
“Como, porém, as urgências da vida não permitem dirigir os meus pensamentos sem interrupção para Vós,
faço hoje o seguinte ajuste, que será válido durante todo o ano vindouro e todo o tempo da minha vida:
cada vez que levantar os olhos para contemplar o céu, tenho intenção de glorificar as Vossas perfeições
infinitas! Quantas vezes respirar, quero oferecer-Vos a Paixão e os Sangue de meu Divino Redentor, bem
como os merecimentos de todos os Santos, para a salvação do mundo inteiro e em satisfação dos pecados
que se cometerem. – Toda a vez que bater no peito, quero amaldiçoar e detestar cada um dos pecados
cometidos desde o princípio do mundo, e quisera poder repará-los com o meu sangue! Finalmente, a cada
movimento das mãos, ou dos pés, ou de qualquer outra parte do corpo, tenciono submeter-me à Vossa
santíssima vontade, desejando que, de conformidade com esta, se façam todas as coisas! Para que este
meu ajuste nunca mais seja violado, confirmo-o e selo-o com as cinco Chagas de Jesus Cristo e deposito-o
em vossas mãos, ó Mãe da perseverança, Maria!41

40
Ef 5,15
41
Esta fórmula de reta intenção foi feita por São Clemente Maria Hoffbauer, C.S.S.R
CAPÍTULO 3
Músicas Natalinas

I. Adestes Fideles (D. João de Portugal)


Adeste fideles / Laeti triumphantes! / Venite, venite in bethlehem
Natum videte /Regem angelorum
Venite adoremus, Venite adoremus, Venite adoremos Dominum!
II. En, grege relicto, / Humiles ad cunas, / Vocati pastores approperant;
Et nos ovanti gradu festinemus.
Venite adoremus, Venite adoremus, Venite adoremos Dominum
III. Stella duce, Magi / Christum adorantes / Aurum, tus, et myrrham dant munera.
Iesu infanti /Corda praebeamus;
Venite adoremus, Venite adoremus, Venite adoremos Dominum
IV. Cantet nunc hymnos / Chorus angelorum; / Cantet nunc aula caelestium:
"Gloria, gloria / In excelsis Deo!"
Venite adoremus, Venite adoremus, Venite adoremos Dominum
V. Deum de Deo, / Lumen de Lumine, / Gestant puellae viscera,
Deum verum, Genitum non factum.
Venite adoremus, Venite adoremus, Venite adoremos Dominum
VI. Aeterni Parentis / splendorem aeternum, / Velatum sub carne videbimus;
Deum infantem / pannis involutem.
Venite adoremus, Venite adoremus, Venite adoremos Dominum
VII. Pro nobis egenum / et foeno cubantem, / Piis foveamus amplexibus.
Sic nos amantem / quis non redamaret
Venite adoremus, Venite adoremus, Venite adoremos Dominum
VIII. Ergo qui natus / die hodierna / Iesu tibi sit gloria
Patris aeterni / Verbum caro factum
Venite adoremus, Venite adoremus, Venite adoremos Dominum

02. Cristãos, vinde todos (Adestes Fideles)


I. Cristãos, vinde todos, com alegres cantos / Oh! Vinde, oh! Vinde até Belém
Vede nascido, / vosso rei eterno
Oh! Vinde adoremos! / Oh! Vinde adoremos! / Oh! Vinde adoremos o Salvador!
II. Humildes pastores deixam seu rebanho / e alegres acorrem ao rei do céu
Nós, igualmente, / cheios de alegria
Oh! Vinde adoremos! / Oh! Vinde adoremos! / Oh! Vinde adoremos o Salvador!
III. O Deus invisível de eternal grandeza / sob véus de humildade, podemos ver
Deus pequenino, / Deus envolto em faixas!
Oh! Vinde adoremos! / Oh! Vinde adoremos! / Oh! Vinde adoremos o Salvador!
IV. Nasceu em pobreza, repousando em palhas / O nosso afeto lhe vamos dar.
Tanto amou-nos! / Quem não há de amá-lo?
Oh! Vinde adoremos! / Oh! Vinde adoremos! / Oh! Vinde adoremos o Salvador!
V. A estrela do oriente, conduziu os Magos / E a este mistério, envolve em luz
Tal claridade, / também seguiremos
Oh! Vinde adoremos! / Oh! Vinde adoremos! / Oh! Vinde adoremos o Salvador!

03. Noite Feliz (Padre Joseph Mohr, Franz Gruber)


I. Noite feliz, noite feliz!
Ó, Senhor, Deus de amor!
Pobrezinho, nasceu em Belém!
Eis, na lapa, Jesus, nosso bem!
Dorme em paz, ó Jesus! (BIS)
II. Noite feliz, noite feliz!
Ó Jesus, Deus da luz!
Quão afável é o Teu Coração,
Que vieste nascer nosso irmão
E a nós todos salvar! (BIS)
III. Eis que no ar, vem cantar
Aos pastores, os anjos no céu,
Anunciando a chegada de Deus,
De Jesus, Salvador! (BIS)

04. Tu scendi dalle stelle (Santo Afonso)


I. Tu scendi dalle stelle, o Re del cielo,
e vieni in una grotta al freddo e al gelo. (2x)
O Bambino mio divino, io ti vedo qui tremar;
o Dio beato! Ah quanto ti costò l'avermi amato! (2x)
II. A te, che sei del mondo il Creatore,
mancano panni e foco, o mio Signore. (2x)
Caro eletto pargoletto, quanto questa povertà
più m'innamora, giacché ti fece amor povero ancora. (2 volte)
III. Tu lasci il bel gioir del divin seno,
per venire a penar su questo fieno. (2 x)
Dolce amore del mio core, dove amore ti trasportò?
O Gesù mio, perché tanto patir? Per amor mio! (2x)
IV. Ma se fu tuo voler il tuo patire,
perché vuoi pianger poi, perché vagire? (2x)
Sposo mio, amato Dio,
mio Gesù, t'intendo sì! Ah, mio Signore!
Tu piangi non per duol, ma per amore. (2x)
V. Tu piangi per vederti da me ingrato
dopo sì grande amor, sì poco amato!
O diletto - del mio petto,
se già un tempo fu così, or te sol bramo
Caro non pianger più, ch'io t'amo e t'amo (2x)
VI. Tu dormi, Ninno mio, ma intanto il core
non dorme, no ma veglia a tutte l'ore
Deh, mio bello e puro Agnello
a che pensi? dimmi tu. O amore immenso,
"un dì morir per te", rispondi, "io penso". (2x)
VII. Dunque a morire per me, tu pensi, o Dio
ed altro, fuor di te, amar poss'io? **
O Maria, speranza mia,
s'io poc'amo il tuo Gesù, non ti sdegnare
amalo tu per me, s'io nol so amare! (2x)

05. Ó, Noite Divina (Oh, Holy Night – versão)


I. Noite de paz! / Estrelas cintilantes! / Esta é a noite / Em que Jesus nasceu!
Grande escravidão / Do erro e do pecado! /Jesus chegou / E a dor desvaneceu!
Uma brisa de amor / Pra um mundo tão cansado / E da esperança / O fogo se acendeu!
Vinde, ouvir! / Escute a voz dos anjos! /
Ó noite de luz, de amor, / Noite de paz! (2x)
Ó noite de luz, ó, ó, ó noite, ó noite de paz!
II. Em Sua luz, / A fé ilumina / E o coração leva à Gruta / Em Belém!
Pra ver Jesus, / A estrela ainda brilha! / E com os Reis Magos, Pastores também!
O Rei dos reis / Deitado em pobres palhas, / Mas cheio de amor / nasceu pro nosso bem!
III. Veio entre nós / amar sem medida! / Sua lei, o amor! / O Evangelho, a paz!
Toda prisão / do escravo elimina / e no Seu nome / O mal se desfaz!
No ar ouvi, / a doce melodia, / e a esperança / que Sua vinda traz!

06. Nasceu Jesus (O Tannenbaumm – tradicional alemã – versão)


I. Nasceu Jesus, / nasceu Jesus / na Gruta de Belém! (2x)
Jesus é nossa paz e luz! / Jesus é o nosso Sumo Bem!
Há anjos mil, / cantando amém! / Cantemos nós, também!
II. E lá do céu / Jesus desceu / e humilde aqui nasceu! (2x)
A Virgem Mãe, como é feliz, / por ver que Deus por Mãe a quis!
Ó Bom Jesus, / ao Pai conduz / os pobres filhos Teus!

07. Os anjos vêm cantando (Padre Lauro Palu, CM)


Os anjos vêm cantando no céu! Cantando felizes que Cristo nasceu! (BIS)
I. Os pastores levam os seus presentes! / Vão cantando, também estão contentes!
Na esperança falam sua alegria / e encontram Deus feito uma criança / nos braços de Maria!
II. Deus, agora, ao Seu altar nos chama! / Nos convida a vir porque nos ama!
Comunguemos cheios de alegria / Jesus Cristo, feito também pequeno / na Santa Eucaristia!

08. Ah! Se Cante – (Dom Bosco)


Ah! Se Cante em som de júbilo, / Ah! Se cante em som de amor!
É, fiéis, nascido o amável / nosso Deus e Salvador! (bis)
Oh! quão esplêndidas as mil estrelas / e a lua cândida resplendem belas!
Das trevas rasga-se o imenso véu. / Coros seráficos que o céu descerra
Cantam com júbilo: Paz seja à Terra; / outros respondem-lhes: Glória no céu!
Paz querida em nossas almas, / Vem depressa repousar
Entre nós, Menino Deus, / Vos queremos conservar.

09. Vinde, Cristãos! (Tradicional francesa – séc. XVI)


I. Vinde, Cristãos, vinde à porfia! / Hinos cantemos de louvor!
Hinos de paz e de alegria / que os anjos cantam ao Senhor!
Glória a Deus nas alturas!
II. Foi nesta noite venturosa / em que nasceu o Salvador!
Que anjos com voz harmoniosa / deram a Deus o seu louvor!
III. Vinde juntar-vos aos pastores, / vinde com eles a Belém!
Vinde correndo pressurosos: / o Salvador, enfim nos vem!

10. Sonho de Deus (Maria do Carmo S. Ramos)


I. Maria do sonho de Deus, / do sonho mais lindo que é seu.
Do sonho do povo em clamor: / "Que venha Jesus Salvador!".
Sonho lindo, encantador, / esperança, amor e fé.
Sonha Deus libertador / com Jesus de Nazaré.

II. A graça do Pai em Maria, / um anjo de Deus anuncia.


Ao mundo revela Jesus, / o Espírito Santo a conduz.

3. A terra que Deus preparou / acolhe este amor que chegou.


Sinal que nos vem indicar / a casa onde Deus quer morar.

4. As coisas que tecem a vida, / mensagem alegre ou sofrida,


guardava em seu coração, / Maria da contemplação.

5. As marcas de Deus procurando, /montanhas e vales cruzados,


proclamam em seu grande louvor: / Deus lembra a promessa de amor.

11. Sobe a Jerusalém (Waldeci Braga)


I. Sobe a Jerusalém, Virgem oferente, sem igual!
Vai, apresenta ao Pai, teu Menino-Luz que chegou no Natal!
II. E junto à Sua cruz, quando Deus morrer, fica de pé!
Sim, Ele te salvou, mas te ofereceste por nós com tanta fé!
III. Nós vamos renovar este sacrifício de Jesus!
Morte e ressurreição! Vida que brotou de Sua oferta na cruz!
IV. Mãe, vem nos ensinar a fazer da vida uma oblação!
Culto agradável a Deus é fazer oferta do próprio coração!

12. Ó vem, Senhor!


Ó vem, Senhor, não tardes mais! / Vem Saciar nossa Sede de Paz!
1. Ó vem, como chega a brisa do vento, / Trazendo aos pobres justiça e bom tempo!
2. Ó vem, como a chuva no chão / Trazendo fartura de vida e de pão!
3. Ó vem, como chega a luz que faltou / Só tua palavra nos salva Senhor!
4. Ó vem, como chega a carta querida / Bendito carteiro do Reino da Vida!
5. Ó vem, como chega o filho esperado / Caminha conosco Jesus Bem amado!
6. Ó vem, como chega o Libertador / Das mãos do inimigo nos salva Senhor

S-ar putea să vă placă și