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Os réus Antonio e Rosimael são acusados de tentativa de furto qualificado por tentarem arrombar um caixa eletrônico usando uma chave de fenda. Eles alegam que estavam tentando recuperar R$500 que ficaram retidos na máquina, mas o Ministério Público não aceita essa justificativa e pede sua condenação. Cabe ao juiz decidir se eles devem ser condenados ou absolvidos.
Descriere originală:
Direito Previdenciário CPV 2
Titlu original
TÉCNICA DE SENTENÇA - CPV C - DIA 22.08.2019 - SESSÃO I
Os réus Antonio e Rosimael são acusados de tentativa de furto qualificado por tentarem arrombar um caixa eletrônico usando uma chave de fenda. Eles alegam que estavam tentando recuperar R$500 que ficaram retidos na máquina, mas o Ministério Público não aceita essa justificativa e pede sua condenação. Cabe ao juiz decidir se eles devem ser condenados ou absolvidos.
Os réus Antonio e Rosimael são acusados de tentativa de furto qualificado por tentarem arrombar um caixa eletrônico usando uma chave de fenda. Eles alegam que estavam tentando recuperar R$500 que ficaram retidos na máquina, mas o Ministério Público não aceita essa justificativa e pede sua condenação. Cabe ao juiz decidir se eles devem ser condenados ou absolvidos.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
-EMERJ-
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A
CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROGRAMA DO CURSO
CPV C 2 2019 – TÉCNICA DE SENTENÇA
As aulas do módulo serão ministradas nas seguintes datas: 22/8, 23/9 e
21/10.
SESSÃO I: Dia 22/8/2019 - 18h às 19h 50min
Prof. Dr. Francisco Emilio de Carvalho Posada
TEMA: Direito Penal. Furto. Tentativa. Art. 155, § 4º, I e IV, do Código Penal.
CASO CONCRETO:
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ofereceu denúncia
em face de Antonio e de Rosimael, narrando que, no dia 20 de janeiro de 2018, por volta das 14h25min, no interior da agência bancária San Andres, situada na Rua México, no Centro do Rio de Janeiro, os denunciados, livres e conscientemente, em concurso de ações e desígnios, mediante arrombamento, tentaram subtrair quantia de dinheiro do caixa eletrônico pertencente à instituição financeira. O Ministério Público afirma que os policiais militares Anderson e Otávio encontravam-se em patrulhamento pela localidade mencionada, ocasião em que tiveram a atenção despertada para os denunciados, que se encontravam no interior da aludida agência bancária e mexiam no caixa eletrônico. Ato contínuo, narra o Ministério Público, os agentes de autoridade abordaram os denunciados, momento em que estes levantaram as mãos e disseram: "perdi, perdi". Na ocasião da abordagem, Antonio, no intuito de encobrir a ação, estava de pé, parado ao lado do Rosimael, enquanto este estava abaixado e desmontava um dos caixas eletrônicos, por meio da utilização de uma chave de fenda. No momento em que aconteceu a abordagem, Rosimael já havia retirado a placa de fibra e o dispenser que dá acesso ao noteiro, porém, não havia retirado ainda nenhuma quantia de dinheiro. Dessa forma, o crime não se consumou, por circunstâncias alheias à vontade dos agentes, em virtude de os policiais militares terem interceptado a empreitada criminosa em tempo. O Ministério Público, pelos motivos expostos, afirma que Antonio e Rosimael encontram-se incursos nas penas do art. 155, §4º, I e IV, c/c art. 14, II, todos do Código Penal, e, por conseguinte, vem requerer a condenação dos denunciados, tendo em vista a mencionada tipificação. Em resposta à acusação, os acusados defendem a impossibilidade de o fato ser tipificado como pretende o Ministério Público, uma vez que a conduta narrada poderia caracterizar um crime impossível, de acordo com o art. 17 do Código Penal, ou, no máximo, o crime de dano, previsto no art. 163 do Código Penal. Alegam que em poder dos acusados foi encontrada apenas uma chave de fenda. Por isso, não seria razoável sustentar que esse meio seria idôneo para danificar uma máquina segura e moderna, de forma a propiciar o alcance das gavetas onde fica armazenado o dinheiro dos caixas. Na realidade, alegam que, embora o número de furto a caixas seja elevado, verificam-se em todos os casos o uso de maçarico ou explosivos. Os acusados aduzem que, de fato, foram presos quando estavam violando o caixa eletrônico com uso de uma chave de fenda, mas a denúncia não apresenta verdades, na medida em que Antonio e Rosimael pretendiam buscar dinheiro que lhes pertencia, porque, algum tempo antes, a namorada do acusado Rosimael havia tentado sacar R$ 500,00, quantia que acabou ficando retida no caixa eletrônico. Os acusados defendem, em relação relação ao crime de dano, a inexigibilidade de conduta diversa, na medida em que não poderiam deixar no local o dinheiro que ficara retido. Portanto, estaria afastado o conceito analítico de crime, em virtude da não subsistência da culpabilidade. Por esses motivos, Antonio e Rosimael pedem a absolvição, em virtude da inexistência de crime, por absoluta ineficácia do meio, e, caso se entenda diferente, pedem a desclassificação para o delito previsto no art. 163 do CP. Em caso decondenação, sustentam que a pena base deve ser aplicada no mínimo legal, com a diminuição em 2/3 pela tentativa, já que o delito estava longe da consumação. Pedem, outrossim, o sursis previsto no art. 89 da Lei n. 9.099/95 e, subsidiariamente, pedem a substituição da pena por restritivas de direitos e/ou multa. Em juízo, o policial Anderson disse: "que estava em patrulhamento, quando passaram pela agência bancária e desconfiaram de duas pessoas; que uma estava posicionada de frente para porta, como se estivesse tapando, e o outro próximo ao caixa eletrônico; que, no momento em que desceram, efetuaram a abordagem e constataram os danos do caixa, a placa de fibra e o dispenser; que solicitaram que eles saíssem; que isolaram o local e os encaminharam à autoridade da 5ª DP; que viram uma chave de fenda; que os acusados não ofereceram resistência à abordagem; que a placa de fibra é inteiriça, pois forma a estrutura do caixa; que a placa de fibra estava quebrada, e o dispenser estava pendurado e quebrado; que foi solicitada uma perícia para o local." Em juízo, o policial Otávio disse: "que ele e o policial Anderson passavam pela México, quando viram dois sujeitos em atitude suspeita dentro da agência bancária; que um estava abaixado, e o outro o encobria; que um deles mexia no caixa eletrônico; que quando entravam na agência os acusados não resistiram à prisão; que o caixa estava destruído, com a parte de plástico quebrada e arrancada; que nada havia sido subtraído; que com um deles havia uma chave de fenda de mais ou menos uns quarenta centímetros; que o local foi resguardado; que aquela capa de plástico que dá acesso à capa do noteiro tinha sido arrancada para facilitar o acesso às gavetas". Em juízo, Rosimael disse: "que realmente tentou abrir o caixa, porque a sua namorada foi sacar um dinheiro, e o dinheiro ficou enroscado na máquina; que ela tinha ido sozinha à agência bancária; que, quando tentou abrir para pegar o dinheiro, este não saiu; que chamou Antonio para acompanhá-lo até a agência; que, depois que foi preso, acabou perdendo o contato com a antiga namorada e não sabe mais onde encontrá-la; que apenas abriu o 'negocinho' de plástico para ver se o dinheiro estava preso ali; que colocou a chave de fenda e abriu um pedaço de plástico, onde saem as notas; que conseguiu abrir, mas o dinheiro não estava lá; que retornou ao local mais ou menos meia hora após o ocorrido; que era domingo e a agência estava vazia; que a sua antiga namorada havia tentado sacar R$ 500,00". Em juízo, Antonio disse: "que estava no local, porque Rosimael havia pedido ajuda, porque a namorada dele havia tentado fazer um saque, mas o dinheiro tinha ficado preso no caixa eletrônico; que Rosimael pegou a chave de fendas e puxou a frente do caixa para tentar pegar o dinheiro; que, quando ele colocou a chave de fenda o plástico quebrou; que não era possível o acesso ao dinheiro; que a polícia apareceu logo em seguida; que já conhecia Rosimael há algum tempo; que depois da prisão soube que a namorada de Rosimael não quis mais saber dele; que não estava presente quando ela tentou sacar o dinheiro". O Minstério Público, em alegações finais, afirma que a autoria e materialidade delitiva encontram-se plenamente demonstradas, tendo em vista o conjunto probatório colhido nos autos, em especial pelo RO, pelo Auto de Apreensão, pelo Laudo de Exame em Local, pelo Laudo de Exame de Material,bem como pelos relatos das testemunhas. Afirma o Ministério Público que o relato dos acusados de que se dirigiram a uma agência com o objetivo de retirar os R$ 500,00, pertencentes a uma senhora que não pode ser encontrada, que seria a suposta namorada de Rosimael, é inaceitável. Dessa forma, as justificativas usadas pelos acusados não são aceitáveis. Além disso, é de conhecimento de todos que havia meios adequados para que o suposto problema fosse sanado. Por esses motivos, o Ministério Público requer que seja julgada procedente a pretensão punitiva estatal, com a consequente condenação dos acusados Antonio e Rosimael, nos exatos termos da denúncia oferecida. Antonio e Rosimal, em alegações finais, sustentam que os interrogatórios demonstram a inexistência do dolo de furto, pois os acusados buscavam valores que lhes pertenciam, aliás, por meio do instrumento utilizado, decerto o crime seria impossível. Em relação ao crime de dano tentado, que seria a tipificação correta, haveria de ser reconhecida a inexigibilidade de conduta diversa. Os acusados alegam, por derradeiro, que o Ministério Público não demonstrou a autoria nem a materialidade, pois os policiais militares não podem servir de testemunhas, motivo pelo qual mantêm o pedido de absolvição nos moldes do exposto na resposta à acusação. Decisão, de fls. 70, concede liberdade provisória aos acusados. Decisão, de fls.73-78, recebeu a denúncia e determinou a citação dos acusados. Laudo de Exame em Local, de fls.154-156. Laudo de Exame Material, de fls. 159. Elabore a sentença sem relatório.
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