Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
CAMPINA GRANDE - PB
SETEMBRO 2018
Como Lowy (1994) explica as diferentes concepções positivistas sobre a ciência?
Assim, a ciência positiva para o autor deveria seguir as leis naturais, pois o
estudo cientifico deveria ter um caráter invariável, objetivo e neutro, não podendo o
pesquisador lançar mão de julgamentos ou ideologias durante suas análises, correndo o
risco de se ater a preconceitos.
O primeiro teórico citado por Lowy é Condorcet e dizendo que para ele a ciência
econômica e política pode ser estudada pelo método das ciências da natureza, com o
intuito de se afastar das “paixões” que podem atrapalhar os estudos científicos. É um ideal
de neutralidade na ciência, “sem interesses e paixões” (LOWY, 1994, p. 19).
Outro teórico mostrado em seu texto é o S. Simon, que assim como Condorcet
acreditava na neutralidade da ciência política assim como na ciência natural, mostrando-
se objetiva, chamando o corpo social de “filosofia social, constituída pelos fatos materiais
que derivam da observação direta da sociedade” (LOWY, 1994, p.21).
Já para Comte, tido como fundador do positivismo, a ideia de estudo das ciências
sociais como ciências naturais ainda permanece, de modo que os estudos políticos,
econômicos e sociais deveriam ser semelhantes aos astronômicos, físicos, químicos e
fisiológicos, submetidos a testes e observações que o comprovassem como sujeitos
2
invariáveis, sendo um estudo fixo e homogêneo, em que estudos da ciência da natureza e
do homem são ramos do mesmo tronco. (LOWY, 1994, p. 23 e 24)
Lowy traz também as ideias de Max Weber que, segundo qual, não pode ser
considerado positivista, mas traz em sua teoria uma convergência com a positivista: a
necessidade de neutralidade das ciências sociais. Sua teoria de Wertbeziehung traz a
historicidade e o positivismo entrelaçados, assim Weber fica entre o determinismo social
de Durkheim e as teorias marxistas. Já a teoria de “Wert-freiheit (neutralidade axiológica
sem julgamento de valor) das respostas é de orientação positivista. O resultado desta
dualidade é, em nossa opinião, uma contradição irresolvível no próprio coração de sua
teoria da ciência.” (LOWY, 1994, p. 37). Assim, para Weber é preciso distinguir o que
era julgamento de fato e julgamento de valor e assim definir o que era a não-dedução dos
fatos a partir dos valores e a não-dedução dos valores a partir dos fatos. Ainda, o autor
defende que os pressupostos das ciências culturais são subjetivos, mas não quer dizer que
os resultados de pesquisa sejam subjetivos também, o interesse do estudo muda de um
3
cientista para o outro, mas “as conclusões da investigação empírico-causal deveriam ser
aceitáveis e, nesse sentido, objetivas” (LOWY, 1994, p. 19).
Karl Popper é o último teórico positivista a ser abordado por Lowy. Assim como
Weber, Popper reconhece o caráter necessário dos pontos de vistas preliminares ou
pressupostos, mostrando assim que uma ciência não é um conjunto de fatos, defendendo
assim o ponto de vista de seu pesquisador assim como os seus interesses. Contudo,
diferentemente de Weber, Popper não tenta vincular esses pontos de vista as
configurações históricas e socioculturais, indo de encontro com os pressupostos que
tentam ligar a sociologia do conhecimento aos pressupostos cognitivos de grupos ou
classes sociais. (LOWY, 1994, p. 49). Popper traz originalidade para o campo quando
afirma que não basta a vontade e reconhecimento individual do cientista para trazer a
objetividade cientifica, fugindo assim dos preconceitos, no entanto a crítica feita pelo
autor a essa dificuldade de afastar-se dos preconceitos é tecida acerca dos sociólogos do
conhecimento (marxismo). O autor ainda permanece na continuidade da tradição de ver
a ciência social sem distinção da ciência natural, retomando assim a ideia de
“autodesidelogização” do cientista. (LOWY, 1994, p. 51).