Sunteți pe pagina 1din 34

Foram mais de 40 anos de liderança

espiritual e administrativa entre as

Samuel Nelson
Assembleias de Deus, pregando,
visitando, indicando pastores para
Nels Nelson foi um missionário sueco que assumir o trabalho em campos de Norte
Samuel Nelson é dedicou a sua vida à evangelização do Brasil. a Sul do país, assumindo algumas vezes
filho do missionário Desde 1921, foram 42 anos de trabalhos a direção de trabalhos, viajando em
Nels Nelson e autor da obra ininterruptos no norte, nordeste e sul do país. embarcações fluviais (as zhatas) sobre
Nels Nelson: o Apóstolo Seu ministério foi decisivo para a propagação da o rio Amazonas, indo ao Maranhão,
Pentecostal Brasileiro. fé pentecostal no Brasil, e, por sua dedicação, Piauí, Ceará, Mato Grosso, a territórios
zelo e frutos, ele é considerado o apóstolo e ao arquipélago de Marajó.
pentecostal brasileiro.
Isael de Araujo
Do mesmo autor de Nels Nelson: o Apóstolo Dicionário do Movimento Pentecostal
Pentecostal Brasileiro, seu filho, Samuel Nelson,
fez desta obra uma compilação de diversos
estudos dados por Nels Nelson nas tradicionais

Estudos Bíblicos de Nels Nelson


Escolas Bíblicas Estaduais durante toda a
sua vida ministerial.
Samuel Nelson

1ª Edição

Rio de Janeiro
2019
Todos os direitos reservados. Copyright © 2019 para a língua portuguesa
da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho
de Doutrina.

Preparação dos originais: Cristiane Alves


Revisão: Miquéias Nascimento

Capa: Wagner de Almeida


Projeto gráfico e editoração: Anderson Lopes / Leonardo Engel

CDD: 240 – Moral cristã e teologia devocional


ISBN: 978-85-263-1877-9

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida,
edição de 2009, da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.

Para maiores informações sobre livros, revistas, periódicos e os últimos


lançamentos da CPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br.

SAC — Serviço de Atendimento ao Cliente: 0800-021-7373

Casa Publicadora das Assembleias de Deus


Av. Brasil, 34.401, Bangu, Rio de Janeiro – RJ
CEP 21.852-002

1ª edição: 2019
Tiragem: 3.000
Dedico aos meus queridos pais,
Nels Julius Nelson e Lydia Rodrigues Nelson,
de saudosa memória.
A
Agradecimentos

A Deus, sempre em primeiro lugar, pela sua grande misericórdia em dar-me


graça, sabedoria, saúde e disposição para continuar pesquisando, entrevistando,
rascunhando, catalogando, escrevendo e dar início a este livro com estudo bíblicos
— uma obra que versa sobre os 42 anos da vida ministerial do meu inesquecível
pai, missionário Nels Julius Nelson, que deu não apenas a sua mocidade, mas toda
a sua vida pela salvação das almas em nosso Brasil, principalmente na Amazônia.
E pelo desenvolvimento da Casa Publicadora das Assembleias de Deus, que tem
demonstrado claramente com sua conduta e perseverança grande interesse para que
a memória dos missionários pioneiros pentecostais continue viva na lembrança dos
membros de nossa amada denominação em nosso querido Brasil.
Agradeço especialmente minhas queridas irmãs Esther e Ruth, por terem o
cuidado de guardar esses estudos bíblicos enquanto eu residia na Suécia; a irmã
Maria Lúcia do Espírito Santo Fonseca, pela ajuda espontânea e gratuita que me
deu em toda a editoração deste livro.
Gostaria também, aproveitando esta oportunidade, de agradecer ao irmão Ronal-
do Rodrigues, Diretor Executivo da CPAD, que abriu as portas da Casa dando-me
transito livre para que eu pudesse, por diversas vezes, fazer minhas pesquisas.
Agradeço também aos demais funcionários da CPAD que de uma forma ou
outra colaboraram comigo, assim como também em orações sempre que necessito
quando adoeço.
Fiquei deveras maravilhado em ver o franco progresso da CPAD, tendo a frente
o Diretor Executivo Ronaldo Rodrigues, já que conheci a empresa em 1951 até
1961 ainda na Rua São Luiz Gonzaga. Quando voltei da Suécia, já estava instalada
em Vicente Carvalho e agora no bairro de Bangu. Que prédios maravilhosos, que
estrutura com amplos espaços para todos trabalharem.
Agora a CPAD está se expandindo de tal forma que já está em Portugal, Ingla-
terra, Estados Unidos, etc.
Só lamento que meu pai não esteja vivo para ver essa grandiosa obra. Não só
ele, mas todos os demais irmãos que ajudaram a começar ou darem continuidade
a essa obra de Deus.
Antigamente, eram pastores que gerenciavam a CPAD, agora o tempo mostra
que finalmente acertaram colocando um Diretor Executivo que soube dividir as
tarefas e escolher os demais gerentes com as devidas especialidades necessárias.
Agradeço a Deus por tudo, bem como pelo zelo e apoio que o presidente da
CGADB, pastor José Wellington Costa Júnior vem dando à CPAD.

Samuel Nelson

8
Reflexões

Preciso manter meu coração e minha mente livres de


ressentimentos para que eu possa estar preparado para apresentar-
me diante de Deus e de sua Igreja com a mensagem de sua Palavra.
Pois como poderei receber algo de Deus estando eu com o coração
cheio de coisas estranhas?

Nels Julius Nelson


Homenagem
Faço deste livro uma homenagem aos meus
amados filhos Elizabeth, Regina, Tony, Helena
e Tommy, que me dão alegria e amor.
SUMÁRIO
S
Dedicatória................................................................................. 5
Agradecimentos........................................................................... 7
Reflexões..................................................................................... 9
Homenagem...............................................................................11

1. A Igreja de Cristo.................................................................. 15
2. A Operação na Igreja de Cristo pelos
Dons do Espírito Santo......................................................... 23
3. A Necessidade de “Fogo”...................................................... 29
4. A Oração e o Voto de Davi.................................................... 31
5. A Pessoa do Espírito Santo................................................... 33
6. A quem Quereis Servir? ....................................................... 41
7. As Profecias.......................................................................... 43
8. Atos dos Apóstolos................................................................ 45
9. A Conversão de Saulo........................................................... 57
10. Cadeia de Reação Espiritual............................................... 63
11. Concernente aos Dons Espirituais....................................... 65
12. Cristo, o nosso Modelo....................................................... 67
13. Cumprimento do Espírito.................................................... 73
14. Como Segurar a Santificação.............................................. 75
15. O Uso da Palavra “Santo” no Novo Testamento................. 77
16. Santificação = Separação.................................................... 79
17. Efusão Espiritual................................................................. 81
18. Encontrada a Casa de Abraão............................................. 83
19. Epístola aos Hebreus........................................................... 87
20. Gênesis 37........................................................................... 97
21. 2 Pedro.............................................................................. 105
22. Israel.................................................................................. 107
23. Período Interbíblico.......................................................... 127
24. Reino Messiânico.............................................................. 131
25. Milênio.............................................................................. 135
26. Jesus e sua Divindade....................................................... 137
27. O Caráter de Jesus............................................................. 139
28. Levítico............................................................................. 147
29. Na Seara do Senhor........................................................... 151
30. Neemias 1.1-4................................................................... 153
31. Oração Respondida........................................................... 157
32. Preparado para o Trabalho................................................ 159
33. Perseverança no Meio da Oposição.................................. 161
34. Ninguém o Convidou para Vir.......................................... 163
35. O Assunto do Trabalhador................................................ 167
36. O Espírito Despertado....................................................... 175
37. O Espírito Santo................................................................ 177
38. Os Adversários.................................................................. 179
39. O Futuro Distinto dos Crentes.......................................... 181
40. Notas Acerca do Reino...................................................... 185
41. O Governo de Deus e os seus Cooperadores.................... 187
42. O Governo no Novo Testamento...................................... 205
43. O Grande Dia de Expiação............................................... 209
44. O Inimigo do Trabalhador................................................. 213
45. O Novo Nascimento.......................................................... 217
46. O Privilégio do Obreiro.................................................... 221
47. Ofício Sacerdotal.............................................................. 227
48. O Segredo do Sucesso no Trabalho do Senhor................. 237
49. O Nazireu.......................................................................... 241
50. Os Planos de Salvação de Deus da Eternidade................. 251
51. Primeira Epístola aos Coríntios........................................ 255
52. Profetas e outros Homens Espirituais
Chamados Homens de Deus............................................. 279
53. Santificação....................................................................... 283
54. Sombras do Evangelho..................................................... 287
55. Testemunhas do Senhor.................................................... 299
56. Tipos de Cristo em Gênesis.............................................. 301
57. Três Dias e Três Noites..................................................... 305
58. Haverá Seres Humanos em outros Planetas?.................... 309
59. Vida Eterna e Galardão..................................................... 311
60. De Samuel Nyström para Nels Nelson quando
este completou 50 anos de idade...................................... 319

14
CAPÍTULO 1
A Igreja de Cristo

A Igreja de Cristo não é uma casa sem governo, onde cada um faz como
quer e onde existem tantas opiniões como há membros. Não! Há uma ca-
beça, e esta é Cristo, e Ele planeja, dirige, providencia, corrige e faz a sua
obra crescer. Não há outro Senhor; e ainda que Ele esteja assentado sobre
o trono no céu, está conosco até a consumação dos séculos.
Os apóstolos afirmam que Cristo, depois da ascensão, tomava parte na
sua obra e governo. Está escrito: “Enquanto isso acrescentava-lhes o Senhor,
dia a dia, os que se iam sendo salvos” (At 2.47, ARA). “Pela fé em o nome
de Jesus, é que esse mesmo nome fortaleceu a este homem que agora vedes
e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita
na presença de todos vós” (At 3.16, ARA).
Os discípulos oram para que milagres e prodígios aconteçam em nome de
Jesus (At 4.30). Sobre o contínuo crescimento de crentes, a Escritura diz: “Cada
vez mais se agregavam crentes ao Senhor”. Os apóstolos eram só despensei-
ros e testemunhas de Cristo e das coisas do Reino de Deus. Jesus revelou-se
a Estevão confortando o seu servo que sofreu o martírio. O Senhor falou a
Ananias para visitar Saulo em Damasco, pôs-se ao lado de Paulo na cidadela
de Jerusalém e falou-lhe depois de ter sido preso e apresentado ao Sinédrio.
O Senhor age do seu trono; por isso, Ele mandou o Espírito Santo para
que não fôssemos deixados órfãos; antes, por Ele, fôssemos consolados,
ensinados, conhecedores de Jesus, guiados, revestidos e para que por Ele
Cristo fosse glorificado (Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.13,14; At 1.8).
Estudos Bíblicos de Nels Nelson

Desse modo, a igreja onde Jesus Cristo é exaltado como Senhor e o


Espírito Santo é aceito como diretor e é obedecido ocupa o lugar designado
por Deus nesta dispensação. Existem muitas igrejas que estão fora do lugar
espiritual, que se chamam cristãs, mas que estão iguais à Igreja de Sardes,
ou seja, perecendo ou à morte. Já outras igrejas estão como a de Laodiceia,
onde o Senhor estava fora batendo à porta dos que tinham ouvidos para
ouvir a voz do Espírito e oferecendo privilégios para os que o desejassem
e abrissem-lhe a porta.
O governo de Cristo, o Sumo Sacerdote do povo de Deus na Nova Aliança,
é efetuado pelo mesmo Agente diretor e executor que operava com Cristo
quando Ele andava sobre a terra, isto é, o Espírito Santo (cf. Lc 4.1,14,18).
Esse governo foi anunciado por Cristo como provindo do Pai quando disse:
“[...] rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco
para sempre” (Jo 14.16).
O citado governo nunca será mudado enquanto durar a dispensação.
Muitas pessoas, até mesmo teólogos, quando tratam desse assunto, querem
limitar as manifestações do Espírito Santo para certo tempo ou tempos,
como quando ao período em que os apóstolos viviam sobre a terra. Há
outros que limitam as manifestações a certo avivamento que ocorrerá antes
do começo do reino milenial. Estes, porém, não veem o absurdo em que
incorrem pela incredulidade dos seus corações, limitando o Espírito Santo
a certas manifestações inteligíveis ao homem, enquanto desprezam outras
como sendo desnecessárias ou não compatíveis com os tempos atuais.
Presumem, assim, que o Espírito Santo, que é Deus, está acorrentado a
opiniões duma sabedoria que é humana e que exalta os valores da cultura
e do intelecto do homem destituído da glória de Deus. Seguindo tais opi-
niões e transformando-as em dogmas, os homens tornam-se insubmissos
ao Espírito Santo, o diretor e executor de Cristo na Igreja, julgando-se
mestres e guias. Eles não entram e nem deixam os outros entrarem no
domínio do Espírito Santo, faltando-lhes, dessa forma, a visão celestial;
por isso, laboram pensamentos e caminhos tão diferentes aos de Deus e,
assim como o céu está mais alto que a terra, essas pessoas são verdadeiras
“estrelas errantes” que fazem os outros pecarem e, no seu atrevimento e
obstinação, caluniam as coisas espirituais. Apesar disso, ignoram que,
“na destruição que fazem certamente serão destruídos”, como dizem os
apóstolos Pedro e Judas em suas epístolas.
Se estudarmos o livro de Atos dos Apóstolos — ou como era chamado no
segundo para o terceiro século, o Atos, e, neste título, seguido por um dos
mais eminentes editores dos textos gregos do Novo Testamento, Tiochendorff
(1815–74), que, no século passado, fez a descoberta do Codex Simaitico em
1859, um dos documentos bíblicos mais importantes, sendo assim chamado
pelo lugar onde foi encontrado —, veremos que o Espírito Santo é o diretor
16
A Igreja de Cristo

e executor das obras narradas neste livro. Em função disso, muitos acham
que o nome do livro deveria ser Atos do Espírito Santo.

A Responsabilidade e a Obra do Espírito Santo no Governo


Hierárquico de Cristo na sua Igreja
Muitos têm perdido a visão do Espírito Santo como uma pessoa a
quem foi entregue a parte importante de oferecer consolo, de agir como
advogado ou defensor e de dirigir o avanço triunfal da igreja sobre a terra.
Estes veem nEle mais um elemento ou influência benéfica que pode ser
aproveitado em tempos de emergência e que se pode limitar como for con-
veniente em certas ocasiões não oportunas. Muitos querem aproveitar-se
do Espírito Santo como um elemento e esquecem-se de que Ele é Deus.
Quantas igrejas não têm as suas portas e janelas fechadas e não deixam o
Espírito Santo ocupar o lugar que lhe é reservado por Cristo.
Certa ocasião, estava eu sentado num grande templo quando vi uma pom-
ba tentando entrar no recinto, mas as janelas estavam bem fechadas, e todo
o esforço que ela fez foi em vão, pois os vidros impediam a sua entrada. O
incidente chamou-me a atenção, porque há muitas igrejas que estão com as
janelas espirituais fechadas e não deixam o Espírito Santo, que veio sobre
Jesus em forma de pomba, entrar e ter o lugar que lhe pertence. Estão cercadas
de vidro que impedem a entrada do sopro do Espírito que dá vida. Enquanto
procuram conservar a forma, a ética e a estética, estão como aqueles museus
em que podemos ver vidros que conservam animais em álcool ou formol —
eles não perderam as suas formas e suas cores, mas, sim, a vida.
Com a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, formou-se a
Igreja, o Corpo de Cristo, e como Paulo diz em 1 Coríntios: “Em um só
Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (12.13, ARA). Essa
unidade é uma realidade surpreendente quando, entre os membros da igreja,
existe diversidade de raças, de posição social, de instrução e costumes,
mas é o mesmo Espírito que domina e opera em todos.
A unidade e a perseverança em esperar a promessa do Pai fez com que todos
os discípulos de Jesus reunidos ficassem cheios do Espírito Santo. A unidade
do domínio é clara. Os discípulos não usavam expressões extáticas desconexas
de galileus, num dialeto provincial, mas diversas línguas bem conhecidas deste
povo disperso, que estava reunido no Pentecostes em Jerusalém, que andara
e vivera entre todas as nações vizinhas e outras muito distantes.
Pelo domínio do Espírito Santo, a diversidade de pessoas funde-se
numa unidade completa, e a unidade perfeita da Igreja manifesta-se em
diversidades múltiplas que servem a um mesmo alvo que se torna um
conjunto harmonioso.
17
Estudos Bíblicos de Nels Nelson

O apóstolo Pedro não foi um agente do Senhor no dia do Pentecostes,


mas ele e os 11 apóstolos foram instrumentos usados pelo Espírito Santo.
Em Atos 4.25-29, Pedro e João voltaram da prisão e, reunidos com os
seus, oraram: “[Senhor]... por intermédio do Espírito Santo, por boca de
Davi, nosso pai, teu servo. Senhor... concede aos teus servos que anunciem
com toda a intrepidez a tua palavra” (ARA).
Davi não era o agente e muito menos o autor do segundo Salmo, pois
os que oraram também declararam que as palavras eram do Senhor, que o
agente era o Espírito Santo e que o instrumento era a boca de Davi. Assim
também diziam os apóstolos, uma vez que não tinham maior pretensão do
que servir como boca para exaltar o nome sobre todo o nome. Os verdadeiros
servos do Senhor agem dessa maneira. João Batista, por exemplo, estava
satisfeito por ser uma voz que clamava no deserto sem tornar-se notável
entre os homens.
Muitas passagens das Escrituras confirmam a personalidade do Espírito
Santo. Pedro acusou a Ananias e Safira de mentirem contra o Espírito Santo;
os apóstolos disseram: “Nós somos testemunhas acerca destas palavras,
nós e também o Espírito Santo” (At 5.32; 20.23). O Espírito Santo aponta
e comissiona missionários (At 13.2), dirige ministros para onde deviam ir e
pregar, detendo-os para não seguirem os seus próprios caminhos (At 8.29;
10.19; 16.6,7).
As palavras do Espírito Santo são resistidas pelos corações endurecidos,
mas são para conforto dos que caminham no temor do Senhor (At 7.51; 9.31).
O concílio de apóstolos, presbíteros e a igreja em Jerusalém chegaram a
uma resolução unânime quando o bom parecer do Espírito Santo venceu a
grande discussão (15.7,28). Não sabemos como o parecer do Espírito Santo
foi revelado, mas havia diversos dons e ministérios do Espírito por meio
dos quais o seu parecer deve ter sido revelado, e não por votação da maioria
como os homens fazem.
O livro dos Atos dos Apóstolos revela-nos a importância do governo
divino na Igreja Primitiva e termina com um versículo para o qual ainda
haveria continuação, e creio que o Espírito Santo deixou Lucas assim, sem
mencionar a morte dos principais apóstolos, porque a obra é do Espírito Santo
e ela não terminaria com os apóstolos e ainda não terminou. Os homens
eminentes em Teologia em geral apreciam mais a sua própria exegese das
Escrituras e o governo que lhes apraz do que a interpretação do governo do
Espírito Santo, que exige ouvido aberto como discípulo, e não de mestre, e
a submissão para andar por fé, e não por vista.
Muitos crentes vivem uma vida espiritual, mas quando se trata do
governo da igreja, não veem o lugar do Espírito Santo, uma vez que pro-
curam o saber e a experiência dos homens, e é por isso que encontramos
tantas divergências no meio do cristianismo. Como tem havido homens
18
A Igreja de Cristo

que se têm salientado como ministros do evangelho, em parte, uns têm-se


firmado mais e outros menos da Palavra revelada; já outros têm seguido
algum ramo da evolução histórica no cristianismo e, dessa forma, uns
têm-se embaraçado mais e outros menos no crescimento espiritual, por
não permitirem que o Espírito Santo tenha o seu lugar.
O livro dos Atos revela-nos que o Espírito Santo ocupou e deve ter o
lugar preeminente em tudo o que se relaciona com a escolha de ministros,
preparo, ordenação, direção, evangelização, confirmação, correção e cres-
cimento da igreja.
Cristo é o Sumo Sacerdote no céu sobre o trono; mas na Terra, no santuário
de Deus, os remidos lavados, os santificados e os justificados são santificados
pelo Espírito Santo, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis (1
Pe 1.2; Rm 8.26,27). Ele é o Agente operador que reside em cada membro
do Corpo, que liga o Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque
com a geração eleita, o sacerdócio real.
Há muitos que dizem que são de Jesus, mas não aceitam a direção e a
obra do Espírito Santo, agindo, dessa forma, como os escribas e fariseus:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que edificais os se-
pulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos e dizeis:
Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos
com eles para derramar o sangue dos profetas. Assim, vós mesmos
testificais que sois filhos dos que mataram os profetas. Enchei vós,
pois, a medida de vossos pais. Serpentes, raça de víboras! Como
escapareis da condenação do inferno? (Mt 23.29-33)

Não há dúvida de que essa é uma linguagem forte, mas há muitas pes-
soas que querem Jesus de longe, não de perto. Estes não têm o Espírito de
Cristo; por isso, preferem ser mimados como crianças para fazerem a cons-
ciência dormir e terem belos sonhos religiosos. No começo, as concessões
são pequenas, mas, ao final, suas histórias de vida são parecidas com a de
Sansão, que se deixou envolver aos poucos. Eis o estado triste de muitos
que resistiram ao Espírito Santo e à sua obra.

A Importância do Batismo no Espírito Santo no Governo


Hierárquico do Novo Testamento
Para um governo tornar-se harmonioso e próspero, é necessário que
o povo esteja unido ao seu governo e, também, entre si individualmente.
No Antigo Testamento, sob o governo hierárquico aromitico, o povo de
Judá tinha muitas razões de estar unido: o mesmo Deus, a mesma lei e
serviço religioso, a mesma raça, um passado histórico, as mesmas aflições
em cativeiro e, de vez em quando, a ameaça dos povos conquistadores ao
19
Estudos Bíblicos de Nels Nelson

redor. Não existia, contudo, uma união verdadeira em redor do seu Deus e
da sua Lei, pois os interesses da política dos povos vizinhos e dos partidos
religiosos dividiam o povo em facções. Era muito difícil alcançar unidade
entre um povo da mesma raça, Deus, lei, serviço religioso, educação, cos-
tumes, etc. Seria difícil alcançar essa unidade entre um povo, onde a raça,
os conceitos herdados, a educação, as circunstâncias e o modo de vida
divergiam se Deus, em sua sabedoria divina, não tivesse preparado um meio
mais sublime e eficaz do que existia entre o povo do Antigo Testamento.
O Senhor, ao prometer uma Nova Aliança ao seu povo por meio de
Jeremias, diz: “[...] porei a minha lei no seu interior e a escreverei no
meu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão meu povo” (31.33). Se
o ministério da morte, escrito e gravado em pedras, revestiu-se de glória,
como não será mais glorioso o ministério do Espírito? Na Nova Aliança,
encontramos a glória excelente, uma vez que o que nela opera não é mais
um mandamento carnal, cheio de fraqueza, mas, sim, o poder de uma vida
indissolúvel que faz todas as coisas novas, onde temos sido santificados
uma vez para sempre pela oferta do corpo de Jesus Cristo e onde vivemos
na santificação do Espírito para obediência.
Pelo batismo do Espírito Santo, somos o santuário de Deus, onde o
Espírito entrou e habita. Em João 14.17, está escrito: “[...] porque [o
Espírito] habita convosco e estará em vós”. A primeira parte fala da
experiência dos discípulos antes do Pentecostes, e a segunda depois do
Pentecostes. Para preservar essa feliz comunhão, é necessário que nos
lembremos de não pecar contra o Espírito Santo.
Quando Deus habita em nós, modifica todo o nosso interior, pois o seu
amor é derramado pelo Espírito Santo. Ele estabelece um ambiente unitivo,
uma vez que nos foi dado beber de um só Espírito e não há mais sequer
judeus ou gregos, nem escravos ou livres, mas em um só espírito fomos
batizados todos nós em um só corpo (Rm 5.5; 1 Co 12.13).
Deste batismo glorioso no Espírito, veio a nós a unidade que é mais forte
que qualquer outra relação, pois é o amor de Deus que une, e tal unidade está
aconselhada para diligentemente guardar no vínculo da paz (Ef 4.3). Se não
nos enchermos do Espírito, até mesmo as coisas que são lícitas invadirão o
nosso coração, perturbarão a nossa comunhão com Deus e o vínculo entre
os irmãos. A vitória que vence o mundo é a nossa fé, e esta agiu no meio
dos apóstolos, pois eles receberam ameaças e viveram tribulações, mas, ao
suportá-las, ficaram cheios do Espírito Santo (At 4.24-31).
Portanto, o dom do Espírito Santo foi derramado para guardar a unidade
e para haver um governo completo e harmonioso de Cristo em sua igreja.
A descida do Espírito Santo com sinais, tais como houve no princí-
pio, convenceu Pedro, estando na casa de Cornélio, de que não havia
separação de raças na Igreja de Cristo, e ele lembrou-se da palavra do
20
A Igreja de Cristo

Senhor: “João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados
com Espírito Santo” (At 1.5) e, por isso, tendo os que creram recebido
o mesmo dom que os apóstolos receberam na descida do Espírito Santo
no Pentecostes, não resistiu a Deus, mas batizou-os em água. Não foi a
água que os uniu; muitos olham hoje para o batismo da água como união,
outros para a denominação a que pertencem, mas foi o batismo no Espírito
que os uniu; entretanto, ninguém despreze ou ignore o batismo na água
ou as denominações, mas tenhamos sempre em evidência as primeiras
coisas do Reino de Deus, para nunca colocarmos as de menor importância
em primeiro lugar. Lembremo-nos das palavras de Jesus aos escribas e
fariseus: “[...] hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do
cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a
justiça, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas cousas, sem omitir
aquelas” (Mt 23.23).

21
CAPÍTULO 2
A Operação na Igreja de Cristo
pelos Dons do Espírito Santo

A Igreja é de Cristo, e Este a chama de: a minha Igreja. Ninguém pode


chamar Jesus de Senhor senão pelo Espírito Santo, porque só podemos cha-
má-lo Senhor quando, em verdade, o Espírito Santo toma conta do nosso ser.
Quando o Espírito Santo ocupa um coração, Ele não o faz num sentido
passivo, mas distribui a cada um particularmente, segundo o que lhe apraz
para que o crente torne-se vital no domínio de Cristo.
O crente não recebe o poder do Espírito Santo e os seus dons para agir
segundo o seu próprio parecer e para tornar-se importante; por isso, o apos-
tolo Paulo diz: “[...] cada um dentre vós que não saiba mais do que convém
saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus
repartiu a cada um” (Rm 12.3).
A manifestação do Espírito é dada para proveito do Corpo de Cristo, a
Igreja, para que, por meio dela, seja manifesta a multiforme sabedoria de
Deus diante dos principados e potestades nas regiões celestes. Não é uma
erudição humana que atrai glória para si e para aquele que a expõe, mas as
riquezas inescrutáveis de Cristo, ocultas durante séculos em Deus, todavia,
agora, expostas à luz pelos dons e ministérios do Espírito para que Deus e
Cristo sejam glorificados: “Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque
tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida,
seja a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e
Cristo, de Deus” (1 Co 3.21-23).
O homem que der lugar ao Espírito Santo tem de abrir o seu espírito, a
sua alma e o seu corpo para que sejam santificados inteiramente ao Senhor.
Estudos Bíblicos de Nels Nelson

Assim como o homem é trino em seu ser, também podemos distinguir


entre nove dons do Espírito, três grupos, com três dons em cada grupo,
cujos grupos correspondem às três partes do homem. Os dons de sabedoria,
de ciência e de fé correspondem às operações do Espírito sobre a alma; os
dons de cura, de milagre e de profecia são operações físicas; enquanto o
discernimento de espírito, diversidades de línguas e interpretação de línguas
são dons que provam que o Espírito Santo opera no espírito do homem.
O tempo não nos permite entrar detalhadamente neste vasto assunto de
operações do Espírito exposto em 1 Coríntios, capítulos 12–14, mas direi
algo sobre cada grupo:
O primeiro grupo: A sabedoria e a ciência claramente têm relação com a
alma, sede do raciocínio, entendimento, memória, etc. Neste grupo, também
incluímos o dom da fé — não a fé para salvação, mas o dom do Espírito.
Todavia, a fé vem de Deus e, neste ponto, trata-se da fé que faz o impossível,
e isso somente se realiza quando nossa alma está cheia dos pensamentos de
Deus e livre do raciocínio que se move dentro das possibilidades humanas.
O segundo grupo: Curar e realizar milagres são as operações do Espírito
Santo sobre a nossa voz para declarar no nome do Senhor, impor mãos ou
qualquer outra ação que resulta em cura ou milagre. Neste grupo, também
incluímos a profecia, que é a intervenção do Espírito sobre a língua — e não
sobre o intelecto como alguns julgam. Em sua segunda epístola, Pedro diz que
a profecia é dada por Deus a homens que falam movidos pelo Espírito Santo.
O terceiro grupo: Discernimento de espírito nada tem a ver com análise
psicológica, mas é um dom espiritual que alcança o homem, fazendo-o dis-
cernir os espíritos. João disse que muitos falsos profetas tinham aparecido
no mundo.
A diversidade de línguas e a interpretação também são operações do
Espírito Santo sobre o espírito do homem, pois a Escritura diz que “[...] o
que fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém
o entende, e em espírito [o seu próprio espírito] fala de mistérios” (1 Co
14.2). Pois se eu orar em língua, diz Paulo, o meu espírito ora, mas o meu
entendimento não dá fruto. Contudo, ainda que o meu entendimento não
produza fruto, o apóstolo continua: “Orarei com o espírito [em línguas], mas
também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também
cantarei com o entendimento” (1 Co 14.15). Portanto, falar, orar e cantar
com o espírito ou em línguas é um serviço importante que exalta a Deus,
ainda que os que assistem não sejam edificados. Muitos falam do dom de
falar em línguas como o menor dom. Paulo assegura que, na igreja, preferia
falar cinco palavras a dez mil em línguas. O dom de línguas é uma doxolo-
gia a Deus quando o Espírito Santo usa-se do espírito do homem com uma
linguagem ininteligível para dar graças a Deus e falar com Ele em mistérios.
Por isso, essas manifestações e gemidos inexprimíveis ou línguas são um
24
A Operação na Igreja de Cristo pelos Dons do Espírito Santo

culto de adoração de alto grau, e o crente nunca deve impedi-lo. Há pessoas


que acreditam que esse culto de louvor seja infantil, mas quando o povo
clamava “Hosana, ao Filho de Davi” e os sacerdotes indignaram-se, Jesus
respondeu: “[...] nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de
peito tiraste o perfeito louvor?”. Jesus responde continuamente aos que se
indignam por causa das línguas e que zombam dos louvores dos pequenos
e humildes servos.
O dom de línguas tem um lugar importante para edificação da igreja
quando é acompanhado de interpretação. A interpretação da mensagem tem
a mesma importância da profecia.
A diferença entre a profecia e a interpretação de línguas, segundo a minha
própria experiência, é a seguinte: a profecia é o Espírito operando sobre a
língua, dando uma inspiração verbal para consolo momentâneo ou exortação
oportuna; enquanto a interpretação é a mesma operação pelo Espírito Santo
sobre o espírito do homem como as línguas, só que, em lugar de palavras
ininteligíveis, existem palavras que edificam outras pessoas. Aqueles que
têm o dom da interpretação recebem o mesmo assunto sem necessariamente
serem as mesmas palavras. Talvez, quem sabe, a interpretação seja mais no
sentido da mensagem do Espírito do que o próprio verbo.
Falar em línguas sem ser inspirado pelo Espírito Santo é um abuso que
trará resultados fatais para o indivíduo e para a igreja que o tolera. Esse
comportamento nada mais é do que um bronze que soa ou um címbalo que
retine, além de uma usurpação enganosa que acarretará sérias consequências.
Todos os dons são operados por um só e o mesmo Espírito, distribuindo
a cada um particularmente como lhe apraz (1 Co 12.11), regulando as fun-
ções dos membros do Corpo de Cristo de forma que Deus seja exaltado (At
4.24-30), o número de crentes cresça (At 5.12-15) e a igreja seja edificada e
multiplicada (At 9.31). Estimemos igualmente todos os dons, dando-lhes o
seu próprio lugar na igreja e lembrando-nos, contudo, que Deus não é Deus
de confusão, mas de paz, e que é recomendado: “[...] faça-se tudo decente-
mente e com ordem”. Se o crente chegar ao culto esforçando-se para que
o dom que recebeu seja evidente em manifestação, ele, na verdade, quer
chamar atenção para o vaso e poderá tornar-se o maior perturbador do culto
em lugar de honrar aquEle que é Senhor de todas as coisas. Não é o que o
crente quer, mas, sim, o que o Espírito Santo quer. O crente é unicamente
um servo disciplinado que não procura o seu interesse ou glória, mas que
está atento ao Espírito para ouvir as suas ordens e, de igual forma, está
satisfeito, ainda que não tenha oportunidade de servir com o dom recebido.
Caso se precipite, o crente revelará falta de disciplina e de temor e,
talvez, não seja usado pelo Espírito Santo por muito tempo, por isso “não
extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende
o bem (1 Ts 5.19-21).
25
Estudos Bíblicos de Nels Nelson

Os Dons do Ministério no Governo Sacerdotal de Cristo

O governo sacerdotal de Cristo é em muito um contraste do de Arão. Este


oficiava para alcançar mediação, e aquEle está distribuindo benefícios em
virtude de mediação efetuada. O sacerdócio levítico era minoria no povo
de Deus mesmo ocupando um lugar privilegiado por poder aproximar-se
do Altíssimo, enquanto o sacerdócio de Cristo representa todo o povo de
Deus. Em sua primeira epístola, o apóstolo Pedro dirige-se aos israelitas em
dispersão que “[foram regenerados] para uma viva esperança, pela ressur-
reição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1 Pe 1.3). O apóstolo chama-os de
“a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (2.9);
assim sendo, não existe indicação do sacerdócio como uma classe especial
dentro do povo de Deus. O apóstolo João dirige-se às sete igrejas como sendo
os amados de Jesus, os libertados pelo seu sangue, sendo feitos por Ele reis
e sacerdotes. Essa saudação foi dada às igrejas em sua coletividade, e não
dirigida como nos capítulos posteriores aos anjos das igrejas. Não existe
alguma classe privilegiada ou que tenha preferência para aproximar-se de
Deus, pois está escrito: “[...] todos me conhecerão, desde o menor deles até
ao maior” (Hb 8.11).
A denominação de classes clero e leigos é uma perversão perigosa, e
muitos julgam que começou na última parte do primeiro século e que está
mencionada na advertência contra as obras dos nicolaítas significando con-
quistadores do povo, e contra o ensino dos nicolaítas, respectivamente às
igrejas em Éfeso e em Pérgamo. No Corpo de Cristo, não existem classes
de maior ou de menor importância. O que existem são membros que têm
maior responsabilidade no serviço que lhe são entregues e que, por isso,
devem receber a atenção e o respeito exigidos. Os olhos têm maior impor-
tância do que os dentes ou os dedos; assim acontece com os membros no
Corpo de Cristo. Todos têm o seu devido papel e valor em suas funções.
Eles não escolheram o serviço para si, mas foram escolhidos por Cristo,
a Cabeça do Corpo. Jesus disse aos apóstolos: “Não me escolhestes vós
a mim, mas eu vos escolhi e vós, e vos nomeei, para que vades de deis
fruto” (Jo 15.16). Lucas menciona que, depois da ressurreição, Jesus deu
preceitos pelo Espírito Santo aos apóstolos que escolhera e disse: “[...] e
ser-me-eis testemunhas”.
A palavra apóstolo significa enviado, sendo, portanto, aquele que é di-
rigido por alguém mais importante, uma testemunha, que nos faz conhecer
o serviço do enviado. Para efetuar esse serviço, era necessário mais do que
o sopro de Jesus (Jo 20.22). Era necessário o batismo no Espírito Santo
(At 1.5,8). Tem sido fatal para a Igreja o ato de negligenciar a confiança
em Jesus para obter testemunhas chamadas por Ele e batizadas no Espírito
Santo para levar o evangelho aos povos.
26
A Operação na Igreja de Cristo pelos Dons do Espírito Santo

Os 12 Apóstolos

Cristo foi o Apóstolo de Deus para os homens e escolheu, chamou, pre-


parou e mandou os seus enviados ou embaixadores, primeiramente, para as
ovelhas perdidas da casa de Israel para pregar sobre o Reino do céu, curar
os enfermos, ressuscitar os mortos, etc. Depois de Jesus ter sido rejeitado
como Rei e morto pelas autoridades do povo, Ele ressuscitou e estendeu a
sua missão a todos os povos do mundo para fazer discípulos deles.
Havia 12 tribos em Israel. Cada uma tinha o seu príncipe, aos quais lhes
foram prometidos os 12 tronos de julgamento das 12 tribos de Israel na era da
Regeneração. Na santa cidade de Jerusalém que descerá dos céus, o muro terá 12
fundamentos e, sobre estes, os 12 nomes dos apóstolos do Cordeiro, juntamente
com 12 portas. Na Bíblia, a porta é um símbolo de privilégio e responsabilidade.
Por esse motivo, deduz-se que 12 é um número simbólico de governo.
Parece que todos os apóstolos foram galileus (At 2.7) e de classe hu-
milde do povo, iletrados e indoutos (At 4.13). Diversos deles tinham como
ocupação a pesca, que era o serviço rude do mar. Daí Jesus chamou-os para
tornarem-se pescadores de homens e luz do mundo.
Jesus revolucionou inteiramente a ordem das coisas, pois, em lugar de mandar
doutores da lei e, por meio do ensino, estabelecer um domínio farto, Ele mandou
poder e, pela manifestação desse poder, começou raiar luz e conhecimento.
Jesus, cheio de poder e do Espírito Santo, “começou, não só a fazer,
mas a ensinar” (At 1.1). Observe que a ordem egípcia é contrária, pois esta
ensina para só depois fazer, como está escrito: “Moisés foi instruído em toda
a ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e obras” (At 7.22).
Não nos esqueçamos, porém, de que ninguém precisa envergonhar-se do
poder de Deus no evangelho, e foi esse poder que os apóstolos levaram ao
povo. Lembremo-nos do milagre pentecostal que teve como consequência
imediata o sermão que ensinou as razões de tais manifestações de poder: a
cura do coxo, seguido do sermão para o povo e para o Sinédrio (At 3–4);
a morte de Ananias e Safira (At 5.11); a soltura dos apóstolos por um anjo
do Senhor, que resultou em lições oportunas para o Sinédrio e até em uma
opinião tolerante de um dos grandes do Sinédrio (At 5.18-39).
Depois de apagado, o fogo do altar do Capitólio em Roma devia reacen-
der-se por dois modos: (1) por um relâmpago do céu ou (2) por dois pedaços
de madeira friccionados. Jesus prometeu o poder do alto com o batismo no
Espírito Santo e fogo, mas os homens incrédulos na promessa do Senhor
preferem esfregar doutrinas. Assim se cumpre a Palavra que diz: “Estes sem-
pre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos” (Hb 3.10).
Uma das condições para preencher o lugar deixado por Judas era ter
acompanhado Jesus em todo o tempo em que Ele viveu sobre a terra com os
seus discípulos, desde o batismo de João até o dia de ascensão (At 1.21,22).
27
Estudos Bíblicos de Nels Nelson

Outra condição era a de ser testemunha da ressurreição de Jesus para poder


testemunhar do Cristo vivo, que opera e ensina no presente assim como fez
no passado e que continuará a fazer, pois Ele é “o mesmo ontem, e hoje, e
eternamente” (Hb 13.8). Essas qualidades, entretanto, não eram suficientes,
pois a escolha ainda dependia daquEle que conhece os corações, e não dos
apóstolos reunidos e nem de alguma vontade particular.
Os discípulos usaram de um meio para conhecer a vontade do Senhor,
que, para nós, pode parecer vulgar ou deitar sorte. Foi feito, porém, em
consagração por oração e fé dos onze e, além disso, era muito usado em
Israel no Antigo Testamento para conhecer a vontade do Senhor, como na
escolha do bode expiatório para descobrir Acã o seu pecado (Js 7); ou na
escolha de homens para representar Israel no juízo sobre Gibeá (Jz 20.9);
ou mesmo quando Saul foi eleito o primeiro rei em Israel (1 Sm 10.20,21).
Encontramos os 12 apóstolos ocupando lugares muito importantes
durante os primeiros anos da Igreja em Jerusalém. Eles estavam à frente
servindo ao Senhor e à Igreja em todas as circunstâncias; o governo de suas
ações, no entanto, pertencia ao Espírito Santo. A operação de milagres e
prodígios pela atuação do Espírito Santo tornava-se respeitada, pois está
escrito: “[...] ninguém ousava ajuntar-se com eles; mas o povo tinha-os em
grande estima” (At 5.13).
Muitos querem utilizar a autoridade que têm no Reino de Deus para serem
empossados em um cargo, mas a verdadeira autoridade somente virá pela
cooperação do Espírito Santo, porque a direção pertence a Ele.
Somas de grande importância foram colocadas aos pés dos apóstolos,
mas eles não abusaram; antes, repartiam a cada um conforme a sua neces-
sidade e estavam tão cuidadosos no sentido de não serem aproveitadores
que Pedro e João nem dinheiro tinham para dar ao homem que mendigava
à porta do Templo. O dinheiro tem sido a queda de muitos que começaram
servir ao Senhor com simplicidade e fé, no momento em que dispuseram
desordenadamente daquilo que foi consagrado. Aos tais, faltou a cooperação
do Espírito Santo, porque se tornaram infiéis na administração dos bens
que pertencem ao Senhor. Ninguém poderá continuar por muito tempo em
tal situação, porque Deus não é enganado e tirará qualquer capa de disfar-
ce, ainda que seja de santidade, para expor à luz o espírito mercenário ou
aproveitador e dissipador.
Pedro e João destacavam-se entre os apóstolos e, juntamente com Tiago,
pareciam ser as colunas; eles, contudo, não assumiam autoridade sobre os
outros discípulos, pois, quando estes que estavam em Jerusalém ouviram
que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram a Pedro e João (At 8.14).
Neste sentido, eles não assumiam autoridade própria e, quando Pedro foi
à casa do Cornélio dirigido pelo Senhor e, mais tarde, voltou a Jerusalém,
foi censurado até que a direção de Deus fora exposta.
28
CAPÍTULO 3
A Necessidade de “Fogo”

Vim lançar fogo na terra [...]

– Lucas 12.49

Assim falou Jesus acerca de sua missão neste mundo.


Nos evangelhos, vemos que o fogo foi aceso por onde Jesus andava.
Este fogo aquentou com brasas de amor os corações gélidos, iluminou os
pensamentos corrompidos e manifestou a sua salvação.
Foi no Gólgota que esse fogo foi aceso em toda a sua força quando o
Homem de dores deixou a sua própria vida acabar-se por amor em favor de
um mundo perdido em seus delitos e pecados.
Também foi o plano do Divino Mestre que esse fogo, que estava na sua
própria alma, estivesse nos corações dos seus discípulos.
Era o seu desejo que eles, como chamas vivas, levassem o fogo adiante;
por isso, receberam a experiência gloriosa acerca do que lemos no capítulo
2 de Atos.
Com amor divino e poder, o Espírito Santo veio sobre os discípulos, e
estes foram cheios do fogo vivo e consumidor. Esse fogo mostrou a sua
capacidade de espalhar-se. Por intermédio da pregação de Pedro, caíram
fagulhas sobre milhares de corações.
O fogo alastrou-se por toda a parte, e, em pouco tempo, Jerusalém estava
cheia de cristãos fervorosos. O fogo penetrou até no Templo, e uma grande
multidão de sacerdotes obedeceu à fé (At 6.7).
Estudos Bíblicos de Nels Nelson

Quando o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito


Santo, tornamo-nos cristãos fervorosos. O que o mundo mais precisa atu-
almente é de cristãos assim. Costumamos chamar os homens notáveis da
história do Reino de Deus de Testemunhas de fogo. Um desses homens foi
Elias, que, com o coração repleto de fogo, anunciou a mensagem de Deus
a um povo caído e desviado da verdade. Assim também fora Paulo, que
deixou fogo nos seus passos pela Ásia e Europa, e até mesmo em Roma
correu o fogo glorioso pelo seu testemunho. Se pudéssemos perguntar a
Paulo: “Qual o segredo de tal progresso?”, ele responderia: “O amor de
Cristo me constrange”.
Os mártires que deram a sua vida por amor do evangelho também eram
Testemunhas de fogo. Na atualidade, há uma grande necessidade de os cris-
tãos terem o fogo do amor em seus corações; cada púlpito necessita disso.
E não é só isso. O fogo deve estar aceso e circular em cada banco onde o
povo de Deus estiver sentado, e cada culto de oração deve dar sustento a
esse fogo. É bem verdade que o mundo teme o fogo sagrado, porque este
revela o pecado, e as suas brasas destroem toda a impureza e falsidade. O
Diabo teme o despertamento quando o fogo de Deus é aceso no coração do
homem, pois o seu trono desaparece nas suas chamas.
As ondas da perseguição têm procurado apagar o fogo sagrado, e a
incredulidade e as blasfêmias procuram, vez após outra, abafá-lo; porém,
jamais conseguirão, porque cremos que, até que o Senhor venha, haverá um
povo cujos corações serão tocados pelo fogo celestial. “Nosso Deus é um
fogo consumidor”. Quando o seu poder e amor zeloso penetram em nossa
vida, tornamo-nos cristãos fervorosos.
Permita Deus que possamos ficar sob a influência desse fogo para que
sejamos vasos úteis na obra do Senhor Jesus e, assim, possamos trabalhar
fitando o prêmio de nossa vocação.

30
CAPÍTULO 4
A Oração e o Voto de Davi

SALMOS 51.12,13
I. A ORAÇÃO “TORNA A DAR-ME A ALEGRIA DA TUA SAL-
VAÇÃO”.

1. Qual é o Jesus da salvação?


a) A alegria do Perdão.
b) A alegria de ser Liberto.
c) A alegria da Adoção de filho.
d) A alegria da expectação.

2. Como uma pessoa pode tornar-se melhor?


a) Não negligenciar os meios da graça (oração privada).
b) Não negligenciar o levar a cruz.
c) Perdoar o próximo.
d) Não seguir os costumes deste mundo.
Foram mais de 40 anos de liderança
espiritual e administrativa entre as

Samuel Nelson
Assembleias de Deus, pregando,
visitando, indicando pastores para
Nels Nelson foi um missionário sueco que assumir o trabalho em campos de Norte
Samuel Nelson é dedicou a sua vida à evangelização do Brasil. a Sul do país, assumindo algumas vezes
filho do missionário Desde 1921, foram 42 anos de trabalhos a direção de trabalhos, viajando em
Nels Nelson e autor da obra ininterruptos no norte, nordeste e sul do país. embarcações fluviais (as zhatas) sobre
Nels Nelson: o Apóstolo Seu ministério foi decisivo para a propagação da o rio Amazonas, indo ao Maranhão,
Pentecostal Brasileiro. fé pentecostal no Brasil, e, por sua dedicação, Piauí, Ceará, Mato Grosso, a territórios
zelo e frutos, ele é considerado o apóstolo e ao arquipélago de Marajó.
pentecostal brasileiro.
Isael de Araujo
Do mesmo autor de Nels Nelson: o Apóstolo Dicionário do Movimento Pentecostal
Pentecostal Brasileiro, seu filho, Samuel Nelson,
fez desta obra uma compilação de diversos
estudos dados por Nels Nelson nas tradicionais

Estudos Bíblicos de Nels Nelson


Escolas Bíblicas Estaduais durante toda a
sua vida ministerial.

S-ar putea să vă placă și