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COACHING E TEORIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL: UM DIÁLOGO

POSSÍVEL

Isabel Cristina Dias de Oliveira*

RESUMO

O presente artigo traz uma revisão bibliográfica sobre uma forma de atendimento que vem
crescendo exponencialmente no Brasil e no mundo: o coaching. Ele é alvo tanto de críticas,
devido à falta de regras e normas claras para sua aplicação, quanto de aclamações, devido aos
resultados positivos observados tanto em pesquisas quanto empiricamente. O foco deste
estudo foi buscar nos estudos o embasamento teórico e técnico do coaching na psicologia. Os
estudos citam várias abordagens teóricas utilizadas como referência para o trabalho de
coaching e neste estudo, a opção foi pela teoria cognitivo comportamental, pois o processo de
coaching se assemelha muito com a técnica utilizada na Teoria Cognitivo Comportamental.
Os estudos também apontam esta teoria como a mais utilizada como base para o coaching.

Palavras-chave: Coaching. Teoria Cognitivo Comportamental.

1 INTRODUÇÃO

A disseminação do coaching no Brasil, trouxe uma nova ferramenta de auxilio a


profissionais em uma espécie de “terapia”, que nesse caso, são chamadas de sessões. Esta
nova abordagem abriu caminho para que outros profissionais como administradores,
psicólogos, contadores, entre outros, pudessem atuar em áreas antes restritas a profissionais
da psicologia e psiquiatria. Outro tema corresponde a formação de um coach, atualmente não
há regulamentação profissional, e tal “certificação” não requer necessariamente formação
superior pelos institutos formadores, ou seja, tornando a formação acessível a qualquer nível
de formação fundamental, média e/ ou superior.
O profissional que desempenha o papel de coach pode trabalhar com seus clientes em
diversas áreas, tais como negócios, carreira, finanças e de relacionamentos. Com esta

*
Discente do curso MBA Gestão de Pessoas e Liderança Coach da Universidade La Salle – Unilasalle,
matriculada na disciplina Projeto de Pesquisa. E-mail: isabeldias@isabeldias.com.br, sob a orientação do
Prof. Me. Jorge Ubirajara Gustavo Jr. E-mail: jorgegustavojr@gmail.com. Data de entrega: 23 nov. 2017.
disseminação do coaching estão surgindo modalidades que causam ainda mais preocupação
quanto à metodologia, embasamento teórico e formação, como por exemplo, o coaching
infantil, de casais, de grupos.
Esta liberdade de atuação nos mais diversos nichos, a falta de critérios para formação,
a falta de regulamentação e supervisão por parte de um órgão de classe, faz com que o
mercado do coaching cresça cada vez mais, com alguns profissionais sérios e qualificados em
suas áreas de atuação, mas com muitos indivíduos sem conhecimentos suficientes para
realizar um trabalho como este.
O objetivo deste estudo é falar da importância da exigência de uma formação em curso
superior como requisito para a formação em coaching, da utilização de bases teóricas sólidas
sobre o desenvolvimento da psique humana e da atuação com base em metodologias já
estudadas e amplamente aceitas cientificamente, visando dar mais consistência e credibilidade
a um processo que cresce mundialmente. A teoria de base e metodologia pesquisada foi a
Teoria cognitivo comportamental.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Coaching

Coaching é um processo que visa auxiliar no desenvolvimento pessoal e profissional,


no qual o coach se compromete a apoiar seu coachee, conduzindo-o de uma situação atual
para uma situação desejada (meta). Na literatura encontram-se referências do processo de
coaching como um processo de aprendizagem, situado numa relação onde as pessoas
aprendam a aprender e responsabilizem-se por suas atitudes e comportamentos
(CHIAVENATO, 2002; WHITMORE, 2006; SOUZA, 2007; SARDINHA, 2012; KAMPA-
KOKESCH; ANDERSON, 2001). O coaching estimula o cliente a pensar sobre os problemas
que traz e o ajuda a encontrar as melhores soluções conforme a sua realidade. O coach não dá
respostas nem conselhos, estimula o coachee através de diálogo socrático a aprender novas
formas de lidar com as situações problemáticas.
Quando usamos o termo coaching, percebemos que algumas palavras se tornaram
praticamente sinônimos deste, pois são associadas aos objetivos do trabalho. Os processos de
coaching tem por objetivo aumentar a produtividade, o desempenho e a performance,
desenvolver habilidades, facilitar a mudança do indivíduo e da organização, com foco em
metas e objetivos estabelecidos pelo coachee e visando a autonomia deste (KETS DEVRIES,
2009; MOTTER, 2012; ASCAMA, 2004). O coach trabalha com objetivos claros e
estabelecidos pelo coachee, incentivando este a ser cada vez mais autônomo e capaz de
resolver problemas futuros com base no que aprendeu durante o processo.
O coaching trabalha prospectivamente, ou seja, visualiza possibilidades futuras,
trabalhando do presente para o futuro. Não se detém ou investiga questões passadas dos
indivíduos (SOUZA, 2007; HART et al., 2001; WHITMORE, 2006; KETS DEVRIES, 2009).
Uma questão que é amplamente citada tanto na literatura quanto em cursos e formações é que
o coaching não trabalha com populações clínicas, ou seja, não trata psicopatologias ou
transtornos mentais. (WHITMORE, 2006; KETS DEVRIES, 2009; SARDINHA, 2012;
THEEBOOM et al., 2013).
Um dos questionamentos que fomentou meu interesse em pesquisar o assunto refere-
se justamente ao não atendimento de psicopatologias. A pergunta que me fiz ao final da
formação em coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching, inserida na pós-graduação
oferecida por esta instituição, foi: se o coach não trata psicopatologias, tendo que encaminhar
para outro profissional, como reconhece uma patologia se o coach não for psicólogo,
psiquiatra ou de outra área da saúde que tenha algum conhecimento sobre o assunto, tendo em
vista que na formação não é feita sequer uma introdução ao assunto?
A partir desta pergunta, comecei a buscar referencial que abordasse esta e outras
questões referentes a processo, metodologia, atuação de psicólogos e não psicólogos no
processo e, principalmente, embasamento teórico. Quem é o indivíduo que o coaching está
trabalhando? Qual a visão do coaching sobre este indivíduo, seu funcionamento, seu
desenvolvimento (normal e patológico)?
Considerando o que foi ensinado na formação em coaching e o estudo sobre o assunto
em livros com relação a método de trabalho, duração do processo, técnicas empregadas,
mudança de pensamento e sentimento; percebi muitas semelhanças entre o coaching e a teoria
cognitivo comportamental. Comecei então a buscar na literatura o uso da teoria e da técnica
da cognitivo comportamental embasando processos de coaching.

2.2 Teoria cognitivo comportamental

A principal característica da terapia cognitiva é a importância que ela dá ao


pensamento. O primeiro passo é ensinar ao paciente a importância dos pensamentos, pois
estes podem provocar emoções intensas e que, para reduzi-las ou eliminá-las, é preciso mudar
a maneira de pensar (MCMULLIN, 2005). Conforme Epictetus (filósofo estóico), não são os
fatos em si que nos perturbam, mas sua representação, o modo como interpretamos estes fatos
que nos geram a realidade psíquica; a realidade é, portanto, interna (CAMINHA, 2003).
Sendo assim as interpretações que um indivíduo faz do mundo estruturam-se
progressivamente formando regras ou esquemas. (RANGÉ, 2001).
A terapia cognitiva é uma abordagem ativa, diretiva e estruturada usada numa
variedade de problemas (RANGÉ, 2001). É também colaborativa: terapeuta e paciente
formam uma dupla terapêutica, na qual ambos trabalham em prol da resolução dos problemas
apresentados pelo paciente. O paciente é estimulado a adotar a abordagem da resolução de
problemas, através da descoberta guiada: o terapeuta conduz o paciente para as descobertas
por meio do questionamento socrático. A sessão é estruturada, com metas terapêuticas claras
e objetivas, e focada na solução de problemas. (KNAPP, 2004).
A terapia cognitivo comportamental incentiva seus pacientes a uma revolução pessoal,
na qual o paciente rejeita sua visão anterior de si mesmo e do mundo em favor de um sistema
de crenças mais adaptativos. Tem também uma natureza educativa, na qual o paciente pode
aprender o modelo terapêutico para que possa continuar aplicando após o término da terapia
(DOBSON; SCHERRER, 2004). Uma das metas da terapia cognitiva é desenvolver a
autonomia e senso de responsabilidade dos pacientes durante e pós o processo psicoterápico.
A terapia cognitiva efetiva envolve construir habilidades, e isso somente é conseguido
pelo treinamento. O profissional deve ser um bom estrategista, que sabe como e para onde
dirigir o processo terapêutico, sempre com base no desenvolvimento de um bom
relacionamento terapêutico e fundamentado no método de questionamento socrático e na
colaboração empírica, que guia o paciente para as descobertas e as mudanças. (KNAPP,
2004).
Em resumo, as características centrais da Teoria Cognitivo Comportamental incluem
um relacionamento terapêutico altamente colaborativo, aplicação hábil de métodos de
questionamento socrático e estruturação e psicoeducação eficazes. O terapeuta envolve o
paciente em um processo altamente colaborativo no qual existe uma responsabilidade
compartilhada pelo estabelecimento de metas e agendas, por dar e receber feedback e por
colocar em prática os métodos da TCC na vida cotidiana. (WRIGHT; BASCO; THASE,
2008).

2.3 Coaching e teoria cognitivo comportamental: diferenças e semelhanças

Dois fatores foram decisivos para a escolha da teoria cognitivo comportamental como
possível base para o coaching. Em primeiro lugar a observação das semelhanças entre os dois
processos no que se refere a metodologia, estrutura das sessões, técnicas utilizadas, ênfase nos
pensamentos e emoções como propulsores da mudança, características da relação e aos
processos descritos como ativos, diretivos e focados na solução de problemas.
O segundo fator diz respeito às pesquisas que defendem a atuação de coaches com
formação em psicologia ou clinicamente orientados (KAMPA-KOKESCH E ANDERSON,
2001; HART et al., 2001; KETS DEVRIES, 2009; ASCAMA, 2004; MORAES, 2007) e à
ampla utilização da teoria cognitivo comportamental como base para o coaching referida na
literatura (VANDAVEER et al., 2016; KAUFFMAN; HODGETTS, 2016; GRANT, 2016;
GREEN et al., 2006; GRANT 2006; MOTTER, 2012; REIS, 2013). Inclusive, existe uma
nomenclatura citada em alguns trabalhos para definir este cruzamento de saberes: Coaching
Cognitivo Comportamental, ou CCC. (SARDINHA, 2012; FREITAS, 2014).
Abaixo, duas tabelas comparativas, com as principais diferenças e semelhanças entre
os processos de coaching e a teoria cognitivo comportamental:

Diferenças
Coaching Teoria Cognitivo Comportamental
Trabalha com populações não-clínicas, isentas
de psicopatologias (Whitmore, 2006; Kets Trabalha com transtornos mentais, mas
DeVries, 2009; Sardinha, 2012; Theeboom et engloba promoção de saúde (Freitas, 2014;
al., 2013; Green et al., 2006; Grant, 2006; Hart et al., 2001; Beck et al., 1997)
Motter, 2012)
Também atua no aqui e agora, porém
Trabalha com visão prospectiva, de presente e trabalha desenvolvimento na infância, a
futuro (Souza, 2007; Hart et al., 2001; história familiar, eventos marcantes de vida,
Whitmore, 2006; Kets DeVries, 2009) relacionamentos interpessoais (Wright,
Basco e Thase, 2008; Hart et al., 2001)
Coaching mais aceito que terapia (Sardinha, Carrega estigmas (Hart et al., 2001; Grant,
2012; Vandaver et al., 2016; Hart et al., 2001) 2006; Sardinha, 2012)
Atua fortemente na modificação de crenças
Trabalha com pensamentos auto limitantes, sem centrais e estrutura de personalidade (Freitas,
aprofundar em crenças centrais (Freitas, 2014) 2014; Caminha, 2003; McMullin, 2005;
Wainer et al., 2016)
Sessões de TCC ocorrem em geral uma vez
Sessões de CCC têm maior flexibilidade quanto
por semana, em consultório (Freitas, 2014,
à duração e local de realização (Freitas, 2014)
Beck et al., 1997)
Terapeuta pode atuar como coach (Hart et
Coach não pode atuar como terapeuta (Hart et
al., 2001; Kampa-Kokesch; Anderson, 2001;
al., 2001)
Grant, 2006; Ascama, 2004)
Coach não tem conhecimento técnico para Terapeuta pode diagnosticar, possui
diagnosticar patologias (Hart et al., 2001; Grant, conhecimento técnico (Hart et al., 2001;
2006) Ascama, 2004)
Quadro 1 – Diferenças entre coaching e teoria cognitivo comportamental
Fonte: elaborada pela autora, 2017.
Semelhança
Coaching Teoria Cognitivo Comportamental
Processo de aprendizagem (Chiavenato, 2002; Natureza educativa, psicoeducação (Dobson
Whitmore, 2006; Souza, 2007; Sardinha, 2012; e Scherrer, 2004; Wright, Basco e Thase,
Kampa-Kokesch e Anderson, 2001) 2008; Rangé, 2001).

Utiliza o método socrático (Wright, Basco e


Utiliza o método socrático (Lages e O’Connor,
Thase, 2008; Knapp, 2004; McMullin, 2005;
2013; Whitmore, 2006)
Rangé, 2001).
Auxilia o cliente a pensar, focado em
Auxilia o cliente a pensar, focado em resolução
resolução de problemas e estimula
de problemas e estimula autonomia (Whitmore,
autonomia (Dobson e Scherrer, 2004;
2006; Souza, 2007; Sardinha, 2012; Hart et al.,
Rangé, 2001; Wright, Basco e Thase, 2008;
2001; Grant 2006)
Beck et al., 1997).
Estrutura da sessão (Freitas, 2014; Knapp,
Estrutura da sessão (Souza, 2007; Freitas, 2014;
2004; Wright, Basco e Thase, 2008; Rangé,
Motter, 2012; Kets DeVries, 2009)
2001; Beck et al., 1997).
Ativo, objetivo direcionado, metas claras e Abordagem ativa, direta, estruturada,
objetivas, relacionamento colaborativo (Hart et relacionamento colaborativo, metas claras e
al., 2001; Grant, 2006; Souza, 2007; Sardinha, objetivas (Rangé, 2001; Knapp, 2004;
2012; Grant 2016; Theeboom et al., 2013; Wright, Basco e Thase, 2008; Beck et al.,
Motter, 2012; Ascama, 2004) 1997).
Intervenções de curto prazo[(Motter, 2012) Caracterizada por intervenções de curto
além da bibliografia, os relatos de coaches e prazo (Dobson e Scherrer, 2004; Freitas,
instrutores das formações reafirmam o processo 2014; Rangé, 2001; Wright, Basco e Thase,
em curto prazo] 2008; Beck et al., 1997).
Relação continua e confidencial (Hart et al., Relação continua e confidencial (Hart et al,
2001; Souza, 2007; Grant, 2016; Kampa- 2001; Wright, Basco e Thase, 2008; Beck et
Kokesch e Anderson, 2001) al., 1997)
Quadro 2 – Semelhanças entre coaching e teoria cognitivo comportamental
Fonte: elaborada pela autora, 2017.

Conforme já citado, existe uma vertente do coaching que se nomeia como Coaching
Cognitivo Comportamental (CCC) (SARDINHA, 2012; FREITAS, 2014), pois tem como
base a teoria cognitivo comportamental, com sua metodologia de trabalho. Conforme
Sardinha (2012) o CCC é uma derivação do modelo cognitivo-comportamental que tem sido
aplicado com sucesso para modificação de padrões disfuncionais em uma série de situações
que transcendem o âmbito da psicoterapia para populações não clínicas, trabalhando no
desenvolvimento de indivíduos sem patologias.
Vandaveer (2016) identificou em sua pesquisa que a abordagem cognitivo
comportamental foi a mais citada como teoria de base para a prática do coaching. Grant
(2016) também cita esta abordagem como efetiva e prática nos processos de coaching, pois há
um grande número de medidas de resultado bem validadas que se alinham com a tradição
cognitivo-comportamental.
Mas afinal, qual a importância de embasar o coaching em uma teoria psicológica,
tendo em vista que muitos coaches atuam sem este embasamento? Talvez a justificativa esteja
justamente na afirmação encontrada nos estudos sobre coaching, de que este não trata
psicopatologias. Se o coaching não trata psicopatologias, como este profissional seria capaz
de identifica-las, já que o assunto não é explorado na literatura nem nas formações? Não são
apresentadas, sequer, as principais psicopatologias e nem noções básicas de como reconhecê-
las. Conforme Grant (2006, p. 14):

Embora o coaching seja dirigido a populações não clínicas, pode ser que alguns
indivíduos busquem coaching como uma forma de terapia mais socialmente
aceitável. Na verdade, estudos recentes descobriram que entre 25 por cento e 50 por
cento dos indivíduos que buscaram por coaching de vida preencheram critérios
clínicos de saúde mental. (GRANT, 2006, p. 14).

Segundo Kets DeVries (2009, p. 44): “Um coach de executivos clinicamente treinado
reconhecerá problemas que se situam além do escopo de sua experiência, e nesta condição
providenciará o encaminhamento do cliente a outro profissional.”
E ainda Freitas (2014, p. 2):

Além disso, apesar de o coaching ter como público-alvo populações não clínicas,
muitos clientes podem chegar ao coach com problemas psicológicos significativos,
tendo em vista que muitos deles buscam o processo por perceberem o coaching
como uma forma de terapia socialmente aceita. Assim, a atuação do psicólogo no
sentido de identificar possíveis transtornos mentais é um diferencial importante
desse profissional e, acima de tudo, um compromisso ético na área de
desenvolvimento de pessoas. (FREITAS, 2014, p. 2).

Com base nas citações acima, percebe-se que a demanda por coaching atravessa o
limiar do normal versus patológico, já que a população que busca pelo coaching nem sempre
tem ciência de seu diagnóstico ou da necessidade da intervenção de um psicólogo. Devido a
este fato torna-se tão importante que o coach seja capaz de reconhecer e identificar as
psicopatologias, para que possa dar o encaminhamento correto.
Nestas citações também é possível perceber que a população dita saudável aceita
melhor o coaching do que a terapia (SARDINHA, 2012; VANDAVEER et al., 2016; HART
et al., 2001), tendo em vista que esta ainda é bastante estigmatizada e associada como recurso
somente para transtornos mentais graves (HART et al., 2001; GRANT, 2006; SARDINHA,
2012). Sendo assim, muitos psicólogos estão migrando sua prática para o coaching, tendo em
vista que tem conhecimento teórico e técnico para identificar as reais necessidades e possíveis
patologias dos indivíduos que os procuram, podendo tanto tratar quanto redirecionar este
indivíduo conforme sua necessidade.
Além das questões apresentadas, existe outro ponto crucial que torna o coaching muito
propenso a críticas e à falta de credibilidade: as falhas nas formações e na literatura sobre
coaching no que diz respeito a: (a) definição e padrões, (b) propósito, (c) técnicas e
metodologias utilizadas, (d) comparação com aconselhamento e terapia, (e) credenciais de
coaches e a melhor maneira de encontrá-los, e (f) destinatários de serviços (KAMPA-
KOKESCH; ANDERSON, 2001). Segundo Vandaveer et al., 2016, em função de não haver
padrões acordados e poucas barreiras para entrada nesta área profissional, vem sendo
chamado de “oeste selvagem do coaching executivo”. Tanto no Brasil, quanto em países nos
quais os estudos sobre coaching estão mais avançados, a realidade é a mesma. Não existe
padronização do processo, da metodologia, do ensino, não há barreiras de entrada no mercado
de trabalho, nem órgãos reguladores e fiscalizadores das práticas.

3 CONCLUSÃO

Partindo do título do artigo, Coaching e Teoria Cognitivo Comportamental: um


diálogo possível, podemos discutir em quais pontos as duas metodologias conversam,
convergem, se entendem. O coaching, em sua atuação, busca o desenvolvimento pessoal e
profissional de seu cliente, sua autonomia, atingimento de metas e objetivos. Porém a forma
de fazer isto não ocorre como um treinamento padrão aplicado a todos os clientes no formato
ensino- aprendizagem. Este processo de desenvolvimento, ainda que siga alguma
metodologia, é feito de forma única e individualizada, em um processo semelhante ao da
psicoterapia.
Ao identificar esta aproximação, seja pela semelhança nos processos ou pelo fato, já
citado ao longo do trabalho, do coaching não tratar psicopatologias, parece de grande
importância o embasamento do trabalho em alguma teoria psicológica. Ao estudar alguma
abordagem psicológica, seja ela qual for, o coach não psicólogo ficaria familiarizado com
questões de desenvolvimento normal e patológico, identificando com maior clareza
psicopatologias, cumprindo assim a regra de que o coaching não trata populações clínicas e
transtornos mentais. Sem este conhecimento não parece viável que se cumpra esta premissa
tão citada na literatura sobre coaching. Parece relevante o coach compreender as
singularidades de cada indivíduo que for atender, pois cada pessoa apresentará uma forma de
ser, de se comportar, de lidar com conflitos, de se relacionar com os outros. Compreender
estas diferenças e saber manejá-las pode fazer muita diferença no atingimento de metas e
objetivos de cada cliente.
Além da importância de uma teoria de base, também se observa a importância da
atuação com base em metodologias já estudadas e amplamente aceitas cientificamente, tendo
em vista que o processo de coaching não apresenta um padrão coeso. Talvez por apresentar-se
oriundo de diversas áreas do saber, não consiga apresentar metodologias claras, deixando a
prática pouco estruturada, em um estilo laissez-faire de condução de processo. Citar tantas
disciplinas dando base ao coaching pode trazer mais dúvidas do que esclarecimentos,
tornando o coaching alvo de tantas críticas. Esta amplitude de áreas do conhecimento citadas
como base, também pode dificultar as pesquisas científicos, pois o ponto de partida para estes
estudos não fica claro.
Ao falar da importância de uma teoria e de uma metodologia para embasar o coaching,
entramos na parte deste diálogo no qual o coaching e a teoria cognitivo comportamental
(TCC) podem se aproximar, pois, conforme citado anteriormente, existem muitas
semelhanças entre os dois processos. Considerando a metodologia apresentada pela Sociedade
Brasileira de Coaching na formação e por algumas bibliografias estudadas e citadas, a
estrutura de processo como um todo e de sessões individuais apresentam muitos pontos em
comum. Ambas também são convergentes nos seguintes pontos: são de natureza educativa,
utilizam o método socrático, auxiliam o cliente a pensar, são focadas em resolução de
problemas e estimulam a autonomia, abordagens ativas, diretas, estruturadas, relacionamento
colaborativo, metas claras e objetivas, caracterizadas por intervenções de curto prazo, relação
continua e confidencial. Neste estudo não foram feitas comparações entre o coaching e outras
abordagens psicológicas, mas considerando tantos pontos em comum, parece que tanto a
teoria quanto a técnica da cognitivo comportamental podem servir de base para o coaching.
No que se refere a formação de coaches existem dois pontos a se destacar: a
necessidade pré-requisitos para entrar na formação de coaching e os resultados positivos de
pesquisas que estudaram a atuação de coaches formados em psicologia.
Conforme citado, não existem muitas barreiras de entrada de coaches no mercado,
tanto aqui no Brasil quanto no exterior. Na bibliografia estudada esta questão se mostra alvo
de críticas no exterior também, mesmo considerando a quantidade de pesquisas e estudos
realizados lá em comparação com o que temos aqui. Um dos autores citados usa o termo
“oeste selvagem do coaching executivo” para se referir a falta de padronização, de técnicas e
metodologias utilizadas, de credenciais dos coaches. Em nosso país o que mais preocupa é
que os institutos de formação, tanto os de grande porte quanto os pequenos, não fazem
nenhuma exigência para participar de seus cursos. Talvez um pré-requisito que poderia ser
instituído para matrícula em uma formação de coaching possa ser um curso de graduação
completo, para que seja aplicado, ainda que minimamente, um filtro de entrada. Obviamente
que este seria o mais básico e fundamental, ainda teria que se considerar as falhas nas
formações em si e a urgência em saná-las.
Outro ponto a ser considerado no que se refere ao coaching e a necessidade de
formação superior é o fato de algumas pesquisas apontarem bons resultados nos processos de
coaching aplicado por psicólogos. Os resultados foram avaliados ao final dos processos e
reavaliados passado algum tempo para verificar se os mesmos se mantinham. Não é possível
afirmar se os resultados foram bons em função do coaches serem psicólogos, pois não foi
feito um estudo comparando coaches psicólogos e não psicólogos. Também não é possível
afirmar com segurança se a graduação superior traz melhores resultados ou não. Mas, com
base nas pesquisas apresentadas, podemos pensar que o conhecimento de teorias psicológicas
possa permitir um processo mais efetivo e com resultados mais duradouros, tendo em vista
que este é também o objetivo das psicoterapias: mudanças efetivas e duradouras. Podemos
apontar como sugestão para outras pesquisas este comparativo de resultados de coaches
psicólogos e não psicólogos, para que possamos visualizar com mais clareza o melhor
caminho a seguir dentro desta prática que tanto cresce em popularidade, mas precisa se
desenvolver científica e academicamente.

COACHING AND COGNITIVE BEHAVIORAL THEORY: A POSSIBLE


DIALOGUE

ABSTRACT

This article presents a bibliographical review about a form of care that has been growing
exponentially in Brazil and in the world: coaching. He is the target of both criticism, due to
the lack of clear rules and norms for its application, and of acclamations, due to the positive
results observed both in research and empirically. The focus of this study was to seek in the
studies the theoretical and technical basis of coaching in psychology. The studies cite several
theoretical approaches used as a reference for the coaching work and in this study, the option
was by cognitive behavioral theory, because the coaching process closely resembles the
technique used in Cognitive Behavioral Theory. The studies also point to this theory as the
most used as the basis for coaching.
Keywords: Coaching. Cognitive Behavioral Theory.

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