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©2015 Antonio Evaldo Almeida Barros; Cidinalva Silva Camara Neris; Reinaldo dos Santos Barroso Júnior;
Viviane de Oliveira Barbosa; Tatiane da Silva Sales; Wheriston Silva Neris (Orgs.)
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de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a
permissão da editora e/ou autor.
ISBN: 978-85-8148-585-0
CDD: 900
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Foi feito Depósito Legal
SUMÁRIO
Apresentação.......................................................................................................9
Prefácio.............................................................................................................13
Introdução.........................................................................................................15
&RQÁLWRVH/XWDV6RFLDLVQR&DPSR0DUDQKHQVHDQiOLVHGHVXDV
principais tendências e perspectivas futuras..............................................381
&RQÁLWRV$JUiULRVH0HPyULD&DPSRQHVDQR0DUDQKmR
$VLOR&RO{QLDGR%RQÀPGDSUiWLFDGRHVSDoRjFRQVWLWXLomRGH
lugares..............................................................................................................751
Posfácio............................................................................................................797
Autores e Organizadores..............................................................................799
CAPÍTULO 25
“Ruínas Verdes”: tradição e decadência nos
imaginários sociais
Introdução
1. Wagner Cabral da Costa possui graduação em História pela Universidade Federal do Mara-
nhão (1994) e mestrado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2001). Atual-
mente é professor assistente da Universidade Federal do Maranhão, cursando Doutorado em
História Social na Universidade Federal do Ceará. Tem experiência na área de História, com
ênfase em História do Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: cultura política -
Brasil; charge e caricatura política - Brasil; sátira política - Brasil; política regional - Maranhão;
Maranhão - história; eleição - Maranhão.
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JLFRjVDQiOLVHVDFDWHJRULDGD´GHFDGrQFLDGDODYRXUDµpXWLOL]DGDQHVVDV
fontes para descrever e explicar o quadro econômico conjuntural da pro-
víncia (especialmente do setor agroexportador), sendo manuseada pelas
diferentes facções políticas ao longo do tempo. Dessa forma, a categoria
VH FULVWDOL]RX WDQWR QR SHQVDPHQWR SROtWLFR RÀFLDO TXDQWR QD SURGXomR
erudita enquanto um padrão explicativo aceito sem maiores contestações, o
que lhe conferiu um forte caráter de consenso (o que, por sua vez, ampli-
ÀFDDHÀFiFLDGRGLVFXUVR
As origens da “decadência da lavoura” residiriam em seu oposto, a
“prosperidade”, forma de idealização de uma suposta “idade de ouro da
ODYRXUDGDSURYtQFLDµÀQVGRVpFXOR;9,,,HSULPHLUDVGpFDGDVGRVpFXOR
XIX). Estabeleceu-se assim uma visão cíclica da história econômica do
Maranhão, que carrega consigo uma certa periodização: a um período ini-
cial de “barbárie” (princípios da colonização portuguesa), seguiu-se a épo-
ca da “prosperidade” (com a implantação do sistema da grande lavoura
escravista, como resultado das políticas de fomento pombalinas), e depois
teve início a “decadência” (cujo marco terminal seria a abolição da escra-
vatura, por provocar a ruína dos grandes proprietários). Nestes termos, a
DomRRÀFLDOREWHULDOHJLWLPLGDGHQDPHGLGDHPTXHDSRQWDVVHFDPLQKRV
para o restabelecimento da “prosperidade” perdida.
2DXWRUFRQFOXLVXDDQiOLVHDÀUPDQGRVHUD´GHFDGrQFLDGDODYRXUDµ
a categoria central do discurso das elites regionais, esboçando sua visão
do conjunto dos problemas econômicos e sociais da província (Almeida,
$ HÀFiFLD GD ´LGHRORJLD GD GHFDGrQFLDµ VH WUDGX] HP VXD UHSUR-
GXomRDFUtWLFDSHODKLVWRULRJUDÀDUHJLRQDOSDVVDQGRSRU9LYHLURV
1964), Meireles (1980) e Tribuzi (1981), dentre outros. Somente com a
safra de trabalhos acadêmicos produzidos a partir dos anos 1980, a noção
de decadência econômica começou a ser questionada e relativizada em
maior profundidade.
-i &RUUrD PDQLIHVWD D SUHRFXSDomR GH SURFHGHU j FUtWLFD GR
mito da Atenas Brasileira em sua materialização mais recente, o projeto do
“Maranhão Novo” (organizado por José Sarney), bem como das relações
GHÀGHOLGDGHHFRPSURPLVVRGHVVHJUXSRSROtWLFRFRPDGLWDGXUDPLOLWDU
Propondo-se a fazer uma análise da categoria “Maranhão”, com caráter
ensaístico e panorâmico (sua investigação abrange do período colonial aos
anos 1970), a partir do referencial teórico do materialismo histórico e de
um compromisso político com a redemocratização do país e com a cidada-
nia, o sociólogo apresenta como tese central a ideia de que a “permanente
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6HQWDUDPVHRVGRLVH$QVHOPR>DOWHUHJRGRURPDQFLVWD@S{]VHDIDODU
saudosamente da terra amada e longínqua, berço de ambos, província
farta que é um celleiro e um Parnaso onde, com a mesma exuberância,
pullulam o arroz e o genio: terra de algodão e de odes donde, com
ingrata indifferença, emigram os fardos para os teares da América e os
vates para a Rua do Ouvidor; terra das lyricas, terra das palmas verdes,
terra dos sabiás canoros. (Coelho Neto, 1921, p. 7-8)
1. A invenção da tradição
1RDQRVHJXLQWHjFULDomRGD$FDGHPLD0DUDQKHQVHGH/HWUDV$0/
Antônio Lôbo publicou um livro seminal: Os Novos Atenienses (1909), no qual
o poeta e romancista – considerado por Moraes (1977, p. 206) a “principal
ÀJXUDµGDYLGDOLWHUiULDPDUDQKHQVHQRVSULPyUGLRVGRVpFXOR;;²EXVFD
fazer um balanço das atividades e da produção de sua geração intelectual.
O ensaio foi composto em duas partes, “os fatos” e “as individualida-
des” (divididas entre “poetas” e “prosadores”). Precedendo ambas, uma
rápida introdução, em que o fundador da cadeira no GD $0/ DÀUPD
VXDÀOLDomRWHyULFDD$GROSKH&RVWHPrincipes d’une Sociologie Objective) e aos
SRVWXODGRVGRFLHQWLÀFLVPR/{ERS$LQWHQomRPDQLIHVWDGDV
´SUHOLPLQDUHVµpUHIXWDUDVSURSRVLo}HVGRÀOyVRIRHKLVWRULDGRU+LSSRO\WH
Taine sobre a literatura, especialmente sua tese de que esta seria subor-
GLQDGD ´j WUtSOLFH LQÁXrQFLD GR PHLR GD UDoD H GR PRPHQWRµ $QW{QLR
Lôbo apóia-se na distinção proposta por Coste entre as “duas ordens de
fatos sociais” (independentes entre si) analisados pelas ciências humanas: a
primeira ordem, ligada ao estudo da produção, população, política, culto –
objetos da Sociologia; e a segunda, dedicada ao estudo das belas artes, das
EHODVOHWUDVGDFLrQFLDGDÀORVRÀD²REMHWRVGH´RXWUDFLrQFLDD,GHRORJLDµ
Tal incursão doutrinária teve por objetivo demonstrar que a história do
0DUDQKmRQRDGYHQWRGRVpFXOR;;FRQÀUPDULDDVWHVHVGH&RVWH3RLVVH-
JXQGR$QW{QLR/{ER´jLQIHULRULGDGHPDQLIHVWDGDQRVVDYLGDVRFLROyJLFDµ
FXMDV´FDXVDVJHUDLVµHVWDULDPOLJDGDVj´GHFDGrQFLDHFRQ{PLFRÀQDQFHLUD
alia-se uma grande exuberância de vida ideológica”. Segue-se uma passagem
bastante expressiva:
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$RVDQRVGHDSDWLDHPDUDVPRTXHVHVHJXLUDPjEULOKDQWHHIHFXQGD
agitação literária, de que foi teatro a capital dêste Estado, nos meados
GRVpFXORÀQGRHTXHÀFDUiPDUFDQGRSDUDKRQUDHJOyULDQRVVDXPD
das épocas mais fulgentes da vida intelectual brasileira, substituiu-se,
DÀQDOXPDIDVHIUDQFDGHUHYLYrQFLDLQWHOHFWXDOTXHGHVGHRVHXLQtFLR
vem progressivamente caminhando, cada vez mais acentuada e vigo-
rosa, destinando-se a reatar as riquíssimas tradições das nossas letras,
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FLDO H pWQLFR GD UDoD EUDQFD >YLWyULD SURYHLWRVD SRUTXH@ PDOJUDGR
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... foi uma crise econômica profunda, mas trouxe uma verdadeira
UHQRYDomR VRFLDO DOWDPHQWH EHQpÀFD HP VHX FRQMXQWR 6XDV FRQVH-
qüências se desenrolam no período republicano. A importância da
DULVWRFUDFLDDJUtFRODVHGHVID]jSXMDQoDGRVRUJXOKRVRVDoXULRFUDWDV
>VLF@GDIDL[DYL]LQKDGRVFDPSRVEDL[RVVXFHGHDSURVSHULGDGHGRV
pequenos lavradores, e da cultura algodoeira. A esta última se prende
uma tentativa industrialista, uma quase mania das fábricas; ao mesmo
WHPSR WHQWDVH VHP UHVXOWDGRV GHÀQLWLYRV UHJHQHUDU D LQG~VWULD GR
açúcar. Apesar de tudo é o trabalho dos pequenos lavradores, ainda
hoje, a base da vida econômica do Maranhão. (Lopes, 1970, p. 194)
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Basta percorrer algumas ruas de São Luís para se sentir que o passa-
do ainda ali está presente. São os velhos sobrados senhoriais... São os
casarões apalaçados... São igrejas venerandas... São as ruelas estreitas,
onde ainda se vêem alguns “passos” das procissõesdeantanho, que nos
transportam insensivelmente para os séculos coloniais.(Azevedo; Mat-
tos, 1951, p. 72-4)
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ULDFRPRVXDDQWLJDULYDOXPDUHODomRHVSHFtÀFDFRPRWHPSRDDXVrQFLD
Assim, o repertório alegórico da decadência expande-se em nova erupção.
São Luís e Alcântara, cidades-texto da decadência, cantadas em verso e
prosa na literatura regional, escrituras de um passado desaparecido em seu
fausto e esplendor, cidades-história que nos transportam alegoricamente
do presente ao passado e vice-versa, monumentos, ruínas, patrimônios da
humanidade. Por um efeito de “condensação”, se estabelecem “pontos de
À[DomRµ)OHWFKHUSQDVLPDJHQVGDGHFDGrQFLDSRQWRVTXH
em nosso caso, são melhor visualizados por meio da produção literária.
Selecionamos para análise o romance A noite sobre Alcântara, de Josué
Montello, narrativa de “condensação” dos imaginários sociais maranhen-
VHV5RPDQFHKLVWyULFRGH´À[DomRµPDVWDPEpPGH´LQVWLWXLomRµTXH
´VHPSUHVLJQLÀFDPDLVGRTXHOLWHUDOPHQWHGL]GL]DOJRGLIHUHQWHGRTXH
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HVFRQGHU RXWUDV WDQWDVµ :KLWH D S 5RPDQFH HSLWiÀR UHFKH-
ado de saudade, decadência e “expressão da vida”, constitutivo da saga
PDUDQKHQVHGRDXWRU>WDOVDJD²FRQFUHWL]DomRGRSURMHWROLWHUiULRGHUH
construção da identidade regional – compreende vários romances, dos
quais destacamos A décima noite (1959), Os degraus do paraíso (1965), Cais da
Sagração (1971), Os tambores de São Luís (1975), A noite sobre Alcântara (1978).
Este último foi apresentado como a “saga da aristocracia maranhense”,
FRQWUDSRVWDHFRPSOHPHQWDUj´VDJDGRQHJURµHP´2VWDPERUHVµ@
Um ponto de partida possível para a nossa investigação são as palavras
de outro intelectual regionalista e tradicionalista, Gilberto Freyre, que, em
comentário ao romance A décima noite, se perguntou: “qual o atrativo prin-
cipal do novo livro do escritor maranhense?”. A resposta evidencia um cri-
tério de juízo estético fundamental ao escritor pernambucano – a literatura
enquanto “arte de expressão”, “expressão da vida” – critério pelo qual
combate em defesa da literatura regionalista. Vejamos, então, a resposta:
>RDWUDWLYRp@DHYRFDomRGHXP0DUDQKmRTXHMiTXDVHQmRH[LV-
te, por um maranhense que é também um raro artista literário; e que
guarda daquele Maranhão quase desfeito imagens de uma rica sugestão
poética. São essas imagens que enchem A Décima Noite de uma série
de ressurreições de tempos mortos, que vêm até um homem de hoje
FRPDOJXPDFRLVDGHQRVWiOJLFRGHVDXGRVRjVYH]HVDWpGHVHQWLPHQ-
tal, que só faz aumentar o seu encanto. (Freyre, 1962, p. 23)
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DRVSRXFRVFRPHFHLDYHUTXHjOX]GRVRO$OFkQWDUDUHWURFHGLDQR
tempo, com o retinir das ferraduras nas pedras de seu calçamento,
o rolar das carruagens de portinholas brasonadas, as janelas que se
escancaravam sobre o passeio, e gente que vinha, e gente que ia, grave
colorida, nas suas roupas fora de moda, e que passava por mim sem
me olhar. (Montello, 1978, p. 7)
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$OHJRULDFRPHPRUDWLYDGHXPDFLGDGHIDQWDVPDTXHjQRLWHpGRPLQD-
da por pesadelos, alucinações e assombrações (de escravos anônimos e de
pessoas “importantes”, a exemplo do Barão de Pindaré), A noite sobre Al-
cântarapRIHUHFLGRjOHLWXUDVRERVLJQRGDDPELJXLGDGHHGDDPELYDOrQFLD
O romance proporciona ao leitor a possibilidade de uma volta ao passado
que apaga a passagem destruidora e corrosiva do tempo sobre a cidade, e,
simultaneamente, coloca para o presente a necessidade de preservação das
ruínas verdes de Alcântara (patrimônio histórico). Num nível mais abstra-
to, projeta-se para o futuro o desejo de que efetivamente os “imponentes
sobrados senhoriais” descerrem suas “janelas sobre a rua”, num tempo
FtFOLFRGHYROWDj,GDGHGH2XURGR0DUDQKmR6DQWR$QW{QLRG·$OFkQWDUD
– cidade-texto da decadência, “cidade morta” renascida na literatura.
A estrutura narrativa cumpre um papel importante na concretização
do projeto literário do romancista, encontrando-se dividida em duas par-
tes – “A travessia” (depoimento do autor) e “Enquanto a noite não vem”
(o romance propriamente, subdividido em 5 partes). A ambiguidade ca-
racterística do romance pode ser observada na função das sete epígrafes
TXHFRUUHVSRQGHPDHVWDGLYLVmR(VWDVFXPSUHPRSDSHOGHHSLWiÀRVGH
Alcântara, e, na medida em que se apoiam em diversas representações so-
bre a cidade-ruína (de poetas, geógrafos e historiadores), têm o efeito de
“condensar” os imaginários sociais, ao mesmo tempo em que fornecem
diretrizes para pensar tanto a história da cidade quanto a estória do roman-
ce, evidenciando a duplicidade de intenções do gênero romance histórico.
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linda menina branca, que tinha tara por negros e que foi várias vezes
surpreendida em plena felação, ou em sua própria cama deixando-se
possuir das maneiras mais extravagantes. Morreu estrangulada por um
escravo da fazenda, no transporte do gozo. (Gullar, 1997, p. 14-15)
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Considerações finais
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passagem francesa por nossas plagas como o fator diferençador de
uma identidade singular, apesar da evidente lusitanidade de nossas ori-
gens e tradições. (Lacroix, 2000, p. 74-5)
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Referências
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