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Gaudencio Frigotto1
Maria Ciavatta2
Marise Ramos3
Introdução
1. Doutor em Ciências Humanas – Educação (PUC-SP). Professor titular em Economia Política da Educação Na Universidade
Federal Fluminense (aposentado). Atualmente professor no Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Formação
Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pesquisador do CNPq. gfrigotto@globo.com.
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Licenciada em Filosofia (PUC-RJ), Doutora em Ciências Humanas – Educação (PUC-RJ), Professora Titular de Trabalho
e Educação, associada ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Pesquisadora
do CNPq. mciavatta@terra.com.br
3 Doutora em Ciências Humanas – Educação (UFF). Especialista em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde Pública, da
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comunistas. Hoje, os que lutam por terra são tomados como baderneiros e criminalizados pelo
maior representante e sustentáculo da classe dominante, o poder judiciário. A outra face
iníqua da concentração da riqueza explicita-se mediante a forma regressiva de pagamento dos
impostos. A existência de apenas duas alíquotas de imposto de renda, mantidas
historicamente pelo parlamento, escancara essa outra face iníqua da classe dominante.
uma formação básica que lhes faculte a participação qualificada na vida social e política e
inserção igualmente qualificada no processo produtivo. Nega-lhe, pois, a possibilidade desta
dupla autonomia, por um lado, como controle social e, por outro, com políticas clientelistas
e de alívio à pobreza.
4O Sistema S, atualmente, é constituído por instituições que, com base, na Constituição Federal (Art. 149, Inciso
III) recebem contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas, tais como, SENAI (Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial), SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), SENAR
(Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), SENAT (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte),
SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), SESCOOP Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo).
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Um Programa inicialmente proposto para durar 20 meses e que se estendeu por 19 anos. Ver a respeito a
Dissertação de Mestrado de BARRADAS ( 1986). É interessante perceber a similitude que assume o
PRONATEC cinco décadas depois.
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Como normatização da educação brasileira e, particularmente do ensino médio, objeto de análise deste texto,
consideramos, tal como nos explicam Lima, Ramos e Lobo Neto (2013, p. 83) “os diversos documentos
emanados a partir dos poderes públicos desde as ‘constituições’ até as leis; desde os decretos até as portarias e
instruções normativas; desde as resoluções e os pareceres até as portarias e indicações procedimentais. Tanto a
natureza diferenciada desses documentos quanto os seus órgãos de origem estabelecem uma ordenação
hierárquica”. Os autores reconhecem a existência de três níveis hierárquicos, a saber: o da constituição; o das
leis; e o das normas. Neste último caso, identificam-se, ainda, subníveis, dentre os quais o dos decretos
(prerrogativa do poder executivo), que regulamentam as determinações das leis; e o das portarias, instruções
normativas e orientações, que estabelecem critérios de execução de programas de governo. Esses são emanados
de órgãos auxiliares, tais como Ministérios e organismos vinculados, no âmbito federal; secretarias de estado e
organismos vinculados, no âmbito estadual; secretarias ou departamentos e organismos vinculados às prefeituras
municipais. Neste texto, trataremos de normas advindas desses três níveis na esfera do governo federal.
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Mercadante do MEC de bancar os custos desta “parceria” era de que se tratava de um modelo
consagrado.
A visão invertida das determinações da crise do ensino médio se apresenta de forma
emblemática na apresentação da parceria celebrada entre a Coordenação de Aperfeiçoamento
de Ensino Superior (CAPES/MEC) e o Instituto Airton Senna (IAS) para desenvolvimento
do Programa de Formação de Professores no campo das competências socioemocionais. A
justificativa básica apresentada pelos proponentes é o propósito de ajudar a superar barreiras
socioeconômicas7. Para os proponentes, tratar o emocional das crianças com as
características da desigualdade social do Brasil é a medida para que as mesmas superem as
barreiras socioeconômicas (sic). Falta apenas completar, de acordo com esta lógica, que estas
barreiras são naturais e de ordem emocional.
David Harvey (2013) lembra que uma das insistências de Marx, na análise das crises,
era de que não devemos nos ater aos seus efeitos, mas analisar as determinações subjacentes.
O subjacente, na concepção materialista histórica de Marx, se encontra nas relações entre as
classes fundamentais, frações de classe e grupos sociais no processo de produção de sua vida
material, na particularidade de cada processo histórico e das diferentes sociedades. Para
Engels, o legado fundamental de Marx que o imortalizou sintetiza-se em duas “leis8”.
Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, Marx descobriu a lei do
desenvolvimento da história humana: o fato, tão simples, mas oculto sob uma manta ideológica, de que
o homem necessita, em primeiro lugar, de comer, beber, ter um teto e vestir-se antes de poder fazer
política, ciência, arte, religião etc.; de que, portanto, a produção dos meios de vida imediatos, materiais,
e, por conseguinte, o grau de desenvolvimento econômico objetivo de um povo dado ou durante uma
época dada forma a base sobre a qual as instituições estatais, as concepções jurídicas, a arte e inclusive
as ideias sobre religião do povo em questão tem se desenvolvido, e à luz das quais devem, por tanto,
ser explicadas, em vez do contrário, como havia sido o caso até então. Mas isso não é tudo. Marx
também descobriu a lei especial do movimento que governa o atual modo capitalista de produção, e a
sociedade burguesa que este modo de produção tem criado. A descoberta da mais-valia iluminou de
imediato o problema, que todas as investigações anteriores, tanto as dos economistas burgueses como
as dos críticos socialistas, haviam estado tratando de resolver navegando no obscuro. (ENGELS, 1883,
p. 1)
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Ver matéria do Jornal O Estado de São Paulo de 24.03.2014
8 O sentido de lei no plano humano social, como Marx e Engels a entende, expressa o movimento e o processo
histórico que tem como fundamento a base das relações sociais econômicas, estas não como um fator, mas
como uma estrutura econômica.. Como indica Raymond Williams: então, devemos dizer que quando falamos
de “base” (aspas do autor) estamos falando de um processo e não de um estado. (WILLIAMS, 2011, p. 47).
Nesta obra o autor trata do materialismo cultural para evidenciar a relação dialética entre a base das relações
sociais econômicas e os processos culturais. Para aprofundar o sentido de estrutura econômico social como
critério teórico metodológico da teoria das classes sociais e da distinção entre mudanças que alteram a realidade,
reproduzindo-a e mantendo-a e as mudanças que possibilitam rupturas, ver KOSIK, 1986, p.99-113
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como educação básica, a particularidade do projeto construído e mantido pela classe burguesa
brasileira. A leitura dominante, no campo das ciências sociais e humanas, sobre nosso
processo histórico, é de marca conservadora e se assenta sobre a visão da modernização. Uma
concepção dual e etapista de desenvolvimento dentro das dicotomias moderno e arcaico,
desenvolvido e subdesenvolvido ou em desenvolvimento, é uma visão, que de forma
diferenciada se constituiu dominante em toda a América Latina.
O contraponto, pela raiz, desta matriz de análise, nos é legado por vários intelectuais
contemporâneos do pensamento social crítico e nos permitem entender que para esta visão de
sociedade e desenvolvimento não só não se coloca a necessidade da universalização do ensino
médio, mas, sobretudo, a resistência ativa a todas as iniciativas nesta direção postulada pelas
lutas da classe trabalhadora em suas organizações e por intelectuais a ela vinculados. Para
fins deste artigo, nos atemos, ainda que de forma indicativa, às contribuições de Ruy Mauro
Marini, Florestan Fernandes e Francisco de Oliveira,9 pois estes intelectuais, de forma
incisiva, explicitam o avesso do pensamento conservador dominante sobre os obstáculos que
impedem o Brasil a ser um país altamente desenvolvido.
Ruy Mauro Marini (2000), com base na matriz teórica do materialismo histórico, rompe
com a visão linear e etapista de desenvolvimento, ao explicitar a forma específica assimétrica
de inserção do Brasil e dos países latino-americanos no circuito mundial da reprodução do
capital. Com o conceito chave da inserção desigual no circuito mundial do capital, Marini
desvela, ao mesmo tempo, a natureza das relações das classes dominantes nas determinações
da superexploração do trabalho nos países da América Latina e a relação de poder e de
intercâmbio assimétricas entre os centros hegemônicos do sistema capitalista mundial e os
países de capitalismo dependente.
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Na linha do que adverte Harvey sobre a insistência de Marx de se buscarem as determinações subjacentes às
crises, entendemos que para o campo educacional é crucial a leitura sistemática destes e de outros pesquisadores
e intelectuais que analisam a nossa particularidade como sociedade capitalista.
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As frações dominantes de nossa burguesia nunca lutaram por um projeto nacional que
garantisse à população estes direitos. Pelo contrário, sempre arquitetou golpes e ditaduras
para impedir mudanças estruturais e sempre associou-se, ainda que de forma subordinada,
aos centros hegemônicos do capital. Forjou-se, assim, um projeto societário de capitalismo
dependente cuja marca específica é de um desenvolvimento desigual e combinado. Vale
dizer, estruturas sociais, econômicas, políticas e jurídicas que permitem altíssima
concentração da propriedade e da renda
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Chegamos, assim, no Brasil, na segunda década do Século XXI, como explicita a coletânea
organizada por Oliveira e Rizek, (2002), num contexto societário de indeterminação e
anulação crescente da política. Em termos gramscianos, anulação da grande política, aquela
que põe em questão as estruturas da sociedade e adoção da “pequena política” que se limita
a administrar o existente (COUTINHO, 2006, p.156), uma situação em que os autores da
coletânea acima referida a relacionam com as experiências histórica do Estado de exceção.
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O colapso da experiência socialista do leste europeu não foi um fracasso e nem o fim do projeto histórico do
socialismo como os intelectuais da burguesia propalam. Não foi fracasso, pois durante meio século se constituiu
num contraponto ao capitalismo e deteve em grande parte do mundo seus efeitos mais perversos. Também não
significa o fim do projeto socialista. Pelo contrário, a crise cada vez mais aguda e violenta do sistema capitalista
e suas estratégias de superexploração da classes trabalhadora e a negação de gerações inteiras construírem futuro
humanamente digno, recoloca com urgência a agenda socialista.
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Apud AGAMBEN (2004): SCMITT, Carl. Die Diktatur. Munchen-Leipzig, Dunker & Humblot, 1921;
SCHMITT, Carl. Polische theologie. Munchen, 1922.
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em relação ao poder do príncipe de dispensar a lei). Significa que um caso particular pode
escapar à obrigação da obediência à lei (p. 40, grifos nossos).
O estado de exceção é apresentado através da figura da ditadura que é uma suspensão
do direito. O autor distingue a ditadura comissária e a ditadura soberana. “O telos da teoria
é inscrever o estado de exceção em um contexto jurídico”, que é o aporte específico de
Schmitt. “Trata-se de uma articulação paradoxal porque o que deve ser inscrito no direito é
algo essencialmente exterior a ele, isto é, nada mais, nada menos que a suspensão da própria
ordem jurídica” (p. 53-54, grifos nossos).
Para a ditadura comissária, essa inscrição ocorre pela “distinção entre normas do
direito e normas de realização do direito”. A ditadura comissária “suspende de modo concreto
a Constituição para defender sua existência”, com a função de criar as condições que
“permitam a aplicação do direito”, de modo que a Constituição pode ser suspensa em sua
aplicação sem deixar de permanecer em vigor, porque sua suspensão é apenas uma exceção
concreta. Para a ditadura soberana, a “distinção é entre poder constituinte e poder
constituído”. A ditadura soberana não se limita a suspender a Constituição vigente, mas
pretende “criar um estado de coisas em que se torne possível impor uma nova Constituição”,
onde o poder constituinte é um poder fundador (p. 54-55, grifos nossos).
A questão que se coloca é em que medida o tema do Estado de exceção se explicita
na sociedade brasileira por meio de transformação da política de Estado em política
econômica? E em que medida esta subordina e determina a política educacional? Paulani
(2010) aplica a teoria do “Estado de exceção” às políticas econômicas, a partir “do primeiro
governo FHC que caminhou em meio a uma combinação de promessas de sucesso e ameaças
econômicas”. E tomou medidas “injustificáveis de qualquer outro ponto de vista”, salvo sob
ameaças fantasmas. A autora enumera uma série de sete medidas com as quais convivemos
no período (1995-1998-2002), entre as quais, parece-nos oportuno, em atenção ao tema desta
análise, “abrir a economia de maneira estabanada, permitindo a quebra de várias empresas
brasileiras e o aumento do desemprego (ameaça do atraso e da perda do bonde da história)”
(p. 122, grifos nossos).
O governo Lula da Silva (2003-2007-2010) com as forças políticas que o apoiaram,
“abraça com determinação inimaginável o receituário ortodoxo de política econômica, [onde]
o discurso oficial justificou tudo isso com a tese de que estávamos à beira do abismo” (...).
Gerou-se a expectativa de que tal estado de emergência era mesmo uma exceção” (...). Mas
esse estado de emergência tornou-se permanente. Entre as dez medidas citadas por Paulani,
uma delas é de maior interesse para nosso tema, “a transformação do sistema previdenciário
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Sobre o conceito de desenvolvimentismo em países de capitalismo dependente, assim se expressa Rui Mauro
Marini : ”De fato, depois da luta ideológica da segunda metade da década de setenta, em que os intelectuais de
esquerda entraram divididos e em que intervieram os que respondiam ao comando da burguesia, o pensamento
social latino-americano não conseguiu retomar a elaboração crítica e original que vinha realizando, o que tornou
difícil a formulação de uma alternativa de esquerda às pressões exercidas contra os povos da região. Por parte
das forças progressistas que procuraram expressar as aspirações das grandes massas, o que se está verificando é
o recurso ao nacional- desenvolvimentismo tradicional e a certas teses da teoria da dependência, o que – pela
falta de um referencial dinâmico – tende a representar, às vezes, uma simples volta ao passado (MARINI, 1992,
p. 99-100, apud PRADO; CASTELO, 2010, p. 183-4). Para sua releitura nos dias atuais, ver Castelo (2010);
Prado; Meireles (2010).
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destinados a produzir a riqueza, os bens gerados com os novos conhecimentos trazidos pela
ciência moderna e produzidos sob os novos padrões da revolução industrial.
No Brasil, geraram-se, historicamente, diferentes espaços, funções e escolas para
colonizados e colonizadores, escravos e senhores, trabalhadores livres e proprietários das
terras, das fábricas, dos títulos de nobreza. Os pobres, ignorantes das leituras e maneiras
escolarizadas, mas ativos em perceber as consequências da posse dos conhecimentos na vida
dos mais letrados, como trabalhadores das mais árduas tarefas da produção, tentaram sempre
garantir aos filhos algum tipo de instrução.
A história da educação brasileira (v., entre outros, ROMANELLI, 1978); SAVIANI,
2007; MANFREDI, 2002) registra os primórdios da educação elementar acompanhada de
elementos de formação para o trabalho. Progressivamente, pelo interesse civilizador ou
político de alguns intelectuais com expressivos cargos na administração pública, ampliou-se
a oferta de escolas e introduziram-se novas ideias e novos métodos de ensino com Anísio
Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Paschoal Lemme, Francisco
Campos, Ana Maria Casasanta.13
De outra parte, alcançado um patamar, diante do efeito de demonstração do lugar
privilegiado dos mandatários da nação, os mais pobres demandavam do sistema mudanças
que propiciassem o acesso a níveis superiores de instrução escolar. O acesso ao ensino
primário ensejou a demanda de continuidade no ciclo secundário ginasial e, em continuidade,
a equivalência de estudos entre os cursos profissionais e técnicos e as escolas de nível
secundário (ginásio) e médio (colegial); por último, a demanda por acesso ao ensino
superior.14
A história do período da Ditadura Civil-militar (1964-1985) evidencia, hoje, com
razoável clareza, como, sob o mandato da lei, norma e a decisão do poder governamental
adquiriram uma ambiguidade da qual até hoje não nos libertamos. Por norma, tendo por base
Agamben (2004), entendemos todo o aparato legal do Estado de modo a ordenar a vida em
sociedade. E primeiro lugar, a Constituição, depois as leis específicas, decretos, portarias,
resoluções, pareceres etc. que normatizam os diversos aspectos administrados pelo Estado e
as demais instâncias administrativas. (LIMA, RAMOS, LOBO, 2013)
A decisão, segundo o mesmo autor, é o poder de mando, o exercício da aplicação da
norma, ou de sua suspensão, em ambos os casos, norma e decisão, em nome do aparato
jurídico. No Brasil, os sinais do Estado de exceção apareceram antes do Golpe que implantou
a Ditadura. Após a renúncia de Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, os ministros militares
13
A atuação desses educadores tem sido objeto de estudos e polêmicas entre os historiadores da educação. Entre
outros, ver Saviani, 2007.
14
Para detalhamento ver Ciavatta, 2009, cap. 4.
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Citamos aqui os principais acontecimentos que, em escalada crescente, fecharam os canais de
exercício da democracia no país: Golpe de Estado que instala a Ditadura (29/03-1º./4/1964); Indicação
do Presidente da República, General Castelo Branco (04/04/64); decreto do Ato Institucional n. 1 que
confere ao Presidente da República “poderes para cassar mandatos eletivos e suspender direitos
políticos; invasão policial do campus e extinção do mandato de todos os membros do Conselho Diretor
da Universidade de Brasília (UnB); sancionada a Lei Supplicy (Lei n. 4.464/64) que proíbe atividades
políticas estudantis e coloca na ilegalidade a União Estadual dos Estudantes (UNE) e as Uniões
Estaduais de Estudantes (UEEs) (909/11/64); Ato Institucional n. 2 que extingue os partidos existentes,
atribui à Justiça Militar o julgamento de civis acusados de crimes contra a segurança nacional e atribui
ao Presidente da República poderes para cassar cargos eletivos e suspender direitos políticos
(27/10/65); o General Castelo Branco põe em recesso o Congresso Nacional (20/10/1965); Ato
Institucional n. 3 que estabelece eleições indiretas para governadores (05/02/1966); é promulgada a
nova Constituição do Brasil (24/01/1967); é editada a nova Lei de Segurança Nacional (11/03/1967);
68 cidades são declaradas áreas de Segurança Nacional e ficam impedidas de elegerem seus prefeitos
(04/06/1967); Ato Institucional n. 5 que atribui poderes discricionários ao Presidente da República, o
Congresso é posto em recesso e centros cívicos substituem os grêmios estudantis (13/12/1968); o
Decreto-lei n. 477/69 penaliza infrações disciplinares de professores, alunos e funcionários de
instituições públicas; Ato Institucional n. 10 leva centenas de professores à aposentadoria
(16/05/1969); o Decreto-lei n. 1.077/70 estabelece a censura prévia de livros e revistas; o governo
passa a editar “decretos reservados” (novembro 1971). No período ocorrem muitas invasões de outras
universidades e repressão violenta aos grupos organizados de resistência ao regime (CRONOLOGIA,
s.d.).
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16 As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Profissional Técnica de Nível Médio foram disciplinadas
pelo Parecer CEB/CNE n. 11, de 09/05/2012 e Resolução CEB/CNE, n. 6, de 20/09/2012. A disputa travada na
elaboração dessas diretrizes confrontou, por um lado, forças que visavam manter a pedagogia das competências
e, por outro, aquelas que defendiam a formação integrada, inclusive visando estabelecer as mesmas diretrizes
para o ensino médio e para a educação profissional técnica de nível médio nesta perspectiva. Enquanto esta última
concepção foi incorporada, não sem contradições, às DCNEM, o mesmo não ocorreu com a da educação
profissional. Sobre este assunto, ver Ciavatta e Ramos (2012). Sobre avanços de contradições das atuais DCNEM,
sugerimos a leitura de Ramos (2011).
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Anteriormente à Lei 12061/09, o Estado estava apenas obrigado a fornecer universalmente a educação
até o ensino fundamental, ficando o médio atrelado a uma “progressiva extensão da obrigatoriedade e
gratuidade” como dispunha o artigo 4º, II da LDB. No entanto, esta progressividade nunca ocorreu com
plenitude, visto que a lei não estabeleceu prazo para a conclusão da educação universal. É a nova Lei
que “deve garantir o ensino médio obrigatório e gratuito gratuito para toda população que dele
necessitar”, ou seja, universalmente. Para tanto, foi editada a emenda constitucional nº 59, que
estabelece modificações orçamentárias a fim de assegurar a ampliação do ensino de 4 à 17 anos”
(GALINDO, op. cit.)..
17 “Trabalho humano mede-se pelo dispêndio da força de trabalho simples, a qual, em média, todo homem
comum, sem educação especial tem em seu organismo. O trabalho simples médio muda de caráter com os
países e estágios de civilização, mas é dado numa determinada sociedade”(MARX, 1980, p. 51).
18
C. S. da Fonseca (1986) relata em detalhes os primórdios da educação profissional no Brasil.
19 “De acordo com o Censo da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), em 2012, foram 1,4 milhões de matrículas em cursos técnicos no país. Somente pelo
Pronatec, foram 502,9 mil. A meta para o programa é um total de 2,4 milhões de matrículas de 2011 a 2014 em
cursos técnicos. O Pronatec prevê a oferta de cursos de formação inicial e continuada, que somadas ao ensino
técnico, chegam a uma meta de 7,9 milhões de matrículas de 2011 a 2014 (TOKARNIA, 2013). Análises da
implementação do Pronatec em um Instituto Federal e em uma unidade do SENAI podem ser encontradas em
Ramos (2014) e em Contarine (2014).
20
Esta análise da legislação tem por base, Galindo (s. d.).
21
Uma questão que representa um dos obstáculos à colaboração do governo federal com estados e municípios é
o regime de colaboração que ainda não foi regulamentado. Por isso, não existe instrumento específico para
estabelecer a divisão dos recursos prevista em lei entre essas três instâncias (v. “Desafios à educação brasileira:
PNE, Responsabilização, colaboração e sistema nacional de educação”, v. 34, n. 124 da Revista Educação &
Sociedade, Revista de Ciências da Educação, jul.-set. 2013)
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O PRONATEC teve início com o Projeto de Lei 1.209/2011, que foi aprovado e
sancionado quase integralmente pela presidente Dilma, como lei federal n° 12513/11.
Consiste num programa cuja finalidade fundamental é de propiciar “por meio de (...) projetos e ações
de assistência técnica e financeira” “a expansão da rede física” açambarcando “da educação
profissional técnica de nível médio aos cursos e programas de formação inicial e continuada ou
qualificação profissional” (...) Ao demonstrar enorme abrangência de ações e aplicação de recursos,
não faz distinção setorial (setores produtivos) ou institucional (público e privado, instituições A, B ou
C) entre aquilo que tem sido o papel fundamental da rede pública federal (a educação profissional
22
A informação sobre estes recursos foi dada pelo MEC por ocasião do lançamento do PRONATEC 2 feito
pela presidente Dilma Rousseff numa formatura de alunos do Programa em 24.04.2014. Dados retirados no dia
23.06.2014. http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/04
23
A respectiva regulamentação está disposta na Portaria do Ministério da Educação n. 168, de 07/03/2013,
alterada pela Portaria n. 1.007, de 09/10/2013
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técnica) e o que tem sido o campo privilegiado da rede “privada” do sistema “S” (os cursos e programas
de formação inicial e continuada ou qualificação profissional). Embora sinalize que atenderá
prioritariamente estudantes do ensino médio da rede pública, EJA, trabalhadores, beneficiários dos
programas sociais com vistas a dar ênfase aos portadores de deficiência e aos programas realizados nas
regiões norte e nordeste, não dá exclusividade a rede federal que está em franca expansão e necessita
de mais recursos, deixando em aberto como se dará a destinação dos recursos. (LIMA, 2011, p. 12).
Em uma análise vigorosa sobre a entrada dos trabalhadores nos Institutos Federais
pela via da Formação Inicial e Continuada, Lucília Carvalho da Silva assim expressa:
Não há como negar que o PRONATEC – Brasil sem miséria, que consiste na oferta de cursos
aligeirados para a população usuária dos programas de transferência de renda do governo federal, é
uma proposta diferente, num contexto particular, ao da educação para os ofícios para as “classes
perigosas” do período Colonial ao período Republicano. Entretanto, também, é irrefutável que, em
essência, a ideologia reformadora e o caráter dual da oferta de educação permanecem como pilares
das propostas educacionais nos dois momentos da história (SILVA, 2014, p. 325).
17
18
de nossos jovens e na expansão da preparação para o trabalho simples a serviço das empresas,
em detrimento da formação de um cidadão culto para seu tempo e, politicamente, informado
para a leitura do mundo onde deve viver.
24
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Referimo-nos especialmente à LDB (Lei n. 9.394/96 ), com as alterações feitas pela Lei n. 11.741, de
16/07/2008 e às Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), aprovadas pelo Parecer
CEB/CNE n. 05, de 04/05/2011 e pela Resolução n. 02, de 30/01/ 2012.
18
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É bem verdade que a revogação da legislação que fundamentou esta política pode não
ter levado à total superação da respectiva concepção. Esta ainda está presente, por exemplo,
nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
(BRASIL, 2012b), que também foram revistas pelo Conselho Nacional de Educação entre
2011 e 2012, mas seguiu um caminho diferente da elaboração das DCNEM, uma vez que o
relator manteve a lógica da educação profissional na dimensão econômica e uma organização
curricular fragmentada, baseada na pedagogia das competências. Não obstante, oficialmente,
pode-se dizer que o ensino médio hoje está regulamentado por ideias da formação integrada,
na perspectiva do projeto de educação politécnica e omnilateral. Alguns fatos e documentos
sobre o ensino médio a partir de 2003 nos indicam esta tendência, tal como vemos a seguir.
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Expressa no Decreto n. 2.208/97 e disciplinadas pelo Parecer CEB/CNE n. 15, de 01/06/1998 e pela Resolução
CNE/CEB n. 3, de 26/06/1998.
27
Lei n. 11.892, de 29/12/ 2008.
28
Disponível em http://portal.mec.gov.br. Consulta em 20/06/2014.
29
Realizado pela primeira vez em 2006, os Congressos Nacionais de Educação foram organizados por pela
sociedade civil brasileira. Confere-se ênfase especialmente ao II Coned, realizado em Belo Horizonte (MG), em
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bloco que estava no poder, recuperaram os debates e propostas dos anos de 1980, travadas
em torno do projeto de nova LDB, sobre a concepção de escola unitária e educação
politécnica e omnilateral.
Desta maneira, o que seria uma proposta de ordem filosófica e política radicalmente
distinta do período FHC, tornou-se um instrumento jurídico, por intermédio do qual a classe
dominante fez concessões a fim de manter sua hegemonia. (GRAMSCI, 1991)
Objetivamente, este instrumento permitiu a oferta da educação profissional na forma
integrada ao ensino médio, sem que a concepção que embasava tal proposta fosse assumida
novembro de 1997, em cuja Plenária de Encerramento se consolidou e se aprovou o Projeto de Plano Nacional
de Educação – Proposta da Sociedade Brasileira. Esses congressos foram substituídos pela Conferências
Nacionais de Educação, organizadas pelo Ministério da Educação, a partir de 2010.
30
Uma recuperação histórica de propostas e disputas políticas naquele momento encontram-se, dentre outros
textos, em Ramos (2005) e em Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005a).
31
Em sua página na internet (http://www.todospelaeducacao.org.br) o Movimento Todos pela Educação se define
como “um movimento da sociedade brasileira que tem como missão contribuir para que até 2022, ano do
bicentenário da Independência do Brasil, o País assegure a todas as crianças e jovens o direito a Educação Básica
de qualidade”. Sua agenda foi assumida pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado pelo MEC
em 24 de abril de 2007, simultaneamente ao Decreto 6.094, que dispunha sobre o Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educação. Foi também chamado PAC da Educação (por analogia ao Plano de Aceleração do
Crescimento, neste Plano estariam metas de aceleração do crescimento educacional). Na verdade, tratou-se de
um conjunto de metas que não se fez com a finalidade de dar cumprimento do Plano Nacional de Educação
naquele momento ainda vigente (2001-2011). Sobre este assunto, sugerimos a leitura de Saviani (2007).
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nas decisões políticas feitas pelo bloco no poder. A hegemonia de forças conservadoras
presentes no CNE foi definitiva para isto32.
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Em Frigotto, Ramos e Ciavatta (2005b) demonstramos que as DCN então vigentes, herdadas do período FHC,
foram pontualmente modificadas para serem acomodadas ao novo decreto, sem qualquer alteração no seu
conteúdo. De fato, a alteração substancial na norma, como assinalamos, ocorreu com as novas DCNEM. Porém,
mais uma vez se acomodou o interesse da classe dominante nas novas DCNEPTNM. Nesses dois momentos
históricos distintos – governos FHC, governos do PT – os quais incluem, respectivamente, as Diretrizes do Ensino
Médio e da Educação Profissional baseada na pedagogia das competências, numa fase e, na outra, a revisão
dessas diretrizes por força do novo decreto e a exaração das novas, quando o tema era a educação profissional
técnica de nível médio, o relator de todos os pareceres no Conselho Nacional de Educação foi o mesmo, um
representante do chamado sistema S.
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Em Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005b) demonstramos que na fase anterior, a SETEC se ocupou de programas
focais de educação profissional, a exemplo do Escola de Fábrica. Em 2007 Eliezer Pacheco assume a SETEC e,
com sua equipe, confere à política dessa secretaria uma certa inflexão em favor da educação profissional técnica
de nível médio integrada ao ensino médio. Também é neste período que se implanta o Programa de Educação de
Jovens e Adultos na forma Integrada à Educação Profissional (PROEJA).
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Pode-se, assim, considerar este documento como o ponto mais avançado a que chegou
a concepção de ensino médio no Brasil no plano da política oficial. Com estas diretrizes,
governo e sociedade civil teriam elementos suficientes para se buscar construir um ensino
médio sustentado por princípios filosóficos e orientações práticas compatíveis com um
projeto de formação que interessa aos jovens e adultos da classe trabalhadora brasileira.
Em 2013, a Secretaria de Educação Básica tentou dar passos adiantes neste sentido,
mediante a implementação de um programa de formação de professores do ensino médio, em
colaboração com universidades e com a participação das Secretarias Estaduais de Educação.
Este programa conta com um material didático cuja elaboração seguiu o mesmo curso dos
documentos citados anteriormente, ou seja, foi elaborado por intelectuais comprometidos
com a concepção de formação integrada na perspectiva da educação politécnica e
omnilateral34.
Não obstante, mais uma vez, no plano da decisão, o curso da política de educação
profissional e de ensino médio é guiado pelos mesmos grupos que resistem à concepção de
formação integrada e reiteram a proposta da educação profissional simplificada e de ensino
médio dual e fragmentado, derrotando conquistas perseguidas com muitas lutas ao longo da
história. Tal retrocesso se objetiva, no caso da educação profissional, como vimos, por meio
do Pronatec e, no ensino médio, com a projeto de lei n. 6.840/2013, ora em tramitação no
Congresso Nacional35.
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Trata-se de uma ação no âmbito do “Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio” (MECSEB, 2013),
cujo objetivo é oferecer formação continuada aos professores do ensino médio nas 27 unidades da Federação. O
material didático da 1ª. Etapa da formação, prevista para se realizar a partir do mês de fevereiro de 2014, é
composto por 6 cadernos, cada qual tratando dos seguintes temas: Caderno I: Ensino médio e formação humana
e integral; Caderno II: O jovem como sujeito do ensino médio; Caderno III: O currículo do ensino médio, seus
sujeitos e o desafio da formação humana integral; Caderno IV: Áreas de conhecimento e integração curricular;
Caderno V: Organização e gestão democrática da escola; Caderno VI: Avaliação no ensino médio. Uma das
fontes de acesso deste material é http://observatorioensinomedio.wordpress.com/pacto-nacional-pelo-
fortalecimento-do-ensino-medio.
35
Trata-se de um projeto de lei elaborado a partir do relatório da comissão especial destinada a promover estudos
e proposições para a reformulação do ensino médio – CEENSI – do Congresso Nacional (Câmara de Deputados).
Criada em maio de 2012, a comissão apresentou, em novembro de 2013, o relatório final com algumas
proposições básicas que deram forma ao referido projeto de lei. Uma análise crítica de alguns termos deste projeto
pode ser encontrado em Ramos e Simões (no prelo).
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Este, porém não é o tipo de educação que interessa à classe dominante. Assim, para
se defender o direito da classe dominada à educação profissional, nos moldes que interessa
ou não incomode a classe dominante, suspende-se o conteúdo dos documentos normativos e
orientadores dessa política na concepção de formação integrada. Assim, o momento de
aplicação da política de educação profissional integrada ao ensino médio – o momento da
decisão – se autonomiza em relação à norma.
A “zona de anomia” a que se refere o Agamben (2004), neste caso, é o Pronatec, que
incorporou o Programa Brasil Profissionalizado. Sua execução se autonomiza em relação à
norma, que apresentava a concepção de formação integrada. No caso do projeto de lei de
reformulação do ensino médio (Projeto de Lei da Câmara n. 6.840/2013), atualmente em
tramitação, sua eventual aprovação enfraqueceria a legislação e documentos vigentes, abrindo
caminho para mais um retrocesso no ensino médio.
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Do mesmo modo, podemos entender porque, para as classes dominantes dos países latino-
americanos, a educação básica de qualidade para todos não se coloca como necessidade. A
reiterada contraposição entre quantidade e qualidade na ideologia dominante, como analisava
Gramsci na década de 1930, expressa o não interesse em alterar a ordem social e educacional
vigentes. “Sustentar a qualidade contra a quantidade significa, precisamente, apenas isto:
manter intactas determinadas condições de vida social, nas quais alguns são pura quantidade,
outros pura qualidade” (GRAMSCI, 1978, p.50). Também expressa a opção pela condenação
da maioria dos trabalhadores ao trabalho simples e sua superexploração na divisão
internacional do trabalho, com o consequente baixíssimo valor agregado do seu trabalho.
A breve análise aqui compartilhada tem implicada não só a biografia dos que participam
desta coletânea, uma vez que somos coetâneos destes embates, mas também uma posição
política que nos interpela buscar um novo consenso, mesmo no dissenso do campo da
esquerda, já que um acordo prévio é que o inimigo é outro.
No plano estratégico, por certo, trata-se de uma posição antagônica e um combate sem
concessões ao projeto societário com a classe burguesa brasileira e seu vínculo orgânico, o
imperialismo. Concomitantemente, um combate com o aparato político e jurídico que a
mantém, mediante ditaduras e golpes institucionais e pela forma que assume o estado
36 O conceito de esquerda, a despeito de o credo neoliberal buscar esmaecê-lo, continua filosófica, sociológica e
politicamente mais que atual. Entendemos, na esteira da clareza do pensamento do Historiador Eric Hobsbawm,
como sendo de esquerda todos aqueles que lutam pela superação do sistema capitalista de produção da existência
humana e que mantém na agenda, portanto, a luta pelo socialismo. E socialistas, como sublinha Hobsbawm, são
aqueles que têm em primeiro lugar a pessoa humana e, em particular, as mais simples. Por certo, o nó que
transforma a esquerda em esquerdas situa-se no plano estratégico e tático de luta para a superação do capitalismo.
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Ainda no plano estratégico, cabe não tirar da agenda a luta pelas reformas estruturais,
postergadas desde a proclamação da República. Reforma agrária nos termos em que a
apresentam os intelectuais orgânicos do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), a
reforma tributária, política e jurídica. Isto não é o socialismo, mas condição necessária, pois
como nos ensina Marx, este não será resultado do quanto pior melhor, mas da contradição
fundamental do avanço das forças produtivas e da opacidade da socialização da produção.
por sua incapacidade de buscar um consenso mínimo em torno da proposta do ensino médio.
Para a esquerda, é uma derrota, sem dúvida, ver o Instituto Unibanco, o Instituto Airton Sena
e o TeleCurso da Rede Globo de comunicação, assumirem de dentro do Estado e do governo
a orientação do ensino médio.
Por certo, temos que aprender a fazer o mesmo questionamento hoje com a generosa
autocrítica que Florestan Fernandes (1980) faz a sua geração de esquerda ao indagar: o que
queríamos, onde erramos, porque erramos e como aprender? Mas ao mesmo tempo, entender
que nunca é tarde para “renascer das cinzas”, pois uma vez mais Florestan nos dá a
perspectiva. “A história nunca se fecha por si mesma e nunca se fecha para sempre. São os
homens, em grupos e confrontando-se como classes em conflito, que ´fecham´ ou ´abrem´ os
circuitos da história”. (FENANDES, 1977). As eleições de 2014 colocam para o campo da
esquerda a busca, no dissenso, de um consenso mínimo na agenda de lutas no plano político,
social, econômico, cultura e educacional. Sem isso o assalto sobre o que resta de público, será
total.
Referencias Bibliográficas
AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. 2ª. ed. São Paulo: Boitempo, 2004.
BARRADAS, Anésia Maria da Silva. A fábrica PIPMO: uma discussão sobre política de
formação de mão-de-bra no período de 18963-1982. Rio de Janeiro, IESAE/ Fundação
Getúlio Vargas., 1986. Dissertação de Mestrado.
BRASIL. CNE.CEB. Atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação
Profissional Técnica de Nível Médio. 2012a .Versão para debates na Audiência Pública
Nacional, 2010.
BRASIL. CNE.CEB. Parecer 011, de 09 de maio de 2012. Diretrizes Curriculares para a
Educação Profissional Técnica de Nível Médio. 2012b Disponível em http://portalmec.gov.br
Acesso em 20 de junho de 2014.
BRASIL. MEC/SEB. Pacto Nacional pelo Ensino Médio. Formação de Professores do Ensino
Médio. Documento Orientador Preliminar. Disponível em
http://observatorioensinomedio.wordpress.com/pacto-nacional-pelo-fortalecimento-do-
ensino-medio. Consulta em 20/06/2014.
BRASIL. MEC/SEB. Programa Ensino Médio Inovador. Documento Orientador. Disponível
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Consulta em 20/06/2014.
BRASIL. MEC/SETEC. Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino
Médio. Brasília, 2007. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/documento_base.pdf. Consulta em 20/06/2014.
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