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Esse segundo capítulo do livro de David Graeber “Dívida, os primeiros 5.

000
anos”, ele trata sobre o Mito do Escambo, tema este que dá nome ao capítulo. Trata,
sobretudo, da teoria de David Grauber de que o escambo não existiu, ou, que só existiu
em suposições vazias ou em um mundo imaginário dos economistas.
O autor começa perguntando “qual a diferença entre a mera obrigação, a sensação
de que é preciso se comportar de determinada maneira, ou de que se deve algo a
alguém, e a dívida propriamente dita?”. Graeber, afirma que a simples resposta a essa
pergunta é o dinheiro, pois a dívida pode ser quantificada com precisão, mas que para
isso é necessário o dinheiro. Deste modo, o autor explica que não é só o dinheiro que
torna a dívida possível, e que, a dívida e o dinheiro aparecem em cena exatamente ao
mesmo tempo. Para figurar sua afirmação, Graeber conta que os primeiros registros
conhecidos acerca de débitos e créditos são tabuletas mesopotâmicas que constavam o
dinheiro devido pelo aluguel de terras do templo especificado em grãos e prata e que
algumas das primeiras obras da filosofia moral tratam da concepção do comportamento
moral nos termos monetários com que se trata a dívida, sendo, portanto, a história da
dívida a mesma história do dinheiro, e assim, a melhor e a mais fácil maneira de
compreender o papel que ambos desempenharam na sociedade humana, bem como o
significado de tudo. Contudo, o autor admite que, esta é uma história do dinheiro,
diferente daquelas com a qual estamos acostumados, pois quando economistas falam
dessa mesma história, eles consideram a dívida como algo secundário, pois primeiro
vem o escambo, depois o dinheiro e, posteriormente, o desenvolvimento do crédito.
Graeber insiste que, mesmo em livros sobre a história do dinheiro de diversas
culturas, o que sempre são encontradas são histórias da cunhagem, mas pouquíssimas
discussões sobre acordos de crédito. Contudo, o autor fala que, durante quase um
século, antropólogos com sua mesma linha de raciocínio apontam algo errado nesta
abordagem, pois observando a verdadeira organização da vida econômica podemos
encontrar pessoas endividadas de diversas maneiras e transações que se dão sem o uso
da moeda. Isso, de acordo com o autor, diz respeito à natureza dos fatos, onde as
moedas são preservadas nos arquivos arqueológicos e os acordos de crédito não são.
Graeber expõe, que é importante começar a história do dinheiro em um mundo
imaginário, onde o crédito e a dívida tenham sido eliminados e, para poder aplicar as
ferramentas da antropologia para reconstruir a história real do dinheiro, é preciso
entender o que há de errado com a explicação convencional. O autor comenta que os
economistas geralmente falam em três funções do dinheiro: meio de troca, unidade de
contas e reserva de valor. Também explica que todos os manuais econômicos tratam o
meio de troca como função primária e cita um trecho do livro Economics, onde fala que
o dinheiro é vital para o funcionamento da economia de mercado, como também explica
a dinâmica do escambo, que requer uma dupla coincidência de desejos para que
aconteça, ou seja, para você trocar suas mercadorias pelo que você deseja é necessário
que a outra parte também esteja interessada nas suas mercadorias e que, quando a
variedade de bens é pequena, em economias rudimentares, é mais fácil encontrar
alguém para fazer a troca e realizar assim o escambo. Contudo, em sociedades mais
complexas, as trocas não acontecem por não haver pessoas dispostas a aceitar as trocas
e, também, pela diferença no meio de pagamento adotado pela maioria das pessoas, o
que elimina o problema da dupla coincidência de desejos. Graeber ressalta, que o trecho
do livro Economics não é apresentado como algo que de fato aconteceu, mas sim como
um exercício puramente imaginário.
Graeber, cita como base de suas afirmações acerca da não existência do escambo,
Aristóteles, que especulava sobre o assunto em sua época no seu tratado sobre política
que sugeria que o dinheiro provavelmente teria surgido da troca de produtos entre as
famílias que produziam separadamente todos os produtos que precisavam e passaram a
trocar entre si como mercadorias. O autor também faz referência à época que sucedeu
Colombo e a falta de relatos sobre o escambo, mesmo que os portugueses tenham
visitado inúmeras regiões do mundo em busca de riquezas, não se tem conhecimento de
uma sociedade que vigorava o escambo.
Comenta Graeber, que Adam Smith, o grande fundador da economia como
disciplina, se opôs à ideia de que o dinheiro fosse criação do governo e concorda com
John Locke, que afirmava que o governo começa na necessidade de proteger a
propriedade privada e só funciona bem quando se limita a essa função. Deste modo,
Smith acreditava que a propriedade, o dinheiro e o mercado existiam antes das
instituições políticas e que o papel do governo era garantir a estabilidade da moeda.
Seguindo esse conceito, Adam Smith conseguiu afirmar que a economia é um campo da
investigação humana com princípios e leis próprias. A base da vida econômica de
acordo com Smith, “trata-se de uma tendência ou propensão existente na natureza
humana [...] a intercambiar, permutar ou trocar uma coisa pela outra”, nenhum outro
animal tem essa capacidade ou será capaz de adquiri-la. Smith também explica que é
esse impulso para a troca que cria a divisão do trabalho, responsável por todo o avanço
da humanidade e pela civilização.
Para ilustrar sua teoria, Smith reproduz um cenário imaginário dos economistas, o
que parece uma ligação dos índios norte-americanos com os pastores nômades da Ásia
Central.
Em uma tribo de caçadores ou pastores, por exemplo, uma determinada pessoa
faz arcos e flechas com mais habilidade e rapidez do que qualquer outra. Muitas vezes
trocá-los-á com seus companheiros, por gado ou por carne de caça; considera que,
dessa forma, pode conseguir mais gado e mais carne de caça do que conseguiria se ele
mesmo fosse à procura deles no campo.
Smith fala que, é somente quando surgem fabricantes de arcos, cabanas etc. que as
pessoas percebem a existência de um problema, tendemos a passar de silvícolas
imaginários para pequenos comerciantes em cidadezinhas e, mais uma vez, usa um
exemplo comparativo e imaginário. Quando a divisão do trabalho estava apenas em seu
início, este poder de troca deve ter deparado frequentemente com grandes empecilhos.
Podemos perfeitamente supor que um indivíduo possua uma mercadoria em quantidade
superior àquela de que precisa, ao passo que um outro tem menos. Consequentemente, o
primeiro estaria disposto a vender uma parte de seu supérfluo, e o segundo a comprá-la.
Todavia, se esta segunda pessoa não possuir nada daquilo que a primeira necessita, não
poderá haver nenhuma troca entre as duas. Ex: um açougueiro quer trocar sua carne por
uma cerveja, porém o cervejeiro já tem carne, nesse caso não haverá a troca entre eles.
A fim de evitar o inconveniente de tais situações, toda pessoa prudente, em qualquer
sociedade e em qualquer período da história, depois de adotar pela primeira vez a
divisão do trabalho, deve naturalmente ter se empenhado em conduzir seus negócios de
tal forma, que a cada momento tivesse consigo, além dos produtos diretos de seu
próprio trabalho, uma certa quantidade de alguma outra mercadoria. Assim, todos
começaram a estocar produtos que supostamente seriam de necessidade de outra pessoa,
o que produziu um efeito ilógico, pois ao invés daquela mercadoria perder o valor, pois
todos tinham um pouco dela, ela se transformou em moeda e se tornou mais valiosa.
Smith conta que, na Abssínia o instrumento comum no comércio e nas trocas é o
sal, nas regiões da costa da Índia são conchas, na Terra Nova é o bacalhau, o tabaco na
Virgínia, na Inglaterra e em algumas de suas colônias é o açúcar, em alguns outros
países, peles ou couros preparados e que existe na escócia uma aldeia que trabalhadores
levam pregos em vez de dinheiro. Já para o comércio de longa distância, afirma Smith, é
utilizado somente metais preciosos, pois são apropriados para servir como moeda, são
duráveis, portáteis e podem ser divididos em porções idênticas. Deste modo, explica
Smith, foram utilizados diferentes metais como ferro, cobre, ouro e prata, desde a forma
de barras brutas sem cunhagem e sem gravação que apresentavam diversos e
consideráveis inconvenientes como a pesagem, verificação da autenticidade e da
qualidade, até os metais preciosos, em que uma pequena diferença na quantidade
representava uma grande diferença no valor, e que ofereciam facilidade na hora da
pesagem. Usar lingotes irregulares de metal é mais fácil que praticar o escambo, porém,
padronizar unidades prensando-as com designações uniformes para garantir sua pureza
e seu peso, em diferentes denominações, não facilitou em nada e, desta forma, nasceu a
cunhagem, que por sua vez implicou no envolvimento dos governos, que tinham, de
acordo com a versão clássica da história, o papel de forjar as moedas e garantir a oferta
monetária, o que faziam sem a menor competência. Smith conta que durante a história,
reis inescrupulosos fraudavam a cunhagem, desvalorizando a moeda e gerando inflação,
dentre outros tipos de danos políticos.
Contudo, Smith conclui que essa história tem um papel revelador e crucial na
fundamentação da economia como disciplina e que existia algo chamado “economia”
que funcionava com regras próprias, separado da vida moral e política. De acordo com
as afirmações de Smith, o ser humano sempre intercambiou e permutou, continua e
sempre continuará intercambiando e permutando, sendo a moeda, apenas, o meio mais
simples eficaz de fazer isso.
Graeber retoma seu raciocínio afirmando que o mito do escambo está tão
profundamente estabelecido, que a maioria das pessoas não imaginaria outra maneira de
como o dinheiro apareceu, porém, o autor afirma, que o único problema é a falta de
indícios de que isso um dia aconteceu, pois há séculos que pesquisadores procuram sem
sucesso essa lendária terra do escambo. Missionários, aventureiros e administradores
viajavam pelo mundo com a cópia do livro de Adam Smith, esperando encontrar a terra
do escambo, contudo, o que descobriram, foi uma variedade quase infinita de sistemas
econômicos.
O autor cita a obra de Caroline Humphrey como definitiva e a mais enfática a
respeito do tema. Caroline em suas conclusões define: “nunca foi escrito nenhum
exemplo puro e simples da economia de escambo, muito menos de que o dinheiro tenha
surgido do escambo; toda a etnografia existente sugere que esse tipo de economia
nunca existiu”.
Graeber apazigua e completa, afirmando que isto não significa que o escambo não
existiu, significa apenas que quase nunca era empregado como Smith imaginava, entre
homens de uma mesma aldeia. Graeber afirma que o escambo acontecia entre estranhos
e até entre inimigos e toma como exemplo os índios nambiquaras do Brasil, uma
sociedade simples, organizados em pequenos grupos de aproximadamente cem pessoas,
quase sem divisão de trabalho, quando vê que um outro grupo acendeu a fogueira para
cozinhar, manda emissários para negociar um encontro com o propósito de troca. Se a
oferta for aceita, eles escondem as crianças e as mulheres na floresta e convidam
homens do outro grupo para visitar o acampamento. Cada grupo escolhe um chefe;
depois que todos se reúnem, cada chefe profere um discurso formal enaltecendo a outra
parte e subestimando o próprio grupo; todos deixam as armas de lado para cantar e
dançar juntos, depois os indivíduos de um grupo se dirigem aos do outro para a troca.
Graeber trata a dívida e o favor a partir de dois cenários:

Cenário 1
Henry se aproxima de Joshua e diz: “Calçados bonitos!”.
Joshua diz: “Ah, nem são tão bonitos assim, mas, como você gostou deles,
pegue-os".
Henry pega os calçados.
Eles não tratam das batatas de Henry porque os dois sabem perfeitamente
que, se Joshua precisar de batatas em algum momento, Henry lhe dará algumas.

Cenário 1
Henry se aproxima de Joshua e diz: “Calçados bonitos!”.
Ou então - para deixar esse cenário um pouco mais realista - a esposa de
Henry está conversando com a esposa de Joshua e deixa escapar estrategicamente
que o estado dos calçados de Henry está tão ruim que ele começou a reclamar dos
calos.
A mensagem é transmitida e Joshua aparece no dia seguinte para oferecer a
Henry, como presente, seu par de calçados que está sobrando, insistindo que se
trata apenas de um gesto amigável. Jamais ele aceitaria alguma coisa como
compensação.
Não importa se Joshua está sendo sincero. Ao fazer o que fez, Joshua
registra um crédito. Henry lhe deve uma.
Como Henry poderia pagar a Joshua? Há infinitas possibilidades. Talvez
Joshua realmente queira algumas batatas. Henry espera passar um pequeno
intervalo e entrega as batatas para Joshua, insistindo também que se trata apenas
de um presente. Ou talvez Joshua não precise de batatas agora, então Henry espera
até que ele precise. Ou talvez 41 ainda um ano depois, quando Joshua planejar um
banquete, ele passe pelo curral de Henry e diga: “Que belo porco...”.
Greber fala que nos dois cenários, o problema da “dupla coincidência de desejos",
simplesmente desaparece. Os dois são vizinhos e, obviamente, será uma questão de
tempo até que Joshua precise de alguma coisa. Isso significa, de acordo com Graeber,
que a necessidade de estocar itens comumente aceitáveis, como sugeriu Adam Smith,
também desaparece. Assim como acontece em muitas comunidades pequenas atuais,
extingue-se a necessidade de moeda e todas as pessoas guardam consigo a informação
de quem deve o que para quem. Graeber apresenta algumas questões que dificultam essa
relação: Como se quantifica um favor? Baseados em que nós dizemos que essa porção
de batatas, ou esse porco grande, parece mais ou menos equivalente a um par de
calçados? Mesmo se essas coisas forem meras aproximações rudimentares, tem de haver
alguma maneira de estabelecer que X equivale mais ou menos a Y, ou que é um pouco
melhor ou um pouco pior. Isso não indica que algo parecido com o dinheiro, pelo menos
no sentido de uma unidade de contas que permita comparar o valor de diferentes
objetos, já exista?
Assim, Graeber, responde que Porcos e calçados devem ser considerados objetos
de equivalência aproximada: pode-se dar um em troca de outro. Colares de corais já
seriam uma questão totalmente diferente; seria preciso dar em troca outro colar, ou pelo
menos outra joia - os antropólogos costumam se referir a essas situações como criadoras
de diferentes “esferas de troca".
Graeber afirma que há boas razões para acreditarmos que o escambo não é um
fenômeno antigo, ele se difundiu nos tempos modernos. Geralmente, nos casos que
conhecemos, ele acontece entre pessoas que sabem usar a moeda mas que não têm
muito dinheiro disponível. Sistemas de escambo mais elaborados geralmente afloram
como consequência do colapso de economias nacionais como na Rússia e na Argentina.
O golpe mais surpreendente à versão convencional da história econômica, de
acordo com Graeber, surgiu com a tradução dos primeiros hieróglifos egípcios e da
escrita cuneiforme mesopotâmica, que era de natureza financeira. Esses textos
revelaram que sistemas de crédito precederam a invenção das moedas cunhadas em
milhares de anos. Esses textos revelaram que sistemas de crédito desse mesmo tipo na
verdade precederam a invenção das moedas cunhadas em milhares de anos. O sistema
mesopotâmico é o mais bem documentado, mais do que o sistema do Egito faraônico,
que eram muito semelhantes, o da China da dinastia Shang, ou o da civilização do Vale
do Indo. Nas praças de mercado que surgiram nas cidades da Mesopotâmia, os preços
também eram calculados em prata, e o preço das mercadorias tendia a flutuar de acordo
com a oferta e a procura e, de acordo com as evidências a maioria das transações era
baseada no crédito.
Graeber explica que nas primeiras décadas do século XX, Mitchell lnnes expõe as
falsas suposições nas quais se baseava a história da economia como a conhecíamos e
sugere que precisamos na verdade de uma história da dívida. Nós não começamos com
o escambo e depois passamos pela descoberta do dinheiro, até chegarmos ao
desenvolvimento dos sistemas de crédito, mas sim o contrário. A moeda de metal
apareceu muito tempo depois, e seu uso se difundiu apenas de maneira desigual, sem
jamais substituir por completo os sistemas de crédito. O escambo é um tipo de
subproduto acidental da cunhagem ou do dinheiro em papel, ou seja, o escambo tem
sido o que as pessoas acostumadas com transações em dinheiro vivo fazem quando não
têm acesso à moeda corrente.
No livro Trabalho e Moeda Hoje de L. Randall Wray, o autor concorda com as
pesquisas atuais no campo da história comercial de que não há nenhuma evidência de
mercados que operaram na base do escambo.
Randall afirma que evidências históricas sugerem que o comércio desde os
tempos mais primitivos era realizado à base de créditos e débitos. O autor fala que por
muitos séculos o principal instrumento de comércio era a talha, um pedaço de madeira
quadrada, entalhada, para mostrar o montante da compra ou dívida. O débitos em talha,
na forma de tabuletas de argila, são mais velhos que as mais antigas moedas conhecidas
no mínimo dois mil anos. As mais antigas moedas eram eletro, uma liga de prata e ouro
que teria o poder de compra de dez carneiros, contudo o valor nominal das moedas não
parece ter sido regulado pelo conteúdo do metal precioso e também é muito improvável
que as moedas tivessem sido inventadas para facilitar o comércio, pois a relatos de que
os fenícios e outros povos do Leste operavam satisfatoriamente sem moeda cunhada. Na
verdade, diz o autor, que a introdução da moeda teria sido uma alternativa menos
eficiente em muitos casos.
Randall frisa que, embora estejamos acostumados a um pequeno número de
moedas, sempre emitidas pelo governo, o caso recente era a pletora de moedas, ou seja,
produção anormal e excessiva de moedas, muitas com o mesmo valor de face, mas
diferente valor de troca, emitidas por uma larga variedade de mercadores, reis, senhores
feudais, barões, autoridades eclesiásticas e outros. Conta o autor que, na França feudal
havia, ao lado das moedas reais, oitenta diferentes cunhagens, cada uma independente
da outra, com diferentes pesos, denominações e tipos, com vinte diferentes sistemas
monetários. Randall comenta que nos livros texto aparecem a escolha de um
determinado metal precioso, por consenso, para ser usado como moeda, por acreditarem
que reduziria os custos da transação do escambo. Contudo, na realidade, o consumidor
pobre era confrontado com diferentes tipos de moedas de variados pesos,
denominações, ligas e purezas com os quais não conseguiria lidar, se é que isso existiu.
Na verdade, diz o autor, que é difícil de acreditar que um membro típico dessas
sociedades pudesse conhecer o valor de uma moeda do que o de uma vaca, pois em vez
de reduzir custos de transações com o uso de metais preciosos, esses custos poderiam
ser reduzidos com o uso de vacas. Deste modo, as moedas de metais preciosos eram
muito valiosas para terem sido usadas em transações diárias, o que fica evidente pelo
estado de preservação que são encontradas, pois sabe-se que o desgaste de moedas em
circulação é extremamente elevado.
Randall comenta que as moedas se originaram como fichas de pagamento, uma
evidência de dívida, sendo possível que tenha se originado no setor privado, talvez,
derivadas de medalhas, comuns em algumas sociedades tradicionais. As moedas mais
antigas podem ter sido presentes, com uma imagem gravada para identificar o doador, e
também pode ser que fossem dadas como reconhecimento de uma dívida pessoal para
com o receptor. Muitos acreditavam, diz Randall, que as primeiras moedas foram
cunhadas pelo governo, pelo fato de terem um alto valor nominal e peso uniforme.
Randall faz uma referência a Cook, que argumenta que a cunhagem foi inventada para
fazer um grande número de pagamentos uniformes de considerável valor numa forma
durável e portátil. Além disso, ele sugere que o propósito da cunhagem era o pagamento
de mercenários. Kraay modificou esta tese argumentando que os governos cunhavam
moedas para pagar mercenários somente a fim de criar um meio para o pagamento de
tributos. Já Crawford argumentou que o uso destas primeiras moedas como um meio de
troca era uma conseqüência acidental da cunhagem, e não a razão dela e que, as
necessidades fiscais do estado determinavam a quantidade de produção da cunhagem e
da moeda em circulação, ou seja, as moedas eram cunhadas para permitir o
financiamento estatal. Innes, conta Randall, argumentou que as moedas que os reis
emitiam eram fichas de endividamento com que faziam pequenos pagamentos, como o
dos salários diários de seus soldados e marinheiros, explicando assim o valor relativo
das moedas, que não eram destinadas a proporcionar um meio de troca, mas, antes, eram
evidência da dívida do estado como as talhas, o que não mereceu a atenção e a
preocupação desordenada dos modernos economistas.
A tallia divenda, explica Randall, desenvolveu-se para permitir que o rei emitisse
uma talha do tesouro para pagamento de bens e serviços vendidos à corte. O governo
obriga por lei certas pessoas selecionadas a se tornarem devedoras, ou seja, declara que
quem importar bens do exterior pagará um imposto sobre o que importar, esse
procedimento na época chamou-se de tributo, o que forçou as pessoas a procurarem a os
detentores da talha e outros instrumentos de reconhecimento de dívida devidos pelo
governo, e adquiri-las mediante a venda de algumas mercadorias ou prestação de
serviços. Quando as talhas retornavam ao Tesouro do governo, os tributos eram pagos.
Innes, lembra Randall, observou que a maior parte das receitas arrecadas por coletores
de tributos dentro da Inglaterra era feita de forma das talhas do tesouro. Randall
comenta que o enfoque dos economista em relação à moeda, ao câmbio e aos metais
preciosos é confuso, especialmente em relação às moedas emitidas pelo governo. A
chave é a dívida, diz Randall, e especialmente a capacidade do estado de impor uma
dívida tributária.
Se a moeda não se originou como alternativa ao escambo para produzir custos,
quais foram suas origens?
Essa pergunta, de acordo com Randall, é difícil de ser respondida e cita Grierson,
para um melhor entendimento da dificuldade da tarefa:

Estudos sobre a origem da moeda devem


confiar fortemente em inferências de linguagem,
literatura e leis antigas, mas deverão ter em conta
também a evidência em realção ao uso de moeda
“primitiva” em sociedades não ocidentais
contemporâneas. Esta evidência, naturalmente, tem de
ser usada com cuidado. (Grierson, 1977, p.12)

Deste modo, observando os conceitos de Greber e de Randall acerca do Escambo,


podemos chegar a conclusão de que não existiu um regime monetário de trocas em
grande escala em nenhuma grande sociedade, rebaixando assim o escambo à condição
de simples trocas de mercadorias de mesmo valor por grupos extremamente pequenos,
mas não um sistema com regras claras, nem mesmo podemos dizer que a história
monetária como conhecemos está correta, pois muitos acreditam na evolução
cronológica da economia a partir do escambo, passando pelo dinheiro e depois
aparecendo o crédito. Portanto, podemos chegar à conclusão que o dinheiro é a primeira
forma de transações monetárias da humanidade, seja ele em mercadorias com valores
agregados em relação à outras, em metais brutos, em metais preciosos cunhados ou em
papel.

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