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O documento descreve um incidente no aeroporto onde um político controverso desobedeceu as instruções de embarque para sentar-se na frente do avião. Isso levou o autor a refletir que a ética começa nos pequenos atos e que as pessoas agem no cotidiano da mesma forma que em grandes questões. O motorista do político justificou suas ações corruptas dizendo que "eles são todos assim", mas o autor argumenta que a competência sem ética não é sustentável, especialmente para líderes.
O documento descreve um incidente no aeroporto onde um político controverso desobedeceu as instruções de embarque para sentar-se na frente do avião. Isso levou o autor a refletir que a ética começa nos pequenos atos e que as pessoas agem no cotidiano da mesma forma que em grandes questões. O motorista do político justificou suas ações corruptas dizendo que "eles são todos assim", mas o autor argumenta que a competência sem ética não é sustentável, especialmente para líderes.
O documento descreve um incidente no aeroporto onde um político controverso desobedeceu as instruções de embarque para sentar-se na frente do avião. Isso levou o autor a refletir que a ética começa nos pequenos atos e que as pessoas agem no cotidiano da mesma forma que em grandes questões. O motorista do político justificou suas ações corruptas dizendo que "eles são todos assim", mas o autor argumenta que a competência sem ética não é sustentável, especialmente para líderes.
É incrível como a gente aprende sobre pessoas usando a técnica
que, em metodologia científica, denomina-se “observação passiva”. Trata-se, simplesmente, de prestar atenção no comportamento humano, especialmente nas pequenas coisas, sem interferir no fato. Tive, recentemente, uma experiência com a qual pude aprender algo sobre um assunto chamado coerência de conduta.
Eu estava na sala de embarque do aeroporto, aguardando a
chamada para uma viagem a um estado do Norte. Um dos passageiros que também aguardava era um conhecido e controvertido político, destes que passam a maior parte do tempo dando explicações sobre suspeitas de corrupção. Quando o funcionário responsável anunciou o embarque, recomendou – de maneira clara e enfática – que embarcassem primeiro os passageiros das filas 15 a 28. Os demais deveriam esperar. Faz sentido, pois os sentados nas fileiras da primeira metade do avião certamente atrapalham o acesso dos da segunda metade, o que torna mais demorada a operação de embarque. Como eu estava na fileira 12, esperei. O político em questão, entretanto, foi o primeiro a se postar no acesso ao portão de embarque. Isso me levou a pensar que ele preferia sentar no fundo do avião para evitar constrangimento. Reconheci a lógica de sua estratégia. Entretanto – surpresa –, quando entro no avião, ele está sentado em uma das primeiras poltronas.
Durante o voo refleti sobre o episódio que havia transformado, em
minha cabeça, o ilustre passageiro em um novo personagem. Por que o fato me incomodava? Ele não havia atrapalhado a viagem, não comprometera a segurança e, provavelmente, acomodou-se rapidamente em sua poltrona, viajante experiente que é. Sim, mas, por menor que seja o descumprimento a uma norma de conduta – ponderei – constitui uma contravenção. Pequena, inócua, inocente e até insignificante, mas, mesmo assim, uma contravenção.
Do episódio sobraram uma constatação e um aprendizado. A
constatação: certamente é assim que funciona sua cabeça. O negócio é levar vantagem, tirar proveito, atingir objetivos, mesmo que isso signifique descumprir algumas normas, do avião ou da República. Afinal, os fins justificam os meios. O aprendizado: a ética nas grandes coisas começa nas pequenas. As pessoas agem no atacado como agem no varejo. E, creia, você é observado nas pequenas coisas – as positivas e as negativas –, principalmente se você é uma pessoa pública ou o líder de um grupo. Sempre alguém notará as sutilezas de seu comportamento cotidiano, e pensará a seu respeito: “Ele é assim.”
Para terminar a história do político, o motorista que me apanhou
no aeroporto era seu eleitor e fã, ao ponto de emocionar-se ao vê- lo. E depois comentou comigo: “Ele é um bom político – rouba, mas faz.” O que me levou a perguntar-lhe: “O senhor não acha que ele poderia fazer sem roubar?”. “Mas ele é um político... eles são todos assim”, ponderou. Esse conceito conformista de um homem simples explica muita coisa. Segundo ele, quem detém o poder, e pode ajudar os outros, fica livre de alguns freios morais, aplicáveis apenas aos que dependem de sua compaixão. E não se trata disso, e sim de obrigação, afinal, foi eleito para cuidar dos interesses da sociedade, e não dos seus próprios.
Sobre esse tema, disse Platão: “Ética sem competência não se
instala. Competência sem ética não se sustenta.” A não ser, é claro, que levar vantagem em tudo seja um traço cultural, o que significaria apunhalar a meritocracia, e isso não convém a ninguém que considere a ética um valor, especialmente se for um líder.
O Absurdo Das Denúncias Genéricas (Ou, o Mágico de Oz e o Estado-Leviatã, Uma Simbiose Sinistra) - Por Jacinto Nelson de Miranda Coutinho e Edward Rocha de Carvalho - Empório Do Direito