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MURICI FERNANDO BOGACIOVAS

REFLEXOS DOS PCNEM E A PRÁTICA DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA:


DESAFIOS E LIMITAÇÕES

SÃO PAULO
2013
MURICI FERNANDO BOGACIOVAS

REFLEXOS DOS PCNEM E A PRÁTICA DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA:


DESAFIOS E LIMITAÇÕES
Trabalho de Conclusão de Curso de
especialização em geografia UNESP-
REDEFOR
Orientador: Prof. Márcio José Celeri

SÃO PAULO
2013

2
Introdução

Nas últimas décadas, o ensino de Geografia, assim como as demais ciências, vem
sofrendo mudanças profundas em decorrência da denominada “revolução da informática”
que promove mudanças radicais nas áreas do conhecimento, que passa a ocupar um lugar
central nos processos de desenvolvimento, em geral. O volume de informações produzido em
decorrência das novas tecnologias é constantemente superado, colocando novos parâmetros
para a formação dos cidadãos e se relaciona com as múltiplas possibilidades de ampliação
dos conceitos da ciência geográfica.
O professor nos dias de hoje deve refletir sobre as transformações que ocorrem no
mundo de maneira muito rápida. Um dos grandes desafios é estar atento a essas mudanças e
estabelecer estratégias para abordar os assuntos em sala de aula. Há de se fazer escolhas
sobre o que é relevante e a forma como os temas serão articulados com os alunos. A pesquisa
será de fundamental importância dentro do contexto deste mundo acelerado. O professor
pesquisador, reflexivo, que dialoga é o mote da educação atual.
Ainda, o PCNEM de Geografia atende às necessidades e diversidade
socioeconômicas, regionais e culturais das comunidades atendidas, sobretudo no âmbito da
escola pública? Como proporcionar práticas e reflexões que levem o aluno à compreensão
da realidade? Como refletir e repensar as práticas e vivências em sala de aula, com a
mudança e a incorporação de novos temas no cotidiano escolar?
O objetivo principal deste trabalho é fomentar a revisão da prática docente, levantar
questões sobre os limites e as vantagens dos parâmetros e planejar as atividades docentes de
maneira crítica.

Palavras chave: educação, ensino, tecnologia, construtivismo.

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Abstract

In recent decades, the teaching of Geography, as well as other sciences, has been
undergoing profound changes as a result of the so-called "the information revolution" that
promotes radical changes in the areas of knowledge, which is to occupy a central place in the
development processes, in general. The volume of information, produced as a result of new
technologies, and constantly overcome, putting new parameters for the training of citizens
and relates to the multiple possibilities of extension of the concepts of geographical science.
The professor today must reflect on the changes that occur in the world in a way very
fast. One of the major challenges and be alert to these changes and establish strategies to
address the issues in the classroom. It is important to make choices about what is relevant is
how the themes will be articulated with the students. The search will be of fundamental
importance within the context of this world fast. The professor and researcher, reflective, that
dialog is the motto of current education.
Still, the PCNEM Geography meets the needs and socio-economic diversity, regional
and cultural communities of missed, especially in the context of the public school? As
provide practices and reflections that lead the student understanding of reality? As reflect and
reconsider the practices and experiences in the classroom, with the change and the
incorporation of new themes in the daily school?
The main objective of this work is to promote the revision of the teaching practice,
raise questions about the limits and advantages of parameters and plan the activities teachers
critical way.

Key Words: education, teaching, technology, constructivism.

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Sumário

1. O papel do professor de Geografia no contexto do mundo atual.........................................06


2. O ensino de Geografia: uma combinação entre conceitos e saberes.................................. 07
3. O ensino de Geografia e o que propõem os PCNs...............................................................08
4. Crítica aos padrões pré estabelecidos.................................................................................09
5. Estabelecendo conexões entre conceitos e conteúdos.........................................................11
5.1-Formação territorial brasileira...........................................................................................11
5.2-Estrutura e dinâmica de diferentes espaços urbanos e o modo de vida na cidade o
desenvolvimento da Geografia Urbana Mundial.....................................................................12
5.3-O futuro dos espaços agrários, a globalização a modernização da agricultura no período
técnico-científico informacional e a manutenção das estruturas agrárias tradicionais como
forma de resistência.................................................................................................................12
5.4-Organização e distribuição mundial da população, os grandes movimentos migratórios
atuais e os movimentos socioculturais e étnicos, as novas identidades
territoriais.................................................................................................................................13
5.5-As diferentes fronteiras e a organização da Geografia Política do mundo atual, estado e
organização do território..........................................................................................................13
5.6-As questões ambientais, sociais e econômicas resultantes dos processos de apropriação
dos recursos naturais em diferentes escalas, grandes quadros ambientais do mundo e sua
conotação geopolítica...............................................................................................................14
5.7-Produção e organização do espaço geográfico e mudanças nas relações de trabalho,
inovações técnicas e tecnológicas e as novas geografias, a dinâmica econômica mundial e as
redes de comunicação e informações.......................................................................................14
6. Considerações Finais...........................................................................................................15
7. Referências Bibliográficas...................................................................................................16

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1. O papel do professor de Geografia no contexto do mundo atual

A Geografia é uma das ciências que mais passaram por mudanças nos últimos
tempos, tanto no conteúdo quanto na forma. No conteúdo, houve aproximação com outras
ciências, como a Sociologia, a Filosofia, a Biologia, a Matemática, entre outras. Na forma, o
professor já não é o detentor onipotente do saber. Há vários saberes que devem ser ouvidos e
compartilhados. Dessa maneira, o professor de hoje é um “aprendente” permanente, que
divide seus saberes e assume suas fraquezas, mas que está aberto ao novo, faz experiências e
está em constante mutação.
Há que se discutir o papel do professor no mundo atual vinculado às transformações
por que estamos passando. O desenvolvimento tecnológico e sua rápida acessibilidade vêm
estabelecendo mudanças de paradigmas e uma das evidências é que nossos alunos não
seguem os padrões pré-estabelecidos do passado. Hoje em dia cada um tem seu próprio
celular onde é possível buscar informações rapidamente e atualizadas, estão conectados em
redes de amizades virtuais, estão constantemente questionando o sistema de ensino com suas
metodologias arcaicas e expressam seu descontentamento com a educação em sua escola
como nunca antes fora visto. Esta revolução que os atingiu repercute no trabalho do professor
e na forma como este vai enfrentar os novos desafios. Qual deve ser o papel do professor
nesse mundo onde a tecnologia muda com uma rapidez feroz? Como se adequar ao novo, em
termos de concepções pedagógicas que transitem entre o saber do professor e o saber do
aluno? Para isso, o professor

deve pensar autonomamente, organizar seus saberes e conduzir seu trabalho


conforme a sua formação e a postura pedagógica que adote. Cavalcanti(2002:21)
destaca que o processo de formação de professores visa ao desenvolvimento de
uma competência crítico-reflexiva, que lhes forneça meios de pensamento
autônomo, que facilite as dinâmicas de autoformação, que permita a articulação da
teoria e prática do ensino [...] deve ser uma formação consistente, contínua, que
procure desenvolver uma relação dialética ensino-pesquisa, teoria-prática.
(PCNEM, 1996, p.46)

O professor deve deixar de dar conceitos prontos e trabalhar de forma a construir o


conhecimento. Para isso ele deve ter acesso aos mais variados materiais produzidos pela
comunidade científica, participar de cursos de extensão, pós-graduação etc., estar atento às
informações veiculadas nos meios de comunicação, acessar redes virtuais para pesquisa e
atualização em assuntos diversos, ser um leitor inveterado e não utilizar o livro didático
como um fim em si mesmo, pois assim ele será mais um reprodutor de assuntos estanques,
que muitas vezes não se articulam.

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“A mudança exige do professor discussão e reflexão sobre os temas que deseja
trabalhar. Portanto, o que se espera é que haja parâmetros para que os docentes
possam ter como referência conceitos e categorias que estruturem o conhecimento
geográfico, propiciem o repensar de sua ação didática e de sua realidade,
destacando de forma crítica as diferenças regionais, culturais, econômicas e
ambientais”. A prática docente adquire qualidade quando existe a produção do
saber. (PCNEM, 1996, p. 47)

Além disso, é importante utilizar novas estratégias que estimulem o aprender por
parte dos alunos. Deve-se dialogar e aproveitar os conhecimentos já adquiridos pelos alunos
e propor novas situações de aprendizagem que utilizem a perspectiva interdisciplinar. A
Geografia dialoga de maneira muito próxima à Língua Portuguesa, à Matemática, à História
e praticamente com todas as demais disciplinas. Apesar de dialogar com outras ciências,
Devem-se propiciar condições para que o conhecimento seja construído
em nível científico – considerando- se o estágio de desenvolvimento cognitivo dos
alunos – para além do senso comum. Com base nisso, sugere-se a proposição de
situações problematizadoras da realidade, a partir de temáticas capazes de mobilizar
os estudantes para desencadear os processos de aprendizagem significativa e
relevante.(PCNEM, 1996, p. 48)

Para que o ensino seja eficaz e os objetivos de aprendizagem sejam alcançados, as


práticas pedagógicas devem ser adequadas. É relevante pensar em práticas que levem à
realização do trabalho com alunos do ensino médio e que incentivem o processo de
aprendizagem.

2. O ensino de Geografia: uma combinação entre conceitos e saberes

Os Parâmetros Curriculares para a Geografia têm entre seus objetivos articular o


diálogo entre a didática (o pensar pedagógico) e a epistemologia (o pensar
geográfico). Ao propor esse diálogo espera-se fortalecer a relação entre o pensar
pedagógico e o saber geográfico, favorecendo a reflexão sobre as contradições
existentes na prática de sala de aula.Esses fundamentos trazem em si alguns
questionamentos, como:
• como utilizar a cartografia como linguagem em qualquer conteúdo, avançando na
idéia de que a cartografia é mais do que uma técnica?
• quais as condições para que o aluno aprenda a ler o mundo por meio da
Geografia? (PCNEM, 1996, p. 49)

Os avanços verificados na Geografia, principalmente, a partir do final da década de


70, permitiram mudanças significativas na forma de pensar dos docentes. Entretanto, para
uma grande parcela deles, a preocupação ainda está centrada nas informações estatísticas e
descrições que reforçam um ensino mnemônico. Os avanços da tecnologia – fotografias
aéreas, mapas digitais e sensoriamento remoto – permitiram melhorar a qualidade dos mapas
e o nível de precisão visando à localização dos espaços. É importante adquirir competências
e habilidades para ler os fenômenos geográficos. Isso requer saber utilizar a cartografia e a
capacidade para elaborar mapas mentais, para leitura e uso de plantas cartográficas e mapas
temáticos.

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Ler os fenômenos geográficos em diferentes escalas permite ao aluno uma leitura
mais clara do seu cotidiano. A aprendizagem será significativa quando a referência
do conteúdo estiver presente no cotidiano da sala de aula e quando se considerar o
conhecimento que o aluno traz consigo, a partir da sua vivência. (PCNEM, 1996,
p.51)

O conteúdo de Geografia deve fazer o caminho entre o lugar do aluno e o espaço


global. É fundamental transitar nesses níveis para buscar o entendimento de diversos
fenômenos. Os conceitos não são verdades imutáveis, como algo pronto e acabado e que
devem ser memorizados. Eles devem ser construídos de forma interdisciplinar ou
transdisciplinar, pois o conhecimento não se constrói de forma isolada, todas as ciências se
comunicam e se relacionam. O espaço de vivência do aluno é marcado por recortes de
práticas sociais, culturais, de posições políticas, de meios de comunicação que se articulam
de diversas formas, assim, o aluno é instrumentalizado no pensar e agir e suas ideias ganham
sentido próprio no complexo sistema que compõe o aprendizado da Geografia.

Portanto, a formação dos conceitos por parte dos alunos é o que serve de balizador
para o ensino, pois ao construir o conceito, o aluno vai confrontar seus pontos de
vista resultantes do senso comum e os conhecimentos científicos, encaminhando-se
para uma compreensão que o conduzirá a uma constante ampliação de sua
complexidade. (PCNEM, 1996, p.54)

[...]a questão não é permanecer apenas nos conceitos de cada uma das disciplinas,
mas articulá-los com os conteúdos, pois sem eles os conceitos são definições vazias
e sem sentido. Para isso, é importante estabelecer conexões entre conceitos e
conteúdos e o trabalho por meio dos eixos temáticos pode ser um caminho a seguir.
(PCNEM, 1996, p.55)

O trabalho a partir de eixos temáticos permite ao aluno transitar entre diversas


disciplinas e entender suas correlações. A visão de mundo se abre e, ao se entender as
relações que permeiam sua vida, seu “lócus vivendi”, passará a compreender melhor seu
“mondo vivendi”, o planeta globalizado.

3. O ensino de geografia e o que propõe os PCNs

O que ocorria na verdade era que o professor não tinha uma visão de
totalidade, visão social de mundo, e a preocupação era ensinar tudo e não o todo. O
saber geográfico era tão limitado e fragmentado que não se conseguia perceber e
trabalhar o global. O argumento frequentemente usado para despistar a mudança era
de que didaticamente os conteúdos estavam bem organizados, divididos (nos livros
didáticos), portanto, mais fáceis de ensinar e mais fáceis de aprender (...memorizar
aquela sequência interminável de nomes, lugares, países...).(PCNs, 1996, p. 81)

A prática da aula de geografia na sala de aula ainda segue o modelo pedagógico


curricular conteudístico e fortemente padronizado, em substituição à consciência crítica da
maioria da sociedade e de sua participação. Essa lógica revela o pragmatismo que a
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sociedade vem mantendo e reforçando no dia-a-dia do fazer profissional da rede pública e
privada de ensino, pois prioriza como meta educacional, as políticas educacionais
“preestabelecidas” em detrimento do currículo real, o currículo que é uma construção social.
Por estar inteiramente vinculado a um momento histórico, a determinada sociedade e
às relações com o conhecimento, a educação e o currículo são um processo cultural, como a
construção de identidades locais e nacionais, que vem do cotidiano. Esse deve ser o objetivo
da contemporaneidade educacional, a construção de um currículo que atenda às mudanças
tecnológicas atuais, que esteja vinculado aos anseios dos jovens sem se descuidar da
transposição didática do conhecimento científico, para que o aluno possa dele se apropriar –
respeitando a realidade e o modo de aprender de cada um – e refletir sobre sua prática,
criando oportunidades e desenvolvendo atividades de interação entre o conhecimento do
professor e o dos alunos.
Buscam-se explicações mais plurais, que promovam a intercessão da Geografia
com outros campos do saber, como a Antropologia, a Sociologia, a Biologia, as
Ciências Políticas, por exemplo. Uma Geografia que não seja apenas centrada na
descrição empírica das paisagens, tampouco pautada exclusivamente pela
explicação política e econômica do mundo; que trabalhe tanto as relações
socioculturais da paisagem como os elementos físicos e biológicos que dela fazem
parte, investigando as múltiplas interações entre eles estabelecidas na constituição
dos lugares e territórios. Enfim, buscar explicar para compreender.
(http://www.soartigos.com/artigo/12539/O-ENSINO-DE-GEOGRAFIA-E-O-QUE-
PROPOE-OS-PCNS/ acessado em 23/11/2012)

4. Crítica aos padrões pré estabelecidos

Escola ensina também as «regras» dos bons costumes, isto é, o comportamento que
todo o agente da divisão do trabalho deve observar, segundo o lugar que está
destinado a ocupar: regras da moral, da consciência cívica e profissional, o que
significa exatamente regras de respeito pela divisão social-técnica do trabalho,
pelas regras da ordem estabelecida pela dominação de classe. Ensina também a
«bem falar», a «redigir bem», o que significa exatamente (para os futuros
capitalistas e para os seus servidores) a «mandar bem», isto é, (solução ideal) a
«falar bem» aos operários etc. Enunciando este fato numa linguagem mais
científica, diremos que a reprodução da força de trabalho exige não só uma
reprodução da qualificação desta, mas, ao mesmo tempo, uma reprodução da
submissão desta às regras da ordem estabelecida, isto é, uma reprodução da
submissão desta à ideologia dominante para os operários e uma reprodução da
capacidade para manejar bem a ideologia dominante para os agentes da exploração
e da repressão, a fim de que possam assegurar também, «pela palavra», a
dominação da classe dominante.
Por outras palavras, a Escola (mas também outras instituições de Estado como a
Igreja ou outros aparelhos como o Exército) ensinam «saberes práticos» mas em
moldes que asseguram a sujeição à ideologia dominante ou o manejo da «prática»
desta.(Althuser, 1980, p.21, 22)

Os PCNs trouxeram uma evolução significativa no modo de pensar e fazer, não só na


Geografia, como nas demais disciplinas. Valorizou-se a construção do saber pelo método

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construtivista, incentivou-se o diálogo e a reflexão e tudo que pudesse motivar e enriquecer o
processo pedagógico. Entretanto, muitos professores continuam sendo meros reprodutores
dos livros didáticos, do ler e responder sem nenhuma reflexão. Ainda há um abismo enorme
entre as práticas propostas nos PCNs e a realidade da sala de aula. Nesse sentido, a escola
veicula valores pré-estabelecidos, preconceitos e clichês que reproduzem os valores da classe
dominante e assegura a hegemonia desta sobre as demais.

A trajetória da geografia escolar, em especial, a brasileira tem sido permeada por


um discurso ideológico que mascara a importância estratégica dos raciocínios
centrados no espaço. Ela tem sido marcada por um enciclopedismo e por uma
enumeração mecânica de fatores de ordem natural e social presentes num dado
território. Essa situação é evidenciada ao encontrarmos professores que adotam em
suas aulas conteúdos que, quase invariavelmente, são analisados de forma isolada,
seguindo a postura tradicional de alguns livros didáticos, e por isso mesmo adotam
uma postura estanque do processo educativo, mostrando, assim, ser uma disciplina
simplória, inútil, sem nenhuma aplicação prática fora da sala de aula. Esse fato
desperta nos alunos uma noção de inutilidade, gerando o desinteresse pelos estudos
geográficos e, consequentemente, acaba por distanciar os sujeitos do conhecimento
de si, enquanto sujeitos sociais e construtores da história no que concerne à
cidadania. Precisamos compreender a sala de aula como um espaço de reflexões e
reivindicações permanentes do direito civil e político, da autonomia e da justiça
social, para tanto, se faz necessário que assumamos o compromisso de tornar a
geografia escolar um verdadeiro caminho para a construção da cidadania,
atribuindo a ela sua verdadeira identidade que não foge de uma dimensão
ideológica e política. (http://www.soartigos.com/artigo/12539/O-ENSINO-DE-
GEOGRAFIA-E-O-QUE-PROPOE-OS-PCNS/ acessado em 23/11/2012)

Para que as propostas dos PCNs sejam cumpridas, há a necessidade de se investir na


formação dos professores para que ele tenha a competência de conduzir debates em sala de
aula. O processo de construção do conhecimento é protagonizado pelos professores e estes
devem ter a iniciativa da pesquisa, da busca do saber. A Geografia é uma área de
conhecimento comprometida em tornar o mundo compreensível para os alunos, explicável e
passível de transformação. As temáticas com as quais a Geografia trabalha na atualidade
encontram-se permeadas por essa preocupação. Assim, o trabalho comprometido com tais
anseios deve ser o objetivo primordial do educador na atualidade.

A educação sempre foi política, o que precisamos é ter clareza do projeto político
que ela defende, politizando-a. Hoje falar isso não causa mais escândalo. É uma
“banalidade pedagógica”. Antes de pensarmos em formar profissionais do ensino é
preciso que saibamos que modelos sociais iremos transmitir, que conteúdos
estamos veiculando, que classe estamos defendendo, de que ponto de vista estamos
pensando a educação: do ponto de vista do povo ou do sistema> Como disse nosso
colega Carlos Rodrigues Brandão, “não há meio termo, aquela (educação) do ponto
de vista do sistema é contra o povo”. A única maneira de conciliar um trabalho
nessa linha face ao atual sistema é começar a criar espaços de uma prática
pedagógica que possa ser assumida pelas classes populares e se colocar a serviço
disso.(Moacir Gadotti, 1995, p. 56, grifo do autor)

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É importante a postura ideológica na prática pedagógica do professor. Ele é um mero
reprodutor do sistema ou alguém que questiona, subverte e impõe um modo de pensar
próprio, não vinculado ao discurso padrão e aos clichês de retórica oficial? O professor deve
ser antes de tudo, um “provocador”, parafraseando o grande educador Rubem Alves. Em
“Concepção Dialética da História” (1978, p. 39 -50), Antonio Gramsci discute a formação
da personalidade. Segundo Gramsci, a personalidade se constrói durante a formação do
indivíduo no percurso da própria ética na política, a partir do comprometimento do sujeito no
contexto social, num envolvimento permanente com a sociedade. Nesse contexto, faz-se
necessário afirmar que em um processo de organização política, o conhecimento é Poder,
porque através dele é possível modificar as relações sociais, e a busca da autonomia
intelectual é a luta por uma nova ordem social, onde a Escola se apresenta em ação para a
formação humana. Devemos assim ter escola e professores comprometidos com a formação
política do indivíduo, onde o objetivo primordial será o exercício da cidadania.

5. Estabelecendo conexões entre Conceitos e Conteúdos


Dominar um conceito supõe dominar a totalidade de conhecimentos sobre
os objetos a que se refere o conceito dado e, quanto mais nos aproximamos deles,
maior domínio sobre seu conceito é conquistado. É assim que podemos considerar
o desenvolvimento dos conceitos, pois seu conteúdo muda à medida que se
ampliam nossos conhecimentos. (COUTO, 2005: 99)(PCNEM, 1996, p. 55)

Para isso, é importante estabelecer conexões entre conceitos e conteúdos e


o trabalho por meio dos eixos temáticos pode ser um caminho a seguir. (PCNEM,
1996, p. 55)

A partir dos eixos temáticos a seguir, vamos propor algumas sugestões que permitem
delinear como o professor pode se colocar no mundo de hoje, permeado por um forte aparato
tecnológico, com acesso rápido às informações e corresponder aos anseios dos estudantes.

5.1-Formação territorial brasileira.

Esse eixo temático pretende destacar que a compreensão da formação


territorial brasileira se insere em um processo geo-histórico mais amplo de
mundialização da sociedade europeia iniciado no final do século XV. Para entender
o Brasil, é necessário também compreender a formação do território latino-
americano. Posteriormente, é importante analisar o Brasil como formação social
subordinada aos centros dominantes do capitalismo e o modo de ajuste da sua
economia e do seu território às necessidades desse centro. Basicamente temos dois
grandes períodos, o primeiro, o da economia e da formação territorial colonial-
escravista (economia agrário-exportadora), do século XVI ao século XIX, e o
período da economia e da formação territorial urbano-industrial, a partir do final do
século XIX e ao longo de todo o século XX. (PCNEM, 1996, p. 57)
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Neste tema, o professor deve propor aos alunos pesquisar o lugar onde mora e seu
entorno, a evolução de seu bairro, do município em que vive. Através de fotos, depoimentos
de moradores antigos, da sua evolução econômica se constrói a história do espaço de
vivência. A partir desse estudo, amplia-se a temática para o espaço regional e nacional.

5.2-Estrutura e dinâmica de diferentes espaços urbanos e o modo de vida na cidade,


o desenvolvimento da Geografia Urbana Mundial.

A urbanização como fenômeno do mundo atual se estende por todos os


territórios e configura espaços característicos ao atual período técnico, cientifico e
informacional que se manifesta pela estruturação do fenômeno industrial. As
cidades refletem em sua organização as grandes mudanças socioeconômicas e
culturais, onde se estruturam diferentes territórios urbanos, criados por grupos
sociais distintos, especialmente nas metrópoles. Há uma tendência à
homogeneização do espaço urbano que afeta também as cidades médias, as quais
também passam a sofrer com os “problemas urbanos” semelhantes aos das grandes
cidades (violência, poluição, desigualdades sociais). As resistências às imposições
da ordem global também se manifestam nas cidades, seja na forma de criação de
territórios alternativos, seja na manutenção de formas de cooperação e
solidariedade que se vinculam aos lugares, ou seja, nos movimentos sociais
reivindicatórios, de protesto ou dos trabalhadores em geral na luta por condições de
trabalho e salário. (PCNEM, 1996, p.57)

Ao pesquisar o lugar onde se mora e seu entorno, passamos a conhecer seus


problemas. Há associações de moradores? Como elas funcionam? Se há reivindicações,
como elas são encaminhadas ao poder publico? Como é estabelecido o elo de comunicação e
diálogo entre os munícipes e a administração da cidade? As benfeitorias ocorrem apenas em
determinados lugares ou de forma homogênea no município? As promessas realizadas nas
épocas das eleições são cumpridas? Todos os assuntos citados são importantes para que os
alunos discutam a construção da cidadania e se sintam como pessoas ativas em seu meio,
capazes de transformá-lo.

5.3-O futuro dos espaços agrários, a globalização a modernização da agricultura no


período técnico-científico informacional e a manutenção das estruturas agrárias
tradicionais como forma de resistência.

Os espaços agrários também estão sofrendo profundas mudanças advindas


da mudança tecnológica. A agricultura moderna é uma atividade cada vez mais
tecnologizada e globalizada, sendo os produtos agrícolas um dos motores do avanço
científico (biotecnologia) e do próprio comércio mundial. Essas mudanças se
confrontam com populações tradicionais, as quais lutam pela propriedade de seu
saber (biodiversidade, patentes) e seu gênero de vida, o que se vincula diretamente
a sua manutenção e reprodução como grupo social. Tais resistências assumem
diferentes características em diversas partes do mundo, seja por meio da
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valorização e resgate da cultura original, seja por meio da criação de novas
personalidades políticas, ou ainda com a união dos dois processos. Esses processos
é que têm mantido a diversidade dos espaços rurais em diferentes partes do mundo,
inclusive na América Latina e no Brasil. (PCNEM, 1996, p.57)

Quais são as atividades agrárias em seu município? Como é o tipo de propriedade?


Grande? Pequena? Entrevistar trabalhadores rurais, as condições de trabalho impostas, onde
vivem e suas reivindicações. Quais insumos são utilizados na lavoura? Para onde se destina a
produção? Analisar os fluxos de insumos e mercadorias. Pesquisar a participação dessa
economia no PIB do município.

5.4-Organização e distribuição mundial da população, os grandes movimentos


migratórios atuais e os movimentos socioculturais e étnicos, as novas identidades
territoriais.

O estudo da população pela Geografia considera em especial sua


organização, distribuição e a apropriação do espaço como uso para viver e produzir.
Os movimentos atuais da população expressam essas buscas, que são constantes e
marcam tanto as necessidades dos grupos populacionais quanto as motivações, que
podem ser geradas externamente a eles. São movimentos muito intensos, que se
manifestam atualmente das mais variadas formas e que, se estudados na perspectiva
de aceitação da diversidade e do multiculturalismo, facilitam compreender a
necessidade de reconhecer as identidades e o pertencimento territorial. Esses dois
conceitos permitem que as pessoas se reconheçam como sujeitos na produção de
geografias em que se vive e encaminha a discussão sobre o lugar como espaço
concreto de ação que desvenda a possibilidade de fazer frente aos processos de
globalização e no exercício da cidadania. (PCNEM, 1996, p.58)

Como vem ocorrendo o movimento populacional em seu município? De onde vieram


as pessoas que moram em seu bairro? Nos fins de semana o fluxo se altera? Qual o impacto
desse fluxo no comércio local? E no trânsito da cidade? Vocês pretendem um dia mudar para
outra cidade? Por quê? Esses questionamentos levantados em sala de aula são importantes
para levar à discussão do sujeito - o aluno - como produtor do espaço geográfico e de
exercitar a cidadania. Das abordagens locais, amplia-se para os contextos nacional e mundial.
Assim, o aprendizado é construído sempre nesse movimento entre o espaço de vivência e o
espaço global.

5.5-As diferentes fronteiras e a organização da Geografia Política do mundo atual,


estado e organização do território.

Acresce-se aqui a dimensão da Geografia Política: quanto ao papel do


Estado na criação de oportunidades ou de cerceamento de ações envolvendo
populações, nas formas de organização da população nos vários lugares do mundo,
com suas lutas especificas, na definição de fronteiras e das possibilidades de sua

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superação, na estruturação dos territórios e as configurações demarcadas por
interesses estratégicos nacionais. (PCNEM, 1996, p.58)

O que é "fronteira"? Como elas são estabelecidas? Qual é a postura dos estados em
relação à manutenção de seus limites territoriais? Como você enxerga as ações dos poderes
públicos nos diversos níveis, municipal, estadual e federal? Pesquisar ações desses níveis que
se referem a oportunidades e cerceamentos aplicados. Como essas ações públicas interferem
em nossa vida?

5.6-As questões ambientais, sociais e econômicas resultantes dos processos de


apropriação dos recursos naturais em diferentes escalas, grandes quadros ambientais
do mundo e sua conotação geopolítica.

Embora essas questões decorrentes da relação sociedade-natureza possam


estar presentes nos demais itens referidos até agora, para a ciência geográfica são
temáticas caras, no sentido de que o trabalho com a dimensão espacial dos
fenômenos, implica, necessariamente, considerar o meio físico natural. O
significado desse não se restringe mais às simples tarefas de elencar e descrever.
Nesse tema, vale destacar a importância de se pensar o meio geográfico de uma
dada sociedade como construção social, ou seja, cada cultura corresponde a uma
suposição do que é natureza, ou seja, os espaços são produtos da ação dos homens
em suas diferentes formas de organização e relações entre si e na inter-relação da
sociedade com a natureza. (PCNEM, 1996, p. 58)

Como vem ocorrendo a expansão urbana em seu município? Há áreas de preservação?


Qual o destino dos resíduos sólidos e líquidos? Há política ambiental adequada? O
crescimento urbano é sustentável? As discussões das questões ambientais são muito
importantes para elevar o nível de conscientização e de tornar o indivíduo multiplicador de
ações que levam à sustentabilidade do planeta.

5.7-Produção e organização do espaço geográfico e mudanças nas relações de trabalho,


inovações técnicas e tecnológicas e as novas geografias, a dinâmica econômica mundial e
as redes de comunicação e informações.

Considerar o trabalho como elemento fundamental na vida das pessoas e


na organização do espaço exige que se reconheçam as diferenças nas atuais relações
de trabalho e nas formas de apropriação das riquezas. Esse quadro tornou-se mais
complexo com os impactos causados pela revolução científico-tecnológica, quando
a circulação da informação ganhou intensa e inimaginável velocidade e novas
formas de produção se impõem, o que certamente acarretará o surgimento de novas
territorialidades. São essas territorialidades que definem as relações entre as
pessoas, entre as nações e entre os grupos sociais, os quais produzem e organizam o
espaço de formas diferenciadas nos vários lugares e no tempo. (PCNEM, 1996, p.
59)

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Quais são as mudanças que estão ocorrendo no mundo do trabalho em função da
adoção de novas tecnologias. Quais mudanças você já observou em seu trabalho ou de
alguém de sua família, quanto aos processos produtivos? Você faz parte de alguma rede de
comunicação? Quais são os problemas que vêm ocorrendo a partir da redução da
privacidade? O mundo conectado melhorou e/ou piorou em quais sentidos? A internet é um
facilitador?
Esses assuntos discutidos em sala de aula proporcionam conhecer os impactos da
tecnologia em várias situações de nossa vida e a tomarmos postura crítica quanto ao seu uso.

6. Considerações Finais

Os temas abordados são o ponto de partida para a realização das análises geográficas.
Para que eles sejam utilizados de forma crítica e construtivista, há a necessidade de termos
professores bem formados, que sejam pesquisadores por natureza e usem essa base sólida
para instigar, investigar, questionar e assim continuar aprendendo com os seus alunos. O
professor deve induzir o jovem à reflexão e contribuir para a construção de sua identidade, de
seu pertencimento, de sua cidadania. E a Geografia deve ajudar nesse papel de formar
consciências utilizando o conhecimento teórico-metodológico do professor e sua vivência,
para enriquecer o currículo escolar. Se por um lado o uso de novas tecnologias se impõe
como um desafio que deve ser enfrentado, ele deve ser encarado como um facilitador que
contribui soberbamente para a finalidade da pesquisa na educação. A constituição de um
processo de ensino multidisciplinar torna a construção do conhecimento real, efetivo e
prazeroso, onde o aluno tem a visão do “todo” e não recortes desconexos. Apesar de o
PCNEM se impor como um projeto moderno para atender aos anseios do mundo
contemporâneo, há de se superar barreiras ideológicas, práticas de ensino arcaicas onde ainda
prevalecem a memorização e a reprodução de conteúdos estanques. Entretanto, o professor
trabalha cada vez menos com as chamadas adversidades ou heterogeneidades do corpo
discente pois o sentido dos movimentos globais apontam para uma homogeneização das
culturas, imposta sobretudo pela internet e pelo consumo desenfreado. Assim, o PCNEM é
importante para a construção de um currículo atual, é um facilitador na elaboração de
inúmeros temas que podem ser trabalhados, e o seu limite não está em si mesmo, mas nas
barreiras levantadas pelos professores no exercício de suas discussões em sala de aula. Dessa
forma, a educação deve ser entendida como um desafio, um processo de construção
permanente do conhecimento, onde, na escola de hoje, todos são aprendentes.

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7. Referências Bibliográficas

ALTHUSSER, Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. 3. ed. Lisboa:


Presença, 1980. 120p. (Biblioteca universal Presença,10) disponível em:
http://pt.scribd.com/doc/70479761/ALTHUSSER-Louis-Ideologia-e-aparelhos-ideologicos-
do-Estado acessado em 16/09/2012.

GRAMSCI, Antônio. Concepção dialética da história. 10. ed. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 1995. 341p. Disponível em:
http://pt.scribd.com/doc/78561822/GRAMSCI-Antonio-Concepcao-dialetica-da-historia
acessado em 16/09/2012.

GADOTTI, Moacir. Concepção dialética da educação : Um estudo


introdutório.   9.ed. São Paulo: Autores Associados, 1995. 175 p. Disponível em:
http://acervo.paulofreire.org/xmlui/handle/7891/2777#page/2/mode/1up acessado em
16/09/2012.

PCNEM, Ciências humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. –


Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 133 p. (Orientações
curriculares para o ensino médio ; volume 3) Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_03_internet.pdf acessado em
16/09/2012.

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