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SÃO PAULO
2013
MURICI FERNANDO BOGACIOVAS
SÃO PAULO
2013
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Introdução
Nas últimas décadas, o ensino de Geografia, assim como as demais ciências, vem
sofrendo mudanças profundas em decorrência da denominada “revolução da informática”
que promove mudanças radicais nas áreas do conhecimento, que passa a ocupar um lugar
central nos processos de desenvolvimento, em geral. O volume de informações produzido em
decorrência das novas tecnologias é constantemente superado, colocando novos parâmetros
para a formação dos cidadãos e se relaciona com as múltiplas possibilidades de ampliação
dos conceitos da ciência geográfica.
O professor nos dias de hoje deve refletir sobre as transformações que ocorrem no
mundo de maneira muito rápida. Um dos grandes desafios é estar atento a essas mudanças e
estabelecer estratégias para abordar os assuntos em sala de aula. Há de se fazer escolhas
sobre o que é relevante e a forma como os temas serão articulados com os alunos. A pesquisa
será de fundamental importância dentro do contexto deste mundo acelerado. O professor
pesquisador, reflexivo, que dialoga é o mote da educação atual.
Ainda, o PCNEM de Geografia atende às necessidades e diversidade
socioeconômicas, regionais e culturais das comunidades atendidas, sobretudo no âmbito da
escola pública? Como proporcionar práticas e reflexões que levem o aluno à compreensão
da realidade? Como refletir e repensar as práticas e vivências em sala de aula, com a
mudança e a incorporação de novos temas no cotidiano escolar?
O objetivo principal deste trabalho é fomentar a revisão da prática docente, levantar
questões sobre os limites e as vantagens dos parâmetros e planejar as atividades docentes de
maneira crítica.
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Abstract
In recent decades, the teaching of Geography, as well as other sciences, has been
undergoing profound changes as a result of the so-called "the information revolution" that
promotes radical changes in the areas of knowledge, which is to occupy a central place in the
development processes, in general. The volume of information, produced as a result of new
technologies, and constantly overcome, putting new parameters for the training of citizens
and relates to the multiple possibilities of extension of the concepts of geographical science.
The professor today must reflect on the changes that occur in the world in a way very
fast. One of the major challenges and be alert to these changes and establish strategies to
address the issues in the classroom. It is important to make choices about what is relevant is
how the themes will be articulated with the students. The search will be of fundamental
importance within the context of this world fast. The professor and researcher, reflective, that
dialog is the motto of current education.
Still, the PCNEM Geography meets the needs and socio-economic diversity, regional
and cultural communities of missed, especially in the context of the public school? As
provide practices and reflections that lead the student understanding of reality? As reflect and
reconsider the practices and experiences in the classroom, with the change and the
incorporation of new themes in the daily school?
The main objective of this work is to promote the revision of the teaching practice,
raise questions about the limits and advantages of parameters and plan the activities teachers
critical way.
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Sumário
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1. O papel do professor de Geografia no contexto do mundo atual
A Geografia é uma das ciências que mais passaram por mudanças nos últimos
tempos, tanto no conteúdo quanto na forma. No conteúdo, houve aproximação com outras
ciências, como a Sociologia, a Filosofia, a Biologia, a Matemática, entre outras. Na forma, o
professor já não é o detentor onipotente do saber. Há vários saberes que devem ser ouvidos e
compartilhados. Dessa maneira, o professor de hoje é um “aprendente” permanente, que
divide seus saberes e assume suas fraquezas, mas que está aberto ao novo, faz experiências e
está em constante mutação.
Há que se discutir o papel do professor no mundo atual vinculado às transformações
por que estamos passando. O desenvolvimento tecnológico e sua rápida acessibilidade vêm
estabelecendo mudanças de paradigmas e uma das evidências é que nossos alunos não
seguem os padrões pré-estabelecidos do passado. Hoje em dia cada um tem seu próprio
celular onde é possível buscar informações rapidamente e atualizadas, estão conectados em
redes de amizades virtuais, estão constantemente questionando o sistema de ensino com suas
metodologias arcaicas e expressam seu descontentamento com a educação em sua escola
como nunca antes fora visto. Esta revolução que os atingiu repercute no trabalho do professor
e na forma como este vai enfrentar os novos desafios. Qual deve ser o papel do professor
nesse mundo onde a tecnologia muda com uma rapidez feroz? Como se adequar ao novo, em
termos de concepções pedagógicas que transitem entre o saber do professor e o saber do
aluno? Para isso, o professor
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“A mudança exige do professor discussão e reflexão sobre os temas que deseja
trabalhar. Portanto, o que se espera é que haja parâmetros para que os docentes
possam ter como referência conceitos e categorias que estruturem o conhecimento
geográfico, propiciem o repensar de sua ação didática e de sua realidade,
destacando de forma crítica as diferenças regionais, culturais, econômicas e
ambientais”. A prática docente adquire qualidade quando existe a produção do
saber. (PCNEM, 1996, p. 47)
Além disso, é importante utilizar novas estratégias que estimulem o aprender por
parte dos alunos. Deve-se dialogar e aproveitar os conhecimentos já adquiridos pelos alunos
e propor novas situações de aprendizagem que utilizem a perspectiva interdisciplinar. A
Geografia dialoga de maneira muito próxima à Língua Portuguesa, à Matemática, à História
e praticamente com todas as demais disciplinas. Apesar de dialogar com outras ciências,
Devem-se propiciar condições para que o conhecimento seja construído
em nível científico – considerando- se o estágio de desenvolvimento cognitivo dos
alunos – para além do senso comum. Com base nisso, sugere-se a proposição de
situações problematizadoras da realidade, a partir de temáticas capazes de mobilizar
os estudantes para desencadear os processos de aprendizagem significativa e
relevante.(PCNEM, 1996, p. 48)
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Ler os fenômenos geográficos em diferentes escalas permite ao aluno uma leitura
mais clara do seu cotidiano. A aprendizagem será significativa quando a referência
do conteúdo estiver presente no cotidiano da sala de aula e quando se considerar o
conhecimento que o aluno traz consigo, a partir da sua vivência. (PCNEM, 1996,
p.51)
Portanto, a formação dos conceitos por parte dos alunos é o que serve de balizador
para o ensino, pois ao construir o conceito, o aluno vai confrontar seus pontos de
vista resultantes do senso comum e os conhecimentos científicos, encaminhando-se
para uma compreensão que o conduzirá a uma constante ampliação de sua
complexidade. (PCNEM, 1996, p.54)
[...]a questão não é permanecer apenas nos conceitos de cada uma das disciplinas,
mas articulá-los com os conteúdos, pois sem eles os conceitos são definições vazias
e sem sentido. Para isso, é importante estabelecer conexões entre conceitos e
conteúdos e o trabalho por meio dos eixos temáticos pode ser um caminho a seguir.
(PCNEM, 1996, p.55)
O que ocorria na verdade era que o professor não tinha uma visão de
totalidade, visão social de mundo, e a preocupação era ensinar tudo e não o todo. O
saber geográfico era tão limitado e fragmentado que não se conseguia perceber e
trabalhar o global. O argumento frequentemente usado para despistar a mudança era
de que didaticamente os conteúdos estavam bem organizados, divididos (nos livros
didáticos), portanto, mais fáceis de ensinar e mais fáceis de aprender (...memorizar
aquela sequência interminável de nomes, lugares, países...).(PCNs, 1996, p. 81)
Escola ensina também as «regras» dos bons costumes, isto é, o comportamento que
todo o agente da divisão do trabalho deve observar, segundo o lugar que está
destinado a ocupar: regras da moral, da consciência cívica e profissional, o que
significa exatamente regras de respeito pela divisão social-técnica do trabalho,
pelas regras da ordem estabelecida pela dominação de classe. Ensina também a
«bem falar», a «redigir bem», o que significa exatamente (para os futuros
capitalistas e para os seus servidores) a «mandar bem», isto é, (solução ideal) a
«falar bem» aos operários etc. Enunciando este fato numa linguagem mais
científica, diremos que a reprodução da força de trabalho exige não só uma
reprodução da qualificação desta, mas, ao mesmo tempo, uma reprodução da
submissão desta às regras da ordem estabelecida, isto é, uma reprodução da
submissão desta à ideologia dominante para os operários e uma reprodução da
capacidade para manejar bem a ideologia dominante para os agentes da exploração
e da repressão, a fim de que possam assegurar também, «pela palavra», a
dominação da classe dominante.
Por outras palavras, a Escola (mas também outras instituições de Estado como a
Igreja ou outros aparelhos como o Exército) ensinam «saberes práticos» mas em
moldes que asseguram a sujeição à ideologia dominante ou o manejo da «prática»
desta.(Althuser, 1980, p.21, 22)
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construtivista, incentivou-se o diálogo e a reflexão e tudo que pudesse motivar e enriquecer o
processo pedagógico. Entretanto, muitos professores continuam sendo meros reprodutores
dos livros didáticos, do ler e responder sem nenhuma reflexão. Ainda há um abismo enorme
entre as práticas propostas nos PCNs e a realidade da sala de aula. Nesse sentido, a escola
veicula valores pré-estabelecidos, preconceitos e clichês que reproduzem os valores da classe
dominante e assegura a hegemonia desta sobre as demais.
A educação sempre foi política, o que precisamos é ter clareza do projeto político
que ela defende, politizando-a. Hoje falar isso não causa mais escândalo. É uma
“banalidade pedagógica”. Antes de pensarmos em formar profissionais do ensino é
preciso que saibamos que modelos sociais iremos transmitir, que conteúdos
estamos veiculando, que classe estamos defendendo, de que ponto de vista estamos
pensando a educação: do ponto de vista do povo ou do sistema> Como disse nosso
colega Carlos Rodrigues Brandão, “não há meio termo, aquela (educação) do ponto
de vista do sistema é contra o povo”. A única maneira de conciliar um trabalho
nessa linha face ao atual sistema é começar a criar espaços de uma prática
pedagógica que possa ser assumida pelas classes populares e se colocar a serviço
disso.(Moacir Gadotti, 1995, p. 56, grifo do autor)
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É importante a postura ideológica na prática pedagógica do professor. Ele é um mero
reprodutor do sistema ou alguém que questiona, subverte e impõe um modo de pensar
próprio, não vinculado ao discurso padrão e aos clichês de retórica oficial? O professor deve
ser antes de tudo, um “provocador”, parafraseando o grande educador Rubem Alves. Em
“Concepção Dialética da História” (1978, p. 39 -50), Antonio Gramsci discute a formação
da personalidade. Segundo Gramsci, a personalidade se constrói durante a formação do
indivíduo no percurso da própria ética na política, a partir do comprometimento do sujeito no
contexto social, num envolvimento permanente com a sociedade. Nesse contexto, faz-se
necessário afirmar que em um processo de organização política, o conhecimento é Poder,
porque através dele é possível modificar as relações sociais, e a busca da autonomia
intelectual é a luta por uma nova ordem social, onde a Escola se apresenta em ação para a
formação humana. Devemos assim ter escola e professores comprometidos com a formação
política do indivíduo, onde o objetivo primordial será o exercício da cidadania.
A partir dos eixos temáticos a seguir, vamos propor algumas sugestões que permitem
delinear como o professor pode se colocar no mundo de hoje, permeado por um forte aparato
tecnológico, com acesso rápido às informações e corresponder aos anseios dos estudantes.
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superação, na estruturação dos territórios e as configurações demarcadas por
interesses estratégicos nacionais. (PCNEM, 1996, p.58)
O que é "fronteira"? Como elas são estabelecidas? Qual é a postura dos estados em
relação à manutenção de seus limites territoriais? Como você enxerga as ações dos poderes
públicos nos diversos níveis, municipal, estadual e federal? Pesquisar ações desses níveis que
se referem a oportunidades e cerceamentos aplicados. Como essas ações públicas interferem
em nossa vida?
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Quais são as mudanças que estão ocorrendo no mundo do trabalho em função da
adoção de novas tecnologias. Quais mudanças você já observou em seu trabalho ou de
alguém de sua família, quanto aos processos produtivos? Você faz parte de alguma rede de
comunicação? Quais são os problemas que vêm ocorrendo a partir da redução da
privacidade? O mundo conectado melhorou e/ou piorou em quais sentidos? A internet é um
facilitador?
Esses assuntos discutidos em sala de aula proporcionam conhecer os impactos da
tecnologia em várias situações de nossa vida e a tomarmos postura crítica quanto ao seu uso.
6. Considerações Finais
Os temas abordados são o ponto de partida para a realização das análises geográficas.
Para que eles sejam utilizados de forma crítica e construtivista, há a necessidade de termos
professores bem formados, que sejam pesquisadores por natureza e usem essa base sólida
para instigar, investigar, questionar e assim continuar aprendendo com os seus alunos. O
professor deve induzir o jovem à reflexão e contribuir para a construção de sua identidade, de
seu pertencimento, de sua cidadania. E a Geografia deve ajudar nesse papel de formar
consciências utilizando o conhecimento teórico-metodológico do professor e sua vivência,
para enriquecer o currículo escolar. Se por um lado o uso de novas tecnologias se impõe
como um desafio que deve ser enfrentado, ele deve ser encarado como um facilitador que
contribui soberbamente para a finalidade da pesquisa na educação. A constituição de um
processo de ensino multidisciplinar torna a construção do conhecimento real, efetivo e
prazeroso, onde o aluno tem a visão do “todo” e não recortes desconexos. Apesar de o
PCNEM se impor como um projeto moderno para atender aos anseios do mundo
contemporâneo, há de se superar barreiras ideológicas, práticas de ensino arcaicas onde ainda
prevalecem a memorização e a reprodução de conteúdos estanques. Entretanto, o professor
trabalha cada vez menos com as chamadas adversidades ou heterogeneidades do corpo
discente pois o sentido dos movimentos globais apontam para uma homogeneização das
culturas, imposta sobretudo pela internet e pelo consumo desenfreado. Assim, o PCNEM é
importante para a construção de um currículo atual, é um facilitador na elaboração de
inúmeros temas que podem ser trabalhados, e o seu limite não está em si mesmo, mas nas
barreiras levantadas pelos professores no exercício de suas discussões em sala de aula. Dessa
forma, a educação deve ser entendida como um desafio, um processo de construção
permanente do conhecimento, onde, na escola de hoje, todos são aprendentes.
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7. Referências Bibliográficas
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