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INTRODUÇÃO
Nesta lição traremos uma definição da palavra profeta, uma das expressões principais desta aula; pontuaremos
também, alguns aspectos importantes sobre o chamado profético de Samuel; destacaremos algumas das diferenças entre o
profeta no Antigo Testamento e a figura do profeta no Novo Testamento; e por fim, veremos o que a Bíblia ensina sobre
profeta como um dom ministerial e o dom de profecia.
1.1 No Antigo Testamento. A palavra hebraica para profeta é: “nabí” (leia-se: naví porque no original hebraico aparece
a letra “veth” e não a letra “beth”), que vem da raiz verbal “nabá” (leia-se: navá). Essa palavra significa: “anunciador”,
e por extensão, “aquele que anuncia as mensagens de Deus, frequentemente recebidas por revelação ou discernimento
intuitivo”. Os termos hebraicos “ra’ah” e “hôzeh” também são usados e significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente”.
Todas as três palavras aparecem em 1Cr 29.29. “Nabí” é termo usado por mais de trezentas vezes no Antigo Testamento,
alguns poucos exemplos são (Gn 20.7; Êx 7.1; Nm 12.6; Dt 13.1; Jz 6.8; 1Sm 3.20; 2Sm 7.2; 1Rs 1.8; 2Rs 3.11; Ed 5.1; Sl
74.9; Jr 1.5; Ez 2.5; Mq 2.11) (CHAMPLIN, 2004, p. 423).
1.2 No Novo Testamento. A palavra comumente usada é: “prophétes”, que aparece por cento e quarenta e nove vezes,
que exemplificamos com (Mt 1.22; 2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; 7.16; Jo 1.21,23; 3.18,21; Rm 1.2; 11.3; 1Co 12.28,29;
14.29,32,37; Ef 2.20; Tg 5.10; 1Pd 1.10; 2Pe 2.16; 3.2; Ap 10.7; 11.10). O substantivo “propheteía”, “profecia”, é usado
por dezenove vezes no NT (Mt 13.14; Rm 12.6; 1Co 12.10; 13.2,8; 14.6,22; 1Ts 5.20; 1Tm 1.18; 4.14; 2Pe 1.20,21; Ap
1.3; 11.6; 19.10; 22.7,10,18,19). Essas palavras derivam do grego: “pro”, “antes”, “em favor de”; e, “phemi”, “falar”, ou
seja, “alguém que fala por outrem”, e por extensão, “intérprete”, especialmente da vontade de Deus (CHAMPLIN, 2004,
p. 424).
2.1 O tempo do chamado. Assim como o profeta Jeremias foi chamado para exercer o ministério profético ainda muito
jovem (Jr 1.1-6), a convocação de Deus para a vida de Samuel se dá no momento de sua tenra idade (1Sm 3.4). Por essa
época, provavelmente Samuel já era um adolescente; mas o texto sagrado nada revela sobre a idade dele por ocasião da
visita divina. O termo hebraico “na’ar” empregado aqui (1Sm 3.1), pode falar de uma criança de qualquer idade, desde um
infante recém nascido (1Sm 4.21) até um homem de 40 anos (ver 2Cr 13.7). Fávio Josefo disse que Samuel, por essa
época, tinha 12 anos de idade (CHAMPLIN, 2001, p. 1136). Era aos 12 anos que um menino israelita se tornava filho da
lei, passando a ser considerado pessoalmente responsável por obedecer e seguir aquele documento (Lc 2.39). Fica portanto
claro no chamado de Samuel, que as escolhas de Deus para o serviço sagrado são baseadas em sua soberania, e não estão
restritas a status, capacidade ou mesmo idade (1Sm 16.11-13; Am 7.14,15; Mc 3.13).
2.2 O contexto espiritual do chamado. Este era um período de declínio espiritual na nação de Israel (Jz 21.25). Além do
exemplo negativo dos filhos do sacerdote Eli (1Sm 2.17,22-24) naqueles dias a revelação de Deus era algo raríssimo: “[…]
E a palavra do SENHOR era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta” (1Sm 3.1) de modo que, assim
como suas reiteradas manifestações eram consideradas um sinal de favor e aprovação (Os 12.10), pouca frequência destas
revelações era um sinal de desaprovação por parte do Senhor (Sl 74.9; Lm 2.9; Ez 7.26; Am 8.11). É em meio a esta
realidade que: (a) Samuel ouve a voz de Deus: “o SENHOR chamou a Samuel [...]” (1Sm 3.4), (b) a presença de Deus é
revelada: “Então, veio o SENHOR e ali esteve [...]” (1Sm 3.10) e, (c) Samuel recebe a mensagem de Deus: “E disse o
SENHOR a Samuel: Eis aqui vou eu a fazer uma coisa em Israel” (1Sm 3.11). O jovem profeta é levantado por Deus em
tempos de crises, para mudar aquele ambiente hostil (1Sm 3.21).
2.3 O reconhecimento do chamado. O crescente reconhecimento, entre o povo de Israel, de que o Senhor estava com
Samuel e fazia dele o Seu porta-voz, está indicado no seguinte texto: “E crescia Samuel, e o SENHOR era com ele, e
nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra”. “E todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que
Samuel estava confirmado por profeta do SENHOR” (1Sm 3.19,20). Desde Dã até Berseba é a típica maneira de
descrever “a extensão e a amplitude da terra” (cf. Jz 20.1). Dã estava no extremo norte, Berseba era o ponto mais ao sul.
Tradicionalmente, Dã marcava a fronteira do extremo norte de Israel, ao mesmo tempo que Berseba assinalava o extremo
sul. Isto posto, a expressão “desde Dã até Berseba” tornou-se proverbial, indicando toda a extensão do território de Israel.
Todos quantos são chamados por Deus, têm o atesto da escolha Divina (Êx 3.12; 4.1-9; 15-17; 2Rs 2.12-15; Js 1.5,17; 3.7;
Jr 1.17-19; Ag 2.23; Mc 16.20; At 5.12; 14.3; Hb 2.4).