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UNIVERSIDADE DO PORTO FACULDADE DE ENGENHARIA Influéncia dos Tratamentos Térmicos Especificos de um ADI Sobre o Seu Comportamento a Fadiga de Contacto Dissertagao Submetida para a Obtengdo do Grau de Mestre em Engenharia Mecdnica (Opodo de Materiais e Processos Tecnolégicos) (Dezembro de 2000) Resumo A dissertagao, de titulo “Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu ‘comportamento & fadiga de contacto”, encontra-se dividida em duas partes principais, A primeira inchsi a compilagao da pesquisa bibliogréfica efectuada, enquanto que, a segunda diz respeito ao trabalho experimental levado a cabo, A sintese bibliografica abrange, num primeiro capitulo, a caracterizag&o do material em estudo, sendo feita uma abordagem sobre o seu processamento, as suas propriedades e respectivas aplicagdes. O segundo capitulo incide sobre o contacto entre sélidos, sendo direccionado o estudo sobre o fenémeno de fadiga. O conteiido deste iltimo capitulo inclut a caracterizagdo das superficies em contacto, os aspectos fundamentais da mecfinica do contacto € da fractura, que estio na origem da fadiga de contacto, ¢ por fim os fenémenos de degradagfo das superficies em contacto, no qual se insere naturalmente a fadiga de contacto, A segunda parte da dissertaglo inicia-se com o capitulo 3, 0 qual & dedicado a0 desenvolvimento de um ferro nodular austemperado (ADI) ligado ao Cu e ao Mn. Este material foi submetido a um conjunto de tratamentos térmicos de austémpera, assistidos por dilatometria de fiaca inércia térmica, permitindo assim uma maior eficdcia na selecgao dos paraimetros da austémpera. Esta selec foi confirmada pela realizagdo de ensaios mecdnicos sobre provetes transformados, isotermicamente, a temperaturas compreendidas entre 260°C ¢ 380°C. Os estégios no dominio martensitico realizaram-se as temperaturas de 150, 170 ¢ 190°C. O desenvolvimento do ADI ficou concluido com a selecgdo dos tratamentos térmicos a realizar sobre os discos de fadiga de contacto. A ealizagao de ensaios de fadiga de|coittacto’é na a andl associados. Os ensaios foram réalizados ‘titima maquina de discos, utilizando pressdes de contacto de 1,8 e 2,2 GPa, uma taxa de deslizamiente de 9,8% ¢ uma velocidade de rotagao de 3000 rpm. Os discos possuiam defeitos antficiais, cuja anélise, entre outros defeitos superficiais, foi efectuada ao longo do ensaio de fadiga de contacto, utilizando um equipamento video de aquisigfo de imagem. As escamas libertadas das superficies em contacto, e que conduziram ao final do ensaio de fadiga, foram caracterizadas no que diz respeito & sua drea e profundidade. Utilizaram-se ainda técnicas de ferrometria para analisar as particulas de desgaste, libertadas pelas superficies em contacto ao longo do ensaio de fadiga ¢ contidas no 6leo lubrificante. Por fim foi efectuada a andlise metalogréfica da zona interior dos discos ental seguinte, capitulo 4, consstiu na Ge um conjunio de caractersticas a eles adjacente as escamas libertadas, © conjunto dos resultados obtidos proporcionaram interessantes observagGes, que slo indicadas no capitulo de conclusdes da dissertagao. Abstract The thesis, having the title “Influence of an ADI specific heat treatments upon its behaviour to the contact fatigue”, is divided into two main bodies. The first one includes the compilation of the bibliographic review and the second concerns the experimental work done, The literature review comprises, in a first chapter, the characterisation of the material being studied. Tt is done an approach about its processing, properties and respective applications. The second chapter comprehends the contact between solids, being directed over the fatigue phenomenon. The chapter contents includes the contact surface characterisation, the fundamental aspects of contact and fracture mechanics and at its end, the surface degradation phenomenon, in which naturally fall upon the contact fatigue. The second part of the thesis begins with the chapter 3, being dedicated to the development of a CuMn austempered ductile iron (ADI). This material was submitted to a set of austempering heat treatments assisted by quenching dilatometry, allowing best efficiency in the selection of the austempering parameters. This selection was confirmed by performing heat treatments to tensile strength proofs, isothermally transformed in a temperature range between 260 and 380°C. The stages in the martensitic domain were done at the temperatures of 150, 170 and 190°C, The ADI development work was concluded with the selection of the heat treatments to be used in the contact fatigue trial discs. The next experimental step, chapter 4, consisted in the running of the contact fatigue test and in the analysis of a set of related characteristics. A disc machine was used, with the application of contact pressures of 1,8 and 2,2 GPa, with a roll-to-slide rate of 9,8% and a rotation speed of 3000 rpm. The discs possessed artificial defects that were together observed, during the fatigue test, with other superficial defects, using video-imaging facilities. The Spalls released from the surfaces in contact leading to the end of the fatigue test were characterised in terms of area and depth. Were also used ferrometry techniques to analyse the wear particles released from the surfaces in contact, during the fatigue test and that had been kept in the lubrication oil, Finally, a metalographical analysis of the discs interior region, near the spalls was performed. ‘The set of attained results permitted interesting observations, which are indicated in the conclusion chapter of the thesis. Résumé La dissertation, avec le titre “Influence de traitements specifques d'un ADI sur son comportement a a fatigue de contact", est divisé en deux parties principales. La premiére contient Ia compilation de la recherche bibliographique efectuée, pendant que la deuxiéme concerne le travail experimental. La sintése bibliographique a, dans le premier chapitr, la caractérization du material en nde, en fesant une sbordage sur son processement, ses propriétés et applications respectives. Le deuxiéme chapitre survient le contact entre solides, en direccionant l'étude sur le phénoméne de la fatigue. Le contenu de ce dernier chapitre inclue la caractérization des surfaces en contact, les aspectes fandamenteaux de la mechanique du contact et de Ia fracture, que sont a la origine dela fatigue de contact, et, ala fin, les phénoménes de Ia dégradations des surfaces en contact, ala quelle se trouve naturéllement la fatigue de contact. La deuxiéme partie de Ja dissertation commence au troisitme chapitre, dévoé au dévelopment dun fonte GS bainitique (ADI) lige au Cu et au Mn. Ce material a été soumis aun ensemble de traitements térmiques de transformation bainitique, assistés par dilatométrie de faible inert térmique, permetant une meilleure efficacité dans la seléecion des paramétres de traitement, Cette seléccion a été confirmé par la realization dlessais méchaniques sur éprouvettes transformés, isothérmiquement, a températures entre 260°C et 380°C. Tes Cages dans le domaine martensitique ont été realizés aux températures de 150, 170 et 190°C. Le dévelopment de ADI a été conclu avec Ia seléction des traitements térmiques a realizer sur les disques de fatigue de contact. L'étage éxpérimental suivant, chapitre 4, a consisté dans la realization d'éssais de fatigue de contact et dans analyse dun ensemble de caractéristiques assoviées a eux. Les éssais ont ét6 faites dans une machine aux disques, en utiliziant préssions de contact de 1,8 ¢t 2,2 GPa, un taux de alissape de 9,8% et une velocité de rotation de 3000 rpm Les disques avait des defauts artificiles. Ces déLauts, entre autres, ont été efecrués dans le cours de lessei de fatigue de contact, en utilizant un équipement video d'acquisition dimage, Les débris liberées des surfaces de contact et que ont conduit a la fin de Tessai de fatigue ont eté caracterisées, en ce que concerne a Taire et profondité. Ont été utilizés téeniques de fécrométre, pour analiser les particules de usure liberées par les surfaces en contact pendant Yressai de fatigue et contenus dans Thuile lubrifiant A la fin a été ofectué analyse métalografique de la zone intérior des disques et voisins aux débris liberés. “Liensemble des resultats obtenus ont proportionée des observations interessants que sont indiqués dans le chapitre de conclusion de la dissertation. Preficio © estudo do comportamento & fadiga de contacto do ADI teve origem em duas motivag6es principais, por um lado, pretendia-se continuar o trabalho de desenvolvimento de uma nova verso de ferro fundido nodular austemperado, dirigido para a sua aplicasio industrial em engrenagens produzidas no pais. Por outro lado, sendo a fadiga de contacto um dos mecanismos principais da avaria de engrenagens, importava conhecer 0 comportamento do ‘ADI a este tipo de avaria, Este ultimo factor é ainda acrescido de importincia, dado o desconhecimento que existe sobre o modo como se processa a fadiga de contacto no ADI. © ADI tem como matéria-prima o ferro nodular classico, no entanto, as suas propriedades diferem grandemente destes apés a prética de tratamento térmico. Este tratamento térmico confere uma matriz metélica formada por ferrite bainitica e austenite retida, O processamento térmico composto por uma austenitizagio seguida de transformagio isotérmica no dominio bainitico, que proporciona a obtengio de um material com elevada resisténcia mecinica e ao desgaste, em simultneo com uma alta ductilidade. A simplicidade do processamento e da manipulago das propriedades do ADI, associada a sua boa maquinabilidade, & clevada capacidade de amortecimento de vibragdes, as propriedades autolubrificantes, entre outras, fazem com que 0 ADI seja competitivo em relagdo a materiais tradicionais. Hoje em dia podem ser encontradas aplicagdes do ADI em vérias areas, como por exemplo 0 ramo automével, sendo utilizado em substituigo do ago forjado em engrenagens, cambotas, etc. ‘A austémpera do ADI em estudo, ligado ao Cu e ao Mn, tem um cardcter inovador, que reside no facto de se efectuar uma dupla transformagdo isotérmica da austenite. Num estigio inicial, realizado a temperaturas inferiores a M,, a austenite transforma-se parcialmente em martensite. No segundo estigio, realizado a temperaturas do dominio bainitico, a reacgio de austémpera tem lugar e é promovido o revenido da martensite anteriormente formada, Com este tratamento, espera-se que a presenga de martensite revenida numa microestrutura ausferritica, proporcione o melhoramento da relago entre a resisténcia mecinica e a ductilidade, relagao considerada importante em engrenagens. O contacto entre sélidos, animados de movimento relativo, tem particular importancia no que diz respeito a duragiio da vida dos mais variados componente, entre estes as engrenagens, que sio érelios de méquinas de grande aplicag&o, com particular énfase no campo das transmi 6 mecfnicas usadas quer na indistria automével, quer na inddstria aerondutica. ‘Um dos principais mecanismos de avaria das engrenagens e de muitos outros componentes é a fadiga de contacto, sendo o seu estudo, no caso do ADI, um tema de investigagio que ainda se encontra insuficientemente caracterizado. © trabalho realizado permite a entrega de resultados para o projecto PRAXIS XX, intitulado “tratamentos térmicos especificos de um ADI visando a melhoria do desempenho de engrenagens” — referéncia 3/3.1/CEG/2666/95. Contribuindo para o progresso do desenvolvimento do ADI iniciado no DEMM ~ Departamento de Engenharia Metalargica e de Materiais da FEUP e dos ensaios de fadiga de contacto em curso no CETRIB ~ Centro de ‘Tribologia e Manutengio Industrial do INEGI. Com a realizaso de ensaios de fadiga pretendia-se averiguar 0 comportamento do ADI quando sujeito a fadiga de contacto, de modo a identificar uma possivel correlagtio entre 0 tratamento térmico e 0 desempenho mecfnico. O objectivo tiltimo do trabalho é o de identificar 0 tratamentos térmicos que melhor se adaptam a fadiga de contacto do ADI. Por fim resta-me agradecer aos Orientadores, ao Eng.° Luis de Magalhfes, as colegas Angela Costa e Blandina Pinto ¢ ao amigo Paulo Pato Cardoso a contribuigao fundamental que tiveram na elaboragio da dissertagio, Capitulo 1 0 ferro nodular austemperado Pagina 15 INDICE GERAL RESUMO Ww. PREFACIO PARTE 1 - SINTESE BIBLIOGRAFICA. CAPITULO 1 0 FERRO FUNDIDO NODULAR AUSTEMPERADO..msunnnoer 1,1 Inrropugao.. 1.2 ReacgAo De AUSTEMPERA ‘L21 Etapas da Reacet. 1.2.2Janela do Proceso... 1.2.3 Microestruturas Obtidas. 13 ‘PRODUGAO DE FERRO FUNDIDO NODULAR AU 1.3.1 Metal Base. 1.3.2 Tratamento Térmico. 3.3. Maguinagem. 3. , 1.4 ErerT0 DAS VARIAVEIS DO PROCESSAMENTO DO FERRO FUNDIDO AUSTEMPERADO. LAL Papel dos Elementos de Liga . 14.2 Microestrutura de Bruto de Vasament 4.3 Austenitizacdo “4 Transformagto Isotérmiea.. (14.4.1 Transformagiio Jsotérmica Simples... 1.4.4.2 Duple Transformacko Isotérmica.. 1.5 PRoPRiEDADES DOS FERROS FUNDIDOS AUSTEMPERADOS 1.5.1 Resisténcla d Traced . 1.5.2 Tenacidade é Fractw 113.3 Resistincia ao Desgaste 15.3 Resistencia & Fadiga 1.5.4 Extabilidade Dimensional. 1.5.5 Ruldo em Funcionamento 1.5.6 Outras Propriedades 1.6 APLICAQOES ..... CAPITULO 2 CONTACTO ENTRE £ SOLIDOS. FADIGA DE MATERIALS... 2.2.2 Kstrutura da Camada Superficial 2.2.3 Pardmetros Geométricos da Camada Superficial 2.3 MECANICA DO CONTACTO... = 2.3.1 Tipos de Contacto ne ? = 2.3.2 Contacto Normal entre. Sudo. de Revolugdo Elasticos ~ Teoria de Hert. Si 3 Tensbes no Interior sia 2.3.3.1 Tensbes Principals Segundo OZ... 2.3.3.2 Tenses de Corte Principas... 2.3.3.3 Tensio de Corte Ortogonal.. 2.4 LUBRIFICAGAO... : 24.1 Regimes de Lubrificacio. 2.4.2 Aplicagbes dos Lubrificantes. Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 10 ferro nodular austemperado Pagina 16 2.5 MECANICADA FRACTURA. . 725.1 Entalhes ¢ Concentracto de Tensbes.. 25.2 Factor de intensidade de Tensbes. 25.3. Limi ismas de 54 7 mento de Fi Tenstes.. a 2.6 DevEeRioRAGAO DE SUPERFICTES EM CONTACTO . 2.6.1 Desgaste. 2.6.11 Desgaste por Abrasio, 2.6.1.2 Despaste por Adssio.. 2.6.2 Fadiga de Contacto... Me Fadi 6.2.4 Factores que. PARTE 2- COMPONENTE EXPERIMENTAL... CAPITULO 3 DESENVOLVIMENTO DE UM ADI LIGADO AO CUMN an 3.L INTRODUGAO.. 3.2 MareniaL VAZADO 3.3 Ensalos DiLatomeTRICos, 3.4 TRATAMENTOS TERMICOS 3,5 ENSAl0s Mecnicos .. 3.5.1 Tratamento Térmico de Recoz fomogenelzacto.. 3.5.2 Transformagao Isotérmica Classica, ae 3.5.3 Dupla Transformacao Isotérmica. ‘Comparacto entre riedades Mecdnicas Obtidas para os Diferentes tos de Austémpera...... ae . e 45,5 Selecefo dos Tratamentos Isotérmicos 3.6 METALOORAFAA.... — 3.7 DiscussKo DE RESULTADOS : CAPITULO 4 ENSAIOS DE FADIGA DE CONTACTO. 4.1 byrRoDugio.. 4.2 Ensalos DE FADIGA DE CONTACTO, 43 Evouto DAs Jnomnragbes Ds Dutiza Donan oe +43] Andllse das impressbes de dureza, 43.2 Andiise das. 4,5 METALOGRARIA POS-ENSAIO. 4.4 Discusso DE RESULTADOS. 5 CONCLUSOES. CAPITULO 6 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .. Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 17 INDICE DE FIGURAS Figura 1.1. Comparagdo entre a resistencia mecdnica do ago e do ferro fundido. . Figura 1.2. ADI vs. Aluminio.. Figura 1.3 Peso relativo por unidade de resistencia mecdnica (Ro). Figura 1.4. Custo relativo por unidade de resistencia mecénica (Ro. Figura 1.5. Consumo de energia no processamento de um par pinhdo/engrenagem.. 28 Figura 1.6. Representacdo esqueméiica da reacgao de austémpera, Figura 1.7. Mecanismo de formagao de bainite superior e inferior. Figura 1.8. Microestrutura de um ADI transformado isotermicament Figura 1.9. Pormenor do ciclo térmico uilizado na austémpera do ADI... Figura 1.10, Representagdo esquemética do processo de austémpera. Figura 1.11. Comparagao da maquinabilidade de varios materiais, ferrosod. Figura 1.12, Processamento do ADI utilizado pelo "ASME Gear Research institute” na producto de rodas dentadas.. . Figura 1.13. Efeito da granathagem de elevada intensidade (“shoot-peening”) no limite de fadiga de engrenagens de ADI e de ago tratado. Figura 1.14. Bfeito do processo de fabrico na resistancia a fadiga de flextio dos dentes de engrenagens em ADI. .. B Figura 1.15. Efeito da adigdo de elementos de liga no didmetro mézimo que pode ser austemperado a 350°C 6 sem formagao de perlite. Figura 1.16. Representagao esquemética da segregacdo de Si, Ce Mn entre dois nédulos de grafite... Figura 1.17. Representagao esquemética do diagrama de fases Fe-C-Si e a variagao de energia livre associada & transformagaio isotérmica a 350°C. .. Figura 1.18. Efeito da variagdo da temperatura de austenitizacao na dimensdio da janela do processo. Figura 1.19. Efeito do teor em carbano no inicio da transformagdo isotérmica. Figura 1.20. Variagao das propriedades mecénicas em fungdo da temperatura de austenitizagdo, $3 ‘Figura 1.21. Variagdo das propriedades mecénicas com a temperatura de transformacdo isotérmi¢a. ..umen 55 Figura 1.22, Valores da extensdo apds rotura resultantes da transformacao isotérmica a diferentes temperaturas.. Figura 1.23. Diagrama esquematico do tratamento térmico de austémpera por degraus. Fira 1.24 Diagram esquemthico do tratamento trio de austimper dle com cats etgio no domini ‘martensitico. 58 Figura 1.25. Propriedades mecénicas do ADI e dos ferros fundidos convencionais.. . 60 Figura 1.26. Valores de resisténcla Charpy para 0 ADI em funcdo dos requsttos da ASTM. 61 ‘Figura 1.27. Influéncia da temperatura de transformacio isotérmica e do tempo de estdgio na tenacidade & ‘fractura de um ADI ligado... = a Figura 1.28. Resultados do teste de abrasto por pinos do ADI e le dois agos resistentes &abrasto...-.. 63 ‘Figura 1.29. Variagto da perda de massa em funcfo da temperatura de transformagito isotérmica durante um ensaio de desgaste com rolamento.. 6B Figura 1.30. Variagdo da perda de massa com a temperatura de austenitizagao e de transormogto isotermica, durante um ensaio de desgaste com escorregamento 64 Figura 1.31. Comparagao da resistencia & fadiga por flexdio do ADI, dos nodulares convencionais e dos agos utilizados em engrenagens... 65 Figura 1.32. Resistencia dfadiga de flexdio rotativa de provetes em ADI com e sem entalhe ..cvcvva- 65 Figura 1.33. Relagdio entre a resistencia & traceo do ADI e o seu limite de fadiga e sensibilidade ao entathe 66 Figura 1.34. Resistincia& fadiga de contacto do ADI, dos nodulares convencionais ¢ dos es pos sllizados para o fabrico de engrenagens. ‘Figura 1.35, ResistOncia fadiga de contacto do ADI tratado a 230°C. Figura 1.36. Resisténcia a fadiga de contact ‘Figura 1.37. Variagao dimensional de provetes, com 10 mm de didmetro e 100 de compriment, tratados isotermicamente durante 2 horas. . ie Tnfiuéncia dos tratamentos especificas de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 18 Figura 1.38. Variagdo dimensional linear em fungéio da temperatura de transformagio isotérmica. (cada ponto corresponde é média de 12 vazamentos). é so 70 Figura 1.39. Comparagio da capacidade de amortecimento de vibragoes do ADI com outros materiais......71 Figura 1.40. Substituigdo de ago vazado por ADI no suporte das molas de suspenstto de um cammiiO....uiu..73 Figura 1.41. Diversos componentes de transmissdo em ADI... . 73 Figura 1.42. Rodas dentadas em ADI. a 7 Figura 1.43. Cambota utilizada pela Ford Motors Co. em motores Diesel. 75 Figura 2.1. Representagdo esquematica das camadas superficiais existentes na periferia de um material revestido (lado direito da figura) e de uma superficie produzida naturalmente (lado esquerdo). 78 Figura 2.2. Representagdo esquematica de um modelo de superficie, a 3 zonas, produzida por maquinagem Contendo varios outros defeitos superficiais. Figura 2.3, Representacao esquemdtica da superficie. Figura 2.4, Contacto pontual roda/earril. - Figura 2.5. Tipos de contacto... Figura 2.6, Presto de Hertz aplicada sobre uma Figura 2.7. Planos e raios principais de curvatura.... : Figura 28. Distéincia entre pontos das superficies em contacto apés deformagao elistica, Figura 2.9. Distribuigao de presses no interior de um sélido em contacto, ao longo do eixo OZ, (v~ 0,25). 95 Figura 2.10. Abaco para a determinagao dos coeficientes das deformagbes e das tenses para dols sblidos om contacto (A/B < 200)... — . = 96 Figura 2.11. Abaco para a determinagto dos eoeficientes das deformagées e das tensbes para dois sbtidas em contacto (A/B > 200)... a Figura 2.12. Tensbes de corte ortogonals te te : : Figura 2.13. Coeficiente Cr, para a determinacto da tensdo de corte ortogonal maxima. Figura 2.14. Coeficiente Cz, para a determinagdo da profundidade para a qual ocorre a tensao de corte ortogonal maxima... Figura 2.13. Variagdo da espessura do filme de lubrificante em fuancdo das condigbes de contacto. 103 Figura 2.16. Curva de Stribeck: coeficiente de atrito 41 em fungao do parimetro de funcionamento. 104 Figura 2.17. contacto elastohidrodindmico cilindrofplano.. 105 Figura 2.18. Mecanismo da lubrificagdo mite com a formagao de uma pelicula de protecgao, Figura 2.19. Placa de um material metélico sujeito d tracgdo uniaxial. 7 Figura 2.20. Factor de concentracao de tensBes para um variedade de formas do entaihe Figura 2.21, Trés modos de fractura 7 . Figura 2.22. Exemplos praticos dos modos de fractura Figura 2.23. Limitagbes da andilise dos mecanismos da fractura linear eldstica = Figura 2.24, Representagto esquemdtica do crescimenio de uma fissura por fadiga... ee HB Figura 2.25. Representageio esquematica do crescimento de uma fissura por fadiga em fungao do mimero de E1CI08 = : svete 1B Figura 2.26. Relagdo entre a taxa de crescimento de fissuras por fadiga e o factor de intensidade de tensio, — sone 120 2 Figura 2.27. Desgaste por abrasdo devido & rugostdade de um material duro, Figura 2.28. Desgaste por abrasto provocada por particulas duras soltas sobre uma superficie em deslizamento : : : Figura 2.29. Esquema da sequéncia de formagéo de um filme de transferéncia.. Figura 2.30. Esquema da formagto de sulcos superficiais devido ao desgaste. Figura 2.31. Exemplo do fenémeno de fadiga de contacto num carril de caminho de ferro. Figura 2.32. Distribuigdo tridimensional das pressoes na zona de um contacto pontual. Figura 2.33. Representagéo esquematica da variagdo das tensées de corte, em trés diferentes posigbes ocalizadas 4 mesma profindidade, medida que um rolo se desloca sobre a superficie. Figura 2.34. Variagdo da tensito de corte méxima em funcdo do coeficiente de atrito. us... Figura 2.35. Representagéo esquemética do processo de degradagao superficial por fadiga de contacto. ‘Figura 2.36. Representacéo esquematica de defeitos interiores capazes de provocar a degradagio da superficie por fadiga de contacto. : aoe Figura 2.37. Evolugao das fissuras em torno dos nédulos de grafite de um ADI... Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 19 Figura 2.38. Relagdo entre a vida por fadiga de contacto e a espessura do filme para um regime de lubrificagdo EHD..... 135 Figura 3.1. Ciclo térmico de austémpera com curto estigio no dominio martensitico wilizado no ensaios dilatométrico, 140 Figura 3.2. Determinagao das lemperaturas de transformagdo critica. 143 Figura 3.3. Variagdo das dimensbes do provete durante a transformagio a 260 14d Figura 3.4. Método para a determinagio da quantidade de martensite formada em funcdio da temperatura. 144 Figura 3.5. Curvas da cinética de transformacdo isotérmica a diferentes temperattras.... u5 ‘Figura 3.6. Fornos de tratamento térmico utilizados neste trabalho. seven 4B. Figura 3.7. Evolugéo das propriedades meciicas em fungto do tempo de esiégio & temperatura de transformagto isotérmica de 380°C. Figura 3.8, Evolugao das propriedades mecinicas em fungdo do tempo de estégio a temperatura de transformagao isotérmica de 260°C. Figura 3.9. Comparagao entre as propriedades mecénicas obtidas para austémpera classica e as especificagbes da norma ASTM A897.. 153 Figura 3.10, Comparagao entre as propriedades mecdnicas obtidas para austémpera com duplatransformactio e as especificagdes da norma ASTM A897.. 155 Figura 3.11. Efelto da dupla transformagto isotérmica nas propriedades mecdnicas. 137 Figura 3.12. Microestrutura de Brato de Vazamento do ADI em estudo.. 159 Figura 3.13. Microestrutura aps recozimento de homogeneizacdo (1000°C/90 minutos) 160 Figura 3.14. Transformagéo isotérmica a 260°C durante 690 minutos... 161 Figura 3.15. Transformacio isotérmica a 340°C durante 105 minutos... 161 Figura 3.16. Transformagao isotérmica a 340°C durante 105 minutos antecedida de um curto estégio a 190°C. Microestrutura: ausferrite superior com martensite revenida. 162 Isl 153 Figura 4.1. Ensaio de fadiga de contacto. : 167 Figura 4.2. Principio de fincionamento da méquina de discos. oven LOB Figura 4.3, Representagio esquemdtica da geometria do contacto... sen 1B Figura 4.4, Libertagao de escama em fungdo da presstio de contacto e do niimero de ciclos. m Figura 4.5. Curvas de vida em fungdo da relagdo resistencia mecinica/pressdo de contacto e das pressdes de contacto utilizadas. 178 Figura 4.6. Curvas de vida em funcdo da relagio entre a tens contacto. Figura 4.7. Relagao entre a resistincia mecinica e o quadrado da pressio de contacto em Jingo da ‘rotura e 0 quadrado da pressio de 174 temperatura de transformagao isotérmica, sw IIS Fgura 4.8. Hfelto da temperatura de transformagio isotérmica na fadiga de cont. 176 W77 Figura 4.9, Medigfo da drea das escamas. Figura 4.10. Variagdo da rea da escama em fungio da pressdo de contacto. ‘Figura 4.11. Variagiio da profindidade da escama em fungdo da pressao de contacto. Figura 4.12. Equipamento utilizado para a aquisigdo de imagem. Figura 4.13 Caracterizagéo da impressio de dureza 179 181 182 183 Figura 4.14. Processo de medigdo das éreas dos picos de dureza e da zona afectada. 18S Figura 4.15. Aspecto da evolugo das éreas dos picos de dureza e da zona afectada ao longo do ensaio. 187 ((ratamento térmico: 190%340°C; pressto de contacto: 1,8 GPa). Figura 4.16. Area da impressio de dureza em fungdo do mimero de ciclos. Pressio de contacto: 1,8 GPa... 188 Figura 4.17. Area da zona afectada pela impressdo de dureza em fungéio do nitmero de ciclos. Pressdo de contacto: 2,2 GPa... 189 Figura 4.18, Area da zona afectada ‘pela impressdo de ‘dureza em. 1 fngdio do nitmero de ciclos. Presto de 189 ‘contacto: 1,8 GPA. rn Figura 4.19. Crescimento da érea da zona afectada pela incisto de dreza por ciclo em fungao do pardmetro AK. Pressdio de contacto: 1,8 GPA, 10. 191 Figura 4.20, Bvolugdo do aspecto superficial dos discos austemperados a 260°C. Pressdo de contacto: 18 GPa, (Nx 10°). 192 Frignra 4.21. Bvolupto do apecto siperfal dos discos com tratamento dip Pressto de contacto: 1,8 GPa. 193 (Nx 10). Tnfluncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 0 ferro nodular austemperado Figura 4.22. Equipamento DRH (Predict Technologies) utilizado na ferrografia de leitura directa. Figura 4.23. Equipamento FMII (Predict Technologies) utilizado na ferrografia analitca. Figura 4.24. Resultados obtidos para os indices ISUC e CPUC em fingdo do mimero de ciclo. Figura 4.25. Comparagdo dos resultados obtidos para 0 aumento da érea afectada pela incisdo de dureza @ico central) e para o indice CPUC em fungéo do nimero de ciclos. (austempera realizada a 260°C, presstio de contacto: 1,8 GPa). : Figura 4.26, Evolugto da libertagdo de particulas ao longo do ensaio... Figura 4.27. Aspecto das partlculas de fadiga libertadas ao longo do ensaio. Figura 4.28. Corte da cratera formada no disco tratado isotermicamente a 340°C.. Figura 4.29. Corte da cratera formada no disco com tratamento duplo de 190+340°C. Figura 4.30. Iniciagdo de fissuras superficiais, tratamento duplo: 190+340°C. Figura 4.31. Propagacao de fissuras a partir da superficie, tratamento cléssico: 340°C. Figura 4.32. Propagagto de fsuras no interior dos discos. Trtamento dup: 190+340%. Pressio de contacto: 2,2 GPa, Reagente de ataque: Nital 3... Figura 4.33. Modelo de iniciagdo e propagagio de fissuras no ADI. 7 Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pégina 21 INDICE DE TABELAS Tabela 1.1. Composigdo quimica e gama de controla do ADI Tabela 1.2. Aumento da vida da ferramenta devido & substituicdo de engrenagens cementadas pelo. Tabela 1.3. Especificagdes da ASTM 4897. eee Tabela 1.4. Propriedades fisicas do ADI... Tabela 2.1. Factores para a solugtio do problema de Herte Tabela 2.2. Comportamento do filme sob varios regimes de lubrificag Tabela 2.3. Valores caracteristicos de piezoviscosidade at para os bleos de base. Tabela 24. Mecanismos de lubrificagdo limite... Tabela 2.5. Propriedades e aplicagdes de bleos. Tabela 2.6. Tipos de aditivos comuns...» Tabela 2.7. Listagem dos principals defeitos relacionados com a fadiga de contacto. Tabela 3.1. Composieto quimica nominal do ADI estudado. .. Tabela 3.2. Temperaturas e tempos de estégio utilizados na austémpera. Tabela 3.3. CondicBes utilizadas nos tratamentos de dupla transformagao isotérmica... Tabela 3.4. Propriedades mecénicas apés recozimento de homogenetzage... Tabela 3.5 Resultados dos ensaios mecdnicos efectuados a 380°C para a determinagao da jan Tabela 3.6. Resultados dos ensaios mecinicos efectuados a 260°C para a determinagto da janela do processo se B52 Tabela 3.7. Resultados dos ensaios mecdnicos realizados sobre provetes com tratamento duplo e transformagdio isotérmica a 380°C. 154 Tabela 3.8. Resultados dos ensaios mecdnicos reaizados sobre provetes com tratamento duplo e transformagao isotérmica a 260°C... oe 155 Tabela 3.9. Temperaturas e tempos de estigio uilzados nos tratamentos de transformagdo cTAsst..n.. 138 Tabela 3.10, Condigdes de dupla transformagto isotérmica seleccionadas, para o tratamento dos discos, para a reitzagao do enslo de fadiga de contacto. 158Tabela 4.1. Combinagdes mterlalpresso de contacto ensaiadas. Tabela 4.1. Combinagbes materialipressao de contacto ensaiadas. Tabela 4.2. Pardmetros fixos utilizados nos ensaios de fadiga de contacto Tabela 4.3. Niimero de ciclos até & libertagdo da primeira escama de fadiga de contacto... Tabela 4.4. Libertagéo de escama em funcdo do tratamento térmico e da presto de contact Tabela 4.5. Resultados obtidos na determinagdo da rea da escama. Tabela 4.6. Resultados obtidos na determinago da profundidade da escama. Tabela 4.7. Valores de dureza Rockwell C dos discos ensaiados. .. Tabela 4.8, Resultados obtidos para a medicao das éreas da indentaglo de dureza e da sua drea afecta (pressto de contacto: 2,2GPa). 7 Tabela 4.9, Resultados obiidos para a medligao das dreas da indentagao de durezae da sua dreaafectada (presstio de contacto: 1,8GPa). Tabela 4.10. Valores das constantes determinadas experimentalmente para a equagéto do “factor de intensidade de tensbes”, de acordo com (4.9). Po = 1,8 GPQrm 190 Tabela 4.11, Resltados da enélise das partculaslibertadastratados termicamente a 260°C e ensadas sob 1,8 GPa de presstio de contacto. . 196 185 186 Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pégina 23 PARTE 1 — Sintese Bibliografica TafluGnela dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento A fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 25 ‘APITULO 1 O Ferro Fundido Nodular Austemperado 1.1 Introdugao ferro nodular austemperado (habitualmente designado por ADI, siglas provenientes da denominagao austempered ductile iron) é uma familia dos materiais ferrosos que séo tratados termicamente para possuirem excelentes propriedades de resisténcia A tracgdo e a0 choque. A obtengiio destas propriedades esté associada a uma facilidade de processamento por fimndigo posterior tratamento térmico de austémpera. Assim a tecnologia de produgo do ADI envolve dois processos: 1. A obtengiio por vazamento de um ferro fundido nodular de qualidade, isento de carbonetos eutéticos, com composigio quimica e nodularidade rigorosamente controladas. 2. A realizago de um tratamento térmico designado por austémpera, cujo ciclo consiste numa austenitizagio seguida de transformagio isotérmica no dominio bainitico. © ADI pode ser vazado como qualquer outro ferro fundido nodular, oferecendo por esta razio todas as vantagens produtivas dos convencionais fundidos nodulares. Com 0 posterior tratamento de austémpera pretende-se obter uma microestrutura que consiste numa matriz de ferrite bainitica e austenite enriquecida em carbono, designada por ausferrite. Esta microestrutura & responsavel por propriedades mecdnicas superiores aos nodulares cléssicos, 4s ligas de aluminio vazadas ou forjadas e muitos tipos de ago vazado ov forjado,""” como se mostra nas figuras 1.1 ¢ 1.2. Atendendo a que o ferro nodular ¢ cerca de 10% menos denso do que 0 ago © 2,4 vezes mais denso do que 0 aluminio, ao ser comparada a resisténcia especifica do ADI com estes Gltimos materiais, como se mostra na figura 1.3, verifica-se que o ADI se situa na gama mais baixa da relagaio peso/resisténcia. © ADI é um material competitive com outros materiais, em termos de custo do produto final, como pode ser observado na figura 1.4. O custo de um componente em ADI é cerca de 20 - 30% inferior ao do aco e aproximadamente metade do mesmo componente em Tniluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 26 aluminio!”, Este facto deve-se, fundamentalmente, ao baixo custo das matérias-primas e aos ganhos econémicos em termos de maquinagem e de consumo de energia, conforme se representa na figura 1.5. Forjado/ Vazado Wid be ee. 20 30 Extensio Apés Rotura, (%) Figura 1.1. Comparagéto entre a resisténcia mecanica do ago e do ferro fundido,” 2000 1500: 1000: Rog, (MPa) 0 10 20 30 40 Extensfio Apés Rotura, (%) Figura 1.2, ADI vs, Aluminio, Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o scu comportamento a fadiga de contacto Capitulo ‘Unidade de Pe 10 ferro nodular austemperado Pagina 27 Unidade de Roz Ss % 8 bh 8 $ 0.0 Al al ‘Ago Ferro Ago Ago ‘ADI Vazado Forjado Vazado Nodular Forjado ‘Tratado ‘Ago Forjado=1 Figura 1.3. Peso relativo por unidade de resistencia mecénica (Ro, 21 de Casto Unidade de Ras Uni Al Al ‘Aso. Ferro Ago Ago. ADI Vazado Forjado Vazado Nodular ForjadoTratado ‘Ago Forjado=1 Figura 1.4. Custo relativo por unidade de resistencia mecdnica (Ro2). ud Tofluéncia dos tratamentos especifieos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 28 evenido is mY 7 Recozimento yy }_Redussio e Témpera Y | Energética Z Forjamento >» \ Z Austémpera Ago de baixo Y carbono laminado |Z YN! J Vazamento Z > ZN) Figura 1.5. Consumo de energia no processamento de um | par pinhéio/engrenagem.!) © proceso de transformagao bainitica foi desenvolvido nos anos 30 sobre os agos, no entanto, a sua introdugo comercial aplicada sobre os ferros fundidos teve origem nos anos 70, Desde essa altura a sua produgo mundial tem vindo a aumentar, tendo-se verificado um volume de produg&o global da ordem das 100.000 toneladas, no ano de 1998,!41 As principais aplicagSes do ADI inserem-se nas industrias: automével; agricola; mincira; dos transportes, © da maquinaria em geral, sendo utilizado em componentes, tais Como: engrenagens; cambotas; érvores de cames; rodas de locomotivas; suportes; érgtos de transmisso e suspensio; pAs; etc. Das vantagens oferecidas pela utilizagdio do ADI destacam-se as seguintes:!'?-5) © baixo prego; * flexibilidade de manipulago das formas e das propriedades; ‘* boa maquinabilidade; Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADIL sobre o seu comportameato & fadiga de contacto Capitulo 1 0 ferro nodular austemperado Pagina 29 © clevada relagdo resisténcia/peso; © boa resisténcia ao choque; © boa resisténcia ao desgaste; boa resisténcia & fadiga; « elevada resisténcia mecinica associada a bons niveis de ductilidade, « clevada capacidade de amortecimento de vibragSes; * propriedades autolubrificantes; + baixa sensibilidade ao entalhe. 1.2 Reacgado de Austémpera ‘A transformagio isotérmica da austenite em bainite foi estudada pela primeira vez, sobre 0s agos, nos anos 30 por Davemport e Bain. O produto da decomposigo da austenite entio estudado, muma gama de temperaturas compreendida entre a temperatura Ms ¢ a temperatura inferior de formago da perlite, consiste numa mistura de ferrite sobressaturada ‘em carbono e de finos carbonetos precipitados, designando-se esta microestrutura por bainite. ‘A transformagio isotérmica da austenite nos ferros fundidos difere dos agos, estes Uiltimos materiais designam-se de bainiticos, enquanto que os ferros nodulares se denominam por austemperados. A principal diferenga na sua classificagio, deve-se ao facto da microesteutura do ADI conter muito pouca ou nenhuma bainite, mas sim, uma mistura de ferrite e de austenite estabilizada (enriquecida em carbono), designada por ausferrite. A presenga de austenite enriquecida em carbono no ADI toma um significado distinto daquele que nos agos se entende por austenite residual. No ADI a austenite encontra-se intencionalmente retida na microestrutura, significando isso que esta fase permanece apés 0 tratamento de austémpera e dificilmente se transformard a temperaturas sub-zero. Nos ferros fundidos a reacgo de austémpera ocorre em duas etapas devido a presenga de silicio. Os teores habituais de silicio no ADI inibem a precipitagzo de carbonetos, peritindo assim que 0 carbono rejeitado pela formagio de ferrite enriquega a austenite em carbono, As duas etapas da reacgio de austémpera poderio sobrepor-se, ocotrer em sequéncia ou afastadas num intervalo de tempo consideravel, dependendo do teor em silicio da matriz. Tafluéncia dos tratamentos espeeificos de um ADI sobre 0 seu comportamento.a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 30 Nas ligas ferrosas com teores em Si inferiores a 1,5 %, as etapas sobrepGem-se, enquanto que para teores superiores a 3,0 % as etapas ocorrem claramente separadas. Nos ferros nodulares, cujos teores em silicio so proximos de 2,5 %, as transformagdes ocorrem em sequéncia, sendo possivel interromper a reacgdo no final da primeira etapa sem ocorréncia significativa da segunda etapa! Este periodo de tempo, compreendido entre o final da primeira etapa e 0 inicio da segunda, é habitualmente designado por janela do processo. resultado da reacgo nos ferros fundidos, quando se interrompe a transformagio antes do inicio da segunda etapa, € a desejada mistura de ferrite bainitica e austenite rica em carbono que é responsavel pelas excelentes propriedades mecdnicas do ADI. 4 Etapas da Reaccdo ‘As caracteristicas principais da reaccHio de austémpera encontram-se ilustradas na figura 1.6. Esta reacgiio ocorre, como foi referido, em duas etapas que se revestem de diferentes particularidades conforme a temperatura de transformagdo isotérmica utilizada. ‘Na primeira etapa da reacgio a austenite soffe a transformagao alotrépica para formar ferrite bainitica. Devido & menor solubilidade do carbono na ferrite comparativamente & austenite, esta transformag&o ocorreré com uma progressiva rejeigio de carbono, para a interface ferrite/austenite, medida que a transformagio se processa. O teor em carbono da austenite que rodeia as agulhas de ferrite vai sendo assim sucessivamente enriquecido. Na impossibilidade de formar carbonetos nestas regides, 0 carbono dissolve-se na austenite criando condigdes para a sua estabilizagao, isto 6, 0 respectivo Ms baixa para temperaturas préximas dos 120°C. Esta primeira etapa da transformago da austenite em ferrite acicular e em austenite enriquecida em carbono é representada pela reacgio: Yo a+ Yee ‘Yo~ Austenite apés austenitizagio @.- Ferrite acicular ‘Yee~ Austenite enriquecida em carbono Influéneia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a Fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 31 ‘Transformagio, (%) Carbonetos 100. os ‘Transformagio, (%) ‘Log (tempo) Janela do Processo Figura 1.6, Representagtio esquematica da reacgaio de austémpera.” 4a) altas temperaturas de austémpera; B) baixas temperaturas de austémpera. ‘ilicdacla dos Halamontos copecficos de um ADI sobre 0 seu: comportamento& fadiga de contacto Capitulo 1_O ferro nodular austemperado Pagina 32 As temperaturas de transformago isotérmica mais elevadas, figura 1.6a), a quantidade de austenite estabilizada pode atingir valores da ordem dos 50% da matriz metalica.®"! As ‘temperaturas inferiores, figura 1.6b), dado o abaixamento da taxa de difustio do carbono e da sua solubilidade na ferrite, criam-se condiges para que ocorra uma fina precipitagdo de carbonetos no interior das agulhas de ferrite bainitica, Este fendmeno atenua o enriquecimento da austenite em carbono, pelo que a sua estabilizagdo ocorrerd para tempos de transformagéo mais prolongados e as respectivas quantidades de austenite estabilizada serao baixas."! A segunda etapa da reacgio ocorre se o tempo de estégio A temperatura de transformagdo isotérmica for prolongado, obtendo-se assim um estado de maior equilibrio, resultante da decomposig&io da austenite enriquecida em carbono em ferrite e carbonetos, segundo a seguinte reacgo: Yec > 0+ carbonetos ‘yec— Austenite enriquecida em carbono a - Ferrite bainitica A esta segunda etapa esta associada uma perda dristica das propriedades do ADI, nomeadamente, perda significativa de ductilidade™ e de tenacidade a fractura. 1.2.2 Janela do Processo Como se observa na figura 1.6, durante a primeira etapa, a austenite de baixo carbono transforma-se em ferrite bainitica ¢ austenite rica em carbono. A fracgdo volimica de austenite estabilizada aumenta ao longo da primeira etapa, até atingir um valor maximo préximo de 1 correspondente ao final da primeira etapa. Se o estigio for interrompido para tempos inferiores af), a austenite presente na microestrutura nfo se encontraré suficientemente enriquecida em carbono, sendo o valor de Ms superior temperatura ambiente. Nestas condigées o arrefecimento desde a temperatura de transformayo isotérmica, provocaré a transformago da austenite em martensite, aumentando Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 0 ferro nodular austemperado Pagina 33 a dureza da microestrutura, mas diminuindo significativamente a ductilidade e a tenacidade."”) Se por outro lado, o tempo de estigio for prolongado para além de %, ocorreré o inicio da segunda etapa com a precipitagio de carbonetos, fragilizando deste modo o ADL" ‘Assim, as propriedades éptimas do ADI sero alcangadas para um intervalo de tempo compreendido entre o final da primeira etapa e inicio da segunda, que se designa por janela do processo. Reconhece-se que durante este periodo de tempo ocorrem transformagdes pouco significatives na formagao da microestrutura de ferrite ¢ austenite estabilizada 3 Microestruturas Obtidas ‘As microestruturas resultantes da transformagio isotérmica da austenite sio classificadas segundo a gama de temperatura utiizada na sua obtengéo. As temperaturas de transformagio mais elevadas darfo origem a ausferrite superior, enquanto que, @ microestrutura formada a temperaturas mais baixas é designada por ausferrite inferior. A principal diferenga entre estas microestruturas deve-se a distinta capacidade de difustio do carbono durante a reacgdo de austémpera. Existe consenso entre varios investigadores em considerar que a formagdo de ferrite ocorre livre de carbonetos, durante a primeira etapa, para temperaturas de transformagio isotérmica superiores a 370°C." A essas temperaturas, a difusio do carbono é suficientemente rapida para permitir que 0 carbono rejeitado, pela ferrite em crescimento, migre para a austenite ¢ aumente consideravelmente 0 seu teor em carbono (teores de 1,5 a 2,1 % foram medidos na austenite estabilizada apos austémpera)"! 'A baixas temperaturas de austémpera a difusio do carbono é lenta, pelo que 0 enriquecimento em carbono da austenite ¢ imitado, sendo a primeira etapa acompanhada pela precipitagio de carbonetos. Estes carbonetos precipitam na interface entre a austenite ¢ @ ferrite ficando incorporados no interior da ferrite em crescimento. A precipitagdo de carbonetos durante a primeira etapa da reaogio de austémpera é observada para temperaturas inferiores a 320°C. TnfinSnola dos tatamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 34 A temperaturas intermédias entre 0s 320 e 370°C a precipitag&o dos carbonetos podert ocorrer, dependendo do teor em silicio do ferro findido ou de outra influéncia da composigio quimica, Os mecanismos de transformagio isotérmice da austenite, descritos para as duas gamas de temperaturas abordadas, encontram-se esquematicamente representados na figura 1.7. Metalograficamente estas microestruturas caracterizam-se pela presenga de agulhas de ferrite bainitica rodeadas por austenite estabilizada, conforme se observa na figura 1.8. Fronteira de griio eee moe eS mn ttn ‘carbonetos 4) Ausferrite Inferior ‘Austenite enriquecida mean ——~ Ferrite baniten isenta de carbonetos ) Ausferrite Superior Figura 1.7. Mecanismo de formagéo de bainite superior e inferior! Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado, Pagina 35 Figura 1.8. Microestrutura de um ADI transformado isotermicamente. @) 300°C, b) 380°C" 1.3 Produgao de Ferro Fundido Nodular Austemperado 'A produgdo do ADI passa pela realizagio de uma sequéncia de operagdes cujo controlo & decisivo para assegurar a sua qualidade final, Estas etapas dividem-se segundo dois ‘grupos principais: ¢ Produgio do metal base por um processo de fundigaio; ‘© Manipulago das propriedades mecénicas do fundido por tratamento térmico, © fundido inicial devera possuir uma composigto quimica apropriada, um elevado riimero de nédulos por mm? ¢ apresentar-se, tanto quanto possivel, livre de defeitos tais como: microrechupes; microsegregagiio; porosidades; carbonetos @ inclusées, para que as propriedades especificadas possam ser atingidas com a realizago do tratamento térmico de austémpera. ‘A austémpera do ADI inicia-se com uma austenitizago adequada das peras, sendo seguida de um arrefecimento rapido, até a temperatura de transformagio isotérmica, normalmente situada numa gama de temperatura compreendida entre os 230 ¢ os 450°C, ¢ de Tnfludncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Pagina 36 Capitulo 1 0 ferro nodular austemperado ag um estigio a essa mesma temperatura, que seré fungiio da temperatura seleccionada, O Posterior arrefecimento até a temperatura ambiente niio ¢ factor critico e fechard o ciclo de processamento térmico (ver figura 1.9). ‘Austenitizago 00 1% austenite transtormada bia 99% austenite transformada «0 sao] aa 300 200] 100 Log tempo, (s) Figura 1.9. Pormenor do ciclo térmico utilizado na austémpera do ADI!!! 1.3.1 Metal Base A composig#o quimica do ADI ¢ semelhante a utilizada nos ferros fundidos nodulares convencionais. A composigao é seleccionada atendendo a trés factores principais, 0 controlo da temperabilidade, da microsegregagio ou outros defeitos de fundigéio e das propriedades mecéinicas pretendidas. A composigio quimica de base terd que ser equilibrada, uma vez que a adig&io de um dado elemento podera ter influéncia positiva sobre um determinado factor e simultaneamente reflectir-se negativamente sobre outro. Ao metal base seré limitada a adi¢ao de elementos que promovam a produgo de srafite nfo nodular, a formago de carbonetos e de inclusdes ou rechupes. O teor em carbono ‘ifluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadign de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 37 e silicio e principais elementos de liga deve ser também escolhido de forma a controlar, quer @ temperabilidade, quer as propriedades das microestruturas produzidas, Os elementos de Tiga sertio doseados atendendo ao custo do metal base, a secgiio do fundido e a severidade do meio de austémpera empregue. A composigao tipica dos ADIs encontra-se indicada na tabela 1.1. ‘Tabela 1.1. Composiggo quimica e gama de controlo do ADL?! Elemento Teor (% em peso) ‘Variagio Carbono* 3,7 £0,2% Silicio* 2,5 £0,2% ‘Manganés 0,3 £0,03% Cobre <08 £0,05% Niquel <2,0 £0,10% Molibdénio <0,25"* £0,03% * Bstes elementos so doseados de forma a que o nivel de carbono equivalente se ajuste & secgaio do fundido a ser produzido. ** Apenas se necessério ‘As propriedades mecfinicas do ADI devem satisfazer as especificagdes definidas pela norma ASTM A897 (abordada no subcapitulo 1.5.1), Caso contrario, a utilizagio do ADI poder nfo compensar relativamente a0 nodular convencional, principalmente se existirem defeitos de fundigo. Por esta razio é normalmente exigido ao metal base do ADI que possua as seguintes caracteristicas: Nodulatidade superior a 80%; ‘Nodulos de Grafite do tipo I ou I, Contagem de nédulos superior a 100/mm?, Composigao quimica consistente; veer Microestrutura essencialmente livre de carbonetos, inclusdes, microrechupes € porosidade. ‘A produgio de um fundido de elevada qualidade serd um factor necessério, mas no suficiente & produgdo do ADI, uma vez. que as propriedades finais sero ditadas pela pritica do ‘tratamento térmico. Tafiudacia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 0 ferro nodular austemperado Pagina 38 1.3.2 Tratamento Térmico © tratamento térmico utilizado para produzir 0 ADI consiste na realizagio de um conjunto de etapas, indicadas na figura 1.9, cuja sequéncia findamental é a seguinte: 1. Aquecimento do fundido até & temperatura de austenitizago, normalmente na gama de 825 a 925°C; 2. Estagio a temperatura de austenitizagao, durante o tempo suficiente para que toda a pega esteja 4 temperatura pretendida e a austenite saturada em carbono; 3. Arrefecimento suficientemente rapido, para que seja evitada a formagiio de perlite, até & temperatura de transformagio isotérmica, na gama de 230 a 450°C. (temperatura superior a Ms do material); 4, Estagio a temperatura isotérmica pretendida, durante o tempo suficiente para que seja obtida uma matriz de ausferrite; 5. Artefecimento até a temperatura ambiente, sem particular especificagio. Em termos tecnolbgicos a austémpera de um ferro nodular é realizada por um processo de transferéncia entre fornos, conforme se ilustra na figura 1.10. A austenitizag%o pode ser conduzida em fornos de sais de alta temperatura, em fornos atmosféricos, ou por processos de aquecimento por chama ou indugdo, entre outros, A transformagao isotérmica é tipicamente conduzida em banhos de sais fundidos, ou em casos especiais, quando se utilizam as temperaturas inferiores de austémpera, a transformagao pode ser realizada em meios de 6leos aquecidos, chumbo ou estanho fundidos. Os factores criticos da prética do tratamento térmico de austémpera serio abordados no ponto 1.4. A sua divisdo pode ser efectuada do seguinte modo: © Temperatura de austenitizagiio; ‘© Combinagdo composigao quimica/velocidade de arrefecimento; © Temperatura e o tempo de estégio no dominio bainttico. Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 39 ‘A transformagio isotérmica clissica do ADI realiza-se 2 uma tinica temperatura de transformagio do dominio bainitico. No entanto, foram desenvolvidos outros tratamentos com uma dupla transformagdo isotérmica no dominio bainitico, ou com um curto estégio inicial no dominio martensitico, Estes tratamentos t8m o objective de conferir propriedades especificas, ou de minimizar efeitos de microsegregagio conforme serd descrito no ponto 1.4. Austenitizagao Preparagaio da | + sranstormagio Carga Isotérmica coo}. |] joog ~~ geal eag | noo ooo Figura 1.10. Representagéio esquemdtica do processo de austémpera!! 1.3.3 Maquinagem A maquinabilidade do ADI é uma das suas principais vantagens relativamente aos materiais concorrentes, A redugio dos custos associados maquinagem ¢ as caracteristicas de resisténcia ao desgaste do ADI, sfo frequentemente referidas como factores de substituigo dos materiais tradicionais. O aumento da resisténcia mecdnica e de dureza do ADI, relativamente ao ago forjado ao ferro fundido, causa dificuldades de maquinagem,'”! como se mostra na figura 1.11. No entanto, este facto nfo constitui um real problema, uma vez que as classes mais discteis do ‘ADI possuem uma maquinabilidade igual, ou superior, & demostrada por agos de iguais niveis de resisténcia, As classes mais resistentes do ADI podem ser maquinadas num estado mais macio, de bruto de vazamento ou apés recozimento anterior & austémpera, dado que sto conhecidas as variagdes dimensionais associadas a realizagaio dos tratamentos térmicos. Tafluéneia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento 4 fadiga de contacto Capitulo 1 0 ferro nodular austemperado Pagina 40 “Nodular” “AISI1100 Nodular ADT.” Alst tao Ferritico Cortefiell Penitico © Grau 30HTRC. Figura 1.11. Comparagéio da maquinabilidade de varios materiais ferrosos." Existem duas vias a adoptar na maquinagem do ADI que sero escolhidas em fungéo da classe de material. Os materiais que aps austémpera possuem uma dureza superior a 37HRC, deverdio ser maquinados antes do tratamento térmico de austémpera, isto é, no estado de bruto de vazamento ou apés recozimento. A rota a utilizar nestas circunstincias corresponde ao processo #1 da figura 1.12. Os componentes com menor dureza (gama dos 30 34 HRC) poderdo ser maquinados apés a austémpera, seguindo 0 processo #2 da figura 1.12. A maquinagem de engrenagens apés o tratamento térmico de austémpera pode aumentar a resisténcia A fadiga na raiz dos seus dentes em cerca de 20%." A realizagao do tratamento térmico de recozimento acrescenta custo ao produto final. no entanto, os beneficios provenientes de um maior controlo sobre as variagdes dimensionais Provocadas pela austémpera, da maior maquinabilidade e do melhoramento das propriedades de resisténcia a fadiga, podem compensar o custo introduzido pelo recozimento. A produgdo de pares engrenagem e pinhio para automéveis da General Motors (modelos dos anos 197 - 1979) sio um bom exemplo da redugio dos custos de maquinagem oferecidos pelo ADI, como se indica na tabela 1.2. Os ganhos globais desta substituigdo foram de aproximadamente 20%." Influéncia dos tratamentos especfficos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 41 Processo #1 Proceso #2 Poga Fundida Poga Fundida Recozimento 720% 13h Recozimento 720°C 13h Austenitizactio: 870 Maquinagem Austémpera: 260°C] 1h ‘Austenitizagdo: 870°C ae Aust8mpera: 260C / 1h east ‘Acabamento Figura 1.12. Processamento do ADI utilizado pelo “ASME Gear Research institute" na producéio de rodas dentadas: ) Tabela 1.2. Aumento da vida da ferramenta devido é substituig&o de engrenagens cementadas pelo ADI" Operagies de maquinagem ‘Aumento da vida da ferramenta % Prensagem 30 aoe Furagio 35 i ‘Torneamento forte 70 ‘Tormeamento fino 50 Rectificagao 20 Torneamento 200 oe Furagio 20 Desbaste 20 Miquina Gleason Pinhéo Torneamento 900 Acabamento 233 Desbaste 962 oe ‘Acabamento 100 Tailudacia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 42 1.3.4 Tratamentos de Deformagao Superficial A capacidade do ADI para resistir A iniciagdo de fissuras por fadiga poderd ser fortemente melhorada, induzindo. tensdes compressivas na superficie do material apés a austémpera, Estas tenses podem ser produzidas recorrendo a tratamentos superticiais que causem a transformago da austenite estabilizada em martensite, de maior dureza e volume. A transformacdo da austenite em martensite tende a “fechar” as fissuras de fadiga, impedindo a sua formagdo € o seu progresso. Tais tratamentos podem incluir a maquinagem convencional, a granalhagem de elevada intensidade (“shoot-peening”) ou ainda a laminagem superficial. A granalhagem de elevada intensidade ("‘shoot-peening”) oferece um meio controlével de endurecimento selectivo, de zonas de uma pega acabada, capaz de melhorat as propriedades de fadiga do componente. Nas figuras 1.13 ¢ 1.14 pode ser observado este fenémeno. No caso de pegas sujcitas a fadiga de contacto por rolamento, poderé ser ainda necessério realizar a rectificagdo da superficie apds-granalhagem de elevada intensidade (‘shoot-peening”), como forma de reduzir a rugosidade superficial da pega. [Ae Cementado ‘ADI Granaihado Carga Maxima, (KN) Numero de Ciclos Higura 1.13, Efeito da granalhagem de elevada intensidade ("shoot-peening” i peer no limite de Sadiga de engrenagens de ADI e de aco tratado. Se “ Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 43 Resisténcia & fadiga de flexio, N/mm” oe a B c o & Método de Fabrico Figura 1.14. Efeito do processo de fabrico na resistencia a fadiga de flexao dos dentes de engrenagens em ADI." A) Tratamento térmico apés maquinagem; B) Maquinagem apés tratamento térmico; C) Granathagem de elevada intensidade (“‘shoot-peening”) com Almen A de 0,35 mm; D) Granalhagem de elevada intensidade (“shoot-peening”) com Almen A de 0,45 mm; E) Granathagem de elevada intensidade (“shoot-peening”) com Almen A de 0,55 mim. A laminagem superficial produzida por um rolo endurecido, ou por uma pega de encaixe, no caso por exemplo de uma engrenagem, pode ser utilizada apés a granalhagem de elevada intensidade (“shoot-peening”), ou de forma independente, com o intuito de melhorar as propriedades de fadiga do ADI. Tafluncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento 4 fadiga de contacto Capitulo 10 ferro nodular austemperado Pagina 44 1.4 Efeito das Varidveis do Processamento do Ferro Fundido Austemperado © sucesso da produgéo do ADI depende do modo como se desenvolvem as microestruturas e as propriedades mecinicas que thes esto associadas. O entendimento dos Pardmetros que influenciam o fabrico do ADI ¢ fundamental, de modo a que possam ser obtidas as propriedades especificadas para as diferentes classes do ADI. Estas propriedades So influenciadas por pardmetros relativos quer ao material base, quer ao tratamento térmico de austémpera, sendo os principais parimetros analisados com maior detalhe nos seguintes subcapitulos, 1.4.1 Papel dos Elementos de Liga A composigao quimica do ferro nodular que serve de base para a produgaio do ADI, tem uma importancia fundamental na obtengio das propriedades apés o tratamento de austémpera. As combinagdes de composigao quimica utilizadas influenciam a temperabilidade, © aparecimento de defeitos de fundigéo, as propriedades finais do produto tratado termicamente e 0 custo final do fundido. A utilizago de elementos de liga provem da necessidade de assegurar a temperabilidade adequada, aos fundidos com secgbes espessas, evitando assim a formagiio de Perlite durante o arrefecimento desde a temperatura de austenitizagao. O aparecimento de perlite na microestrutura degradaria as propriedades mecfinicas do ADL Os elementos de liga com maior influéncia na temperabilidade dos ferros nodulares so © molibdénio e 0 manganés. Por exemplo,"! 0 didmetro totalmente temperado de um ferro fandido nfo ligado, com um teor de 3,5% em carbono e 2,6% em silicio, austenitizado a 920°C ¢ transformado isotermicamente 400°C € de 5,4 mm. Se este mesmo tratamento for realizado Sobre um ferro nodular com 0,5% de cobre e 1,0% de niquel, o respectivo didmetro temperado Passard para 27,4 mm (isto é superior em cerca de 5 vezes). Se o teor dos elementos de liga for de 0,5% em molibdénio € 1,0% em manganés, o dimetro totalmente temperado aumentaré para 104 mm. Na figura 1.15 pode observar-se 0 eftito da adigio dos elementos de liga no diametro critico do fundido a ser austemperado, Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento fadiga de contacto Capitulo 1 0 ferro nodular austemperado Pagina 45 Difimetro maximo, (mm) ‘Teor do elemento de liga, (% pon.) Figura 1.15. Efeito da adigo de elementos de liga no didmetro médximo que pode ser austemperado a 350°C sem formagiio de perlite." BCIRA - arrefecimento répido desde a temperatura de austenitizagao; Dorazil - meio de arrefecimento pouco severo. ‘Uma metodologia proposta para ligar a composigao de base do ADI é a adigdo inicial de manganés e molibdénio, em quantidades que evitem a microsegregagiio ¢ a resultante degradagio das propriedades, sendo a temperabilidade adicional obtida pela adigéo suplementar de cobre, em primeiro lugar, e depois de niquel."! Estes dois ultimos terio pouca influéncia nas propriedades mecanicas finais do produto austemperado ‘A utilizagio de um banho de sais, sob agitagXo, permite a austémpera integral de composigées no ligadas com seogdes até 10 mm. Se o meio for fortemente agitado encontrar-se sobressaturado com agua, a espessura da secg#o poderd ir até aos 20 mm para o mesmo tipo de composigo quimica."" Para secgSes mais espessas a adiglio de elementos de liga sera necesséria, mas apenas em quantidades que evitem a formagio de perlite no arrefecimento. Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 46 A interacgio dos elementos de liga entre si, para promogo de ductilidade, indica que é preferivel a adigo de pequenas quantidades de miltiplos elementos de liga, do que uma grande digo de um tinico elemento de liga. O efeito individual dos elementos presentes na composigo quimica do ADI encontra- se abaixo indicado, sendo controversos os limites méximos apontados por diversos autores. Carbono Aumento do teor de carbono na gama de 3 a 4% aumenta a resisténcia tracgio do ferro nodular, tendo um efeito desprezdvel no alongamento apés rotura e na dureza."! O teor em carbono deve ser controlado na gama 3,6 a 3,8%, excepto quando se torna necessétio proceder a desvios para a produgio de nodular isento de defeitos de fundigao." Provoca a formagao de grafite e é 0 elemento chave do ADI, uma vez que permite que © carbono rejeitado, na formagao de ferrite bainitica, seja dissolvido na austenite. Teores superiores a 2,0% promovem a estabilidade das fases formadas no final da primeira reacco de austémpera e deslocam a ocorréncia da segunda etapa da reacgo para tempos longos. O silicio diminui ligeiramente a temperabilidade por reduzir o teor em carbono da austenite“” 0 aumento do teor em silicio eleva a resisténcia ao impacto do ADI e baixa a temperatura de transigéo ductil-fragil" © aumento do teor em silicio produz uma diminuigao do teor em carbono da austenite, para uma dada temperatura de austenitizagéo."! O teor deste elemento deverd ser rigorosamente controlado entre 2,4 ¢ 2,8%.") ‘Manganés © manganés pode ser um elemento simultaneamente benéfico ¢ prejudicial, uma vez ue aumenta fortemente a temperabilidade do ferro nodular e segrega, durante a solidificago, Para as fronteiras de célula podendo formar carbonetos e retardar a reacglio de austémpera.!) Para fundidos com um baixo nimero de nédulos ou secg6es superiores a 20 mm, a segregacdo Tnfiuéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pégina 47 do manganés nas fronteiras de célula pode ser suficientemente elevada para causar rechupes, carbonetos ¢ a nfo estabilizagdo da austenite. Estes defeitos microestruturais diminuem a maquinabilidade ¢ reduzem as propriedades mecénicas alcangadas. Por estes motivos, frequentemente aconselhada a adigo do manganés para teores inferiores a 0,3%, embora existam casos pontuais que utilizam 0,5%,"""! ou até valores superiores. Demeae Cobre © cobre pode ser adicionado ao ADI até 1,5 %, contudo, este nivel situa-se normalmente entre 0,8 1,0%."! B um promotor da formagéo de perlite na microestrutura de bruto de vazamento e tem um efeito moderado no aumento da temperabilidade. £1 cobre niio tem uma grande influéncia na resisténcia a tracgo, mas aumenta a ductilidade para temperaturas de transformago isotérmica inferiores a 350°C," crendo-se que este efeito se deve ao atraso da precipitagio de carbonetos na bainite inferior, fazendo com que a microestrutura final inclua maiores quantidades de austenite residual,'? Niquel O nique! nfo tem um grande impacto na microsegregacao,"! podendo ser utilizado para aumentar a temperabilidade do ADI,!"* até teores proximos de 3,0%. ‘1 para temperaturas de transformagdio inferiores a 350°C o niquel praticamente nfo altera a resisténcia & tracgéio, mas aumenta a ductilidade e a tenacidade." ‘Molibdénio 0 elemento com maior efeito na temperabilidade do ADI," podendo ser necessiria a sua adigdio, em findidos de secgSes espessas, como forma de evitar a formagio de perlite.” ‘Nao provoca o atraso da reacgfio de austémpera,”! mas sim a deterioragao das propriedades mecfnicas do ADI, se adicionado acima de 0,2 - 0,3%, nas seoptes mais espessas do fundido,""*! devido & formagiio de carbonetos e a segregagaio de molibdénio para as fronteira de célula,-**) Tadiugncia dos tratamentos especificos de um ADI'sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 48 1.4.2 Microestrutura de Bruto de Vazamento A microestrutura de bruto de vazamento do ADI deve ser livre de microrechupes e exibir uma elevada nodularidade e densidade de nédulos de grafite. A distribuigio destes nédulos deverd ser uniforme, de modo a que o mimero de células eutéticas existente seja elevado e de reduzidas dimens6es, permitindo a melhor distribuigéo dos elementos de liga. A microestrutura nfo deve conter carbonetos intercelulares que prejudiquem as propriedades mecinicas aps a austémpera, Os elementos de liga presentes na composigo quimica do ADI tendem a distribuir-se de uma forma desigual na matriz durante a solidificagiio. Os elementos carburigenos, tais como Cr, Mn, Mo, ¢ V tendem a segregar para as fronteiras de célula eutéctica ¢ os elementos com ‘menor afinidade para o carbono, sendo disso exemplo o Si, 0 Cu e o Ni, so segregados para a interface entre a grafite ¢ a matriz metélica. Na figura 1.16 encontra-se representado este fenémeno. O grau de microsegregagdo seré tanto mais intenso, quanto maior for a espessura da pega, dada a menor velocidade de arrefecimento do fundido com o aumento da massividade, Esta microsegregagio pode ser apenas atenuada e ndo eliminada por tratamento térmico de homogeneizagiio. A microsegregag&o prejudica as propriedades do ADI por provocar diferente temperabilidade local e alterar a cinética de transformagiio ao longo da matriz metallica, dificultando, por isso, 0 controlo do tratamento de austémpera e prejudicando fortemente as propriedades mecdnicas.”! A austémpera de um ferro fundido nodular que apresente microsegregago, poder nio produzir uma microestrutura totalmente ausferritica. A segregag&o de carbono e de outros elementos carburigenos, nas fronteiras de célula, atrasa a primeira etapa da reac¢ao, relativamente As regides situadas na zona de interface nédulos/matriz metilica. Assim, quando 4 primeira etapa da reacgto fica completa nas interfaces grafite/matriz, a austenite das regides de fronteira de célula poderé nfo se encontrar suficientemente estabilizada. Se 0 estigio for interrompido, em tais condigdes, a austenite localizada nas fronteiras de célula transformar-se- 4 em martensite, durante o posterior arrefecimento até 4 temperatura ambiente. Se o estdgio progredir, de forma a completar a primeira etapa da reacg&o nas regides das fronteiras de célula, a segunda etapa da reacg&o de austémpera ira ocorrer na interface grafite/matriz Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento 4 fadiga de contacto Capitulo 1_O ferro nodular austemperado Pagina 49 degradando as propriedades do ADL) Esta sobreposicio dos tempos de estigio pode provocar o fecho da janela do processo. Figura 1.16. Representagdo esquemética da segregagio de Si, Ce Mn entre dois nédulos de grafite.°9 ‘As matrizes de bruto de vazamento poderio ser ferriticas, perliticas, ou misturas de ambas, No entanto, so as perliticas que garantem uma homogeneizagdo mais répida e eficaz do carbono na austenite, uma vez que, quer os nédulos de grafite, quer a perlite da matriz contribuem para o enriquecimento em carbono da austenite. Num ferro com matriz totalmente ferritica, como os nédulos de grafite sfo a tinica fonte de carbono, a homogeneizagio ira exigir tempos de estgio mais longos, de forma a permitir que 0 carbono se difunda, dos nédulos, para enriquecer a austenite com o teor pretendido. Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 50. 1.4.3 Austenitizagéo ‘A temperatura de austenitizagao utilizada na austémpera de um ADI controla 0 teor em carbono da austenite, o qual por sua vez, condiciona a microestrutura e as propriedades finais do fundido austemperado. aumento da temperatura de austenitizagdo provoca o enriquecimento da austenite em carbono, como se observa na figura 1.17. Este aumento do teor em carbono conduz a 2 x 10°) 3 ‘300 1000 1200 1400 Resisténcia a traceo, (MPa) Figura 1,32. Resistencia @ fadiga de flextio rotativa de provetes em ADI com e sem emathe." Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento A fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 66 Sensibilidad no enalhe~ Resiencia fad com enalhe = Resitncin a fdion ‘Relagto de endurance = Resisténcin tacgio Sensibilidade ao entalhe Relasio de endurance 100) 1000) "200 1400 Resisténcia a tracco, (MPa) Figura 1.33. Relagiio entre a resisténcia a tracgdo do ADI e o seu limite de fadiga e sensibilidade ao entathe.!"! ‘Nio se encontram muitos resultados publicados relativos a fadiga de contacto do ADI. Os mais importantes referem-se a sua utilizagdo em engrenagens, sendo os dados encontrados mostrados nas figuras 1.34 a 1.36, As informagdes disponiveis sobre os mecanismos de fadiga de contacto do ADI sio escassas dada a complexidade do tema. Uma vez que para além das propriedades superficiais do ADI, a vida de componentes em contacto depende de um conjunto grande de factores, nomeadamente, da velocidade de rolamento, do tipo de rolamento, das condigdes de lubrificagio, da rugosidade superficial, da pressio de contacto, etc. No entanto, é comum Teconhecer-se que a realizagio de tratamentos superficiais, tais como por exemplo, a granalhagem de elevada intensidade (“shoot-peening”) melhoram 0 comportamento do ADI a este tipo de fadiga. Reconhece-se ainda que o ADI Ppossui uma resisténcia a fadiga de contacto Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 67 inferior, ou em certos casos semelhante, a dos agos tratados superficialmente. Para uma dada carga de contacto, a vida do ADI é cerca de 35 a 45% menor do que a do ago cementado para uma dureza entre 58 a 62 HRC" ‘A propagagtio de fissuras no ADI esté associada aos nédulos de grafite, os quais ao se distribuirem uniformemente na matriz, facilitam a passagem das fissuras entre a regito subsuperficial microfissurada e a superficie." Greno et al. defendem que a propagagéo de fissuras tende a intersectar os nédulos de grafite. ©! Contudo, se por um lado a presenga de nédulos de grafite pode facilitar a propagagio de fissuras, por outro, este mesmo progresso tende a ser impedido, devido, entre varias outras razSes, & estrutura acicular da ausferrite, & transformagio da austenite sob solicitagdo mecdnica ¢ ao facto dos nédulos de grafite criarem fissuras secundarias, a0 serem atravessados por uma fissura principal, diminuindo assim a energia da frente da fissura.“" Atendendo a este cruzamento de ideias considero que este fendmeno ainda nao se encontra suficientemente interpretado. Petitice -Endurecide Austomperado a296°C Austemperade @380°C Feros Nodulares ‘ADI Kymenite K9805 verde Gade Nitrurado Comentado, 0 1000 1500 AcoVs.Aco 2000 o 1000 1500 1800 ADI Vs. ADI ‘Tensées Compressivas de Hertz, (MPa) Figura 1.34. Resisténcia a fadiga de contacto do ADI, dos nodulares convencionais e dos agos utilizados para o fabrico de engrenagens!) Tnfiuéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Pagina 68 Capitulo 1 O ferro nodular austemperado gi 3400. to 20 100 Vida, (10° Ciclos) 1 2 ste sale 0 100 Vida, (10° Ciclos) Figura 1.35. Resistencia é fadiga de contacto do ADI tratado a 2301 2480 Pressio de contacto, (MPa) 100000 e000 0.900000 09800000 +000 00000 Niimero de cictos Figura 1.36, Resistencia a fadiga de contacto. ADI: gram 2 - transformagdo isotérmica a 360°C; grau 5 - austémpera conduzida a 260°C.) Tnfluéncia dos tratamentos especifics de um ADI sobre 0 sea comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 69 1.5.4 Estabilidade Dimensional © ADI pode softer pequenas variagdes dimensionais durante a austémpera. Estas variages poderfo ser expansdes maximas da ordem dos 0,5%, como se visualiza nas figuras 1371.38, A expanso softida durante a austémpera depende da microestrutura de bruto de vazamento. Considera-se que as matrizes com a microestrutura perlitica ou essencialmente perlitica so preferidas, por conduzirem a resultados mais previsiveis. © conhecimento das variagdes dimensionais associadas ao tratamento térmico de austémpera & importante, uma vez que, permite optimizar a maquinagem necessiria & produgio de um componente, quer durante a fase de vazamento da pega em bruto, quer na altura da maquinagem, quando esta se realiza antes do tratamento térmico. Expansio, (%) ‘Temperatura de ‘Transformag&o Austenitizagéo, (min) 040 (04S OOS OgD (OS Carbono equivalente, (%) Figura 1.37. Variagdio dimensional de provetes, com 10 mm de didmetro e 100 de comprimento, tratados isotermicamente durante 2 horas Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado. Pagina 70 35 e as 3 = & “wazamente = 1S i errftca a Perso petdea g 5 = Perlitca 5 260 315 370 ‘Temperatura de transformagiio, °C) Figura 1.38. Variagdo dimensional linear em fungdo da temperatura de ‘transformagio isotérmica, (cada ponto corresponde & média de 12 vazamentos).!! 15.5 Ruido em Funcionamento A incorporago do ADI em componentes mecnicos de maquinas permite a absoredo de vibrades, Esta absorgio serd cerca de 2 vezes © meia superior & do ago e ligeiramente menor do que a capacidade do ferro cinzento, como se pode observar na figura 1.39, ‘Uma equipa da Mitsubishi Motors Corp. descreve que a substituigio de engrenagens Gm ago carbonitrurado por ADI contribui para uma redugio de ruido em 15%, signficando isso que o ruido total emitido pelo motor decresce em 0,7 dB, "! 1.5.6 Outras Propriedades O ADI oferece propriedades autolubrificantes, isto & mediante situagdes de fincionamento com lubriticagdo insuiciente, a grafte e os espagos vazios deixados pela emordo dos seus nédulos, sto preenchidos pelo lubrificante protegendo temporariamente a superficie do componente em contacto, Jiflugacia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o sou ‘comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 71 Amplitude Ago Ferro Cinzento ADI a) Nivel de Vibrago, (48) RK. g 8 “aos E z > Ago Carbonitrurado 5-40) g- ¢——“*~ 00 05 a 15 2.0 Tempo, (6) by Figura 1.39. Comparagéio da capacidadle de amortecimento de vibragbes do ADI com outros materiais. a) Amortecimento do ruido de funcionamento do ago, de um ferro cinzento e do ADI; 5) Tempo de reverberagito do ADI e do ago." Tabela 1.4. Propriedades fisicas do ADL Classe de ADI (segundo ASTM A879) Propriedade i 2 3 4 3 Densidade 7,10 7,08 7,08 107 7,06 g/cm Coeficiente de Expansio| 14 ¢ x 10] 14,3 x 10°|14,0 x 10°) 13,8 x 10%| 13,5 x 10° ‘Térmica, °C Conductividade Térmice, 1 | 2 5 1,2 9 ‘witm.C) 2, 58 21, 21, 20; Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado_ Pagina 72 1.6 Aplicag6es A utilizagdo do ADI oferece uma atractiva relagdo entre 0 custo e a performance dos componentes. Este material possui propriedades mecéinicas equivalentes as dos agos vazados forjados, ¢ um custo semelhante ao da produgéo de ferro fundido nodular convencional. O ADI permite a obtengio de uma gama de propriedades que variam conforme a pratica do tratamento térmico, ou seja, desde 10 a 15% de extensto apés rotura, com valores minimos de tensfio de rotura de 850 MPa, a niveis de 1 a 3 % de alongamento, com resisténcias 4 tracgao superiores a 1400 MPa. Para além das propriedades mecanicas exibidas, a utilizagdo de ADI oferece um conjunto de importantes caracteristicas, tais como: a redugo do peso (10% mais leve do que o ago); 0 amortecimento de ruidos e vibragGes; a baixa sensibilidade ao entalhe; a flexibilidade de Projecto e a consequente redugdo do custo do produto final. As aplicagdes do ADI que so actualmente divulgadas reportam-se a sectores, tais como’ © Transportes, com as pegas a serem aplicadas em comboios, camionagem pesada, autocarros, automéveis igeiros e comerciais; © Méquinas agricolas; © Indéstria mineira; + Indistria de defesa; Exemplos tipicos de componentes em ADI actualmente em produgo sio: * Suportes das molas de suspensio (ver figura 1.40); ‘© Componentes de transmisséo (ver figura 1.41); * Engrenagens (ver figura 1.42); ‘* Blocos de fiicgao e suportes diversos; © Cambotas (ver figura 1.43); + Alavancas; + Rodas de substituigao de comboios; Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento A fadiga de contacto Capitulo 1 0 ferro nodular austemperado Pégina 73 © Bragos e tesouras de tractores, © Ete. Figura 1.40, Substituigdo de ago vazado por ADI no suporte das molas de suspenstio de um camidio! Figura 1.41. Diversos componentes de transmisstio em ADI“ A utilizaglio de engrenagens em ADI representa o seu exemplo de aplicagio mais conhecido. Durante os anos 70 a Kymi Kymmene Metall, empresa finlandesa, iniciou a substituiggio de engrenagens em ago forjado pelo ADI, indicando resultados altamente satisfatérios."! Nos EUA, em 1977, a General Motors converteu, as rodas dentadas © os pinhdes de ago forjado e endurecido, para ADI nos modelos Pontiac, apés nove anos de desenvolvimento e seis de experiéncia no terreno. A empresa anunciou ganhos econdmicos significativos ¢ melhoria da performance do produto. Em 1983 a empresa Cummins Engine Co. comesou a utilizar 0 ADI em engrenagens da distribuigo nos motores Diesel (figura 1.42), As engrenagens eam maquinadas apés recozimento da pega fundida. A produgio anual Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1 O ferro nodular austemperado Pagina 74 era de 30.000 conjuntos ¢ a redugio dos custos de fubrico de 30%, comparativamente as forjadas e cementadas em ago AISI 1022." namero de casos de estudos relatados ao longo dos iiltimos anos 6 significativo, sendo o trabalho publicado pela Mitsubishi Motors Corp. talvez 0 mais recente.""*! Este trabalho descreve que a transformagao isotérmica, utilizada no tratamento de engrenagens da distribuigéo, € realizada numa gama de temperatura compreendida entre 350 e os 400°C, como forma de obter uma microestrutura de elevada tenacidade, de baixa variagao dimensional, susceptivel de ser maquinada antes da austémpera e rectificada apés este tratamento. A composigio quimica do nodular utilizada neste estudo contém 0,3% de Mn e 0,45% de Cu. Figura 1.42, Rodas dentadas em ADI. a) utilizadas na distribuigdo de um motor Cummins Diesel da serie B:7 b) patente K9805 da Hymi Kymmene Engineering, Finlandia!” As cambotas constituem outra importante aplicagéo do ADI, os primeiros sucessos comerciais datam de 1972, quando a Wagner Castings Co, produziu uma pequena camboia Pars um compressor. A Ford Motor Co. durante trés anos fez estudos exaustivos ¢ elegeu o ADI como material para substituigo do ago forjado e endurecido por indug&o (figura 1.43). Foram descritos ganhos de 10% na redugo de peso e de 30% na diminuiggo do custo do Produto final. A utiizayo do ADI tem grande consumo em cambotas de elevado peso, no Satanto, slo utilizadas em pequeno nimero na indiistria automével. Decorrem ainda diversos satudos, nomeadamente © desenvolvido em Inglaterra, de cooperagio entre o MIRA ¢ a Influgncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o sea ‘comportamento & fadiga de contacto Capitulo 1.0 ferro nodular austemperado Pagina 75 BCIRA para a utilizagio de ADI em motores Diesel.“ O trabalho realizado teve grandes preocupaydes no projecto dos raios de concordancia das cambotas, sendo relatados alguns resultados bem sucedidos, mas também referido que algum motores apresentaram falhas em servigo, razio pela qual o trabalho ainda prossegue. Figura 1.43. Cambota utilizada pela Ford Motors Co. em motores. Diesel. Fafiudncia dos Watamentos especficos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 77 EC CAPITULO 2 Contacto entre sdlidos. Fadiga de materiais 2.1 Introdugéo © contacto entre solidos animados de movimento relative tem particular importincia no que diz: respeto a duragio da vida dos equipamentos, na poluigso por estes emiida ¢ na respectiva dissipagdo de energia. Um dos principsis mecanismos de avaria entre sélides em contacto é a fadiga de contacto. Neste capitulo so apres entados alguns dos conceitos findamentais quer da mecinica do contacto, quer da mecinica da fractura ¢ das suas relagBes com a fadiga de contacto. 2.2 Nogao de Superficie A superficie de um material constitui uma barreira que simultaneamente estabelece 0 contacto desse material com o meio envolvente ¢ proporciona a protecea0 do seu nicleo. O seu estudo em engenharia diz respeito a superficies sdlidas, como no caso de uma ferramenta ouuma qualquer pega acabada e diz ainda respeto as propriedades de servigo desejadas. ‘A superficie de um s6lido &, normalmente, caracterizada pela estrutura que possui © pelas propriedades que Ihe esto associadas, Estas propriedades sfio necessariamente diferentes ‘das do muicleo do material, devido aos seguintesfactores fundamentais: . Estado de elevada energia ¢ de acelerada actividade de adsorsao; be Combinagfio de efeitos mecfinicos, térmicos, fisicos € quimicos, originados pelo processo produtivo do componente; . Acgao continua ou ciclica, do meio exterior, sobre a superficie durante servigo. ‘A superficie de um material 6 definida, em mecfnica, como limite de um corpo material. Este limite depende da escala do efeito considerado, isto 6, molecular, micro ou Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu ‘comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sblidos. Fadiga de materiais Pagina 78 macroscépico. O conceito pode, no entanto, ser alargado @ sua constituigao fisica, fisica, ou do ponto de vista termodinamico (energia superficial). Em termos tecnolégicos € comum definirem-se camadas superficiais, ou de trabalho, as quais podem ser formadas espontaneamente, por exemplo, pela reacgo com lubrificantes ou com 0 meio ambiente, ou artificialmente, por exemplo a aplicago de um revestimento, em que 4 zona periférica de um dado corpo é constituida por diferentes camadas de trabalho. Na figura 2.1 representam-se essas camadas, para um material cuja superficie foi produzida de forma natural (8 esquerda) e através de um revestimento (do lado direito). Melo Ambiente Suporticie samadas superficiais ‘Superficie pura do Mat. metalico Superficie Metéliea Figura 2.1. Representagdo esquemdtica das camadas superficiais existentes na periferia de uum material revestido (lado direito da figura) e de uma superficie produzida naturalmente (lado esquerdo).!" ‘Uma superficie metélica possui propriedades titeis que Ihe sfo conferidas pelas Operagées de processamento. Essas propriedades podem ser importantes no comportamento Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sls. Fadiga de materiais Pagina 79 do material em freas tzis como, a Tribologia, a resisténcia & fadiga © & corosio, as conductividades térmica ¢ eléctrica e os aspectos decorativos. 2.2.2 Estrutura da Camada Superficial 'A camada superficial independentemente de reflectir os métodos que lhe deram @ constituiglo, caracteriza-se sempre por um certa inegularidade superficial, que se traduz numa certa rugosidade. Mesmo as superficies preparadas com mais cuidado apresentam asperidades com alturas da ordem de 0,01 a 0,1 pm. Ga. ‘A superficie de um material metélico apresenta ainda uma elevada actividade quimica, que influéncia a sua interacglo com 0 meio ambiente, causando a adsorsio de substfincias cstranhas, sendo normal um metal ser coberto de Sxidos, compostos organicos, poeiras gases. 'A maiores profundidades 0 impacto do processamento comega a fazer-se sentir, ocorrendo fenomenos que sto reforgados ou atenuados pelas condigdes de servigo, como resultado, a camada superficial possui uma estrutura de diferente dureza, ductilidade, podendo exibir mais baixa coesio e resistencia & aplicagdo de tensbes variaveis. © processo de maquinagem produz uma superficie explicads por diversos modelos, cada um deles difere dos outros no grau de detalhe com que & observado."! Todos os métodos tém, no entanto, em comum a sua estrutura laminar, isto é, uma camada superficial subdividida ‘em diversas subcamadas com diferentes estruturas € propriedades.“" Um dos modelos conhecidos de maior simplicidade foi desenvolvido por Kelman sendo representado esquematicamente na figura 2.2. (© modelo consiste em 3 zonas, uma externa constitufda por uma camada de particulas cestranhas, provenientes do material da ferramenta ou de outro material de fricgfo, de particulas do liquido lubrificante, da sujidade, entre outros, que se misturam com material removido do substracto, Esta zona exterior encontra-se ainda coberta por uma camada de gases absorvidos, sendo a espessura da camada dos gases da ordem de 0,2 a 0,3 nm e @ zona exterior de 1a 2 nm 59 Tifistncla dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento ‘i fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 80 A zona média é composta por gritos do material base altamente deformados. A espessura desta camada varia entre 0,5 a 500 jm e muitas das propriedades fisicas da superficie dependem desta zona." A zona interior contem gros que nfo se encontram plasticamente deformados, mas tém uma estrutura diferente do nicleo, como resultado de transformagées induzidas pelo calor € por tensSes internas criadas pela maquinagem, esta zona é dificil de delimitar e apresenta extensdes que podem atingir alguns mm." | [mmm] [eoma| (777) [FZ] Gases Adsorvidos Camadaexteriar Zona intermédia Zona interior Nacleo Figura 2.2. Representagdo esquemética dle um modelo de superficie, a 3 zonas, produzida por maquinagem contendo varios outros defeitos superficiais, 7 h- espessura da camada superficial; 1 - Microfractura; 2 - fissura 3 — micro- rechupes; 4 - porosidade; 5 - vazio; 6 - inclustio. 2.3 Parémetros Geométricos da Camada Superficial A estrutura tridimensional da superficie é constituida por asperidades ou picos e por sulcos ou vales, resultantes do seu Processamento ou da solicitagio em servigo. Estas asperidades participam, directamente, na interacg@o da superficie com o meio ‘envolvente. A sua descrigao € feita por parametros de tugosidade e por defeitos existentes na estrutura geométrica da superficie. Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 sea cotnportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 81 ‘A mugosidade 6 determinada tragando um perfil da topografia da superficie, o qual é obtido a custa da linha resultante da interseego da superficie observada com um dado plano, orientado relativamente & superficie nominal (ver figura 23a) A rugosidade superficial € descrita, convencionalmente, como 0 desvio do perfil medido em relagdo a um finha de referéncia, situada entre os limites de um comprimento, segundo o qual a ondulagio ¢ desprezavel, A rugosidade pode set medida por parametros dos quais de destacam: «© Ra~desvio aritmético médio de um perfil desde a linha central média; Zhyil @y onde /y/ representa 0 valor absoluto da distincia entre os pontos do peril ea finka central, a0 longo de J da superficie medida (figura 2.3b). A linha central m divide @ rugosidade do perfil, de tal modo, que a soma dos quadrados dos desvios, em relagdo a essa linha central, € minima e orientada de acordo com a direcgo do perfil 5 Re- distancia média de cinco picos altos para os cinco vales adjacentes, medidos 0 longo do comprimento J de um intervalo clementar da finha de referencia, paralela ao eixo central (figura 2.3b); sp a LRut Re tet Re) (Ra Re 4 ouct Ryo) @2) * 5 © Rq~ parimetro também conhecido por RMS., representa 8 média geométrica em relago a linha média da rugosidade; {EQ %!? @3) ” Rq= Tafluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o se ‘comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre s6lidos. Fadiga de materiais ‘Pagina 82 © S- 60 espagamento da rugosidade, sendo a média entre os picos de rugosidade medidos ao longo da distincia elementar J. A rugosidade superficial pode afectar significativamente a resisténcia & passagem de fluxos liquidos ou gasosos e ainda a resistencia ao desgaste, a corrostio, emissividade e particularmente a fadiga, devido as variagdes de secgiio que proporcionam uma concentragio de tensdes suficiente para a iniciagaio de microfissuras, A estrutura superficial contém discontinuidades com uma dada geometria caracteristica. Existe uma enorme variedade de exemplos destes defeitos, dos quais so referidos apenas os mais frequentes: © Escamas ¢ microescamas ("spall" e "pitting") - devidas a fadiga de contacto; * Picadas - resultantes de corrosio, de indentagdes, de desgaste, etc.; ‘* Fendas - provocadas durante o processamento ou em servigo; * Sulcos ou estrias - provocadas pelo movimento forgado de um elemento, com uma dada configuragdo, que marca essa configuragao na superficie; ‘* Arranhdes - id€ntico ao anterior mas com menor profundidade e com maior entalhe na extremidade; * Fissuras - causadas, por exemplo, quando se excede a resisténcia do material, Caracterizam-se por uma penetragio irregular para o interior do material; * Porosidade - espagos vazios no interior do material, que podem no ser considerados como defeitos, por melhorar as propriedades de lubrificagao (caso do exemplo do ferro fundido nodular citado no subcapitulo 1.5.7). Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 83 ‘Superficie Nominal XQ O&O Si SS VOL a) Figura 2.3. Representagto esquemética da superficie, a) em andlise; b) perfil tragado. 2.3 Mecdnica do Contacto Quando duas superficies estio em contacto, as solicitagdes mecinicas transmitidas através desse contacto so impostas ao macigo, podendo provocar localmente a degradagio dos componentes. Com ointuito de compreender e caracterizar 0 tipo de degradagHo impost, 20 nivel de formagdo de defeitos criados pelas solcitagdes mectnicas, importa conhecer @ natureza ¢ amplitude das acgdes que se fazem sentir sobre os sélidos em contacto Tafisbacla dos ratamentos especifices de um ADI sobre o seu comportamento fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 84 A Mecénica do Contacto pretende dar resposta ao modo como se comportam os solidos em contacto, quando submetidos a uma dada solicitagio, isto é, determinar os correspondentes deslocamentos, deformagées e tensdes instaladas, quer na superficie quer no macigo, Na Tribologia os conhecimentos da Mecfnica do Coniacto sfo findamentais para a. determinagio das tensdes ¢ deformagdes na zona de contacto entre varios elementos mecdnicos, nomeadamente, em engrenagens, rolamentos, etc., sob condigées cinemiticas de rolamento puro ou de rolamento com deslizamento, em contacto seco ou lubrificado. Na figura. 2.4 mostra-se um exemplo tipico de um contacto pontual.“! 2.3.1 Tipos de Contacto A geometria das superficies dos sélidos, na vizinhanga do ponto inicial do contacto, Condiciona o préprio tipo de contacto, definindo-se trés tipos de contacto possiveis: * Pontual - quando © contacto se dé segundo um ponto, do tipo esfera/esfera, (figura 2.5a); * Linear - quando 0 contacto ocorre segundo uma linha, por exemplo, 0 contacto cilindro/cilindro de eixos paralelos (figura 2.5); * Superficial - contacto segundo uma superficie, por exemplo entre planos. Figura 2.4. Contacto pontual roda/carril!°) Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comporiamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 85 a) y Figura 2.5. Tipos de contacto: a) pontual; b) linear. 2.3.2 Contacto Normal entre Sdlidos de Revolugao Elasticos — Teoria de Hertz Quando dois sélidos de revolugiio elésticos so postos em contacto, um contra o outro, tocam-se inicialmente num nico ponto ou segundo uma linha. Se solictados por uma determinada carga, mesmo de pequena intensidade, eles deformam-se na vizinhanga do ponto inigial de contacto, originando uma area de contacto de pequena dimenséo, O contacto sem atito entre dois corpos de revolugdo elisticos produz, no caso mais geral, uma area de contacto eliptica, como se mostra na figura 2.6. Para que seja possivel analisar este problema é necessério uma teoria de contacto, que permita determinar a forma da area de contacto ¢ a sua evolugo com 0 aumento da solicitagdo, da intensidade e da distribuigo de pressdes, transmitidas através da superficie de contacto. Por fim, uma vez conhecida a distribuiglo de pressées superficiis, tomasse necessério determinar os campos de deslocamentos, deformagSes ¢ tenses @ que esta submetido cada um dos sélidos na vizinhanga dessa érea de contacto.5#55*41 ‘Num problema de contacto, a transmisstio dos esforgos é realizada através da interface itadas das superficies desses sélidos. Logo, entre os dois corpos, isto é, entre porgdes Ti Taflufncia dos tratamentos especificas de um ADI sobre 0 seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 86 geometria dessas superficies tem influéncia sobre o proprio contacto, sendo necessario definir a sua geometria com detalhe antes de formular o problema de elasticidade. Figura 2.6. Pressiio de Hertz aplicada sobre uma drea eliptica.°7 © ponto inicial de contacto, O, é também a origem de um sistema de coordenadas Tectangulares, no qual o plano [XO ¥7 é 0 plano tangente comum as duas superficies em O. O eixo Z esti direccionado segundo a normal ao plano tangente comum, com o sentido positivo dirigido para o interior do solido inferior, como se mostra na figura 2.7, Considera-se também que ambas as superficies sio perfeitamente lisas e que a sua geometria € definida por uma figio matemética, continua até & segunda derivada na vizinhanga do ponto inicial de contacto. Tal significa que 0s dois corpos sio sdlidos de revolugio."*****1 Assim & possivel definir planos principais de curvatura para cada um dos sblidos (1021, y10z1, x02, yz0z,) e determinar os correspondentes raios principais de Curvatura, respectivamente, Rx;, Rys, Rvz, Ry:, como se mostra na figura 2.7, A linha de acgo da forga F, passa pelos centros de curvatura dos dois s6lidos e pelo Ponto inicial de contacto, sendo perpendicular ao plano tangente comum. Deste modo, no haverd a tendéncia para que um s6lido possa escomregar relativamente ao outro, sem que haja qualquer solicitagdo tangencial ou de atrito. Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 87 No caso dos planos principais de curvatura dos sélidos serem paralelos entre si (a=0), podem-se definir duas curvaturas equivalentes: @4) @5) Ny Plano tangente < Fa Figura 2.7. Planos e raios principais de curvatura Tafiuéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 88 Pode-se ento formular o problema de Hertz do seguinte modo: Ad+By’- 5+ wrt w,> 0 (2.6) Psy) = O4= 0.2 0 @7n Sf p(y )dxay =F, (2.8) (2.9) onde 6=6;+ 6; - penetraco entre os dois s6lidos em contacto; wrt wy - deslocamentos elasticos dos pontos da superficie dos dois sdlidos segundo z; 4, b- semi-eixos da elipse de contacto. A primeira expresstio estabelece que apds a deformagio eléstica dos sélidos, devida a aplicago da solicitagao normal F,, a distancia entre dois pontos da superficie de cada um dos Solidos, situados sobre a mesma normal ao plano tangente comum, é maior ou igual a zero (modelo de contacto), como se mostra na figura 2.8, 4 Fa Figura 2.8. Disténcia entre pontos das ‘superficies em contacto apés deformagéo elastica.*4 Influ€ncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 sea comportamento 4 fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 89 ‘A inequasio (2.7) estabelece que as pressées no interior da superficie de contacto, resultantes da solicitago aplicada, sfo desconhecidas, mas necessariamente normais & superficie, compressivas € maiores que zero. No exterior da drea de contacto as tracgdes: superficiais so nulas. [As presses desenvolvidas no interior da area de contacto tm, por uma questo de equilbrio, de igualar a solicitagio aplicada como estabelece a equacso (28). Os pontos de ambas as superficies que entram em contacto a medida que a solicitagao é aplicada, correspondem a pontos situados A mesma distincia entre si, ou seja, pontos para os quais. z = Ax’ + By’ = Constante, Este ‘conjunto de pontos forma uma elipse, sendo entio a superficie de contacto definida pela equagio (2.9). ‘A resolugao simultanea do conjunto formado por duas inequagdes (2.6 ¢ 2.7) ¢ duas equages (2.8 € 2.9) permite obter a solugio do problema 23.2. io do Problema pela Teoria de ‘A teoria de Hertz assume que os solidos, para efeitos da determinag’o dos deslocamentos locais, podem ser considerados como semi-espagos elasticos, submetidos a uma solicitagdo normal, aplicada sobre uma pequena érea eliptica plana. Hertz estabeleceu que a distribuigio de pressto que actua sobre a area de contacto cliptica (2.9) 6 elipsoidal e definida por P(%Y)= Pol —FF 5 2.10) endo a pressio mixima de Hertz, po fungio da carga total aplicada Fy, ¢ definida por a : 2 dxdy = nabp, (2.11) Faz [fp(x.y)dedy =f] pte ee 3 . ‘A definig&io dos deslocamentos é bastante complexa. Os deslocamentos segundo Z dos pontos da superficie do semi-espaco elastico, situado no interior da area de aplicagio da solicitagiio, séo dados por 1 2 0, +a, = (LM —Ny*) (2.12) Tnliudncia dos iratamentos especficos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 90 com 1 _(i-v? j1-vy Lj", : ( ee } (2.13) onde E* representa o médulo de Young equivalente para os dois sélidos em contacto. s parimetros L, M, e N so definidos pelas seguintes expressdes: L=mp,K(e) (2.14) = Th IK(e)-E(6)] (2.15) e n=aP [28¢6)-K¢e) @.16) ~ 26 La’ | sendo E(e) e K(e) integrais elipticos, sem solugio analitica, mas tabelados e dados por 2 E(e)= [vi-e7sinaie @17) "46 K(e)= 2.18) uy leireaana ee) A varivel e & definida por a 200).°4 Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 98 Considerando 0 critério de Von Mises, a tenso corte octaédrica maxima sera obtida por (237) P#(Gq- Fa) + atingindo o seu valor maximo para a mesma profundidade Z, onde actua a tenso de corte ‘maxima, como se mostra por Toc: na figura 2.9. ‘A propagagfo de fissuras e a rotura dos materiais frageis € essencialmente governada por esta solicitagao, sendo a direcgo da propagagao perpendicular & tensfo principal maxima, enquanto que, o inicio da propagago de fissuras € essencialmente controlado por mecanismos de corte relaciondveis com a tensfo de corte maxima." Para o exemplo apresentado, o valor de tec = 0,21 om corresponde & relagdo ‘A/B=1,24. No caso geral, 0 valor maximo da tenso de corte octaédrica pode também ser obtido a partir dos ébacos representados nas figuras 2.10 e 2 11, sendo definido por et (tid) = Coreg = Con(A+BJE* (238) 2.3.3.3 Corte onal ‘As tens6es de corte ortogonais, ri € % actuam em planos perpendiculares ao eixo OZ, como se mostra na figura 2.12. Estas tens6es tém valor nulo em qualquer ponto do eixo OZ, onde Tints corre. Os valores de re tet, so significativos para os critérios de avaria ou falha associados & iniciagdio da deformagao plastica do material. No entanto, os valores das tenses associados as avarias de fadiga em rolamentos, parecem estar associados a outros tipos de tensdes tangenciais, que actuam em planos perpendiculares e paralelos a superficie de contacto. ‘A determinago das tenses de corte ortogonais é complexa, mas 0 seu valor méximo, ‘to, €a profundidade & qual ocorre, so definidos pelas seguintes expresses (onde a I (se b =direcgéio de rolamento) (2.40) Z,= Ct 4, k' <1 (se a =direcgéio de rolamenio) (2.41) Z,= Cub, K'> I (seb zdireceito de rolamento) (2.42) Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 99 DZ ™ LZ . _ Figura 2.12, Tensdes de corte ortogonais te te — : Wi: or K’ relaciona as dimensdes da elipse de contacto, de forma a que se conhega a sua orientagio em relagdo a direcgio de rolamento. A equago para a determinagao deste pardmetro é a seguinte = dimensdo da elipse de contacto segundo a direcedo de rolamento (2.43) dimenséao da elipse de contacto segundo a perpendicular é direcgéo de rolamento ~~ ‘Uma vez conhecido o valor de #’, os valores de Cz, ¢ Cz, podem se obtidos pelos grdficos das figuras 2.13 e 2.14 respectivamente, Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 100 Figura 2.13. Coeficiente Ct para a determinagéio da tensdo de corte ortogonal. méxima.?2 os; Coo oa. 0:1 | Rating eves. Figura 2.14, Coeficiente Cz» para a determinagéio da profundidade para a qual ocorre a tenstio de corte ortogonal maxima.°" Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 101 2.4 Lubrificagéo papel principal de um lubrificante é reduzir 0 atrito ¢ a degradagao das superficies ‘em contacto. Esta acgdo é conseguida pela introdugdo de um filme entre as superficies desses sélidos. Uma grande variedade de materiais podem ser utilizados com este fim, no estado 1225050, liquido ou sélido. A adversidade das condigdes de funcionamento dos elementos mecfnicos impdem exigéncias severas aos lubrificantes. Existe um esforgo constante para o aumento da vida dos equipamentos e a redugao dos custos de manutengao. Nos iltimos anos, foram direccionados novos desafios sobre os Iubrificantes, devido as legislagdes ambientais a propésito das emiss6es de gases de escape € dos lubrificantes biodegradaveis. : Mesmo em condigdes de lubrificagio adequadas, 0 dano provocado por falta de ubrificago pode ocorrer, Este dano serd devido a uma lubrificagio nfo apropriada, um fncionamento a cima dos limites admissiveis (carga excessiva), ou a problemas surgidos na ‘méquina (mau alinhamento, concepsio ou fabrico). Estes danos poderdio ser classificados como rotura catastréfica e dano progressive 2.4.1 Regimes de Lubrificac 3 limites de funcionamento, sem perigo, para um sistema lubrificado so caleulados através de um critério de espessura especifica do filme lubrificante, 4, onde espessura minima do filme lubrificante see eee aa 2.44) Tugosidade composta das duas superficies” em) Este critério é geralmente aplicado para um contacto EHD, onde a espessura do filme é calculada a partir de pardmetros do contacto (fora, velocidade, geometria) ¢ do lubrificante, pela utilizagdo de equagdes adequadas, O regime de funcionamento sem perigo ¢ normalmente considerado para A> 3, no entanto, este critério deverd ser considerado com precaugio. Um lubrificante forma um filme de fraca resisténcia ao corte, mas eficaz. na separagio das interfaces em contacto deslizante, podendo ser utilizado para cumprir diversas fungdes. A Tafladncia dos tratamentos especifices de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto € ERD Capitulo 2 Contacto entre s6lidos. Fadiga de materiais Pagina 102 primeira fimglo seré reduzir o atrito e prevenir a deterioragio dos componentes, no entanto proporciona também: © Arrefecimento das superficies em atrito, pela evacuaglo do calor dissipado pela fricgio dos materiais; © Prevengio de defeitos originados pelos processos de desgaste; © Protecedo das superficies da acco da agua e da corrosio; ‘© Neutralizagio e protecgdio das superficies metalicas dos produtos acidos de combustio ‘nos motores. ‘Uma lubrificagao fluida utiliza, essencialmente, dleos que so introduzidos no contacto pelo movimento relativo das superficies, formando uma pelicula de separagao como se mostra, na figura 2.15, A espessura do filme dependeré da velocidade relativa /U;-Uz/, da viscosidade dindmica, 7, do lubrificante e da carga, F,, indutora de uma pressdo, p. Idealmente as superficies so completamente separadas por um filme de dleo (figura 2.15a) e o atrito na zona de contacto deve-se aos esforgos de corte existentes no filme. Este tipo de lubrificagio designa-se por regime hidrodinamico, sendo 2.241. © regime de transigao entre uma tubrificagio fiuida e uma lubrificagdo limite é designado por regime misto, Nestas condig&es poder existir contacto entre as superficies dos solidos, sendo a solicitagaio mecfnica transmitida parcialmente pela asperidade superficial ¢ a restante pelo filme lubrificante. A espessura do filme no regime de lubrificagéo misto varia entre Ao da Superficies completamente oot ee Telaroicico pea eeperadan por ten Glcas abrioantet | tereoae oe Coreen rong : lubrificante 1 O coeficiente a é uma das medidas da capacidade de formago de um filme EHD, para ‘08 éleos de base, variando conforme a sua natureza. Os valores tipicos so indicados na tabela 23 Tabela 2.3. Valores caracteristicos de piezoviscosidade a para os éleos de b ase.) Lubrificante Valor de a (GPa) Gleo mineral 27 @ 25°C ¢ 15 @ 100°C Poliolefina 11 @20°C Fiuido de tracgio 39 @ 25°C e 12 @ 100°C Convergente Zona de al Divergente N Filme lubrificante Figura 2.17. contacto elastohidrodindmico cilindro/plano. © Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento 2 fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 106 As caracteristicas representativas de um contacto hertziano EHD, so definidas pela formagao de um filme de espessura hy, praticamente constante, situado no centro do contacto, com uma contracgo atrés (e sobre os lados), que representa a posigao de espessura minima, Jm do filme, As expresses da espessura do filme, EHD, em fungio das condigdes do contacto para os contactos pontuais, elfpticos e lineares, so do tipo: he = (WFD) (2.46) onde: +he- espessura do filme no centro de contacto; 11- viscosidade & temperatura ambiente; U=U, + Uz- soma das velocidades das superficies; a- coeficiente de piezoviscosidade; F, - forga normal; D- factor geomstrico; 4a, Be y- expoentes constantes. ‘A maioria das equagdes de espessura do filme prevéem que os expoentes dos pardimetros de velocidade/viscosidade sejam da ordem de: a = 0,65 0,73 ¢, B= 0,472 0,55 para o parimetro do material e 7 = 0,09 a 0,067 para a carga. De uma forma geral, a espessura do filme mum regime de lubrificag’io EHD: * depende fortemente da viscosidade na regiéo de entrada. A perda de viscosidade devido fluidificagio, ou a um aquecimento por corte localizado, tende a reduzir a espessura do filme (i, © 77%). A fluidificagéio produz-se com solugdes poliméricas e de fluidos no newtonianos, que suportam uma baixa de viscosidade as fortes taxas de corte registadas no convergente; © cresce com o aumento da velocidade no convergente (ho U7); © épraticamente independente do acréscimo da forga, uma vez que, o didmetro hertziano aumenta para suportar a carga. Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 107 Quando o lubrificante passa através do contacto EHD é sujeito a uma répida ¢ severa mudanga de pressio, corte e de temperatura, Sao as propriedades do lubrificante na regio de entrada que controlam a espessura do filme EHD, particularmente a viscosidade a elevada pressio. O atrito depende da resposta do lubrificante na regido de elevadas pressdes, localizada no centro de contacto. © aumento de temperatura produz-se no momento de entrada no convergente € no centro do contacto, se houver deslizamento. A temperatura atingida depende da velocidade de deslizamento, da carga e da reologia do lubrificante (tensdes de corte do lubrificante), A redugio da espessura do filme lubrificante explica-se por uma caréncia do fluido, que se verifica quando a alimentagdo é insuficiente na regio de entrada, devido a: velocidade de rolamento baixa, velocidade de escorregamento elevada, temperatura do lubrificante ou das superficies demasiado elevada, inadequada viscosidade do lubrificante e volume insuficiente de lubrificante dispontvel. Num regime limite, os parémetros de contacto, forga e velocidade, so tais, que o filme de separagio (HD ou EHD) no se forma (ver figura 2.18). Nestas condigdes 0 filme lubrificante reduz-se a uns nandmetros de espessura ¢ contem bolsas de peliculas de adsorsio ou de reacgSes quimicas. Fitme quimice de fraco esforgo de corte Figura 2.18, Mecanismo da lubrificagéio limite com a formagtio de uma pelicula de 8) proteccéo.” Na lubrificagao limite sto os aditivos que controlam a formago do filme. Estes sto substncias quimicas, orginicas ou organometélicas, que melhoram a capacidade lubrificante € a vida. Estes aditivos formam um filme aderente de baixo corte, que reduz a interacedo das Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre s6lidos. Fadiga de materiais Pagina 108 asperidades e consequentemente o atrito e a degradagao da superficie, Os coeficientes de atrito, neste regime, so mais elevados que no regime EHD, geralmente da ordem de 0,3. Os filmes superficiais so formados pelos aditivos polares ou reactivos contidos no lubrificante, estes sio incorporados para uma protecgéio sob condigées severas de lubrificagio sio denominados de aditivos antidesgaste (AW) ou de pressiio extrema (EP). Outros aditivos siio acrescentados para a estabilizagio da viscosidade do éleo, para limitar a corroséo, diminuir a acco da oxidagaio dos metais, ete. Existem diferentes processos de formag&o de peliculas limite e de tipos de protecgiio oferecida, os quais se encontram indicados na tabela 2.4. A lubrificagdo limite € objecto de investigagio dificil, pois compreende o estudo de peliculas finas, entre as superficies metalicas em atrito sobre presses de contacto elevadas. Tabela 2.4. Mecanismos de lubrificagéo limite“? Tipo de filme Condigées Mecanismos ‘Absorséo (longa ‘Temperaturas baixas, Filme fino (nm), esforgos de corte cadeia de fcidos ou | — cargas moderadas | pequenos, filmes de adsorsio fisica ou aminas) quimica - Temperaturas Esforgos de corte pequenos. © aditivo rena camada de | moderadas, cargas | tem uma acgio polidora. Redugiio de sao inorganic baixas asperidades : Temperaturas | Grande viscosidade superficial que gera Camada orginica | moderadas, cargas um filme HD a baixas velocidades espessa : baixas Rapida reacgdo dos aditivos com a nova eed fapesee Ge | Temperaiuras evades | superficie metélica, para formar um filme wank Jovadas |“ espesso ¢ friével que reduz a adesio Inibidores de 4 Reacgiio quimica para formar uma crescimento de | Condigdes extremas de | mada metilica enfraquecida, redugdo a trabalho de metais igagdes de despaste 2 Aplicagdes dos Lubrificantes ‘A maioria dos lubrificantes so misturas de 90 a 95% de um leo de base, com cerca de 5 a 10 % de aditivos dissolvidos. Os aditivos sto necessérios para proteger as superficies em condigdes de contacto extremas (caso da lubrificagao limite) e para melhorar as propriedades térmicas e oxidantes dos 6leos aumentando a sua duragio de vida. Um grande nimero de Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 109 bases (lubrificantes) estiio disponiveis, desde o tradicional éleo mineral ao lubrificante sintético. A escolha de uma base particular é determinada pela aplicagiio, pelas condigdes de lubrificagdio pelo respectivo custo. Os 6leos minerais so uma mistura de hidrocarbonetos com moléculas compostas de 25 a 45 &tomos de carbono, alguns compostos sulfurosos e outras impurezas minerais. O hidrocarbonetos utilizados sio uma combinago de cadeias lineares de carbono (parafino), de carbono cfclico saturado (naftaénico) e uma conjugagtio de compostos ciclicos (aromiticos). As proporgées variam conforme as origens do petréleo bruto e do grau de refinamento. As propriedades de lubrificag&o e as principais utilizagées de algumas bases sintéticas si indicadas na tabela 2.5, enquanto que, os tipos de aditivos mais comuns ¢ os exemplos das vantagens proporcionadas esto indicadas na tabela 2.6. ‘As massas e emulsdes lubrificantes stio exemplos de fluidos utilizados para evitar 0 dano causado nos metais em contacto, no entanto, o seu interesse niio é relevante neste trabalho pelo que nio serfo abordados no texto Tabela 2.5. Propriedades e aplicagies de dleos.° Base Propriedade Aplicagao Emulsio metdlica de Oleo de gordura | Baixo atrito e mé estabilidade térmica rolamento, leo de natural embraiagens Ester de acido Estabilidade A temperatura e Turbinas de gas, dleo de dibasico oxidagiio, elevado indice de substituigao, éleo de bombas viscosidade de vacuo. Ester de poliol | Muito boa estabilidade a temperatura Turbinas de gas eA oxidagio Ester fosforico Baixo indice de viscosidade, Fluido bidraulico nlio resistente ao fogo e baixo atrito inflamavel Poliglicol Baixo atrito, solivel Emulsio hidréulica, liquido de no éleo ena agua travoes Bom indice de viscosidade, baixa Silicone volatilidade, baixo atrito e boa Oleo hidréulico eléctrico resisténcia a0 fogo Compostos | Baixa volatilidade, inerte aos ataques | Baixa vida, hostil ao ambiente fluratos quimicos ¢ oxidativos quimico Ester Polifenilico | Estabilidade a temperatura e baixo Fluidos experimentais atrito Hidrocarbonetos, Bom indice de viscosidade Uso genérico sintéticos Tnfluéacia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 110 Tabela 2.6. Tipos de aditivos comuns.£) Tipo de aditivo (teor em peso) Fungo ‘Antioxidante (0,5 a 3%) ‘Previne a oxidagao € sobe a viscosidade Timita o ataque quimico pelos sulfuretos ¢ eee metais nfo ferrosos Protege do ataque pelo oxigénio 7 Agua por adsorsio na superficie metilica ‘Antidesgaste (AW) Pressiio extrema (EP) “Abaixamento do ponto de escoamento | Previne a formagao de cera a baixa temperatura Antiruido (0,05 - 2%) Modificadores do atrito (1 - 3%) "‘Melhoramento da viscosidade (1-8%) | Aumentaa ‘viscosidade a alta temperatura ‘Evita a formagio de depésitos no motor, Detergente (4%) eae (4%) neutraliza os produtos cidos da combustio Tmpedem a coagulago dos depésitos de carbono Dispersantes nos carburantes ‘Antiespuma (0,001%) ‘Destabiliza a formagiio de espuma 2.5 Mecdnica da fractura Uma vez que neste trabalho é abordado 0 crescimento de fissuras de fadiga © os fenémenos de factura ocorridos na superficie de materiais em contacto, surge a necessidade de introduzir alguns dos conceitos fundamentais da mecdnica da fractura, que serio utilizados no tratamento dos dados experimentais do capitulo 4. 'A factura 6 a separago de um sélido, sob tenséo, em duas ou mais partes. De uma forma geral,a factura dos materiais metélicos ¢ classficada de duas maneiras: dictil ou frégil, podendo também ser uma combinago dos dois processos. ‘A factura dictil ocore ap6s uma deformagio plastica e ¢ caracterizada por uma propagagio lenta de fissuras, Tnfiutacia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 111 A factura fragil, pelo contrério, ocorre geralmente ao longo de planos cristalogrAficos caracteristicos, denominados planos de clivagem, e ocorre com uma propagagio répida das fissuras, Um dos modos priticos de avaliar 0 comportamento & factura dos materisis metélicos & a determinagio da tenacidade, ou seja a medida da quantidade de energia que um material pode absorver antes de facturar. Esta medigdo pode ser realizada através de ensaios de impacto, ou de ensaios que contemplem o crescimento de fissuras existentes no material. 2. Entalhes e Concentracéo de Tens6ées Um entalhe & definido como uma discontinuidade geométrica, que tem uma profundidade definida e um dado raio na extremidade (raiz). Os entalhes poderdo surgit deliberadamente ou de forma nfio evitavel, sendo exemplo destes dltimos, 0 aparecimento de inclusdes, poros ou particulas de segunda fase, que formam entalhes a uma escala metalirgica. O efeito de um entalhe pode ser facilmente visualizado pela distribuigo de tensdes num plano que contenha o entalhe, como pode ser observado na figura 2.19, 0 factor de concentrago de tensdes, Kz, ¢ definido como uma relagdo adimensional entre a tensio maxima (assumida eléstica) na extremidade do entalhe e a tensio nominal aplicada, Uma primeira estimativa para diversas formas de entalhe (figura 2.20), pode ser feita para entalhes de forma eliptica: (2.47) onde D é a profundidade do entalhe e p é 0 raio da raiz do entalhe Assim o valor de K, para um poro circular (D = p= raio do poro) toma o valor 3, pelo que, mesmo entalhes pouco profundos provocam tens6es localizadas na ponta do entalhe, que poderdo ser superiores a tenstio de cedéncia do material mesmo para valores modestos da tensfio nominal aplicada. Este fenomeno € atenuado, uma vez que o gradiente de tensbes ¢ elevado (sendo tanto mais elevado, quanto mais severo se tora o entalhe), pelo que a regio de plasticidade é reduzida, evitando assim 0 colapso plistico do componente. Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento @ fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 112 Figura 2.19. Placa de um material metético sujeito a tracedo uniaxial. a) com um entalhe no contorno exterior; b) com uma fissura no seu interior; ¢) distribuigéio de tensbes em funcio da distincia & extremidade do entathe!) ttt feel 2 S oi ' i ' it t oe DLP irae cre ea ft Figura 2.20. Factor de concentragéio de tensdes para um variedade de formas do entalhe.! Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre s6lidos. Padiga de materiais Pagina 113 As estruturas sujeitas a cargas ciclicas caso apresentem fissuras de fadiga, na zona de plastica, podem colocar em perigo a propria estrutura, uma vez que as fissuras comportam-se como entalhes muito finos, concentradores de tensdes e capazes de se propagarem a niveis de tensbes mais baixos do que as existentes no resto do material. Se o valor do raio na raiz do entalhe for muito pequeno préximo de zero (na prética nos materiais reais pode tomar valores de 0,1 a 1 nm) ea profuundidade do entalhe permanecer constante, a geometria de tais entalhes assemelham-se a um fissura, cujo comprimento representa-se convencionalmente por a. Factor de Intensidade de Tens6es ‘A andlise da equagdo de K; mostra que a tenséo na extremidade de uma fissura aproxima-se de infinito, se 0 raio se aproxima de zero, pelo que a ideia do factor de concentrago de tensdes nao abrangerd a nogdo de fissura (nflo é feita a distingo entre diversos comprimentos de fissuras ¢ 08 niveis de tens6es aplicados). Assim a equagio de Ks € manipulada de forma a obter valores finitos com quantidades fisicas, originando a equagio: K=O yomingt VA G48) a- comprimento de uma fissura com ligagéo ao exterior do componente, ou metade do comprimento de uma fissura interior. Esta equago esté na base da definig&io do factor de intensidade de tensdes, K, que é utlizado para lidar com fissuras em estruturas, Neste estudo falta ainda considerar os diferentes modos como uma fissura pode ser solicitada. As superficies responséveis pela abertura ou fecho da fissura podem ser uma combinagio de trés tipos: «© Modo I- de abertura por traceo, por deslizamento de planos normais a frente da fissura; © Modo II- por deslizamento de planos paralelos ao plano de fissura; «Modo II - por destizamento de planos perpendiculares ao plano de fissure, Tafiudncia dos Watamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 114 Estes trés modos so representados esquematicamente na figura 2.21 ¢ indicados os respectivos exemplos priticos na figura 2.22. factor de intensidade de tensdes pode ser definido para cada um dos tipos de propagagto de fissuras, isto é, Ki, Kr ou Kur sendo 0 modo I 0 mais estudado até hoje, A ‘geometria do corpo com fissuras tem efeito sobre o campo de tensbes, em volta da ponta da fissura, pelo que na pritica a expresso do factor de intensidade de tenses toma um forma geral: K=aoVma (2.49) onde: qz- factor adimensional de correcg’io da geometria, cujo valor é proximo de 1; - tensio remota aplicada. Na realidade, o factor de correcgio da geometria deve ser também fung&o do tamanho da fissura, a qual varia de tamanho durante a propagago, sendo a sua determinagio é um problema de andlise de tenses. Do ponto de vista fisico, 0 factor de intensidade de tensdes é utilizado para exprimir 0 efcito combinado da tensiio aplicada na extremidade de uma fissura ¢ 0 seu comprimento, ou seja, 0 esforco de movimentagio da fissura. O valor ctitico do factor de intensidade de tenses que provoca a falha de um componente pelo modo I é denominado Ki. Conhecendo experimentalmente © valor da tenacidade a fractura e da tensfio de rotura do material, ¢ possivel determinar qual o tamanho maximo de fissura, interior ou exterior, que esse material pode suportar sem dano. Influéneia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sdlidos. Fadiga de materiais Pagina 115 : = = » » Figura 2.21. Trés modos de fractura. a) Por tensdio: Modo I, b) Por corte: Modo II, ¢) Por torgdio: Modo Hil! at | C a y¢ n 1m ' Figura 2.22. Exemplos praticos dos modos de fractura: (sy Tnflugncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 116 25, itacdes dos Mecanismos de Fractura Linear Elastica ‘A anilise feita através do factor de intensidade de tensbes constitui uma boa aproximagao ao problema, no entanto, apenas numa distincia a frente da extremidade da fissura de cerca de "/1» do seu comprimento. Neste campo eléstico esté embebida uma zona plistica e para que a aproximagao pela teoria eldstica soja valida, a zona plistica deverd ser pequena, comparativamente a todas as dimensOes do problema. Deste modo, a anélise da fractura pelo mecanismo elistico apresenta as seguintes restrigGes: (ver figura 2.23) © A distincia da zona plastica a frente da fissura, r», deve obedecer & seguinte inequago a S55 (2.50) + A espessura B do componente & 0 parémetro mais importante na determinagio dos estados de tensdes ¢ nos tamanhos das zonas plasticas, o seu valor devera ser inferior a 2%) 0.11.09 Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais, Pagina 131 <> <_ a) »’) <> <> Escama f °°) rc) Figura 2.35. Representagtio esquemtica do processo de degradagtio superficial por fadiga ‘de contacto." a) iniciagéio de uma fissura; b) propagagtio da fissura; ¢) iniciagdo de fissuras secundérias; d) propagagdo das fissuras secundarias até 4 libertagéio de uma escama. Figura 2.36. Representagdo esquemitica de defeitos interiores capares de provocar. degradago da superficie por fadiga de contacto." a) acumulagiio de Geslocagdes; b) formas de vazios; ¢) porosidade; d) fissuras contimuas, ¢) defeitos de maquinagem. No hd unanimidade na classficaglo dos principais defeitos relacionados com a propagagio de fissuras e consequente origem das avarias, Nomalmente, estes defeitos podem ser dvididos segundo a escala de observagdo, poderio assim ser agrupados da forma como se indica na tabela 2.7. Tafisbncia dos tatamentos expecificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadigs de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 132 Tabela 2.7. Listagem dos principais defeitos relacionados com a fadiga de contacto. Escala Microscépica Dimensdes da escala da asperidade superficial, que Ihe est Microescamas directamente associada, Caracterizam-se pelo aparecimento ("pitts") de pequenas crateras (0,4 um de profundidade e alguns 1m de diametro) Zonas de ataque escuro, localizadas na zona de tensio de Defeitos corte maxima. Borboletas, relacionadas com transformagées (detecgio por metalografia) | microestruturais, que ocorrem devido as tensdes de contacto Escala Macroscépica Resultado de altas tensGes localizadas. Tendem a surgir Picadas entre a rugosidade da superficie. © arrancamento (sentido lato) progressivo destas asperidades origina o aparecimento de crateras, de tamanhos varidveis até poucos milimetros Escamas Dimensto da ordem dos milimetros ou décimos de (“Spalls”) milimetro, sio caracteristicas do contacto hertziano Remogo progressiva de material da superficie por Desgaste rolamento e pela formagiio de pequenas crateras, sem que ocorra a falha catastrofica do componente No caso do ADI, a presenga de nédulos de grafite é apontada como a causa que favorece crescimento de fissuras de fadiga.°""! Os nédulos tém um efeito de concentrar as iciagfio de fissuras, tensGes, sendo locais preferenciais para a Dependendo fundamentalmente da profundidade A qual os nédulos se situam e do campo de tenses, dois mecanismos de propagagao foram propostos,'”"! sendo representados esquematicamente na figura 2.37. Um conjunto de caracteristicas foram ainda observadas na subestrutura de discos submetidos a ensaios de fadiga de contacto. Essas caracteristicas incluem factos tais como: * oreconhecimento que a grafite do ADI pode aprisionar as fissuras de fadiga; © a anilise do caminho da propagagio das fissuras de fadiga permitiu concluir que existe um maior nimero de nédulos atravessados pela fissura, do que o existente em percursos paralelos a este; © uma fissura ao encontrar um nédulo de grafite, tanto o pode atravessar com se ele nifo existisse, como pode subdividir-se, propagando-se segundo diversas direcgées;) Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre s6lidos. Fadiga de materiais, Pagina 133 as fissuras secundarias tendem a dirigir-se para a superficie, em vez de se propagarem paralclamente a esta," «as fssuras secundérias tendem a ser absorvidas pelos nédulos de grafite."” —S “6 tea a 7 P Figura 2.37. Evolucdio das fissuras em torno dos nédulos de grafite de um ADIL ‘Al. Quebra de uma fina camada, localizada acima do nédulo; A2. Remogao da grafite; A3. O desgaste arredonda o rebordo dos nédulos fazendo com que contribuam de forma pouco significativa para a iniciagao de fissuras. Bl. As _fissuras crescem entre os nédulos e a superficie; B2. Uma particula "tampao” é libertada, comecando a crescer fissuras radiais a partir do nédulo; B3. As _fissuras propagam-se desde 0 nédulo para a superficie, ao longo da subcamada hertziana, devido ao efeito de bordo. Tnfiuincia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 134 2.3 da or Fadiga de Contac A vida de rolamentos de esferas ou rolos foi jé bastante estudada, tendo sido desenvolvida uma expresso por Lundberg ¢ Palmgren? que Prevé, em termos médios, a durago de vida de rolamentos A formula desenvolvida por estes dois autores é baseada em determinagdes estatisticas © contempla: © tipo de condigdes de rolamento © material em questo sendo do tipo G L, =aan(Z) (2.63) Em que: Zn ~ duragao da vida em revolugdes (x10). Exemplo: Lip ou Lso (respectivamente correspondente a 90% ou 50% dos rolamentos); 41 az; a5 ~ Constantes de fiabilidade, lubrificagdo e material respectivamente; C,~Carga que proporciona a vida L, de um milhao de revolugdes; P Carga seleccionada; #—Toma o valor 3 no caso de rolamentos de esferas ¢ ""/s se forem de roletes, 2.6.2.4 Factores que Influenciam a Fadiga de Contacto Os factores que afectam a resistencia a fadiga de contacto, de um componente, tém és origens fundamentais: © Material; ¢ Lubrificago e acabamento superficial; * Projecto dos componentes em contacto. A selecgiio dos materiais é fingiio dos processos de fabrico, do ambiente operational Sobretudo do custo. As propriedades importantes a considerar, para obter a performance Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 2 Contacto entre sélidos. Fadiga de materiais Pagina 135, pretendida, sfo a resisténcia a0 desgaste, & fadiga, a estabilidade dimensional, « presengs de defeitos metalirgicos, a dureza e a experiéncia adquirida na utilizagdo de dado materia ‘A lubrificagao tem também um papel preponderante na resisténcia & fadiga de contacto, endo as principais varidveis associadas a este fendmeno: as propriedades do lubrificante (viscosidade, composigdo, etc), a espessura do filme, a rugosilade superficial; @ tensio superficial e as temperaturas de trabalho. ‘A textura superficial sera critica & medida que a espessura do filme EHD se aproxima das dimensbes da rugosidade superficial, pelo que, se a espessura do filme for inferior & rugosidade composta das superficies em contacto, o contacto entre as asperidades e inicingio de micropicadas de fadiga sera proporcionado. Se a espessura minima do filme dada por 4 for inferior a 1, 0 regime de lubrificagao ser o Timite, Nestas condigdes ocorrer a adesto e 0 aparesimento de micropicadss, sendo vida do componente reduzida, segundo ritérios de aparecimento de escamas A scala macroscopica, Se 2 estiver compreendido entre 1 € 2, a vida do componente seré aumentada € a adesto ¢ 08 fendmenos microscbpios terfo tendéncia ano ocorrer, Se a espessura do flme for superior a3, afaha do componente pode ocorrer por fadign de contacto, no entanto, 8 S08 vida seré prolongada, como se indica na figura 2.38. Vida & fadiga de contacto % Figura 2.38. Relagdo entre a vida por fadiga de comacto ¢ a espessura do filme para um regime de lubrificagdo EHD: ig ‘A tukima razto diz respeito ao projecto de elementos de méquinas, englobando a preciso dimensional do componente, as condigbes de contacto ¢ ambientais. Tnfiuéacia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu ‘comportamento a fadiga de contacto Pagina 137 PARTE 2 — Componente Experimental Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMin_ Pagina 139 E Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn 3.1 Introdugao ‘A primeira fase experimental da dissertagio foi a continuagio do estudo de uma nova versio de ferro fundido nodular austemperado, de composi¢o quimica pouco vulgar atendendo aos teores que so habitualmente citados na literatura, nomeadamente 0 teor em cobre ¢ manganés utilizado é bem superior aos niveis méximos indicados no capitulo 1. ‘A definig&o do tratamento térmico de austémpera deste material ainda se encontra em desenvolvimento, sendo jé conhecidos alguns resultados de propriedades mecanicas, em consequéncia de um trabalho anteriormente realizado, para transformagSes isotérmicas simples ¢ duplas."”! Nesse trabalho foi estudada a influéncia de um novo tratamento de austémpera, com curto estigio no dominio martensitico, na microestrutura e nas propriedades de um ADI ligado a0 Cu e Mn, Foi utilizada a dilatometria de fraca inércia térmica para conhecer a cinética de transformago do ADI, sendo os provetes dilatométricos submetidos ao ciclo térmico indicado na figura 3.1. Os resultados obtidos permitiram a selecgiio de pares ‘temperatura/tempo de transformagio isotérmica a utilizar no tratamento térmico desta composigio quimica do ADI. Apés o tratamento térmico do ADI, segundo os pardmetros indicados por esta técnica, foram medidos os valores de resisténcia mecéinica e a0 choque, de extensdio apés rotura e de dureza. trabalho a desenvolver, no Ambito da presente tese, pretendia dar resposta a duas situagdes deixadas em aberto por este iltimo trabalho. Concretamente: 1. Pretendia-se resolver a falha das propriedades mecdnicas obtidas a 380°C com estagio duplo, Julgavase que devido a uma establizagdo insuficiente (30 segundos) da martensite durante o primeiro estagio isotérmico, provavelmente esta fase nio teria sido formada em quantidade suficiente, a resisténcia mecfnica final obtida foi baixa comparativamente & pratica do tratamento simples realizado a essa mesma temperatura, Tafiugncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 140 2, Para a temperatura de 260°C, o tempo de estigio calculado por via dilatométrica foi de 11,5 horas, A esta temperatura de transformagio isotérmica a ductilidade obtida é baixa, habitualmente com valores de extensio apés rotura da ordem de 1 a 3 %. Os niveis méximos de resisténcia mecinica séo atingidos para tempos de estégio da ordem das unidades de horas, tornando-se depois relativamente constantes com 0 aumento do tempo de estagio. Estes motivos levavam a supor que seria possivel reduzir a duragdo do tempo de estagio, anteriormente calculado em 11,5 horas, para os tempos habituais. Para avaliar esta possibilidade procedeu-se a determinagao da janela do proceso, como forma de melhoria tecnol6gica da utilizagio desta temperatura de transformagio. T 1000°C 1 minuto 875°C 1200°C/h pr AN 50°C/s Hélio 600°C x 1200°C/h 260 a 380°C ree 24 horas ee 150a190°C —¥ 30 segundos Figura 3.1. Ciclo térmico de austémpera com curto estigio no dominio martensitico utilizado no ensaios dilatométrico.7! Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado a0 CuMn Pagina 141 ‘Assim, para o desenvolvimento dos novos tratamentos térmicos, do ADI ligado a0 cobre e manganés, foram realizadas as seguintes etapas, no Ambito desta dissertagio: Estudos dilatométricos, nomeadamente o estudo da cinética de transformagao a 260°C; # Determinago da janela do processo para as temperaturas de transformagio de 260°C ¢ 380°C; © Realizagio de tratamentos térmicos duplos as temperaturas de transformagio isotérmica de 260 ¢ 380°C com curtos estégios anteriores as temperaturas de 150, 170 e 190°C; © Caracterizagaio mecanica e microestrutural dos provetes tratados; Selecco dos tratamentos térmicos a realizar sobre os discos de fadiga de contacto. 3.2 Material Vazado © ferro fundido nodular utilizado neste trabalho foi vazado na empresa Ferespe, possuindo a composigao quimica nominal indicada na tabela 3.1. Esta composigdio tinha sido desenvolvida em substituiglio de uma outra, ligada ao Nic Mo, com o intuito de reduzir 0 custo final do ADL" Os teores de Cu ¢ Mn utilizados na composigto do ADI sto superiores aos normalmente enunciados na bibliografia, conforme foi referido em 1.4.1. A microsegregagio que se verifica na matriz do ferro nodular e que limita o teor de adigdo dos elementos de liga ao ADI, é atenuada pelo eftito de segregagao do Mn e do Cu para regives e distntas e opostas entre si, isto 6, o Mn & segregado durante a solidificaglo para a fronteira da oélula eutética, enquanto que o Cu é preferencialmente segregado para @ interface grafite/matriz™! A microsegregagao apesar de ser nitida, na microestrutura deste ADI, é gradual a0 longo da distincia inter-nodular e nfo acarreta consequéncias negativas para as propriedades mecanicas apés austémpera." Tafluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento @ fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado a0 CuMn Pagina 142 Tabela 3.1. Composigtio quimica nominal do ADI estudado. c Si Cu | Mn 3.6 26 10 | 0.5 3.3 Ensaios Dilatométricos Os ensaios dilatométricos permitiram analisar 0 efeito da duragio do estigio, a temperatura constante, no comprimento de provetes do ferro fundido em estudo. Esta técnica permitiu: a determinagéo das temperaturas criticas do material (figura 3.2); © estudo da evolugao da transformagao isotérmica com o aumento do tempo de estigio (figura 3.3); @ a avaliagio da fracgio de martensite formada em fungdo da temperatura de sobrearrefecimento (figura 3.4). A partir destes resultados foi possivel 0 célculo da cinética de transformagio isotérmica a diferentes temperaturas (figura 3.5). Todos os ensaios dilatométricos foram realizados por Blandina Pinto! num dilatémetro Adamel DT1000, que possui capacidade para alangar uma temperatura maxima de 1350°C, utilizando para este efeito num forno de radiagio. A temperatura minima a que o Provete poderé ser arrefecido é a de -150°C. Com o auxilio de sopragem de hélio 0 dilatometro é capaz de impor velocidades de arrefecimento méximas de 500°C/s. O dilatémetro esta ligado a um computador equipado com o programa DT1000 versio 3.2, que permite o controlo e a programago dos ciclos térmicos. Os dados obtidos podem ser manipulados sob forma de varias curvas (ciclos de temperatura vs. tempo; de expansiio vs. temperatura; e expansio vs. tempo). A medigdo de temperatura & realizada através da soldadura de dois termoelementos ao provete de configuragao cilindrica, cujas dimensdes sio de 12 mm de comprimento ¢ um didmetro de 2 mm. O modo como os dados dos ensaios dilatométricos podem ser tratados, é descrito com detalhe no trabalho de Blandina Pinto.) O trabalho realizado, no ambito desta dissertagio, incidiu sobre o estudo da cinética de transformagio as temperaturas de 260 e 380°C, de forma a planear os tempos de estigio a utilizar para a determinagdo da janela do processo a estas temperaturas. Dado que a cinética da Teaco de austémpera tem um progresso logaritmico em relago ao tempo de estigio (ver figura 3.5), foram seleccionados tempos de estigio numa progressdio geométrica, numa escala nfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pégina 143 logaritmica, a utilizar para a determinagiio da janela do processo, ou seja, a 260°C: 10%; 10°, 105, 108 segundos ¢ a 380°C: 10"; 10°, 10°*, 10°” segundos. b) Figura 3.2. Determinagdo das temperaturas de transformagéio criticas. a @) variagdo das dimensbes do provete durante a austenitizagtio; 5) variagéo das dimensdes do provete durante a transformagiio martensitica. Tnfluneia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMin Pagina 144 Expansdo de um Provete Durante Transformagao Isotérmica a 260 °C i | | { I ‘5000 10000 15000 20000 25000 30000 tempo (segundos) ; Determinagao da Fracgao de Martensite Transformada em fungdo da Temperatura Temperatura (°C) Figura 3.4. Método para a determinagiio da quantidade de martensite formada em fungdo da temperatura.) Tnflubncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 145 ' Fracgao de Ausferrite Formada em Fungo do Tempo de Estagio [Temperatura Transformagao Isotérmica 3 Log (segundos) b) Figura 3.5. Curvas da cinética de transformagao isotérmica a diferentes temperaturas a) fracgiio formada em fungdo do tempo de estagio; 3) diagrama TTT no dominio bainitico. Tnfluénoia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn, Pagina 146 3.4 Tratamentos Térmicos Os ciclos térmicos de austémpera foram impostos aos provetes de tracgo ¢ aos discos, por um processo de transferéncia sucessiva entre foros que permaneciam a uma dada temperatura constante. Para a austenitizagao foram utilizados fornos de mufla, com capacidade para alcangar uma temperatura maxima de 1200°C. Os estigios a temperatura de transformagao isotérmica e & temperatura do dominio martensitico foram realizados em foros de banho de sais, constituidos essencialmente por nitratos e nitretos (misturados numa relagao de 1:1), os quais so estaveis até A temperatura de 550°C. A temperatura no interior dos fornos foi medida por intermédio de um termopar de Cromel/Alumen, posto em contacto com o material af colocado. A variago de temperatura em tomo dos valores nomiinais, abaixo indicados, foi de + °C para os fornos de mutla ¢ de +2,5°C para os banhos de sais. Na figura 3.6 podem ser observados dois dos fornos de sais e um dos fornos de mufla utilizados neste trabalho Sobre o ADI em estudo, foi efectuado um tratamento térmico de recozimento de homogeneizagio antes da pratica da austémpera, com o intuito de minimizar a microsegregagio de bruto de vazamento, O ciclo térmico deste tratamento consistiu num aquecimento, a cerca de 20°C por minuto, até a temperatura de 1000°C, seguido de um estigio de 90 mimutos a essa mesma temperatura e de um posterior arrefecimento no interior do forno, a uma velocidade da ordem de 20°C por minuto. Os ciclos de austémpera foram efectuados com pré-aquecimento a 600°C, seguido de austenitizagdo a 875°C, com durago de 15 minutos. Ap6s austenitizagao, as amostras foram rapidamente retiradas do forno e mergulhadas nos banhos de sais, ai permanecendo durante os tempos de estigio indicados na tabela 3.2 ¢ 3.3. O ciclo térmico de austémpera era concluido com um arrefecimento em agua até a temperatura ambiente. Tnffuéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capftulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 147 Tabela 3.2, Temperaturas ¢ tempos de estdgio utiltzados na austémpera. [Temperatura de transformagio | Tempo de estigio isotérmica (°C) (minutos) 20 |, 380 33 | aol c4 ean 240 [ts — 260 as fem gg | Tabela 3,3. Condigées utilizadas nos tratamentos de dupla transformaséio isotérmica. ‘Temperatura no ‘Estagio no dominio ‘Temperatura de Tempo ] dominio martensitico | __ martensitico transformago docstigio | cc) | Gainatos) isotérmica CC) (minutos) | 190 30 ] 170 5 380 B 150 | 60 190 485 170 5 260 485 150 485 Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMin. Pagina 148 Figura 3.6. Fornos de tratamento térmico utilizados neste trabalho, 3.5 Ensaios Mecénicos Os ensaios de tracgtio foram realizados numa méquina de tracgiio Shimadzu AutoGraph, com capacidade de aplicagio de uma carga mixima de 25 Toneladas. O equipamento de tracgio utilizado dispde de um extensémetro video, que foi empregue para determinar 0 aumento do comprimento de teferéncia de SO mm e assim determinar a tensfio limite convencional de proporcionalidade a 0,2% (Raa), de provetes com 10 mm de diémetro. Foram ensaiados trés provetes para cada condigfo de tratamento térmico, sendo os resultados obtidos indicados nas tabelas 3.4 a 3.8 e representados graficamente nas figuras 3.7 a 3.11. Os ensaios de tracco foram realizados de acordo com a norma NP EN 10002 de 1990. Os resultados mostrados para as temperaturas de transformago de 300 e 340°C foram obtidos pela Blandina Pinto." Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento a fadign de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado a0 CuMn Pagina 149 5.1 Tratamento Térmico de Recozimento de Homogene aca © tratamento térmico de recozimento de homogeneizacio, da microestrutura de bruto de vazamento do ferro nodular, foi a primeira etapa do processamento térmico do ADI. Este tratamento foi realizado antes da maquinagem dos provetes de tracgo @ dos discos de fadiga austemperados. 'As propriedades mecénicas obtidas ap6s recozimento esto indicadas na tabela 3.4. © material nestas condigdes satisfaz o grau 600-3 da Norma ISO 1083, ao qual est&io associadas: inigroestruturasferritco-perlticas. De salientar que o$ valores de resisténcia mecdnica obtidos foram elevados atendendo & elevada extensio apés rotura medida. Tabela 3.4. Propriedades mecénicas apés recozimento de homogeneizagiio. Ra Rea “Extensdo apés rotura (MPa) (MPa) % Valores | Valores | Valores | Valores | Valores | Valores Obtides | Médios | Obtidos | Médios | Obtidos | Médios 640 407 7 563 622 421 420 Nd 88 663 431 9,8 Nd — Nao determinado 3.5.2 Transformagao Isotérmica Classica © estudo do tratamento térmico de austémpera, com um dnico estigio isotérmico, incidiu sobre as temperaturas de 260 ¢ 380°C, tendo-se procurado determinar a janela do processo para cada uma delas. Os resultados dos ensalos de tracyio efectuados com este objectivo encontram-se indicados nas tabelas 3.5.6 3.6, [ilfuincin dos tatamentos eapelficos de um ADI sobre o seu comportamento& fadign de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 150 Tabela 3.5 Resultados dos ensaios mecdnicos efectuados a 380°C para a determinagéio da janela do processo. Re Roz Extensio apés Estagio (MPa) (MPa) rotura (%) (minutos) [Valores | Valores | Valores | Valores | Valores | Valores Obtidos | Médios | Obtidos | Médios | Obtidos | Médios 903 887 Nd | 626 | Nd 7,0 20 974 630 70 784 621 Nd 983 377 Nd 35 909 | 962 | 628 | 613 [a2 42 993 634 Na 943 Nd 5,3 33 853 soz [648 | 676 [Na 53 381 703 Na 939 653 37 84 O72 943 [669 | oss [38 10 918 702 64 Nd — Nao determinado A evolugdo das propriedades mecdnicas, em fungo do tempo de estdgio, dos ‘ratamentos realizados a 380°C apresenta uma tendéncia crescente, como se pode observar na figura 3.7. No entanto, os tempos de estigio enssiados sio relativamente longos para a temperatura de transformaglo isotérmica em questo. Os estudos dilatométricos apontavam Para a obtengiio de um valor maximo, de extenso apés rotura, situado préximo dos 35 minutos de estagio. Os niveis méximos atingidos para a resisténcia mecinica e a extensto apés rotura, no tratamento térmico realizado a 380°C, nfo satisfazem nenhum dos graus especificados na norma ASTM A897, conforme pode ser observado na figura 3.9. A gama de oscilagdo dos valores de alongamento € grande, enquanto, que a menor disperstio dos valores de resisténcia ‘mecfinica em torno dos limites do grau 2, apontam para a existéncia de uma janela de reduzidas Influéneia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 151 dimensdes para a temperatura de 380°C. O esclarecimento desta questdo poderé conseguido através da tealizagéo de ensaios de choque, método de grande sensibilidade para a determinago da janela do processo. Propriedades Mecanicas V/s Tempo de Estagio Temperatura de Transformacao Isotérmica: 380°C ae Bs seen | form ei Figura 3.7. Evolugdo das propriedades mecdnicas em fungéto do tempo de estagio & temperatura de transformagiio isotérmica de 380°C. Para a temperatura de transformagio isotérmica de 260°C houve lugar a determinagao da janela do proceso. As propriedades optimas para esta temperatura sto obtidas utilizando tempos de estégio da ordem dos 500 minutos. Como se pode observar na figura 3.8, a tensio de rotura tende a tomar-se constante ¢ a extensio apés rotura aproxima-se de um valor maximo para tempos dessa ordem. 'As propriedades obtidas para a temperatura de transformagaio isotérmica de 260°C, satisfazem o grau 4 das especificagdes da norma ASTM A897 ¢ estdo no limite das necessérias ao grav 5, salientando, portando, a boa ductilidade do material quando tratado para elevados niveis de resisténcia. Tafluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn_ Pagina 152 ‘A comparagiio entre as propriedades mecinicas obtidas para os tratamentos de transformagdo isotérmica, com um tnico estagio no dominio bainitico, esto representadas na figura 3.9. Tabela 3.6. Resultados dos ensaios mecdnicos efectuados a 260°C para a determinagdo da janela do proceso Ra Ror Extensio apés rotura Estigio (Pay (MPa) %) (minutos) [Valores | Valores | Valores [ Valores | Valores | Valores Obtidos | Médios | Obtidos | Médios | Obtidos | Médios 1427 1232 13 240 1407 | 1440 [1263 1248 13 15 1486 Nd Nd 1531 Nd 2,6 342, 1379 | 1470 Nd 1248 Nd 23 1500 1248 20 1540 1270 28 485, 1540 | 1542 [1346 | 1294 24 2,6 1545 1266 27 1559 BT 20 695 1548 | 1547 | 1357 | 1364 Nd 2,0 1534 Nd 21 ‘Nd = Nao determinado Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn. Pagina 153 : Propriedades Mecdnicas Vs Tempo de Estagio| ww ‘Temperatura de transformago isotérmica: 260°C Mongar 1020 : . : ’s a ise oS t ey : jor Di as 1900 +-—lenoz st hots no |__eMeoaaret | 4 ‘ ‘100 - 2 1000 - s x foots ey 28 : : % } Pilad2 s00 See Shoe 18 ‘00 + t a 1 fund ‘Tempo (minutos) 1000 Figura 3.8. Bvolugdo das propriedades mecdnicas em fung@o do tempo de estigio a temperatura de transformagtio isotérmica de 260°C. Austémpera Classica 10 Extensdo apés rotura, % Figura 3.9. Comparagdo entre as propriedades mecéinicas obtidas para austémpera cléssica e as especificagBes da norma ASTM A897. Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu eomportamento a fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 154 3.5.3 Dupla Transformacso |sotérmica Os resultados dos ensaios mecanicos obtidos para os tratamentos de austémpera com curto estigio no dominio martensitico, estio indicados nas tabelas 3.7 ¢ 3.8, A generalidade destes tratamentos produziu um abaixamento dos valores da extenstio aps rotura, Alguns dos tratamentos duplos, particularmente os transformados a 260°C, proyocaram um aumento da sensibilidade ao entalhe do ADI, uma vez que a maior parte dos provetes de tracglio acabaram por romper pelas respectivas cabegas de amarragiio, outros ainda quebraram no dominio eldstico. Na figura 3.10 6 feita a comparagtio das propriedades mecfnicas obtidos pelos tratamentos com dupla transformagiio e as especificagdes da norma ASTM A897. Estes resultados mostram que as duplas transformagbes, realizadas a 260°C, continuam a satisfazer 0 grau 4 desta especificagio e que a tentativa para alcangar as propriedades mecfinicas do grau S foi falhada Os tratamentos realizados a 380°C nfio preenchem os requisitos de nenhuma classe, a ductilidade é baixa para o nivel de resisténcia mecnica encontrada, enquanto que a uma temperatura intermédia (340°C) a gama de propriedades obtida permite satisfazer duas classes distintas de ADI, o grau 3 eo 4, Tabela 3.7. Resultados dos ensaios mectnicos realizados sobre provetes com tratamento duplo ¢ transformagao isotérmica a 380°C. ‘Temperatura | estégio Re Roz Extensio apés do dominio | Tec (MPa) (MPa) rotura, (%) martensitico | rimutos)| Valores | Valores | Valores | Valores | Valores | Valores co) minuto)! Obtidos | Médios | Obtidos | Médios | Obtidos | Médios 1069 | 862 Nd 190 30 1089 1073 813 876 3,6 3,3 1061 952 | 29 | | 1142, 893 21 170 45 1154 1132, 1000 947 18 2,0 | 01 | Nd 22 1241 1083 3,9 | 150 60 1258 1208 1006 1007 Nd | 3,9 | 1125 932 Nd d= Nao determinado Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento A fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI igado 20 CuMa Pagina 155 Tabela 3.8, Resultados dos ensaios mecénicos realizados sobre provetes com tratamento duplo e transformagao isotérmica a 260°C. Temperatura do] Ra Roa Extenstio apos | Estigio a domitio |e (MPa) (MPa) rotura. (%) martensitico | Valores | Valores | Valores | Valores | Valores | Valores (minutos)| 7 ' co) Obtidos | Médios | Obtidos } Médios | Obtidos | Médios ial O74 Nd 190 435 [isms | 1442 | Na | 09 | 19 | 16 1492 1244 13 1491 Nd Na 170 43s [user | 1451 [Na | 1356 [Na | 20 1502, 1356 20 1440 Nad Na 150 4ss [aa | 1444 [Nad | Na | Nd | Nd 1468 Nd Na ‘Nd —Nio determinado he Dupla Transformagao Isotérmica x0 . sss FURIES pa el eons ASTM A857 & | aoc i n02 © | peor: |= | we | w= " | |: — | jo fet Eat ot Figura 3.10. Comparagio entre as propriedades mecinicas obtidas para austémpera com dupla transformagdo e as especificagBes da norma ASTM A897. Taflutadia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado a0 CuMn Pagina 156 3.5.4 Comparacao entre as Propriedades Mec4nicas Obtidas para os Diferentes fatamentos de Austémpera Quando se comparam as mavens de pontos obtidos para a dupla transformagfo isotérmica a 340°C, figura 3.10, com os resultados da austémpera classica mostrados na figura 3.9, para essa mesma temperatura, observa-se que 0 tratamento duplo provoca a alteragio das Propriedades, no sentido de maiores valores de resisténcia mecénica e de menores valores de extensto apés rotura, Para o tratamento duplo a temperatura de 380°C a resisténcia aumenta 4@ extensio apés rotura decresce substancialmente. A 260°C a perda de propriedades mecénicas apés tratamento duplo foi geral. Na figura 3.11 é feita a compara¢ao entre as melhores combinagées de propriedades mecdnicas obtidas por cada tipo de tratamento térmico efectuado. Os resultados obtidos, para © tratamento cléssico, mostram um decréscimo linear da resisténcia mecnica, com o aumento da temperatura de transformacdo isotérmica. O tratamento duplo de austémpera produz, para temperaturas de transformacdo isotérmica mais baixas, valores de resisténcia praticamente Constantes, verificando-se pata as temperaturas mais elevadas um pequeno decréscimo com 0 aumento da temperatura. © esperado aumento dos valores de extensio apés rotura com o aumento da temperatura de transformagdo isotérmica verifica-se para os tratamentos clissicos. Nos tratamentos de austémpera duplos este aumento é pouco significativo. Na figura 3.11 observa-se que, comparativamente ao tratamento clissico, os valores de extensdo apés rotura obtides para 0 tratamento duplo foram baixos, sendo estes valores da ordem da extenso apés rotura proporcionada pelo ADI tratado de forma cléssica A menor temperatura. No entanto, para as temperaturas de transformagio mais elevadas, verifica-se um Sanho significative dos niveis de resisténcia mecénica, ao realizar um tratamento de austémpera duplo. Estes niveis podem mesmo aproximar-se dos obtidos pelos tratamentos classicos a baixas temperaturas de transformago, neste caso, a ductilidade dos tratamentos poderé ser semelhante, Tnftuéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o sea comportamento A fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 157 Resisténcia “i Alongamento| (MPa) Propriedades Mecanicas a 4600 2 20 1400 + oe 1200 1000 TARA 800 -E x Roz WW | 600 £10 Alongamento| 400 5 200 o ° (220 260 300 340 380 420 | ‘Temperatura de Transformagao Isotérmi ‘Figura 3.11. Efetto da dupla transformagao isotérmica nas propriedades mecdnicas. 3.5.5 Selece’o dos Tratamentos Isotérmicos © plano de trabalho experimental da dissertagtio contemplava a selecglio de um conjunto de tratamentos de austémpera, clissica e com dupla transformagfo, para o tratamento dos discos a utilizar no ensaio de fadiga de contacto, Um trabalho anterior”! realizado sobre engrenagens, exclula o interesse pelo fratamento térmico de transformagio simples a 380°C, devido a insuficiente resisténcia mecdnica do ADI transformado a esta temperatura. Assim, logo no infcio do trabalho foram seleccionadas trés temperaturas de tratamento cléssico, conforme se indica na tabela 3.9. 0 tempo de estigio utilizado a 260°C foi diferente do determinado pela figura 3.8, uma ‘vez que por raz6es de calendarizagio do trabalho experimental, na altura em que se tornou necessdrio 0 envio dos discos para maquinagem, os valores mostrados nessa tabela nfo eram ainda conhecidos. Dado que @ variagtio dos valores de ductilidade & muito pequena e a resisténcia mecdnica permanece constante, para os tempos de estagio da ordem das horas, a opefio foi entio tomada em fungao dos resultados conhecidos.!"7! Tnfludncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 158 Tabela 3.9. Temperaturas e tempos de estagio utilizados nos tratamentos de transformagéo classica. ‘Temperatura de transformago | Tempo de estigio, isotérmica, °C) (minutos) 340 105 300 240 260 | 690" l * (485 € agora considerado como o valor éptimo). Os tratamentos témicos com dupla transformagao isotérmica seleccionados sto indicados na tabela 3.10. O tratamento com transformagao isotérmica a 340°C destaca-se dos Festantes, em termos das propriedades mecfnicas alcancadas, tendo sido ensaiado o seu ‘comportamento a fadiga de contacto. Os restantes dois tratamentos duplos no oferecertio vantagens priticas sobre os restantes quatro tratamentos, Nos tratamentos duplos realizados a 260°C houve uma degradagaio das propriedades mecénicas destes relativamente & austémpera clissica. A 380°C os valores de resisténcia mecénica obtidos para o tratamento duplo superam as do tratamento simples, no entanto, so baixos relativamente a outros tratamentos duplos ou simples. Apesar destes motivos, foram tratados os discos correspondentes a estes tratamentos para eventual ensaio. Tabela 3.10. Condigdes de dupla transformagdo isotérmica seleccionadas, para 0 tratamento dos discos, para a realizagdo do ensaio de fadiga de contacto. Temperaturano | Estégio no dominio | ‘Temperatura de | Tempo de estagio dominio martensitico ‘transformagaio de transformagaio martensitic, °C) (minutos) isotérmica, (°C) (minutos) 150 380 | 60 { 190 5 340 105 190 260 485) Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 6 sea comportamento & fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 159 3.6 Metalografia A observagio ¢ 0 registo das microestruturas foi realizada num microscépio éptico da marca Zeiss, As amostras para observacio metalogréfica foram recolhidas das cabegas dos provetes de traccfo e preparadas por técnicas convencionais de metalografia. As amostras foram atacadas com o reagente nital (3% de Acido nittico + 97% de alcool), sendo as microestruturas mais significativas sio mostradas nas figuras 3.12 a 3.16. ‘A microestrutura de bruto de vazamento apresenta nédulos de grafite com uma grau de nodularidade superior a 85% e uma matriz metélica constituida fundamentalmente por perlite fina, Esta microestrutura é representada na figura 3.12. ‘Figura 3.12, Microestrutura de Bruto de Vazamento do ADI em estudo, Matriz essencialmente perlitica tratamento térmico de recozimento de homogeneizagio, conduzido a 1000°C, com estégio de 1,5 horas e arrefecimento no interior do forno, mantém a microestrutura da matriz, Infludncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 160 do ferro nodular ligado a0 CuMn essencialmente perlitica, no entanto, promove um ligeiro aumento da quantidade de ferrite na matriz. metélica e a criagtio de uma perlite com lamelas mais espessas. Esta microestrutura pode ser observada na figura 3.13. Figura 3.13. Microestrutura apés recozimento de homogeneizagito (1000°C/90 minutos). Matriz essenctalmente perlitica As microestruturas correspondentes aos tratamentos térmicos de austémpera encontram-se representadas nas préximas trés figuras, A microestrutura formada & temperatura de transformagdio isotérmica de 260°C pode ser observada na figura 3.14. A sua matriz, metélica 6 constitulda por ausferrite inferior de estrutura muito fina e com elevada fraceo voltimica de ferrite bainitica acicular. Na figura 3.15 ¢ mostrada a mictoestrutura resultante do tratamento de austémpera, realizado a 340°C. Nesta fotomicrografia pode ser observado 0 aspecto da ausferrite formada ‘no dominio superior, sendo maioritariamente constituida por ferrite bainitica, rodeada por austenite enriquecida em carbono (zonas mais claras da imagem). Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pégina 161 Figura 3.14, Transformagao isotérmica a 260°C durante 690 minutos. Microestrutura: ausferrite inferior Figura 3.15. Transformagao isotérmica a 340°C durante 105 minutos. Microestrutura: ausferrite superior Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pégina 162 A microestrutura esperada apés a realizagio do tratamento de austémpera, com curto estgio no dominio bainitico, consiste numa distribuigdo de martensite revenida pela matriz de ausferrite, Na figura 3.16 pode ser observada a microestrutura da transformagao isotérmica efectuada a 340°C, apés um curto estagio a 190°C. Comparando esta microestrutura com a mostrada na figura 3.15, observa-se um caricter mais acicular da estrutura que possui tratamento duplo, Efectivamente a identificagto de martensite revenida, cuja aparéncia tende a ser acicular a partir de teores em carbono préximos de 1,0 %, toma dificil de se efectuar neste de microestruturas, utilizando a microscopia éptica, pelo que a microestrutura mostrada na figura 3.16 nflo pode ser descrita com detalhe, Figura 3.16. Transformagiio isotérmica a 340°C durante 10S minutos antecedida de um curto estdgio a 190°C. Microestrutura: ausferrite superior com martensite revenida Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado a0 CuMn Pagina 163 3.7 Discussdo de Resultados ‘As duas causas que estiveram na origem do trabalho, desenvolvido neste capitulo, foram resolvidas, Foram melhoradas as propriedades mecdnicas anteriormente obtidas, para a temperatura de transformagio isotérmica a 380°C, com estigio duplo e foi determinada a janela do processo a 260°C, mostrando a viabilidade em reduzir 0 tempo do tratamento de austémpera a esta temperatura (de 690 para 485 minutos), ‘A primeira falha apontada foi resolvida com 0 aumento do tempo de estigio, correspondente 4 transformagio da austenite no dominio martensitico. O estagio que anteriormente tinha sido de 30 segundo e julgado insuficiente nfo teria formado a quantidade de martensite desejada, O aumento deste tempo de estigio para 5 minutos proporcionou o aumento da resisténcia mecdnica final do ADI austémperado a 380°C. Para a temperatura de 260°C, o tempo de estégio, que anteriormente fora calculado em 11,5 horas, foi encurtado para tempos proximos das 8 horas, obtendo-se assim a melhor combinago entre a resisténcia mecfnica e a extensio apés rotura, atingida para esta temperatura. Todo o material que foi austemperado neste trabalho, foi inicialmente submetido a um tratamento térmico de recozimento de homogeneizagio. Este tratamento modificou a microestrutura de bruto de vazamento. As propriedades obtidas apés o recozimento satisfazem © grau 600-3 da norma ISO 1083, A microestrutura da matriz, no estado recozido, é essencialmente perlitica, sendo mais grosseira do que a microestrutura que a antecedeu. Os valores de extensto apés rotura atingidos, no final do tratamento, foram elevados, atendendo & elevada resisténcia mecfinica e a microestrutura da matriz que thes estfio associados. Se a determinagdo da janela do processo a 260°C foi conseguida com sucesso, 0 mesmo no se passou para a temperatura de transformagao isotérmica de 380°C. As propriedades mecinicas obtidas, em fimnglo do tempo de estégio, para esta ultima temperatura, apresentam uma tendéncia crescente, no entanto, 0 tamanho da respectiva janela do processo deverd set muito pequeno, pelo que o ponto de mixima extensio apos rotura nfo terd sido encontrado, devendo-se subtilmente situar para valores préximos dos 35 minttos de estégio. ‘As propriedades mecfinicas atingidas apés os tratamentos de austémpera clissica TafiuGncla dos tratamentos especfficos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 3 Desenvolvimento de um ADI ligado ao CuMn Pagina 164 realizados, satisfazem os graus 2, 3, 4, 5 especificados na norma ASTM A897. O grau de maior ductilidade néio foi atingido, nos estudos até agora realizados, no entanto, apesar de se poderem esbogar mais tentativas nesse sentido, os valores de resisténcia mecénica que podertio ser atingidos serio baixos, para a aplicagdo segundo a qual este ADI tem sido desenvolvido, Por esta razo 0 estudo no progrediu. O grau 5 da norma referida, foi atingido apenas para alguns dos provetes ensaiados. Os tratamentos térmicos realizados a 260°C situam-se sobre 0 limite dos graus 4 e 5, salientando por isso a boa ductifidade do material quando tratado para elevados niveis de resisténcia. Os tratamentos de austémpera com curto estigio no dominio martensitico produzem, na sua generalidade, um abaixamento dos valores da extensio ap6s rotura, comparativamente aos obtidos por austémpera classica realizada a mesma temperatura de transformag0 isotérmica. Os resultados do tratamento duplo permitem satisfazer os graus 2, 3 ¢ 4. Comparando os resultados da austémpera cléssica com os do tratamento duplo, observa-se que estes tiltimos provocam o deslocamento das propriedades mecénicas no sentido de niveis com maior resisténcia e menor ductilidade, se forem consideradas as mesmas temperaturas de transformagao isotérmica. ‘Nas temperaturas de transformagao mais elevadas verifica-se um’ ganho significativo dos valores de resisténcia mecénica, se for praticado um tratamento de austémpera com curto estigio no dominio martensitico. Estes niveis, para temperaturas de transformagio superiores a aproximadamente 300°C, aproximam-se dos obtidos pelos tratamentos clissicos realizados a baixas temperaturas de transformago, neste caso, a ductilidade dos tratamentos é comparivel, sendo estas propriedades obtidas para tempos de tratamento térmico substancialmente mais baixos, como por exemplo, a redugiio de 485 minutos para 110 minutos de transformagio isotérmica. Os ensaios mecéinicos realizados e os que eram anteriormente conhecidos, permitiram a selecgdo dos tratamentos térmicos que produziriam as variedades de ADI a utilizar nos ensaios de fadiga de contacto. Estes tratamentos serio susceptiveis de serem utilizados na austémpera de engrenagens. Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 165 L Capitulo 4 Ensaios de Fadiga de Contacto 4.1 Introdugéo 'A segunda parte experimental da dissertagdio consistiu na realizagdo de ensaios de fadiga de contacto e na anélise de um conjunto de caracteristicas a eles associndos 0 objectivo desta fase experimental eta a identificagio do comportamento das classes de ADI seleccionadas, em 3.5.4, quando sujeitas a fadiga de contacto, pretendendo-se assim sdentificar uma possivel correlagio entre o processamento térmico eo desempenho mecfnico. Um outro objectivo implicito na prética experimental levada a cabo, é a identificagio de um método expedito, que permita modelizar o comportamento do ADI a fadiga de contacto, prevendo deste modo a vida dos discos, sem que haja « necessidade de concluir 0 seu Tongo proceso de ensaio a baixas presses de contacto. Neste capitulo sio tratados 0s dados relativos aos ensaios de fadiga de contacto realizados, 08 quais podem ser agrupados de acordo com as seguintes tarefas efectuadas: + Ensaios de fadiga de contacto em maquina de discos, « Caracterizagio das escamas libertadas e que conduziram ao final do enssio de fadiga; «_Anilise da evolugdio de defeitos superficiais, artficiais e naturais, ao longo do ensaio de fadiga de contacto; « Andlise da vida a fadiga de contacto das variedades de ADI ensaiadas; = Anilise, ao longo do ensaio de fadiga, das particulas de desgaste libertadas pelas superficies em contacto e contidas no éleo lubrificante; + Andlise metalografica pés-ensaio da zona adjacente ao contacto. Trflcdacla dos tatamentos especificas de um ADI sobre o seu comportamento a fadige de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 166 4.2 Ensaios de Fadiga de Contacto 4A Maquina de Discos Os ensaios de fadiga de contacto foram realizados na maquina de discos que se mostra na figura 4.1. O equipamento de ensaio permite a imposigao de condigdes de contacto severas, sendo possivel: atingir presses de contacto méximas de 4 GPa; seleccionar as relagies de transmissiio de modo a que ocorra rolamento puro ou rolamento com deslizamento; promover © aquecimento do liquido lubrificante; e detectar a libertagdo de escamas, por intermédio de captores de proximidade colocados junto A superficie dos discos. © principio de funcionamento do ensaio encontra-se representado na figura 4.2 ¢ consiste na utilizago de discos, montados sobre veios, que rodam um sobre o outro a diferentes velocidades. Os discos sio submetidos a accdo de uma solicitagio normal 4 superficie de contacto. Enquanto que o lubrificante, aquecido a uma temperatura predefinida, é injectado na zona de contacto. A fea do contacto tem uma forma eliptica devido a diferente geometria dos discos utilizados, esférica e cilindrica, para os discos superior e inferior respectivamente, conforme se indica na figura 4.3. No disco superior foram realizadas duas indentagdes Rockwell C (150 Kg®), uma ao centro da pista de contacto do disco e a segunda na sua extremidade. As duas indentagdes esto espagadas de um quarto do perimetro do disco. A taxa de deslizamento utilizada foi de 9,8% calculada segundo a equagdo: [w.-v, Taxa de escorregamento = le escorregamento = a) onde U; e U;representam as velocidades lineares da periferia dos discos. Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 167 ») Figura 4.1. Ensaio de fadiga de contacto. a) Maquina de discos ¢ unidade de controlo; 1) Detalhe da maquina de discos. Tnfludncia dos tratamentos especifices de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pégina 168 Solicitagao normal (4) Disco Superior (répido) <1 Injecgito de Oleo Disco Inferior Impressio (Rockwell C) Figura 4.3, Representagdo esquematica da geometria do contacto. 4.2.2 Ensaios realizados e condigées de funcionamento Ensaiaram-se as classes de ADI indicadas na tabela 4.1, utilizando um total de 8 pares de discos nos ensaios de fadiga de contacto, isto &, um par por cada combinagiio pressfio de contacto/tratamento térmico, conforme indicado. Tabela 4.1. Combinagdes material/pressdo dé contacto ensaiadas. Temperatura detransformago |__Presstio de Contacto isotérmica 18 GPa 2.2 GPa 340°C 1 Par 1 Par 300°C 1 Par 1 Par 260°C 1 Par 1 Par 190°C+340°C 1 Par 1 Par s principais pardmetros de contacto esttio indicados na figura 4.2. As cargas aplicadas ¢ a espessura do filme lubrificante foram calculados usando um programa informatico desenvolvido por Luis de Magalhdes,” Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 169 Tabela 4.2. Parémetros fixos utilizados nos ensaios de fadiga de contacto Solicitagées Pardmetros ‘Unidades ‘Valores ensaiados Solicitagao normal N 4926 (pressio Hertz max. 1,8 GPa); 9000 (pressiio Hertz méx. 2,2 GPa) ‘Velocidade do disco esférico m/s 12,13 ‘Velocidade do disco cilindrico m/s 9,96 Taxa de escorregamento %. 98 ‘Geometria dos discos ‘Didmetro ‘mm 70 Espessura mn, 7 Curvatura do disco esférico mn, 103 Rugosidade (Ra) pm 0,9 (esférico); 0,2 (cilindrico) ‘Contacto A 1 28,57 B r 4,76 AB 1 6 ‘Pressiio de Hertz maxima 2,2 GPa Kiea do contacto mm" 613 3 um 48 Tite ‘MPa 660) ra “MPa 1041 Z, pm 555 Zo um 280 Pressio de Hertz maxima 1,8 GPa ‘Krea do contacto mm" air 3 ym 32, % MPa 540 2t ‘MPa 852, Zs hm 454 Zo pm. 229 Lubrificagio Tipo de dleo 1 ISO VG 68 Aditivado Temperatura do dleo °C 80 ‘Espessura especifica, A. f 0,5 Espessura do filme, hy um 07 Espessura do filme, fe um. 0.6 Propriedades fisicas do material ‘Médulo deYoung _ GPa 170 Coeficiente de Poisson i 03 ‘hfluGncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 170 Resultados dos Ensaios Re: Maqui le Discos O critério de resisténcia fadiga de contacto utilizado, diz respeito a libertagio de uma escama macroscépica (de profundidade geralmente superior a 0,2 mm). Nestas condigdes 0 sistema de controlo esté preparado para desligar a maquina de ensaio, sendo deste modo conhecido o nimero de ciclos que levaram produgo da escama. Periodicamente o ensaio de fadiga ia sendo interrompido, de forma a poder ser analisada a evolugio do estado superficial dos discos. Numa destas paragens foi observada uma cratera que nfo fora detectada pelos sensores do equipamento de ensaio. O par que corresponde a esta situagiio é 0 340°C/1,8 GPa, conforme se indica na tabela 4.3. Apenas o par 260°C/1,8 GPa apresentou ruido e sobretudo vibragiio excessiva que impediram 0 progresso do ensaio. Apesar de nfo ter sido libertada, deste par, uma escama macroscépica, os discos apresentavam no final do ensaio um desgaste superficial elevado. A tabela 4.3 mostra os resultados, em niimero de ciclos, que conduziram a libertagio da primeira escama de fadiga de contacto, para cada classe de ADI e respectiva pressio de contacto. Tabela 4.3. Niimero de ciclos até a libertagdo da primeira escama de fadiga de contacto. Tratamento Escama Detecgio da Pressio de térmico (a ciclos) escama* contacto (GPa) 340°C 260.000 a 22 340°C 500,000 » 18 300°C 212.000 a) 22 300°C 1.773.000 a) 18 190+340°C 260,000 a) 2,2 1904340°C 2.828.000 a) 18 260°C 623.000 a) 22 260°C 2.470.000 °) 18 * a) paragem da maquina por detecgio de escama; b) detecgao durante paragem: periédica, c) desgaste e vibragSes excessivas sem ocorréncia de escama. Influncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pégina 171 ‘A figura 4.4 mostra os resultados da vida a fadiga de contacto de cada variedade de 'ADI em fungdo da presstio de contacto, Nesta figura verifica-se que o nimero de ciclos necessirios para produzir uma falha & pressio de 2,2 GPa é da ordem de 300,000 ciclos para trds das variedades de ADI e de 600.000 ciclos para a classe de maior resistencia mecénica. Ao baixar a pressio de contacto, o nimero de ciclos para produzir uma escama aumentou, como era esperado, No entanto, esta falha verificou-se mais cedo do que é assinalado no grafico para ADI tratado a 340°C, Para a temperatura de tratamento de 260°C, 0 nimero de ciclos realizar para produzir uma escama deveria ser maior, uma vez. que esta no chegou a ser produzida. Estes resultados sto susceptiveis de serem interpretados do seguinte modo: Se 0 ponto do wrifico correspondente a0 par 260°C/1,8 GPa fosse deslocado para a direita, as variedades de ADI com maior dureza (retirando 0 tratamento simples de 340°C) poderfo ter um comportamento linear ¢ paralelo entre si, no que diz respeito a relagao entre a pressio de contacto ¢ o nimero de ciclos necessétios para produzir uma escama. O ADI com austémpera simples a 340°C teve uma falha pressio de contacto de 1,8 GPa precoce, relativamente a0 indicado na figura, pelo que poder possuir um comportamento independente dos restantes 3 ‘ratamentos, uma vez. que comparativamente as outras variedades ensaiadas, possui uma baixa dureza e resisténcia mecanica. [Pressdo de Contacto Resisténcia & Fadiga de Contacto (GPa) Critério: Libertag&o de escama 24 22 1.6405 1E+06 1:07 Numero de Ciclos Figura 4.4, Libertagto de escama em fungdo da presséio de contacto ¢ do mimero de ciclos. Tnfisdacia dos tratamentos especficos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 172 4.2.4 Relac&o Entre as Propriedades Mecnicas de Cada Variedade de ADI e a Vida & Fadiga de Contacto Relacionando as propriedades mecinicas desenvolvidas no trabalho apresentado no capitulo 3 com as pressées de contacto ensaiadas, foi possivel encontrar as constantes da equacao de vida do contacto dos discos em estudo e determinar uma correlagdo entre a temperatura de transformagio isotérmica e o mimero de ciclos que conduz a falha deste contacto. A manipulagao dos dados neste estudo é mostrada através da tabela 4.4 e das figuras 45048, Como foi descrito no subcapitulo 2.6.2.3 a vida de um contacto varia em fingao da relagdio entre a carga admissivel e a carga aplicada, de acordo com a equago 2.63. No caso em estudo, esta andlise pode ser efectuada através da resisténcia mecdnica das variedades de ADI ensaiadas ¢ das pressdes de contacto utilizadas. Para transpor o estudo de uma relagio entre cargas, para uma outra entre tensbes, deve-se considerar 0 seguinte: © A relagdo entre a pressiio de Hertz para um contacto pontual, situagio verificada no inicio dos ensaios de fadiga realizados, é do tipo pontual, sendo dada pela expressio ak 1, = Fk Lr as BE* Po 2 C, [4+ a)E*T (42) + A medida que o ensaio de fadiga vai decorrendo, as superficies em contacto tendem a produzir um contacto do tipo linear. Neste caso, a relagio anterior passa a ser obtida pela equagio P (43) + A carga admissivel é relacionada com a tensdo de rotura do material por uma Telagio « Ru = Feim/ Area (44) Infiuéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fdiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pégina 173, ‘Atendendo as ultimas trés expresses, foi efectuado o estudo da vida & fadiga de contacto dos discos ensaiados, considerando dois tipos de relages Ru/P*couace © Ra/P conta O estudo que apresentou melhor correlagao foi o correspondente a um contacto do tipo linear, ‘no entanto, a diferenga dos valores das correlagdes entre as duas situagdes é da ordem de 0,01. Os resultados seleccionados ¢ incluidos neste subcapitulo so os indicados na tabela 4.4. Tabela 4.4. Libertagtio de escama em fungtio do tratamento térmico e da pressiio de contacto. Pressio de contacto ‘Temperaturas de Ra 2,2 GPa 1,8 GPa transformagiio isotérmica| (MPa) Ciclos RalPo’ Ciclos RevPo eo) (10% Mpa’) (10* Mpa) 340 1143 T / 500.000 353 300 1433 212.000 296 1.773.000 423 260 1623 623.000 335 2.470.000 SOL 190+340 1308 260.000 270 2.828.000 404 ‘Na figura 4.5 sio mostrados os resultados obtidos para cada uma das pressdes de contacto utilizadas. O indice de correlagio do gréfico com a pressio de contacto de 2,2 GPa é necessariamente igual a 1, uma vez que o ajuste é efectuado utilizando apenas dois pontos. Para a pressio de 1,8 GPa, os quatro pontos utilizados para a tragagem do grifico ajustam-se com excelente correlagio a recta tragada. Na figura 4.6 sto agrupados os resultados obtidos para ambas as presses utilizadas, verificande-se que se mantém a excelente correlagio entre a vida a fadiga de contacto © a relagtio tensio de rotura/quadrado da pressio de contacto, Nesta figura ¢ possivel sinda comparar os tratamentos de austémpera simples com os do tratamento duplo. A tendéncia observada, aponta no sentido de que a austémpera com dupla transformacio proporcions aumento do niimero de ciclos, até se produzir a libertaglio de escama, para uma relagio resisténcia/pressio de contacto constante, As linhas aproximar-se, para os valores mais baixos de RewlP* contacto ‘possui um maior declive. de tendéncia mostradas parecem sendo o tratamento duplo o que Tnfluéncia dos tratamentos esp clficos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 174 Ciclos| ilo fac) _--Aust8mpera Simples: 22 GPa eto) ‘Austémpera Simples: 1,8 GPa Figura 4.5. Curvas de vida em fungéio da relagdo resistencia mecénica/presstio de contacto € das pressbes de contacto utilizadas. @) Tensdo de rotura (Rr), Pressiio de contacto (Pq): 2,2 GPa. 1b) Tensiio de rotura(Rz), Pressito de contacto (Po): 1,8 GPa. if fis 0,0E+00 1,0E-04 2,06-04 3,06-04 4,0E-04 5,0E.04 6,0E-04) Ry/Po? Figura 4.6. Curvas de vida em fungéio da relagao entre a tenstio de rotura e 0 quadrado da presstio de contacto. Tensiio de rotura (Rm), Presstio de contacto (Po): 1,8 @ 2,2 GPa. Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 175 ‘Ao comparar os valores das relages Re/P"contaio Com a temperatura de transformacao isotérmica observa-se, com excelente aproximagio, um comportamento linear entre as grandezas comparadas. Esta relagiio & mostrada na figura 4.7. O acréscimo de resisténcia mecinica que o tratamento duplo apresenta para a temperatura de 340°C, niio permite o seu ajustamento as linhas de tendéncia tragadas. |Rup? Presi de Contacto: 2,2 GPa FWP! Presstio de Contacto: 1,8 GPa ‘Temperatura a) Figura 4.7. Relagfio entre a resisténcia mecinica e 0 quadrado da presstio de contacto em _fungtio da temperatura de transformagéio isotérmica. @ Pressdio de contacto (P,): 2,2 GPa. 1) Presséio de contacto (P,): 1,8 GPa. Se a relagiio entre a tensto de rotura e o quadrado da presséo de contacto fungzo da temperatura de transformagio isotérmica, conforme se observa na figura anterior, © permite prever a vida a fadiga de contacto, entio esta previsio poderd também ser efectuada quando se selecciona a temperatura de transformagéo isotérmica a utilizar no tratamento de austémpera, De facto, esta previsto pode ser realizada com boa aproximago, conforme se mostra na figura 4.8, principalmente para a pressio de contacto mais baixa. Uma vex mais 0 tratamento duplo tem um comportamento de destaque relativamente aos demais resultados, possui uma vide clovada para a temperatura de 340°C e pressio de contacto de 1,8 GPa. Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 176 Austémpera Simples e Dupla 300-320 Temperatura, °C Figura 4.8. Efeito da temperatura de transformagiio isotérmica na fadiga de contacto, 4.2.5 Anélise das Escamas de Fadiga de Contacto As escamas libertadas da superficie foram caracterizadas no que diz respeito a sua érea profundidade. A Grea das escamas foi determinada por andlise de imagem, isto é por medigio da Percentagem de érea ocupada pela escama na imagem, conforme se ilustra na figura 49, O Contraste da imagem inicial foi melhorado manualmente, delimitando 0 contorno da escama. Foi utilizado o programa "PAQUT’, desenvolvido pelo CEMUP - Centro de Materiais da Universidade do Porto, para efectuar as medigdes da area das escamas, A medigo da profundidade da escama foi efectuada num microscépio éptico, através de um processo de focagem alternada da superficie e do fuzndo da escama, o deslocamento do disco entre focagens foi medido trés vezes, tendo sido determinado o respectivo valor médio or disco, A amplitude méxima de dispersio em toro do valor médio foi de +25 um Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento A fadiga de contacto ‘Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 177 » Figura 4.9, Medigao da érea das escamas. @ imagem adguirida; b) imagem utilizada na medigdo da drea. s resultados da caracterizag#io das escamas so apresentados nas tabela 4.5 ¢ 4.6 ¢ nas figuras 4.10 € 4.11 Tabela 4.5. Resultados obtidos na determinagao da drea da escama. Presso de | Tratamento Dimensdes ] Area | ‘Area contacto | térmico da imagem Imagem Escama (GPa) ec) | Gm am | Gm’) | %) [Gum 22 340 7228 3556 | 40,1581 | 54,0 | 21,6854 18 | 340 4604 3407 | 15,6835 | 46,7 | 7,3242 2,2 300 5651 4937 27,8969 | 50,2 | 14,0042 18 300 2740 2840 7,7816 | 45,6 | 3,5484 2.2 1904340 56844 3406 19,3588 | 51,6 | 9,9891 Te] isoraa0 | aaa] 3730“ TAT] 545 | 7.6807 | 22 ~ 260 5000, 4370 | 21,8537 | 54,0 | 11,8010 18 | 260* - | : - - 7 nilo ocorren @ Hibertagdo de uma escama, mas sim um considerdvel desgaste superficial e fortes vibragées em funcionamento. Jaflugncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 178 A Srea da escama sendo sempre maior que a area de contacto, cresce com o aumento da pressio de contacto, A dtea da escama libertada aproxima-se da érea da zona de contacto, para alguns dos discos ensaiados, nomeadamente, os submetides a pressto de contacto de 1,8 GPa. © aumento da drea da escama é mais répido do que © que se verifica para a Area de contacto, pelo que se observa 0 afastamento entre estas & medida que a pressiio aumenta, conforme se observa na figura 4,102). Por esta raziio, foi tragado 0 gréfico da figura 4.10b), no qual se mostra a evolugtio da relasso entre a rea da escama e a do contacto, com o quadrado da presstio de contacto, Esta representagio foi escolhida devido ao seguinte: Sendo a=L_» ~C, (A+ B)E* (4.5) e ‘ 46 eno, a area de contacto serd igual a 1m 1 a Py an C, (A+ BJE "KC, (A+ B)E* kC,’ (A+ B)E*F Na figura 4.10b) observa-se um aumento da relagdo entre a drea da escama e a area de contacto, com 0 aumento do quadrado da presstio de contacto, As rectas correspondentes As variedades de ADI com tratamento simples sto paralelas entre si, com declive proximo de 0,5 Enquanto que a recta do tratamento duplo é praticamente paralela ao eixo de p,”, sendo a Area da escama cerca de duas vezes superior A dea de contacto, Tinfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 6 seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Area, rea da escama Vs 25,0 _Pressio de Contacto Area da escama / Area de Contacto ~~ T hrea de Contacto Vs Pagina 179 30 300 21905340 % 260 Pressdo de Contacto 22 Presse de Contacto, GPa 2a 5) Figura 4.10. Variagato da drea da escama em fuunctio da pressito de contacto. Area de contacto: 6,13 mm? (2,2 GPa); 4,11 mm (1,8 GPa). 1) Grea da escama medida; b) drea da escama/area de contacto. Os resultados obtidos na determinagio da profundidade das escamas libertadas da superficie de contacto sfo indicados na tabela 4,6. Encontram-se ainda acrescentados na Jafiudncia dos tratamentos espeoificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pégina 180 tabela, os valores das profundidades 4s quais ocorrem as tenses méximas de corte, Z,, e ortogonal, Zo. Tabela 4.6, Resultados obtidos na determinagao da profundidade da escama Pressio de contacto | Tratamento térmico | Profundidade (* 25 ym) (GPa) @C) (um) 2 340 [ 504 3 340 I 456 22 300 16 18 300 266 2,2 190#340 456 18 190#340 134 22 260 314 Zs 355 22 Zo 280 Z, 454 18 Z a) Na figura 4,11 encontra-se representada a profundidade das escamas e dos valores de Z, © Zo em fungio das presses de contacto utilizadas. Na figura identifica-se que a generalidade dos valores de profundidade das escamas se situa em tomo da gama compreendida entre Z, € Zo. Nos discos com o tratamento de austémpera clissica realizado a 340°C, a profundidade da escamas situa-se proximo de Z,, independentemente da pressfos aplicada A profundidade da escama do ADI tratado a 260°C e solicitado a presstio de contacto mais elevada localizou-se préximo do valor de Zs, Os restantes dois tratamentos, cujas durezas e resisténcias stio intermédias as dos tratamentos descritos, comportaram-se de forma distinta, isto 6, & pressdo de contacto de 1,8 GPa, a profundidade das escamas libertadas aproximaram-se do valor de Zo, enquanto que, para a pressiio de 2,2 GPa os resultados foram deslocados, situando-se em tomo de Z, ‘As proflundidades das escamas situam-se entre os valores de Zo e Z, onde os campos de ‘tenses instaladas apresentam os seus valores méximos, em termos de tenses relevantes para © fenémeno de fadiga de contacto, Esta gama de profundidades demostra claramente que se trata de um fenémeno tipico de fadiga de contacto, com a propagagiio de fissuras na zona ctitica da subcamada hertziana, originando a formago de escamas (“spalls") Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 181 Profundidade (um) 7000 | 6000 : ~0- 190340, oo 18 1 2 22 24 Presse de Contacto (GPa) Figura 4.11. Variagéio da profundidade da escama em fungito da pressto de contacto. x 260 4.3 Evolugdo das Indentagées de Dureza Durante os Ensaios ‘Ao longo dos ensaios de fadiga de contacto foi analisada a evolugdo do aspecto das superficies em contacto, nomeadamente, o aparecimento e progresso de defeitos superficiais. Foi também observada a evolugio das indentagbes de dureza e o aumento da respectiva érea afectada, Esta andlise foi realizada interrompendo o ensaio apés um dado nimero de ciclos & ccaptando imagens da superficie nessa altura, Na andlise das impressdes de dureza foi utilizado um equipamento éptico mével ligado a um sistema de video, conforme se mostra na figura 4.12. As lentes utilizadas permitiam ampliages de 50x ¢ 10x. A quantificagio das éreas medidas foi realizada utilizando 0 programa de andlise de imagem “PAQUI", atrés referido. Tniluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 182 4.3.1 Andlise das Impress6es de Dureza Com 0 objectivo de acelerar 0 processo de dano por fadiga de contacto foram criados nos discos dois defeitos superficiais, sendo para este eftito efectuadas duas indentagbes, Rockwell C. A técnica foi j4 utlizada noutros trabalhos como forma de estudar a iniciaglo e propagagio de fissuras de fadiga.™! A utilizagao deste método procurava proporcionar um meio expedito de prever a vida do ADI A fadiga de contacto, como forma de evitar a realizayo de longos enssios a outras (baixas) pressbes de contacto. Figura 4.12. Equipamento uttlizado para a aquisigdo de imagem. AAs impresses de dureza provocam a formago de um rebordo & sua volta com uma altura de 30 um, que responsivel por uma alterag#o local da rugosidade superficial e consequente redugiio da espessura do filme lubrificante. Nestas condigdes, a deformagao plastica verificada e o facto de existir uma discontinuidade de material, na zona da impressio de dureza, Ievam a que o fenémeno de fadiga de contacto se manifeste precossemente nesta zona, Tnfluéacia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 183 ‘As impress6es de dureza foram caracterizadas conforme se mostra na figura 4.13. Utilizando o sistema de analise de imagem anteriormente descrito, foi estudada a variagto da ‘rea das calotes de dureza Rockwell C, bem como a respectiva zona afectada. Os valores de dureza obtidos em fungao do tratamento térmico e os correspondentes didmetros dessas impresses, antes do ensaio de fadiga, s8o indicados na tabela 4.7. b) Figura 4.13 Caracterizagdio da impressdo de dureza, 4) perfil medido; 5) aspecto da impressdio de dureza antes do ensato. Tnfivéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto. Pagina 184 Tabela 4.7. Valores de dureza Rockwell C dos discos ensaiados. ‘Tratamento Térmico | Didmetro das calotes | Dureza dos discos ec) 0 ciclos (tum) (ARC - 150 Kgf) 35/32/36/36 340 Nd | HRC: 35 | 43/ai/azar 300 800/776/760/760 HRC: 42, | — soorrea 40739732142 HRC: 38 F6AGTAGTAS 260 640/640 HRC: 46 | Nd—Néo determinado Com o aumento do nimero de ciclos do ensaio de fadiga, vao surgindo na zona do rebordo (zona afectada pela impressio de dureza) diversas fissuras de fadiga. Estas fissuras ocorrem numa zona, cuja forma se aproxima de um circulo, em tomo da incistio de dureza, conforme se mostra na figura 4.14a). Esta area vai sucessivamente crescendo A medida que 0 ensaio decorre, A delimitago das zonas em estudo fi realizada recorrendo & marcagio de circulos que circunscrevessem a rea pretendida Este proceso é mostrado na figura 4.14b). As reas foram medidas pela mesma técnica utilizada na determinagao da area das escamas. A evolugdo do difametro das calotes e da correspondente zona afectada ¢ representada na figura 4.15, sendo utilizado, como exemplo, o par de discos com tratamento duplo e ensaiado a uma press8o de contacto de 1,8 GPa. Os resultados obtidos ao longo dos ensaios de fadiga de contacto, para a medigio do didmetro da impresstio de dureza e da respectiva zona afectada, sto indicados nas tabelas 4.8 ¢ 4.9. As areas medidas para as calotes localizadas, quer no centro da pista, quer na extremidade do disco foram semelhantes, pelo que o registo gréfico incluido na dissertagaio diz respeito apenas & calote de dureza central, ‘A comparagdo entre o crescimento das Areas analisadas, em fungo do nimero de ciclos, para os diferentes tratamentos térmicos efectuados é representada graficamente nas figuras 4.16 a 4.18. Influétcia dos'tratamentos espccificos de um ADI sobre 6 seu comportamento 8 fadiga de-contacio Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 185 a) Figura 4.14. Processo de medi¢do das dreas dos picos de dureza e da zona afectada. a) Imagem adquirida; b) Método utilizado para delimitar as dreas medidas. » Tabela 4.8. Resultados obtidos para a medigito das dreas da indentagdo de dureza e da sua rea afectada (pressio de contacto: 2,2GPa). ‘Nimero de Didmetro Area Ciclos um ma Centro Extremidade Centro Exiremidade Calote | Z. AE | Calote | Z. AF | Calote [ Z. Af | Calote [ Z. AF 34PC 30.000 [572 | 1000 | 572_| 1076 | 0,257 | 0,785 | 0,257 | 0,909 700.000 | 624 | 1360 | 604 | 1364 | 0,306 | 1,452 | 0,286 | 1,460 200,000 | 540 | 1284 | 544 | 1580 | 0,229 | 1,294 | 0,282 | 1,960 300C 0 300 [0 | 776 | 0 | 0,502 | 0,000 | 0,473 | 0,000 To0000 | 612 _| 1120 | 640 | 1332 | 0,294 | 0,985 | 0,322 | 1,393 200000 | 648 | 1240 | 608 | 1184 | 0,330 | 1,207 | 0,290 | 1,100 212000 | 616 | 1240 | 632 | 1300 | 0,298 | 1,207 | 0,314 | 1,327 1905340°C. 100000] 656 _[ 1012 [676 | 1220 [0,338 | 0,804 | 0,359 | 1,168 | 200000 | 680 | 1088 | 660 | 1248 | 0,363 | 0,929 | 0,342 | 1,228 2600001612 | 1140 | 628 | 1192 | 0,294 | 1,020 | 0,310 | 1,115 FC 0 0 [0 | 672 | 0 | 0,322 | 0,000 | 0,354 | 0,000 | To0.000 | 580 [ 1288_[ 548 | 1016 | 0,264 |7,302 | 0,236 | 0,810 200.000 |560 | 1424 | s64_| 1200 | 0,246 | 1,592 | 0,250 | 1,130 | 500.0001 532] 1976 | 524 | 1268 | 0,222 | 3,065 | 0,216 | 1,262 623,000 [504 | 2244 | 548 | 1392 | 0,199 | 3,953 | 0,236 | 1,521 Tnfiugacia dos ratamentos especificas de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 186 Tabela 4.9, Resultados obtidos para a medigéio das creas da indentagdo de dureza e da sua Grea afectada (pressdo de contacto: 1,8GPa). ‘Numero de ‘Didmetro ‘Area | Ciclos pm mn | Centro Extremidade Centro Extremidade Calote | Z. Af. | Calote | Z. Af [| Calote | Z. Af. | Calote | Z. AE 340°C 200.000. 696 1432 680 1324 | 0,380 | 1,610 | 0,363 | 1,376 | 500.000. 672 1600 648 1648 | 0,354 | 2,010 | 0,330 | 2,132 oO 760 oO 0,453 | 0,000 } 0.453 | 0,000 100.000 668 1144 0,350 | 1,027 | 0,346 | 0,902 300.000 508 1480 0,203 | 1,719 | 0,322 | 1,286 L 04 552_| 1656 0,239 | 2,153 | 0,239 | 2,091 700.000 584 | 2188 0,268 | 3,758 | 0,286 | 2,258 1000.000__|~588_| 2360 | 0,271 [4,372 | 0,271 | 4,387 L.500.000_ 544 | 3012 0,232 | 7,122 | 0,294 | 8,099 1.773.000, 572_| 3960 0,257 | 12,310 | 0,306 | Nd 0 800 | 0 0,502 | 0,000 | 0,458 | 0,000 100.000 688 1260 0,372 | 1,246 | 0,298 | 1,230 300.000 680 1232 0,363 | 1,191 | 0,310 | 1,230 660 | 1180 0,342 | 1,093 | 0,306 | 1,286 672 1384 | 0,354 | 1,504 | 0,302 1.000.000. 620 | 1356 | 0,302 | 1,443 | 0,302 [ 1,443 1.500.000 604 1528 | 0,286 | 1,833 | 0,286 | 1,833 2,000.00 | 620 | 2032 0,302 | 3,241 | 0,302 | 3,241 2.500.000 612 | 2024 0,294 | 3,216 | 0,294 | 4,797 2.828.000 | 592 | 2288 0,275 | 4,109 | 0,302 | 6,067 0 | 640 0 0,322 | 0,000 | 0,354 | 0,000 100.000, | 620 1072 0,302 | 0,902 | 0,212 | 0,630 300.000 | 560. 1044 0,246 | 0,856 | 0,212 | 0,849 500.000 | _532_| 1096 0,222 | 0,943 | 0,212 | 1,270 700.000. 556 1460, 0,243 | 1,673 | 0,271 | 1,223 1.000.000 536 | 1856 0,226 | 2,704 | 0,190 | 1,710 | 1.500.000. 548 | 3044 0,236 | 7,274 | 0,216 | Nd 2.000.000 3500_| Nd 0,196 | Nd | Nd_ [Na 2.470.000 496 Nd 0,193 | Nd | 0.190 | Nd Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pégina 187 Figura 4.15. Aspecto da evolugdo das éreas dos picos de dureza e da zona afectada ao longo do ensaio. (tratamento térmico: 190+ 340°C, pressdio de contacto: 1,8 GPa). Tnfluéncia dos tratamentos specifics de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 188 © didmetro das impresses de dureza diminui com 0 aumento do mimero de ciclos & tende a estabilizar num dado valor constante, como se pode observar na figura 4.16, Esta diminuigto ¢ mais répida no infcio do ensaio, até cetca de 500.000 ciclos, para os tratamentos simples € mais lenta para o tratamento duplo, cuja dureza é comparivel ao ADI tratado a 300°C. Esta diminuigio deverd estar associada a deformacaio plistica do rebordo da impressiio de dureza, que causa a deslocagto de material para 0 espago vazio da calote, Area Area da incisdo de dureza (mm?) Calote central -1,8 GPa 0.85 =< | [A 340° re] | c1s90+s40%6 soo 0 260% 0.28 s 1.0E+00 6.0E+05 1.06406 1.55406 2.05406 2.5408 3.0E+06 Namero de Cicios Figura 4.16. Area da impressdo de dureza em fungao do mimero de ciclos. Pressdo de contacto: 1,8 GPa. Nos gréficos 4.17 e 4.18 encontra-se representado o crescimento da area afectada com © aumento do mimero de ciclos do ensaio de fadiga de contacto. Os resultados apresentados, em ambes as figuras, possuem correlagSes notéveis com curvas exponenciais, excepto 0 tratamento simples realizado a 340°C e ensaiado a uma pressio de contacto de 2,2 GPa, © crescimento da zona afectada correspondente ao tratamento de austémpera duplo & mais lento do que o verificado para todos os restantes tratamentos, como se pode observar para ambas as press6es utilizadas. Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 189 Area afectada pela incisdo de dureza Calote central - 2,2 GPa 1,0E+05 4,0E+06| Namero de ciclos Figura 4.17, Area da zona afectada pela impresso de dureza em fungdio do mimero de ciclos, Press@o de contacto: 2,2 GPa. Area afectada pela incisao de dureza .8 GPa (mm?) 140 z sop I feat iome TET 10,0 +> 80 + 60 40 | Namero de Ciclos Figura 4,18. Area da zona afectada pela impressdo de dureza em fungdo do niimero de ciclos. Pressdo de contacto: 1,8 GPa. Tafludncia dos ratamentos especificos de um ADT sobre o seu comportamento a fadiga de contacto. Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pégina 190 E possivel definir um “factor de intensidade de tens6es” do tipo AK = Ar,,\ad = At, \xA =0,5pyN7A (4.8) onde A-~ rea afectada pela calote At - representa.a variagtio da tensio de corte ortogonal em cada ciclo de carga. crescimento da zona afectada com o nimero de ciclos & estabelecido pela expresstio (4.9) sendo os valores “/a; obtidos a partir da derivada das curvas mostradas na figura 4.18. Na figura 4.19 mostra-se a relagiio entre “/,y e AK para cada variedade de ADI. O grifico correspondente a pressio de contacto de 2,2 GPa niio foi elaborado dado o baixo niimero de medigdes efectuadas e a proximidade com que os pontos se situam em tomo de um mesmo valor de AK. s resultados mostrados na figura 4.19 e tabela 4.10 indicam que 0 crescimento da rea da zona afectada é relacionavel com o pardimetro AK considerado, segundo a lei de Paris, tendo sido obtidos os valores das constantes com excelentes correlagSes, conforme se mostra na figura 4.19. O expoente da equagio de Paris varia entre 1,9 e 2 e a constante dessa equagiio 6 de 6 a7x 10° paraa austémpera cléssica e cerca de 3 vezes menor para o tratamento duplo, Tabela 4.10. Valores das constantes determinadas experimentalmente para a equagao do “factor de intensidade de tensdes”, de acordo com (4.9). Po = 1,8 GPa. Tratamento térmico Cc (10)= ™m 300°C 6 : 1,9394 260°C 7 17,9876 190¥340°C 2 19170 Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pégina 191 at Crescimento da area afectada pela incisto de oe dureza com o numero de ciclos 46-04 16-06 Figura 4.19. Crescimento da drea da zona afectada pela incisito de dureza por ciclo em _fungito do pardmetro AK. Pressiio de contacto: 1,8 GPa. 4.3.2 Anélise das Superficies ‘As superficies dos discos foram, sendo observadas & medida que os ensaios iam progredindo. Dessa andlise ¢ mostrado, nas figuras 4.20 ¢ 4.21, um resumo das iniimeras imagens registadas. ‘A andlise da superficie dos discos ¢ complexa, uma vez que, os deftitos que vo surgindo so muitas vezes eliminados pelo processo de deformagao plistca da superficie, que cocorre a0 longo do ensaio. Vérias fissuras superficiais s8o identificadas nas primeiras observages efectuadas, da ordem dos 100,000 a 200.000 ciclos, no entanto, ciclos depois, essas mesmas fissuras deixam de poder ser identificadas, & medida que outras vio surgindo, “Apenas em dois dos pares de discos ensaiados, os tratados a 300°C, foi possivel ja na parte final do ensaio identificar 0 local onde viria a surgir a escama final. Foi deste modo impossivel identificar desde 0 inicio e acompanhar ao longo do ensaio, as fissures superficiais que conduziram & libertagdo das escamas. Tafluéncia dos Tatamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto, Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 192, resultado geral das observagdes efectuadas, sobre a superficie dos discos utilizados ‘nos ensaios de fadiga, aponta para duas tendéncias, uma que diz respeito aos tratamentos de austémpera clissicos e outro aos duplos. ‘Na figura 4.20 pode ser observada a evolugtio da superficie do disco cilindrico ao longo do ensaio, no caso do tratamento térmico realizado a 260°C e do ensaio efectuado A pressto de 1,8 GPa. A superficie inicial vai sendo danificada ao longo do ensaio de fadiga, com a formagiio de pequenas fissuras transversais e de microescamas, as quais vo aumentando em ‘tamanho ¢ em nimero até produzir uma superficie de trabalho degradada, Esta sequéncia de dano verificada nos discos com austémpera clissica é representada na figura 4.20, recorrendo a0 exemplo do ensaio mais longo para ilustrar o fenémeno, Figura 4.20. Evolugdo do aspecto superficial dos discos austemperados a 260°C. Presstio de contacto: 1,8 GPa. (Nx 10°) Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pégina 193 Na figura 4.21 também pode ser observada a evolugdo da superficie do disco cilindrico a0 longo do ensaio a 1,8 GPa, para o caso do tratamento duplo. Verifica-se que o fenémeno de iniciagto de fissuras parece ocorrer em cascata, isto ¢, verifica-se o aparecimento de fissuras com uma distribuigdo relativamente orientada, uma apés a outra, enquanto que nos restantes tratamentos, este fendmeno parecia ocorrer de forma relativamente aleatoria, O progresso das fissuras ao longo do ensaio, tende a produzir zonas com elevada concentragto das mesmas, rodeadas de outras zonas relativamente lisas e praticamente isentas de fissuras. No final do ensaio a superficie nfio apresentava o aspecto caracteristico de microescama ("micropitting"), ou seja, zonas de reduzidas dimens6es, aleatoriamente distribuidas, de onde foi libertado o material. Figura 4.21. Evolugdo do aspecto superficial dos discos com tratamento duplo. Pressiio de contacto: 1,8 GPa. (Nx 10°). Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADT sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 194 4.4 Andlise por Ferrografia das Particulas Contidas no Lubrificante A anflise das particulas libertadas das superficies dos discos para 0 éleo lubrificante foi efectuada utilizando dois métodos’ © Ferrografia de leitura directa (figura 4.22), que consiste na avaliago quantitativa da concentragio de particulas ferrosas contidas no lubrificante, © lubrificante flui num capilar, onde, por acco de um campo magnético ¢ por sedimentagao, as particulas sfio retidas. capilar ¢ atravessado por duas fontes luminosas em dois pontos definidos, sendo a quantidade de luz retida Cada um dos ponto representa um indice, 0 de grandes particulas, DZ, e o de pequenas particulas, DS. Uma vez determinados os valores de DS e DL, podem-se definir 0: * fndice de concentragao de particulas, CPUC DS+DL (4.10) UC cPuUC a * Indice de severidade de desgaste, ISUC. DE —ps* ISUC = @u) onde d € a diluig&o do lubrificante num solvente, * Ferrografia Analitica (figura 423), Esta técnica permite realizar uma observagio microscépica das particulas contides num hubrificante, de forma a poderem ser observadas certas caracteristicas, tais como, o tamanho, a morfologia, a cor e o tipo de superficie, ete. Para a observagdo microscépica, normalmente, procede-se & dilUuigio da amostra do lubrificante num solvente, seguindo-se a deposig&o das particulas sobre um substrato de vidro, Apés esta operagio a lamina de vidro com as particulas (ferrograma) pode ser estudada ¢ efectuado um registo fotogrético. A observagaio Tnfluéncia dos tratamentos especificos de wm ADT sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de-fadiga de contacto Pigina 195 microscépica pode ser efectuada duas vezes, sobre os mesmos ferrogramas, separadas entre si por um tratamento térmico realizado a 600°C, cujo objectivo é 0 de produzir ‘uma variagio na colorago das particulas metilicas, permitindo assim identificar a sua natureza, Figura 4.22, Equipamento DRII (Predict Technologies) utilizado na ferrografia de leitura directa, ensaio de fadiga de contacto analisado foi o que utilizava os discos de ADI tratados isotermicamente a 260°C e cuja presto de contacto foi de 1,8 GPa. As amostras do lubrificante foram recolhidas ap6s cada paragem da méquina, na zona situada préximo do contacto disco-disco. Os resultados dos ensaios de ferrometria constam da tabela 4.11 e da figura 4.24. A correlagio dos indices CPUC e ISUC como nimero de ciclos & muito boa. O seu crescimento 6 feito de uma forma exponencial e indica claramente a evolugtio do desgaste dos discos para uma avaria. Tnfluéncia dos tatamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento &fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 196 Tabela 4.11. Resultados da andlise das particulas libertadas tratados termicamente a 260°C € ensaiadas sob 1,8 GPa de presséio de contacto. Ciclos e DL Ds |_isuc cPuC | 300.000 1 383 ieee zi 54 700.000 1 46,7 193 1,808 6 1.500.000 O41 23,9 73 5,179 312 2.470.000 o 62.9 228 | 343.66 857 * d- factor de diluigao Figura 4.23. Equipamento FMI (Predict Technologies) utilizado na ferrografia analitica. A figura 4.25 mostra a evolugio do indice CPUC e da érea afectada pela indentagio de dureza com o mimero de ciclos, apresentando ambas a mesma tendéncia. Verifica-se ainda que estes resultados poderiio ser sobreponiveis por deslocamento segundo o eixo YY. Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 197 Nimero de Ciclos ‘Figura 4.24. Resultados obtidos para os indices ISUC e CPUC em fungdto do rimero de ciclos. Comparagao de Resultados ‘10000 +000 ‘Zona afeciada pele peo de dureze os oa ‘L508 imero de Clctos ‘Rigura 4.28, Comparagao dos resultados obtidos para o aumento da dreaafectada pela incisdo de dureza (pico central) e para 0 indice CPUC em fungdo 1000 100 10 ciclos. (austémpera reattzada a 260°C, pressto de contacto: 1,8 GPa) Tafludacta dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento&fadign do nimero de de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 198 © estudo, por microscopia éptica, das particulas libertadas a0 longo do ensaio, Permitiu a sua observardo, de uma forma orientada com as linhas de forga do campo ‘magnético, conforme se mostra na figura 4.26. O tamanho e a quantidade de particulas foi Sucessivamente aumentando com 0 mimero de ciclos. © estudo mais pormenorizado destas particulas foi realizado apés um tratamento a 600°C, durante 15 minutos, dos ferrogramas obtidos. Este tratamento destina-se a produzir ‘uma alteragiio da cor das particulas libertadas, permitindo assim identificar a natureza das particulas. A identificagéo é feita com base no conhecimento de que a uma dada cor corresponde um dado material. No caso concreto em estudo, os materiais libertados das Superficies dos discos foram identificados como sendo, particulas metélicas de ferro fundido Particulas de grafite. © aspecto apos aquecimento a 600°C e as dimenstes das particulas fibertadas a0 longo do ensaio pode ser observado na figura 4,27. 4g y gd Figura 4.26. Evolugtio da libertagtto de particulas ao longo do ensaio. 4) 300.000 ciclos b) 1.500, 000 ciclas a) 2.470.000 ciclos Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 199 Figura 4,27, Aspecto das particulas de fadiga libertadas ao longo do ensaio. @ 300,000 ciclos b) 2.470.000 ciclos 45 Metalografia pés-ensaio |As amostras para a observagio metalogréfica, apés 0 ensaio na méquina de discos, foram preparadas por corte de elevada precistio com disco de diamante, a0 qual se seguiu um desbaste com lixas grosseiras e um polimento, efectuado com 0 cuidado de no exercer presto excessiva sobre as amostras. Foram analisadas as pistas centrais dos discos tratados a 340°C ¢ 190+340°C, na zona de libertagdo da escama, Nas figuras 4.28 a 4.33 mostram-se os resultados das observagdes efectuadas. Na figura 4.28 & mostrada a zona em tomo da cratera libertada do par 340°C/1,8GPa ensaiado, A profundidade da escama medida para este disco situava-se proximo de 2, tal como foi referido em 4.2.5, ov seja, da ordem de 450 pm. Nesta figura pode ser observada uma fissura principal que se propaga paralelamente superficie e que se aproxima da cratera libertada, Observa-se um conjunto de frentes de fissuras, que se desenvolvem desde a cratera Tndfuéncla dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pégina 200 libertada e se deslocam para o interior do disco, ramificando-se 4 medida que vio atingindo nédulos de grafite, contudo esta observago nto ¢ resolvida no lado direito da imagem mostrada, Figura 4.28. Corte da cratera formada no disco tratado isotermicamente a 340°C. Pressdio de contacto: 1,8 GPa, A figura 4.29 representa a zona em tomo da cratera libertada no par: tratamento duplo/2,2 Gpa. Neste tratamento foram igualmente identificadas as caracteristicas de propagagdo de fissuras descritas para a figura 4.28. Figura 4.29. Corte da cratera formada no disco com tratamento duplo de 190+340°C. Presstio de contacto: 2,2 GPa. Influéncia dos tratamentos especifices de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 201 ‘A observagdo detalhada da zona préxima da superficie permite visualizer a fissuras superficiais. O mecanismo dominante 6 0 de criagdo de fissures a partir da superficie de contacto, conforme se mostra na figura 4.30, As fissuras nucleadas tendem a ser orientadas relativamente & superficie de contacto, segundo um mesmo fngulo, alongando-se, portanto, de forma paralela entre si. Foram também identficadas, mas em muito pequeno nimero, fissuras a unir dois nédulos de grafite, sem que existisse mais fissuras em torno desses dois nédulos, Esta situagio tanto se verificou para profundidades da ordem dos 100 jum, como também para valores da ordem dos 600 pm. Figura 4.30, Inicagdo de fssuras superfilas, tratamento duplo: 190+ 340°C. Pressdo de contacto: 2,2 GPa. ‘A propagago das fssuras @ comprimentos maiores, tal como se ilustra na figura 4:31, tende a ser orientada e independente da localizagio dos nédulos de grafite, no entanto, a frente principal da fissura ao encontrar nbdulos no seu caminho, tende a propager Sssuras noutras direogbes secundérias. 'A propagagtio das fssuras de fadig tende sinda a ser desviada pela microestrutra da ausferte, conforme se observa na figura 432, Uma fissura ao ser propagada na matriz rmetalica do ADI, tanto pode atravessarfaclmente os seus constituintes, como pode deslocar- se contomando a ferite baintica, Este comportamento verfica-se tanto no tratamento de austémpera simples como no duplo. Tafindncia dos watamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 202 Figura 4.31. Propagagao de fissuras a partir da superficie, tratamento clissico: 340°C. Pressito de contacto: 1,8 GPa. As andlises efectuadas permitiram elaborar 0 esquema representado na figura 4.33, onde se observa o aparecimento de fissuras na superficie do disco, possuindo uma orientag&o caracteristica com a direcgtio de rolamento e que se ramificam, medida que encontram nodulos de grafite. A progressto destas fissuras levam a formag&o de uma escama, Existe ainda um outro conjunto de fissuras, que se desenvolvam junto a superficie e que se propagam. a profundidades que n&o ultrapassam os 50 um e que tendem a produzir a libertagio de microescamas. Estes mecanismos foram identificados quer nos tratamentos simples, quer na austémpera dupla, Inflluéncia dos tratamentos especificos de'um ADI sobre 0 seu comportamento & fadiga de contacto Capitnlo 4 Ensaios de fadiga de contacto Figura 4.32. Propagagto de fssuras no interior dos diseas. Tratamento duplo: 199+ 340°. Presstto de contacto: 2,2 GPa. Reagente de ataque: Nital 3. ee <_———_ Figura 4.33. Modelo de iniciagéto e propagagtio de fissuras no ADI Tnfiobacla dos trtamenios cepecificos de um ADI sobre 0 seu comportamento & fadign de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 204 4.6 Discusséo de Resultados Os resultados obtidos nos ensaios de fadiga de contacto efectuados, permitiram identificar um conjunto de caracteristicas, relativas ao comportamento das variedades de ADI estudadas. Estas caracteristicas stio abaixo discutidas. s primeiros resultados obtidos dizem respeito a vida A fadiga de contacto, quando se utilizam elevadas pressdes de contacto. Verificou-se, para as variedades mais resistentes do ADI, uma tendéncia para um comportamento linear entre a pressto de contacto e o mimero de ciclos necessérios para produzir uma escama. Apenas 0 ADI com austémpera simples a 340°C parece possuir um comportamento independente dos restantes 3 tratamentos, esta diferenga traduz-se numa redurida resisténcia a fadiga de contacto relativamente aos restantes ensaios. Relacionando as propriedades mecanicas, dos ADIs ensaiados, com as respectivas press6es de contacto foi possivel determinar uma primeira correlagfo, entre a vida a fadiga e a relago tenstio de rotura do ADI e 0 quadrado da pressiio de contacto aplicada, sendo esta correlagio do tipo linear. Quanto maior for a relagfio tensilo de rotura/quadrado da pressio aplicada maior seré a vida do contacto, A segunda correlago encontrada diz respeito a0 relacionamento entre a temperatura de transformagdo isotérmica e a0 niimero de ciclos que conduz. a falha do contacto. Foi encontrado um modo de prever a vida do ADI a fadiga de contacto, que € fungdo da temperatura de austémpera seleccionada. Os resultados obtidos ‘mostram que quanto menor for a temperatura do transformagio isotérmica maior seré a vida a fadiga de contacto do ADI austemperado de forma cléssica. 0 ADI com o tratamento duplo no se ajusta As correlagdes verificadas para os tratamentos clissicos, apresentando de uma forma geral, melhores propriedades de resisténcia A fadiga de contacto do que os restantes ‘tratamentos As escamas libertadas das superficies em contacto e que levaram conclustio dos ensaios de fadiga foram caracterizadas, no que diz respeito a sua Area e profundidade. Observou-se que a Area da escama libertada é sempre maior do que a érea de contacto, crescendo com o aumento da presstio de contacto. O aumento da érea da escama relativamente & dea do contacto é linearmente dependente do quadrado da pressfo de contacto utilizada, para os tratamentos simples e relativamente constante para a austémpera dupla. As rectas correspondentes as variedades de ADI com tratamento simples sto paralelas entre si e tm um Tnfluéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 205 declive préximo de 0,5, enquanto que, no tratamento duplo a érea da escama é sempre cerca de duas vezes superior a érea de contacto. A generalidade dos valores medidos para a profindidade das escamas, situa-se em tomo da gama compreendida entre Z, € Zo. difimetro das impressdes de dureza diminui com o aumento do nimero de ciclos ¢ tende a estabilizar num dado valor constante. Esta diminuigfio deveri estar associada deformagio pléstica do respectivo rebordo, que causa a deslocagio de material para 0 espago vazio da calote. O material com tratamento duplo apresenta uma diminuigo mais lenta telativamente aos restantes. O crescimento da area afectada pela impressio de dureza, com 0 ‘aumento do nimero de ciclos do ensaio de fadiga de contacto, efectua-se com correlagdes notéveis se ajustados por curvas exponenciais. © crescimento da zona afectada, correspondente ao tratamento de austémpera duplo, ¢ mais lento do que o verificado para todos os restantes tratamentos, como se pode observar para ambas as press6es utilizadas. Os resultados obtidos indicam que 0 crescimento da érea da zona afectada é relacionavel com 0 parimetro AK considerado, segundo a lei de Patis, tendo sido obtidos os valores das constantes com excelentes correlagées. O expoente da equagdo de Paris varia entre 1,9 ¢ 2, sendo a constante dessa equagdo de 6 a 7 x 10° para a austémpera classica e cerca de 3 vezes menor para o tratamento duplo. ‘A anélise da superficie dos discos utiizados nos ensaios de fadiga mostrou-se complexa, sendo de uma forma geral observados dois tipos de comportamentos, um relative aos tratamentos de austémpera cléssica e outro aos tratamentos duplos. A sequéncia de dano verificada ao longo do ensaio de fadiga, corresponde & formagio inicial de pequenas fissuras transversais e de microescamas, que vio aumentando em tamanho ¢ em nimero, & medida que ondmero de ciclos aumenta, até produzir uma superficie de trabalho degradada. Nos discos Missica, este processo tende a ocorrer de forma aleatéria, enquanto que, nos ys, © fendmeno parece ocorrer de forma relativamente orientada com @ com austémpera cli tratamentos duplo: produgio de zonas com elevada concentragdo fissuras, rodeadas de oulras zonss relativamente lisas e praticamente isentas de fissuras. Os ensaios de ferrometria permitiram a obtengao de uma boa de ciclos de ensaio de fadiga © 08 indices CPUC e ISUC. 0 erescimento destes indices ca claramente a evolugo do correlagdo entre 0 némero, com o numero de ciclos é feito de uma forma exponencial e indi Tiuluincia dos tratamentos espocficos de um ADI sobre o seu comportamento 8 adiga de contacto Capitulo 4 Ensaios de fadiga de contacto Pagina 206 desgaste dos discos para uma avaria. O estudo das particulas libertadas ao longo do ensaio por microscopia éptica, permitiu observar que o tamanho e a quantidade de particulas foi sucessivamente aumentando com o niimero de ciclos, sendo o tamanho médio das particulas, de maiores dimensdes, libertadas na fase final do ensaio da ordem dos 40 um. A andlise metalografica realizada na regitio interior dos discos ¢ adjacente as escamas libertadas, permitiu a criag&o de um modelo de iniciaglo @ de crescimento das fissuras de fadiga Este modelo é independente do tipo de tratamento do ADI, simples ou duplo. O modelo mostra que 0 aparecimento de fissuras, na superficie do disco, se da com uma dada orientagiio caracteristica e dependente da direcedo de rolamento. Estas fissuras vio sendo ramificadas & medida que encontram nédulos de grafite. A progressio destas fissuras pode levar a formagio de uma escama de fadiga. Existe ainda um outro conjunto alargado de fissuras, que a0 desenvolverem-se junto a superficie, propagam-se a profundidades inferiores a 50 um e tendem a produzir a libertagao de microescamas. Estes mecanismos foram identificados quer nos tratamentos simples, quer na austémpera com curto estigio no dominio martensitico, Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento & fadiga de contacto Capitulo 5 Conelusces Pagina 207 Capitulo 5 Conclusdes © ADI ligado ao CuMn possui excelentes propriedades mecéinicas associadas a ‘atrizes ausferrticas, produzidas pelo tratamento térmico de austémpera com transformagiio Simples. Estas propriedades satisfazem os graus da. norma ASTM A879, excepto a classe de maior ductilidade. Com a realizacio do tratamento de austémpera dupla as propriedades mecéinicas, do ADI transformado as temperaturas mais elevadas, podem ser melhoradas no sentido de produzir resisténcias maiores. A melhor combinagio de propriedades mecinicas, para os tratamentos com dupla ‘ransformagto isotérmica, ¢ obtida quando a ausferite & formada a temperaturas superiores a 300°C. Os tratamentos duplos permitem a obtengio de elevados niveis de resisténcia mecénica, com uma perda aceitivel dos valores de ductilidade, quando se compara o tratamento simples com o duplo para uma dada temperatura de transformagio constante, O8 tratamentos duplos permitem que as mattizes, de ausferrte transformadas ‘no dominio de temperatura superior, possam atingir os valores de resistGncia mecfnica tipicos da ‘usferrite inferior, A introdugio de martensite revenida na microestrutura final & responsével Por este comportamento, Para temperaturas de transformaglo isotérmicas da ordem dos 260°C, a8 propriedades mecdnicas obtidas pelo tratamento duplo degradam-se, comparativamente ds do tratamento simples ndo havendo justificag&o para este facto, O tratamento com curto estégio no dominio martensitico Proporciona uma redugdo do tempo de austémpera, ao serem considerados valores de resisténcia a traceao semelhantes, Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Pagina 208 Capitulo 5 Conelusbes Este ganho pode ser da ordem dos 75%, se a transformagio de transformagao isotérmica escolhida for a 340°C © ADI em estudo, ligado ao Cu ¢ ao Mn, possui uma boa resisténcia a fadiga de ‘acto em eondigGes de lubrifcagio © carregamento extremas, Este facto basea-se na cont comparasio da vida a fadiga mostrada na figura 1.35 ¢ 4.4, em que, 08 resultados obtidos neste trabalho, excepto a austémpera clissica a 34 [41], 08 quais foram obtidos sob condigées de contacto muito menos severas 0°C, igualam ou superam os da referéncia Foram obtidos resultados importantes no que diz respeito a resisténcia a fadiga de contacto do ADI com tratamento duplo, Este tratamento produziu um material com uma vida comparivel & das matrizes formadas as temperaturas de transformagio mais baixas ¢ de maior resisténcia, 0 método de produzir defeitos artificiais, recorrendo a impresses de dureza Rockwell C, mostrou ser eficaz para acelerar 0 dano por fadiga, tendo sido possivel a comparagio entre as diferentes variedades de ADI ensaiadas. O tratamento duplo foi o que apresentou uma taxa mais lenta de crescimento da zona afectada pela inciséo de dureza. © crescimento da zona afectada pela incisto de dureza, pode ser modelada pela equago de Paris. Foram determinadas as constantes da equago, sendo n = 2 e C cerca de 3 vezes menor para 0 ADI com tratamento duplo do que para a austémpera clissica. Todos os dados provenientes da anilise das areas das impresses de dureza e das respectivas zonas afectadas, ajustam-se com uma excelente correlagao as curvas mostradas. Os enstios de ferrografia permitiram observar as particulas libertadas ao longo do ensaio de fadiga de contacto, tomando estas, no final do ensaio, um valor méximo da ordem dos 40 um. A andlise dos indices ISUC e CPUC mostraram a evolugao do desgaste dos discos para uma avaria Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre o seu comportamento a fadiga de contacto Capitulo 5 Conclusdes Pagina 209 ‘Ao comparar os resultados obtidos por ferrografia, através do indice CPUC, com os obtidos para o crescimento da area da zona afectada, conclui-se que as respectives curvas se sobrepéem, indicando que existe uma correlagao entre as particulas libertadas e o aumento da rea da zona afectada pela incisio de dureza, a medida que o ensaio vai decorrendo. Neste trabalho foi ainda possivel identificar alguns dos mecanismos de fadiga de contacto do ADL. As observagdes efectuadas permitiram elaborar um modelo de iniciago ¢ propagagto de fissuras. Este modelo baseou-se na observagiio de que se iniciam fissuras, em grande nimero na superficie dos discos, cuja propagaglo se efectua, para o interior dos ‘mesmos, com uma dada orientagio relativamente & direcgdo de rolamento, Estas fissuras 40 encontrarem nédulos de grafite tendem a subdividirem-se ¢ a destacar material da superficie, sobretudo a pequenas profundidades (50um), podendo progredir a profundidades maiores ¢ contribuir para a libertago de escamas. A profindidade das escamas libertadas ¢ que conduziram ao final dos ensaios de fadiga situavam-se em tomo da gama compreendida entre Z.e Zo, pelo que as fissuras estudadas correspondem ao fenémeno de fadiga de contacto. ‘As fissuras de fadiga de contacto ao se propagarem ma matriz do ADI, encontram no seu caminho uma microestrutura que tende a dificultar a sua passagem, observando-se em algumas zonas que estas contornam a ferrite bainitica. © conjunto de resultados obtidos permite concluir que 0 tratamento de austémpera, com curto estagio no dominio bainitico, oferece vantagens relativamente ao tratamento clissico, de austémpera simples. Estas vantagens dizem respeito a0 processo teonoldgico © as propriedades mecénicas obtidas pelo tratamento duplo, que resultam numa diminuiggio do tempo de tratamento térmico necessirio para a obtengio de um ADI com clevadas resisténcia A tracgfio e a fadiga de contacto. Estas caracteristicas seriam tipicamente produzidas nos tratamentos classicos utilizando as temperaturas de transformagio mais baixas, mas para tempos de processamento mais longos e com menor ductilidade. Tailutncia dos Wvatamentos especificas de um ADI sobre o seu comportamento 4 fadiga de contacto Capitulo 5 Conclusées Pégina 210 Os resultados obtidos permitiram ainda identifier uma correlagio entre 0 processamento térmico e a vida a fadiga de contacto, sendo esta tanto maior quanto menor for a temperatura de transformago isotérmica (tratamentos classicos). A dependéncia encontrada linear, tendo sido observado que o tratamento duplo no se ajusta a esta relagdo, mas se situa numa situagiio de duragio de vida mais favordvel Os tratamentos térmicos que melhor se adaptaram a fadiga de contacto foram o tratamento cléssico realizado a 260°C e 0 de estigio duplo de 190+340°C. © método de aceleragaio do processo de fadiga de contacto utilizado permite prever 0 dano causado por este fendmeno, uma vez que o crescimento da area afectada pela incisio de dureza tem um crescimento exponencial. Este método tenderd a ser tanto mais itil quanto mais baixa for a pressio de contacto, uma vez que o progresso do dano que se verifica ira sendo cada vez mais lento. Contudo a técnica de ferrometria poderd ser mais expedita nesta previsio, uma vez que, a informag&o proporcionada se ajusta perfeitamente 4 do método dos defeitos artificiais e é mais répida de se efectuar. Quer nesta situago quer em todos os dados tratados neste texto a andlise efectuada n&o tem significado estatistico, pelo que o estudo efectuado abre caminho a trabalhos futuros, Influéncia dos tratamentos especificos de um ADI sobre 0 seu comportamento A fadiga de contacto Capitulo 6 Referéncias bibliogréficas Pagina 211 Capitulo 6 Referéncias Bibliograficas [1] “Ductile Iron Data for Design Engineers”, QIT - Fer et Titane Inc (1990) [2]. Abllstrsand, V. "Austempered ductile iron: possible usage for parts in the trucking industry", Proceedings of the 1997 international truck & bus meeting, Cleveland, EUA, pagina 13, (1997) [3] Cast metals development Ltd "Austempered ductileiron castings - advantages, production, properties and specifications". Materials and design, volume 13, n° 5, (1992) [4] _ www-sae.org/products/topics/gv_matls.htm [5] Harding, R. A. 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