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PALAVRAS NECESSÁRIAS

Passados 70 anos desde quando teve início o chamado Caso Irmãos Naves
(talvez o maior “erro” policial e judiciário do Brasil, devido à insistência
com que as autoridades e prepostos interagiram com o erro), e perto de
completar seis décadas do reconhecimento estatal definitivo quanto ao cri-
me perpetrado pelos representantes do Estado, não temos conhecimento de
alguma manifestação de contemporâneos outros, além do nobre advogado
João Alamy Filho, aprofundando-se mais no assunto, com os benefícios
da perspectiva do tempo para entendê-lo melhor, inclusive arrolando os
responsáveis coniventes na comunidade araguarina de então.
A Araguari do final da década de 1930 era importante urbe do Triângulo
Mineiro, a dividir com Uberaba a vida empresarial e cultural da região. É
sem sombra de dúvida que nesses municípios há e havia em grande núme-
ro pessoas gradas, físicas e jurídicas, que estiveram a par do episódio e dos
descaminhos percorridos pela polícia e pela Justiça envolvidas. Com cer-
teza foi assim, pois as vítimas se relacionavam com muita gente conhecida
na cidade e o assunto ganhou os ventos da mídia em nível nacional. Como
aceitar que instituições ditas historicamente venerandas e que se autopro-
clamam pelo bem social tenham aceitado sem manifestação de protesto o
alvitre dos algozes?
Para a mídia, que já na época como hoje representava os interesses do mes-
mo sistema, o assunto, por fim, terminou bem, quando o processo indeni-
zatório foi concluído em prol das vítimas, ou seja, da família Naves, após
humilhante peregrinação da defesa. Então coube ao cidadão comum, contri-
buinte de bem, até já em uma geração seguinte, arcar com as custas financei-
ras da indenização, pelo crime cometido por funcionários do Estado mineiro
vinte anos antes. Também não há notícias sobre penalidades aos criminosos,
nem explicação do por quê membros das ditas instituições “venerandas” do
Triângulo Mineiro se calaram de forma também criminosa?
Por último, caberia a pergunta sobre o que teria a ver o Caso Irmãos Na-
ves com o então governo de Getúlio Vargas. Além dos ataques explícitos,
o governo Vargas foi marcado por episódio que visaram instrumentalizar
comoções sociais, sublevações e motins para desestabilizá-lo. Iniciativas
assim foram forjadas até por infiltrados no próprio Catete. Não sabemos de
qualquer estudo a esse respeito.
Ou teria o caso de Araguari servido de laboratório em pesquisa: “até que ponto
pode ser convincente a confissão da vítima de uma tortura em curso?” Cabe
lembrar que o caso de Araguari teve início em novembro de 1937, nove anos
antes da oficialização do Instituto Tavistock na Inglaterra, e também das con-
fissões no teatro que viria a ser instalado em Nuremberg, igualmente em 1946.
Os digitalizadores
Novembro de 2019

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