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VIH, gravidez
e saúde da mulher
Índice
Introdução 3
Conhecimentos de base e perguntas gerais 4
Proteger e assegurar a saúde da mãe 15
Transmissão mãe-filho 16
Planear a gravidez 19
Cuidados pré-natais e tratamento para o VIH 29
Medicamentos ARV durante a gravidez 32
Resistências, monitorização e outros testes 36
Medicamentos ARV e saúde do bebé 40
Escolha entre parto vaginal e parto por cesariana 42
Depois do nascimento 45
Amamentação do recém-nascido 47
Dicas para ajudar a adesão 49
Direção-Geral da Saúde – Circular Normativa 53
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Publicações GAT VIH, gravidez e saúde da mulher 2012
Introdução
A brochura inclui informações sobre: Os relatórios mais recentes apontam para
• Conceção segura para casais a probabilidade de existir 1 transmissão da
serodiscordantes, onde um dos infeção pelo VIH por cada 1 000 mulheres
parceiros é seronegativo e o outro é sob TAR (Terapêutica Antirretroviral) com
seropositivo para a infeção pelo VIH, níveis de carga viral indetetáveis abaixo das
sendo dada maior ênfase à conceção 50 cópias/ml, tanto para o parto vaginal
natural. Embora a maioria da informação planeado como para a cesariana planeada.
incluída nesta brochura seja direcionada Este nível é o mais baixo alguma vez
a mulheres seropositivas é, também, reportado e representa um avanço
relevante para mulheres seronegativas significativo para as a mulheres que planeiam
cujo parceiro é seropositivo para o VIH. engravidar ou que já estão grávidas.
• O facto de o AZT já não ser imprescindível
numa combinação terapêutica. Explicamos o que significam todas estas
• A importância da carga viral ser indetetável opções e quando são as mais apropriadas.
no momento do parto e mais informações Uma outra excelente notícia é que as pessoas
sobre quando iniciar o tratamento de que vivem com VIH estão a viver mais tempo
forma a assegurar que tal é alcançado e de forma saudável e, assim, uma mulher
para diferentes níveis basais de carga viral. seropositiva para o VIH em Portugal pode
• Segurança e efeitos secundários acompanhar o crescimento da criança.
dos medicamentos ARV. Tal, inclui
informações sobre o inibidor da
protease atazanavir, cada vez mais As linhas de orientação de 2008 da British
utlizado durante a gravidez. HIV Association (BHIVA) e da Children’s HIV
Association (CHIVA) para a Gestão da Infeção
• Recomendação para que todas pelo VIH nas Mulheres Grávidas de 2008
as mulheres grávidas sejam estão disponíveis online através do link:
vacinadas contra a gripe.
http://www.bhiva.org/
• Recomendações sobre a importância de PregnantWomen2008.aspx
se evitar a amamentação, apesar de novas
investigações recomendarem o contrário
em países onde tal não é possível. As linhas de orientação de 2008 da British
• Novos testemunhos. HIV Association, BASHH e FSRH para a
gestão da saúde sexual e reprodutiva das
pessoas que vivem com a infeção pelo VIH
estão disponíveis online através do link:
http://www.bhiva.org/documents/
Guidelines/Sexual%20health/
Sexual-reproductive-health.pdf
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A partir de 1994, esta estratégia experiência no seu uso, é provável que seja
passou a ser recomendada a todas recomendado como parte da combinação.
as mulheres seropositivas em muitos No entanto, quando se é resistente ao AZT,
dos países industrializados. não se deve usar este medicamento. Se
Nos últimos anos foram conseguidos uma mulher já está a fazer um esquema
mais progressos, sobretudo desde que de medicamentos antirretrovirais antes de
a terapêutica de combinação se tornou engravidar e se esse esquema está a ser
mais comum no fim dos anos 90. A taxa eficaz, habitualmente não é necessário
de transmissão com a terapêutica de alterá-lo, mesmo que não inclua AZT.
combinação é, atualmente, inferior a 1%. Um recente relatório Europeu e do Reino
O AZT é o único medicamento que inclui no Unido reportou sobre mais de 1 000 mulheres
seu RCM (resumo das características do sob TARV que durante o período de gravidez
medicamento) a autorização de utilização não tomavam AZT. Este relatório concluiu que
durante a gravidez e como há muita as mulheres sob TARV sem AZT não tinham
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Transmissão mãe-filho
Como e por que razão ocorre a transmissão? Transmissão durante a gravidez (intrauterina)
Apesar dos avanços significativos na Pode acorrer quando a placenta sofre
redução da transmissão mãe-filho lesões, tornando possível a passagem
(TMF), não se compreende plenamente do sangue infetado pelo VIH da
como é que tal acontece. O que se mãe para a circulação do feto.
percebe, no entanto, é que há muitos A corioamnionite, por exemplo, tem
fatores que afetam a transmissão. sido associada a um risco aumentado
Destes, o mais importante é o de transmissão da infeção pelo VIH.
nível da carga viral da mãe. Pensa-se que tal ocorre por meio de
A transmissão mãe-filho pode ocorrer células infetadas que atravessam a
antes, durante e depois do nascimento. placenta ou pela infeção progressiva das
Os cientistas encontraram várias razões diferentes camadas da placenta até o vírus
possíveis para que a infeção ocorra. Além alcançar a circulação fetoplacentar.
da carga viral da mãe, a infeção é mais A razão pela qual se sabe que a transmissão
provável se a contagem de células CD4 é intrauterina ocorre é que uma proporção
baixa e se há doenças definidoras de SIDA. de bebés com poucos dias de idade já tem
Considera-se que os meios de transmissão da carga viral detetável no sangue. Regra geral,
infeção são a exposição do bebé ao sangue são necessárias várias semanas para que
infetado da mãe ou a outros fluidos corporais uma pessoa infetada tenha o VIH detetável
durante a gravidez e o parto, bem como no sangue e, assim, se a transmissão tivesse
a amamentação. Apesar disso, a maioria acontecido durante o parto, essa primeira
das transmissões ocorrem durante o parto, análise com 48 horas de vida não poderia ser
quando o bebé está a nascer. É raro, mas há já positiva. Além disso, a rápida progressão
transmissões que ocorrem durante a gravidez, da infeção pelo VIH em alguns bebés levou
antes do parto. Este tipo de transmissão os cientistas a concluir que tal acontece.
designa-se por transmissão intrauterina. A transmissão intrauterina torna-se mais
provável quando há carga viral elevada,
SIDA e contagem baixa de células CD4.
Estar coinfetado com TB (tuberculose)
torna mais fácil a transmissão intrauterina
do VIH e a infeção pelo VIH torna mais
provável a transmissão intrauterina da TB.
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Se se demora muito tempo entre a rotura Se a mãe não tem meios para pagar o
das membranas (rotura da bolsa de leite em pó, os biberões e o equipamento
águas) e o parto ou se o trabalho de parto de esterilização, o hospital pode fornecê-
for longo, o risco de transmissão nas los para que não tenha que amamentar. O
mulheres que não estão sob terapêutica sistema varia de um hospital para o outro.
ARV ou sob profilaxia é acrescido. A equipa deverá falar com a mãe para saber
Um bebé prematuro pode estar em se precisa de apoio extra após a alta. Os
maior risco de contrair o VIH do que hospitais têm assistentes sociais que orientam
um bebé nascido aos nove meses. e indicam quais os apoios existentes.
Amamentação O tratamento médico e o fornecimento
Os médicos pensam que o VIH presente no de leite em pó são confidenciais, por isso
leite materno atravessa a membrana mucosa recomenda-se que a mãe aproveite essa
do trato gastrointestinal das crianças. ajuda, se assim precisar. Nenhum membro
da equipa que trabalha no hospital ou
O trato gastrointestinal de um recém- trabalhadores de apoio entrará em contato
nascido está imaturo e é mais facilmente com o departamento de imigração.
penetrável do que num adulto. Pensa-se
que o dano do trato intestinal de um bebé, Seja como for, mais importante do que
causado pela introdução prematura de saber como ocorre a TMF, é saber como
outros alimentos, sobretudo alimentos se pode prevenir que isto aconteça: não
sólidos, pode aumentar o risco de infeção. falhar a toma dos medicamentos ARV.
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Planear a gravidez
Gravidez planeada e o direito a ter filhos É importante:
Muitas mulheres seropositivas engravidam • Escolher uma equipa de saúde e uma
quando já conhecem o seu estatuto maternidade que apoie e respeite a
serológico para o VIH. Muitas já estão decisão de se ter uma criança.
sob TARV quando engravidam. • Se não se recebe apoio nessa decisão,
Se uma mulher sabe que é seropositiva, então deve-se procurar um médico
pode já ter discutido a possibilidade de e uma equipa de saúde com mais
engravidar nos cuidados de rotina para o VIH, experiência em lidar com o VIH.
quer a gravidez seja planeada quer não.
Se se está a planear engravidar, Nesta secção, além de tratar das opções
o médico irá aconselhar: para as mulheres seropositivas (com
• a considerar o estado de saúde geral; parceiro seropositivo ou negativo) que
• a ter consultas adequadas e querem engravidar, falamos, também,
da conceção segura para as mulheres
• a tratar qualquer infeção seronegativas com parceiros seropositivos.
sexualmente transmissível.
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Com a ajuda da equipa de saúde e com Ter uma IST (por exemplo, sífilis ou
base nos conhecimentos atuais, os clamídia) aumenta a carga viral do VIH nas
casais avaliam os riscos e os benefícios secreções genitais, mas não no plasma.
da gravidez e se o risco é aceitável. É difícil para os médicos (ou para nós) dar
A transmissão da infeção pelo VIH durante conselhos exatos a casais serodiscordantes.
a relação sexual vaginal depende de vários Sabe-se que o risco de relações sexuais
fatores. Para os casais em relações estáveis desprotegidas programadas, onde o
e monogâmicas que querem conceber, parceiro seronegativo está em tratamento
o mais importante a considerar é: com uma carga viral indetetável durante
• A carga viral do parceiro seropositivo mais de seis meses, é muito baixo.
para a infeção pelo VIH. Mas não é completamente nulo.
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Declaração Suíça
A “Declaração Suíça” foi publicada em janeiro de 2008 pela Federação
Suíça para as Questões Relacionadas com SIDA (um grupo de
especialistas composto por médicos e investigadores). Este grupo
tinha receios relativamente à situação legal das pessoas seropositivas
na Suíça e aos casais serodiscordantes que pretendiam ter filhos.
Estavam preocupados relativamente à exatidão da informação
pública e privada sobre o risco da transmissão da infeção pelo
VIH por parte das pessoas sob tratamento antirretroviral.
Uma das razões para a divulgação da declaração foi o de proporcionar linhas
de orientação a médicos para ajudar casais serodiscordantes que pretendem
ter filhos. Muitos casais não podem ou não querem usar o método da lavagem
de esperma ou outros métodos de reprodução medicamente assistida e
precisam de tomar decisões informadas sobre o nível de risco envolvido
nas relações sexuais quando se está sob tratamento antirretroviral.
A declaração enuncia o risco de transmissão da infeção pelo VIH quando
se está estável sob terapêutica antirretroviral como “negligenciável” e
“semelhante ao risco na vida quotidiana”. Explica que, por exemplo,
mesmo usando o preservativo, este não é 100% seguro.
A declaração torna claro a descrição de uma pessoa em risco reduzido
de transmissão, aplicando-se apenas nas seguintes condições:
• Quando a carga viral é indetetável durante um período de pelo menos 6 meses.
• Quando há boa adesão ao tratamento.
• Quando não há presença de nenhuma infeção sexualmente transmissível.
Os médicos suíços calcularam que a conceção natural nestas
circunstâncias teria poucas probabilidades de risco de transmissão da
infeção pelo VIH ao parceiro seronegativo. Não estavam a recomendar
que o preservativo fosse abandonado nas relações sexuais - mas que o
risco envolvido durante tentativas limitadas de conceção é muito reduzido
comparado com a importância para muitos casais de ter filhos.
Afirmaram, também, que o tratamento PPE não deveria ser
proporcionado se um preservativo se danifica quando o parceiro
seropositivo preenche os critérios acima referidos.
Para quem quiser ler mais sobre a Declaração Suíça o link é:
http://www.aids.ch/e/fragen/pdf/swissguidelinesART.pdf
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Quando ambos os parceiros são Para os casais que não praticam sexo seguro,
seropositivos para a infeção pelo VIH continuar a fazê-lo para conceber uma criança
Para os casais em que ambos os não comportará nenhum risco adicional.
parceiros são seropositivos, a maioria Felizmente, em Portugal, já existe resposta
dos médicos recomenda o sexo seguro. a situações de infertilidade do casal quando
Isto é para limitar a possibilidade de uma a mulher é seropositiva. A Maternidade
reinfeção com uma estirpe diferente Dr. Alfredo da Costa criou as condições
do VIH (ou uma estirpe resistente). necessárias para dar resposta a estas
A reinfeção é apenas um risco se um dos situações, sendo o único hospital com
parceiros tem resistências extensas aos condições técnicas e logísticas para o
medicamentos e uma carga viral detetável estudo da infertilidade e eventual recurso
ou se nenhum dos parceiros está em a técnicas de procriação medicamente
tratamento ARV. Isto é a única razão em assistida (FIV/ICSI) em casais inférteis em
que um casal deveria ser desencorajado que a mulher é seropositiva para o VIH.
de tentar conceber naturalmente.
O risco de reinfeção é ainda mais baixo
se o sexo desprotegido ocorrer apenas
algumas vezes para conceber a criança.
Aqui, seguem algumas questões a
considerar sobre o risco da reinfeção:
• O risco em casais seropositivos depende,
também, dos níveis da carga viral e é
muito baixo se se está em tratamento.
• O risco é mais grave se um dos
parceiros é resistente ao tratamento
para o VIH, especificamente,
se tem carga viral elevada.
• Se se pratica sexo mais seguro como
rotina, pode-se considerar a possibilidade
de limitar o sexo desprotegido ao período
fértil. Pode-se seguir os conselhos
para os casais serodiscordantes.
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necessário ter os dois ao mesmo tempo. E se uma mulher descobre que é seropositiva
Isto pode tornar a adesão mais difícil. numa fase avançada da gravidez?
Ao sentir-se mal por causa do enjoo O tratamento, mesmo por um curto período
matinal, é pouco provável que se queira de tempo, pode reduzir rapidamente e de
fazer um tratamento que agrava a modo considerável a carga viral e alguns
náusea. E nos casos em que o enjoo medicamentos antirretrovirais podem ajudar
matinal é forte ou se vomita, pode criar a reduzir o risco de transmissão da infeção
um problema de doses não tomadas, pelo VIH ao atravessar a placenta para o bebé
o que pode levar a falência terapêutica e bloqueando a infeção, independentemente
e ao desenvolvimento de resistências da quantidade do vírus no sangue da mãe.
aos medicamentos antirretrovirais.
Se o enjoo matinal continua após o primeiro E se a gravidez ocorre quando se
trimestre, deve considerar-se a situação está sob tratamento ARV?
seriamente em conjunto com o médico, porque
pode ser indicação de outros problemas. Muitas mulheres decidem ter um filho quando
já estão sob tratamento para o VIH. Isto diz
Se se quer iniciar o tratamento de imediato imenso sobre os progressos espantosos
ou se se precisa de iniciá-lo urgentemente feitos com os medicamentos para o VIH.
porque se tem contagens das células CD4
baixas, o médico irá recomendá-lo. As mulheres sentem-se melhor, são mais
saudáveis, pensam em relações a longo
prazo no futuro e possivelmente na família.
Qual o melhor momento para É agora cada vez mais comum que as
iniciar o tratamento quando se mulheres que concebem enquanto
tem carga viral elevada? estão em tratamento continuem em
Um recente estudo inglês analisou o melhor tratamento durante a gravidez.
momento para iniciar o tratamento de Os estudos não demonstraram um
forma a assegurar carga viral indetetável no risco acrescido para a mãe ou para a
momento do parto. Recomendou que: criança por se usar o tratamento sem
• As mulheres com carga viral superior interrupção durante a gravidez.
a 100 000 cópias/mL devem
iniciar a TARV imediatamente.
Assim, é importante iniciar o tratamento
mais cedo quando a carga viral é
elevada. Tal, resultará num menor risco
de transmissão da infeção pelo VIH e a
possibilidade de escolher o tipo de parto.
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Por exemplo, num estudo do Reino Há também um forte alerta para evitar usar
Unido de mulheres medicadas com os medicamentos ddI e d4T em conjunto,
TARV no período de conceção, 20% durante a gravidez. Houve vários relatos
destas estavam a tomar efavirenze. sobre efeitos indesejáveis fatais em mulheres
Tem havido muitos relatos de mulheres grávidas que estavam sob estes dois
sob efavirenze durante a gravidez o que medicamentos em conjunto. O d4T já não é
é tranquilizador para mães e médicos. recomendado para terapêutica de primeira
linha nas linhas de orientação portuguesas.
No entanto, se houver outras opções,
há uma advertência contra o seu uso. E, como acima descrito, a nevirapina não é
Considera-se que isto é sobretudo recomendada a mulheres com contagens de
importante nas primeiras 12 semanas células CD4 elevadas (acima de 250/mm3).
da gravidez, quando o tubo neural
está em desenvolvimento. Deve esperar-se mais efeitos secundários
Quando uma mulher já está grávida há 12 quando se está grávida?
semanas ou mais e tem estado sob efavirenze Algumas grávidas que utilizam a terapêutica
durante esse período, precisa de fazer o de combinação têm algum tipo de efeitos
rastreio de anomalias, fazendo uma ecografia adversos com estes medicamentos, mas
num centro de diagnóstico prenatal. esta percentagem é similar à das outras
Após o primeiro trimestre, pode não pessoas que fazem o tratamento ARV.
fazer sentido interromper o efavirenze A maioria dos efeitos secundários é
se o tratamento estiver a correr bem. ligeira e incluem náuseas, cansaço
Por vezes, pode ser uma boa opção e diarreia. Às vezes, mas raramente,
usar, após um diagnóstico tardio se se podem ser mais graves.
tem contagem de células CD4 elevada
e a nevirapina não é recomendada. Uma grande vantagem de se estar grávida
é a monitorização rigorosa nas consultas
A formulação líquida do amprenavir, um de rotina. Isto torna mais fácil discutir com
inibidor da protease menos usado, também o médico qualquer efeito secundário.
não é recomendada durante a gravidez (ou
a crianças com menos de quatro anos de Alguns efeitos secundários dos
idade). Isto porque as mulheres grávidas e medicamentos ARV são muito similares
as crianças não são capazes de fragmentar às mudanças que ocorrem no organismo
um dos seus componentes designado por durante a gravidez, como, por exemplo, o
propilenoglicol. A formulação em cápsula enjoo matinal. Pode ser difícil distinguir se a
do amprenavir não contém propilenoglicol. causa é o tratamento ou a própria gravidez.
O ddI não é recomendado durante a gravidez. Muitos medicamentos ARV provocam
Pode haver um pequeno aumento do risco náuseas e vómitos. Tal é mais comum
de malformações à nascença com este quando se inicia a toma. Quando se
medicamento. Há, também, um ligeiro está grávida, no entanto, tais efeitos
aumento do risco com o nelfinavir. Atualmente, secundários podem apresentar problemas
este medicamento é raramente usado adicionais de enjoo matinal e de adesão.
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Quando se tem uma contagem elevada de Uma cesariana não oferece a mesma
CD4 e uma carga viral baixa e se escolhe proteção da cesariana eletiva se a mulher
tomar apenas AZT, é realizada uma já entrou em trabalho de parto ou se houve
cesariana planeada às 38 semanas. Se a rotura de membranas. Nestes casos, deve
carga viral está indetetável sob tratamento ser iniciado imediatamente AZT EV, acelerar
e se se opta por uma cesariana planeada, o trabalho de parto com ocitocina, não fazer
esta é realizada às 39-40 semanas. monitorização interna e evitar a aplicação
de ventosa e de fórceps. Se possível,
deve também ser evitada a episiotomia.
Qual é a probabilidade de
haver complicações? Também não há benefício se a cesariana é
efetuada após a rutura da bolsa de águas. No
Como foi referido acima, a cesariana é entanto, mesmo com bolsa de águas rota,
um parto cirúrgico, com possibilidade o médico pode considerar que é preferível
de complicações inerentes à cirurgia. realizar cesariana, se antevê um trabalho de
Mas também há complicações no parto muito demorado, ou se o feto é grande.
parto normal. A decisão da via de parto
deve ser individualizada e discutida O acompanhamento do trabalho de parto
entre o médico e a grávida. de uma mulher seropositiva impõe algumas
limitações à conduta obstétrica habitual.
Os trabalhos científicos publicados mais
recentemente não têm evidenciado mais
complicações com a cesariana eletiva em Após uma cesariana é possível ter
grávidas seropositivas, comparativamente um parto vaginal no futuro?
com a cesariana eletiva em grávidas não Quando se tem uma cesariana, é mais difícil
infetadas pelo VIH. Esta é também a realidade e complicado ter um parto vaginal no futuro.
nas Maternidades e Serviços de Obstetrícia
portugueses com larga experiência. Isto é uma consideração muito importante.
Independentemente de ser ou não Pode-se ter a possibilidade de escolher um
seropositiva, a quantidade de sangue perdido parto vaginal, mas é mais provável que se
na cesariana é superior à do parto por precise de uma cesariana do que uma mulher
cesariana. Se houver fatores de risco para que teve anteriormente partos vaginais.
infeção (obesidade, imunodepressão grave, É importante saber isto quando se
risco para tromboembolismo) a probabilidade planeia ter mais do que um filho num
de poder haver complicações aumenta. A boa país onde a cesariana planeada não
decisão clínica não se faz por formulários ou é possível ou segura e os cuidados
normas escritas, mas sim pela ponderação obstétricos não são de fácil acesso.
do contexto clínico de cada doente.
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Depois do nascimento
O que é importante para a saúde da mãe Quando e como se sabe se uma
A adesão! Isto significa tomar criança não está infetada pelo VIH?
os medicamentos exatamente Os recém-nascidos que nascem de mães
como estão prescritos. seropositivas para a infeção pelo VIH
A adesão da mãe ao tratamento apresentam sempre testes de anticorpos
depois do nascimento do seu filho positivos para o VIH nos primeiros meses.
é de extrema importância. Isto porque os anticorpos maternos IgG
atravessam a placenta e passam para o feto. É
Muitas mulheres têm uma excelente adesão assim para o VIH, a rubéola, a toxoplasmose,
durante a gravidez, mas depois de o bebé o CMV, etc. Quando um recém-nascido
nascer esquecem-se de cuidar de si próprias. não está infetado com o VIH, os anticorpos
Não é grande surpresa. Ter uma criança irão desaparecer gradualmente, durante
pode ser um grande choque e provoca um período que pode durar até 18 meses.
sempre uma certa desorganização. As Felizmente já não é necessário esperar
rotinas mudam e pode não se dormir o 18 meses para saber que o bebé não
suficiente. Em casos graves, há mulheres está infetado. Os testes de anticorpos
que desenvolvem depressão pós-parto. não têm qualquer interesse para o
Portanto, uma mãe precisa de muito apoio diagnóstico no recém-nascido.
suplementar por parte da família, dos amigos O melhor teste para o VIH nos recém-
e da equipa de técnicos de saúde. Um grupo nascidos é muito similar ao teste da carga
da comunidade pode ser de grande ajuda. viral. Este teste é o HIV PCR DNA, que
Muitas mães acham que a melhor maneira de procura o vírus no sangue da criança em
se lembrarem da sua medicação é relacioná- vez de o fazer nas respostas imunitárias.
la com os horários das doses do recém- Considera-se como boa prática fazer
nascido. Portanto, se a criança tem duas um teste aos recém-nascidos nas
doses ao dia e a mãe também, pode-se primeiras 48 horas de vida, quando têm
assegurar que são tomadas à mesma hora. um mês e aos três meses de idade.
A brochura das publicações GAT “Introdução Se todos estes testes são negativos
à Terapêutica de Combinação” tem dicas e a mãe não amamenta, o filho
sobre como ajudar na adesão. Pode consultar não está infetado pelo VIH
através do link www.gatportugal.org.
A criança já não tem seguramente os
anticorpos da mãe aos 18 meses de idade. A
este processo designa-se por seroconversão
(ou perda dos anticorpos), podendo acontecer
mais cedo, entre os 6 e os 9 meses de idade.
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Alimentação do recém-nascido
Há também um risco de transmitir A equipa deverá falar com a mãe para saber
a infeção pelo VIH de mãe para o se precisa de apoio extra, por exemplo, na
filho através da amamentação. alta. Os hospitais têm assistentes sociais que
As mães seropositivas que vivem em países orientam e indicam quais os apoios existentes.
industrializados podem facilmente evitar a O tratamento médico e o fornecimento de leite
amamentação usando alimentação artificial. em pó são confidenciais, por isso recomenda-
Deve ser prescrito à mulher um comprimido se que a mãe os aproveite se assim precisar.
para inibir a produção de leite, que Nenhum do pessoal que trabalha no hospital
será iniciado após o parto e tomado ou trabalhadores de apoio terá qualquer
duas vezes por dia, após o pequeno- ligação com o departamento de imigração.
almoço e jantar, durante 15 dias.
Pode-se amamentar ocasionalmente?
Alimentação artificial É desaconselhado que as mães amamentem
A alimentação artificial é atualmente ocasionalmente. De facto, um estudo
recomendada para todos os bebes demonstrou que uma “alimentação mista”
nascidos de mães seropositivas, (amamentação e leite em pó) pode levar
independentemente da contagem de a um risco de transmissão ainda mais
células CD4, carga viral ou tratamento. elevado do que apenas a amamentação.
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Tratamento antirretroviral
A escolha de novos e futuros medicamentos Se não se consegue lembrar dos detalhes,
depende das opções anteriores e a razão dados aproximados são também úteis (i.e.
pela qual houve interrupção do seu uso. tomar AZT durante 6 meses em 2002 etc.).
É importante saber se foi devido a
resistências ou efeitos secundários.
Nome do medicamento e dose Nome do medicamento e dose Data do fim do uso Razão
(mês/ano) (mês/ano)
ex. d4T 40 mg Fev 03 Jan 04 neuropatia
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De acordo com o European Centre for risco de transmissão perinatal permite à mulher,
Epidemiological Monitory of AIDS, o número no caso de seropositividade assintomática, ter
de novos casos diagnosticados de infeção acesso precoce aos cuidados apropriados de
pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), saúde e melhorar o prognóstico da sua doença.
adquirida por transmissão heterossexual, O pedido de serologia VIH às grávidas nem
tem vindo a aumentar. Em 2002, na Europa sempre tem sido efetuado, no nosso País,
Ocidental, observou-se um aumento de 23% em de acordo com as recomendações dos
relação ao ano anterior de novos diagnósticos organismos especializados. Nesse contexto,
declarados de infeção adquirida por aquela via. a Direção-Geral da Saúde no âmbito das suas
Em Portugal, os casos notificados de competências e de acordo com a Comissão
infeção VIH/SIDA que referem como origem Nacional de Luta Contra a Sida determina que:
provável a transmissão sexual (heterossexual) 1. sejam desenvolvidos esforços no
apresentam uma tendência evolutiva crescente sentido de se alertar os cidadãos/ãs,
importante. No 1º semestre de 2003, a em particular as mulheres em idade fértil
categoria de “transmissão heterossexual” para as vantagens de efetuar a serologia
correspondeu a 54,9% dos casos notificados. VIH antes e durante a gravidez;
Por outro lado, em cada ano no mundo, mais 2. os responsáveis pelos serviços de saúde
de 600 000 crianças são infetadas pelo vírus, incrementem as medidas tendentes a garantir
90% das quais através da mãe; à medida que o acesso à informação e ao aconselhamento
aumenta o número de mulheres em idade sobre VIH/SIDA, assim como à efetivação
fértil seropositivas, o número de crianças voluntária do teste, no contexto dos
infetadas pode aumentar paralelamente. cuidados pré-concecionais e pré-natais;
A transmissão do VIH através da mãe 3. a serologia VIH deve realizar-se após o
pode ocorrer durante a gravidez, consentimento esclarecido da mulher
o parto e o aleitamento. Na ausência de qualquer e com a seguinte calendarização:
intervenção estima-se que entre 15-30% dos • no período pré-concecional, no contexto
filhos de grávidas seropositivas serão infetados da Circular Normativa nº2/DSMIA de 1998.
durante a gravidez e o parto e que, 10-20%
• no período pré-natal – realização
o serão através do leite materno. A utilização
de duas serologias:
de medidas preventivas específicas naqueles
períodos, reduzem a transmissão da infeção • A periodicidade e o número dos
para valores inferiores a 8-10%, podendo testes podem ser alterados em
mesmo atingir valores inferiores a 2%. função de situações clínicas
específicas que o justifiquem.
Nesse contexto, a prevenção da transmissão
mãe-filho do VIH representa, cada vez mais, • Os resultados positivos devem
uma das estratégias essenciais no combate ser confirmados, com urgência,
à propagação da SIDA. A realização do teste pelo método de Western blot.
específico para o VIH na preparação e durante • Deve ser estimulada a participação
a gravidez, para além de possibilitar a adoção do futuro pai no aconselhamento e
das medidas necessárias para a redução do realização simultânea do teste.
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Outras anotações
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