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Capítulo 1 – Propriedades Gerais das Respostas Imunológicas

1.) Características Gerais da Resposta Imunológica

A resposta imunológica é uma reação contra substâncias estranhas (incluindo


microrganismos), bem como contra macromoléculas, como proteínas e polissacarídeos. Esta
reação pode provocar situações patológicas.

2.) Imunidade Inata e Adquirida

A imunidade inata é estimulada por estruturas comuns a grupos de microrganismos. Os


principais componentes o sistema imunológico inato são barreiras químicas e físicas, tais como:
pele, epitélio das mucosas e compostos antimicrobianos. As células que intervêm na imunidade
inata são: células fagocitárias (neutrófilos, macrófagos) e células natural killer (NK). A regular e
a coordenar várias atividades das células da imunidade natural, temos as citocinas. Assim, a
imunidade inata fornece a primeira linha de defesa contra os microrganismos.

Em contraste, a imunidade adquirida é específica para cada grupo de microrganismo e


específica para antigénios não microbianos (imunidade específica). Os principais componentes
o sistema imunológico adquirida são barreiras químicas e físicas, tais como: linfócitos nos
epitélios e anticorpos produzidos nas superfícies epiteliais. As células que intervêm na
imunidade adquirida são os linfócitos, mais os respetivos produtos (ex: anticorpos). Com a
exposição prévia e continuada de um determinado agente antigénico, a imunidade adquirida
adquire memória ao mesmo.

3.)

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Tipos de Resposta Natural e Adquirida

Existem dois tipos de respostas imunológicas adquiridas: a imunidade humoral e a


imunidade celular; que são mediadas por diferentes componentes do sistema imunológico, cuja
função é eliminar os diversos tipos de microrganismos. A imunidade humoral é mediada pelas
moléculas presentes no sangue e nas secreções das mucosas, chamadas de anticorpos, que são
produzidas pelos linfócitos B. A imunidade humoral é o principal mecanismo de defesa contra
microrganismos extracelulares e respetivas toxinas. Os próprios anticorpos são especializados,
e diferentes tipos de anticorpos podem ativar mecanismos efetores diferentes (ex: promovem
a fagocitose e estimulam a
libertação de mediadores da
inflamação). A imunidade
celular é mediada pelos
linfócitos T.
Microrganismos
intracelulares, como vírus e
algumas bactéricas,
sobrevivem e proliferam no
interior das células
fagocitárias e outras células
do hospedeiro, onde estão
protegidas dos anticorpos.
A defesa contra tais
infeções cabe À imunidade
celular, que promove a
destruição dos
microrganismos localizados
em células fagocitárias ou a
destruição das células
infetadas.

A imunidade contra um microrganismo pode ser: induzida pela resposta do hospedeiro


ao microrganismo – imunidade ativa; ou pela transferência de anticorpos ou de linfócitos
específicos para o microrganismo – imunidade inativa.

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4.) Principais Características da Resposta Imunológica Adquirida

Especificidade – Garante que antigénios distintos desencadeiem respostas específicas.


Diversidade – Permite que o sistema imunológico responda a uma grande variedade de
antigénios.
Memória – Leva a uma acentuação das respostas a exposições posteriores ao mesmo
antigénio.
Especialização – Gera respostas que são apropriadas para a defesa contra tipos diferentes de
microrganismos.
Autolimitação – Permite que o sistema imunológico responda à exposição a novos antigénios.
Tolerância a antigénios próprios – Previne o dano ao hospedeiro durante a resposta a
antigénios estranhos.

Especificidade,
memória e
autolimitação
das respostas
imunológicas.

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Componentes Celulares

Os linfócitos, as células apresentadoras de antigénios e as células efetoras são as


principais células do sistema imunológico.

Os linfócitos são as células que reconhecem e respondem especificamente a antigénios


estranhos e são, consequentemente, os mediadores da imunidade humoral e celular. Os
linfócitos B são as únicas células capazes de produzir anticorpos. Eles reconhecem antigénios
extracelulares (incluindo os que se encontram na superfície celular) e se diferenciam em células
secretoras de anticorpos, funcionando, assim, como mediadores da imunidade humoral. Os
linfócitos T, as células de imunidade celular, reconhecem os antigénios de microrganismos
intracelulares, destruindo-os ou destruindo as células infetadas. Os linfócitos T não produzem
anticorpos. Os seus recetores de antigénios são moléculas presentes na membrana, distintas
dos anticorpos, mas estruturalmente relacionadas a eles. Os linfócitos T apresentam uma
especificidade restrita para antigénios; eles reconhecem apenas peptídeos antigénicos ligados
a proteínas do hospedeiro que são codificadas pelos genes do complexo principal de
histocompatibilidade (MHC) e que se expressam nas superfícies de outras células. Os linfócitos
T consistem em populações funcionalmente distintas das quais as que foram mais bem
caracterizadas são os linfócitos T auxiliares e os linfócitos T citotóxicos. (CTLs). Em resposta à
estimulação antigénica, as células T auxiliares secretam proteínas chamadas de citocinas, cuja
função é estimular a proliferação e a diferenciação dos linfócitos T, assim como de outras células,
incluindo as células B, os macrófagos e outros leucócitos. Uma terceira classe de linfócitos, as
células NK, está envolvida na imunidade inata contra os vírus e outros organismos
extracelulares.

O início e o desenvolvimento das respostas imunológicas adquiridas requerem que os


antigénios sejam capturados e apresentados a linfócitos específicos. As células que
desempenham esse papel são
chamadas de células
apresentadoras de antigénios
(APCs).

A ativação de
linfócitos pelos antigénios
leva à geração de numerosos
mecanismos cuja função é
eliminar o antigénio. A
eliminação do antigénio
geralmente requer a
participação de células
denominadas células
efetoras. Linfócitos T
ativados, células fagocitárias
mononucleares e outros
leucócitos desempenham o
papel de células efetoras nas diferentes respostas imunológicas.

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Fases de Resposta

A resposta imunológica adquirida pode ser adquirida em fases distintas – o


reconhecimento do antigénio, a ativação dos linfócitos e a fase efetora de eliminação do
antigénio – seguindo-se um retorno ao estado de homeostasia e a manutenção da memória.

Todas as respostas imunológicas são iniciadas pelo reconhecimento específico dos


antigénios. Esse reconhecimento leva à ativação dos linfócitos que reconheceram o antigénio e
culmina no desenvolvimento de mecanismos efetores que são os intermediários da função
fisiológica da resposta, ou seja, da eliminação do antigénio. Depois do antigénio ser eliminado,
a resposta imunológica diminui e a homeostasia é restaurada.

É de ainda salientar que na fase efetora da imunidade adquirida requer a participação


de vários mecanismos de defesa, incluindo o sistema de complemento e as células fagocitárias,
que também participam na imunidade inata. A imunidade adquirida acentua os mecanismos de
defesa da imunidade inata.

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Capítulo 2 – Células e Tecidos do Sistema Imunológico

A resposta imunológica depende:

- Tecidos especializados, chamados de órgãos linfoides periféricos, que


concentram os antigénios que são introduzidos por meio dos portais comuns de entrada.
- Linfócitos inativos que migram através desses órgãos linfoides periféricos onde
reconhecem os antigénios e iniciam as respostas imunológicas.
- Linfócitos efetores e de memória circulam no sangue, dirigem-se aos locais por
onde os antigénios entram e são eficazmente retidos nesses lugares.

A resposta imunológica adquirida depende:

- Linfócitos específicos contra os antigénios.


- Células apresentadoras de antigénios necessárias também para a ativação dos
linfócitos.
- Células efetoras capazes de destruir os antigénios.

1.) Células do Sistema Imunológico

As células que estão envolvidas na resposta imunológica adquirida são linfócitos


específicos para o antigénio, células apresentadoras de antigénios (APCs) especializadas que
apresentam os antigénios e ativam os linfócitos e as células efetoras que eliminam os antigénios.

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1.1.) Linfócitos

Principais marcadores
Classe Funções Recetor de antigénio
fenotípicos

Imunidade humoral – estímulos


para o crescimento e diferenciação
Linfócitos T dos linfócitos B
Heterodímeros αβ CD3+, CD4+, CD8-.
auxiliares Imunidade celular – ativação de
macrófagos pelas citocinas
secretadas

Imunidade celular – destruição de


Linfócitos T
células infetadas por vírus, células Heterodímeros αβ CD3+, CD4-, CD8+.
citotóxicos
tumorais e rejeição de implantes.

Imunidade humoral – produção de Anticorpo de Recetores Fc; MHC II, CD19,


Linfócitos B
anticorpos superfície (Ig) CD21.

Destruição de células infetadas por Recetor da células NK


Células NK Recetor FC para IgG
vírus e células tumorais. semelhante a Ig

Origem dos linfócitos

Os linfócitos têm origem numa célula-tronco na medula óssea. Os linfócitos B


completam o seu desenvolvimento na medula óssea, enquanto os linfócitos T o completam no
timo. Após terem completado o seu desenvolvimento, as células deixam a medula óssea ou o
timo, entram na circulação e vão instalar-se nos órgãos linfoides periféricos. Essas células que
completaram o seu desenvolvimento são chamadas de linfócitos naive ou inativas. A função dos
linfócitos naive é reconhecer antigénios e iniciar a resposta imunológica adquirida. Se tal não
acontecer, os linfócitos morrem por meio de apoptose.

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Estimulação dos linfócitos T e B

Na resposta imunológica adquirida, os linfócitos inativos são ativados por antigénios e


outros estímulos para se diferenciarem em células efetoras e de memória.

1º - Síntese de novas proteínas

Logo após a estimulação, os linfócitos começam a transcrever genes que estavam


inativados e a sintetizar uma grande variedade de novas proteínas. Essas proteínas incluem as
citocinas, no caso dos linfócitos T, que estimulam o crescimento e a diferenciação dos próprios
linfócitos e de outras células efetoras.

2º - Proliferação celular

Em resposta ao antigénio e aos fatores de crescimento produzidos pelos linfócitos e


outras células estimuladas, ocorre a divisão por mitose do linfócito específico para o antigénio.
Isso resulta na expansão clonal, um processo em que ocorre a proliferação linfocitária e o
consequente crescimento do tamanho do clone específico para o antigénio.

3º (parte 1) - Diferenciação em células efetoras

Uma parte da prole dos linfócitos estimulados transforma-se em células efetoras, cuja
função é eliminar o antigénio. Os linfócitos efetores incluem células T auxiliares, células T
citotóxicas (CTLs) e células B secretoras de anticorpos. Células T auxiliares diferenciadas
expressam proteínas na sua superfície que interagem com ligantes noutras células, tais como
macrófagos e linfócitos B, além de secretarem citocinas que ativam outras células. Os CTLs
diferenciados desenvolvem grânulos que contêm proteínas que destroem células infetadas por
vírus e células tumorais. Os linfócitos B diferenciam-se em células que sintetizam e secretam
anticorpos ativamente. Algumas dessas células produtoras de anticorpos são identificáveis como
plasmócitos.

3º (parte 2) – Diferenciação em células de memória

Uma parte da prole dos linfócitos B eT estimulados por antigénios diferencia-se em


células de memória, que agem como intermediários das respostas rápidas e acentuada a
exposições subsequentes ao mesmo antigénio.

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1.2.) Células Apresentadoras de Antigénios

As células apresentadoras de antigénios (APCs) são células especializadas em capturar


microrganismos e outros antigénios, apresenta-los aos linfócitos e fornecer sinais que
estimulam a proliferação e diferenciação dos linfócitos.

Células Dendríticas

As células dendríticas desempenham um papel importante na captura do antigénio, no


transporte para os órgãos linfoides periféricos, e na indução de respostas dos linfócitos T às
proteínas antigénicas. A maioria dessas células dendríticas é derivada da linhagem monocítica e
são chamadas de células dendríticas mieloides.

Células Fagocitárias Mononucleares

O sistema fagocitário mononuclear consiste em células que apresentem uma linhagem


comum e cuja função primária é a fagocitose. As células do sistema fagocitário mononuclear
origina-se na medula óssea, circulam pelo sangue, amadurecem e são ativadas nos diferentes

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tecidos. O primeiro tipo celular que entra no sangue periférico depois de deixar a medula óssea
já está totalmente diferenciado e designa-se por monócito. Uma vez estabelecidas nos tecidos,
essas células amadurecem e tornam-se macrófagos.

As células fagocitárias mononucleares desempenham o papel de APCs nas respostas


imunológicas adquiridas mediadas pelas células T. Para além de fagocitarem, os macrófagos
também produzem citocinas, que recrutam e ativam outras células inflamatórias.

Células Dendríticas Foliculares

As células dendríticas foliculares são células com projeções membranosas presentes nos
centros germinativos dos folículos linfoides nos linfonodos, no baço e no tecido linfoide
associado Às mucosas. A maioria das células dendríticas foliculares não é derivada de
precursores na medula óssea e não tem nenhuma relação com as células dendríticas que
apresentam antigénios aos linfócitos T. As células dendríticas foliculares aprisionam antigénios
associados a anticorpos ou produtos do complemento e os apresentam na sua superfície para
serem reconhecidos pelos linfócitos B.

2.) Anatomia e Funções dos Tecidos Linfoides

Os tecidos linfoides são classificados em órgãos geradores, também chamados de


órgãos linfoides primários, onde os linfócitos expressam inicialmente os recetores de antigénios
e atingem a maturidade fenotípica e funcional, e me órgãos periféricos, também chamados de
órgãos linfoides secundários, onde as respostas dos linfócitos aos antigénios estranhos são
iniciadas e desenvolvidas.

2.1.) Medula Óssea

Na medula óssea são geradas todas as células sanguíneas circulantes do adulto,


incluindo os linfócitos imaturos, sendo o local em que os linfócitos B se desenvolvem. Todas as
células sanguíneas originam-se de uma células-tronco comum que se compromete com a
diferenciação numa linhagem particular, a linhagem linfoide. Assim sendo, de uma célula-tronco

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pluripotencial, há a diferenciação de uma célula progenitora linfoide, que por sua vez, dá origem
aos linfócitos B, linfócitos T e células NK; sendo que os linfócitos T, em vez de se maturarem na
medula, se maturam no timo.

2.2.) Timo

O timo é o local do desenvolvimento das células T. Em geral, as células mais imaturas da


linhagem dos linfócitos T entram no córtex da glândula através dos vasos sanguíneos. O
desenvolvimento começa no córtex e, conforme os timócitos vão se desenvolvendo, eles
migram para a medula, de forma que a medula contém principalmente células T desenvolvidas.
Só os linfócitos T desenvolvidos deixam o timo e entram no sangue e nos tecidos linfoides
periféricos.

2.3.) Gânglios Linfáticos e Sistema Linfático

Os gânglios linfáticos são órgãos nos quais as respostas imunológicas adquiridas são
iniciadas.

Dentro do gânglio linfático, há migração dos linfócitos B e T para zonas específicas do


mesmo, resultado da atração de quimiocinas específicas. Assim, os linfócitos B migram para a
zona germinativa e ficam armazenados até serem ativados e produziram anticorpos, enquanto
os linfócitos T ativados saem para a circulação.

Os antigénios são transportados para os gânglios principalmente pelos vasos linfáticos.

O resultado final da captura do antigénio pelos diferentes tipos celulares é a sua acumulação e
concentração no gânglio e a apresentação do antigénio de uma maneira que ele possa ser
reconhecido pelos linfócitos T específicos.

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2.4.) Baço

O baço é o principal local de respostas imunológicas a antigénios provenientes do


sangue. Os folículos linfoides, alguns dos quais contêm centros germinativos, estão ligados às
zonas de células T; semelhantemente ao que ocorre nos linfonodos, os folículos são as zonas de
células B.

3.) Sistema Imunológico Cutâneo

A pele contém um sistema imunológico especializado constituído por linfócitos e APCs.


Os principais componentes do sistema imune da pele são: queratinócitos (epiderme), células de
Langerhans (epiderme), linfócitos T intraepiteliais (epiderme), linfócitos T (derme) e macrófagos
(derme).

4.) Vias e Mecanismos de Recirculação e Homing dos Linfócitos

A recirculação linfocitária é o processo pelo qual os linfócitos movem-se continuamente


entre os diversos locais do corpo pelos vasos sanguíneos e linfáticos e é primordial para iniciar
a fase efetora da resposta imunológica.

As células T inativas normalmente recirculam entre os vários órgãos linfoides periféricos,


aumentando a probabilidade de encontrarem um antigénio apresentado pelas APCs, como as
células dendríticas maduras. As células T efetoras são tipicamente recrutadas para locais de
inflamação periférica onde os antigénios estão localizados. As células T de memória podem
entrar nos órgãos linfoides ou nos tecidos periféricos.

O processo de recirculação dos linfócitos é regulado pelas moléculas de adesão,


chamadas de recetores homing, e os seus ligantes nas células endoteliais, as adressinas. As
células endoteliais dos diversos tecidos do corpo podem expressar ligantes diferentes que
promovem a migração linfocitária específica para aquele tecido.

Os diversos tipos de linfócitos exibem padrões de migração distintos. Os linfócitos T


inativos migram de preferência para os linfonodos; esse processo é mediado principalmente
pela ligação da L-seletina nos linfócitos T com a adressina nas vénulas especializadas do
endotélio alto dos linfonodos. As células T efetoras e de memória que são geradas pela
estimulação antigénica das células T inativas deixam os linfonodos. A sua expressão de L-seletina
diminui mas a de integrinas e dos ligantes das seletinas E e P aumenta, e essas moléculas são
intermediárias na ligação dessas células ao endotélio nos locais de inflamação periférica.

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Capítulo 3 – Anticorpos e Antigénios
Os anticorpos, as moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) e os
recetores de antigénios das células T são as três classes de moléculas usadas no reconhecimento
de antigénios da imunidade adquirida.

Anticorpos são moléculas produzidas por células B e suas descendentes as células


plasmáticas.

As células B incorporam as moléculas de anticorpo nas membranas servindo como


recetores de antigénios.

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As células plasmáticas libertam os anticorpos no sangue e outros fluidos biológicos.

A interação de um anticorpo solúvel com um antigénio na superfície de um vírus ou uma


célula bacteriana neutraliza o agente patogénico e facilita a sua ingestão e destruição por células
fagocíticas.

1.) Características Gerais da Estrutura dos Anticorpos

Todas as moléculas de anticorpos possuem as mesmas características estruturais


básicas, mas apresentam uma grande variedade nas regiões que ligam os antigénios.

Os anticorpos são imunoglobulinas constituídas po: 2 cadeias pesadas e 2 cadeias leves;


que apresentam pontes S-S intra- e intercadeias.

Tanto em cadeias leves, como em cadeias pesadas contêm uma série de unidades
homólogas repetidas de aminoácidos, que se dobram independentemente numa forma
globular, chamada de domínio da Ig.

Tanto as cadeias pesadas quanto as leves possuem uma região aminoterminal variável
(V) que participa no reconhecimento dos antigénios, e de regiões constantes (C)
carboxiterminais; as regiões C das cadeias pesadas possuem as funções efetoras. Nas cadeias
pesadas, a região V é composta por um domínio Ig e a região C é composta por três a quatro
domínios Ig. Cada cadeia leve é composta por um domínio Ig na região V e de um domínio Ig na
região C. A região V de uma cadeia pesada é justaposta com a região V de uma cadeia leve para
formar o local de ligação de antigénios. Como a unidade estrutural central de cada molécula de
anticorpo contém duas cadeias pesadas e duas cadeias leves, ela tem dois locais de ligação de

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antigénios. Além disso, Isótipo do anticorpo Subtipos Forma secretada
a porção carboxiterminal das
cadeias pesadas ancora os IgA IgA1, IgA2 Dímero
anticorpos ligados à membrana
IgD Nenhum Nenhuma
nas membranas plasmáticas
dos linfócitos B. As regiões C das IgE Nenhum Monómero
cadeias leves não participam
nas funções efetoras e não se IgG IgG1-4 Monómero
ligam a membranas celulares.
IgM Nenhum Pentâmero

Características Estruturais das Regiões Variáveis em Relação à Ligação com o Antigénio

A maior parte das diferenças nas sequências entre os


diversos anticorpos está confinada a três pequenas extensões
nas regiões V das cadeias pesadas e leves, chamadas de
segmentos hipervariáveis.

Na molécula de anticorpo, as três regiões


hipervariáveis do domínio VL e do domínio VH aproximam-se,
na sua estrutura tridimensional, para formar uma superfície
de ligação de antigénios. Como essas sequências formam uma
superfície que é complementar à estrutura tridimensional do
antigénio que é ligado, as regiões hipervariáveis também são
chamadas de regiões determinantes de complementaridade
(CDRs). A partir da porção aminoterminal VL e VH, essas regiões designam-se por CDR1, CDR2 e
CDR3, respetivamente. Diferenças nas sequências entre as CDRs de diversas moléculas de
anticorpos resultam em estruturas químicas únicas sendo expostas na superfície dessas curvas
projetadas e em diferentes especificidades para os antigénios.

O contato mais extenso é com a terceira região hipervariável (CDR3), que também é a
mais variável das três.

Características Estruturais das Regiões Constantes em Relação à Função Efetora

As moléculas de anticorpos podem ser divididas em classes e subclasses distintas com


bases nas diferenças na estrutura das regiões C das cadeias pesadas. As classes das moléculas
de anticorpos também são chamadas de isótipos e são denominadas IgA, IgD, IgE, IgG e IgM.

Os anticorpos podem agir como antigénios quando introduzidos noutros hospedeiros,


estimu-lando a produção de anti-anticorpos.

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Os diversos isótopos e subtipos de anticorpos desempenham funções efetoras
diferentes. A explicação para isso é que a maior parte das funções efetoras dos anticorpos é
mediada pela ligação das regiões C da cadeia pesada a recetores em várias células, tais como as
células fagocitárias, células NK e mastócitos, e a proteínas plasmáticas, como os componentes
do complemento. Isótipos e subtipos de anticorpos possuem regiões C diferentes e,
consequentemente, ligam-se a diferentes substratos e desempenham funções efetoras
diferentes.

Moléculas de anticorpos são


flexíveis, permitindo que se liguem a uma
grande variedade de antigénios. Essa
flexibilidade é conferida, em parte, pela
região da dobradiça, localizada entre CH1 e
CH2 em determinados isótipos.

Existem duas classes de isótipos de cadeias leves, chamadas de kapa (K) e lambda (),
que se diferenciam pelas suas regiões constantes (C) na porção aminoterminal. Uma molécula
de anticorpo tem duas cadeias leves K e , mas nunca uma de cada. A sequência de aminoácidos
das regiões C (Ck) da cadeia leve K difere daquela das regiões C (C) da cadeia leve , mas todas
as cadeias CK de diferentes moléculas de anticorpos são idênticas, assim como todas as
sequências C. A despeito da diferença na sequência, Ck e Csão estruturalmente homólogas e
cada uma dobra-se para formar um domínio Ig.

Os anticorpos podem apresentar-se em duas formas: secretados ou associados à


membrana, que diferem na sequência de aminoácidos na porção carboxiterminal da região C da
cadeia pesada. Na sua forma secretada, encontrada no sangue e em outros fluidos
extracelulares, a sequência de aminoácidos da última região CH termina com aminoácidos que
apresentam carga e são hidrofílicos. Na sua forma ligada À membrana, encontrada somente na
membrana plasmática de linfócitos B que sintetizam anticorpos, a última região CH possui
cadeias laterais hidrofóbicas e um número variável de aminoácidos básicos.

Síntese, Montagem e Expressão das Moléculas de Ig

As cadeias pesada e leve das Igs, assim como a maioria das proteínas secretadas e da
membrana, são sintetizadas nos ribossomas associados à membrana localizados no retículo
endoplasmático rugoso. A dobra apropriada das cadeias pesadas e a sua união as cadeias leves
são reguladas por proteínas do RE chamadas chaperones. A associação covalente das cadeias
pesadas e leves, criada pela formação de pontes dissulfeto, e a glicosilação ligada ao
aminoterminal também ocorrem no RE. Após a montagem, as moléculas de Ig são libertadas das
chaperones e dirigem-se para as cisternas do complexo de Golgi, onde os hidratos de carbono
são modificados e os anticorpos são, então, transportados para a membrana plasmática em
vesículas, ancorando-se na membrana celular ou sendo secretados pelo processo de exocitose.

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O amadurecimento dos linfócitos B a partir de progenitores na medula óssea é
acompanhado por mudanças específicas na expressão dos genes das Igs, resultando na
produção de moléculas de Ig de diversas formas.

Quando os linfócitos B maduros são ativados por antigénios e outros estímulos, as


células diferenciam-se em plasmócitos, que são células produtoras de anticorpos. Esse processo
também é acompanhado por mudanças no padrão de produção de Ig.

2.) Ligação dos Antigénios pelos Anticorpos

Um antigénio é qualquer substância que pode ser especificamente ligada por um


anticorpo ou por um recetor de antigénios do linfócito T.

A configuração espacial dos diversos determinantes antigénicos numa única molécula


de proteína pode influenciar a ligação dos anticorpos de várias formas. Quando os
determinantes estão muito separados, duas ou três moléculas de anticorpos podem ligar-se à
mesma proteína sem influenciar as outras; diz-se que tais determinantes não estão sobrepostos.
Quando dois determinantes estão muito próximos, a ligação de um anticorpo ao primeiro
determinante pode causar interferência espacial na ligação do anticorpo ao segundo; tais
determinantes estão sobrepostos.

2.1.) Bases Estruturais e Químicas da Ligação com os Antigénios

Os sítios de ligação de antigénios da maioria dos anticorpos são superfícies planas que
podem acomodar determinantes antigénicos conformativos de macromoléculas, permitindo
que os anticorpos liguem-se a moléculas grandes.

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Antigénios monovalentes ou
determinantes antigénicos distantes na
superfície celular irão interagir com um
único sítio de ligação de uma molécula
de anticorpo. Apesar da afinidade
dessa interação poder ser alta, a avidez
geral, isto é a força de ligação geral, é
relativamente baixa. Quando
determinantes repetidos na superfície
celular estão próximos uns dos outros,
os dois sítios de ligação de uma única
molécula de IgG podem ligar-se. A
região da dobradiça da IgG acomoda a
mudança de formato necessária para
que os dois sítios se liguem aos
determinantes antigénicos. As
moléculas de IgM possuem 10 sítios de
ligação de antigénio idênticos que
podem, em teoria, ligar
simultaneamente 10 determinantes antigénicos repetidos na superfície celular, resultando
numa interação polivalente de alta avidez.

O tamanho dos imunocomplexos


antigénio-anticorpo depende das
concentrações relativas de antigénios
e anticorpos. Grandes complexos são
formados em concentrações de
antigénios e anticorpos multivalentes
denominadas zona de equivalência;
os complexos são menores quando há
um excesso relativo de antigénio ou
de anticorpo.

3.) Relação entre Estrutura e Função das Moléculas de Anticorpos

Os anticorpos são capazes de reconhecer uma grande variedade de antigénios com


afinidades variadas. Todas as características do reconhecimento de antigénios refletem
pequenas diferenças das regiões V dos anticorpos.

Especificidade

Os anticorpos podem apresentar uma especificidade impressionante para um antigénio,


distinguindo pequenas diferenças na sua estrutura química.

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Diversidade

A presença de grandes números de anticorpos que ligam diferentes antigénios é


chamada de diversidade, e a coleção total de anticorpos com especificidades diferentes é
chamada de repertório de anticorpos.

Afinidade e Avidez

A habilidade dos anticorpos de neutralizar toxinas e microrganismos infeciosos depende


de uma forte ligação dos anticorpos. Um mecanismo para a geração de anticorpos de grande
afinidade envolve alterações sutis na estrutura das regiões V dos anticorpos durante as
respostas humorais. Essas alterações ocorrem por um processo de mutação somática em
linfócitos B estimulados por antigénios que geram novas estruturas para os domínios V, alguns
dos quais ligam o antigénio com maior afinidade do que o domínio V original.

Capítulo 4 – O Complexo Principal de Histocompatibilidade

Se pode ser feita transfusão de sangue entre pessoas com o mesmo grupo sanguíneo então
porque não pode ser feito enxerto de tecidos entre indivíduos considerando apenas o mesmo grupo
sanguíneo?

Os genes que regulam a rejeição de tecidos estão organizados numa região do genoma que foi
designada por MHC. Os MHC consistem em 15 genes diferentes, sendo alguns polimórficos. Foram
identificados mais de 500 alelos diferentes dos genes MHC, muito superior ao de qualquer outro loci
humano. Portanto, será muito difícil que 2 indivíduos numa população tenham a mesma combinação de
alelos MHC. E, por isso, é dado após transplante de órgãos imunosupressores (como a ciclosporina A-
inibe uma fosfatase envolvida na sinalização das citocinas necessárias para a ativação das células T).

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Os MHC são proteínas envolvidas na apresentação de antigénios. Cada espécie de
molécula MHC pode ligar a um número elevado de péptidos diferentes que partilhem
características estruturais que lhes permitam interagir com o local de ligação.

Os genes MHC codificam proteínas membranares capazes de interatuar com proteínas


-recetores de linfócitos

Como cada indivíduo expressa várias proteínas MHC e como cada variante MHC, pode ligar um
grande nº de péptidos, então cada célula dendrítica ou macrófago pode apresentar uma grande
variedade de péptidos.

As células T são ativadas por um antigénio que foi clivado em pequenos fragmentos e
apresentado na superfície por células apresentadoras de antigénio (APC). Estes fragmentos de
antigénio são expostos na superfície por proteínas MHC.

Existem dois tipos principais de produtos dos


genes MHC, chamados de moléculas de classe I
e moléculas de classe II. As moléculas de classe I
apresentam peptídeos aos linfócitos citotóxicos
CD8+ e estão presentes em todas as células,
enquanto as moléculas da classe II os
apresentam às células T auxiliares CD4+ e estão
presentes em células apresentadoras de
antigénios, células dendríticas e linfócitos B.

1.) A Descoberta do MHC e o seu Papel nas Respostas Imunológicas

1.1.) Descoberta do MHC do Camundongo

Os genes MHC controlam a rejeição de excertos e as respostas imunológicas. Na figura


A, o excerto é rejeitado quando o doador e o recetor têm diferentes MHCs, caso contrário, não
há rejeição do excerto. Na figura B, podemos observar que para diferentes antigénios e para
diferentes MHCs, há respostas diferentes.

21
1.2.) Propriedades dos Genes do MHC

- Dois tipos de genes MHC polimórficos, ou seja, genes MHC classe I e II, codificam dois
grupos de proteínas estruturalmente distintas mas homólogas.

- Os genes MHC são os genes mais polimórficos do genoma.

- Os genes MHC são expressos de forma co-dominante em cada indivíduo. Ou seja, cada
pessoa expressa ambos os alelos que são herdados dos pais. Para o indivíduo, isso maximiza o
número de moléculas MHC disponíveis para ligar peptídeos para serem apresentados aos
linfócitos T.

2.) Estrutura das Moléculas do MHC

2.1.) Propriedades das Moléculas do MHC

Características MHC classe I MHC classe II

Cadeias polipeptídicas α e β2-microglobulina αeβ

Localização dos resíduos


Domínios α1 e α2 Domínios α1 e β1
polimórficos

Local de ligação para o co-


A região α3 liga CD8+ A região β2 liga CD4+
recetor dos linfócitos T

2.2.) Moléculas MHC de Classe I

As moléculas MHC de classe I


consistem em duas cadeias polipeptídicas
ligadas de forma não-covalente; uma
cadeia α codificada pelo MHC e uma
subunidade que não é codificada pelo
MHC, chamada de β2-microglobulina. Cada
cadeia α está orientada de tal forma que
três quartos de todo o peptídeo
estendem-se para o meio extracelular, um
pequeno segmento hidrofóbico atravessa
a membrana celular e os resíduos da
região carboxiterminal estão localizados
no citoplasma.

Os segmentos aminoterminais (N-


terminal) α1 e α2 da cadeia α, interagem para formar uma plataforma de oito β-lâminas
pregueadas na qual se apoiam duas α-hélices paralelas. Isto forma a fenda de ligação de

22
peptídeos das moléculas de classe I. O seu tamanho é suficiente para ligar peptídeos que contêm
entre 8 a 11 aminoácidos numa conformação flexível, prolongada. O segmento α3 da cadeia de
aminoácidos é a mesma em todas as moléculas de classe I. Esse segmento contém uma alça que
serve de sítio de ligação para o CD8+.

A molécula de classe I totalmente montada é um heterodímero que consiste numa


cadeia α, β2-microglobulina e um peptídeo antigénico ligado a ela, e a expressão estável das
moléculas de classe I na superfície celular requer a presença de três componentes do
heterodímero.

2.3.) Moléculas MHC de Classe II

As moléculas MHC de classe II são compostas por duas cadeias polipeptídicas ligadas de
forma não-covalente, uma cadeia α e uma cadeia β. Ao contrário das moléculas MHC de classe
I, ambas as cadeias das moléculas de classe II são codificadas por genes MHC polimórficos.

Os segmentos aminoterminais α1 e β1 das cadeias da classe II interagem para formar a


fenda de ligação de antigénios. Nas moléculas de classe II as extremidades da fenda estão
abertas, permitindo a ligação de peptídeos com 30 aminoácidos ou mais.

Os segmentos α2 e β2 das moléculas de classe II dobram-se para formar domínios de Ig.


Uma alça no segmento β2 das moléculas da classe II é o local de ligação para o CD4+.

O terminal carboxila dos segmentos


α2 e β2 continuam em pequenas regiões de
conexão seguidas de extensões de
aproximadamente 25 aminoácidos
hidrofóbicos transmembranas.

A molécula de classe II completamente


montada é um heterodímero que consiste
numa cadeia α, numa cadeia β e num
peptídeo antigénico a ela ligado. A
expressão estável das moléculas de classe II
na superfície da célula requer a presença
dos três componentes do heterodímero.

23
3.) Ligação dos Peptídeos às Moléculas do MHC

As moléculas do MHC demonstram


uma especificidade muito ampla no que diz
respeito à ligação do antigénio, e a
especificidade fina do reconhecimento dos
antigénios reside principalmente nos
recetores de antigénios do linfócitos T.

Cada molécula de classe I ou da classe


II possui uma única fenda de ligação de
antigénios que pode acomodar vários
peptídeos diferentes.

Os peptídeos que se ligam às


moléculas do MHC apresentam
características estruturais em comum que
promovem esta interação. Uma dessas
características é o tamanho do peptídeo – as moléculas da classe I podem acomodar peptídeo
que possuem de 8 a 11 aminoácidos, enquanto as moléculas de classe II se ligam a peptídeos
que podem ter de 10 a 30 aminoácidos ou até mais longos.

A associação de peptídeos antigénicos e moléculas de MHC é uma interação saturável,


de baixa afinidade, com uma taxa de formação lenta e uma taxa de degradação muito lenta.

As moléculas de MHC de uma pessoa não conseguem discriminar entre peptídeos


estranhos e peptídeos derivados de antigénios daquela pessoa. Assim, as moléculas de MHC
apresentam tanto peptídeos do hospedeiro quanto peptídeos estranhos e as células T
examinam esses peptídeos que são apresentados para a presença de antigénios estranhos.

A ligação dos peptídeos às moléculas de MHC é feita por meio de uma interação não-
covalente mediada por aminoácidos tanto nos peptídeos como nas fendas das moléculas de
MHC. Os antigénios proteicos são clivados proteoliticamente nas células apresentadoras de
antigénios para gerar os peptídeos que serão ligados e exibidos pelas moléculas MHC. Esses
peptídeos ligam-se às fendas das moléculas do MHC na sua conformação estendida. Uma vez
ligados, os peptídeos e as moléculas de água associadas a eles enchem as fendas, formando um
íntimo contato com os aminoácidos das β-lâminas que formam a base das fendas e das α-hélices
nos dois lados das fendas. Os que se encaixam nessas bolsas e ligam-se a aminoácidos
complementares na molécula de MHC, normalmente mediante ligações hidrofóbicas. Esses
aminoácidos dos peptídeos designam-se por âncoras, pois são os maiores contribuintes para a
estabilidade das ligações.

24
4.) Expressão das Moléculas de MHC

Como as moléculas de MHC são


necessárias para apresentar os
antigénios aos linfócitos T, a expressão
dos genes MHC numa célula determina
se antigénios estranhos naquela célula
serão reconhecidos pelos linfócitos T.

As moléculas de classe I expressam-se


em todas as células nucleadas, enquanto
as moléculas da classe II expressam-se
principalmente nas células
apresentadoras de antigénios
especializados, como as células
dendríticas, os macrófagos e os linfócitos
B, além de alguns outros tipos celulares,
incluindo as células endoteliais e as
células epiteliais do timo. A expressão
dos produtos dos genes MHC é
aumentada por estímulos inflamatórios
e imunológicos, especialmente pelas citocinas como o IFN-γ, que estimulam a transcrição desses
genes.

Capítulo 5 – Processamento e Maturação das Imunoglobulinas


1.) Propriedades dos Antigénios Reconhecidos por Linfócitos T

Várias características do reconhecimento de antigénios são peculiares aos


linfócitos T:

- Os linfócitos T reconhecem apenas péptidos; enquanto os linfócitos B


reconhecem péptidos, proteínas, ácidos nucleicos, polissacarídeos, lípidos e pequenas
moléculas de químicos (penicilinas -lactâmicas).

- Os linfócitos T reconhecem determinantes lineares e sem conformação de


antigénios peptídicos.

- Os linfócitos T reconhecem péptidos estavelmente ligados ao complexo MHC.

- Os linfócitos T reconhecem antigénios peptídicos estranhos e respondem a eles


somente quando os antigénios estão ligados às moléculas de MHC.

- Os linfócitos T auxiliares reconhecem os péptidos ligados aa moléculas de MHC


de classe II, enquanto os CTLs reconhecem os péptidos ligados a moléculas de MHC de classe I.

25
- Os linfócitos T CD4+ restritos à classe II reconhecem antigénios exógenos,
resultantes da fagocitose; enquanto os linfócitos T CD8+ restritos à classe I reconhecem
antigénios endógenos/próprios com origem no citoplasma da célula.

2.) Apresentação de Antigénios Proteicos a Linfócitos T CD4+

Os linfócitos T auxiliares
+
CD4 controlam praticamente todas
as respostas imunes contra os
antigénios proteicos. Os linfócitos T
auxiliares são células efetoras da
imunidade celular e fornecem
estímulos que são importantes para
a proliferação e diferenciação de
linfócitos B e CTLs.

As APCs são importantes na ativação dos linfócitos T CD4+:

- Em primeiro lugar, as APCs convertem antigénios proteicos em peptídeos e


eles exibem complexos de péptido-MHC para o reconhecimento pelos linfócitos T
(processamento antigénico).

- Em segundo lugar, algumas APCs fornecem estímulos ao linfócito T além dos


iniciados pelo reconhecimento de complexos péptido-MHC pelo recetor antigénico do linfócito
T. Esses estímulos, denominados co-estimuladores, são necessários para as respostas completas
dos linfócitos T.

Assim, podemos concluir que


para que ocorra a ativação de um
linfócito T é necessário que ocorra:
ligação entre o seu receptor TCR e o
complexo MHC da célula apresentadora,
e ligação das proteínas CD8+ (CTLs) ou
CD4+ (linfócitos T auxiliares).

3.) Apresentação de Antigénios Proteicos a Linfócitos T Auxiliares

As APCs mais bem definidas para linfócitos T auxiliares são as células dendríticas, os
fagócitos (macrófagos) e os linfócitos B, sendo que cada uma desempenha papéis diferentes nas
respostas aos linfócitos T. As células dendríticas são as APCs mais eficazes para iniciar as
respostas dos linfócitos T, os macrófagos apresentam antigénios a linfócitos T auxiliares efetores
na fase efetora da imunidade celular e os linfócitos B apresentam antigénios aos linfócitos T
auxiliares durante as respostas imunes humorais.

26
A função das células dendríticas epiteliais é capturar antigénios proteicos de microrganismos e
transportar os antigénios aos linfonodos de drenagem linfática. Durante a sua migração para os
linfonodos, as células dendríticas amadurecem e tornam-se extremamente eficientes em
apresentar antigénios e estimular os linfócitos T não expostos a antigénios. As células
dendríticas maduras residem nas zonas de linfócitos T dos linfonodos e, nesta localização,
exibem antigénios aos linfócitos T.

Os macrófagos são APCs que fagocitam ativamente grandes partículas. Na fase efetora
da imunidade celular, os linfócitos T efetores reconhecem antigénios microbianos em fagócitos
e ativam os macrófagos para destruir os microrganismos fagocitados. A maioria dos macrófagos
expressa baixos níveis de moléculas de MHC de classe II; contudo, esse número pode aumentar
pela estimulação de IFN-γ.

Os linfócitos B usam os recetores antigénicos que possuem para ligar-se e interiorizar


os antigénios proteicos solúveis e apresentar peptídeos processados derivados dessas proteínas
para os linfócitos T auxiliares. A função de apresentação de antigénios dos linfócitos B é essencial
para a produção de anticorpos dependentes de linfócitos T auxiliares.

3.1.) Captura e Apresentação de Antigénios Proteicos in Vivo

As respostas dos linfócitos CD4+ são iniciadas nos órgãos linfoides periféricos, aos quais
os antigénios proteicos são transportados depois de serem colhidos a partir da sua entrada.

Células dendríticas imaturas residentes nos epitélios e tecidos capturam antigénios


proteicos e transportam-nos aos linfonodos de drenagem. As células dendríticas imaturas
expressam recetores de membrana para capturar antigénios microbianos, ara endocitar os
antigénios e para começar a processar as proteínas em peptídeos capazes de ligar-se a moléculas

27
de MHC. Os microrganismos também estimulam reações imunes inatas, durante as quais são
produzidas citocinas inflamatórias. A combinação de microrganismos e citocinas ativa as células
dendríticas. As quimiocinas atraem as células dendríticas portadoras de antigénios microbianos
para as zonas de linfócitos T dos linfonodos regionais. As células dendríticas imaturas que
encontram microrganismos para os linfonodos amadurecem durante essa migração de células.
As células dendríticas maduras expressam altos níveis de moléculas de MHC de classe II com
peptídeos ligados, bem como co-estimuladores para a ativação de linfócitos T. Desse modo, no
momento em que essas células se tornam residentes em linfonodos, já se desenvolveram como
APCs. Os linfócitos T não expostos a antigénios que recirculam pelos linfonodos encontram essas
APCs. Os linfócitos T específicos para os complexos peptídicos-MHC exibidos são ativados, sendo
iniciada uma resposta imune.

Os antigénios também podem ser transportados para linfonodos sob a forma solúvel. Quando a
linfa entra num linfonodo por um vaso linfático aferente, filtra-se pelo linfonodo. Aqui, os
antigénios solúveis originados na linfa podem ser extraídos do líquido por APCs, como as células
dendríticas e os macrófagos. As células dendríticas, os macrófagos e linfócitos B que captaram
antigénios proteicos podem, então, processar e apresentar esses antigénios a linfócitos T não
expostos a antigénios e a linfócitos T efetores que tenham sido gerados por prévia estimulação
antigénica. Desse modo, populações de
APCs nos linfonodos acumulam e
concentram antigénios, exibindo-os sob
uma forma que possa ser reconhecida por
linfócitos T auxiliares específicos para
antigénios.

Na fase efetora das respostas dos linfócitos


T auxiliares, células efetoras ou de
memória previamente ativadas podem
reconhecer e responder a antigénios em
tecidos não-linfoides. Linfócitos T
previamente ativados migram para locais
periféricos de inflamação ou infeção, onde
antigénios são apresentados por
macrófagos e outras APCs. Nas respostas
imunes humorais, os linfócitos B que
reconhecem antigénios interiorizam e
processam tais antigénios e apresentam
peptídeos a linfócitos T auxiliares efetores.

4.) Apresentação de Antigénios Proteicos a Linfócitos T Citotóxicos

Todas as células nucleadas podem apresentar peptídeos associados a MHC de classe I,


derivados de antigénios proteicos citosólicos, a linfócitos T citotóxicos porque todas as células
nucleadas expressam moléculas MHC de classe I.

28
Todas as células nucleadas são suscetíveis a infeções virais e a mutações causadoras de
cancro. Portanto, é importante que o sistema imune seja capaz de reconhecer antigénios
citosólicos abrigados em qualquer tipo celular. Os linfócitos T citotóxicos são capazes de
reconhecer peptídeos associados à classe I e de eliminar qualquer célula que expresse
antigénios. A expressão universal de moléculas de classe I permite que CTLs restritas à classe I
reconheçam e eliminem qualquer tipo de células infetada por vírus ou células tumoral.

5.) Biologia Celular do Processamento Antigénicos

As vias de processamento de antigénios convertem antigénios proteicos derivados do


espaço extracelular ou do citosol em peptídeos e transportam esses peptídeos em moléculas de
MHC para exibir a linfócitos T.

29
Na via de MHC de classe II, antigénios proteicos extracelulares são endocitados para vesículas,
onde os antigénios são processados e os peptídeos ligam-se a moléculas de MHC de classe II.

Na via de MHC de classe I, os antigénios proteicos no citosol são processados por proteassomas,
e os peptídeos são transportados ao RE, onde ligam-se a moléculas de MHC de classe I.

Assim, os antigénios proteicos que se apresentam em compartimentos vesiculares ácidos de


APCs geram peptídeos associados à classe I, enquanto os antigénios que se apresentam no
citosol geram peptídeos associados à classe I.

5.1.) Processamento de Antigénios Endocitados para Apresentação Associada ao


MHC II

1 – Captação de proteínas extracelulares para compartimentos vesiculares de APCs

A maioria dos peptídeos associados à classe II é derivada de antigénios proteicos que são
capturados e interiorizados nos endossomas por APCs especializados.

Os microrganismos em particular são interiorizados em vesículas chamadas fagossomos, que


podem fundir-se com lisossomas.

2 – Processamento de proteínas interiorizadas em vesículas endossómicas e lisossómicas

As proteínas interiorizadas são degradadas enzimaticamente em desmossomas e lisossomas até


gerar peptídeos, muitos dos quais têm as propriedades estruturais que lehs possibilitam ligar-se
a fendas de ligação dos peptídeos das moléculas de MHC II.

30
3 – Biossíntese de transporte de moléculas do MHC de classe II para os endossomas

As moléculas de MHC II são sintetizados no RE e transportadas aos endossomas com uma


proteína associada, chamada cadeia invariante (Ii), que ocupa as fendas de ligação de peptídeos
das moléculas de classe II recém-sintetizadas.

4 – Associação de peptídeos processados com moléculas de MHC II em vesículas

No interior do MIIC (endossoma), a Ii é removida das moléculas de MHC II pela ação combinada
de enzimas proteolíticas e da molécula HLA-DM, e os peptídeos antigénicos são então capazes
de ligar-se às fendas de ligação de peptídeos disponíveis das moléculas de classe II.

5 – Expressão de complexos peptídeo-classe II na superfície da APC

Moléculas de MHC de classe II são estabilizadas pelos peptídeos ligados, e os complexos


peptídeo-classe II estáveis são oferecidos à superfície da APC, onde são exigidos pra o
reconhecimento por linfócitos T auxiliares., sendo que um número muito pequeno de complexos
peptídeo-MHC é capaz de ativar linfócitos T específicos.

31
5.2.) Processamento de Antigénios Citosólicos para Apresentação Associada ao
MHC de Classe I

1 – Produção de proteínas no citosol

Os peptídeos que são apresentados ligados a moléculas de MHC de classe I são


derivados de proteínas citosólicas, cuja maioria é sintetizada endogenamente em células
nucleadas.

2 – Degradação proteolítica das proteínas citosólicas

O principal mecanismo para a geração de peptídeos a partir de antigénios proteicos


citosólicos é a proteólise pelo proteossoma.

3 – Transporte de peptídeos do citosol para o retículo endoplasmático

Peptídeos gerados no citosol são translocados por um transportador especializado para


o RE, onde moléculas de MHC de classe I recém-sintetizados estão à disposição para a ligação
aos peptídeos. No lado
luminal da membrana do
RE, a proteína TAP fixa-se
de maneira não-covalente
a moléculas de MHC de
classe I recém-sintetizadas
por uma proteína de
ligação chamada de
tapasina. Desse modo, a
molécula de classe I fica
estrategicamente
localizada no local onde
possa receber peptídeos.

4 – Montagem de complexos peptídeo-MHC de classe I no retículo endoplasmático

Os peptídeos translocados para o RE ligam-se a moléculas de MHC I que estão fixadas


ao dímero TAP. Os peptídeos transportados para dentro do RE ligam-se preferencialmente às
moléculas de MHC de classe I, mas não às da classe II.

5 – Expressão na superfície de complexos peptídeo-MHC I

As moléculas de MHC I com peptídeos ligados são estruturalmente estáveis e expressam-se na


superfície celular.

32
6.) Significância Fisiológica da Apresentação de Antigénio Associado ao MHC

6.1.) Vigilância dos Linfócitos T para Antigénios Estranhos

Os linfócitos T vigiam todos os peptídeos exibidos para procurar a presença desses raros
peptídeos estranhos e respondem aos antigénios estranhos. Embora os peptídeos derivados de
antigénios estranhos possam não ser abundantes, esses antigénios estranhos são reconhecidos
pelo sistema imune devido à grande sensibilidade dos linfócitos T.

6.2.) Natureza das Respostas dos Linfócitos T

A apresentação de proteínas endossómicas versus citosólicas pelas vias de MHC II e I,


respetivamente, determina quais subgrupos de linfócitos T responderão a antigénios
encontrados nesses dois conjuntos de proteínas. Antigénios extracelulares geralmente
terminam no conjunto endossómico e ativam linfócitos T auxiliares restritos à classe II porque
as vias pelas quais as proteínas extracelulares são interiorizadas convergem com a via de
33
expressão de classe II. De modo inverso, antigénios sintetizados endogenamente estão
presentes no conjunto citoplasmático de proteínas, onde são inacessíveis aos anticorpos e
fagócitos. Esses antigénios citosólicos entram na via para carregamento de moléculas de classe
I e ativam CTLs restritos à classe I, que eliminam as células produtoras de antigénios
intracelulares.

Essa especificidade peculiar dos linfócitos T para antigénios ligados a células é essencial
para as funções dos linfócitos T, as quais são amplamente mediadas por interações que exigem
contato direto de célula com célula e por citocinas que atuam a curtas distâncias.

6.3.) Imunogenicidade dos Antigénios Proteico

As moléculas de MHC determinam a imunogenicidade de antigénios proteicos por meio


de dois modos relacionados.

- Os determinantes antigénicos de proteínas complexas que mais


provavelmente desencadeiam respostas de linfócitos T costumam ser os peptídeos gerados por
proteólise nas APCs e ligam-se mais avidamente a moléculas de MHC.

- A expressão de alelos particulares de MHC de classe II num indivíduo


determina a capacidade daquele indivíduo para responder a antigénios em particular.

34
Capítulo 6 – Recetores de Antigénios e Moléculas Acessórias dos
Linfócitos T

Como ocorre a ativação dos linfócitos T imaturos?

O reconhecimento dos complexos MHC I próprios sinaliza a diferenciação de uma célula T imatura em
célula TK - CD8+. O reconhecimento dos complexos MHC II induz uma célula T imatura a diferenciar-se
numa célula TH - CD4+.
Apenas cerca de 5% das células T presentes no timo sobrevivem à seleção negativa e positiva. As
células T que sobrevivem, deixam o timo e migram para os tecidos linfoides periféricos; uma vez na
periferia reagem fortemente com: células que tenham MHC próprios ligados a péptidos estranhos, e
células com MHC não próprios, como células de um órgão transplantado, levando à sua rejeição.
Os linfócitos comunicam com outras células através de um conjunto de proteínas membranares. A
ativação do linfócito T é feita pela interação de um seu recetor TCR com um complexo MHC-péptido
na superfície de outra célula. Esta interação é específica o que assegura que apenas as células T que
reconhecem o antigénio, são ativadas.
A ativação da célula T necessita de um
segundo estímulo – SINAL CO-
ESTIMULADOR, produzido por um segundo
complexo membranar e separado
espacialmente do primeiro. Este segundo
recetor não é específico para determinado
antigénio.

1.) Recetor de Células T TCR αβ para Antigénios Peptídicos Associados ao MHC

1.1.) Estrutura do Recetor de Células T αβ

O recetor para o antigénio dos linfócitos T auxiliares e dos linfócitos T citotóxicos


restritos ao MHC é um heterodímero que consiste em duas cadeias polipeptídicas
transmembranares, designadas α e β, ligadas uma à outra, de forma covalente, por pontes de
bissulfeto. Cada cadeia α e β consiste num domínio N-terminal variável e um domínio constante
(C), ambos muito semelhantes à Ig, uma região transmembranar hidrofóbica e uma região
citoplasmática curta.

A região V das cadeias β e α contém curtas sequências de aminoácidos onde se


concentra a variabilidade entre os diferentes TCRs, formando as regiões de hipervariabilidade
ou regiões determinantes de complementaridade (CDRs). A cadeia α contém três CDRs que
estão justapostos a três regiões similares na cadeia β, formando parte do TCR que é responsável

35
pelo reconhecimento específico do complexo peptídeo-
MHC. Além disso, o domínio V da cadeia β ainda apresenta
uma quarta região hipervariável que aparentemente não
reconhece o antigénio, mas tem a propriedade de ligar-se a
antigénios bacterianos conhecidos como superantigénios.

As regiões C de ambas as cadeias, α e β, continuam


nas regiões pequenas de dobradiça, aas quais contêm
resíduos de cisteína que contribuem para a formação da
ponte de bissulfeto.

O reconhecimento do complexo peptídeo-MHC é mediado pelos CDRs formados por ambas as


cadeias α e β do TCR.

36
2.) As Proteínas CD3 e ζ do Complexo Recetor de Antigénio dos Linfócitos T

As proteínas CD3 ζ estão associadas de forma não-covalente ao heterodímero TCR e αβ


e, quando o TCR reconhece o antigénio, essas proteínas transduzem os sinais que levam à
ativação dos linfócitos T. A molécula de CD3 é composta por três proteínas que são conhecidas
como CD3 γ, δ e ε (família das Ig). O complexo TCR também contém uma ligação de bissulfeto
com o homodímero da cadeia ζ.

3.) Moléculas Acessórias das Células T

As células T expressam várias proteínas de membrana além das componentes do


complexo TCR, as quais exercem um papel crucial na resposta destas células no reconhecimento
do antigénio – moléculas acessórias.

- As moléculas acessórias presentes na membrana de linfócitos T ligam-se


especificamente a outras moléculas da membrana de outras células, como as APCs.
- As moléculas acessórias não apresentam regiões variáveis e não são
polimórficas.
- A maioria das moléculas acessórias está envolvida na transdução de sinais
bioquímicos para o interior dos linfócitos T que são essenciais para a regulação da resposta
funcional.
- A ligação de algumas moléculas acessórias aos seus respetivos ligantes
expostos na superfície das células apresentadoras de antigénios (APCs) aumenta a força de
adesão entre as células T e as APCs.
- A ligação das moléculas acessórias às proteínas das células endoteliais e
matrizes extracelular é responsável pela migração e retenção das células T nos tecidos.

37
4.) CD4 e CD8: Coreceptores Envolvidos na Ativação das Células T Restritas ao MHC

As moléculas CD4 e CD8 são proteínas dos linfócitos T que se ligam às regiões não-
polimórficas das moléculas de MHC e transduzem os sinais que, juntamente com os sinais
libertados pelo complexo TCR, iniciam a ativação dos linfócitos T. Os linfócitos T αβ maduras
expressam tanto CD4 quanto CD8, mas não os dois como coreceptores. Os coreceptores CD4 e
CD8 interagem com as moléculas de MHC de classe II e de classe I, respetivamente, quando os
recetores do antigénio dos linfócitos T reconhecem de forma específica o complexo peptídeo-
MHC nas APCs.

4.1.) Estruturas do CD4 e do CD8

Os coreceptores CD4 e do CD8 são glicoproteínas transmembranares,


membros da superfamília das Ig. O CD4 é expresso como um monómero na
superfície dos linfócitos T, com quatro domínios extracelulares similares à Ig,
uma região transmembranar hidrofóbica e uma cauda citoplasmática.

A maioria das moléculas CD8 existe como hetrodímeros ligados por


pontes bissulfeto, compostos por duas cadeias CD8α e CD8β. Ambas as
cadeias, α e β, possuem um único domínio extracelular similar à Ig, uma
região trasmembranar hidrofóbica e uma cauda citoplasmática. O domínio do
CD8 liga-se ao domínio não-polimórfico α3 das moléculas de MHC I.

38
4.2.) Funções do CD4 e do CD8

A ligação seletiva do CD4 às


moléculas de MHC II e do CD8 às
moléculas de MHC I garante que
as células T CD4+ respondem aos
antigénios peptídicos associados
à classe I.

O CD4 e o CD8 desempenham


duas importantes funções na
ativação das células T:

- O CD4 e CD8 participam


nos sinais precoces dos eventos
de transdução que ocorrem após
o reconhecimento dos
complexos peptídeo-MHC nas
APCs pelos linfócitos T.

- O CD4 e o CD8
promovem a adesão de linfócitos
T restritos ao MHC nas APCs ou às
células-alvo que expressam os
complexos peptídeo-MHC. Papel do coreceptor CD4 nas respostas dos linfócitos T aos antigénios.

5.) CD28 e CTLA-4: Recetores que Regulam a Ativação dos Linfócitos T

A CD28 é uma proteína de membrana que participa da transdução de sinais funcionando


conjuntamente com os sinais libertados pelo complexo TCR para ativar os linfócitos T naive.

A CD28 liberta sinais, designados como sinal 2, que é necessário, além dos sinais gerados
pelo complexo TCR (sinal 1), para a completa ativação dos linfócitos T. Um segundo recetor para
o B7, o CTLA-4, é induzido depois da ativação dos linfócitos T e funciona para terminar a
resposta.

6.) Outras Moléculas Acessórias com Funções de Sinalização: CD45, CD2

A CD45 é uma proteína tirosina fosfatase que exerce papel na regulação das tirosina
cinases no início da ativação das células T. A CD2 é uma molécula dos linfócitos T que serve tanto
para funções adesivas como de sinalização.

39
7.) Moléculas de Adesão de Linfócitos T: Integrinas, Seletinas e CD40

Algumas moléculas acessórias dos linfócitos T funcionam como moléculas de adesão


intercelular e exercem importantes papéis nas interações dos linfócitos T com as APCs e na
migração dos linfócitos T para os sítios de infeção e de inflamação.

Integrinas

As integrinas dos linfócitos T, a LFA-1 e a VLA-1 ligam, respetivamente, as ICAMs e a


VCAM-1 nas superfícies de outras células. Essas interações adesivas são importantes para
estabelecer uma ligação estável entre os linfócitos T e as APCs e para a migração dos linfócitos
T do sangue para os tecidos. A ligação das integrinas aos seus ligantes é regulada por alterações
da avidez e expressão das integrinas e por alterações nas expressões dos seus ligantes.

Selectinas

As selectinas têm como principal função regular a migração dos leucócitos para os vários
tecidos.

CD40

O ligante CD40 e o ligante Faz são moléculas de superfície dos linfócitos T, cuja expressão
é induzida pela ativação dos linfócitos T e que executam funções efetoras especializadas.

40
Capítulo 7 – Maturação dos Linfócitos e Expressão dos Genes do Recetor
de Antigénios
1.) Características Gerais da Maturação dos Linfócitos

O processo de maturação dos linfócitos T e B consiste numa sequência de estágios – a


maturação inicial envolve a proliferação das linhagens precursoras, a expressão dos genes para
o recetor do antigénio e a seleção do repertório de linfócitos maduros.

1.1.) Maturação Inicial

As células-tronco da medula óssea (fetal e do fígado) aumentam a produção de todas as


células sanguíneas, incluindo as da linhagem linfocítica.

A maturação das células B ocorre a partir de precursores comprometidos com essa


linhagem, originados na medula óssea. Em contraste, os precursores dos linfócitos T deixam a
medula óssea e migram para o timo, onde irão completar a sua maturação.

41
A maturação inicial dos linfócitos T e B é caracterizada por uma alta atividade mitótica,
estimulada principalmente pela IL-7, o que resulta num significativo aumento do número de
células. A IL-7 é produzida pelas células do estroma da medula óssea e do timo.

A atividade proliferativa no início do desenvolvimento dos linfócitos, mediada pela IL-7,


cessa depois que os genes para os recetores do antigénio são expressados. Nos linfócitos em
desenvolvimento, os recetores de antigénio, após a sua expressão, assumem a função de
estimular a proliferação celular.

1.2.) Recombinação e Expressão dos Genes do Recetor de Antigénios

A expressão dos genes do recetor de antigénios é o evento central na maturação dos


linfócitos, indispensável para a geração de um repertório diversificado e para os processos que
assegurem a sobrevivência seletiva dos linfócitos com especificidade úteis.

Os genes funcionais dos recetores de antigénios são produzidos nos linfócitos B


imaturos na medula óssea e nos linfócitos T no timo por um processo de recombinação
somática, no qual as sequências de DNA das linhagens germinativas que estão inicialmente
separadas são unidas após a eliminação enzimática do DNA interveniente. A diversidade do
repertório dos linfócitos é gerada durante a junção de diferentes segmentos genéticos.

Os recetores de antigénios libertam sinais para os linfócitos em desenvolvimento, os


quais são necessários para a sobrevivência dessas células, para a sua proliferação e maturação.
Na ausência da expressão do recetor de antigénios, os linfócitos em desenvolvimento entram
numa via que os levará à morte por apoptose.

42
1.3.) Processos de Seleção que Modelam os Repertórios dos Linfócitos T e B

Após a expressão dos recetores


de antigénios nos linfócitos
imaturos, as células com os
recetores úteis são preservadas e as
células potencialmente nocivas,
reativas aos antigénios próprios,
são eliminadas pelo processo de
seleção induzido pela ligação com o
recetor do antigénio. A preservação
das especificidades úteis é
conhecida como seleção positiva e
está definida para os linfócitos T. A
seleção positiva assegura a
maturação das células T nas quais
os recetores ligam-se com baixa
avidez (mais fracamente) às
moléculas do complexo principal de
MHC. Caso o TCR de uma célula T
em desenvolvimento não seja capaz
de reconhecer as moléculas de MHC
no timo, essa célula morrerá por
apoptose, ou seja, essa célula não
seria capaz de reconhecer os
antigénios associados ao MHC
naquele indivíduo.

A seleção negativa é o processo que elimina linfócitos em desenvolvimento, nos quais os


recetores de antigénios ligam-se com alta afinidade aos auto-antigénios presentes nos órgãos

43
linfoides primários. O mecanismo de seleção negativa é a apoptose, que é induzida ativamente
por sinais acionados pelo recetor de antigénio nos linfócitos imaturos.

1.4.) Aquisição de Competência Funcional

Durante os últimos estágios de maturação, os linfócitos adquirem a capacidade de


responder aos antigénios e gerar mecanismos efetores que servem para eliminar os antigénios.
A maturação funcional envolve a expressão de uma variedade de moléculas na superfície e no
interior das c+elulas que participam na ativação dos linfócitos e nas funções efetoras. No timo,
desenvolvem-se distintas subpopulações de linfócitos T, com diferentes funções. Os linfócitos T
auxiliares que deixam o timo podem ser ativadas pelos antigénios, cuja função efetora é
mediada por determinadas moléculas de membrana e pela produção de citocinas. Os linfócitos
T citotóxicos têm função efetora, sendo esta a de lisar células-alvo infetadas.

2.) Formação dos Genes dos Recetores Funcionais de Antigénios dos Linfócitos T e B

Os diversos recetores de antigénios de linfócitos T e B são produzidos nas células


imaturas a partir de genes que são formados por recombinação somática de um número
limitado de segmentos genéticos herdados.

A organização dos loci genéticos das imunoglobulinas e do complexo recetor dos


linfócitos T na linhagem germinativa é fundamentalmente semelhante e é caracterizada pela
segregação espacial de sequências que precisam de ser unidas a fim de produzir genes
funcionais que codificarão as proteínas do recetor de antigénios.

44
Como está acima apresentado, os domínios variáveis são tanto nas imunoglobulinas como nos
TCR têm que ser zonas semelhantes e complementares uma vez que são estes os responsáveis
pela especificidade d Ig ou do TCR, tendo que ser iguais se ligarem o mesmo antigénio.

A partir de uma só linha germinativa de DNA podem produzir-se muitos linfócitos com
especificidades diferentes denido à possibilidade de recombinação dos genes.

O rearranjo dos genes de Ig e TCR é um tipo especial de recombinação do DNA que


envolve segmentos genéticos não-homólogos, mediado por atividades coordenadas de várias
enzimas, das quais algumas foram encontradas somente nos linfócitos em desenvolvimento e
outras que são enzimas ubíquas de reparo de DNA.

45
Devido à diversidade juncional, as moléculas de anticorpos e da TCR apresentam maior
variabilidade nas junções das regiões V e C que formam a terceira região de hipervariabilidade
ou CDR3.

3.) Maturação dos Linfócitos B

Os principais eventos que ocorrem durante a maturação dos linfócitos B são o


rearranjo (recombinação - polimorfismo) e a expressão dos genes de Ig numa ordem precisa, a
proliferação das células imaturas e a seleção do repertório maduro.

As sequências dos pré-recetores B inibem a recombinação da cadeia H, estimulam a


proliferação das células pré-B e estimulam a recombinação ode cadeias leves enquanto que as
cadeias pré-recetoras das células T inibem a recombinação da cadeia beta, estimula a
proliferação das pré-células T, estimulam a recombinação da porção alfa (que é a variável) e por
fim estimula a expressão das CD4 e CD8.

46
Existe uma subpopulação de linfócitos denominados de linfócitos B1 que tem
características únicas e expressão de Ig. Os cientistas pensam que poderá ter uma função de
produção espontânea de anticorpos nomeadamente contra microrganismos presentes em
locais particulares como no peritoneu. Isto seria eventualmente devido à sua capacidade de
produzir IgM e de reagir com polissacarídeos microbianos com frequência.

4.) Maturação dos Linfócitos T

O desenvolvimento dos linfócitos T a partir dos progenitores comprometidos segue


estágios sequenciais, consistindo na recombinação somática e expressão dos genes TCR,
proliferação celular, seleção induzida pelo antigénio e a aquisição de fenótipos maduros e de
capacidade funcional.

Estes originam-se de precursores hepáticos do fígado fetal ou da medula óssea dos


adultos e sofrem a maturação no Timo (órgão linfoide). O Timo é essencial porque tem um bio
ambiente que fornece os estímulos necessários para a proliferação e maturação dos timócitos.

Durante a maturação das células T há uma ordem precisa de recombinação somática


dos genes do TCR, a expressão do TCR e dos coreceptores CD4 e CD8.

Como já foi afirmado anteriormente, são as cadeias pesadas que determinam o tipo de
Ig. Neste caso, também existirão “cadeias pesadas” que são iguais para os recetores dos
linfócitos T do mesmo tipo, sendo que unicamente a porção de ligação e reconhecimento é que
é hipervariável.

Também neste existe a seleção positiva e negativa sendo que os linfócitos T que tenham
alta afinidade com os nossos antigénios serão selecionados negativamente para que lhes seja

47
induzida a morte celular. Assim na periferia do Timo encontramos 3 tipos de linfócitos, os
linfócitos CD4+ - linfócitos Th, os linfócitos CD8+ - linfócitos Tc, e os linfócitos que não têm
qualquer receptor que são as chamadas de células NK (Natural Killer).

As células T em desenvolvimento são estimuladas pelo reconhecimento do antigénio


(pela formação do complexo peptídeo-MHC) ao nível do timo, sendo responsável por preservar
as células úteis e por eliminar as potencialmente nocivas, nomeadamente ao nível da afinidade
com os nossos determinantes antigénicos. Quando esta é elevada ocorre a indução para a morte
celular, quando é baixa, a célula sofre maturação.

A seleção positiva promove a sobrevivência e a expansão clonal de timócitos com TCRs


restritos ao MHC próprio e permite que os antigénios que não sejam restritos ao MHC próprio
morram por apoptose. Esta necessita do reconhecimento das moléculas próprias de MHC pelos
recetores dos linfócitos T imaturos no timo (com CD4 e CD8)

48
O caso B ocorre uma vez que é essencial que ocorra o reconhecimento por parte das
CD4 ou Cd 8 dos complexos maiores de histocompatibilidade - isto ocorre porque a ativação do
linfócito T necessita de dois estímulos, o do péptido que é complementar ao seu recetor e o da
proteína CD4 ou CD8.

49
Capítulo 8 – Ativação de Linfócitos T
1.) Características Gerais da Ativação dos Linfócitos T

A expansão e a diferenciação dos linfócitos T naive e as funções efetoras dos linfócitos T


diferenciados são acionadas pela ligação do antigénio com o recetor de antigénio juntamente
com outros estímulos. Diferentes populações dos linfócitos T diferem nos seus requerimentos
pra ativação e no modo como respondem.

- Linfócitos T naive reconhecem o antigénio e são ativados nos órgãos linfoides


periféricos, resultando na expansão de uma população de linfócitos antigénio-específicos e na
diferenciação dessas células em linfócitos efetores e de memória.

- Os linfócitos T efetores reconhecem o antigénio nos órgãos linfoides periféricos


ou nos tecidos periféricos não-linfoides e são ativadas para exercer as suas funções efetoras.

- A ativação dos
linfócitos T requer o reconhecimento
do antigénio exibido nas APCs, co-
estimuladores (“segundo sinal”) e
produção de citocinas pelas APCs e
também pelos próprios linfócitos T.

- Os linfócitos T naive
necessitam das células dendríticas
para a ativação, enquanto os linfócitos
T efetores podem responder aos
antigénios apresentados por uma
variedade de APCs.

2.) Resposta Funcional dos Linfócitos T

A resposta dos linfócitos T reconhecem o antigénio, a co-estimulação e outros sinais


como secreção de citocinas, proliferação e diferenciação.

Secreção de Citocinas

Entre as respostas mais precocemente detetáveis no reconhecimento do antigénio


pelos linfócitos T está a secreção de proteínas chamadas citocinas.

Nos linfócitos T, sinais emitidos pelo antigénio e pelos co-estimuladores promovem a


transcrição de vários genes das citocinas e a síntese dessas proteínas. A principal citocina
produzida pelos linfócitos T naive é a IL-2, que funciona como um fator de crescimento e
diferenciação para os linfócitos T. Sob diferentes condições de ativação, aos linfócitos T naive,
estimuladas pelo antigénio, podem diferenciar-se em subpopulações que secretam grupos
distintos de citocinas, promovendo diferentes funções efetoras.

50
Proliferação

A proliferação dos linfócitos T em resposta ao reconhecimento do antigénio é mediada


principalmente por uma via de crescimento autócrino na qual os linfócitos T que responde
secreta citocinas promotoras do seu próprio crescimento e também expressa recetores de
superfície celular para essas citocinas.

O principal fator de crescimento autócrino para a maioria dos linfócitos T é a IL-2. Tanto
a produção como a expressão de recetores de IL-2 de alta afinidade requerem o reconhecimento
do antigénio por linfócitos T específicos. O resultado da proliferação dos linfócitos T naive é a
expansão clonal, que gera a partir de um pequeno número de linfócitos naive antigénio-
específicos num grande número de linfócitos específicos necessários para eliminar o antigénio.

Diferenciação em Células Efetoras

Sob a estimulação do antigénio, algumas das origens dos linfócitos T em proliferação


diferenciam-se em células efetoras que eliminam o antigénio, podendo ainda ativar outras
células imunes. Esse processo depende não só da ativação de linfócitos T induzida pelo
antigénio, mas também de outros estímulos, principalmente de co-estimuladores e das citocinas
produzidas no sítio de reconhecimento do antigénio.

Diferenciação em Células de Memória

Parte da origem dos linfócitos T antigénio-estimulados desenvolvem-se em células de


longa via, e funcionalmente quiescente.

A sobrevivência das células de memória não requer o reconhecimento do antigénio.


Como mencionado, as citocinas IL-15 sºao importantes para a manutenção da população de

51
células de memória CD8+, mas nenhum estímulo comparável foi identificado para as células
CD4+.

Declínio das Respostas dos Linfócitos T

As respostas dos linfócitos T declinam depois que o antigénio é eliminado pelas células
efetoras.

3.) Papel dos Co-Estimuladores na Ativação dos Linfócitos T

A proliferação e diferenciação dos linfócitos T requerem sinais que as moléculas co-


estimuladoras enviam para as APCs, além dos sinais induzidos pelo antigénio.

- A sua expressão é regulada para um controlo da ativação dos linfócitos T.


- As células dendríticas têm maiores níveis de co-estimuladores por isso são
mais adequadas à ativação de T imaturos.

Tanto os linfócitos T como os B, exigem dois sinais extracelulares distintos para


induzirem a sua proliferação e diferenciação em células efetoras. O primeiro sinal é expedido
pelo antigénio ao recetor de antigénios. No caso dos linfócitos T, a ligação dos complexos
peptídeo-MHC aos TCR fornece o 1º sinal. O 2º sinal para a ativação dos linfócitos T é fornecido
por moléculas chamadas co-estimuladoras, porque funcionam em conjunto com o antigénio
para estimular os linfócitos T.

A expressão dos co-estimuladores é regulada e assegura que as respostas dos linfócitos


T sejam iniciadas no tempo e lugar corretos.

Exemplo: O reconhecimento do antigénio pelas células T induz a expressão do ligante


CD40 (CD40L). O CD40L aciona-o o componente CD40 nas APCs e estimula a expressão de
moléculas B7 e a secreção de citocinas que ativam as células T. Assim, o CD40L nas células T

52
torna as APCs “melhores”. As células T podem expressar CD40L sob reconhecimento do
antigénio mesmo sem co-estimulação, porém a expressão contínua do CD40L exige estimulação
B7-CD28, bem como o antigénio. Dessa, forma as vias B7 e CD40 estimulam-se mutuamente.

4.) Transdução de Sinais pelo Complexo TCR

O objetivo das vias de sinalização dos linfócitos T é ativar coordenadamente e


transcrição de genes que estão silenciosos nas células naive cujos produtos mediarão a resposta
e as funções das células T ativadas.

- A transdução de sinal pelo TCR é iniciada pela ligação de múltiplos recetores


de antigénio e coreceptores.

- A resposta
bioquímica inicial ao
reconhecimento do antigénio
consiste no agrupamento de
recetores de membrana, fosforilação
de tirosinas de várias proteínas, e no
recrutamento e ativação
de proteínas
adaptadoras.

- Os sinais dos
recetores de antigénios ativam
coordenadamente
algumas vias
bioquímicas
importantes, ressaltando-se
as vias Ras-MAP
cinase, a da proteína cinase-
C, e a da
cálciocalcineurina.

53
Eventos de sinalização intracelular durante a ativação da célula T
A ligação do recetor da célula T (TCR) e dos corecetores aos complexos peptídeo-MHC nas APCs inicia os eventos de
sinalização proximal, que resulta na fosforilação da cadeia ζ, ligação e ativação do ZAP-70, fosforilação das proteínas
adaptadoras, e ativação de várias enzimas celulares. Em seguida, essas enzimas ativam os fatores de transcrição que
estimulam a expressão de vários genes envolvidos nas respostas das células T.

4.1.) Eventos Iniciais na Membrana: Formação de Sinapse Imunológica e Recrutamento


e Ativação da Proteína Cinase e Adaptadores Tirosina

Formação de Sinapse Imunológica

Quando o complexo TCR reconhece


o peptídeo associado ao MHC numa
APC, várias proteínas de superfície e
moléculas sinalizadoras intracelulares
são rapidamente mobilizadas para o
sítio de contato entre os linfócitos T e a Reconhecimento do Antigénio

APC.

A região do contato físico entre a


célula T e a APC é chamada de sinapse
imunológica. As moléculas da célula T
rapidamente são mobilizadas para o
centro da sinapase, incluindo o
Formação da sinapse imunológica
complexo TCR, os coreceptores CD4 ou
CD8, recetores de co-estimulação (como
CD28) e enzimas e as proteínas
adaptadoras associadas à cuada
citoplasmática dos recetores
transmembranares. As integrinas
permanecem na periferia da sinapse,
onde funcionam para estabilizar a
ligação da célula T com a APC.

Ativação de Tirosina Cinase

Os eventos bioquímicos inicias nos linfócitos T que se seguem à formação do complexo TCR
e à agregação com o co-recetor são a ativação das proteínas tirosinacinases (PTKs) associada aos
domínios citoplasmáticos das proteínas agregadas CD3 e coreceptoras; a ativação das PTKs e a
fosforilação das tirosinas nas cadeias CD3 e ζ.

54
A

tirosina
Eventos fosforilada
iniciais ITAMs da
de fosforilação na tirosina
cadeia naζ torna-se o local
ativação da célulade
T ancoramento específico para uma
tirosina
Após cinase chamada
o reconhecimento ZAP-70. há um aglomerado de recetores da célula T (TCR) de coreceptores (neste
do antigénio,
caso, do CD4). O Lck associado ao CD4 torna-se ativo e fosforila as tirosinas nos ITAMs do CD3 e nas cadeias ζ. O
ZAP-70 O ZAP-70
liga-se ativado fosforila
às fosfotirosinas váriasζ eproteínas
nas cadeias adaptadoras
é autofosforilado e ativo.que são capazes
O ZAP-70 de ligar-se
ativo, então, fosforilaem
a tirosina
emmoléculas sinalizadoras.
várias moléculas adaptadoras como a LAT. As adaptadoras tornam-se sítios de fixação para as enzimas
celulares, tais como a PLCζ1 e proteínas que ativam as Ras e MAP cinases, e essas enzimas ativam várias respostas
celulares.

4.2.) Vias de Sinalização Ras e MAP Cinase nos Linfócitos T

A via Ras é ativada nos linfócitos T no grupamento do TCR, comandada pela ativação de
cinases chamadas MAP cinases e eventualmente para a ativação de fatores de transcrição.

55
Via Ras na ativação das células T
ZAP-70 que foi ativado pelo reconhecimento do antigénio fosforila as proteínas adaptadoras associadas à
membrana (como a proteína LAT), que então ligam-se a outro adaptador, Grb-2. O ZAP-70 fosforila a Grb-2,
tornando-a um sítio de ancoramento para o fator de troca Sos. O Sos converte Ras-GDP em Ras-GTP. A Ras-GTP
ativa uma cascata de enzimas, que culmina na ativação da MAP cinase ERK. Uma via Rac paralela, chamada de via
da proteína cinase ativada por stress (SAP), gera uma outra MAP cinase ativa, a JNK (ñ exibida).

4.3.) Vias de Sinalização do Cálcio e da Proteína Cinase C nos Linfócitos T

A sinalização do TCR induz ativação da isoforma γ1 da enzima fosfolipase C (PLCγ1), e os


produtos da hidrólise dos lípidos de membrana mediada pela PLCγ1 ativam enzimas que geram
fatores de transcrição adicionais nos linfócitos T.

O IP3 produz um rápido aumento do Ca2+ citosólico libre dentro de minutos de ativação dos
linfócitos T.

56
Sinalização da célula T pelo metabolismo do fosfolípido do inositol de membrana
As proteínas adaptadoras LAT que são fosforiladas sob ativação das células T ligam-se à enzima citosólica PLCγ1,
que é fosforilada pelo ZAP-70 e outras cinases, como a Itk e, desse modo, ativada. A PLCγ1 ativa hidrolisa a PIP2
de membrana para gerar PIP3, que estimula um aumento de Ca2+ citosólico, e o DAG, que ativa a enzima PKC. O
Ca2+ citosólico e a PKC aumentados, então, ativam vários fatores de transcrição, promovendo a resposta celular.

O DAG, o segundo produto de degradação do PIP2, ativa a enzima PKC (que tem várias
isoformas), que também participa na geração dos fatores de transcrição ativos.

4.4.) Ativação dos Fatores de Transcrição que Regulam a Expressão Génica nos
Linfócitos T

As enzimas geradas pela sinalização do TCR ativam fatores de transcrição que se ligam a
regiões regulatórias de numerosos genes nas células T e, desse modo, aumentam a atividade
promotora e a transcrição desses genes.

O NAT é um fator de transcrição necessário para a expressão dos genes da IL-2, da IL-4, do
TNF e de outras citocinas.

O AP-1 é um fator de transcrição encontrado em muitos tipos celulares, mas é


especificamente ativado nos linfócitos T pelos sinais mediados pelo TCR.

O NF-kB é um fator de transcrição ativado em resposta aos sinais do TCR e é essencial para
a síntese de citocinas.

57
Capítulo 9 – Ativação da Célula B e Produção de Anticorpos
A imunidade humoral é mediada por anticorpos secretados por células da linhagem dos
linfócitos B. Os anticorpos ligam-se microrganismos extracelulares neutralizando-os e
eliminando-os. A eliminação dos diferentes tipos de microrganismos necessita dos mecanismos
efetores que são mediados pelas diferentes classes dos anticorpos.

1.) Características Gerais da Resposta Imune Humoral

O tipo e a quantidade dos anticorpos produzidos variam de acordo com o tipo de


antigénio, com o envolvimento dos linfócitos T antes da exposição ao mesmo e o sítio
anatómico:

- O processo de ativação dos linfócitos B e a geração de células produtoras de


anticorpos acontecem em fases sequenciais.

- A resposta dos anticorpos aos antigénios proteicos requer que linfócitos T auxiliares
reconheçam estes antigénios e tenham participação essencial na ativação dos linfócitos B.

- A resposta dos anticorpos aos antigénios não-proteicos, como os polissacarídeos e os


lípidos, não necessita da participação dos linfócitos T auxiliares específicos para o antigénio.

- Linfócitos T ativados diferenciam em células secretoras de anticorpos, algumas das quais


continuam a produzir anticorpos por longos períodos, enquanto outras tornam-se células de
memória de longa via.

- A mudança da cadeia pesada do isótopo e a maturação da afinidade são características da


resposta imune humoral para os antigénios proteicos.

58
- As respostas primárias
e secundárias dos anticorpos
para os antigénios proteicos
diferem qualitativa e
quantitativamente.

2.) Reconhecimento do Antigénio e Ativação dos Linfócitos B Induzida pelo Antigénio

A ativação antigénio-específica dos linfócitos B é iniciada pela ligação do antigénio às


moléculas de Ig de membrana, que são os recetores do antigénio nas células B maduras.

2.1.) Transdução de Sinais pelo Complexo Recetor do Antigénio da Célula B

A ativação de célula B é iniciada pela agregação


dos recetores do antigénio (IgM e IgD de membrana
presentes nas células B naive ou não comprometidas
com o antigénio) ou pela ligação de antigénios
multivalentes. A Ig de membrana é associada a
moléculas sinalizadoras Igα e Igβ que levam à
transdução de sinais após a ligação do antigénio na Ig,
e esses sinais levam à ativação de fatores de
transcrição e à expressão de vários genes.

59
Os eventos sinalizadores iniciados pelo complexo BCR são similares aos eventos descritos
para a sinalização pelo complexo TCR:

- A agregação das moléculas de Ig da membrana, mediada pelo antigénio, induz


a fosforilação das tirosinas dos ITAMs das Igα e Igβ.

- Syk e outras tirosina-cinases ativam várias cascatas de sinais que são reguladas
por proteínas adaptadoras.

- A via das cinases Ras-MAP é ativada nos linfócitos B estimulados pelo


antigénio.

- A fosfolipase C fosfatidilinositol específica (PLC) é ativada em resposta à


sinalização do BCR e também ativa a cascata de vias de sinalização.

- Essa cascata de sinalização resulta na ativação de fatores de transcrição que


induzem a expressão de genes cujos produtos são essenciais para a ativação funcional dos
linfócitos B.

Transdução de sinais induzida pelo complexo BCR


O antigénio induz a aglutinação das Ig de membrana nas células B e leva à junção das moléculas Igα e Igβ
e a fosforilação da tirosina dos ITAMs na cauda citoplasmática dessas moléculas. Com isso, a molécula Syk
âncora é seguida dos eventos de fosforilação das tirosinas. Uma cascata de sinalização segue esses eventos,
levando à ativação de vários fatores de transcrição.

60
2.2.) Segundo Sinal Fornecido para a Célula B pelos Recetores do Complemento

A ativação das células B requer, além da ligação com o antigénio. Sinais que são fornecidos
pelas proteínas de complemento.

Participação do complemento na
ativação de célula B
As células B expressam um complexo de
recetor para o complemento CR2, CD19
e CD81. Antigénios microbianos que
estão ligados ao fragmento do
complemento C3d podem
simultaneamente ligar-se a ambas as
moléculas CR2 e à Ig na membrana das
células B. Isto leva ao início da cascata de
sinalização de ambos os recetores o
complexo BCR e o CR2, uma vez que a
resposta do complexo antigénio-C3d é
muito maior se comparada à resposta do
antigénio não ligado.

2.3.) Resposta Funcional da Célula B Gerada pelo Reconhecimento do Antigénio

Os eventos celulares iniciais, que são induzidos pela ligação cruzada do antigénio com o
complexo BCR, levam à proliferação e à diferenciação e preparam as células B para as interações
subsequentes com os linfócitos T auxiliares.

Respostas funcionais induzidas pela


agregação do antigénio e o complexo
BCR
A agregação do recetor para o
antigénio nas células B, mediada pelo
antigénio, induz várias respostas
celular, incluindo mitose, expressão de
novas moléculas na superfície, como os
co-estimuladores e os recetores de
citocinas, e ainda alteram a migração
das células.

61
3.) Resposta de Anticorpos para Antigénios Proteicos Dependentes de Linfócitos T
Auxiliares

A resposta do anticorpo para os antigénios proteicos requer o reconhecimento do antigénio


pelas células T auxiliares e a cooperação entre as células B antigénio-específicas e os linfócitos
T.

Diferentes fases da ativação de células B dependentes de T ocorrem em diferentes regiões


anatómicas, dentro dos órgãos linfoides periféricos. A fase inicial ocorre no limite das zonas ricas
em linfócitos T dos folículos primários e resulta na proliferação de linfócitos B, secreção inicial
de anticorpos e alguma mudança de isótipo. Na fase final, a resposta imune humoral
dependente de T acontece em microambiente especializado dos centros germinativos dentro
do folículo linfoide e resulta na maturação da afinidade, geração de células B de memória e mais
mudança de classe das Ig.

3.1.) Eventos Iniciais na Resposta de Anticorpos Dependente da Célula T

Migração das células B e T Auxiliares Induzida pelo Antigénio

Antigénios proteicos são reconhecidos por células T e B nos órgãos linfoides periféricos, e
as populações celulares ativadas ficam retidas nesses órgãos para dar início à resposta imune
humoral.

62
Apresentação do Antigénio Proteico pelos Linfócitos B aos Linfócitos T Auxiliares

O antigénio nativo liga-se às Ig de membrana dos


linfócitos B antigénio-específico, é internalizado e
processado nas vesículas endossómicas e apresentado
na superfície celular como peptídeos, associados às
moléculas de MHC II.

A ligação do antigénio com a Ig de membrana


induz a expressão de co-estimuladores que aumenta a
capacidade das células B de ativarem as células T
auxiliares.

Ativação dos Linfócitos B Mediada pelos


Linfócitos T Auxiliares

Células T auxiliares ativadas pelo antigénio e pelas


moléculas co-estimulatórias B7 expressam uma
molécula de superfície chamada ligante de CD40
(CD40L) que se liga ao seu recetor CD40, expresso nas
células B, que estão apresentando o antigénio, e essa
interação estimula a proliferação e diferenciação das
células B.

63
Mecanismos pelos quais a célula T auxiliar induz a ativação da célula B
As células B expõem os peptídeos processados, derivados da endocitose dos antigénios proteicos, e
expressam os coestimuladores B7-1 e B7-2. As células T auxiliares reconhecem o antigénio (na forma
de complexo MHC-peptídeo) e os co-estimuladores e são estimuladas a expressar o ligante de CD40
e a secretar as citocinas. O ligante de CD40, então, liga-se ao CD40 das células B e inicia a proliferação
e diferenciação destas células. As citocinas ligam-se aos recetores nas células B e também estimulam

Células T auxiliares ativadas secretam citocinas que atuam em colaboração com CD40L para
estimular a proliferação de células b e a produção de anticorpos de diferentes isótipos.

O contato das células T e B depende da


molécula CD40

A - Células T auxiliares reconhecem o


antigéneo apresentados pelas células B
e expressam o ligante de CD40 que se
liga a moléculas CD40 expressas na
membrana das células B e iniciam a
ativação das células B.

B – Células T auxiliares pré-ativadas e


fixadas também estimulam a resposta
de célula B pela ligação com CD40,
mesmo que elas não possam reconhecer
o antigénio ou secretar citocinas.

C – Frações da membrana plasmática de


células T ativadas contêm o ligantes de
CD40 fornecem os sinais necessários
para a ativação de células B.

D – Anticorpos bloqueadores contra o


ligante CD40 inibem a estimulação das
células B, dependendo do contato.

E – Fibroblastos que expressam o ligante


de CD40 como produto de gene
transfetado também estimulam as
células B.

As citocinas exercem duas funções principais na resposta dos anticorpos: elas aumentam a
proliferação e a diferenciação das células B (que foi iniciada pelos sinais de CD40) e promovem
a mudança de classe de diferentes isótipos.

64
Diferenciação da Célula B em Célula Secretora de Anticorpos

Algumas células de origem das células B, que proliferam em resposta ao antigénio em


cooperação com a célula T auxiliar diferenciada em célula efetora, ativamente secretam
anticorpos. A síntese e secreção de anticorpos em resposta aos antigénios proteicos, como a
proliferação das células B, são estimuladas por sinais mediados por CD40 e citocinas. Ambos os
estímulos ativam os fatores que aumentam a transcrição dos genes e, consequentemente, a
síntese das Ig.

Mudança de Isótipo (Determinante Antigénio)

Algumas das células B que expressam IgM e IgD de membrana, em resposta à ligação com
o CD40 e citocinas, entram no processo de troca da cadeia pesada, levando à produção de
anticorpos com cadeias pesadas de diferentes classes, tais como γ, α e ε.

A capacidade de cálulas B produzirem isótipos diferentes fornece uma plasticidade para


resposta imune humoral, pela geração de anticorpos que apresentam funções efetoras distintas
e estão envolvidos na defesa contra diferentes tipos de agentes infecciosos.

3.2.) Eventos Tardios na Resposta de Anticorpos Dependente da Célula T

Os eventos tardios na resposta de anticorpos dependente de linfócitos T, incluindo a


maturação da afinidade e a geração de células B de memória, ocorrem nos centros germinativos
dos folículos linfoides.

65
No centro germinativo, algumas células B derivadas das células previamente ativadas pelo
antigénio diferenciam em células secretoras de anticorpos que migram para as regiões
extrafoliculares dos órgãos linfoides e da medula óssea. Outras células transformam-se em
células B de memória e vivem por longos períodos, recirculam entre os linfonodos e o baço e
respondem rapidamente à subsequente exposição ao antigénio pela diferenciação em células
secretoras de anticorpo de alta afinidade.

Maturação da Afinidade: Mutações Somáticas nos Genes da Ig e a seleção de Células B

A maturação da afinidade é um processo que leva ao aumento da afinidade de anticorpos


para um antigénio em particular, enquanto uma resposta humoral T dependente progride, e é
o resultado da mutação somática de genes da Ig seguido pela sobrevivência seletiva de células
B produtoras de anticorpos de altíssima afinidade.

Na proliferação das células B dos centros germinativos, genes da região V da Ig apresentam


pontos de mutação num grau extremamente alto.

FDcs dos centros germinativos expõem antigénios e as células B que se ligam a eles com
alta afinidade são selecionadas para sobreviver. FDCs expressma recetores para a porção Fc dos
anticorpos e para produtos de ativação do complemento, incluindo C3b e C3d.

66
Seleção da célula B nos centros germinativos
A mutação somática dos genes da região V nas células B dos centros germinativos gera anticorpos com
diferentes afinidades para o antigénio. Subsequentemente, a ligação do antigénio exposto nas células
dendríticas foliculares é necessária para o resgate das células B da morte celular programada. A célula B
com alta afinidade para o antigénio terá vantagem seletiva para sobreviver, enquanto a quantidade de
antigénio disponível decresce durante a resposta imune.

4.) Resposta de Anticorpos para Antigénios Independentes de Linfócitos T

Muitos antigénios não-proteicos, como os polissacarídeos e lípidos, estimulam a produção


de anticorpos na ausência de linfócitos T auxiliares, e, por isso, são denominados antigénios
timo-independentes.

Muitos antigénios TI, incluindo polissacarídeos, glicolípidos e ácidos nucleicos, são


polivalentes e podem agregar as moléculas de Ig na membrana das células B, ativar o
complemente e, consequentemente, ativar as células B, sem o auxílio das células T. Os
antigénios TI estimulam a resposta de anticorpos, havendo uma limitada ou praticamente
nenhuma mudança de isótipo de Ig, maturação da afinidade ou formação de células B de
memória, uma vez que essas características são dependentes da função auxiliar das célula T,
que não são ativadas por antigénios não-proteicos.

67
5.) Feedback de Anticorpos: Regulação da Resposta Imune Humoral pelos recetores de
Fc

O feedback de anticorpos é um mecanismo pelo qual a resposta imune humoral é regulada


negativamente, quando suficiente quantidade de anticorpos é produzida e complexos
antigénio-anticorpo estão presentes. A Ig de membrana das células B e o recetor para a porção
Fc da IgG também presentes na célula B, chamado FcγRIIB, aglutinam-se com o com plexo
antigénio-anticorpo. Isso ativa uma cascata de sinais inibitórios por meio da porção
citoplasmática do FcγRIIB que inibem a ativação das células B.

Capítulo 10 – Tolerância Imunológica

A tolerância imunológica é a falta de resposta que deveria ser induzida pelo linfócito
pela exposição a um antigénio para o qual aquele linfócito é específico. A tolerância aos
antigénios próprios é uma propriedade fundamental do sistema imune normal, e a falha da
autotolerância induz doenças auto-imunes. Os antigénios podem ser administrados de maneira
que induzam tolerância em vez de imunidade, e este facto pode ser explorado para a prevenção
e o tratamento da rejeição de transplantes e de doenças auto-imunes e alérgicas.

A tolerância central é induzida nos órgãos linfoides primários (timo e medula óssea)
quando os linfócitos imaturos encontram antigénios próprios nesses órgãos. A tolerância
periférica ocorre quando linfócitos maduros reconhecem antigénios próprios nos tecidos
periféricos sob condições particulares.

Os principais mecanismos de tolerância são: eliminação (morte celular apoptótica),


anergia (inativação funcional) e supressão pelas células T regulatórias. Alguns antigénios
próprios podem ser ignorados pelo sistema imune e não induzem reações detetáveis.

Nos linfócitos T, a tolerância central (seleção negativa) ocorre quando timócitos duplo-
positivos com recetores de alta afinidade para antigénios próprios reconhecem estes antigénios
no timo.

Diversos mecanismos respondem pela tolerância periférica nas células T madura. Nas
células T auxiliares, a anergia é induzida pelo reconhecimento do antigénio sem a adequada co-
estimulação e pole reconhecimento de formas alternada do antigénio nativo. A estimulação
repetida das células T por antigénios persistentes resulta em morte celular induzida por
ativação. Alguns antigénios próprios ativam as células T regulatórias, que inibem as respostas
imunes, em parte devido à produção de citocinas imunossupressoras.

68
Nos linfócitos B, a tolerância central é induzida quando as células B imaturas
reconhecem antigénios próprios multivalentes na medula óssea. O resultado mais frequente é
a morte apoptótica das células B ou a aquisição de uma nova especificidade, designada como
edição de recetores. As células B maduras que reconhecem antigénios próprios na periferia, na
ausência de células T auxiliares, podem tornar-se anérgicas ou ser excluídas dos folículos
linfoides e não podem ser ativadas por antigénios.

As respostas imunes aos antigénios estranhos declinam com o decorrer do tempo após
a imunização-. Isso é devido principalmente em razão da apoptose dos linfócitos ativados, que
são privados dos estímulos de sobrevivência à mediada que o antigénio vai sendo eliminado e a
imunidade inata vai extinguindo-se. Vários mecanismos ativos de inibição de linfócitos podem
também funcionar para finalizar as respostas imunes.

Capítulo 11 – Citocinas
As citocinas podem ter diferentes designações:

Monocinas – produzidas por células fagocíticas mononucleares


Linfocinas – produzidas por linfócitos
Interleucinas – produzidas por macrófagos e células T, e actuam sobre outros
leucócitos

1.) Propriedades Gerais das Citocinas

As citocinas são polipeptídeos produzidos em resposta a microrganismos e outros


antigénios, que medeiam e regulam reações imunes e inflamatórias. Embora as citocinas sejam
estruturalmente diferentes, elas compartilham várias propriedades:

- Ação limitada no tempo


- Influenciam a síntese e ação de outras citocinas
- Ação local e sistémica
- Ligam-se a recetores nas células alvo
- Sinais externos regulam a expressão dos recetores e por consequência a
respostas das células.
- As respostas celulares para a maioria das citocinas consistem em alterações na
expressão génica em células-alvo, resultando na expressão de novas funções e, algumas vezes,
na proliferação das células-alvo.

69
1.1.) Categorias Funcionais das Citocinas

- Mediadores e reguladores da imunidade inata;


- Mediadores e reguladores da imunidade adquirida;
- Estimuladores da hematopoiese.

1.2.) Recetores de Citocina e Sinalização

2.) Citocinas que Medeiam e Regulam a Imunidade Inata

2.1.) Fator de Necrose Tumoral (TNF)

O TNF é o principal mediador da resposta inflamatória aguda a bactérias Gram-negativo


e outros microrganismos infecciosos e é responsável por muitas das complicações sistémicas de
infeções graves.

Produção, Estrutura e Recetores

A principal fonte celular de TNF é constituída por fagócitos mononucleares ativados,


embora células T estimuladas por antigénio, células NK e mastócitos também possam secretar

70
essa proteína O estímulo mais potente para desencadear a produção por macrófagos é o LPS, e
grandes quantidades dessa citocina podem ser produzidas em infeções por bactérias Gram-
negativas, as quais libertam LPS. O IFN-γ, produzido por células T e células NK, aumenta a síntese
de TNF por macrófagos estimulados por LPS.

Ações Biológicas

A principal função fisiológica do TNF é estimular o recrutamento de neutrófilos e


monócitos para locais de infeção e ativar essas células para irradiar microrganismos. O TNF
medeia esses efeitos por várias ações sobre células do endotélio vascular e leucócitos:

- O TNF faz com que as células do endotélio vascular expressem moléculas de


adesão que tornam a superfície endotelial adesiva para leucócitos, inicialmente para
neutrófilos e subsequentemente para monócitos e linfócitos.

- O TNF estimula células endoteliais e macrófagos a secretar quimiocinas que


acentuam a afinidade das integrinas leucocitárias pelos seus ligantes e induzem a
quimiotaxia de leucócitos e o recrutamento.

- Além do seu papel na inflamação, o TNF induz a apoptose em alguns tipos de


células.

Em situações graves, o TNF é produzido em grandes quantidades e causa anomalias


sistémicas clínicas e patológicas. Em baixas concentrações, o TNF age sobre os leucócitos e o
endotélio para induzir inflamação aguda. Em concentrações moderadas, o TNF medeia os efeitos
sistémicos da inflamação. Em altas concentrações, o TNF causa as anomalias patológicas do
choque séptico.

Nota: O IFN-γ desempenha um papel importante em ambas as imunidades inata e adquirida.

2.2.) Interleucina-1 (IL-1)

A função principal da IL-1, semelhante à do TNF, é como mediadora da resposta


inflamatória do hospedeiro a infeções e outros estímulos inflamatórios. A IL-1 age em conjunto
com o TNF na imunidade inata e na inflamação.

Produção, Estrutura, Recetores

A principal fonte celular de IL-1, como a de TNF, são fagócitos mononucleares ativados.
A produção de IL-1 por fagócitos mononucleares é induzida por produtos bacterianos, tais como
LPS, e por outras citocinas, tais como TNF. Ao contrário do TNF, a IL-1 também é produzida por
muitos tipos celulares que não os macrófagos, tais como neutrófilos, células epiteliais e células
endoteliais.

Ações Biológicas

71
Os efeitos biológicos da IL-1 são semelhantes do TNF e dependem da quantidade de
citocina produzida.

- Quando secretada em baixa concentração, a IL-1 atua como um mediador da


inflamação local. Ela age na célula ndotelial para aumentar a expressão de moléculas de
superfície que medeiam a adesão de leucócitos, tais como ligantes para integrinas.

- Quando secretada em maiores quantidades, a IL-1 entra na circulação e exerce


efeitos endócrinos. A IL-1 sistémica compartilha com o TNF a habilidade de causar febre, induzir
a síntese de proteínas plasmáticas de fase aguda pelo fígado e iniciar o desgaste metabólico.

2.3.) Quimiocinas

As quimiocinas são uma grande família de citocinas estruturalmente homólogas que


estimula o movimento dos lecucócitos e regulam a migração dos leucócitos do sangue para os
tecidos. Algumas quimiocinas podem ser produzidas por várias células em resposta a estímulos
inflamatórios e recrutar leucócitos para locais de inflamação; outras quimiocinas são produzidas
normalmente em vários tecidos e recrutam leucócitos (principalmente linfócitos) para esses
tecidos na ausência de inflamação.

Estrutura, Produção, Recetores

As quimiocinas envolvidas em reações inflamatórias são produzidas por leucócitos em


resposta a estímulos externos, e as quimiocinas que regulam o tráfego celular através dos
tecidos são produzidas constitutivamente por várias células nesses tecidos.

Ações Biológicas

- As quimiocinas recrutam as células de defesa do hospedeiro para os locais de


infeção.

- As quimiocinas regulam o tráfego de linfócitos e outros leucócitos através dos


tecidos linfoides periféricos.

2.4.) Interleucina-12 (IL-12)

A IL-12 é o principal mediador da resposta imune inata inicial a microrganismos


intracelulares e é um indutor essencial da imunidade mediada por células, a resposta imune
adaptativa a esses microrganismos. A IL-12 foi identificada originalmente como um ativador da
função citolítica das células NK, mas a sua ação mais importante é estimular a produção de IFN-
γ pelas células T, bem como pelas células NK.

Estrutura, Produção, Recetores

As principais fontes de IL-12 são fagócitos mononucleares ativados e células dendríticas.

72
Ações Biológicas

- A IL-12 estimula
a produção de IFN-γ pelas células
NK e linfócitos T.

- A IL-12 estimula
a diferenciação de linfócitos T
auxiliares em células T produtoras
de IFN-γ.

- A Il-12 acentua
as funções citolíticas de células NK
ativadas e linfócitos T citotóxicos
(CTLs).

2.5.) Interferão Tipo I (IFNs)

Os IFNs tipo 1 medeiam a resposta imune inata inicial a infeções virais.

Ações Biológicas

As ações os IFNs tipo I protegem contra infeções virais e promovem imunidade mediada
por células contra microrganismos intracelulares.

- O IFN tipo 1 inibe a replicação viral.

- O IFN tipo 1 aumenta a expressão de moléculas MHC I.

73
2.6.) Interleucina-10 (IL-10)

A IL-10 é um inibidor de macrófagos e células dendríticas ativados e está,


portanto, envolvida no controlo das reações de imunidade inata e da imunidade
mediada por células.

Ações Biológicas

- A IL-10 inibe a produção de IL-12 por macrófagos e células dendríticas


ativados.

- A IL-10 inibe a expressão de co-estimuladores de moléculas MHC II em


macrófagos e células dendríticas.

Outras citocinas da imunidade inata: IL-6, IL-15 e IL-18.

3.) Citocinas que Medeiam e Regulam a Imunidade Adaptativa

As citocinas medeiam a proliferação e a diferenciação de macrófagos após o


reconhecimento de antigénio na fase de ativação das respostas imunes adaptativas e medeiam
a ativação das células efetoras especializadas na fase efetora da imunidade adaptativa.

74
3.1.) Interleucina-2 (IL-2)

A IL-2 é um fator de crescimento dos linfócitos T estimulados por antigénio e é


responsável pela expansão clonal das células T, após o reconhecimento antigénico.

Produção, Estrutura, Recetores

A expressão de recetores funcionais de IL-2 é acentuada por estimulação antigénica,


portento células T que reconhecem antigénios são células que proliferam preferencialmente em
resposta a IL-2 produzida durante respostas imunes adaptativas.

Ações Biológicas

- A IL-2 produzida por células T no reconhecimento antigénico é responsável


pela proliferação de células antigénio-específicas.

- A IL-2 promove a proliferação e a diferenciação de outras células imunes.

- A IL-2 potencializa a morte apoptótica de células T ativadas por antigénios.

3.2.) Interleucina-4 (IL-4)

A IL-4 é o principal estímulo para a produção de anticorpos IgE e para o desenvolvimento


de células T, a partir de células T auxiliares naive.

Ações Biológicas

- A IL-4 é a principal citocina que estimula a troca de classe da cadeia pesada da


Ig da célula B para o isótipo IgE.

75
- A IL-4 estimula o desenvolvimento de células T a partir de células auxiliares naive e
funcionam como um fator de crescimento autócrino para células T diferenciadas.

3.3.) Interleucina-5 (IL-5)

A IL-5 é um ativador de eosinófilos e ser como ligação entre ativação das células T, e
inflamação eosinofílica.

Ações Biológicas

As principais ações da IL-5 são ativar eosinófilos maduros e estimular o crescimento e a


diferenciação de eosinófilos.

3.4.) Interferão-γ (IFN-γ)

O IFN-γ é a principal citocina ativadora de macrófagos e exerce funções críticas na


imunidade inata e na adaptativa mediada por células.

Ações Biológicas

- O IFN-γ é a citocina ativadora de macrófagos que fornece os meios pelos quais


os linfócitos T e as células NK ativam macrófagos para eliminar microrganismo
fagocitados.

- O IFN-γ estimula a expressão de molécula MHC I e II, e co-estimuladores em


APCs.

- O IFN-γ promove a diferenciação de células T auxiliares naive e inibe a


proliferação de células T.

- O IFN-γ age nas células B para promover a troca para certas classes de Igs (IgA)
e para inibir a troca para isótipos dependentes de IL-4.

- O IFN-γ ativa neutrófilos e estimula a atividade citolítica das células NK.

76
3.5.) Fator de Transcrição e Transformação-β (TGF-β)

A principal ação do TGF-β no sistema imune é inibir a proliferação e ativação de linfócitos


e outros leucócitos.

Ações Biológicas

- O TGF-β inibe a proliferação e a diferenciação das células T e a ativação de


macrófagos.

- O TGF-β estimula a produção de anticorpos IgA por induzir c+elulas B a trocar


para esse isótipo.

Outras citocinas da imunidade adaptativa: linfotoxina (LT) e IL-13.

77
4.) Citocinas que Estimulam a Hematopoiese

Capítulo 12 – Imunidade Inata


A imunidade inata desempenha três importantes funções:

- A imunidade inata é a resposta inicial aos microrganismos que impede a


infeção dos hospedeiro e, em muitos casos, pode eliminar os microrganismos.
- Os mecanismos efetores da imunidade inata são frequentemente usados para
eliminar microrganismos, mesmo nas respostas imunes adaptativas.
- A imunidade inata aos microrganismos estimula as respostas imunes
adaptativas e pode influenciar a natureza das respostas adaptativas para torná-las otimamente
eficazes contra os diferentes tipos de microrganismos.

1.) Características do Reconhecimento na Imunidade Inata

A resposta imune possui uma especificidade única para os produtos dos microrganismos,
que difere da especificidade do sistema imune adaptativo em vários aspetos.

- Os componentes da imunidade inata reconhecem estruturas que são


características de patogénicos microbianos e não estão presentes nas células dos
mamíferos.

78
- O sistema imune inato desenvolveu-se para reconhecer produtos microbianos
que são frequentemente essenciais para a sobrevivência dos microrganismos.
- Os recetores do sistema imune inato são codificados na linhagem germinativa,
sendo a sua diversidade limitada.

2.) Componentes do Sistema Imune Inato

O sistema imune inato proporciona a primeira linha de defesa do hospedeiro contra


microrganismos. Os mecanismos da imunidade inata existem antes da exposição aos
microrganismos. Os componentes do sistema imune inato incluem as barreiras epiteliais, os
leucócitos (neutrófilos, macrófagos e células NK), as proteínas efetoras circulantes e as citocinas.

2.1.) Barreiras Epiteliais

Superfícies epiteliais intactas formam


barreiras físicas entre os microrganismos no
ambiente externo e os tecidos do hospedeiro. Os
epitélios produzem peptídeos que possuem uma
função de antibiótico natural. Os epitélios das
barreiras e as cavidades serosas contêm,
respetivamente, linfócitos T intra-epiteliais e a
subpopulação B-1 de células B, e essas células
podem reconhecer e responder a
microrganismos comumente encontrados.

2.2.) Fagócitos: Neutrófilos e Macrófagos

Os fagócitos, incluindo os neutrófilos e os macrófagos, são células cuja função primária


é identificar, ingerir e destruir microrganismos.

As respostas funcionais dos fagócitos na defesa do hospedeiro consistem em etapas


sequenciais – recrutamento ativo das células para os locais de infeção, reconhecimento dos
microrganismos, fagocitose e destruição dos microrganismos ingeridos. Além disso, os
macrófagos produzem citocinas que servem a muitos papéis importantes nas respostas imunes
inata e adaptativa.

Recrutamento de Leucócitos para os Locais de Infeção

Os neutrófilos e monócitos são recrutados do sangue para os locais de infeção por


ligação a moléculas de adesão em células endoteliais e por quimioatraentes produzidos em
resposta à infeção.

79
Recrutamento de leucócitos
Em locais de infeção, os macrófagos que encontraram microrganismos produzem citocinas (tais como TNF e IL-
1) que ativam as células endoteliais de vênulas vizinhas a produzirem selectinas, ligantes de integrinas e
quimiocinas. As selectinas medeiam a adesão fraca e a rolagem dos leucócitos sanguíneos, tais como os
neutrófilos, sobre o endotélio; as integrinas medeiam a adesão firme dos neutrófilos; as quimiocinas aumentam
a afinidade das integrinas dos neutrófilos e estimulam a migração das células pelo endotélio para o local da
infeção. Os neutrófilos, monócitos e linfócitos T sanguíneos ativados utilizam essencialmente os mesmos
mecanismos para migrar para os locais de infeção.

O Reconhecimento de Microrganismos por Neutrófilos e Macrófagos

Os neutrófilos e os macrófagos expressam recetores de superfície que reconhecem


microrganismos no sangue e nos tecidos e estimulam a fagocitose e a morte dos
microrganismos.

Existem várias classes de recetores de fagócitos que se ligam a microrganismos e medeiam a sua
internalização:

80
Recetores e respostas de fagócitos
Os neutrófilos e os macrófagos utilizam diversos recetores de membrana para reconhecer
microrganismos, produtos microbianos e substâncias produzidas pelo hospedeiro em infeções. Esses
recetores ativam respostas celulares com a função de estimular a inflamação e erradicar microrganismos.

Fagocitose de Microrganismos

Os neutrófilos e os macrófagos ingerem microrganismos ligados e estes vão para dentro


de vesículas, onde os microrganismos são destruídos.

A Morte de Microrganismos Fagocitados

Neutrófilos e macrófagos ativados destroem microrganismos fagocitados mediante da


produção de moléculas microbicidas nos fagolissomos.

81
Fagocitose e destruição intracelular de microrganismos
Os microrganismos podem ser ingeridos por diferentes recetores de membrana dos fagócitos; alguns ligam-se
diretamente aos microrganismos e outros ligam-se aos microrganismos opsonizados. Os microrganismos são
internalozados para dentro dos fagossomas, os quais fundem-se aos lisossomas para formar os fagolisossomas, onde
os microrganismos são mortos por intermediários reativos do oxigénio e do nitrogénio.

Quando neutrófilos e macrófagos são fortemente ativados, eles podem provocar a lesão
de tecidos normais do hospedeiro por libertação de ROIs, óxido nítrico e enzimas lisossómicas.

82
Outras funções Efetoras dos Macrófagos Ativados

Funções efetoras dos macrófagos


Os macrófagos são ativados por produtos microbianos tais como lipopolissacarídeo (LPS) e por IFN-γ derivado
da célula NK. O processo de ativação do macrófago leva à ativação de fatores de transcrição, à transcrição de
vários genes e à síntese de proteínas que medeiam as funções dessas células. Na imunidade adquirida mediada
por células, os macrófagos são ativados por estímulos dos linfócitos T (ligantes de CD40 e IFN-γ) e respondem
essencialmente da mesma maneira.

2.3.) Células NK

As células NK são uma subpopulação


de linfócitos que destroem as células infetadas
e células que perderam a expressão de
moléculas MHC I, e secretam citocinas,
principalmente IFN-γ. As funções efetoras
das células NK são destruir células infetadas e
ativar os macrófagos para destruírem
microrganismos fagocitados.

Reconhecimento de Células Infetadas pelas Células NK

A ativação da célula NK é regulada por um balanço entre os sinais que são gerados a
partir de recetores de ativação e de recetores de inibição.

A expansão e as atividades das células NK são também estimuladas por citocinas,


principalmente IL-15 e IL-12.

83
Recetores de ativação e de inibição
das células NK
A – Os recetores de ativação das
células NK reconhecem ligantes nas
células-alvo e ativam a proteína
tirosina-cinase (TK), cuja atividade é
inibida pelos recetores de inibição
que reconhecem moléculas MHC I e
ativam a proteína tirosina-fosfatase
(PTP). Como resultado, as células NK
não eliminam eficientemente alvos
que expressam MHC I.
B – Se uma infeção viral inibe a
expressão de MHC I em células
infetadas, o recetor de inibição da
célula NK não ocupado e o recetor de
ativação atua permitindo o
desencadeamento das respostas das
células NK, tais como citólise e
secreção de citocinas.

2.4.) O Sistema do Complemento

O sistema do complemento consiste em várias proteínas plasmáticas que são ativadas


pelos microrganismos e promovem a destruição destes microrganismos e a inflamação.

84
Vias de ativação do complemento
A ativação do sistema do complemento pode ser iniciada por três vias distintas, e todas levam à produção de
C3b. O C3b inicia as etapas finais da ativação do complemento, culminando na produção de peptídeos que
estimulam a inflamação (C5a) e de C9 polimerizado, o qual forma o complexo de ataque à membrana, assim
chamado porque ele cria orifícios na membrana plasmática. São exibidas as funções mais importantes das
principais proteínas produzidas em diferentes etapas.

2.5.) Citocinas

As citocinas da imunidade inata recrutam e ativam leucócitos e produzem alterações


sistémicas, incluindo o aumento na síntese de células efetoras e proteínas que potencializam as
respostas antimicrobianas.

3.) O Papel da Imunidade Inata na Defesa Local e Sistémica Contra Microrganismos

A reação local inicial da imunidade inata é a resposta inflamatória, na qual os leucócitos


são recrutados para o local da infeção e ativados para eliminar a infeção.

A inflamação produz uma variedade de alterações sistémicas no hospedeiro, que


acentuam a capacidade do sistema imune inato de eliminar a infeção e, em infeções graves,
podem contribuir para a lesão tecidual sistémica ou morte.

4.) O Papel da Imunidade Inata na Estimulação das Respostas Imunes Adaptativas

A resposta imune inata fornece sinais que agem de comum acordo com o antigénio para
estimular a proliferação e a diferenciação de linfócitos T e B antigénio-específicos.

Os segundos sinais gerados durante as respostas imunes inatas a diferentes


microrganismos não acentuam somente a magnitude da resposta imune adaptativa
subsequente, mas também influenciam a natureza da resposta adaptativa.

85
Capítulo 13 – Mecanismos Efetores da Imunidade Mediada por Células
A imunidade mediada por células (CMI) é a função efectora dos linfócitos T e ela serve
como o mecanismo de defesa contra microrganismos que sobrevivem dentro de fagócitos ou
células não-fagocíticas infectadas.

1.) Tipos de Reações Imunes Mediadas por Células

Diferentes tipos de microrganismos desencadeiam respostas de células T distintas:

- A resposta imune adaptativa a microrganismos que residem dentro de


fagossomas dos fagócitos é mediada por linfócitos T que reconhecem antigénios
microbianos e ativam os fagócitos a destruir os microrganismos ingeridos.

- A resposta imune adaptativa a microrganismos que infetam e se replicam no


citoplasma de vários tipos celulares, incluindo células não-fagocíticas, é mediada por
linfócitos T citolíticos CD8+ (CTLs) os quais eliminam células infetadas e os reservatórios
da infeção.

- A resposta imune adquirida a parasitas helmínticos é mediada por células Th2,


as quais estimulam a produção de anticorpos IgE ativam eosinófilos que ligam e
destroem helmintos recobertos por IgE.

Tipos de reações imunes mediadas por células T


A células Th1 CD4+ e células T CD8+ reconhecem péptidos antigénicos de microrganismos fagocitados,
associados a MHC da classe II ou a MHC da classe I respetivamente, e produzem citocinas que ativam
os fagócitos a destruir os microrganismos e estimulam a inflamação.
Linfocitos T citolíticos (CTLs) CD8+ reconhecem péptidos antigénicos de microrganismos que estão
residindo no citoplasma de células infetadas, associados a MHC da classe I e destroem as células.

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2.) Desenvolvimento de Células T Efectoras

As respostas imunes mediadas por células consistem no desenvolvimento de células


efetoras a partir de células naive em órgãos linfoides periféricos, migração destas células T
efetoras e outros leucócitos para locais de infeção e ativação de leucócitos mediada por
citocinas para eliminar microrganismos ou a morte direta de células infetadas.

As fases de indução efectora da imunidade mediada por células


Indução da resposta: as células TCD4+ e as células T CD8+ reconhecem péptidos que são derivados de antigénios
proteicos e exibidos por células apresentadoras de antigénios profissionais nos órgãos linfóides periféricos. Os
linfócitos T são estimulados a proliferar e se diferenciar, e as células efetoras entram na circulação.
Migração das células T efetoras e outros leucócitos para o local do antigénio: as células T efetoras e outros
leucócitos migram pelos vasos sanguíneos nos tecidos periféricos por ligação as células endoteliais que foram
ativadas pelas citocinas produzidas em resposta à infecção nesses tecidos.
Função efetora das células T: as células T efetoras reconhecem o antigénio nos tecidos e respondem secretando
citocinas que ativam os fagócitos pra erradicarem a infecção. As citocinas derivadas das células T também
estimulam a inflamação.

87
2.1.) Reconhecimento Antigénico por Células T e Co-estimulação

A diferenciação de linfócitos T naive em células efetoras da CMI requer reconhecimento


antigénico e co-estimulação.

Papel da co estimulação e das células T auxiliares na diferenciação dos linfócitos T CD8+


A diferenciação das células TCD8+ naive em linfócitos T citolíticos efetores (CTLs) requer o reconhecimento
antigénico (sinal 1) e estímulos adicionais (sinal 2). O segundo sinal pode ser propiciado por co-estimuladores,
tais como as moléculas B7, expressas em células apresentadoras de antigénio (APCs) profissionais (A) ou por
citocinas produzidas pelas células T auxiliares CD4+. As células T auxiliares CD4+ podem também ativar APCs
e torna-las capazes de estimular o desenvolvimento do CTL, por exemplo, estimulando a expressão de
moléculas B7.

2.2.) Diferenciação de Células T CD4+ naive em Subpopulações de Células Efectoras.

Células T CD4+ podem se diferenciar em subpopulações de células efetoras que


produzem conjuntos diferentes de citocinas e portanto desempenham funções efetoras
distintas.

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Propriedades das Subpopulações Th1 e Th2 de Linfócitos T Efetores

As subpopulações mais bem definidas de células T efetoras da linhagem


auxiliar CD4+ são as células Th1 e Th2; O INF-y é a citocina
de assinatura das células Th1 e IL-4 e IL-5 são as citocinas
que definem as células TH2.

Propriedades das subpopulações Th1 e TH2 de células T auxiliares CD4+


As células T CD4+ naive podem se diferenciar em subpopulações distintas,
tais como as TH1 e TH2 em resposta ao antigénios, aos co- estimuladores e
as citocinas.

O Desenvolvimento das Subpopulações Th1 e Th2

As subpopulação Th1 e Th2 se desenvolvem a partir dos mesmos precursores, que são
linfócitos T CD4+ naive e o padrão de diferenciação é determinado por estímulos
presentes logo no inicio da resposta imune.

A via de diferenciação Th1 é a resposta aos microrganismos que infetam ou ativam


macrófagos e àqueles que ativam células NK.

A diferenciação Th2 ocorre resposta a helmintos e alergénios, os quais causam a


estimulação cronica das células T, frequentemente sem resposta imune significativa ou
ativação dos macrófagos.

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Papel das IL-12 e do IFN-y na imunidade mediada por células.
As células apresentadoras de antigénio secretam IL-12 em resposta aos produtores microbianos, tais como
lipopolissicarideos (LPS), ao IFN-y produzido por células NK e células T e ao acoplamento do CD40 pelo
CD40L na célula T. A IL-12 estimula a diferenciação de células T auxiliares CD4+ em efetoras TH1, as quais
produzem IFN-y. Este, então, activa os macrófagos a eliminar microrganismos fagocitados (e a secretar

Funções Efetoras das Subpopulações Th1 e Th2

A principal função das células Th1 é na defesa contra infeções mediada por
fagócitos, especialmente por microrganismos intracelulares.

A principal função efetora das células Th2 é nas reações imunes mediadas por
IgE e eosinófilos/mastócitos.

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Funções efetoras das células Th1
As células TCD4+ que se
diferenciam em células TH1
secretam IFN-y, linfotoxina (LT),
fator de necrose tumoral (TNF) e
iL-2. O IFN-y age nos macrófagos
para aumentar a fogocitose e a
destruição de microrganismos nos
fagolisossomas e nos linfócitos B
para estimular a produção de
anticorpos IgG que opsonizam
microrganismos para a fagocitose.
LT e TNF activam neutrófilos e
estimulam a inflamação.

Funções efetoras das células Th2


As células T CD4+ que se diferenciam
em células Th2 secretam Il-4 e IL-5. A
IL-4 age nas células B para estimular a
produção de anticorpos que se ligam
aos mastócitos, tais como IgE. A IL-4é
também uma citocina autocrina de
crescimento e diferenciação para
células Th2. A IL-5 activa os
eosinófilos, uma resposta que e
importante para a defesa contra
infecções helmínticas. As citocinas das
células Th2 também inibem a ativação
dos macrófagos e as reacções
mediadas por Th1.

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2.3.) Diferenciação de Células T CD8+ naive em CTLs

As células TCD8+ naive se diferenciam em CTLs, as quais são as células T efetoras


que reconhecem e eliminam células alvo que expressam peptídios antigénicos estranhos
em associação a moléculas MHC da classe I.

3.) Migração das Células T Efetoras e outros Leucócitos para Locais de Antigénios.

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Migração e retenção das células T efectoras e de memória nos locais de infeção.
Células T efetoras e de memoria previamente activadas migram para o endotélio que esta ativado pelas
citocinas. Produzidas no local de infecção. No tecido extravascular, as células T que reconhecem antigénios
especificamente são activadas e retidas, enquanto as células T que não encontram o antigénio para o qual
elas são específicas retornam ara a circulação, em grande parte pelos vasos linfáticos.

A migração de leucócitos para locais de infeção é estimulada pelas citocinas as


quais induzem a expressão de moléculas de adesão em células endoteliais e a
quimiotaxia de leucócitos.

Os linfócitos T efetores expressam moléculas de adesão e recetores de


quimiocinas que promovem a migração das células para os locais de infeção e
inflamação.

4.) Mecanismos Efetores da Imunidade Mediada por Células

4.1.) Ativação de Macrófagos e Outros Leucócitos Mediada por Células T

Os macrófagos ativados são as células efetoras da CMI que atuam para eliminar
microrganismos fagocitados.

Estímulos para a Ativação de Macrófagos

As células Th1 CD4+ e CD8+ ativam macrófagos por sinais mediados pelo contato,
libertados pelas interações CD40L – CD40 e pela citocina IFN-y.

Funções dos Macrófagos Ativados

Os macrófagos ativados destroem microrganismos fagocitados principalmente


pela produção de intermediários reativos do oxigénio microbicida, óxido nítrico e
enzimas lisossomais.

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Ativação e funções dos macrófagos na imunidade mediada por células:
N a imunidade mediada por células, os macrófagos são activados pelas interacções CD40L-CD40 e
pelo IFN-y e desempenham várias funções que destroem microrganismos, estimulam a inflamação e
acentuam a capacidade apresentadora de antigénios das células. Os macrófagos também
desempenham as mesmas funções.

4.2.) Mecanismos de morte de células mediada por CTLs

Consiste no reconhecimento antigénico, na ativação das CTLs, na libertação do “


tiro letal” que destrói as células-alvo e na liberação dos CTLs.

Etapas da lese de células alvo mediadas por CTL


Um CTL reconhece a célula alvo expressando o
antigénio e é ativado. A ativação resulta na
libertação do conteúdo dos grânulos do CTL, o qual
liberta um tiro letal para o alvo. O CTL pode se
desligar e destruir uma outra célula alvo, enquanto
o primeiro alvo sofre o processo de morte.

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Morte das Células- alvo por CTLs

O mecanismo principal da citólise mediada por CTL é a liberação de proteínas


citotóxicas do granulo para a célula- alvo que e reconhecido pelo CTL.

Mecanismos da lise das células–alvo mediada por CTL


Os CTLs destroem as células alvo por dois mecanismos principais.
1- A perforina é exocitada nos grânulos do CTL e se polimeriza na membrana plasmática da célula alvo
para formar poros. As granzinas também são exocitadas nos grânulos do CTL, penetram nas células
alvo através dos poros da perforina e induzem a apoptose da célula alvo
2- O ligante de Fas (fasL) é expresso em CTLs ativados, se acopla ao Faz na superfície das células alvo
e induz a apoptose.

Extras
1.) Apoptose Celular

É um processo fisiológico ativo de morte celular programada. A sua inibição pode ser
ativa ou regulada. A morte celular pode ser de vários tipos, pode ser por apoptose, por necrose,
por catástrofe mitótica, pode ser lenta, pode ser por paraptose celular ou por autofagia.

A apoptose consiste na condensação da cromatina em figuras compactas globulares,


algumas apoptoses são dependentes de caspases.

A sua importância tem vários níveis, ao nível embrionário permite que ocorra uma boa
formação de cadeias de neurónios 1:1:1:1:1 em vez de ser 1:3:2:1:4.

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O significado biológico da morte celular programada consiste em termos básicos num
processo ubíquo, encontrado em todos os organismos, responsável pela homeostasia dos
organismos, controlando a proliferação celular e as populações celulares.

Este processo é fundamental na evolução dos organismos multicelulares, sendo que a


evolução é derivada da alta pressão seletiva, o que levou a que os indivíduos atuais tivesse os
genes responsáveis pela apoptose celular.

A apoptose é o destino automático de uma célula num organismo celular a menos que
esta receba um fator inibitório da sua apoptose. Assim, todas as células necessitam de estímulos
para sobreviverem sendo que na sua ausência cometem suicídio.

Este mecanismo deriva das interações diretas entre proteínas pró-apoptóticas e anti-
apoptóticas que desencadeiam a apoptose na ausência de fatores de sobrevivência. Assim, a
ligação destes fatores na superfície celular altera tais interações, resultando na sobrevivência
celular.

O processo da apoptose possui distintas formas de


ativação e não induz a resposta inflamatória (não tinha lógica
induzir devido à frequência com que este processo ocorre).

Uma célula em apoptose perde a adesão ao tecido,


torna-se globulosa e expressa vesículas na superfície (blebs).

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As vesículas formadas também contêm DNA fragmentado. Estes corpos são
posteriormente fagocitados por células vizinhas ou por macrófagos, de forma a que o material
possa ser reciclado.

As células também morrem de modo não fisiológico, por um mecanismo totalmente


distinto da apoptose, a necrose. Este processo consiste no inchamento da célula que provoca
danos nos organelos, em partículas nas mitocôndrias, impedindo o equilíbrio interno e levando à
lise celular. A libertação do conteúdo celular causa citotoxicidade nas células vizinhas, podendo
levar a uma reação inflamatória intensa sendo por este motivo que se formam vesículas na
apoptose, para que não seja provocada nenhuma inflamação.

A indução da apoptose ocorre a resposta imunológica, sendo que a morte prematura


dos linfócitos T capazes de atacar o próprio organismo é um exemplo da sua utilização
biológica.

Outra das utilidades destas é através da indução por parte dos linfócitos Tc da apoptose
de células que tenham nos seus MHC classe I antigénios virais. Assim, como os vírus só
sobrevivem no interior das células, se a célula morre, estes também morrem. Assim o linfócito
Tc liga-se à célula alvo e bombardeia-a com proteínas indutoras de apoptose.

A apoptose pode ser ativada por vários fatores como a remoção de sinais químicas da
célula (como os fatores de sobrevivência), ignorar as mensagens químicas e a presença de sinais
com informação inibitória.

A acumulação de esteroides na membrana celular e translocação da dosfatidilserina pra


o folheto da membrana é uma sinalização para desencadeamento da apoptose e fagocitose das
vesículas pelas células vizinhas ou macrófagos.

Na maioria das células e dos organismos multicelulares, o mecanismo de suicídio tem por
base as caspases, enzimas sintetizadas nas células como precursores inativos e ativadas por
clivagem por outras caspases já ativadas.

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A ativação deste processo pode ocorrer por via extracelular através da ligação de uma
substância ativadora a um recetor de membrana como FAS, TNF e granzima B, ou por estímulo
intracelular por dano ou stress celular.

As caspases clivam proteínas-chave à sobrevivência celular, levando à lise e


desmantelamento celular.

A família IAP é uma família de inibidores de apoptose sendo importante porque se liga a
algumas pro-caspases impedindo a sua ativação e porque liga-se às caspases impedindo a sua
ação. Também as Bcl-2 regulam a atividade das caspases, sendo que os Bcl-2 e Bcl-CL inibem a
apoptose. Ainda existem proteínas como a Bad que inibem as inibidoras, e as Max e Bak que
promovem a libertação de citocromo pelas mitocôndrias.

As caspases são proteínas que levam à apoptose ao alterar o ciclo celular, ao


desorganizar os mecanismos de homeostasia e de reparação celular, ao destacar a célula das
estruturas de interação com o meio como dos tecidos, ao desorganizar o citoesqueleto e ao
induzir a fagocitose da célula.

Os recetores de morte celular induzem a apoptose em vários tipos de células mas em


especial em células do sistema imunitário. Estas recrutam pro-caspases como a caspase 8 para o
seu domínio de morte e induzem a sua ativação. Por outro lado a libertação do citocromo C
(estimulado pelas Bak e Max) facilita a ativação de moléculas efetoras de ativação de caspases.

Existem ligantes e recetores do fator de necrose tumoral e das FasL que quando as
recebem iniciam a cascata de ativação das caspases levando à degradação de proteínas
estruturais e do DNA nuclear.

98
99
100
Via molecular de ativação da apoptose:

- A membrana da mitocôndria contém bcl-2 ligado a Apaf-1

- Dano interno provoca:

– Dissociação entre o bcl-2 e Apaf-1

– Saída de cyt-c para o citoplasma

- O cyt-c e o Apaf ligam-se a caspase-9 formando o apoptosoma (com ATP)

- Os apoptosomas agregam, a caspase-9 inicia uma cascata de ativação de


caspases por proteólise

- Degradação de proteínas estruturais do citosol

- Degradação do DNA nuclear

São alvos das caspases várias cinases como as das adesões focais, as lamininas do
envelope nuclear, as proteínas do citoesqueleto, a CAD (DNase) e enzimas envolvidas na
reparação do DNA.

Assim, podemos concluir que a apoptose é um processo programado, organizado e


sequencial de degradação celular mediado por enzimas denominadas caspases. Este processo
ocorre em resposta a estímulos físicos e químicos, a situações de stress celular, e interações
celulares regulatórias através de recetores de morte celular. Assim as células entram em
apoptose.

101
Células apoptóticas expressam marcadores moleculares de morte, que são reconhecidos
pelos macrófagos e por células dendríticas do sistema imunitário. A fagocitose de células
apoptóticas do sistema imunitário liberta mediadores e citocinas supressoras da resposta
imunitária como prostaglandinas E2 e TGF-beta.

Estes mediadores inibem a apresentação de antigénios elos fagócitos e induzem


tolerância imunológica, impedindo assim a autoimunidade.

Organismos patogénicos intracelulares utilizam este mecanismo para alimentar a sua


própria replicação em macrófagos. Por este motivo a utilização de inibidores de casopases, ou de
prostaglandinas constitui uma nova forma de terapia para estas infeções.

No lado oposto doenças infecciosas, inflamatórias, autoimunes e rejeição de tecidos


podem ser efetivamente combatidas pela injeção local ou sistémica de células apoptóticas, ou
ainda pela terapia genética com moléculas pro-apoptóticas como o Fas Ligante.

As doenças podem ser:

- de origem viral (HIV/SIDA; hepatite), em que a infecção vai induzir a apoptose nas
células infectadas

- autoimune (artrite reumatóide), em que linfócitos autoreactivos reconhecem


antigénios específicos das células saudáveis do próprio organismo, levando-as à morte

- por resistência à apoptose (maioria dos cancros), em que as células se recusam a


morrer, seja pela desativação do gene p53, que codifica-a proteína que leva à ativação da
maquinaria apoptótica da célula quando o DNA está danificado, seja pela produção de grandes
quantidades de Bcl- 2, de modo a inibir a apoptose

- por mecanismos desconhecidos (Doença de Alzheimer, Osteoporose, Doença de


Parkinson).

A Morte Celular Programada está entre os principais tópicos da Ciência moderna,


conferindo prémios Nobel a pesquisadores como Robert Horvitz em 2002, devido sua relação
com o cancro e doenças degenerativas e auto-imunes.

Perspectiva

O conhecimento dos componentes e regulação do processo da morte celular pode ser


usado em prol da cura de doenças – Através de terapia génica ou outro tipo de terapia
direccionada a um alvo molecular específico.

2.) Células NK, NKT, Dendríticas e T Reguladoras

Células NK

Cerca de 10% dos linfócitos do sangue são células NK sendo que se é muito difícil
encontrar um linfócito numa preparação de esfregaço de sangue, ainda é mais difícil encontrar
uma célula NK.

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Estes não fazem rearranjos genéticos dos recetores de linfócitos tal como as outras
células T, não matam células com MHC de classe I em concentrações normais, matam células com
o complexo MHC estranhos ou com pouco ou nenhum complexo MHC classe I (infeções virais ou
cancro).

Estes têm recetores de apoptose CD95 (Fas ou APO-1), produzem Granzina B que ativa
as caspases. Os NK conseguem estruir células com anticorpos sendo que em todas as suas ações
ativa a citotoxicidade por indução de enzimas proteolíticas (nomeadamente as caspases).

Células Dendríticas

0,5% das células mononucleares do sangue são células dendríticas. Estas têm um alto
grau de mobilidade sendo que só estas têm a capacidade de sensibilizar linfócitos T naive para
um antigénio específico.

Têm a mesma origem que os macrófagos sendo que ambos têm origem nos monócitos e
seus antecedentes.

Existem populações de células dendríticas nas ilhotas de Langerhans, no endotélio, nos


tecidos, no sangue, entre outros locais.

Células NKT

Têm como função a regulação do sistema imunitário, tendo uma importante tarefa na
rejeição de tumores, inibindo a resposta do sistema imunitário contra ele próprio, portanto
impedem doenças autoimunes.

Estas têm como função ser a ponte entre a imunidade inata e a adquirida produzindo
interferões para estimulação da ativação, proliferação e diferenciação dos linfócitos T.

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Estas são capazes de provocar a lise de células tumorais ao utilizar os seus
ligandos/recetores de morte celular ou ao estimular os linfócitos Tc ou NK a induzir a apoptose
ou a provocar a lise celular.

Células T Reguladoras

São células específicas para antigénios, atuando ao nível da supressão da ação dos
linfócitos. Este tipo de célula pode estimular à produção de Th0, Th1 ou de Th2.

Atualmente já foram descobertas outros tipos de células nomeadamente células


dendríticas que conseguem atacar células cancerosas, ou as células Th17 que produzem
interleucinas 17, entre outras.

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