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Rio de Janeiro
2009
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2009
9
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CEH/A
CDU 616.895
____________________________________ _____________
Assinatura Data
José Maurício Bigati
Banca examinadora:
____________________________________________
Profª. Drª. Rita Maria Manso de Barros (Orientadora)
Instituto de Psicologia da UERJ
_____________________________________________
Prof o. Dr o. Marco Antonio Coutinho Jorge
Instituto de Psicologia da UERJ
_____________________________________________
Profª. Drª. Maria Anita Lima Carneiro Ribeiro
Universidade Veiga de Almeida
Rio de Janeiro
2009
AGRADECIMENTOS
Quero exprimir minha gratidão e admiração aos mestres com quem pude
contar para a realização deste trabalho. Primeiramente a Maria Anita Carneiro
Ribeiro, que com irreverência, delicadeza e rigor me estimulou e ensinou caminhos
sólidos por onde pude caminhar. Ao professor Marco Antônio Coutinho Jorge quero
deixar minha admiração e apreço pela amizade e solidez de sua prática. A Rita
Manso quero agradecer a aposta sempre firme, confiante e solidária nesta jornada.
Quero também lembrar e agradecer os professores Luciano Elia, Sônia Alberti e Ana
Costa.
Aos amigos do peito Helisson e Fernanda Coutinho, à família Alves
Queiroz na figura de Felipe, ao super Hugo Lima e aos colegas de turma Fabrício e
Matheus minha sempre presente gratidão e amizade. Ás queridas Cidinha
Cembraneli e Lídia Consalter agradeço a amizade “maternal” e ao querido Henrique
de Aragão um obrigado do tamanho do cosmos.
Agradeço fundamentalmente a CAPES pela bolsa de pesquisa concedida;
e ao Instituto Municipal Philippe Pinel pela rica experiência clínica.
Finalmente agradeço aos meus pais pela parceira, sem a qual tudo seria
muito mais difícil.
RESUMO
INTRODUÇÃO ………………………………………………………………. 07
Introdução
Formada pela associação das palavras gregas kholê [bílis] e mêlas [escuro], a
melancolia nem só foi vista pela cultura como algo apenas depreciativo em si
mesmo. Aristóteles questionava-se sobre os motivos pelos quais as pessoas que se
destacavam em política ou artes tendiam à melancolia. Muitas vezes confundida
com a tristeza ou com a depressão, em psicanálise o diagnóstico da melancolia
aponta para a estrutura psicótica já que o melancólico carece de um significante que
construa sobre si mesmo, a partir de sua própria experiência, uma referência que
situe seu desejo.
Capitulo 01
Os primórdios do sujeito
Incapaz de levar a cabo a ação específica que baixa seu nível de inquietação,
o pequeno ser dependerá da pessoa que escuta o seu grito para auxiliá-lo. A
inervação vocal, de fato, é uma via de descarga que segundo Freud, “adquire função
secundária ao atrair a atenção da pessoa auxiliar para o estado de necessidade e
aflição da criança”. (ibidem; p. 480). Desde então, o choro ou o grito servem ao
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Um grito acontece mediante uma sensação de dor. Ele é um aviso de que algo
afeta o sujeito. A associação da dor a um som revela a existência de “um recurso
para conscientizar lembranças que provoquem desprazer e para convertê-las em
objetos de atenção: está criada a primeira espécie de lembranças conscientes”.
(ibidem; p. 481).
Lacan situa que tudo o que se desenvolve no nível da relação mãe-bebê não é
outra coisa senão o desenvolver-se da coisa materna, da mãe no instante em que
ela ocupa esse lugar da Coisa, o lugar de das-Ding. Nas palavras de Lacan:
Cabe sublinhar agora que é em relação à das-Ding que uma primeira escolha,
uma primeira orientação subjetiva dar-se-á, e a estrutura do sujeito aí estará em
jogo. A tendência a encontrar das-Ding é que funda a orientação humana em direção
aos objetos regida pelo princípio do prazer.
“Lacan utiliza a metáfora para mostrar que o que Freud chama de condensação
é uma sobreposição de significantes, ou seja, a substituição de um significante por
outro, como encontramos na poesia” (QUINET, 2003: 31). O efeito da metáfora deixa
em suspenso o significado, pois o sentido não é explicitado e um efeito de
significação se presentifica.
Jakobson propõe que todo signo lingüístico implica dois modos de arranjo: a
combinação e a seleção. A combinação aponta para o fato de um signo sempre
estar referido a outro, e pode-se afirmar que “qualquer unidade lingüística serve, ao
mesmo tempo, de contexto para unidades mais simples e/ou encontra seu próprio
contexto em uma unidade lingüística mais complexa” (idem, p.39). Logo, ao falarmos
de combinação e do contexto de um signo lingüístico falamos da mesma operação.
Para tanto, ele destaca dois distúrbios da fala ligados aos referidos aspectos da
linguagem: o distúrbio de similaridade e o distúrbio da contigüidade. Se a deficiência
principal estiver ligada à seleção e substituição, falamos da falta de similaridade ou,
do contrário, se a deficiência residir na combinação e no seu contexto, trata-se de
19
A língua, a que estamos todos referidos, a partir da qual nos enunciamos e via
pela qual o sujeito recebe um nome antes mesmo de nascer é reconhecida como o
Outro do sujeito. O Outro, portanto, opera como lugar de referência simbólica, a
partir do qual o sujeito receberá sua mensagem de forma invertida, ou seja:
Num texto de 1966, chamado “Seminário sobre a carta roubada”, Lacan é firme
ao sublinhar que é a cadeia significante que governa o sujeito. Ele escreve que “o
sujeito segue o veio do simbólico, (...), não apenas o sujeito, mas os sujeitos,
tomados em sua intersubjetividade, (...) modelam seu próprio ser segundo o
momento da cadeia significante que os está percorrendo” (LACAN, 1988: 33). Aos
22
sujeitos inseridos no sistema simbólico composto por uma língua, não resta outro
destino senão seguir a fila de seus significantes. Retomo mais uma vez Lacan no
mesmo texto acima citado:
Capítulo 02.
Um Sujeito em Questão
Não foi de qualquer modo ou de forma acidental que esta tradução assim se
sucedeu. Questões políticas quanto à circulação da psicanálise em terras
americanas modelaram a obra freudiana para que esta ficasse mais conveniente, e a
palavra “instinto” foi emprestada no intuito de dar cientificidade à psicanálise naquela
cultura. Não nos deteremos, por hora, em esmiuçar os desenvolvimentos conceituais
e respectivas traduções em Freud. E, para que possamos falar das vicissitudes,
diversidades, mudanças ou alterações da pulsão, que outrora fora nomeada de
instinto, trataremos de tomá-la pela definição cunhada pelo próprio Freud neste
artigo, que, considerando a vida mental do ponto de vista biológico, propõe que a
pulsão:
Esta definição freudiana destaca que a pulsão não surge do mundo exterior, tal
qual um estímulo, mas é oriunda do próprio organismo, e que justamente por isso
não há dela como fugir. Esta distinção marca o organismo humano, a saber, permite
que ele possa distinguir um estímulo que parte do mundo externo, de fora do
organismo, que pode ser evitado pela ação muscular e do qual é possível fugir, dos
estímulos de constante pressão que sinalizam o mundo interno pulsional.
O objeto da pulsão é a coisa pela qual ela busca para atingir sua finalidade. É o
que há de mais variável, podendo ser qualquer coisa, pois a pulsão não está
engessada a um determinado objeto; este só lhe é oportuno devido à sua própria
plasticidade. “Se todo e qualquer objeto pode funcionar como objeto da pulsão, diz
25
Lacan, isso se dá porque o objeto da pulsão é um objeto que não existe”. (idem;
2003: 23). Por isto o objeto da pulsão pode mudar inúmeras vezes, ou a pulsão pode
também fixar-se num único objeto, questão altamente importante para nossa
discussão sobre a melancolia, que vai tratar do tempo posterior à perda do objeto
que amparava o sujeito.
Quanto à fonte, pode-se entender “o processo somático que ocorre num órgão
ou parte do corpo, e cujo estímulo é representado na vida mental” (FREUD; 1915:
143) pela pulsão. Considero ilustrativa a compreensão de Lacan quando realça a
estrutura de borda relacionada à fonte pulsional. Ela aponta que a pulsão parte da
fonte, contorna o objeto e retorna ao sujeito. Jorge pinça em Lacan o que neste
ponto nos interessa: “o que está em jogo na fonte é sua estrutura de borda orificial.
Essa estrutura de borda orificial é que define a fonte e é nela que se dá a partida de
uma certa pulsão”. (JORGE, 2003:23).
objeto apropriado à pulsão, não caberia mais dar estatuto de pulsão aos movimentos
autoconservativos.
O menino, que terá pela frente o percurso edípico, começa a manusear o pênis
e a fantasiar situações com sua mãe, até que, segundo Freud,
Este desejo deve constar como um terceiro termo que se estabelece entre a
mãe e o bebê. A este terceiro termo, que corresponde a um intermediário simbólico,
nomeamos falo. Temos o falo como um significante do desejo do Outro, que amarra
as relações mãe e filho enquanto sustenta as imagos primitivas e constitutivas da
criança e as formulações do desejo da mãe pelo falo e pelo filho.
algo que não é próprio do bebê e não se realiza nele, na mesma hora ela aponta
para sua criança um universo de desejo e de falta. Assim, escreve Lacan em “A
significação do falo”:
pelo falo, ela logo quererá ser o falo para satisfazê-la. Existe uma divisão imanente
ao desejo que se faz sentir por ser experimentada como desejo do Outro, o que faz
com que o sujeito busque fora dele algo que possa apresentar ao Outro como
correspondente do falo.
Entretanto, o pequeno sujeito está frente a uma impossível realização, uma vez
que o lugar que o pai ocupa no desejo da mãe (Outro) independe e é anterior a sua
existência. Tendo sido morto um pai no ideal infantil, “há um pai que subsiste e
persiste e que, por isto mesmo “Ex-siste...” que deve ser lido como estando fora de
possibilidade” (CABAS, 1988: 40)
Esta “forma de sua totalidade” a qual Lacan se refere é uma unidade ao nível
imaginário. Ela é formada pela imagem do semelhante e não corresponde à
unidade da maturação corporal. Têm um caráter ilusório que confere ao eu a
função de desconhecimento e engano, pois como a identificação com o outro é
imediata e se dá sem mediação simbólica. O outro é igual e também rival, sendo o
suporte de toda a alienação a qual o pequeno sujeito se encontra e a partir da qual
é formado. Segundo Quinet em “Teoria e clínica da psicose”:
Da relação dual primária, temos então a entrada do pai que surge para a
criança como um perturbador de gozo, alguém que é responsável pelo
desalojamento do filho com relação à posição de falo da mãe. Esse segundo tempo
traz à cena um pai que também é privador do falo materno, e que por isto mesmo se
torna o detentor do atributo fálico, o “todo-poderoso” no imaginário da criança, que
passará a temer o destino semelhante ao da mãe, ou seja, de ser também castrada.
Lacan propõe que a privação do falo, como toda privação real, exige a
simbolização. Dessa forma, para Lacan:
direção de barrar a mãe em sua demanda de tentar reintegrar o filho a si. Neste
período, ocorrerá também a castração simbólica, uma vez que a criança entra em
confronto com o pai todo poderoso, assassinando-o simbolicamente. O pai morto é o
efeito simbólico que responderá ao pacto edípico, doador da significação fálica e
viabilizador do desejo.
O pai simbólico responderá pela identificação viril do filho, que faz mudança na
sua relação ao falo, quando deixa de querer sê-lo para poder tê-lo, portá-lo, a partir
do Nome-do-Pai, sem o qual isto não é possível. O significante Nome-do-Pai permite
que o menino dê significação fálica ao seu pênis, e à menina ingressar no
movimento de se situar como objeto do desejo do homem.
ESQUEMA L
(idem, p.555).
Para Lacan, o que esta em questão no sujeito relativo à sua própria existência
não se coloca no campo das relações imaginárias do eu ideal, grafado por i(a), mas
está ligado ao campo do simbólico e refere-se ao ideal do eu, I (A), que se constitui
em relação ao falo.
Prosseguindo, Lacan propõe não mais uma relação linear, geométrica, entre o
eu e o Outro, mas que implica na topologia, para estruturar os três significantes onde
se pode identificar o Outro no complexo de Édipo. O Esquema R, como é chamado,
parte do pressuposto que já se estrutura no sujeito as instâncias do eu (ideal), a
realidade e o supereu.
(ibidem, p.559).
Dois triângulos são vistos, sendo que o menor compõe o ternário imaginário, e
o outro, formado pelos vértices M, P, e I, a triangulação do simbólico. Para o
primeiro, temos a relação representa pela letras m - i o par imaginário do estádio do
espelho, ligado ao eu ideal. A letra grega phi sinaliza a imagem fálica à qual o sujeito
se identifica. O triângulo simbólico tem como extremidades o I que representa o ideal
do eu, M significando o objeto primordial, e P como a posição do Nome-do-Pai
inscrita no Outro.
(ibidem, p.578).
A alucinação psicótica pode ser auditiva, visual, tátil, etc. Entretanto, o que ela
guarda de específico é não ser ligada a nenhum órgão do sentido: é uma alucinação
do verbo. Isto se confirma quando os alucinados não confundem seus delírios com
outros sons e ruídos à sua volta, e tampouco teríamos psicóticos delirantes que
nasceram surdos-mudos. “Na alucinação verbal a cadeia significante se impõe ao
sujeito em sua dimensão de voz, manifestando-se a partir de uma atribuição
subjetiva, ou seja, num certo “eles me dizem que...” (QUINET; 2006:16).
No texto “De uma questão preliminar...” que data de 1958, Lacan ainda
trabalha com a supremacia do registro simbólico sob o imaginário. Deste modo
entendia-se que na psicose era preciso que “Um-pai se situe na posição terceira em
alguma relação que tenha por base o par imaginário a- à, isto é, eu – realidade ou
ideal – realidade” (ibidem; p.584).
Com a teoria dos nós, a partir de 1970, a realidade psíquica será ordenada a
partir dos registros real, simbólico e imaginário que estariam unidos pelo sintoma,
representante do Nome-do-Pai. A partir desta nova teoria, “Lacan faz do Édipo uma
costura que permite a amarração dos três registros e abre a possibilidade de se
pensar em outras soluções que não a edipiana” (QUINET; 2006:56).
Ao constatar esta divisão no psiquismo, Freud formula que uma parte que
permanece ligada à comunicação e a consciência, e outra relacionada ao que
chamou neste momento de estados hipnóticos. Cito:
Em associação livre, recordou-se que a primeira vez que sentira essas dores
deu-se logo após a uma noite bastante prazerosa, quando, depois de muita
insistência da família para que fosse numa festa, desfrutou da companhia de um
antigo amigo com quem flertava e por quem nutria desejo de casar-se.
Entusiasmada com as futuras perspectivas do encontro, Elizabeth chega a sua casa
e encontra o pai em situação pior do que o havia deixado. Apreensiva com o estado
piorado do pai e recriminando-se por tê-lo deixado, resolve que não mais deixaria a
42
Ele parte de um caso clínico em que uma moça tem idéias delirantes de estar
sendo observada e de ouvir vozes atribuídas aos vizinhos que lhe acusam de ser
leviana. Estes sintomas paranóicos surgem algum tempo após a partida de um
rapaz, colega de seu irmão, que havia morado em sua casa por cerca de um ano. A
irmã da doente relata que ouvira desta, antigamente, a queixa de ter sofrido atentado
sexual pelo colega do irmão, numa ocasião em que ambos ficaram a sós na casa.
que mudava era sua localização da coisa. Antes, tinha sido uma autocensura
interna, agora se tratava de uma recriminação vinda de fora” (idem, p. 286). Isso é o
que Freud chamou de abuso do mecanismo de projeção como defesa, já citado
anteriormente.
Para Freud já era claro e nítido uma fundamental diferença entre a neurose e a
psicose. Na primeira, o retorno do recalcado se dá pela condensação, que em
termos lingüísticos equivale à metáfora, como no exemplo de Elizabeth em que as
dores na coxa simbolizavam o conflito da idéia incompatível com a consciência. De
outra forma, na psicose a idéia repelida retorna de fora, sem constituir-se num
símbolo mnêmico. Observa-se que o cerne da questão psicótica é a ausência de um
fenômeno de ordem simbólica; causa dos delírios e alucinações.
Já para os psicóticos o Outro tem consistência e não tem falta alguma. Por
carecer do significante da Lei, o psicótico encontra o Outro absoluto ao qual está
submetido. Sua posição estrutural é a de ser o objeto do gozo do Outro, “este Outro
absoluto que reproduz o primeiro tempo lógico do Édipo, quando a criança se
encontra identificada ao falo imaginário da mãe como objeto de seu uso pessoal”
(QUINET, 2006:17). Trata-se aqui de uma analogia, já que não há Édipo
propriamente para o psicótico.
Capítulo 03
Psicose e Melancolia
Aristóteles não qualificava a bile negra como uma doença, trazendo a questão
para a ordem da natureza. Ele a concebia como uma mistura absolutamente
instável, podendo estar totalmente fria ou quente, variando a cada momento. Fez
também uma analogia da bile negra ao vinho, propondo que o desequilíbrio biliar, tal
qual este estivesse mais frio ou mais quente, agia como “o vinho misturado ao nosso
corpo, (que) em maior ou menor quantidade molda nosso caráter” (idem, p.105).
Acreditava-se que a bile negra quando aquecida precisaria sair, e o fazia sob a
forma de extravios de pensamento ou melancolia, bem como por ulcerações. O
melancólico, dessa forma, buscava sempre alguma forma de prazer capaz de
acalmar a corrosão causada pela bile negra. Esse humor, esse resíduo que tornava
o sujeito frágil e estável dotava-o de comportamentos múltiplos, ligados à
contemplação e á criação.
sobre seu corpo e sobre si mesmo. Kraepelin apontou para a idêntica aparência
clínica nos quadros de “loucura maníaco-depressiva” quer se tratassem de loucura,
episódios intermitentes ou ataques isolados; mas a inexistência de um diagnóstico
que pudesse dar à melancolia um lugar menos confuso ao que ela hospedava ainda
estaria por vir.
ralo. É a dor de existir da qual nos fala a melancolia, dor provocada pela perda da
libido, evidenciada pela falta de interesse pelo mundo, onde o luto é o afeto
correspondente. Nas palavras de Freud:
A escolha objetal, neste caso, foi feita sob uma base narcísica. Esta é retirada
ao defrontar-se com obstáculos (no caso, a perda de uma pessoa amada). O que
era uma perda externa torna-se perda narcísica. Esta constatação é central em “Luto
51
Pode-se encontrar também em Karl Abraham, que foi um dos mais brilhantes
seguidores da psicanálise em seus primórdios, a mesma sintonia das descobertas
clínicas freudianas, a saber, que quanto mais afastada está a zona genital enquanto
fonte de prazer, mais se encontram voltadas as pulsões para os estágios anteriores:
o erotismo oral e anal. Para os estados melancólicos, Abraham também se
convenceu de que a libido
De outro modo, se criança fica sujeita a uma situação sentida como abandono
no momento que direciona seu primeiro importante passo em direção ao amor
objetal, estará, de acordo com Abraham, atendendo a uma predisposição à
melancolia. Como as pulsões orais ainda são preponderantes nesta fase,
“estabelecer-se-á uma associação permanente entre o seu complexo edipiano e o
estágio canibalesco de sua libido. Isto facilitará a introjeção subseqüente dos objetos
de amor: a mãe e o pai”. (idem; p.120).
A partir do que foi postulado por Freud nestes textos que estamos trabalhando,
propomos lançar mão dos conceitos de Lacan sobre a melancolia. Primeiramente
defrontar-nos-emos com um significante utilizado por Freud que aqui também
trabalhamos e merece atenção. Em todo momento nosso autor trabalha com a
possibilidade do melancólico ter investido suas economias psíquicas em um objeto
que, posteriormente perdido, faria com que o sujeito abandonasse o pacto com a
realidade mediante o auto-investimento derivado da identificação via narcisismo.
Esse objeto a que se refere Freud, como ele mesmo diz, é da ordem do ideal; e
é a partir de sua perda que a melancolia se desenrola. A hipótese da qual parte
Lacan, corroborando Freud, é que este objeto da ordem do ideal é um significante de
referência para o sujeito, já que é a partir de sua queda que se dá todo o
desmoronamento da realidade. Já foi tratado que é a partir da falta ou da falha do
significante do Nome-do-Pai, nomeado assim por Lacan, que uma psicose pode se
desencadear.
Freud ainda não havia desenvolvido a segunda tópica onde a teoria pulsional
toma rumos mais claros, donde obtemos pulsão de vida e pulsão de morte. Logo,
quando o primeiro Freud se referia à libido do eu e libido de objeto, a explicação que
se seguia era que o melancólico seria objeto de suas próprias recriminações feitas
primeiramente a outrem, deslocadas para si quando da perda desse objeto, que
recebia afetos ambivalentes. Ou seja, presumia-se que o sujeito teria endereçado
uma acusação ao outro, e, a partir de sua perda, passara a se auto-acusar
sustentado pela identificação via narcisismo. A instância crítica era tomada como um
outro do sujeito.
Talvez possamos mais uma vez nos utilizar do próprio Freud para sustentar o
que Lacan posteriormente viria a propor e que estamos aqui apreendendo, a saber,
que a melancolia tomada dentro das psicoses revelada pela falta do Nome-do-Pai
aponta o inconsciente a céu aberto, onde o recalque e a função fálica não operam,
impossibilitando que o sujeito, depois de cair, levante, sacuda a poeira e dê a volta
por cima.
60
A pergunta freudiana “por que um homem precisa adoecer para ter acesso a
uma verdade assim (?)” (FREUD, 1914:244) sugere que o sofrer melancólico
desmascara uma verdade, um determinado saber proporcionado pelo seu específico
movimento pulsional. Estivemos propondo que a melancolia se difere da neurastenia
por se tratar de uma acumulação sexual no psiquismo e não no corpo. Isto que dizer
que a falta de excitação somática também característica na melancolia representa
alguma deficiência no psiquismo, devido ao seu isolamento no âmbito somático; “daí
a hiperatividade do psiquismo que, em razão da falha de uma energia somática
própria para “fixar” as idéias se esgotam numa ronda de pensamentos condenados a
girar no vazio”, (LAMBOTE, 2000: 45), mecanismo que Freud nomeou de “ralo
psíquico”.
Não se trata, então, do melancólico ser indiferente aos objetos que o cercam,
mas da impossibilidade de poder neles investir. Uma vez perdido o primeiro objeto
de amor, embora cravado na memória como um hieróglifo; junto à impossibilidade
desde reencontro, sobrevive uma agitação ideativa incessante e fatigante. Mesmo
tomado por uma sede de sondar os enigmas que giram em torno do seu pensar, a
ação do melancólico está condenada ao fracasso, e seu gozo inscrito no
esgotamento de uma busca impossível e sempre renovado.
61
Entretanto, este olhar que sustenta uma imagem ideativa ao sujeito, não pode
ser visto pelo melancólico. Na neurose, por maior que seja o sofrimento, o sujeito
preserva a imagem ideal de seu eu. Ao melancólico isso não foi possível, esta
imagem ideal não se fez presente no Outro.
Como citado acima, o ponto cego do espelho no Outro não impede que o
melancólico se agarre aos cacos de identidade que o cercam, ainda que não tardem
62
Esta verdade, por mais dor que em si contenha, é a única que sustenta a
realidade da melancolia sem que qualquer outro adereço lhe seja preciso.
Desnudando o viver dos laços com os objetos, esta verdade, “em sua abstração,
contribui para fazer repousar sua glória numa coleção de personagens de cera para
sempre endurecidos em seu estupor”. (ibidem, p.106).
Capitulo 4
Melancolia e Escrita
A relação entre escrita e inscrição psíquica foi abordada por Freud de forma a
supor o inconsciente a partir de um suporte de inscrição, como examinamos no
primeiro capítulo. Ele aproximou a elaboração dos sonhos aos hieróglifos,
encontrando nas suas formações conteúdos passíveis de decifração. Lacan ocupou-
se deste tema desde suas primeiras produções, e apresenta a letra como matéria
prima da linguagem, suporte por onde a significação deslizará, já que não propõe um
significado prévio atribuído ao significante, uma vez que este porta em si a falta
primária de nada significar por si só. Esta falta possibilita o deslizamento do
significante sob o significante, onde um sentido, na cadeia, insiste, ainda que
nenhum dos elementos da cadeia consista na significação de que ele é capaz
naquele momento.
Desta forma, pode-se perguntar: o que o analista ouve de seu paciente, ou, de
que leitura se trata? Uma resposta possível seria que o analista deva ler os
acidentes e tropeços presentes na fala que escuta. Se o analista lê é porque algo se
produz por efeito da escrita do inconsciente estruturado como uma linguagem. É a
emergência dos significantes que revela ao analista o que está por traz do
enunciado. O analista escuta algo que emerge do significante como letra, e a partir
da associação livre, é da letra que cai que se dá o desdobramento da cadeia
significante, e da associação de significantes precipitada pelo sujeito.
que funciona como uma possibilidade, uma saída para algo que, de outra forma, não
pudera enunciar-se.
No “Seminário 7”, o qual aqui já foi citado no capitulo inicial, Lacan faz
relevantes considerações sobre a função da criação enquanto sublimação e sua
66
relação com das - Ding. Ele entende que se das - Ding, a Coisa, não nos está
velada, embora persista em não se representar. Somos então obrigados a contorná-
la, domesticá-la, para podermos concebê-la. Dessa forma, a primeira relação do
sistema psíquico (regido pelo princípio da homeostase definido pelo princípio do
prazer) se faz a partir de elementos significantes, quando nomeia a Coisa, quando
significa o gozo deste encontro. Temos então que a Coisa em questão é suscetível
de ser representada estruturalmente no psiquismo por outra coisa, pois a função do
princípio do prazer conduz o sujeito de significante em significante para mantê-lo no
mais baixo nível de tensão possível. Lacan se posiciona quando diz que:
propõe a letra como o litoral que afirma uma separação entre o furo e o saber. Esta
noção distingue e articula dois registros heterogêneos: o simbólico e o real, saber do
significante e gozo do objeto. A letra é definida por Lacan como semblante do real e
também semblante de gozo.
A literatura nos fala sobre elementos dos quais a psicanálise trata, a saber, a
impossibilidade de circunscrever o real, interrogando através da poesia o próprio ato
da escrita ou da fala como forma de fazer borda ao furo do saber. Em seu sentido
amplo, a escrita é uma experiência que inclui o corpo, posto que seja ato pulsional
em relação ao semelhante. É um saber que não se sabe, um escrito, uma repetição
endereçada à interpretação, que tem como objetivo buscar um sujeito leitor.
68
Isto se explica, pois, muito distante de ter construído um ideal de eu, o sujeito
identificado a um “ideal negativizado” pode, de alguma forma, fazer um ponto de
69
separação, uma alteridade ao ideal materno, das – Ding. Dessa forma, encontra
supostos juízes ou justiceiros que, com a tarefa de condená-lo, apontam a tal
alteridade, alternativa à petrificação. Neste sentido, a auto-acusação que prende o
tempo, também segura o termo do sujeito, que não esta mais perdido no nada. O ato
de recriar um outro com o qual dialetiza e do qual tenta livrar sua própria e incômoda
presença é tomado como produção que ocupa função de estabilidade, função do
delírio. O melancólico interroga o princípio do prazer no outro, bem como a realidade
de seu corpo e seus afetos. Neste sentido, Duville argumenta que:
?!...
Aos oito anos Florbela escreve seu primeiro poema, cujo título tem no
paradoxo “A Vida e a Morte” a marca dos opostos que cruzam toda a saga da
escritora: a primeira, com bravura, tentará significar, e a morte, por fim, clamará para
aliviar sua falta, sua dor, sua errância.
Florbela tem consigo uma dor original, uma dor básica, fundamento de seus
escritos. Uma dor de desligamento da mãe, terra e mulher; uma dor cósmica, cuja
nascente remete à brecha existente entre o sonho e a morte.
Florbela sente o mundo passar por si, e como nele não consegue se deter,
enlaça a marginalidade que experimenta relativa à falta do Nome – do – Pai à falta
de um significante que é próprio da mulher. O abandono que sente o melancólico,
caracterizado como dejeto ou resto, contextualiza-se em Florbela quando ela traz em
seus poemas a dimensão da mãe imaginária que a abandona. Sem os recursos
simbólicos adquiridos no percurso edípico, Florbela passa a descrever a violência
com que experimenta o abandono do Outro. Não encontrando sentido para sua
existência, rechaça sua linhagem feminina, o útero que lhe protegeu a vida e suplica
o reino da morte.
A morte, tida como “a iluminada” é a porta pela qual o encontro com a mãe
mítica se torna possível, possibilidade de regresso ao útero cheio de luz e abrigo
À Morte
O meu mal
Por ter sido “tudo que no mundo há de maior”, Florbela parece ter saudade
louca deste tempo mítico de completude, de plenitude, onde compartilhava a origem
de tudo, já que o perfume vinha das suas mãos e de sua boca o colorido ao
eloendro. Chama-nos atenção que ao finalizar o soneto Florbela não localiza o que
perdeu, embora sinta saudade louca deste tempo onde com o cosmos estava
fundida. Lembra-nos Freud em “Luto e Melancolia” que na melancolia houve a perda
de um objeto de amor, mas que o sujeito não sabe o que perdeu neste objeto,
achatando o desejo que ficará sob a sombra deste objeto.
A dor no corolário de Florbela carece do olhar amado, da luz do desejo que ela
sente como vácuo, e que conferem identidade e existência ao sujeito. A dor do
feminino em Florbela é a dor da falta de um significante que lhe responda sobre si
mesma, sobre a mulher e a dor real da existência. Com coragem, ela encarna o
próprio estandarte da dor, mergulhando nela, tomando-a para si, e produzindo com
isto. Daí que os poderes de suas palavras tomam proporções maiores, pois ela não
se furta em mergulhar em si, na busca de nomear-se, cada vez mais de perto.
Nesta sua ânsia em escrever sobre o vazio de significação que sente em seu
ser, de sujeito e mulher, não consegue encontrar uma máscara que lhe vestisse a
falta, que lhe signifique o feminino. Ela fracassa no semblante de mulher, pois da
posição feminina sua poesia revela-se congelada, triste, morta. Vejamos em um
trecho de um soneto chamado “Tédio”:
Talvez um Deus uno e absoluto pudesse saciar sua inquietude. Mas o Deus de
Florbela parece não conhecer sua dor, pois a tentativa de fundir-se a este também
não apazigua seu sofrer. Florbela busca “Deus como um dos nomes da Coisa, que é
o real padecendo do Significante” (MIRANDA, 2002: 289).
Mendiga
Questionava-se o motivo que o leva a não sentir atração sexual por ninguém, já
que “todos só falam disso por todo o tempo”. Contou-me que foram dois os
relacionamentos que teve em sua vida, com pessoas que além do mesmo sexo,
tinham o mesmo nome que o dele, e conta também que nunca penetrou ninguém.
Diz-me que “não tem profissão nem lugar algum no mundo”; e ao falarmos sobre
trabalho ele, mais uma vez, critica duramente o modelo econômico atual e associa
etimologicamente à palavra tripalium, instrumento de tortura, para dizer que é dessa
ordem o mal-estar de ter que se enquadrar numa rotina de trabalho.
Sempre falou muito pouco do seu pai, mas pude saber que este morava na
casa da sogra, e “que não teve atuação masculina na família”. M entende que seu
pai “já não tinha moral” por condescender àquela postura tão deplorável de morar na
casa da sogra. Sua mãe ocupava-se de eventos aos quais era convidada, e ele,
conta, permaneceu perdido entre as babás e a avó. Contou que a morte do pai fora
pouco sentida já que ele nunca esteve presente; e a morte da mãe “um luto ainda
não realizado”. Quando esta veio a morrer, M. viajou para Europa por dois anos,
sozinho, voltando quando o dinheiro acabara.
Frente àquelas contingências ele disse não ter como me pagar. Então combinei
que trouxesse algum valor possível, qualquer que fosse. Porém M, arruinado, chega
sem nada repetidas vezes. Comentara, entretanto, sobre alguns poemas que fizera
e de sua relação de amizade com as letras. M. é filósofo, toca violão e diz que
compôs algumas boas canções, além de ter amizade com artistas talentosos. Frente
ao impasse de atendê-lo sem nada receber ou não mais atendê-lo, proponho então
que comece a me trazer suas poesias como forma de pagamento, até que consiga
algum dinheiro. Ele aceita minha proposta e começo a receber os seus trabalhos.
Primeiramente começa veiculando antigas composições, em papel amarelado pelo
tempo, sem datas e muitas sem título.
Para além da sua fala nas sessões, também pude então, começar a apreender,
por outra via, um pouco da sua realidade psíquica e a forma como experimentara a
vida.
O excluído
Depois de alguns meses, M. chega dizendo que achara solta a forma com que
tem pago as sessões. Disse que as poesias podem começar e acabar rapidamente,
sem grande comprometimento, e daqui por diante iniciará seu primeiro romance ou
conto, com a finalidade de amarrar um pouco mais os seus escritos. Trata-se de um
romance com fundo autobiográfico, conta cujo título é “O Último Homem”.
Fato é que M. faz alguns capítulos do seu conto ou romance. Trago mais um
pouco do tom de sua escrita, agora em “O último homem”:
“Um mundo havia acabado para ele”. “Desde cedo em sua vida percebera sua
vocação em traduzir (trair)”. “A linguagem em si já tentava traduzir (...) como se pode
tocar o chamado “mundo real”. “E traduzir a linguagem que tenta captar o real é
trabalho raro que poucos poderiam se dedicar”. “O último homem queria falar, mais
já não sabia mais qual era o nome da palavra”.
Um auto-retrato
Um trapo
Um produto inútil
Um pano de chão
Alguma coisa que alguém esqueceu em algum lugar
Um resto de bebida no copo de ontem
Um jardim abandonado
Uma tristeza imensa
Uma lagoa fria
Um oceano em tormenta
Um sentir que não agüenta
Esse profundo buraco vazio
Um pedaço de remo que o mar trouxe à praia
Um som do apito de um navio
A névoa, as correntes frias
Um ofegante afogando-se.
Considerações finais
Em supervisão clínica, não se pode deixar de escutar que não fora o paciente
quem escolhera pagar com seus escritos, e que a solução para o impasse que poria
fim aos atendimentos fora proposta pelo analista. Para além da problemática clínica
que cerca a melancolia, o ato de trocar as poesias pela escuta também fez questão
durante este processo.
Causados pelo imperativo de não recuar frente à psicose, e sabendo que não
se trata aqui de escutar o sujeito suposto saber uma vez que o inconsciente na
psicose apresenta-se a céu aberto, cabe-nos indagar de que sujeito se trata, uma
vez que seu discurso precisa primeiro ser situado.
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