1) Segundo Roger Behrens, em seu texto Seres limiares, Tempos limiares,
Espaços limiares, em que utiliza principalmente do pensamento de Walter Benjamin para pensar a concepção do termo “limiar”, que pode ser entendido como uma “zona”, “mudança”, “fluxo”, “transição” de um estado a outro, a Paris do século XIX estaria no limiar, entrando na modernidade, e passando de cidade grande a metrópole. Assim, também os seres se tornam “seres limiares, figuras fantasmáticas”, acompanhando o desenvolvimento da cidade. O flâneur seria um exemplo duplamente de ser limiar, já que se encontraria no “limiar tanto da grande cidade, quanto da classe burguesa” (P99). O flâneur se sente perdido nessa nova condição, como um cachorro perdido. Nessa situação limiar, o homem vira animal, pois ainda não internalizou como sobreviver. 2) Apesar de o termo “limiar” não ter suas fronteiras delimitadas especificamente, não pode ser confundido com o conceito de passagem, porque “passagem” está ligado a ideia de locomoção, de um lugar por onde se passa. “Limiar” é muito mais que isso: limiar é transição a outro estado. Uma vez transposto; não há retorno. A história do século XX está repleta de limiares: a primeira guerra mundial; a segunda guerra mundial; a queda do muro de Berlim. Depois disso a ordem de forças se alteram. O limiar é relacionado ao presente; está potencialmente para acontecer. Sempre uma vez, e a cada vez.