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As Canções do Coração Ferido

Clavio J. Jacinto

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CEP 88490-000

1
Dedicação:

Á minha esposa: Elenice dos Santos Jacinto e meus filhos Natanael e


Natalia

2
3
Tudo é Vaidade

Quando ferido no coração

Frente às tolices de um insensato

Que com ciúme de ser caco

Pensando ser perola inteira

Quando em rosto tão abatido

Frente às ações de um palhaço

Encenando no circo sem graça

Mesmo que ainda mais ferido

Quando em desanimo pesado

Parece a alma toda naufragar

Tomando um fôlego das nuvens

Tente ao porto seguro chegar

Pois nada tão certo na vida

Do que um grande princípio a funcionar

Que quem faz castelo sobre a areia

Por mais bonito que seja, sempre vai afundar

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Assim quando ferido e chorando

Com a alma feita em mil chagas

Atente pra seguir corajoso avante

No vale dos corajosos, essa plaga

Porque das cicatrizes em formação

Da sua luta e tantos ferimentos

Saberás que por grandiosos momentos

Fortaleceu mais teu coração

Aqueles que pensavam em te derrubar

Foram bobos da corte dos imprudentes

Que tentando teu brilho apagar

Acabaram sendo mais impotentes

Assim as chagas serão curadas

Nas fluentes da coragem mais nobre

Verás assim que da luta da vida jaz

Aquele que de moral baixa é mais pobre

Vaidade das vaidades, tudo é vaidade

Quem deseja crescer pisando os outros

5
Acabará sendo esmagado

Pela própria insensatez da própria inépcia

6
PAUSA FILOSOFICA

Aparências enganam, te iludem,as falsas aparências são a causa de


muitos erros na vida, muitas pessoas laboram no erro e sofrem
conseqüências terríveis porque não sabem lidar com um fato: o
tempo é implacável contra o erro, a mentira e o engano. Por mais
que uma pessoa tente iludir ou se iludir com coisas erradas, mas
cedo ou mais tarde, aparecem os frutos dessa ilusão. As vezes é
necessário que haja uma condição propicia para que o verdadeiro
caráter e virtudes de uma pessoa venha a tona, já as falsas virtudes,
aparecem a qualquer momento, porque o homem falso tem uma
fome devastadora por gloria dos homens e reconhecimento
deles.(Clavio J. Jacinto)

A grande tragédia humana é a falta de equidade, fala-se muito hoje


sobre justiça, mas na verdade essa "justiça" nada mais é do que
qualquer coisa que seja favorável a alguém que não esteja disposto a
abrir mão do mesmo direito de quem discorda dele.
Dizia certo profeta antigo, que a verdade anda cambaleando pelas
ruas, e de fato está! Pois vem recebendo golpes mortais, as
instituições estão falidas, a maioria dos homens tornou-se
marionete do relativismo, a religião tornou-se utilitarista e seus
lideres maquiavélicos. Poucos são os que não aderiram a essa onda
devassa que arrasta o mundo para o abismo, o grito proponente de
muitos é que falar sobre isso, é ser de forma evidente, muito
pessimista, a verdade é que por circunstancias obvias, na verdade
admitir isso é ser realista. Os tempos mudaram, e coisas piores
ainda surgirão, chegará o tempo em que na cerimônia fúnebre da
morte da equidade, os homens cantarão de forma carnavalesca, um
hino em honra ao humanismo, o féretro seguirá aos festejos, e de
certa forma, já será tarde demais para perceberem que estavam
festejando o próprio fim.(Clavio J. Jacinto)

7
Aflições

Quando a terra for rasgada pelo arado, lembra que a dor também é
um arado que rasga nossa vida. As brechas muitas vezes são
profundas, elas ferem, são cruéis, deixam cicatrizes na nossa
memória. Mas sem a ação do arado da dor na nossa vida, não haverá
semeadura em nosso caráter, não haverá desabrochar pungente de
sabedoria e inspiração e nem o outono da arte. Tudo tem a sua
parcela de dificuldades para florescer e frutificar. Se as estrelas não
se sujeitarem a escuridão noturna, jamais poderão brilhar, se as
águas não debaterem-se contra as mais duras pedras, nunca
chegarão ao vale. Não importa o quão profundo seja o mistério do
sofrimento, é inacreditável que as mais belas rosas carreguem os
mais cruéis espinhos. A vida tem suas parcelas de primaveras e
invernos, momentos em que nosso coração se extasia com aromas e
coloridos e momentos em que se congela de tensão, medo e
ansiedades, mas devemos permanecer em longanimidade, no
sofrimento devemos cultivar o amor para colhermos a esperança. Há
beleza quando se estende a mão ao aflito assim como o êxtase da
inspiração poética pode vir das horas mais difíceis da vida. Ninguém
pode ver a forma do arco-íris antes da tempestade, e não importa o
quanto escura foram as nuvens, mas o céu sempre volta a brilhar,
esse é o ciclo da existência terrena, e em tudo isso, apenas
precisamos dar nosso coração á paciência, porque ela é a via mais
segura para afastar o desespero. (Clavio J. Jacinto)

8
Onde existe mais humildade, existe mais espaço para o Espírito
Santo operar, onde existe mais arrogância, há todas as condições
para o Espírito Santo se entristecer.

Ninguém pode manter um padrão de vida espiritual elevado, sem ser


cheio do Espírito Santo, e ninguém pode ser cheio do Espírito Santo
vivendo ou pregando outro evangelho

O legalismo é uma força interior destruidora, pois devasta a moral


do coração do homem enquanto ele tenta sustentar uma mascara de
santidade

É necessário ter um padrão de humildade muito puro para manter a


visão de que nossos defeitos devem ser vistos com mais freqüência e
gravidade do que os defeitos alheios

Como as folhas secas se desprendem da arvore, assim devemos nos


desprender de todas as coisas que perdem o seu valor e tornam-se
fúteis se permanecerem em lugares elevados dentro do nosso
coração.

A vida tem um sentido muito profundo para ser visto de modo


superficial. E ela é muito valiosa para ser avaliado de modo
completamente equivocado

O que deseja ser elevado ao próprio coração a vista dos outros, não
tem dentro de si qualquer impulso que evidencie ter o Espírito de
Cristo dele

9
Não coloque a vossa esperança nas coisas passageiras desse mundo,
para que no final da vida não venhas a ficar completamente
decepcionado

A vida tem um segredo profundo sobre a felicidade, e este é o


segredo: Ame a simplicidade, porque ela é a porta pelo qual
podemos perceber a importância das pequenas coisas.

10
Insólito

Quando nas copiosas mágoas de minhas dálias

Do luar afresco desse orvalho á efusão

Dos mais frondosos pés descalços das sandálias

Vi a penumbra inócua dessa tão bela fruição

Fui esse descalço pálido nas terras áridas

Das orlas de pântanos e aromas de framboesas

Da noite nebulosa de sombras tão pálidas

Como vaso arcaico na inércia fria do cume da mesa

Num susto que congela esse âmago da espinha

Eu, burlesco nesse dantesco e sôfrego tédio

Debruçado em palhas, espinhos e debulhadas pinhas

Na compleição do medo nesse infeliz assedio

Olhei meu reflexo em turva e prava lagoa

Que das vísceras flui tão desdita revelação

Pois é na noite nua que naufraga á proa

Bateu deslustre em afago meu pobre coração

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Quais sopros rebeldes foram ao bojo fugindo

No albergue longínquo que tão feroz se ufana

Em horizontes distantes fui só etéreo sumindo

Gritos nasais que pra fora de mim loquaz derrama

Nessa austeridade tempestuosa então cheguei

Visão seca da minha alma que flutua mais vazia

Em que tais prantos debulhados me afoguei

Vento insólita alma que de meu pranto fugia

Caindo no vácuo berço efêmero dos parcos escombros

Das trincheiras rasas de minha breve expectação

Qual meu espanto germinando tão pertinaz assombro

Uma emanação florida alumbra o crepúsculo do coração

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(O Vaidoso)

Oh! Que fome voraz tem o homem arrogante

Vaidoso é seu semblante da alma impenitente

Vive em busca de glórias humanas e é inconstante

A sinceridade mais pura lhe está toda ausente

Quem deseja ver de tal à pobre sina

Que desejos de grande e é um devastado

Pois seu orgulho lhe dá vasta ruína

Do abismo um ente se há descambado

Das entranhas o breu de tão inseguro

Precisa oprimir para a si mesmo exaltar

Pensa ser tudo e devasta o mais impuro

Que das víboras ferozes o faz delirar

Que essas pobres mortalhas lhes é vestido

Como a poeira que evapora de tais serpentes

Pois de bondade o rosto lhes é enrustido

Das virtudes do pio lhe esta tão ausente

13
Quão enganoso é o coração da vaidade

Arrasta um morto pela correnteza abissal

Vaidade das vaidades, eis a tão triste verdade

No caminho do engano não há luz de fanal.

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(RETORNO NOSTALGICO)

I-

Se num portal ao passado voltasse

Para encontrar a mim mesmo

Em um lugar longínquo de minha infância

Face a face comigo ficaria

Em meus próprios ombros choraria

E da minha boca ao meu ouvido

Apertando minhas mãos

Com sinceridade a mim falaria

II-

E nesse monologo de duplo ente

Gritaria aos meus ouvidos

Advertindo contra os falsos amigos

Na calma possante das lagrimas

A mim próprio me repreenderia

Com a doce alma fria

Ao meu pobre coração diria:

Toma cuidado com todas as escolhas

III-

Olho a olho comigo mesmo

Na mais pura sinceridade

15
Diria que a minha própria bondade

Não era moeda de confiança

Pois ainda quando criança

Na inocência da tal utopia

Vendo o mundo vestido de ilusões

Sofreria tantas decepções

IV-

Então nesses clamores e mais bramidos

Nesses impasses doloridos

Abraçado a mim mesmo e tão só

Numa tristeza de dar mais dó

Soaria minha voz mais calma

Falando serio a minha alma

Tens á frente tantos mais mil perigos

Toma cuidado com muitos amigos.

V-

E nessa sombra entre a aragem

Diria a mim mesmo, tenha coragem

Porque as dificuldades no traje do pesar

Estão galopando rente a te encontrar

Mas não tenha medo das aflições

Porque entre aplausos e difamações

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Em transtornos alívios e mais dores

Verás adjacente o firme campo de flores

VI-

Em tantos sofrimentos e grandes momentos

Verás o teu próprio crescimento

Seja forte, seria meu clamor chorando

Porque enquanto o tempo for se abrindo

Estarás vivendo pensando e sorrindo

A existência tênue é a revolução aberta

Verás a ti mesmo, a nascente breve surgindo

Nos tímpanos da dor terás alma de um poeta

VII-

E foi longa a tua jornada

Nos passos lentos de tuas caminhadas

Verás marca de quem tentou andar pra trás

Quando quis para infância voltar

Mas vencendo a tal nostalgia

Seguiste rumo ao novo dia

Ouve-me, oh meu eu, esse brado

Segue a vida, mas tenha muito mais cuidado...

17
(EMERGENTE)

Vi cair esse silencioso doce orvalho

Enquanto na tarde sonhava dormindo

Entre as belas noites tão bem estreladas

Os perfumes densos da infinita madrugada

Nessa terra nostálgica de outro mundo

De cabisbaixo olhar desanimado e noturno

Onde as perolas cantam no oceano profundo

O olhar trágico de todas as minhas saudades

Vi minhas memórias nas grandes venturas

No auge terno dessa épica e tão saudosa sutura

Rasgos escondidos de amor ainda não curado

O lamento do coração pegajoso e quebrantado

Quem me dera achar minhas próprias feridas

Aquelas que os dias mais distantes já curaram

Porque das partes vitais ainda mais doloridas

Cicatrizes e uma marca de herói em mim ficaram

18
Mesmo sob as correntes das tristes vaidades

Ainda da infância minha alma toda emergiu

Pois que das imensas ondas de póstumas realidades

Um homem simples desse longo tempo emergiu

Meio que perdido entre as flores

No caminho a contemplar cada amanhecer

Vivendo a vida em vários tons de cores

Arrastando pelos fluxos irreversíveis do envelhecer...

19
Naves Imaginarias

Quando chegam meus pensamentos

Aquelas cenas que flutuam no universo do coração

Como pequenas nuvens ou naves perdidas

Tentando encontrar repouso no chão da alma

Sem ruídos e leves como penas de pardais

Numa escada que une passado e presente

Mesmo os momentos tão mais sublimes

A presença de tantos outros ausentes

Que das entranhas da saudade um calafrio

Um presépio de lâmpadas apagadas a vagar

Iluminando uns momentos intrépidos da vida

Lapsos de filmes que fazem sorrir ou chorar

E naquele momento perdido no túnel dos anos

Encontrei tal rosa que no século desabrochou

Pois desse mesmo jardim, entre nossas flores

Aos regaços de um campo florido, o amor se levantou

20
Trazia consigo um fogo que nos alumiava

Dos séquitos das estações a noite alumiou

Quando nossas mãos estavam dadas em olhares

Num código de enigmas existenciais que despertou

Depois de tanto tempo ainda as naves voltam

Nesse cosmos de ânsias e alegrias presentes

As naves imaginarias descem e fogem de mim,

Mas ficastes com tuas mãos dentro de mim pra sempre

21
(Unum Diem Durantia)

Os que se foram...

...partiram

A saudade faz a historia do lamento

O tumulo apenas uma memória abandonada

A ceifa esfomeada

Na boca da guerra no estômago do holocausto

O tempo entrega todos a sepultura

A distancia é apenas um momento avante

O passado é feito de futuros caídos

O que não passou alimentará as paginas da historia

A vida é um paradoxo num labirinto

Os que viveram também existiram

Deixaram de ser, fluíram e expiraram

O tempo os levou

Respiraram e voaram no vácuo

22
O tempo consumou cada ente

Deixou um fardo de saudade e mistérios

Os que se foram

Caminham na distancia de um silencio

Ficaram na memória, a dimensão da saudade

No caos da historia da humanidade

Uns foram cedo outros mais tarde

Isso eu bem sei

Que um dia á eles também me juntarei.

23
(In Vanitas)

Ferido pelas espadas de palavras, prossigo

Rasgado por atos ingratos, porém avanço

A luta prossegue, mesmo com coração amarrado

Não olhando para as coisas que para trás ficam

Os céus iluminam os campos com trovões

As angustia se supera pela paciência no tempo

Os canhões tentam eternizar a imortalidade

Ferem e abrem os mananciais de decepção

Quando tudo em nós quer morrer, insisto

Nessa batalha entre a raiva e o perdão persisto

Numa sagra cruel de tantos heróis anônimos

As armas disparam contra a dignidade da vida

Mas ainda que firam a minha frágil esperança

Continuarei marchando sem ela entre batalhas

24
Pausa Filosófica

É raro encontrar nessa vida, uma pessoa que seja totalmente


desprovida de egoísmo, e isso ocorre porque o ego é a coisa mais
difícil de remover de dentro do homem, exige um negar-se a si
mesmo, uma sinceridade tão pura que seja capaz de assumir os
próprios erros e falhas, admitir todas as incapacidades e acima de
tudo reconhecer o quanto é indigno de qualquer graça divina, e viver
nessas circunstancias redundará em ser o mais desprezado,
ocupando o ultimo lugar na escala da idolatria humana. Então
apenas se prossegue com a farsa, jogando a culpa nos outros e
transferindo nossos problemas para a responsabilidade do próximo.
(Clavio J. Jacinto)

25
Depois da Madrugada

O fogo aceso que crepitava na madrugada

Restam as cinzas de uma fogueira apagada

A glória do amanhecer tudo incendiou

Foi-se a noite escura e um novo dia já raiou

O campo cheio de flores, estrela dos prados

Cósmica primavera de todas as vivas cores

O véu da noite caiu e foram as cortinas rasgadas

As montanhas da aurora permanecem nubladas

Semeia-se a esperança nessa primavera

Pois jamais perdemos o tempo na espera

Nesse vale dentro de mim anseios ácidos

Semeia-se amor na dureza do coração árido

Pois onde repousa um sorriso verdadeiro

E o amor chega suave e com mansidão

Nossa alma adormece na santa paz

Felicidade mais pura experimenta o coração

26
CONSTELAÇÕES CAIDAS

Nesse vale de poeira jaz rutilante rente

Ante a porta que recolhe as ânsias

O homem escondido no pó de estrelas mortas

Nos cálices quebrados do beijo das cinzas

Embriagada por sorver tantas ilusões

No breu a alma sombria de escuros recantos

Sem primavera o frio mortal congelante

As fontes brutais de pedra e brasas esfoliantes

Jazigo de archotes que só fumegam

No batente das ancoras que retalham os corais

As flâmulas rasgadas desse vale de vaidades

Naufraga ilusões que perecem sem cais

Quando as estrelas na noite se apagam

Sem celeste luz se finda as nuances das cores

Nas sombras mais infelizes que me dissolvem

Sopro sobre o fogo para desabrochar as flores

27
Quais violentos furacões nessa terra primitiva

Que devasta os poetas e dissolve todas as rimas

No meio de tantas encruzilhadas na fruição mais sombria

Só resta olhar para uma luz que se acende acima...

Vale das Vaidades

28
(Chagas)

Ferida a relva por pés mais humanos

Lagrimas de orvalho perdidos

Ornamentam a face da primavera

Recinto frio da madrugada adormecida

Entre tantas flores tímidas desse vale

Sei o quanto a dor do perfume é grande

Dói o amor sacrificado nos brancos lírios

Onde as bétulas escondem tantos gravetos

Caem as folhas aromáticas do eucalipto

As azáleas recitam um canto ao vento

Meu coração ouve esse triste lamento

Procura um lugar junto ao rio das aflições

Onde o balsamo possa curar a mim e a relva ferida

29
Campo e Flores

Entrei no pórtico da primavera

Vale onde as flores desabrocham

Jardim secreto da alegria

Descanso eterno de meu silencio

Num abraço de tantas ternuras

Nos perfumes do puro amor

Doce essência de toda plenitude

Balsamo sagrado em bendita misericórdia

O que ouvi em suaves sons

Encheu minha alma de todas as esperanças

Como o trigo cheio, prostrado á terra

Quando entrega-se para ser pão

Os campos cantam as virtudes

A campina fornece os lírios

Quanto mais ouço o clamor do vento

Mais suave é o aconchego dos aromas

30
Em alegrias meu coração adormece

Numa vida de muitos segredos

Pois da misericórdia divina me aqueço

Pra ser peregrino, andante sem medo

Primavera dos Conflitos

Um soldado sai correndo pra batalha

Invade o campo e se esconde na floresta

Seus pés são bombas que esmagam as ervas

Seu suor as chuvas que anunciam o desespero

Uma bala é uma águia sem ninho

Um peregrino mirrado sem caminho

O pulsar do susto e a cápsula do medo

O conto sinistro da história sem enredo

Entre os escudos de folhas verdes

Untadas de orvalhos de noites pavorosas

O espasmo de tal homem camuflado

Atingido pelo gládio e silvos o espectro da dor

31
Cai o soldado em duro e velho chão

Contorcendo-se com a dor vazada nas mãos

Em suspiros e açoites de acidas agonias

Abraço na face daquela flor mais vazia

O pavor da sombra eterna que inunda

A flor ferida e esmagada, cortejo da tumba

Chora o homem e a rosa daquele sertão

Um homem morto que jaz naquele triste chão

E como se entre ervas, o rosto adormece

O soldado morto irriga a terra bendita

A flor querida também está lá tão ferida

Alma fugidia flor repartida Um desastre da vida

32
Simplicidade além da Vaidade

Pássaros cantam nas manhãs do novo outono


Sinfônicos sonhos de minhas auroras esclarecidas
Quando a alma destila orvalhos da plácida solidão
Embriaga-se do silencio e vai embora ferida

Cativa em alturas e beija as torrentes das chuvas


Numa nostálgica paixão nas colunas do firmamento
Abraça as nuvens e nos colossais clamores se escoa
As folhas ébrias do manto desses vastos lamentos

Quanto mais toca a orla das nevoas altíssimas se cura


Mais sente o ego que por ares a dor que se aniquila
Como coração agonizando em fontes refrescantes
Na essência do perfume, nas flores e no verde da clorofila

Assim os sentimentos libertam-se de tais misérias


Num despertar da revolução de todas sacras alegrias
Então em plenitude de grandes emoções cósmicas e raras
A alma desce ao mundo, curada, pois não mais vazia

33
Desterrado

Ouvi amigos meus

Essas breves palavras que clamo

Do claustro da vida que amo

Sou filho dessa empáfia solidão

Deixei os cimbalos da gloria humana

Parti para o ninguém fui embora

E temo que em paz, sobretudo

No nada dessa humildade tão simples

Tenha encontrado tudo.

Ouvi amigos meus

Que dessa confissão mais ainda farei

Desse ajuste fausto que a mim erguerei

Sou filho dessa pobre solidão

Fui desterrado para os anais dos anônimos

Mas o destino segue além

Nas penumbras de um caminho de vésperas

Desterrado na ilha do marasmo

Onde as palavras flutuam ao celeste esmo

34
Ouvi amigos meus, meu nobre choro

Pois deixei a orbita da procrastinação

Fui embora, eis a minha confissão

se não mos encontrarmos nessa vida

É porque dessa pálida e aventurada partida

Tirei os fardos de meu ferido coração

Ainda que nos passos em ilhargas tão sozinho

Não os vejo, porque não estamos no mesmo caminho

35
O poema “Francisco do Avesso” é apenas um manifesto que
consolida meus sentimentos a respeito de toda e qualquer corrente
religiosa que tomando o bom nome de Cristo, usa-o de forma a
alcançar os fins que justificam os meios mais egoístas e egocêntricos.
A forma religiosa atual de muitos cristãos professos e o
evangelicalismo moderno se adéquam muito bem a isso, em toda a
minha vida cristã, e na minha peregrinação, o que mais vi foi gente
egoísta buscando na religião utilitarista um meio de satisfação
pessoal e materialista, há pouca evidencia de humildade e
regeneração em nossos dias. A configuração final dessa pseudo
religião cristã, nada mais é do que a forma pelo qual é moldado o
religioso contemporâneo; materialista e egoísta.

36
Francisco do Avesso

I-

Desse caminho místico buscarei todas as riquezas

A idolatria devassa de toda a minha avareza

Dos pobres tirarei todas as moedas

Investirei tenaz no ego a amarga usura

Endurecida está o âmago da minha ternura

II-

Vestirei uma falsa vestimenta sacerdotal

Investirei pesado em minha vocação profissional

Aos famintos negarei um pedaço de pão

Ostentarei um culto á prata e ao ouro valioso

Construirei convicto um grande império religioso

III-

O meu pobre coração ganancioso clamando insiste

Não sou leigo, sou mais além, parte da uma elevada elite

Aos sedentos negarei um copo de água fria

Regarei na minha turbada alma com toda a opulência

Dois pesos e duas medidas, sem clemência

IV-

37
Perseguirei ávido, o mais egocêntrico anseio

Adotando a manobra dos fins que justificam os meios

Negarei assistência aos pobres e necessitados

Meus atos revelam todo o sagaz pragmatismo

Assim erguerei dentro de mim um altar ao humanismo

V-

Cultivarei dentro de mim todo o falso afeto

Nem me importarei se algo é espiritualmente correto

Negarei a mim mesmo toda a humildade

Minha divindade maior será a ambígua ostentação

Saciarei a voraz fome de vangloria do meu coração

VI-

Essa será a minha profana religião praticante

Amor a mim mesmo a todo e qualquer instante

Sem caridade vivendo sem padrões de um santo mortificado

Pensarei na fama, aplausos e glorias mundanas desde o começo

Sou eu, o pós cristão: São Francisco do Avesso

38
(O Silencio da Minha Vida)

Abriu-se um portal perante meus sentimentos

Momento sem azafamas, o silencio da aurora

Entre nuvens e o arado que rasga meus sonhos

O mar e a brisa que sopra, sem trovões ignóbeis

Copiosos são todas as ausências de minha alma,

O mavioso tempo sem celeumas

A ausência do malsoante, apenas o sentir profundo

Nessas estações que das rosas um remanso

No auge completo da alma a sacra aspiração

Na delicada percepção da suma existência

Como o sabor de um beijo sincero

Entre duas almas enamoradas e cheias de amor

Eu mesmo sonhando em relvas verdejantes

Encontro a mim mesmo dentro do infinito silencio

A vida que move minhas plenitudes

A divina essência de um firmamento aberto

Um coração que regozija em santa tranqüilidade

Como a união mística do mel com as flores

Ou a fusão dramática do celeste ao marítimo

Pontas de montanhas que perfumam estrelas

39
No sossego de minhas ausências, tantos sorrisos

Nesses confins de meus pensamentos

O encontro sempiterno da minha felicidade

O Eterno silencio da minha vida

40
Chuva e temporais

I-

Lauréis verdes da mata aqui emanam

Nas chuvas que irrigam em temporais

Os pássaros cantam em sacra alegria

O jubilo sinfônico e a alma da paz

II-

No cair das águas que se derramam

Nas nevoas que dançam aos vendavais

O cheiro, perfume de terra e palha molhada

A brisa azafama entre sombras e matagais

III-

Cantarolam as gotas cigarras liquidas

Nas folhas aéreas e crateras de lamaçais

Dissolve as nuvens entre aromas de cascas

Tal fragrância provoca um êxtase ainda mais

IV-

Que bendita natureza e portais tão sacros

Sacode o sensível a síntese do amor pertinaz

Pois cada imagem denota as coisas maviosas

Alma afoita encontra nessas riquezas; a doce paz

41
Noite de Lua

A lua intacta flutua na noite do firmamento

Alimentada por néctar de estrelas cintilantes

Eu vejo tantos faróis no cais da escuridão noturna

Que afagam a alma em cócegas de esparsas inspirações.

II.

Tais velas no portal dos sonhos são consumidas

Num fogo que aquece as brasas do meu coração

No silencio que as luzes cantarolam aos brilhos

No frescor de verão que flui a destra de sorrisos

III.

Nessa vastidão onde o cosmo semeia folguedos

Nesse véu de sombras que lapidam brasas celestes

De lençóis do orvalho que destila a geada na relva

Eu teço a tapeçaria atômica dessa imensidão alumiada

IV.

Assim, a lua que na noite de luz se enfeita

No extenso jardim de rosas do mar celestial

Abre-se diante dos olhos a beleza tão perfeita

Tal glória intima e tão bela e mais colossal

42
V.

Acende as lâmpadas da minha peregrinação

Para atravessar esses pomares acesos que pernoitam

Bendita é aquela luz que meu caminho mais brilha

Pois que em firmes passos, meus pés alumiam

43
As Quatro Estações da Vida

Quando eu peregrino percorri os anos


Aprendi em percalços e tantas dificuldades
Em todas incompreensões e traições
Que o caminho que percorremos não é fácil
Entre as sombras das arvores
Abaixo de um imponente céu azul
Sentindo o frescor da brisa da manhã
Pássaros cantarolando a suma gratidão
Conclui depois de uma singela reflexão
La no profundo dentro de meu coração
Que a vida deve ter etapas em tantas situações
Por fim devemos viver em quatro estações:

Primavera: Sejamos como ela, pois assim como as flores fazem a


natureza ainda mais bela, devemos ser de tal modo como essa
estação, não importa quantas tempestades chegaram, mas nenhuma
delas jamais impediu uma rosa de desabrochar. Assim mesmo diante
de todas as dificuldades, façamos que a vida se torne mais bela e
mais colorida aos outros.

Outono: Sejamos como ele, pois ainda que os ventos soprem sobre as
flores, todavia, muitas delas resistem ao ponto de darem os mais
doces frutos aos homens, assim cada um de nós, vivendo em meio a
tantas turbulências na vida, possamos dar a todos a nossa volta, a
doçura da bondade e o aroma do amor.

Verão: Não importa o quão escura seja à noite, ainda que as nuvens
escondam todas as estrelas, ainda que todas as luzes artificiais se
apaguem, mas a aurora chega com esplendor, e traz consigo muita
luz e calor. Assim sejamos nós, pois mesmo que tanta escuridão
reine na humanidade, ainda que tantas sombras insistam em nos
rodear, sejamos pacientes e deixemos um legado de luz e calor a
todos a nossa volta.

44
Inverno: é aquela estação do frio e das chuvas do orvalho que se faz
geada, e assim também devemos nós, irrigar a esperança de muitos
desesperados, levar algum orvalho que sirva de refrigério aos
desalentados, que possamos levar água fria aos sedentos e como a
neve que tece a tapeçaria das colinas embranquecidas, sejamos
ousados em dar cobertura aos que se encontram desnudos e que a
brancura da humildade sejam os vestidos de nosso coração.

45
(A Vida que Emerge dos Sonhos Quebrados)

Há golpes duros que a vida dá


Quebram o frágil mundo de nossos sonhos
E desde então afundamos sem ancoras
Não há amparo só desesperos,
Afundamos com o peso dos pesares
Até o firme chão frio do fundo desse mar
Ali achamos os pedaços de nossos sonhos
Angustiados, recolhemos nossos cacos
Eles ferem nossas mãos tremulas
Retalham nossas vidas efêmeras
As dores se multiplicam nos redemoinhos
Então depois de longas batalhas, nos cansamos
Resolvemos emergir das profundezas
Nossos olhos começam a enxergar o céu azul
A luz radiante do dia revela nossas cicatrizes
Lá no fundo, as dores das aflições formaram
Dentro do nosso coração, uma jóia preciosa
Revestida de pura coragem
Animo
Esperança
Amor
Desses revestimentos cintilantes
Descobrimos que a vida tem mais valor
Ela pode sair das profundezas da amargura
Transformada em uma linda perola
Jóia que apenas revelou o quilate
De nossa perseverança e ousadia em prosseguir
Contra toda a tempestade.

46
(Simulação)

Quando ouvi a arrogante voz tão vazia


Quão vastos hipócritas sóis em vãos
Que sustentam mascaras de cera polida
Quão vil a vossa face disfarçada
A arte de faz de contas
O murmúrio das segundas intenções
Não se engane com rostos angelicais
Porque o coração pode naufragar nas trevas.
Peço desculpa aos nevoeiros assombrados
Porque não temo a noite da chuva fria
Porque mais assustador que lugares “assombrados”
É o coração que sustenta a vil hipocrisia

47
(Ressurreição)
I-
Fui ver meus começos no fim
No inicio que do principio tanto chorava
Era as boas vindas das dores a mim
Quando pela porta do mundo entrava
II-
Que aos berros e de mão estendida
Aos olhos da mamãe que então sorria
Um novo sofrido bem vindo à vida
Quando a chama da infância me ardia
III-
Nas veredas em flores e tantos sonhos
Quando a musica doce da vida tocava
Não percebi esses vales mais medonhos
Que dos becos do mundo a vaidade penava
IV-
Eu tão bobo gritei em noites sonhando
Pois o futuro grande parecia brilhar
E a sorte toda foi fugindo em bandos
Deixando-me só á “navios” enxergar
IV
Não dava conta desse sacro pressagio
Das lutas e tantas outras decepções mais
Como a palha que flutuava em um naufrágio
Alma vazia levada por tantos vendavais
V-
Mas do outono procedeu a nau do madeiro
Como cargueiro que soterrado na impiedade
Abriu caminho na tundra de olhar ligeiro
Um fio de luz e o prisma de uma pura castidade

48
VI-
Eis desse desanimo as sobras de alegrias
Das favelas de minha alma em carcaças
Um germinar de flores de sementes frias
Irrigados por uma celestial santa graça
VII-
Floresceu dentro de mim, neste fraturado
Como o sol que derruba a noite mais angustiosa
Um campo de flores lindas sobre os secos prados
Irrigando-me com libação sapiente e copiosa

49
(Quando As Estrelas Não Mais Brilharem Em Meu Caminho)

1-
Tu queres ser estrela na minha vida
Mas as nuvens pagam o teu brilho
Teus sentimentos tornam-se rascunhos
Traços escuros na minha estrada
2-
Tu queres ser marco no meu caminho
Mas traças limites com teus espinhos
Não pode ser um grande amigo
Aquele que põe meus sonhos em perigo
3-
Queres dar a mão pra me ajudar
Sei muito bem de tua intenção
Se não desces para me levantar
Queres é me subjugar ao chão
4-
Queres semear uma boa concórdia
Apertar os laços dos intentos que atam
Cuidado que as sementes mais falhas
E as cordas que apertam nos matam
5-
Se és amigo de coração tão bendito
E às estrelas se apagarem no meu caminho
Acenderás para mim uma grande luz
Jamais me deixarás seguir no escuro, sozinho

50
(Bruma Dies)

Das copas o enlevo da arte natural


Anêmonas e flores do prado silvestre
Sob a égide do contraste azul celeste
“Stratus” em névoas que colidem aos montes
O visco silencioso e as pétalas da madressilva
O chuvisco das nuvens beija o caminho
O cheiro da mata molhada
O canto dos pássaros e o ar imaculado
Da saga de brisas até a terra o lago inócuo da serenidade
De tal maneira viaja minha alma
Em dócil silencio ao porto do mar
Dessa tranqüilidade.

51
As Chagas da Vaidade

Debalde chorei eu entre as sombras das arvores

Pois ferida está a minha alma entre as palhas

Fugidia minhas carências nessa tão vasta secura

Me encontro solitário entre dos mundos opostos

Da matéria que o sopro da palavra causou

Nos átrios do princípio da desordem á ordem

Como as sementes que germinam na primavera

A força que faz desabrochar o arco-íris das flores

Chorei entre esses póstumos castiçais

As vozes das brisas no regato dos prantos

Fugindo minha alma se perdeu nos átrios

Descansa nas pedras soltas de altares antigos

Debalde, chorei esse pranto tão amaro

No pó o beijo da mente no solo da sacralidade

Pois do monturo me erguendo, fui logo deixando

As laminas do destino que rasgam minhas vaidades.

52
(Os Postulados da Ansiedade)

Ai de mim! Que nos rastros dos seixos de um rio morto, sussurro em


clamores nas calamidades dessa tórrida via de infiéis agruras

Como a bétula no cerne de todas as invernadas, que abraça a nevasca e


geme com a língua dos pássaros, na fonte de todas as ânsias das
profundezas do absinto.

Quero sair das sombras dessa inquietação nostálgica, fugir do sombrio


monturo desses cárceres em que minha pobre alma sucumbe em vão

Nos grilhões das gotas finadas de chuvas antigas, pequenos mares que se
perderam na pré historia de meus sonhos, e agora jaz no campo santo dos
grãos de areia

Quero a emancipação de todas as saudades, sou chaga ambulante, espírito


ferido na agonia de todos os rogos, num tormento de tantas brasas acesas
pelas chamas dos meus erros.

Da liberdade que mais pleiteio, numa entrega como a semente que se


entrega ao vento, eu caio nas terras férteis da graça, e por bendita
misericórdia, em mim mesmo desabrochou uma eterna esperança.

53
Soneto em Profundidade

Quando amanhece em luz brilhante

Nas praias e nas florestas ouço um pulsar

De ondas que se quebram espumantes

Do sabiá que sinfônico mescla um cantar

Onde a vida se faz mais glória e beleza

Numa relva que fornece lindas flores

Ah! Tão esplendida e doce é a bela natureza

De cores simples em sol de esplendores

Das proezas dessas rosas tão rosada

O pessegueiro florido e geadas douradas

As sombras das montanhas que se escondem

Tão pura é a tal nevoa da madrugada

Que revela as curvas íngremes de uma estrada

Onde pias almas peregrinas percorrem

54
(As Canções do Coração Ferido)
I
Porque choras tantos ao som das chuvas?
Porque lamentas com as tempestades?
Pois as chagas das palavras te rasgaram
Permite que a semente do perdão germine
II
Porque Gritas com tantos gemidos internos?
Permite a alforria de tuas dores profundas
Eleva-te aos céus desse firmamento infinito
Entrega ao berço das estrelas todos teus gritos
III
Porque jorram as lagrimas das amarguras?
Nos recantos mais íntimos dessas horas tão escuras?
Abre-te aos ventos das vozes balsâmicas
Onde o consolo mais doce flui de dentro do sorriso
IV
Porque choras tanto oh alma aflita e ferida?
Abriram-te chagas as tempestades da vida?
Descansa em paz em um abraço de belas flores
No ungüento de consolo sobre todas tuas dores
V
Na paciência de viver a espera do amanhecer
No tempo que o outono da fé te tinha ofertado
Porque não há nesse mundo uma ferida tão sagaz
Que Deus não tenha do mais ferido, curado...

55
1
Poemas Selecionados

Autor: Clavio J. Jacinto

Contatos: claviojj@gmail.com

(48) 9139-6010

Cx Postal 1

CEP 88490-000

Paulo Lopes SC

2
A PERCEPÇÃO PROFUNDA

Podes tu ver sem perceber?

As sementes escondem dentro de si

A alma da primavera

O coração do outono

E a essência de todos seus aromas e perfumes

Ainda a delicadeza de todos os sabores

Mas tu podes enxergar uma semente e nada mais

3
A Percepção do Belo

Não admirar as estrelas

Não admirar as flores

Não admirar o por do sol

Não admirar o amor

Não admirar as borboletas

Não admirar as nuvens

Não admirar as montanhas

Não admirar vosso coração

Não admirar todas essas coisas

É profanar os olhos e a vida

4
O Milagre da beleza

Coragem tem a semente

Com ousadia, olha para o monturo

Sem medo do asco e da sujeira

Penetra na terra impura

No profundo das coisas insuportáveis

Germina com força

Mergulha as raízes no inóspito

Suporta o mal cheiro e o odor

Mas cresce em volta e abraça o monturo

Por fim floresce e desabrocha

Rosas púrpuras perfume e beleza admirável

O que é isso, senão evidencias

Um milagre aos vossos olhos

5
Lagrimas e Sorrisos

O sorriso por fora


É sinal evidente
De que a alegria desabrochou
Por dentro

Mas o derramar
Das Lágrimas
É sinal de que a
Sensibilidade
Nunca morreu

6
Profundidade

Aquilo que não penetra na alma

Que não sensibiliza ou não inspira

Aquilo que não comove o homem

Que não o mobiliza ao caminho da iluminação

Aquilo que não faz crescer a sua hombridade

Que não aperfeiçoa o seu caráter

Não lapida o seu espírito corajoso

Aquilo que não eleva sua dignidade

Não desenvolve a percepção

Aquilo que não dá lógica a sua esperança

Não molda as responsabilidades elevadas

Aquilo que não serve para a nossa sobrevivência humana

Em meio a uma humanidade desviada dos propósitos originais

Não vale a pena ser vivido de forma plena

7
A CHUVA

A chuva cai

Gotas de mundo inteiro

Caindo e adormecendo em um chão

De mundos despedaçados

8
O OUTRO LADO DA VIDA

Há um lado bom da vida


Cheio de dádivas e sabores
Cheio de luzes e flores
Essa é uma dimensão escondida
Só os sábios e os poetas
Podem contemplar

9
A CONQUISTA

Não existe um caminho fácil de percorrer


O que existe é a coragem de prosseguir
Não existem sonhos fáceis de conquistar
O que existe é a ousadia de lutar por eles
Não existe uma felicidade sem sofrimento
Porque até a primavera precisa enterrar suas sementes
O que se faz na vida, é construir pontes
Abrir caminhos, desbravar a própria inspiração
Propor ao nosso coração
Que seguir com fé e ousadia
Faz-nos chegar aos lugares mais elevados
Ainda que seja ao custo de perder tantas
Que nunca foram nossas
Não existe um céu na terra, ele foi removido por nós
Agora a nossa luta é trazê-lo de forma plena
Primeiramente ao nosso
Coração

10
O VENTO

É pesado o fardo desse vento


Com murmúrios de moinhos de outono
Dissolvidos no candeeiro das rosas
Eu preso nessa imaginação
Sonhando com cordas de chuvas
Espelhos de corações adormecidos
Como estrelas mergulhadas na noite

As laranjeiras dançam e doam perfumes


O vento sopra na concha do mar
Faz barulho de furacões amortecidos
Com as cordas de meu amor, amarro sorrisos
Não quero ir embora desses sentimentos
O cristal de todas as pedras
Iluminam as lapides de todo o meu passado

O hálito da brisa bate nos sinos


As folhas das oliveiras tremem
O sol como amêndoas, é pão de luz para a alma
Quero colher espigas nos espelhos do campo
Revolver o sulco das paredes do espírito
Romper com a rotina dessas lâmpadas apagadas
Reviver todos atos sagrados da caridade, e voltar a vida

11
COSNTELAÇÕES CELESTES

Trigo maduro e fardos atados

Todas as asas de cancioneiros alados

As flutuações das libélulas celestiais

As bolhas de sabões astrais

Pulsar cintilante de estrelas polares

Sírio, Régulo e Antares

Figos maduros, a flor do pessegueiro

Tâmaras , cerejas e a folha do limoeiro

Os cristais atômicos disfarçados na neve

O tempo, o presente o passado breve

Tudo dentro desse Céu escondido

Nos palácios de Reis imaginários e foragidos

Na perola que brilha e no suco das amoras

Já é dia, as estrelas foram embora

Resta apenas o cheiro dessa erva sem fim

No campo dos sonhos, nesse plácido jardim

12
A Solidão do Autômato

A chuva cai silenciosa no jardim


As estrelas brilham sem chorar
As flores desabrocham em liberdade
As lâmpadas da praça estão acesas
Um homem caminha só na noite
Entre as águas que movem o tempo
Um suspiro de alma solitária
Um banco e muitas arvores
Um fardo de tantos pensamentos
Um ser imaginário
Atormentado por todas as ausências
Como se o mar do esquecimento
Fosse uma eterna herança
Logo a noite findará
As estrelas escondidas irão embora
Será um amanhecer chuvoso
As montanhas foram irrigadas
A neblina tímida esconde a face delas
E o homem autômato
Toma seu chapéu molhado
Seu manto de lamentações
Prossegue a jornada da vida
Indo de encontro aos mais surpreendentes
Anseios de sua pobre alma faminta
Achar um sentido pra sua vida
Abandonar o sacrifício de toda a sua solidão

13
Areias do tempo

Meu coração pobre ampulheta

Entre terras tão secas

Pomares de limões azedos

Jardins de sabias violetas

As águas do Rio Jordão

O mar das Antilhas e o leito da lua

As ruas de Omã

As canções em catalão

A beatitude do amarelo açafrão

A via nobre da magnitude

As areias vítreas da solitude

O canto do pássaro ferido

A hélice do tempo perdido

Eu apenas meu pensamento

Sou poeta impreciso, inconsistente

Desconhecido, fugitivo e ausente

Escrevo a mim mesmo, lamentos...

14
As alturas do afeto

Dançam os pardais na chuva da tarde

Relembra meus tempos

Que saudade!

Quando voava em teu coração de ternura

Via em cada flor a matriz de todas doçuras

Hoje, quando vejo a chuva cair

Tenho vontade e desejo sair

Desfazer-me desses lúcidos laços

E correr pra sempre e ficar em teus braços

15
Caminhos e ventos

Se me encontro em estradas

Onde desabrocham finitas fagulhas

Onde minha face resplandece feliz

Por simplesmente ser

Como as libélulas que voam na vida

Pássaros de palha inertes nas pedras

Luzes da cidade de névoas

Recanto de vozes esculpidas no silencio

Tal como as naves de gelo

Enaltecidas pela lua cheia

Rasgando o semblante da noite caída

Pousando no céu estrelado dos pensamentos

Assim vou, ser breve e contínuo

Como sombra de arvores dos bosques lapidados

Por vergões de ventos cortantes

Que dançam como as luzes embriagadas na dor

Me encontro na jornada do âmago

Desfazendo todas as lâmpadas vazias

E eu mesmo, como uma folha no relento

Entrego-me ao sopro, que me leva ao todo sempre...

16
CERTEZAS

São azuis esses pedaços de ternura

Favos de alfazema e óleo embalsamado

Como perfumes voláteis de uma flor primitiva

As sementes do coentro e o maná no deserto

Com gotas de orvalho e âmbar, estou certo

São dourados esses pedaços de tardes ensolaradas

Calorosas como a estrela da alva na madrugada

O frasco de tantos sentimentos que escoam

Vasos ornamentais, que alados sobrevoam

O orla do meu deserto, estou certo

São verdes esses pedaços de jardins

Que pelas trincheiras da vida, florescem sem fim

Laranjeiras floridas e aromas que se expandem

Nas caladas da vida, aparecem e se escondem

Porém, vejo a alegria sempre por perto, estou certo

17
Homem e humanidade

A sacralidade do momento está no amor

Uma ação de perfumes e sentimentos

Como um universo que dança a paz

Um vento que cruza o limiar dos sonhos

A santidade do amor está em fazer

Palavras e atos de pura esperança

Para conduzir as almas partidas

Por caminhos inocentes e mais livres

Então, o horizonte libertará a felicidade

Os homens a colherão no campo de seus atos

Nesse dia, brotará de dentro, uma nova canção

Os homens tocarão com a alma, a vida

Porque a felicidade tem um preço

O sentido da vida tem uma só direção

Jamais devemos esgotar o vigor dessa busca

É quando nos encontramos em nosso semelhante

Que deixaremos de ser apenas homem

Para ser humanidade

18
Livre!

Os laços da vida prendem o homem ao amor

De outra forma ele nunca será livre

Quando o homem perde a direção de seus intentos

Quando não tem objetivo em seu amor

Quando não é puro em suas intenções

Quando não é simples em seus ideais

Infeliz será , preso por falsas idéias de alegria

Morre no calabouço de seu próprio egoísmo

19
O Caminho da Vida

Tu és meu manto, meu Deus

Minha luz e minha direção

Sem ti, nada mais sou

Do que vento sem nevoas

Quem despertará meu coração?

Se entre todos sou o mais cego

Que me encontro enxergando

Somente a mim mesmo

Já não mais careço de minhas ilusões

Porquanto se a ti tenho

Abandono todas minhas vaidades

Pra ter somente a ti

A mais pura realidade.

Na vida não quero me perder

Porém quero sempre ser

Achado por ti.

20
O CHAMADO

Se ouvires a voz da esperança

Não cruze seus braços

Porque em ti, haverá um chamado

Para ser diferente daqueles

Que tu mesmo dizes não ser

Exemplo de humanidade...

21
Os versos

Uni os versos e voei nas letras

Versos unidos e letras emergentes

O universo das letras dos livros

As paginas dos versos ausentes

As letras amarradas nas palavras aladas

O sentido moldado nos cordéis

Velozes frases, como loucos corcéis

Tintas adormecidas no leito dos papéis

Vou eu escrevendo, tentando pensar

Unindo os versos no universo da imaginar

Versos tontos de letras solta na combustão

De versos no reverso da palma das mãos.

22
O sol se esconde por essas nuvens escuras

As chuvas descem por um manto azul

Como as campinas verdejantes adormecidas

Despertam os leitos que seguem ao mar

Na porta desses últimos silêncios descartáveis

O eco do trovão quebra as fechaduras das águas

O véu feito de nevoas encobre as arvores do campo

O pássaro das estrelas voa mais feliz

O canto da nostalgia se quebra em estilhaços

Restos de um mundo de triângulos e retângulos

As preces de uma rosa perfurada por agulhas

Os lírios mais brancos, sonâmbulos nesses portais

Tais como a grama pisada por entes naturais

Gente que reconstrói a felicidade dos escombros da decepção

Como estrelas que depois de se apagarem, Retornam ao berço da luz

Para iluminar todos os caminhos do coração

Sou mais criança depois de adulto

Sonhando com os odres onde são guardados lindas palavras

Como se o cosmos fosse um simples baú

Onde foram escondidos todos os contos de amor

Vou com as mãos cheias desse odor de lembranças

23
Sorrindo na calçada da cidade dos montes e nas colinas do adeus

Porque pela vida venho partindo todas as horas

Para que de momento em momento, possa viver todos os esplendores

24
Dimensões

Em mares sem águas sou naufrago


Como as borboletas adormecida nas flores
Perdidas nos aromas de rosas que padeceram
Enquanto sou apenas eu mesmo
A folha do eucalipto caiu na minha face
Tentando encher todos os cantos de um luar
Um exercito de gravetos secos
A costela de Adão e os rios do paraíso
Como se todas estranhas fossem a minha pagina
Enquanto a pergunta se dissipa em lapides memoriais
Eu ergo meu ser por essas avenidas esquisitas
Esfregando meus olhos pra ver melhor

O rosto dessas ilhas de nuvens


O ar das florestas e das turbas distantes
Apenas eu mesmo, coração em vaso
A mim mesmo em sombra alada
Viajando por dimensões desconhecidas
Escondidas no recôndito de meu fraco coração

25
Caminhos dos Imortais

A bussola da alma são os nossos sonhos


O caminho é a esperança
A luz é a nossa fé
Nossa existência toda é Cristo
Nossa meta não é ser somente
é ter a essência de tudo o que é
Não há um caminho para a eternidade
A eternidade é o próprio caminho
Daqueles que querem seguir para a imortalidade

26
Os Sonhos

A primavera chega
Quando as flores desabrocham
Ela é o berço da esperança
E ali mesmo adormecida
A natureza revela que está sonhando
As cores da primavera
São as cores do sonhos a criação
Elas existem
Para que compartilhar conosco
As realidades metafísicas de todos os impérios
Escondidos atrás do tempo

27
O CONTRASTE

O contraste constrói a esperança


De que devemos ser verdadeiros
Mas só a coragem de ser o que somos
Constrói os contrastes da nossa diferença

28
Destino dos cegos

O que mais insensibiliza o coração


Senão voltar-se contra as evidencias da luz
Quando do escuro, os olhos perdem o vislumbre
Passando a admirar as trevas
Como o único destino

29
Trincheiras

Lá vem a chuva correndo

Regando as peras do campo

As polpas do amor já se esconderam

As flechas de minha alma se dissiparam

O vento faz as folhas das palmeira

Tremerem de medo

Os rios correm solto em sorrisos

Como as chamas de um fósforo aceso

Aquecendo a panela do doce de tamarindo

As farpas desse arame não são rosas

Rasgam os odres do meu pobre coração

Como se das trincheiras viesse uma guerra

E eu despido de minhas armas

Levanto as mãos cheias de flores tropicais

Gritando com meu suspiro de morangos

Paz! Paz! Paz!

30
Ídolos e dolos

Quebrem essas estatuas de Neustã

Derrubem esses altares de Mamom

Apaguem esse fogo de Moloque

Limpem o coração e lamentem

Como um vento que sopra nas araucárias

Pois bendito é o coração puro

A alma edificada na resiliencia

Que pode ver além do mundo doente

Prossegue vivendo, nos caminhos da purificação

31
MORREU A LAGRIMA VITIMIDA DE UMA LAGRIMA PERDIDA

Essa saudade tão rara, tudo invade

Tão distante, uma flor de jade

Um vaso trincado, um prego enferrujado

Uma semente distorcida

Levando no seio a flor esquisita, esquecida

Em que refaço esses puros respiros

Como a bala que saiu de um tiro

Saudade rebelde que na teimosia

Insiste, e persiste noite e dia

Como poderia eu sufocar

Esse sentimento preso no luar?

Dou-me completo a dor insistente

E por um momento me vejo todo ausente

Então chorando uma lagrima perdida

Vejo a saudade morrer lentamente

Ferida no centro de si mesma, mortalmente...

32
O Silencio das Praias Perdidas

Passei por uma praia ontem

As estrelas estavam acesas

A praia ainda está lá

Estrelas continuam brilhando

Mas minha alma nunca mais voltou...

...Achei minha alma, outrora perdida

Nas praias solitárias, se afogava

Brilha estrela domar

Sopra a brisa no ar

O respirar de meus anseios...

...Eu tive um sonho na alma

A estrela vespertina que clareia

Minha alma solitária na areia

A praia perdida

Meus perdidos estão achados

As sobras da areia da praia são todos

Meus pensamentos solitários.

33

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