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A Teoria da Variação Línguística

Por Dante Lucchesi e Silvana Araújo

http://www.vertentes.ufba.br/a-teoria-da-variacao-linguistica; acesso:13-07-2012

A Sociolinguística tem por objeto de estudo os padrões de comportamento linguistico observáveis


dentro de uma comunidade de fala e os formaliza analiticamente através de um sistema heterogêneo,
constituído por unidades e regras variáveis. Esse modelo visa a responder a questão central da mudança
linguística a partir de dois princípios teóricos fundamentais: (i) o sistema linguístico que serve a uma
comunidade heterogênea e plural deve ser também heterogêneo e plural para desempenhar plenamente
as suas funções; rompendo-se assim a tradicional identificação entre funcionalidade e homogeneidade;
(ii) os processos de mudança que se verificam em uma comunidade de fala se atualizam na variação
observada em cada momento nos padrões de comportamento linguístico observados nessa comunidade,
sendo que, se a mudança implica necessariamente variação, a variação não implica necessariamente
mudança em curso (cf. LABOV, 1972, 1974 e 1982 e 1994; e WEINREICH, LABOV e HERZOG, 1968).
Assim, os processos de mudanças contemporâneas que ocorrem na comunidade de fala são
primordiais na Sociolinguística. Comunidade de fala para esse modelo teórico-metodológico não é
entendida como um grupo de pessoas que falam exatamente igual, mas que compartilham traços
linguísticos que distinguem seu grupo de outros; comunicam relativamente mais entre si do que com os
outros e, principalmente compartilham normas e atitudes diante do uso da linguagem. (cf. LABOV, 1972;
GUY, 2000).
Dessa forma, para os sociolinguistas, nas comunidades de fala, frequentemente, existirão formas
linguísticas em variação, isto é, formas que estão em coocorrência (quando duas formas são usadas ao
mesmo tempo) e em concorrência (quando duas formas concorrem). Daí ser a Sociolinguística
Variacionista também denominada de Teoria da Variação.
Toda a análise sociolinguística passa então a ser orientada para as variações sistemáticas, inerentes ao
seu objeto de estudo, a comunidade de fala, concebidas como uma heterogeneidade estruturada. Não
existe, portanto, um caos linguístico, cujo processamento, análise e sistematização sejam impossíveis de
serem processados. Há, pelo contrário, um sistema (uma organização) por trás da heterogeneidade da
língua falada.
As formas em variação recebem o nome de "variantes linguísticas". Tarallo (1986, p. 08) afirma que:
"variantes linguísticas são diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto e com o
mesmo valor de verdade. A um conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística". Essas
variáveis subdividem-se em variáveis linguísticas dependentes e independentes. A variável dependente é
o fenômeno que se objetiva estudar; por exemplo, a aplicação da regra de concordância nominal, as
variantes seriam então as formas que estão em competição: a presença ou a ausência da regra de
concordância nominal. O uso de uma ou outra variante é influenciado por fatores linguísticos (estruturais)
ou sociais (extralinguísticos). Tais fatores constituem as variáveis explanatórias ou independentes.
Nesse sentido, a Teoria da Variação considera a língua em seu contexto sócio-cultural, uma vez que
parte da explicação para a heterogeneidade que emerge nos usos linguísticos concretos pode ser
encontrada em fatores externos ao sistema linguístico e não só nos fatores internos à língua. Portanto,
como observou Mollica (2003, p. 10), "ela parte do pressuposto de que toda variação é motivada, isto é,
controlada por fatores de maneira tal que a heterogeneidade se delineia sistemática e previsível".
Desse modo, um estudo sociolinguístico visa à descrição estatisticamente fundamentada de um
fenômeno variável, tendo como objetivo analisar, apreender e sistematizar variantes linguísticas usadas
por uma mesma comunidade de fala. Para tanto, calcula-se a influência que cada fator, interno ou
externo ao sistema linguístico, possui na realização de uma ou de outra variante. Ao formalizar esse
cenário, a análise sociolinguística busca estabelecer a relação entre o processo de variação que se
observa na língua em um determinado momento (isto é, sincronicamente) com os processos de mudança
que estão acontecendo na estrutura da língua ao longo do tempo (isto é, diacronicamente).
Variação estável ou mudança em curso?

Através da análise das variáveis sociais, busca-se definir o quadro de variação observado na
comunidade de fala nos termos da dicotomia entre variação estável e mudança em progresso. No
primeiro caso, conclui-se que o quadro de variação tende a se manter ainda por um longo período, já que
não se verifica uma tendência de predominância de uma variante linguística sobre a(s) outra(s). Já o
diagnóstico de mudança em progresso implica que o processo de variação caminha para a sua resolução
em favor de uma das variantes identificadas, que deve se generalizar, tornando-se o seu uso
praticamente categórico dentro da comunidade de fala. Nesse quadro, a(s) outra(s) variante(s)
tenderia(m) a cair em desuso.
Assim, correlacionando a estrutura linguística variável com fatores da estrutura social, poder-se-ia
observar como uma determinada variante estaria se difundindo entre os diversos segmentos sociais, no
que se definiu como uma das faces doproblema da transição – ing. transition problem. Por outro lado,
através de testes de julgamento subjetivo, poder-se-ia aferir a reação dos falantes diante dos valores da
variável observada, de modo a se definir a tendência de mudança que essa avaliação social favoreceria,
no que foi denominado problema da avaliação – ing. evaluation problem. Tais informações, juntamente
com as informações relativas ao encaixamento da variável na estrutura linguística da comunidade de fala,
teriam um papel capital para o esclarecimento acerca de como a postulada mudança chegaria a sua
consecução, no que foi denominado de problema da implementação – actuation problem (cf. WEINREICH,
LABOV e HERZOG, 1968; e LABOV, 1972 e 1982). Nesse sentido, a grande questão é avaliar se um
determinado cenário de variação tende a se resolver em função de uma determinada variante,
efetivando-se a mudança linguística, ou se as variantes identificadas tendem a se manter no uso
linguístico da comunidade, dentro de uma estratificação específica, o que caracterizaria a variação
estável.
O estudo da mudança linguística em tempo aparente
A possibilidade de se fazer inferências acerca do desenvolvimento diacrônico da língua a partir de
análises sincrônicas ganhou corpo na pesquisa linguística com os estudos desenvolvidos por William
Labov na década de 1960, primeiramente na ilha de Martha’s Vineyard, em 1963, e depois na cidade de
Nova York, em 1966. Como afirmaria o próprio Labov (1972), concebendo a variação linguística como um
fenômeno sistemático, e não aleatório, através da correlação entre fatores linguísticos e fatores sociais,
poder-se-ia superar a barreira erguida pelos estruturalistas americanos de que a mudança linguística não
poderia ser observada em seu processo de implementação, mas apenas em seus resultados finais.
Fundamentalmente, postula-se que a variação observada sincronicamente em um determinado ponto da
estrutura da gramática de uma comunidade de fala pode refletir um processo de mudança em curso na
língua, no plano diacrônico. Desse modo, busca-se apreender o tempo real, onde se dá desenvolvimento
diacrônico da língua, no chamado tempo aparente. O tempo aparente constitui, assim, uma espécie de
projeção.
O pressuposto central do tempo aparente é o de que as diferenças no comportamento linguístico de
gerações diferentes de falantes num determinado momento refletiriam diferentes estágios do
desenvolvimento histórico da língua:
A validade do [tempo aparente] depende crucialmente da hipótese de que a fala das pessoas de 40 anos
hoje reflete diretamente a fala das pessoas de 20 anos há 20 anos atrás e pode, portanto, ser comparada
com a fala das pessoas de 20 anos de hoje, para uma pesquisa da difusão da mudança linguística. As
discrepâncias entre a fala das pessoas de 40 e 20 anos são atribuídas ao progresso da inovação linguística
nos vinte anos que separam os dois grupos. (CHAMBERS e TRUDGILL, 1980, p. 165)
Mas, como reconhecem os próprios Chambers e Trudgill (idem, ibidem), "a relação entre tempo
aparente e tempo real pode ser de fato mais complexa do que a simples equiparação dos dois sugere".
Realmente, a projeção (ou equivalência) do que se observa no tempo aparente para o que teria se
passado no tempo real apoia-se no pressuposto de uma estabilidade do sistema, o que significa dizer que
o padrão linguístico fixado por um indivíduo na adolescência ou pré-adolescência se conserva mais ou
menos intacto pelo resto de sua vida; só assim podemos imaginar que o padrão depreendido do
comportamento linguístico dos falantes de 60 anos de hoje corresponderia a padrão fixado na
comunidade há 40 anos (LABOV, 1981, 180-1; e NARO, 2003, p. 43-50). Porém, não se pode ter absoluta
segurança a respeito disso, e, pelo menos até o início da década de 1990, esse pressuposto básico do
conceito de tempo aparente ainda não havia sido plenamente testado (LUCCHESI, 2001).
Por outro lado, nada pode assegurar que uma tendência de mudança identificada pelo linguista num
determinado momento não será revertida num futuro próximo em decorrência de novos fatos que não
estavam presentes no momento em que o linguista fez o seu diagnóstico. Em função desse caráter
contingencial dos processos históricos, "qualquer afirmação sobre a mudança [em progresso] é
evidentemente uma inferência" (LABOV, 1981, p. 177). Esse prognóstico entre mudança em curso e
variação estável baseia-se na combinação dos resultados obtidos através da correlação da variável
linguística estudada com as variáveis sociais.

As variáveis sociais na caracterização dos processos de variação e mudança

As pesquisas sociolinguísticas tem buscado traçar um perfil da mudança em progresso e um perfil da


variação estável através da combinação dos resultados das variáveis idade, sexo, classe social e nível de
escolaridade, a partir da noção deprestígio. No que concerne à faixa etária, a variação estável se
caracterizaria por um padrão curvilinear, no qual as faixas intermediárias apresentariam a maior
frequência de uso das formas de prestígio; já na mudança em progresso, a distribuição seria inclinada,
com os mais jovens apresentando a maior frequência de uso das formas inovadoras (cf. CHAMBERS e
TRUDGILL, 1980, p. 91-3). Mas a tendência aferida pelos resultados da faixa etária deve ser confirmada
pelos resultados das outras variáveis sociais.
Assim, um cenário em que os falantes das classes mais altas e de maior nível de escolaridade exibem
proporcionalmente uma maior frequência de uso das formas de prestígio do que o falantes da classe
média (e estes, por sua vez, uma maior frequência do que os da classe baixa) apontaria para uma situação
de variação estável; enquanto que os processos de mudança tendem a ser liderados pelos indivíduos mais
integrados da classe média baixa e/ou das seções mais elevadas da classe operária (cf. LABOV, 1982, p.
77-8).
No que concerne à variável sexo, nas situações de variação estável, as mulheres tendem a ser mais
sensíveis ao uso das formas de prestígio, o que pode ser aferido numa escala de níveis de formalidade da
fala. Por outro lado, nas mudanças em que se abandona o uso de uma forma padrão, o processo tende a
ser liderado pelos homens, enquanto que as mulheres lideram as mudanças em direção às formas de
prestígio (cf. CHAMBERS e TRUDGILL, 1980, p. 97-8). Já Labov (1982, p. 78) afirma genericamente que "na
maioria das mudanças linguísticas, as mulheres estão à frente dos homens na proporção de uma
geração". Porém, como bem notou Scherre (1988, p. 429), "a respeito da variável sexo, pode-se ver na
literatura linguística que o seu papel, especialmente do sexo feminino, na questão da mudança não é
muito claro". E, como reconhece o próprio Labov (1981, p. 184):
Mas é importante ter em mente que essa propensão das mulheres para as formas de maior prestígio (no
sentido do padrão normativo) é limitada àquelas sociedades em que as mulheres desempenham um
papel na vida pública. Um tendência contrária foi encontrada em Teerã por Modaressi (1977) e Jain, na
Índia (1975).
Nesse sentido, é bom destacar que a maioria das conclusões apresentadas acima se referem a
processos de variação/mudança ocorridos nos grandes centros urbanos de países com alta grau de
industrialização, como o Canadá, os Estados Unidos e a Inglaterra. É preciso que se faça uma análise
crítica desses parâmetros, evitando a sua aplicação mecânica a realidades sócio-culturais totalmente
distintas, como a de comunidades rurais, em um país com um desenvolvimento industrial tardio e
dependente como o Brasil.
No caso da variável sexo, por exemplo, os resultados das análises sociolinguísticas realizadas sobre
comunidades rurais e da periferia das grandes cidades exibem resultados totalmente distintos daqueles
observados nas sociedades urbanas industrializadas. No caso das comunidades rurais brasileiras, os
homens tendem a liderar os processos de mudança em direção às formas de prestígio. Isso porque são
eles que têm mais contato com o mundo exterior dos grandes centros urbanos por estarem mais
integrados no mercado de trabalho. Já as mulheres, na maioria das vezes circunscritas ao universo
doméstico e de trabalho na roça, tendem a conservar mais as formas da fala rural, bem distantes do
padrão urbano culto.
É sempre bom repetir que a caracterização de um processo de variação estável ou de mudança em
curso independe dos resultados isolados de cada variável social, ela deve apoiar-se fundamentalmente na
coerência argumentativa da representação que o linguista constrói do processo como um todo, a partir
das evidências empíricas fornecidas pelos resultados de cada variável (cf. LUCCHESI, 2004, p. 189-193). É
esse o entendimento que orienta as análises sociolinguísticas desenvolvidas no âmbito do Projeto
Vertentes.

REFERÊNCIAS

CHAMBERS, J. K.; TRUDGILL, Peter (1980). Dialectology. Cambridge: Cambridge University Press.
GUY, Gregory (2000). A identidade linguística da comunidade de fala: paralelismo interdialetal nos
padrões linguísticos,Organon, 14(28-9): 17-32.
LABOV, William (1972). Sociolinguistic Patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press. [Padrões
Sociolinguísticos. Trad.: Marcos Bagno; Marta Scherre e Caroline Cardoso. São Paulo: Parábola,
2008.]
LABOV, William (1974). Estágios na aquisição do inglês standard. In.: FONSECA, M. e NEVES, M.
(orgs.). Sociolinguística. Rio de Janeiro: Eldorado.
LABOV, William (1981). What can be learned about change in progress from synchrony descriptions. In:
SANKOFF, David; CEDERGREN, Henrietta (Ed.). Variation Omnibus. Carbondale; Edmonton:
Linguistic Research, p.177-199.
LABOV, William (1982). Building on Empirical Foundations. In: Lehmann, W. & Malkiel, Y.
(eds.) Perspectives on Historical Linguistics. Amsterdam: John Benjamins: 17-92.
LABOV, William (1994). Principles of Linguistic Change. Oxford/Cambridge: Blackwell.
LUCCHESI, Dante (2001). O tempo aparente e as variáveis sociais. Boletim da ABRALIN, v.26, p.135-137,
Número especial.
LUCCHESI, Dante (2004). Sistema, Mudança e Linguagem. São Paulo: Parábola.
MOLLICA, Cecília (2003). Fundamentação teórica: conceituação e delimitação. In.: MOLLICA, Cecília;
BRAGA, Maria Luiza (orgs.). Introdução à Sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo:
Contexto, p. 9-14.
NARO, Anthony (2003). O dinamismo das línguas. In.: MOLLICA, Cecília; BRAGA, Maria Luiza
(orgs.). Introdução à Sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, p. 43-51.
SCHERRE, Maria Marta Pereira (1988). Reanálise da concordância nominal em português. Tese
(Doutorado em Letras) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
TARALLO, Fernando (1986). A Pesquisa Sociolinguística. São Paulo: Ática.
WEINREICH, Weinreich [Uriel]; LABOV, William; HERZOG, Marvin. (1968). "Empirical Foundations for
Theory of Language Change". In: LEHMANN, Paul; MALKIEL, Yakov. (eds.) Directions for
Historical Linguistics. Austin: University of Texas Press: 95-188. [Fundamentos empíricos para
uma teoria da mudança linguística. Trad.: Marcos Bagno; revisão técnica: Carlos Alberto Faraco.
São Paulo: Parábola, 2006.

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