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RESENHA
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Corpo, Gênero e Sexualidade

LOURO, G.L.; NECKEL, J.F.; GOELLNER, S.V. (organizadoras) Corpo, gênero e sexualidade: um debate
contemporâneo na educação.

Roberta Gaio
Doutora em Educação, professora de Ginástica e Ginástica Rítmica da PUC Campinas e
orientadora do Projeto de Iniciação Cientifica - PIBIC/UNIMEP - Dança na escola: realidade ou
espaço de preconceito em aulas de Educação Física.

Nos dias de hoje, a luta pela aceitação das diferenças e pela igualdade de
direitos é cada vez mais eloqüente em diversas instituições, em especial nas
instituições de ensino superior, as quais são responsáveis pela formação de
profissionais em todas as áreas. A fim de contribuir com as discussões sobre
diferenças e igualdade, foi publicado em 2003, pela editora Vozes – Petrópolis/ RJ
(hoje em sua 2ª edição), o livro Corpo Gênero e Sexualidade: um debate
contemporâneo na educação que, organizado por Guacira Lopes Louro, Jane Felipe
Neckel e Silvana Vilodre Goellner, reúne ensaios objetivando refletir as “posições”
que os sujeitos ocupam na sociedade. Os textos, elaborados a partir do encontro de
estudiosos e estudiosas que discutem a temática das diferenças, especificamente
de gênero, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, discutem, em várias
formas, o corpo, gênero e sexualidade e “expressam e exercitam jogos de poder”.
O primeiro texto – Gênero e educação: teoria e política – de Dagmar
Estermann, a partir de uma reflexão inicial sobre um artigo de jornal (Zero Hora,
10/03/2003:21), de conceitos aos desdobramentos teóricos e políticos sobre
gênero, o autor nos leva a (re)pensar, na perspectiva da educação, nossa inserção
social, com o intuito de contribui para a construção de uma sociedade mais justa e
mais igualitária, em todos seus níveis e relações.
Já o segundo ensaio – A produção cultural do corpo – de Silvana
Vilodre Goellner, leva os leitores e as leitoras a pensarem o corpo para além da sua
constituição biológica e entendê-lo em consonância com as realidades históricas
pela qual o corpo é marcado, tendo como pano de fundo o tempo, os espaços, as
conjunturas econômicas, os grupos sociais e étnicos, entre outros fatores. A autora
afirma “um corpo não é apenas um corpo, é também o seu entorno”, “falar do

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corpo é falar de nossa identidade”. É de quem (corpo) se vê refletido nas poucas


páginas desse ensaio, que vem o convite para leitores/as se apoderarem do
discurso da autora, com vias a se sentirem corpos únicos e ao mesmo tempo
semelhantes e similares a uma infinidade de outros produzidos na e pela cultura.
O terceiro texto – Currículo, gênero e sexualidade: o “normal”, o
“diferente” e o “excêntrico” – de Guacira Lopes Louro, temos as diferenças e
identidades de gênero e sexuais como focos de pensamentos, mais especificamente
como esse processo vem se expressando no campo do currículo. A autora nos
estimula a voltar as possíveis práticas que desestabilizem e desconstruam a
naturalidade, valorizando assim as diferenças e desconsiderando a diversidade de
sujeitos e de práticas como um “problema”.
Erotização dos corpos infantis, de Jane Felipe Neckel é o quarto texto e
discute o corpo como objeto de consumo; nos fala do encantamento adulto pela
infância, que tem ganhado espaço no mundo ocidental, inclusive se tornando uma
fonte rentável de mercado e nos coloca, de forma dramática frente a problemática
da pedofilia, nos questionando sobre esse fenômeno antigo e ao mesmo tempo tão
atual.
No quinto ensaio - Educação sexual: possibilidades didáticas - Jimena
Furlani problematiza o trabalho escolar, apresentando uma discussão de
sexualidade e de gênero a partir da educação sexual com crianças do Ensino
Fundamental. Partindo de uma reflexão preliminar sobre as diferenças entre
meninos/homens e meninas/mulheres numa perspectiva biológica, a autora se
concentra nas diferenças fruto de construções social e política, destacando a
educação sexual como tema transversal proposto pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs). Através de atividades relacionadas aos eixos temáticos dos PCNs,
isto é “corpo: matriz da sexualidade” e “relações de gênero”, a autora oferece
possibilidades didáticas para o trabalho com crianças e jovens do ensino
fundamental.
O sexto texto, assinado por Rosimeri Aquino da Silva e Rosângela Soares –
Juventude, escola e mídia – apresenta a juventude como problemática
contemporânea, discutindo o quanto essa visão de juventude esta relacionada aos
efeitos da mídia sobre ela. Partindo sobre uma reflexão da influência da televisão
sobre os/as jovens, as autoras questionam a escola e tudo o que nela esta,
estimulando mudanças não só na sua organização estrutural como no aspecto
didático e pedagógico, para que possamos quebrar o paradigma: “o que está fora
da escola é mais interessante do que ela”.

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No sétimo ensaio -A boa forma de João e o estilo de vida de Fernanda


- de Alex Branco Fraga, temos uma “análise sobre os efeitos de poder que
posicionam diferentemente os sujeitos masculinos e femininos nas relações de
gênero”. A partir da (re)leitura de uma matéria publicada pela revista Veja em 8 de
agosto de 2001, sobre o acidente de helicóptero que envolveu o empresário João
Paulo Diniz e vitimou a modelo Fernanda Vogel, o autor analisa a entrevista
concedida pelo empresário sobrevivente e constata que, de forma explicita, o
estilo de vida ativo inscreve nos corpos normas de conduta que refletem
discriminações sociais diversas, inclusive de gênero.
“Mídia impressa e educação de corpos femininos” é o oitavo texto
assinado por Sandra dos Santos Andrade, que, ancorada na idéia de uma
“pedagogia cultural”, nos mostra que os corpos são educados, moldados e
governados nos espaços escolares e para além deles. Analisando, especificamente,
um programa anual proposto pela revista Boa Forma, intitulado “Desafio de Verão”,
a autora afirma que as condutas femininas no que diz respeito ao treinamento e a
educação do corpo são prescritas pela revista, que funciona como um guia
norteador de ensinamentos de modos adequados de viver a vida.
O nono texto intitulado “A revista Capricho e a produção de corpos
adolescentes femininos” de Márcia Luiza Machado Figueira apresenta uma
reflexão sobre a revista sinalizada no título, a partir de Estudos Culturais e História
do Corpo. A autora considera que os textos e imagens presentes na revista (textos
sobre alimentação saudável, imagens de corpos belos com musculatura definida,
entre outros), como também aqueles ausentes (textos sobre doenças crônicas e
corpos obesos e opulentos, entre outros), ensinam, educam e colocam em ação
possíveis verdades, definindo como deve ser o corpo adolescente.
Chegamos no décimo texto que compõe a obra em análise – Fica comigo
Gay: o que um programa de TV ensina sobre uma sexualidade juvenil? –
Rosângela Soares analisa a versão gay do programa Fica Comigo veiculado pela
MTV, com objetivo de verificar a conceptualização de uma sexualidade juvenil na
mídia. Para a autora, o programa pode ser considerado um exemplo dos locais de
cultura popular capaz de problematizar uma temática atual, podendo ser um auxílio
para os jovens da sociedade contemporânea a se entender e entender a construção
de identidades para além de possíveis modelos.
A cada novo texto uma nova discussão sobre corpo, o que proporciona aos
leitores e as leitoras um olhar criterioso e crítico sobre o fenômeno da corporeidade

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na perspectiva do gênero e da sexualidade, trazendo à baila possibilidades de uma


(re) leitura da educação escolar e até mesmo para além dela.
Assim, no décimo primeiro ensaio temos Ruth Sabat com o tema “Gênero
e sexualidade para consumo”, discutindo como a publicidade tem como meta
vender produtos, mas nem todos os membros de uma sociedade têm poder
aquisitivo para consumir os produtos anunciados, porém os signos presentes nos
anúncios publicitários são consumidos por todos, sem distinção. Para autora, a
publicidade oferece elementos suficientes para que os indivíduos se vejam
refletidos com modelos da vida cotidiana, identificando-se não somente com o
produto, mas com os significantes presentes na imagem.
Penúltimo texto – Gênero e sexualidade nos desenhos da Disney –
Cláudia Cordeiro Rael analisa a “construção” de um ideal de feminilidade veiculado
através dos desenhos. Considerando os desenhos animados como um importante
artefato cultural do século XXI, e que os mesmos exercitam uma pedagogia
cultural, a autora seleciona trechos dos desenhos produzidos pela Disney, sendo
eles A pequena sereia (1989), A Bela e a Fera (1991) e Mulan (1998), afirmando
que os mesmos têm uma função produtiva na formação da identidade de gênero e
de sexo de crianças e adolescentes. Há um alerta para educadores/as e pais, no
sentido de reconhecerem que os desenhos não são somente entretenimento, mas
instâncias que vinculam determinadas representações sociais, que podem e devem
ser questionadas.
Encerrando a obra, o décimo terceiro texto – Corpos modificados: o
saudável e o doente na cibercultura – de Edvaldo Souza Couto, nos contempla
com uma discussão a cerca do anacronismo e das reconfigurações do corpo, com
destaque para a compreensão do que significa ser saudável e ser doente na
cibercultura. O autor nos mostra que saudável passa a ser o sujeito que luta contra
o seu próprio destino, buscando uma nova configuração biológica, modificando a
infra-estrutura do seu organismo, reelaborando múltiplas versões do seu design
corporal, de acordo com os modelos e as exigências da atualidade, isto é, pelo
autor denominada de era pós-biológica, pós-humana. Esse é o nosso desafio e
nossa aventura, aclama o autor do texto. Vale conferir!
A obra ainda contém os currículos resumidos dos autores e das autoras
participantes, além de alguns dados sobre os grupos de estudos GEERGE (Grupo de
estudos de Educação e Relações de Gênero) e GRECCO (Grupo de estudos sobre
Cultura e Corpo), ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o que pode

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facilitar comunicações, visando possíveis parcerias na produção de espaços para


discutir a temática: Corpo, Gênero e sexualidade numa perspectiva educacional.
É com certeza uma leitura recomendada para todos os envolvidos com a
educação de crianças, jovens e adultos, fundamentalmente aqueles profissionais
que estão engajados com a formação de professores e professoras, nos cursos de
licenciatura de diversas áreas do conhecimento, em especial, os envolvidos com a
licenciatura em Educação Física, que irão trabalhar enfatizando o sentir, pensar e
agir corporalmente.
Indico a obra organizada por Guacira Lopes Louro, Jane Felipe Neckel e
Silvana Vilodre Goellner, por uma nova leitura de ser humano, pela quebra de
paradigma da exclusão e para que os professores e as professoras de Educação
Física possam desenvolver um trabalho na escola e fora dela para além de
estereótipos construídos socialmente: meninas dançam e meninos jogam futebol.

Data de recebimento: 11 /4/08


Data de aceite: 29/05/08

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

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