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O Sofrimento

De todos os estados de consciência, a dor é aquele que pode tornar-se o mais


intenso e agudo. Ela é um rompimento interior em que o eu adquire, nas próprias
invectivas que sofre, uma consciência de si extraordinariamente viva. Ele se sente
ferido e miserável; ele também se sente dominado e invadido por um poder que o
ultrapassa, ao qual – por assim dizer – ele está entregue. Mas isso ainda não é
nada:

Até então, existência própria do eu, inserida no vasto conjunto da natureza,


encontrava-se nesta como que incorporada, sem ter manifestado sua intimidade
subjetiva e separada. Essa intimidade passa a se revelar ao eu no momento em que
ele começa a sofrer; os laços que a unem à vida se mostram de maneira
desnudada a partir do momento em que aqueles estão sob perigo e a ponto de se
romper. A dor é uma ameaça; em sua forma mais elementar há já nela uma
evocação da morte, a idéia de uma transição da vida para a morte. É na própria
vida que a morte já se revela. Poder-se-ia dizer, sem dúvida, que a morte é, para
aquele que sofre, antes um alívio, de vez que ela faz cessar a dor, em vez de ser seu
cume e paroxismo. E nós encontraríamos aqui, na dor, uma contradição insolúvel,
se seu papel não fosse o de nos mostrar todo o valor que atribuimos à vida no
momento em que pensamos que ela nos pode ser tomada.

Não é logo mais causa de espanto, a relação singularmente estreita que une a dor
à consciência de si. Pois o próprio do conhecimento ou da vontade é aplicar nossa
atividade a um objeto exterior a nós; é nos distanciar de nós mesmos e nos
distrair. E muitos pessimistas podem mesmo pensar que o melhor efeito do
conhecimento e da ação é produzir o esquecimento de si. A alegria que provamos
em compreender, em criar, é a mesma alegria que provamos em sair de nós
mesmos. A sensibilidade, ao contrário, nos traz a atenção para nós mesmos. Mas
há nesse ponto muita diferença entre o prazer e a dor, pois o prazer é
naturalmente expansivo. Há nele uma espécie de abandono a nós mesmos que é
um abandono DE nós mesmos. Nós não temos a consciência de termos sido felizes
senão quando não mais o somos. A boa fortuna cria entre nós e o mundo uma
harmonia onde a consciência tende a se dissolver. Mas a dor nos isola. Quando
sofremos, estamos sós. Quando digo “penso, logo existo”, ou mesmo “ajo, logo
existo”, eu descubro, junto com a minha existência pessoal, uma existência mais
vasta da qual eu participo; eu existo comunicando-me com o mundo. A existência,
tal como ela se mostra a mim na dor, é a do eu individual naquilo que ele tem de
privilegiado e de único, no momento em que ele cessa de se comunicar com o
mundo, o qual não lhe está presente senão para o oprimir e o obrigar a reclinar-se
sobre si mesmo.

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