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CAPÍTULO 9

Aborto

ABORTO ESPONTÂNEO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215 uma razão de 1,5 para os sexos masculino/feminino nos abor­
ABORTAMENTO RECORRENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224 tos precoces (Benirschke e Kaufinann, 2000). Após o primeiro
trimestre, a taxa de abortos e incidência das anomalias cromos­
ABORTO INDUZIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227 sômicas diminui.
CONTRACEPÇÂO APÓS ABORTAMENTO OU ABORTO . . . . . . . . . . . . . . 234 A hemorragia na decídua basal, com necrose do tecido
adjacente, geralmente acompanha o abortamento precoce.
Nesses casos, o ovo se desprende, o que estimula as contrações
uterinas que resultam na expulsão. Quando o saco gestacional
é aberto, um pequeno feto macerado é geralmente encontrado
A palavra aborto deriva do latim aboriri - fracassar. De envolto por líquido, ou alternativamente não há feto - o cha­
acordo com o Novo Dicionário Oxford Conciso (2002), mado ovo anembrionado.
aborto é o nascimento prematuro antes que seja possível o
nascimento vivo, sendo neste sentido, sinônimo de aborta­
menta. Também significa o término induzido de uma gra­ Incidência
videz para destruir o feto. Embora ambos os termos sejam A prevalência do aborto espontâneo varia de acordo com a
usados de maneira intercambiável no contexto médico, o diligência empregada na sua identificação. Por exemplo, Wil­
uso popular da palavra aborto por leigos implica o término cox e colaboradores (1988) estudaram 221 mulheres saudáveis
deliberado da gravidez. Por isso, muitos preferem o termo durante 707 ciclos menstruais. Tais autores mostraram que
abortamento para se referir à perda fetal espontânea antes 31% das gravidezes eram perdidos após a m i plantação. De
da viabilidade. Para aumentar a confusão, o amplo uso do modo importante, uti l izando ensaios altamente específicos para
ultrassom (US) e a medição dos níveis séricos de gonadotro­ concentrações mínimas da fração beta da gonadotropina cori­
pina coriônica humana permitem a identificação de gravi­ ônica humana materna (�-hCG), 66% dessas perdas precoces
dezes extremamente iniciais juntamente com os termos para foram qualificados como clinicamente silenciosos.
descrevê-las. São alguns exemplos a perda gestacionalprecoce Vários fatores influenciam a taxa de aborto espontâneo, mas
ou folha gestacional inicial. Em todo este livro, empregamos ainda não se sabe se os clinicamente silenciosos são afetados por
os referidos termos em um momento ou em outro. alguns destes fatores. Por exemplo, o abortamento clinicamente
A duração da gravidez também é usada para definir e classi­ aparente aumenta de acordo com a paridade assim como com
ficar os abortos para fins estatísticos e legais (ver o Cap. 1). Por as idades materna e paterna (Gracia, 2005; Warburton, 1964;
exemplo, o National Center for Health Statistics, os Centers Wilson e cols., 1986). A frequência duplica de 12% em mulhe­
for Disease Control and Preventions (CDC) e a Organização res com menos de 20 anos para 26% em mulheres com mais de
Mundial de Saúde definem aborto como o término da gravi­ 40. Para a mesma comparação das idades paternas, a frequência
dez antes de 20 semanas de gestação ou com o feto que nasce aumenta de 12% para 20%. Entretanto, não se sabe se os abor­
pesando menos de 500 g. Apesar disso, as definições variam tamentos clinicamente silenciosos são igualmente influenciados
amplamente de acordo com as leis estaduais. pela idade e paridade.
Embora os mecanismos responsáveis pelo aborto não sejam
sempre aparentes, durante os três primeiros meses de gravidez
ABORTO ESPONTÂNEO a morte do embrião ou feto quase sempre precede a expulsão
espontânea. Assim, encontrar a causa do aborto precoce envolve
Mais de 80% dos abortos espontâneos ocorrem nas primeiras avaliar a causa da morte fetal. Nas perdas mais tardias, o feto
12 semanas. Como mostrado na Fig. 9-1, pelo menos 50% geralmente não morre antes da expulsão, sendo buscadas outras
resultam de anomalias cromossômicas. Também parece haver explicações.
216 Anteparto

60 abortamento recorrente (American College of Obstetricians


and Gynecologists, 2001). As trissomias autossômicas de todos,


� 50
o exceto o cromossomo 1, foram identificadas em abortos, sendo
"'
('(!
aquelas com autossomos 13, 16, 18, 21 e 22 as mais comuns.
o
40 Bianco e colaboradores (2006) descreveram recentemente que
E
<O
"'"' um abortamento anterior aumentava o risco de aneuploidia
o 30 fetal subsequente de um risco basal de 1,39% para 1 ,67% em
E
e quase 47.000 mulheres. Dois ou três abortam anteriores
entos
o
"' 20 aumentavam esse risco para 1,84% e 2,18%, respectivamente.
monossomia X (45,X) é
.!!!
(ij A a anormalidade cromossômica
E 10 específica mais comum, causando a síndrome de Turner, que
o
c:
<( geralmente resulta em aborto e menos frequentemente meni­
o nas nascidas vivas (Cap. 12). De modo contrário, a monossomia
Primeiro Segundo Terceiro
autossômica é rara e n
i compatível com a vida.
trimestre t ime e
r str trime tre
s
A triploidia é frequentemente associada à degeneração
FIGURA 9-1 Frequência das anomalias cromossômicas em abortos e placentária hidrópica (molar) (Cap. 11). As molas hidatifor­
natimortos durante cada trimestre. São mostradas as porcentagens
mes incompletas (parciais) podem ser triploides ou trissômicas
aproximadas para cada grupo. (Dados de Eiben, 1990; Fantel, 1980;
Warburton, 1980; e cols.) apenas para o cromossomo 16. Embora o aborto desses fetos
em geral ocorra precocemente, os poucos que se desenvolvem
por mais tempo apresentam malformações grosseiras. As idades
materna e paterna avançadas não aum entam a incidência da
Fatores fetais triploidia.
Os abortos espontâneos precoces comumente apres uma entam Os abortos tetraploides raramente nascem vivos, sendo com
anormalidade do desenvolvimento do zigoto, embrião, feto ou, mais frequência abortados nas fases iniciais da gestação.
às vezes, placenta. Dos
1.000 abortos espontâneos analisados As anormalidades das estruturas cromossômicas raramente
por Hertig e Sheldon (1943), 50% possuíam um embrião dege­ causam abortos. Alguns fetos nascidos vivos com uma translo­
nerado ou ausente - o ovo anembrionado descrito anterior­ cação balanceada podem ter aparência normal como discutido
mente. Em 50 a 60% dos embriões abortados espontaneamente adiante.
e fetos precoces, as anormalidades nos números cromossômicos
são responsáveis pela maior parte das perdas (Tabela 9-1). Os Aborto euploide
erros c A •
romossormcos tornam-se menos comuns com o avanço Os fetos cromossomicamente normais tendem a ser abortados
da gravidez, sendo encontrados em aproximadamente 33% das mais tardiamente na gestação do que os com aneuploidia. Por
perdas do segundo trimestre, mas em apenas 5% dos natimor­ exemplo, embora 75% dos abortos aneuploides tenham ocor­
tos do terceiro trimestre (ver o Cap. 29). rido antes de 8 semanas, os abortos euploides tiveram um pico
em aproximadamente 13 semanas {Kajii, 1980). A incidência
Aborto aneuploide dos abortos euploides aumenra acentuadamente após a idade
Aproximadamente 95% das anormalidades cromossômicas são materna ultrapassar os 35 anos (Stein e cols., 1980).
causados por erros da gametogênese materna, e 5% de erros
paternos Oacobs e Hassold, 1980). Os encontrados menos
comumente nos abortos são listados na Tabela 9-1. Fatores maternos
A trissomia autossômica é a anomalia cromossômica mais As causas dos abortos euploides são pouco compreendidas,
frequentemente identificada nos abortamentos do primeiro tri­ embora vários distúrbios clínicos, condições ambientais e
mestre. Embora a maioria das trissomias resulte de não disjunções anormalidades do desenvolvimento tenham sido implicados.
isoladas, os rearranjos cromossômicos estruturais balanceados Ani fluência bem conhecida da idade materna foi discutida
estão presentes em um dos parceiros em 2 a 4% dos casais com anteriormente.

TABELA 9-1 Achados cromossômicos nos abortos

Incidência em porcentagem
Estudos cromossômicos Kajii e cols. (1980) Eiben e cols. (1990) Simpson (1980)
Normal (euploide)
46,XY e 46,XX 46 51 54
Anormal (aneuploide)
Trissomia autossômica 31 31 22
Monossomia X (45,X) 10 5 9
Triploidia 7 6 8
Tetraploidia 2 4 3
Anomalia estrutural 2 2 2
Trissomia dupla ou tripla 2 0,9 0, 7
Aborto 217

Infecções Mills e colaboradores (1988) relataram que o controle glicêrnico


De acordo com o American College ofObstetricians and Gyne­ excelente nos primeiros 21 dias após a concepção resultou em
cologists (2001), as n
i fecções são uma causa rara do aborto pre­ uma taxa de abortamento semelhante à encontrada em mulhe­
coce. Mesmo no estudo de mulheres diabéticas dependentes de res sem diabetes. Entretanto, o controle glicêrnico ruim resul­
i sulina, supostamente mais suscetíveis à n
n i fecção, Simpson e tou em maior taxa de aborto. O diabetes manifesto é uma causa
colaboradores (1996) não encontraram evidências de aborta­ da perda gestacional recorrente, tendo Craig e colaboradores
menta induzido pela infecção. i cidência de resistência à insulina nes­
(2002) relatando maior n
Vários tipos de infecção foram estudados. Por exemplo, sas mulheres. Isto é discutido com mais detalhes adiante.
embora a Brucella abortus e Campylobacterfetus causem abor­
tos em bovinos, não provocam aborto em humanos (Sauerwein Nutrição
e cols., 1 993). Também não há evidências de que a Listeria A deficiência de qualquer nutriente na dieta ou deficiência
monocytogenes ou Chlamydia trachomatis estimulem abortos em moderada de todos os nutrientes não parece ser uma causa
humanos (Feist, 1999; Osser, 1996; Paukku e cols., 1999). Em m
i portante de aborto. Mesmo nos casos extremos, a hiperêmese
um estudo prospectivo, a infecção pelo herpesvírus simples na gravídica com perda significativa de peso raramente é seguida
gravidez inicial igualmente não aumentou a n
i cidência (Brown por aborramento. Em um estudo, Maconochie e colaboradores
e cols., 1997). As evidências de que o Toxoplasma gondii causa (2007) encontraram um baixo risco em mulheres que n
i geriam
aborto em humanos permanecem inconclusivas. diariamente frutas e verduras frescas.
Os dados a respeito de uma associação entre algumas
outras ni fecções e o aumento do número de abortos são Uso de drogas e fatores ambientais
conflitantes. Por exemplo, Quinn e colaboradores (1983ab)
Diferentes agentes foram relatados como associados à maior
forneceram evidências sorológicas que apoiam o papel do
n
i cidência de abortos.
Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum. Temmerman e
colaboradores (1992) não encontraram associação entre Myco­
Tabaco. O fumo está associado ao maior risco de aborto
plasma e aborto espontâneo. Eles mostraram que o aborto está
euploide (Kline e cols., 1980). Dois estudos sugeriram que o
associado, de maneira independente, à evidência sorológica de
risco de aborto aumenta de maneira linear de acordo com o
i fecções pela sífilis e HIV-1, bem como à colonização vaginal
n
número de cigarros fumados por dia (Armstrong e cols., 1992;
com estreptococos do grupo B. Diferentemente, van Benthem
Chatenoud e cols., 1998). Entretanto, estudos subsequentes
e colaboradores (2000) relataram que as mulheres tinham o
não confirmaram esta associação (Maconochie, 2007; Rasch,
mesmo risco de aborto espontâneo antes e depois de desenvol­
verem a infecção pelo HN. Oakeshott e colaboradores (2002) 2003; Wisborg e cols., 2003).

relataram uma associação entre o abortamento do segundo


Álcool. O aborto espontâneo e as anomalias fetais podem resul­
trimestre (mas não do terceiro) e a presença de vaginose bacte­
riana (ver o Cap. 59). tar do uso frequente do álcool durante as primeiras 8 semanas
de gravidez (Floyd e cols., 1999). O risco parece estar relacio­
Doenças crônicas debilitantes nado com a frequência e dose (Armstrong e cols., 1992). O
Os abortos precoces raramente são secundários às doenças baixo consumo de álcool durante a gravidez não estava asso­
crônicas debilitantes como a tuberculose e carcinomatose. ciado ao risco significativo de aborto (Kesmodel e cols., 2002;
Entretanto, o espru celíaco, tem sido relatado como causa da Maconochie e cols., 2007).
i fertilidade masculina e feminina, bem como de abortos recor­
n
rentes (Sher e cols., 1994). Cafeína. Arrnstrong e colaboradores (1992) relataram que
as mulheres que consomem pelo menos 5 xícaras de café por
Anormalidades endócrinas dia possuem um risco discretamente elevado de aborto e que,
acima deste limite, o risco está linearmente correlacionado.
Hipotireoidismo.A deficiência grave de iodo pode estar asso­
De maneira semelhante, Cnattingius e colaboradores (2000)
ciada a abortamentos (Castaííeda e cols.; 2002). A deficiên­
observaram risco significativamente elevado de aborto apenas
cia do hormônio tireoidiano é comum em mulheres; sendo
nas mulheres que consumiram pelo menos 500 mg de cafeína
geralmente causada por doença autoimune, mas os efeitos do
por dia - aproximadamente equivalente a 5 xícaras de café.
hipotireoidismo na gestação n
i icial não foram adequadamente
Klebanoff e colaboradores (1999) relataram que as gestantes
estudados. Os autoanticorpos contra a tireoide isoladamente
estão associados à incidência elevada de abortamento (Abram­ em que os níveis do metabólito da cafeína paraxantina eram

son e Stagnaro-Green, 2001 ; Poppe e cols., 2008). Como dis­ extremamente elevados, provocando um risco 2 vezes maior de
cutido adiante, existem dados, menos convincentes, de que aborramento. Eles concluíram que o consumo moderado de
mulheres com abortamento recorrente teriam maior incidência cafeína era pouco provável de causar aborto espontâneo.
de anticorpos antitireoidianos do que os controles normais.
Radioterapia. Nas doses terapêuticas administradas para tratar
Diabetes melito o câncer, a radiação é certamente um abortivo (ver o Cap. 41).
As taxas de aborto espontâneo e grandes malformações congêni­ Embora as doses mais baixas sejam menos tóxicas, a dose em
tas são maiores nas mulheres com diabetes dependente de insu­ humanos para causar aborto não é precisamente conhecida. De
lina. O risco parece estar relacionado com o grau do controle acordo com Brent (1999), a exposição a menos de 5 rads não
metabólico no n
i ício da gravidez. Em um estudo prospectivo, aumenta o risco de abortamento.
218 Anteparto

Contraceptivos. Os contraceptivos orais ou agentes espermici­ Traumatismo


das usados em cremes e geleias não estão associados a maior taxa Supostamente, o grande traumatismo abdominal pode causar um
de abortamento. Entretanto, quando os dispositivos intrauteri­ aborto; o que, entretanto, é raro. Quaisquer efeitos do traumatismo
nos não são capazes de prevenir a gravidez, o risco de aborto, menor são difkeis de avaliar. Em geral, o traumatismo contribui
especificamente o de aborto séptico, aumenta substancialmente minimamente para a n i cidência do aborto (ver o Cap. 42).
(ver o Cap. 32).
Defeitos uterinos
Toxinas ambientais. A avaliação precisa da relação entre expo­
sição ambiental e abortamento representa um desafio. Pode ser Defeitos uterinos adquiridos. Os leiomiomas uterinos gran­
difícil medir a n
i tensidade e duração da exposição, havendo des e múltiplos são comuns, podendo causar abortamento. Na
poucas informações para culpar ou absolver, de maneira conclu­ maioria dos casos, a localização é mais importante do que o
siva, qualquer agente. Alguns estudos, como os realizados por tamanho (ver o Cap. 40). As sinequias uterinas - sindrome
Barlow e Sullivan (1982), concluíram que o arsênico, chumbo, de Asherman - geralmente resultam da destruição de gran­
formo!, benzeno e óxido de etileno possivelmente causam abor­ des áreas de endométrio durante a curetagem. A histerossal­
tamentos. Terminais de exibição de vídeo e a exposição aos seus pingografia pode mostrar múltiplos defeitos característicos do
campos eletromagnéticos não n i fluenciam, de maneira adversa, preenchimento, embora a histeroscopia seja mais precisa para
as taxas de abortamentos (Schnorr e cols., 1991). Do mesmo o diagnóstico. Com a gravidez subsequente, a quantidade de
modo, não foram encontrados efeitos decorrentes da exposição endométrio restante pode ser nsuficiente
i para sustentar a gra­
ocupacional à US (Taskinen e cols., 1990). O risco elevado de videz, e o aborto pode ocorrer.
abortamento havia sido descrito em assistentes odontológicos
expostos a 3 ou mais horas de óxido nitroso por dia em con­ Defeitos do desenvolvimento uterino. A formaçãoanormal
sultórios com equipamento para reinalação (Rowland e cols., do duto mülleriano ou os defeitos de fusão podem ocorrer de
1995). Antes do uso deste equipamento, Boivin (1997) con­ maneira espontânea ou após a exposição uterina ao dietilestil­
cluiu que as mulheres expostas a gases anestésicos no ambiente bestrol (DES) (ver o Cap.40). Embora possam causar perda no
ocupacional tinham maior risco de abortamento. Em outra meio da gestação bem como outras complicações gestacionais e
meta-análise, Dranitsaris e colaboradores (2005) identifica­ nascimentos prematuros, ainda é controverso se os defeitos ute­
ram um pequeno aumento do risco de aborto espontâneo em rinos causam abortamento precoce. Como discutido adiante,
mulheres da equipe que trabalhavam com agentes quimioterá- os procedimentos corretivos para prevenir o aborto, se reali­
. . , .

piCOS CltOtOXICOS. zados, devem ocorrer como última tentativa, e havendo total
compreensão de que podem não ser eficazes (American College
of Obstetricians and Gynecologists, 2001).
Fatores imunológicos
Vários distúrbios mediados pelo sistema imunológico estão Incompetência do colo uterino
associados à perda gestacional precoce. Muitos tendem a ser
Descreve uma entidade obstétrica caracterizada por dilatação
repetitivos, sendo considerados abortamentos recorrentes (ver
cervical indolor no segundo trimestre, podendo ser seguida por
adiante).
prolapso e herniação de membranas para o nterior
i da vagina
bem como, posteriormente, expulsão de feto imaturo. Se não
Trombofilias hereditárias for tratada eficazmente, esta sequência poderá se repetir em
Alguns distúrbios genéticos da coagulação sanguínea podem fUturas gestações.
aumentar o risco de tromboses arterial e venosa. As trombo­ Infelizmente, as mulheres com gestações que abortam no
filias mais bem-estudadas são causadas por mutações de genes segundo trimestre com fiequência possuem história e achados clí­
do fator V Leiden, protrombina, antitrombina, proteínas C e nicos que dificultam distinguir a incompetência cervical verdadeira
S, bem como metilenotetraidrofolato redutase (hiper-homocis­ das outras causas da perda gestacional no segundo trimestre. Mac­
teinemia). Como estão mais comumente associados ao aborta­ Naughton e colaboradores (1993) estudaram quase 1.300 mulhe­
mento recorrente, são abordados adiante. res com histórias não clássicas de incompetência cervical. Em um
estudo randomizado, tendo como resultado primário partos antes
Cirurgia materna de 33 semanas, a cerclagem mostrou-se benéfica, embora margi­
A cirurgia pélvica ou abdominal não complicada, realizada nalmente. Especificamente, 13% das mulheres do grupo tratado
durante a gravidez inicial, não parece aumentar o risco de com cerclagem deram à luz antes de 33 semanas em comparação
aborto. Os tumores ovarianos são geralmente removidos com 17% das mulheres no grupo não submetido à cerclagem.
sem interferir na gravidez (ver o Cap. 4). Uma exceção Dito de outra maneira, para cada 25 procedimentos de cerclagem
importante envolve a remoção precoce do corpo lúteo ou foi possível prevenir um nascimento antes de 33 semanas.
do ovário no qual está localizado o corpo lúteo. Se realizada Recentemente, tem havido interesse no uso da US trans­
antes de 1 O semanas de gestação, indica-se a administra­ vaginal para identificar a incompetência cervical. Algumas
ção suplementar de progesterona; sendo realizada entre 8 e características, primariamente o comprimento da cérvice,
10 semanas, será necessária apenas uma injeção intramuscu­ quando verificadas na metade da gravidez, podem prever o
lar de 150 mg de 17-hidroxiprogesterona caproato imedia­ parto pré-termo. Outra anormalidade cervical é chamada de
tamente após a cirurgia. Se o corpo lúteo for removido entre afunilamento, a herniação das membranas para o interior do
6 e 8 semanas, duas doses adicionais deverão ser administra­ orifício nterno
i dilatado, mas com o orifício externo fechado
das 1 e 2 semanas após a primeira dose. (Owen e cols., 2003).
Aborto 219

A relevância clínica de tais alterações cervicais não é intei­ 44% das mulheres com membranas abauladas no momento
ramente compreendida. Três estudos randomizados com a rea­ da cerclagem atingiram 28 semanas. Caruso e colaboradores
lização de cerclagem que avaliaram estas mulheres, revelaram (2000) relataram sua experiência com a cerclagem de emer­
resultados conflitantes. Rust e colaboradores (2001) rando­ gência em 23 mulheres entre 17 e 27 semanas de gestação com
mizaram 1 1 3 mulheres com comprimento cervical ni ferior a colo dilatado e membranas abauladas. Como resultaram apenas
25 mrn ou com afUnilamento substancial para serem submeti­ 1 1 fetos nascidos vivos, eles concluíram que o sucesso era impre­
das à cerclagem ou conduta expectante. A incidência do parto visível. Com base na experiência de 20 anos com 116 mulheres,
pré-termo foi de 35% no grupo submetido à cerclagem e 36% Terkildsen e colaboradores (2003) relataram que nulíparas e as
no grupo-controle. Em um segundo estudo, To e colaboradores pacientes com membranas abauladas tinham probabilidade sig­
(2004) distribuíram aleatoriamente 253 mulheres para a reali­ nificativamente maior de dar à luz antes de 28 semanas. Entre­
zação de cerclagem, relatando que o risco de parto pré-termo tanto, a cerclagem após 22 semanas de gestação estava associada
não foi significativamente reduzido. O terceiro estudo, reali­ a melhor chance de parto após 28 semanas.
zado por Althuisius e colaboradores (2001) randornizou apenas Sendo a n
i dicação clínica para cerclagem discutível, deve-se
35 mulheres, mas os resultados sugeriram que a cerclagem pode recomendar a essas mulheres que diminuam a atividade flsica
ser benéfica. Pelo menos dessa vez, o uso da US para o diagnós­ e mantenham abstinência sexual. A maioria das pacientes passa
tico da incompetência cervical não foi recomendado. por exame cervical semanalmente ou a cada 2 semanas para
avaliar o apagamento e dilatação. Infelizmente, podem ocorrer
Etiologia. Embora a causa da n
i competência cervical seja obs­ rápido apagamento e dilatação apesar dessas medidas de pre­
cura, é possível que esteja relacionada com o traumatismo ante­ caução (Witter, 1984).
rior do colo uterino como a dilatação e curetagem, conização,
cauterização ou amputação. Em um estudo de coortes baseadas Procedimentos de cerclagem. Dois tipos de cirurgia vaginal
na população norueguesa envolvendo mais de 15.000 mulheres são geralmente usados durante a gravidez. O procedimento
que haviam sido submetidas à conização cervical, Albrechtsen mais simples, desenvolvido por McDonald (1963), é mostrado
e colaboradores (2008) relataram um risco 4 vezes maior de na Fig. 9-2. A cirurgia mais complicada é uma modificação do
perda da gestação antes de 24 semanas. Chasen e colaboradores procedimento original descrito por Shirodkar (1955) e mos­
(2005) relataram que a dilatação e esvaziamentos anteriores (dil. trado na Fig. 9-3. Em comparação com os controles históricos,
e esv.) ou a dilatação e extração (dil. e ext.) após 20 semanas não as mulheres com história clássica de incompetência cervical
aumentavam a probabilidade de n i competência cervical. Em apresentam taxas de sucesso próximas de 80 a 90% quando
outros exemplos, o desenvolvimento cervical anormal, como o uma das referidas técnicas é realizada profilaticamente (Caspi e
desenvolvimento após a exposição a DES n
i traútero, pode ser cols., 1990; Kuhn e Pepperell, 1977). Por essas razões, muitos
importante (ver Cap. 40). clínicos reservam o procedimento de Shirodkar modificado para
as mulheres com insucesso anterior com a cerclagem de McDo­
Avaliação e tratamento. Sendo confirmada, a n
i competência nald ou mulheres com anormalidades cervicais estruturais.
cervical clássica deve ser tratada com cerclagem, que reforça Durante a cerclagem de emergência, a colocação do saco
cirurgicamente o colo fraco por meio de suturas em "bolsa de amniótico prolapsado de volta ao n
i terior do útero em geral
tabaco". Sangramento, contrações uterinas ou ruptura de mem­ ajuda na realização da surura (Locatelli e cols., 1999). A inclina­
branas são geralmente contraindicações à realização da cercla­ ção da mesa cirúrgica com a cabeça em posição n
i ferior também
gem. A US deve ser realizada para confirmar a presença de feto pode ser benéfica. Além disso, o enchimento da bexiga com
vivo e excluir as grandes anomalias fetais. As amostras cervicais 600 mf de solução salina por meio de uma sonda Foley cos­
devem ser testadas quanto às n
i fecções por gonorreia e clamídia, tuma ajudar a reduzir o prolapso de membranas. Infelizmente,
devendo estas e outras infecções cervicais óbvias serem tratadas. essa manobra também pode elevar o colo uterino e afastá-lo do
As relações sexuais devem ser evitadas pelo menos 1 semana campo operatório. Alguns autores recomendam a colocação de
antes da e após a cirurgia. uma sonda Foley com balão nflado
i a 30 mf através do colo
A cerclagem é idealmente realizada profilaticamente antes uterino e insuflação do balão a fim de defletir o saco arnniótico
da dilatação cervical, o que, em alguns casos, não é possível, pre­ para cima. A seguir, o balão é esvaziado gradualmente à medida
cisando a cerclagem de resgate ser realizada de maneira urgente que a sutura da cerclagem é apertada.
após o colo ter sido detectado como dilatado ou apagado. A A cerclagem transabdominal com sutura realizada no istmo
cerclagem eletiva geralmente é realizada entre 12 e 16 semanas, uterino é usada em alguns casos de defeitos anatômicos graves
mas há discussão sobre até quando uma cerclagem de urgência do colo uterino ou casos de insucesso anterior de cerclagem
pode ser realizada. Na verdade, quanto mais avançada a gravi­ transvaginal (Carnmarano e cols., 1995; Gibb e Salaria, 1995).
dez, maior o risco de que a intervenção cirúrgica estimule o tra­ Em uma revisão de 14 casos retrospectivos, Zaveri e colabo­
balho de parto prematuro ou a ruptura de membranas. Embora radores (2002) concluíram que, quando a cerclagem transva­
isto não esteja baseado em evidências, em geral não realizamos ginal falhava em prevenir o parto pré-termo, o risco de morte
a cerclagem após aproximadamente 23 semanas; entretanto, perinatal ou parto antes de 24 semanas após a cerclagem tran­
outros recomendam a sua realização mesmo mais tarde (Caruso sabdorninal (6%) era apenas discretamente menor do que o
e cols., 2000; Terkildsen e cols., 2003). risco após a cerclagem transvaginal de repetição (13%). Ainda
Em uma revisão de 1 O anos envolvendo 75 mulheres sub­ i portante, 3% das mulheres submetidas à cerclagem transa­
m
metidas a procedimentos de cerclagem de emergência, Chasen e bdorninal tiveram complicações cirúrgicas graves, e não houve
Silverman (1998) relataram que 65% deram à luz após 28 sema­ complicações em mulheres do grupo submetido a cerclagem
nas ou mais, e 50% após 36 semanas. Ainda m
i portante, apenas transvaginal. Embora tal cerclagem tenha sido realizada por
220 Anteparto

m
i ediatamente liberada, pois a sua
não liberação pode fazer com que as
- . .

contraçoes utennas vtgorosas rom-


pam o útero ou colo uterino.
A ruptura de membranas
durante a realização da sutura ou
nas primeiras 48 h após a cirurgia
é considerada por alguns indicação
de remoção da cerclagem. Kuhn e
Pepperell (1977) relataram que a
ruptura na ausência de trabalho de
parto aumentava a probabilidade de
n
i fecção materna ou fetal grave se
a sutura permanecesse no local e o
A se parto demorasse a ocorrer. Além
disso, a variedade de opções terapêu­
B ticas consiste na observação, remo­
ção da cerclagem e observação, ou
na remoção da cerclagem e indução
do trabalho de parto (Barth, 1995).
Dados insuficientes im l itam as reco­
mendações seguras, e o tratamento
opcional permanece controverso
(O'Connor e cols., 1999).
Após a cirurgia modificada de
Shirodkar, a sutura pode ser deixada
no local, e a cesariana ser realizada. Já
a sutura pode ser removida, permi­
tindo, assim, o parto vaginal.

D Fatores paternos
FIGURA 9-2 Procedimento de cerclagem de McDonald para a incompetência do colo do útero. Pouco se sabe acerca dos fatores
A. Inicio do procedimento de cerclagem com o uso de um fio de sutura de monofilamento número
paternos como causas do aborta­
2 no corpo do colo uterino bem próximo ao orifício interno. B. Continuação da sutura no corpo do
colo uterino para circundar o orifício. C. Conclusão do círculo ao redor do orifício. D. A sutura deve mento. Certamente, as anormalida­
ser apertada ao redor do canal cervical suficientemente para reduzir o diâmetro do canal para 5 a des cromossômicas no esperma estão
10 mm, e a seguir, ser amarrada. O efeito da realização da sutura no canal é nítido. Uma segunda associadas à ocorrência de aborto
sutura realizada um pouco mais acima poderá ser útil se a primeira não estiver muito próxima do (Carrell e cols., 2003).
orifício interno.

laparoscopia, geralmente requer laparotomia para a realização Classificação clínica do aborto espontâneo
da sutura inicial e subsequente laparotomia para a remoção da
O aborto espontâneo pode ser classificado clinicamente de
sutura, nascimento do feto ou ambos.
várias maneiras. Os subgrupos comumente considerados são a
ameaça de aborto, aborto inevitável, aborto incompleto e aborto
Complicações. Charles e Edward (1981) identificaram que as retido. No aborto séptico, os produtos da concepção e o útero se
complicações, especialmente n i fecção, mostraram-se menos fre­ mostram infectados. Finalmente, o abortamento recorrente -

quentes quando a cerclagem eletiva era realizada até 18 semanas. também chamado de perda gestacional recorrente descreve
-

No estudo de MacNaughton e colaboradores (1993), a ruptura as perdas precoces consecutivas com etiologia supostamente
de membranas foi a complicação ocorrida em apenas 1 entre semelhante.
mais de 600 procedimentos realizados antes de 19 semanas. A
cerclagem estava associada a maiores taxas de hospitalização e Ameaça de aborto
toc6lise subsequentes, assim como o dobro da incidência de O diagnóstico clínico da ameaça de aborto é suposto quando
febre no período puerperal (6% versus 3%). Thomason e cola­ há um corrimento vaginal com sangue ou sangramento atra­
boradores (1982) mostraram que a profilaxia antimicrobiana vés do orifício fechado do colo durante a primeira metade da
perioperatória não foi capaz de prevenir a maioria das n i fec­ gravidez, os quais se desenvolvem em 20 a 25% das mulheres
ções, e a toc6lise não se mostrou capaz de n
i terromper a maior durante o início da gestação, podendo persistir por dias ou
parte dos casos de trabalho de parto. Com a infecção clínica, semanas. Aproximadamente 50% dessas gestações progridem
a sutura deve ser cortada e o trabalho de parto induzido ou para o aborto, embora o risco se mostre substancialmente
aumentado se necessário. De maneira semelhante, caso surjam menor caso seja visualizada a atividade cardíaca fetal (Tong­
sinais de aborto ou parto iminente, a sutura também deve ser song e cols., 1995).
Aborto 221

Eddleman e colaboradores (2006)


projetaram um modelo n i dividua­
lizado de avaliação do risco para
casos de perda gestacional espontâ­
nea em mais de 35.000 gestações.
Sem dúvida, o sangramento durante
a gestação atual foi o fator de risco
mais preditivo de perda gestacional.
Mesmo se o aborto não ocorre após
o sangramento precoce, estes fetos
têm maior risco de nascimento pré­
termo, baixo peso ao nascimento e
morte perinatal Qohns e Jauniaux,
2006; Weiss e cols., 2002). Feliz­
A
mente, o risco de sobrevivência de
um feto malformado não parece ser
maior. Os riscos maternos consistem B
na hemorragia antes do parto, remo­
ção manual da placenta e cesariana
(Wijesiriwardana e cols., 2006).
Uma causa fisiológica do san­
gramento ocorre próximo ao período
esperado da menstruação, denomi­
nando-se sangramento da implanta­
ção. As lesões cervicais comumente
sangram no início da gestação, espe­
cialmente após a relação sexual. Os
pólipos cervicais e a reação deci­
dual também tendem a sangrar no c
o
começo da gestação. O sangramento
causado por essas fontes benignas FIGURA 9-3 Cerclagem de Shirodkar modificada para a incompetência do colo do útero. A. Uma inci­
não é acompanhado por dores abdo­ são transversal é realizada na mucosa que recobre o colo anterior, e a bexiga é empurrada para cima.
minal e lombar. B. Uma fita de Mersiline de 5 mm montada em uma agulha de Mayo, é passada da posição anterior
No abortamento, o sangramento para a posterior. C. A seguir, a fita é direcionada da posição posterior para a anterior no outro lado do
costuma começar primeiro, e a cólica colo. As pinças de Allis, usadas para aglomerar o tecido cervical -visando diminuir a distância que a
agulha deve percorrer na submucosa -facilitam a colocação da fita. D. A fita é amarrada firmemente
abdominal vem algumas horas ou
na porção anterior após certificar-se de que todos os pontos frouxos foram tracionados. A seguir, a
dias depois. A dor pode ter locali- mucosa cervical é fechada com pontos contínuos de fio cromado para esconder o nó anterior.
- .
zaçao antenor e apresentar-se como
cólicas nitidamente rítmicas, como
dor lombar persistente, associada à sensação de pressão pé l vica A gravidez ectópica sempre deve ser considerada no
ou desconforto suprapúbico na linha média. Não m i porta a diagnóstico diferencial da ameaça de aborto. Em um traba­
forma que a dor assuma, a combinação de sangramento e dor lho, Condous e colaboradores (2005) descreveram 152 mulhe­
prediz um prognóstico ruim para a continuação da gravidez. res com sangramento abundante diagnosticadas como sendo
Como a gravidez ectópica, torsão ovariana e outros tipos abortamento completo e espessura endometrial inferior a
de aborto podem mimetizar a ameaça de aborto, as mulheres 1 5 mm. Durante avaliação posterior, observou-se que quase
com sangramento e dor no início da gravidez devem ser avalia­ 6% dessas mulheres tinham gravidez ectópica.
das. Em caso de sangramento persistente ou abundante, deve-se É essencial diagnosticar a gravidez ectópica n i icial antes que
realizar o hematócrito e, se houver anemia ou hipovolemia sig­ ocorra a ruptura tubária. Assim, em mulheres com sangramento
nificativa, geralmente indica-se o esvaziamento do conteúdo anormal ou dor pé l vica acompanhada de baixos níveis séricos
gestacional. de beta-hCG, a gravidez extrauterina deve ser diferenciada da
Não há terapias eficazes para a ameaça de aborto. O uterina normal ou do abortamento inicial (Cap. 1 0). Barnhart
repouso no leito, embora frequentemente prescrito, não altera e colaboradores (2004a) forneceram dados a respeito das curvas
o seu curso. A analgesia com paracetamol pode ser oferecida de desaparecimento da beta-hCG no soro em mulheres com
para o alívio do desconforto. Normalmente, a US transvaginal, abortamento inicial Fig. 9-4. Estes autores também forneceram
a dosagem sérica da gonadotropina coriônica humana (hCG) e dados semelhantes em mulheres sintomáticas com gravidez ini­
os níveis séricos de progesterona, usados isoladamente ou em cial normal (Barnhart e cols., 2004b).
combinação, precisam ser analisados para avaliar se o feto está
vivo e no interior do útero. E como não são 100% precisos para lmunoglobulina anti-O
confirmar a morte fetal, pode ser necessário repetir outras vezes A mulher D negativa deve receber a m i unoglobulina anti-O
tais avaliações. após o abortamento, pois até 5% se tornam isoimunizadas sem
222 Anteparto

... II
I
2.000 fáci
l extração a partir do orifício externo exposto, com o uso da
II pinça de Winter. A curetagem aspirativa, como descrita mais
I
II adiante, esvazia o útero de maneira eficaz. Em mulheres clini­
I
1.500 l II camente estáveis, a conduta expectante do aborto n
i completo
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E t também pode ser uma opção razoável (Blohm e cols., 2003).
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A hemorragia causada pelo aborto incompleto na gravidez
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isso, em mulheres com gravidez mais avançada ou sangramento
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���L Aborto retido- Falha de gravidez inicial


o 10 20 30 40 O termo aborto retido é atualmente impreciso, pois foi defi­
Número de dias desde a apresentação nido várias décadas antes do advento dos testes imunológicos

FIGURA 9-4 Curva composta que mostra a redução dos valores séri­ para gravidez e da US. Era usado para descrever os produtos
cos seriados de beta-hCG começando no nível de 2.000 muljm.e após mortos da concepção retidos por dias, semanas ou mesmo
o abortamento espontâneo precoce. As linhas pontilhadas amarelas meses no útero com orifício cervical aberto. Como os aborta­
representam os pacientes. A linha azul sólida é a curva prevista com mentos espontâneos são quase sempre precedidos pela morte
base no resumo de todos os dados, e as duas linhas vermelhas trace­ do embrião ou feto, a maioria era correramente chamada de
jadas representam os intervalos de confiança de 950fo. (De Barnhart,
"retida". No caso típico, a gravidez inicial parece normal, com
2004a, com autorização.)
amenorreia, náuseas e vômitos, alterações mamárias e cresci­
mento uterino. Após a morte embrionária, pode haver ou não
sangramento vaginal ou outros sintomas de ameaça de aborto.
tal imunoglobulina. Contudo, esta prática é controversa na Com a US, tornou-se possível a confirmação da gestação
ameaça de aborto, pois não possui confirmação baseada em evi­ anembrionada ou morte do feto ou embrião Fig. 9-5. Mui­
dências (American College ofObstetricians and Gynecologists, tas mulheres optam pela n
i terrupção clínica ou cirúrgica no
1999; Weissman e cols., 2002). momento do diagnóstico. Se a gravidez não for n
i terrompida
e o abortamento não ocorrer em dias ou semanas, o tamanho
Aborto inevitável i alterado e a seguir diminuirá gradual­
uterino permanecerá n
A ruptura maciça de membranas, que se manifesta pela exte­ mente. As alterações mamárias geralmente regridem, perdendo
riorização do líquido amniótico na presença de dil atação cervi­ as mulheres, com frequência, alguns quilos. Muitas mulheres
cal, indica com quase certeza a ocorrência de aborto. Em geral, não têm sintomas durante este período, exceto a amenorreia
as contrações uterinas começam imediatamente para causar o persistente. Se o aborto retido terminar de maneira espontâ­
abortamento ou há o desenvolvimento de n
i fecção. A perda de nea, como na maioria dos casos, o processo de expulsão será o
grande quantidade de líquido por via vaginal na primeira metade mesmo como em qualquer outro tipo de aborto.
da gravidez raramente não possui consequências sérias. Se não for
originário da bexiga, o líquido poderá ter sido coletado anterior­ Aborto séptico
mente entre o âmnio e o c6rion. Em razão desta possibilidade, se As mortes maternas associadas aos abortos sépticos criminosos
a súbita descarga de líquido no início da gravidez ocorrer antes são raras nos EUA. Entretanto, ocasionalmente o abortamento
da dor, febre ou sangramento, poderá ser razoável conduzir a
paciente com observação e redução das atividades. Após 48 h, se
não ocorrer o escape adicional de líquido amniótico nem houver
sangramento, dor ou febre, a mulher poderá retomar as suas ati­
vidades habituais, exceto qualquer forma de penetração vaginal.
Entretanto, se o fluxo de líquido for acompanhado ou seguido
de sangramento, dor ou febre, o aborto deverá ser considerado
inevitável, sendo o útero esvaziado.

Aborto incompleto
O sangramento ocorrer quando a placenta se destaca total ou
parcialmente do útero. Durante o aborto incompleto, o orifício
cervical n
i terno abre-se, permitindo a passagem de sangue. O
feto e a placenta podem permanecer totalmente no útero ou se
exteriorizar parcialmente através do orifício di
l atado. Antes de
1O semanas, o feto e a placenta costumam ser expelidos juntos,
porém mais tardiamente são expelidos separadamente. Em algu­
mas mulheres, é necessária a dilatação cervical adicional antes
de realizar a curetagem. Em muitos casos, o tecido placentário FIGURA 9-5 A sonografia transvaginal mostra uma gestação anem­
retido simplesmente fica solto no canal cervical, permitindo a brionada. (Usada com a autorização da Ora. Elysa Moschos.)
Aborto 223

TABELA 9·2 Alguns estudos controlados randomizados para o tratamento da perda gestacional precoce

Estudo Tipo de aborto Braços de tratamento Resultados


Blohm e cols. "Sinais de abortamento" 1. Placebo 54% concluíram em 7 dias
(2005) (n 126)
= 2. PGE, 400 IJg por via vaginal 810/o concluíram em 7 dias; mais dor, mais analgesia
Trinder e cols. AE incompleto ou oculto 1. Expectante Curetagem: 50%
(2006) (n 1.200)
= 2. PGE,, 800 IJg por via vaginal Transfusões: 2%
:!: 200 mg de mifepristona Curetagem: 38%
3. Curetagem por aspiração Transfusões: 10/o
Curetagem de repetição: 5%
Zhang e cols. Falha gestacional• 1. PGE,, 800 IJg por via vaginal Concluíram em 3 dias; 71 Ofo
(2005) (n 652)
= 2. Aspiração a vácuo 84%, em 8 dias; falha: 16%
Bem-sucedido: 97%
Weeks e cols. AE incompleto 1. PGE1, 600 IJg por via vaginal 5ucesso: 96%
(2005) (n 312)
= 2. Aspiração a vácuo Complicações: 1%
Sucesso: 92%
Complicações: 10%
Dao e cols. AE incompleto 1. PGE,, 600 IJg VO 95% concluíram
(2007) (n 447)
= 2. Aspiração a vácuo 99% concluíram
Shwekerela e cols. AE incompleto 1. PGE1, 600 IJg VO 99% concluíram
(2007) (n 300)
= 2. Aspiração a vácuo 100% concluíram

•inclui a gestação anembrionária, morte embrionária ou fetal, ou aborto espontâneo incompleto ou inevitável.
PGE, = prostaglandina E,; AE = aborto espontâneo.

e aborto eletivo podem ser complicados por infecções graves i dividualizado. As condutas expectante, clínica e cirúrgica
n
(Barrett e cols., 2002; Fjerstad e cols., 2009). A endometrite são opções razoáveis, exceto nos casos em que há sangramento
é a manifestação mais comum de infecção pós-parto, mas grave ou ni fecção. O tratamento cirúrgico é definitivo e previ­
a parametrite, peritonite, septicemia e mesmo endocardite sível, mas nvasivo
i e não necessário a todas as mulheres. Os tra­
podem, ocasionalmente, ocorrer (Vartian e Septimus, 1991). tamentos expectante e clínico podem evitar a curetagem, mas
O tratamento da infecção consiste na imediara administração estão associados a sangramento m i previsível, algumas mulhe­
de antibióticos de amplo espectro por via n i travenosa, seguida res necessitando de cirurgia não programada. Por exemplo,
pelo esvaziamento uterino. Na síndrome de séptica, a síndrome no estudo observacional realizado por Luise e colaboradores
respiratória aguda ou a coagulopatia intravascular disseminada (2002), 81% de quase 1.100 mulheres com suspeita de aborta­
podem vir a ocorrer, sendo essencial o traramento de suporte menta no primeiro trimestre relataram resolução espontânea.
(ver o Cap. 42). Vários estudos randomizados foram realizados para avaliar
No passado, os abortos criminosos e abortos incompletos estes métodos. Entretanto, em muitos casos, os estudos não são
negligenciados infectavam-se por bactérias comensais não viru­ comparáveis, pois foram usados diferentes critérios de inclusão e
lentas da flora vaginal, como o Clostridium per.fri.ngens, as quais empregados vários protocolos. Por exemplo, o esvaziamento do
quase desapareceram após a legalização do aborto. Entretanto, útero com tratamento clínico na falha do início da gestação tem
em 2005 os Centers ofDisease Control and Prevention (CDC) maior taxa de sucesso nas pacientes com sangramento vaginal
nos EUArelataram 4 mortes associadas ao aborto médico decor­ em comparação com as mulheres com gestação mais "intacta"
rentes da síndrome do choque tóxico causada por nf i ecção por (Creinin e cols., 2006). Algumas generalizações podem ser fei­
Clostridium sordellii. Fischer e colaboradores (2005) detalha­ tas a partir dos estudos listados na Tabela 9-2.
ram estas infecções, descrevendo as manifestações clínicas que
começavam 1 semana após o aborto induzido clinicamente. A 1. O sucesso depende do tipo de interrupção precoce da ges­
característica marcante era a lesão endotelial com extravasa­ tação.
mento capilar e hemoconcentração, hipotensão e leucocitose 2. No aborto incompleto espontâneo, a conduta expectante
acentuada. Desde aquela época, Cohen e colaboradores (2007) resulta em conclusão espontânea em aproximadamente
relataram outros 4 casos, sendo 2 com C. sordellii e 2 com o 50% dos casos.
C. per.fri.ngens, que se desenvolveram após abortos espontâneos 3. Nos casos de interrupção precoce da gestação, não defi­
ou induzidos. Dois foram fatais. Daif e colaboradores (2009) nida de outra maneira, a PGE1 administrada por vias oral
descreveram 1 caso de fasci ite necrosante e síndrome do choque ou vaginal é eficaz em aproximadamente 85% dos abortos
tóxico causada por infecção pelo estreptococo do grupo A após concluídos em 7 dias.
o aborto clínico eletivo. 4. A curetagem é uma resolução rápida com quase 100% de
sucesso em completar as interrupções precoces da gestação.

Por isso, há várias opções terapêuticas que podem ser


Tratamento
escolhidas pela paciente e seu ginecologista. Logicamente, na
Com a atual facilidade de detectar a morte embriofetal por hemorragia ou ni fecção com risco de vida, justifica-se a conclu­
meio de exames sonográficos, o tratamento pode ser mais são do aborto por métodos clínicos ou cirúrgicos.
224 Anteparto

A hereditariedade das síndromes de translocação é discu­


ABORTAMENTO RECORRENTE
tida detalhadamente no Cap. 12. Em resumo, se um dos pais
é portador de uma translocação balanceada, o cariótipo da ges­
Também chamado de aborto espontâneo recorrente e perdagesta­
tação resultante pode ser normal, a mesma translocação balan­
dona/ recorrente, sendo classicamente definido como 3 ou mais
ceada ou uma translocação não balanceada. As translocações
perdas gestacionais consecutivas com 20 semanas ou menos, ou
balanceadas são prováveis de causar abortamento recorrente
com peso fetal inferior a 500 g. A maior pane das mulheres com
subsequente na prole. Uma translocação não balanceada pode
aborramento recorrente apresenta perda embrionária ou perda
prodU'lir abortamento, anomalia fetal ou natimorto. Entre­
fetal precoce, ocorrendo a minoria das perdas após 14 semanas.
tanto, geralmente o prognóstico é bom. Franssen e colaborado­
Embora a definição inclua três ou mais abortamentos, muitos res (2006) estudaram 247 casais com translocação balanceada,
concordam que a avaliação deve ser pelo menos considerada relatando que quase 85% tinham pelo menos um feto saudável.
após duas perdas consecutivas, que se deve ao fato de que o Por isso, o antecedente de perda no segundo trimestre ou ano­
risco de perda subsequente após dois abortamentos sucessivos é malia fetal deve levantar a suspeita de que um padrão cromos­
semelhante ao risco após três perdas - aproximadamente 30% sômico anormal esteja presente em um dos pais. Os pais com
(Harger e cols., 1983). Notavelmente, a chance de gravidez um cariótipo anormal devem receber aconselhamento genético
bem-sucedida pode ser próxima de 50% mesmo após seis per­ antes que ocorra a implantação (Cap. 12).
das (Poland e cols., 1977; Warburton e Fraser, 1964). A tipagem rotineira do cariótipo de produtos da concepção
O abortamento recorrente deve ser distinguido da perda tem alto custo, pode não refletir com precisão o cariótipo fetal,
gestacional esporádica descrita na seção anterior. A perda espo­ e não a recomendamos. Assim, alguns autores recomendam a
rádica implica que as gestações intervenientes resultaram em análise cromossômica rotineira após um segundo abortamento
fetos saudáveis. Outros distinguem o abortamento recorrentepri­ consecutivo (Stephenson, 2006) .
mário - sem gestações bem-sucedidas - do abortamento recor­
rente secunddrio - um nascimento vivo ocorrido anteriormente Fatores anatômicos
- uma vez que este último grupo não alcança o risco de perda Várias anormalidades anatômicas do trato genital estão impli­
subsequente de 32% até após a ocorrência de três abortamentos. cadas no aborramento recorrente. De acordo com Devi Wold
Por isso, é razoável adiar a avaliação da perda recorrente secun­ e colaboradores (2006), 15% das mulheres com três ou mais
dária até três perdas consecutivas (Poland e cols., 1m). aborramentos consecutivos possuem uma anomalia uterina
As causas do aborramento recorrente são semelhantes às congênita ou adquirida. Estas são essencialmente as mesmas
do aborramento esporádico, embora a incidência relativa seja que as associadas a todos os abortamentos, sendo discutidas
diferente entre as duas categorias. Por exemplo, as perdas do anteriormente e detalhadamente no Cap. 4, consistindo nas
primeiro trimestre com o aborramento recorrente têm uma inci­ anormalidades uterinas adquiridas, como as sinequias intraute­
dência significativamente menor de anomalias genéticas (Sulli­ rinas, sindrome de Ashennan, leiomiomas e incompetência cer­
van e cols., 2004). Em uma série, os cariótipos normais foram vical. Os defeitos do desenvolvimento são o útero septado, bi e
identificados em 50% dos aborramentos recorrentes mas apenas unicorno, assim como útero didelfo, estando também incluídas
em 25% das perdas esporádicas. O momento da ocorrência das as anormalidades associadas à exposição n i trauterina ao DES.
perdas gestacionais pode fornecer uma ideia da sua causa. Por A frequência dessas anormalidades nas mulheres com
meio de outro exemplo, os fatores genéticos, na maioria das aborramento recorrente varia amplamente conforme o grau de
ve'les, resultam em perdas embrionárias precoces, e as anormali­ avaliação e critérios estabelecidos para anormalidade. Salim e
dades autoimunes ou anatômicas são mais prováveis de resulta­ colaboradores (2003) descreveram quase 2.500 mulheres avalia­
rem em perdas do segundo trimestre (Schust e Hill, 2002). das quanto ao desenvolvimento de anomalias uterinas usando a
US tridimensional. As anomalias foram identificadas em 24%
Anormalidades cromossômicas dos pais das mulheres com abortamento recorrente, mas em apenas 5%
dos controles normais. Em outros estudos de mulheres com
Embora estas representam apenas 2 a 4% das perdas recorren­
abortamento recorrente, a prevalência de anomalias uterinas foi
tes, a avaliação do cariótipo dos pais continua sendo uma parte
estimada como sendo de apenas 7 a 15% (Ashton e cols., 1988;
essencial da avaliação. Therapel e colaboradores (1985) resu­
Makino e cols., 1992).
miram os dados de 79 estudos de casais com 2 ou mais abor­
tamentos, em um total de 8.208 mulheres e 7.834 homens, Tratamento
sendo as anormalidades cromossômicas detectadas em 2,9% ­ Como discutido anteriormente, as evidências não são suficien­
uma incidência 5 vezes maior do que na população em geral. temente fortes para associar estas anomalias anatômicas à perda
A razão de anormalidades entre mulheres e homens foi de gestacional precoce, sendo, por isso, dificil provar que a corre­
aproximadamente 2:1. As translocações recíprocas balanceadas ção delas melhora os resultados gestacionais (American College
representaram 50% das anormalidades identificadas; as trans­ ofObstetricians and Gynecologists, 2001). Há estudos retros­
locações robertsonianas representaram 24%; o mosaicismo do pectivos que apoiam a correção nos casos de algumas anomalias.
cromossomo X, como o 47.XXX - sindrome de Klinefolter­ Saygili-Yilmu e colaboradores (2003) revisaram os resultados
representou 12%; e as inversões bem como várias outras ano­ gestacionais após a metroplastia histeroscópica em mulheres
malias representaram o restante. De maneira oposta, Hogge e com útero septado e mais de dois abortamentos prévios. Em
colaboradores (2007) relataram que a perda gestacional recor­ 59 dessas mulheres, a incidência de abort.amento diminuiu de
rente não está associada à inativação do X skewed- silêncio 96 para 10% após a cirurgia e as gestações a termo aumentaram
transcricional. de O para 70% (Saygili-Yilmu e cols., 2002).
Aborto 225

Nos casos de sinequias uterinas, a lise histeroscópica é (1996) randomiwu 50 mulheres acometidas para receberem
preferível à curetagem. Katz e colaboradores (1996) relata­ ácido acetilsalicilico em baixa dose isoladamente ou ácido ace­
ram 90% de mulheres com sinequias que tiveram pelo menos tilsalicilico em baixa dose mais heparina. As mulheres que rece­
dois abortamentos prévios ou mortes perinatais pré-termo ou beram ácido acetilc:alicílico e heparina tiveram uma porcentagem
ambos. Nos casos de adesiólise, as taxas de abortamento dimi­ significativamente maior de fetos viáveis (80% versus 44%, res­
nuíram de 79 para 22%, e as gestações a termo aumentaram de pectivamente). Rai e colaboradores (1997) relataram uma taxa de
18 para 69%. Outros estudos relataram resultados semelhantes 77% de nascidos vivos em mulheres randomizadas para recebe­
(Al-Inany, 2001; Goldenberg e cols., 1995). rem ácido acetilsalicílico em baixa dose mais heparina não fracio­
Como discutido no Cap. 40, é controverso se os rniomas nada em baixa dose (500 unidades 2 vezes/dia) em comparação
submucosos causam aborramento recorrente mais do que rara­ com 42% nas mulheres tratadas apenas com ácido acetilsalia1ico.
mente. Sendo sintomáticos, a maioria dos autores concorda que os Diferentemente, Farquharson e colaboradores (2002) relataram a
miomas submucosos e intracavitários devem ser removidos. Nos taxa de 72% de nascidos vivos em mulheres que receberam apenas
estudos de mulheres submetidas à fertilização in vitro, os resul­ ácido acetilsalicílico em baixa dose, semelhante à taxa de 78% em
tados gestacionais foram influenciados de maneira adversa pelos mulheres tratadas com acetilsalicilico em baixa dose mais heparina
miomas submucosos, mas não pelos subserosos ou intramurais de baixo peso molecular em baixa dose.
inferiores a 5 a 7 em Oun e cols., 2001; Ramzy e cols., 1998). Como enfàtizado por Branch e Khamashta (2003), os rela­
tos discrepantes são confusos e as diretrizes terapêuticas pouco
Fatores imunológicos precisas. O Arnerican College of Obstetricians and Gyneco­
Em análise de estudos publicados, Yetman e Kurreh (1996) logists (2005a) recomenda o uso de ácido acetilsalicflico em
determinaram que 15% ou mais de 1.000 mulheres com abor­ baixa dose (81 mg/dia VO) juntamente com a heparina não
tamento recorrente possuíam fàtores autoimunes reconhecidos. fracionada (5.000 U VS 2 vezes/dia). Este tratamento, n i iciado
Dois modelos fisiopatológicos primários são a teoria autoimune quando a gravidez é diagnosticada, deve ser continuado até o
(imunidade contra o próprio organismo) e teoria aloimune parto. Embora tal tratamento possa melhorar o sucesso geral
das gestações, estas mulheres continuam tendo alto risco de
(imunidade contra uma outra pessoa).
parto pré-termo, ruptura prematura da membrana, restrição
Fatores autoimunes ao crescimento fetal, pré-eclãmpsia e descolamento de placenta
Os abortamentos são mais comuns nas mulheres com lúpus (Backos e cols., 1999; Rai e cols., 1997).
eritematoso sistêrnico (Warren e Silver, 2004). Muitas dessas Além dos anticorpos anticardiolipina IgG e IgM, há idioti­
mulheres possuem anticorpos antifosfolipídios, uma fàmilia de pos de anticorpos dirigidos contra um grande número de lipídios
autoanticorpos que se ligam aos fosfolipídios carregados nega­ (Bick e Baker, 2006). A dosagem é de alto custo, frequentemente
tivamente, proteínas ligadoras de fosfolipídios ou uma com­ pouco controlada e de relevância desconhecida no diagnóstico do
binação de ambos (Branch e Khamashta, 2003; Carp e cols., abortamento recorrente. Os resultados são igualmente inconclu­
2008). Também são encontrados em mulheres sem lúpus. Na sivos quanto ao teste de outros anticorpos, como o fàtor reuma­
realidade, em até 5% das grávidas normais o anticorpo antico­ toide, anticorpos antinucleares e anticorpos antitireoide.
agulante do lúpus (LAC) e anticorpo anticardiolipina (ACA)
estão associados a altas taxas de perda gestacional. Em vez de Fatores aloimunes
causarem abortamento, com mais frequência estão associados à É sugerido que a gravidez normal requer a formação de fato­
morte fetal após a metade da gestação. Em fUnção disso, a morte res bloqueadores que previnem a rejeição materna de antígenos
fetal é um critério para o diagnóstico da sindrome antifosfoli­ fetais estranhos derivados do pai. A mulher não produz estes
pidica (Arnerican College of Obstetricians and Gynecologists, fàtores séricos bloqueadores caso possua antígenos de leucó­
2005a), o que está discutido no Cap. 47 (adiante) e listado na citos humanos (HLA) semelhantes aos do pai. Outros distúr­
Tabela 47-3. Esta é a única patologia autoimune que pode ser bios aloimunes supostamente causam abortamento recorrente,
correlacionada com resultado gestacional adverso. As mulheres como a atividade alterada das cé l ulas destruidoras naturais
com histórico de perda fetal precoce e altos níveis de anticorpos (NK, natural killer) e aumento dos anticorpos linfocitotóxicos.
podem ter uma taxa de 70% de recorrência de abortamentos Várias terapias para corrigir estes distúrbios foram sugeridas,
(Dudley e Branch, 1991). Os anticorpos contra a glicoproteína n
i cluindo o uso de mi unização com cé l ulas paternas, leucócitos
beta-2 podem ser especialmente problemáticos, mas não os con­ de terceiros (doadores), infusão de membrana trofoblástica e
tra a fosfàtidil serina (Alijotas-Reig e cols., 2008, 2009). m
i unoglobulina intravenosa. A maioria delas não passou ainda
Em um estudo prospectivo de 860 mulheres avaliadas por uma análise detalhada, sendo algumas potencialmente noci­
quanto à presença do anticorpo anticardiolipina no primeiro vas, razão pela qual concordamos com Scott (2003) ao afirmar
trimestre, Yasuda e colaboradores (1995) relataram que 7% que a mi unoterapia não pode ser recomendada. Uma possível
tinham resultados positivos. Os aborramentos ocorreram em exceção é a administração intravenosa de imunoglobulina em
25% do grupo com anticorpos positivos em comparação com caso de abortamento recorrente secundário - mulheres com
apenas 10% do grupo sem anticorpos. Entretanto, em outro perdas gestacionais precoces recorrentes após um parto ante­
estudo, Simpson e colaboradores (1998) não encontraram asso­ riormente bem-sucedido (Hutton e cols., 2007).
ciação entre perda gestacional precoce e anticorpo anticardioli­
pina ou anticoagulante do lúpus.
Trombofilias hereditárias
Tratamento. Há esquemas terapêuticos para a síndrome antifos­ Consistem em fàtores de coagulação anormais determinados
folipídica que aumentam as taxas de nascimentos vivos. Kurreh geneticamente que podem causar trombose patológica em razão
226 Anteparto

do desequii.Jbrio entre as vias de coagulação e as de anticoagu­ e cols., 2002). A continuação do tratamento com metformina
lação; são discutidos detalhadamente no Cap. 47, e suas ações durante a gravidez também mostra reduzir significativamente a
mostradas na Fig. 47-1. As mais amplamente estudadas con­ n
i cidência do diabetes gestacional com necessidade de n
i sulina
sistem na resistência à proteína C ativada (aPC) causada pela assim como a restrição ao crescimento fetal.
mutação dofator V, de Leiden ou outro, diminuição ou ausência
de atividade da antitrombina !I!, mutação do gene da protrom­ Diabetes melito
bina e mutação no gene da metilenotetraidrofolato redutase que As taxas de aborto espontâneo e de grandes malformações con­
causa níveis séricos elevados de homocisteína - hiper-homo­ gênitas são maiores nas mulheres com diabetes dependente de
cisteinemia. n
i sulina (ver o Cap. 7). Este risco também está relacionado
Carp e colaboradores (2002) bem como Adelberg e Kul­ com o grau de controle metabólico no n
i ício da gravidez. De
ler (2002) colocam em dúvida a importância das trombofilias maneira semelhante às mulheres com a síndrome do ovário
hereditárias no abortamento precoce. Como a perfusáo pla­ policístico, há relatos de que algumas mulheres com aborta­
centária é mínima na fàse inicial da gravidez, as trombofilias mentes recorrentes possuem maior resistência à insulina (Craig
podem ter maiores implicações clínicas nas fases mais avança­ e cols., 2002). A perda gestacional em pacientes com diabe­
das da gravidez. Em meta-análise de 31 estudos realizada por tes malcontrolado reduz-se substancialmente com o controle
Rey e colaboradores(2003), o abortamento recorrente estava metabólico ideal (ver o Cap. 52).
mais intimamente associado ao fator V Leiden e mutação do
gene da protrombina. O assunto foi recentemente revisado Hipotireoidismo
por Kutteh e Triplert (2006) assim como Bick e Baker (2006). A deficiência grave de iodo está associada a elevada perda ges­
Após a revisão da base de dados Cochrane, Kaandorp e colabo­ tacional precoce (ver anteriormente). A deficiência do hormô­
radores (2009) concluíram que as mulheres com abortamento nio da tireoide em razão da causa autoimune é comum nas
recorrente e trombofilia não se beneficiam do tratamento com mulheres, mas quaisquer efeitos que isso possa ter no aborta­
ácido acetilsalicílico ou heparina. menta ainda não fotam adequadamente estudados. Embora
os autoanticorpos contra a tireoide estejam associados a maior
n
i cidência do aborto espontâneo, o papel destes no aborta­
Fatores endocrinológicos
menta recorrente é menos convincente (Abrarnson e Stagnaro­
Os estudos avaliando a relação entre as várias anormalidades Green, 2001; Lakasing e Williamson, 2005). Em um estudo de
endócrinas são inconsistentes e geralmente pouco valorizados 870 mulheres com abortamento recorrente, Rushworth e cola­
(American College ofObstetricians and Gynecologists, 2001). boradores (2000) relataram que as com anticorpos antitireoide
De acordo com Arredondo e Noble (2006), 8 a 12% dos abor­ possuíam a mesma probabilidade de ter um parto com nascido
tamentos recorrentes são resultantes de f.uores endócrinos. vivo que aquelas mulheres sem anticorpos.
Como não está claro que a doença da tireoide cause abor­
Deficiência de progesterona tamento recorrente, o American College of Obstetricians
Também chamada de insuficiência lútea, a secreção insuficiente and Gynecologists (2001) concluiu que não há indicação
de progesterona pelo corpo lúteo ou placenta foi sugerida como de avaliação das mulheres assintomáticas. Diferentemente,
causa do abortamento. Entretanto, a produção deficiente de o hipotireoidismo manifesto pode ser difícil de detectar
progesterona pode ser a consequência em vez da causa da falha clinicamente, os exames são de baixo custo, e o tratamento
gestacional precoce (Salem e cols., 1984). Os critérios diagnósti­ altamente eficaz. Por isso, recomendamos a dosagem do
cos e a eficácia da terapia para este distúrbio proposto requerem hormônio estimulante da tireoide (TSH) em mulheres com
validação (American College of Obstetricians and Gyneco­ abortamento recorrente.
logists, 2001). Se o corpo lúteo for removido cirurgicamente,
como no caso do tumor de ovário, a reposição de progesterona
será n
i dicada nas gestações com menos de 8 a 10 semanas (ver Infecções
anteriormente). Poucas ni fecções comprovadamente causam perda gestacional
precoce (ver anteriormente). Além disso, se alguma das referidas
Síndrome do ovário policístico infecções estiver assoc
iada ao abortarnento, terá probabilidade
Em razão da oligo ou anovulação, estas mulheres são subférteis. ainda menor de causar abortamento recorrente, pois os anticorpos
Quando grávidas, também pode haver maior risco de aborta­ i fecção primária.
maternos geralmente se desenvolvem com a n
menta, mas isso é controverso (Cocksedge e cols., 2008). Dois
possíveis mecanismos sugeridos são os aumentos do hormônio
luteinizante (LH) e os efeitos diretos da hiperinsulinemia na Avaliação e tratamento
fUnção ovariana. Se a concentração elevada de LH causa aborta­ O momento oportuno e a extensão da avaliação das mulheres com
menta, a sua inibição durante um ciclo de indução da ovulação abortarnento recorrente baseiam-se na idade materna, infertili­
com gonadotropina pode diminuir as taxas de abortamento. dade coexistente, sintomas e nível de ansiedade. Com achados sob
Entretanto, no estudo controlado realizado por Clifford e cola­ outros aspectos normais, realizamos alguns testes que consistem
boradores (1996), isto não melhorou os resultados da gravidez. no estudo do cariótipo dos pais, avaliação da cavidade uterina e
Os dados referentes à hiperinsulinemia na perda gestacional são pesquisa da síndrome de anticorpos antifosfolipídios. Aproxima­
relativamente mais sólidos. Em dois estudos, as taxas de aborta­ damente 50% dos casais com abortamento recorrente possuem
menta fotam menores em pacientes tratadas com metformina achados sem explicação. Entretanto, o prognóstico é razoável. A
antes da e durante a gravidez (Glueck e cols., 2002; Jakubowics meta-análise realizada por Jeng e colaboradores (1995) de estudos
Aborto 227

randomizados e prospectivos de casais com abortamento recor­ probabilidade de resultar no nascimento de um feto com graves
rente inexplicado revelou que 60 a 70% tiveram uma gravidez malformações.
subsequente bem-sucedida sem tratamento. Alegalidade do aborto eletivo foi estabelecida pela Suprema
Corte no caso de Roe v. Wade. A Corte definiu a extensão em
que os estados norte-americanos podem regular o aborto:
ABORTO INDUZIDO 1. No estágio antes de aproximadamente o final do primeiro
trimestre, a decisão de aborto e o procedimento devem ser
Consiste no término de urna gravidez por meios clínicos ou deixados a julgamento clínico do médico.
cirúrgicos antes da fase de viabilidade fetal. Em 2005 houve 2. No estágio subsequente a aproximadamente o final do pri­
um total de relatos de 1 ,22 milhão de abortos legais aos CDC meiro trimestre, o estado, promovendo o seu interesse na
(Gamble e cols., 2008). O total diminuiu a cada ano desde saúde da mulher, pode, se assim optar, regular os procedi­
2002, mas isso resulta parcialmente dos relatos ni consistentes mentos de aborto de maneiras que estejam razoavelmente
dos abortos clinicamente induzidos (Strauss e cols., 2007). A relacionadas com a saúde materna.
razão de abortos foi de 238 abortos para cada 1.000 nascidos 3. No estágio subsequente à viabilidade, o estado, promo­
vivos, e a taxa de abortos, de 16 por 1.000 mulheres entre 15 e vendo o seu interesse no potencial da vida humana, pode,
44 anos. Cerca de 50% dessas mulheres tinham 24 anos ou se assim optar, regular e mesmo proibir o aborto, exceto
menos, 80% não eram casadas, e 53% eram caucasianas. Apro­ quando necessário, com decisão médica apropriada, para a
ximadamente 60% dos abortos foram realizados durante as pri­ preservação da vida ou saúde da mulher.
meiras 8 semanas, e 88% durante as primeiras 12 semanas de
Desde1973, várias outras decisões da Suprema Corte dos
EUA merecem citação. Borgmann e Jones (2000) revisaram
gravidez.

extensivamente estes aspectos legais. Tais casos de apelação


judicial surgiram com as legislações nacional e estadual, intro­
Classificação
duzidas ou decretadas para regular ou anular as três cláusulas
Aborto terapêutico mencionadas anteriormente. Em geral, essas tentativas não
Há vários distúrbios clínicos e cirúrgicos que representam tiveram sucesso até 1989. Naquela ocasião, a Suprema Corte
ndicações
i para a n
i terrupção da gravidez. São exemplos a des­ regulamentou o caso de Webster versus Reproductive Health Ser­
compensação cardíaca persistente, especialmente com hiper­ vices de que os estados poderiam colocar restrições, n
i terferindo
tensão pulmonar fixa, doença vascular hipertensiva avançada, na cláusula de serviços de aborto em itens, como períodos de
diabetes e câncer. Nos casos de estupro ou n
i cesto, a maioria espera, necessidade de consentimento informado específico,
considera razoável a interrupção da gravidez. Atualmente, a notificação dos pais ou cônjuge e exigências hospitalares. Com
n
i dicação mais comum é a prevenção do nascimento de um base nesta decisão, há atualmente várias restrições estaduais iso­
feto com deformidade anatômica, metabólica ou mental signi­ ladas que limitam a escolha e o acesso aos serviços de aborto.
ficativa. A gravidade das deformidades fetais apresenta ampla Em um exemplo, a decisão de fazer cumprir a notificação dos
variedade e com frequência desafia as classificações sociais, pais no Texas, em 2000, estava associada a menores taxas de
legais ou políticas. aborto, mas simultaneamente aumentou o número de partos
n
i desejados em adolescentes de 17 anos aoyce e cols., 2006).
Aborto eletivo (voluntário) Outra decisão recente limitante da escolha é a lei federal

A interrupção da gravidez antes da viabilidade a pedido da


que proíbe o maldefinido aborto por nascimento parcial, a qual
está sendo contestada de várias formas. Em 2007, a Suprema
mulher, mas não por motivos médicos, é geralmente chamada
de aborto eletivo ou voluntário, procedimento que abrange a Corte norte-americana votou 5 a 4 para defender a Lei de Proi­

maioria dos abortos realizados atualmente, e, de acordo com os bição do Aborto por Nascimento Parcial de 2003, em sua revi­

relatórios nacionais de estatística vital (norte-americanos), apro­ são de Gonzales versus Carhart de Nebraska, que foi seguido
por editoriais no New England]oumalofMedicine, lamentando
ximadamente urna gravidez é n
i terrompida de maneira eletiva
mais intrusão do governo na prática médica assim como "enfra­
para cada quatro nascimentos vivos nos EUA (Ventura e cols.,
2008). A Diretoria Executiva do American College of Obste­ quecendo o direito das mulheres" descrito por Justice Gins­

tricians and Gynecologists (2004) defende o direito legal das burg em sua opinião divergente (Charo, 2007; Greene, 2007).

mulheres de obter um aborto antes da viabilidade fetal e consi­ Suas opiniões estão em sincronia com a do American College
of Obstetricians and Gynecologists (2004) declarando que a
dera isto um assunto médico entre a mulher e o seu médico.
intervenção de corpos legislativos na tomada de decisão médica é
inapropriada, não recomendada eperigosa.
Aborto nos EUA
Em 1973, a Suprema Corte dos EUA legalizou o aborto. Até Aconselhamento antes do aborto eletivo
então, apenas abortos terapêuticos podiam ser realizados legal­ O aborto pode ser realizado por métodos clínicos ou cirúrgi­
mente na maioria dos estados. A definição legal mais comum cos com o uso de diversas técnicas exibidas na Tabela 9-3. As
de aborto terapêutico era a interrupção da gravidez antes da características clínicas distintas de cada técnica são mostradas
viabilidade fetal com o objetivo de salvar a vida da mãe. Alguns na Tabela 9-4. Paul e colaboradores (1999) resumiram deta­
estados estenderam a lei para "prevenir lesão corporal séria ou lhadamente várias técnicas de aborto. A gravidez do primeiro
permanente à mãe" ou "preservar a vida ou saúde da mulher". trimestre pode ser removida cirurgicamente por curetagem ute­
Certos estados permitiam o aborto caso a gravidez tivesse a rina ou com o uso de diversos tratamentos clínicos.
228 Anteparto

TABELA 9·3 Técnicas de aborto com Easwood e colaboradores (2006), apenas 10% dos progra­
mas não fornecem treinamento em aborto eletivo.
Técnicas cirúrgicas Em razão destas diferenças, influenciado por convicções
Dilatação cervical seguida por esvaziamento uterino políticas e morais, o American College of Obstetricians and
Curetagem
Gynecologists (2004) respeita a necessidade de e responsabili­
Aspiração a vácuo (curetagem por aspiração)
dade dos provedores de saúde por determinar as suas posições
Dilatação e esvaziamento (diI. e esv.)
baseadas em crenças pessoais. Certamente, os médicos treina­
Dilatacão e extração (dil. e ext.)
Aspiração menstrual
dos para atenderem mulheres devem estar familiarizados com
Laparotomia
várias técnicas de aborto a fim de que as complicações possam
Histerotomia ser tratadas ou a paciente ser encaminhada ao tratamento ade­
Histeredomia quado (Steinauer e cols., 2005a).
Técnicas clínicas
Ocitocina intravenosa Aborto cirúrgico
Líquido hiperosmolar intra-amniótico A gravidez pode ser ni terrompida cirurgicamente através do
Solução salina a 20Dfo colo apropriadamente dilatado ou via transabdominal por
Solução salina a 30% meio de histerotomia ou histerectomia. Na ausência de doença
Prostaglandinas E2, F2"' E, e análogos
materna sistêmica, os procedimentos de aborto não requerem
Injeção intra-amniótica
hospitalização. Quando o aborto é realizado fora do ambiente
Injeção extraovular
Inserção vaginal
hospitalar, devem estar disponíveis os recursos para reanimação
Injeção parenteral
cardiopulmonar e transferência mi ediata para o hospital.
Ingestão oral
Dilatação e curetagem (dil. e cur.)
Antiprogesterona - RU 486 (mifepristona) e epostano
Metotrexato - intramuscular e oral As abordagens transcervicais ao aborto cirúrgico requerem inicial­
Várias combinações destas acima mente a dilatação do colo uterino e, a seguir, evacuação da gravidez
pela raspagem mecânica do seu conteúdo - curetagern pela suc­
ção do conteúdo-, curetagem por sucção ou ambas. A aspiração a
vácuo, a forma mais comum de curetagem por sucção, requer uma
Treinamento em técnicas de aborto na residência cânula rígida conectada a uma fOnte de vácuo movida a energia
Em razão de aspectos controversos n
i erentes, o treinamento dos elétrica (Maclsaac e Darney, 2000; Masch e Roman, 2005). Alter­
residentes de ginecologia e obstetrícia em técnicas de aborto tem nativamente, a aspiração a vácuo manual usa urna cânula seme­
sido tanto defendido quanto condenado. O American College lhante que se conecta a uma seringa portátil para a sua fonte de
of Obstetricians and Gynecologists (2009) defende o treina­ vácuo (Goldberg e cols., 2004). A probabilidade de complicações
mento dos residentes em técnicas de aborto. Em alguns progra­ aumenta após o primeiro trimestre, como perfUração uterina, lace­
mas, como na Universidade da Califórnia, em São Francisco, ração cervical, hemorragia, remoção incompleta do feto e placenta,
um curso eletivo com treinamento durante 6 semanas em técni­ além de infecções. Assim, a curetagem por raspagem ou curetagem
cas de aborto para a equipe do hospital foi mi plantado em 1980. por sucção devem ser realizadas antes de 14 a 15 semanas.
De 1998 a 2003, 40 residentes completaram o treinamento, e As evidências levam a que a profilaxia antimicrobiana seja
nenhum desistiu da rotatividade (Steinauer e cols., 2005b). fornecida a todas as mulheres submetidas ao aborto cirúrgico
Outros programas, como o nosso no Parkland Memorial Hos­ transcervical. Com base na revisão de 1 1 estudos randomizados,
pital, ensinam aos residentes os aspectos técnicos do aborto por Sawaya e colaboradores (1996) concluíram que os antimicro­
meio do tratamento dos abortos retidos precoces assim como a bianos diminuíram o risco de infecção em aproximadamente
interrupção da gravidez em razão de morte fetal, graves anoma­ 40%. Nenhum outro esquema terapêutico parece superior.
lias fetais e patologias clínicas ou cirúrgicas da mãe. De acordo Um esquema terapêutico cômodo, de baixo custo e eficaz é o da

TABELA 9·4 Características dos abortos clínico e cirúrgico

Aborto clinico Aborto cirúrgico


Geralmente evita procedimento invasivo Envolve procedimento invasivo
Geralmente evita anestesia Permite o uso de sedação se desejado
Requer duas ou mais consultas Geralmente requer uma consulta
Demora dias a semanas para ser concluído Concluído em um período de tempo previsível
Disponível durante a gestação inicial Disponível durante a gestação inicial
Alta taxa de sucesso (aproximadamente 95o/o) Alta taxa de sucesso (99%)
Sangramento moderado a acentuado por pouco tempo Sangramento geralmente leve
Requer o acompanhamento para assegurar a conclusão do aborto Não requer acompanhamento em todos os casos
Requer a participação da paciente durante o processo de múltiplas fases Participação da paciente em um processo de única fase

Reimpressa, com autorização, a partir de American College oi Obstetricians and Gynecologists. Tratamento clinico do aborto. ACOG Practice Bulletin 67. Washington,
,

DC: ACOG; 2005.


Aborto 229

doxiciclina na dose de 100 mg 2 vezes/dia VO durante 7 dias após a aprovação pela FDA de um novo desenho de dispositivo
(Fjerstad e cols., 2009). (Food and Drug Administration, 2008).
Para inserir os dilatadores higroscópicos, o colo uterino é
Dilatação e esvaziamento (dil. e esv.) limpo com solução de iodopovidona, sendo puxado anterior­
Após 16 semanas, o tamanho e estrutura fetais ditam o uso mente com um tenáculo. A seguir, um dilatador higroscópico
dessa técnica. A ampla dilatação cervical mecânica, obtida com de tamanho apropriado é n
i serido com o auxilio de uma pinça
dilatadores metálicos ou higroscópicos, precede a destruição uterina de modo que a extremidade seja colocada no nível do
mecânica e o esvaziamento das partes fetais. Com a remoção orifkio interno (ver a Fig. 9-6). Após 4 a 6 h, a laminária terá
completa do feto, uma cureta a vácuo de grande diâmetro é aumentado e dilatado o colo suficientemente para facilitar a
usada para remover a placenta e o tecido restante. dilatação mecânica e curetagem. A expansão da larninária é fre­
quentemente acompanhada de cólicas.
Dilatação e extração (dil. e ext.) Um dilema n
i teressante é apresentado pela mulher que
É semelhante à dil atação e esvaziamento, exceto pelo fato de recebe um dilatador higroscópico para ter efeito durante a noite
que o esvaziamento por aspiração do conteúdo intracraniano em preparação para o aborto eletivo no dia seguinte, mas depois
após o parto do corpo do feto através do colo dilatado ajuda muda de ideia. Schneider e colaboradores (1991) descreveram s
i to
na extração e minimiza a lesão uterina ou cervical causada por nas gestações do primeiro trimestre e em 14 gestações do segundo.
n
i strumentos ou ossos fetais. Na linguagem política, este pro­ Quatro pacientes retornaram à decisão original e abortaram suas
cedimento foi chamado de aborto por nascimento parcial, como gestações. Das17 restantes, houve 14 partos a termo, dois par­
discutido anteriormente. tos pré-termo e um aborto espontâneo 2 semanas mais tarde.
Nenhuma das mulheres apresentou infecção mórbida, n i cluindo
Dilatadores higroscópicos. O traumatismo da di
l atação mecâ­ três mulheres não tratadas cujas culturas cervicais fOram positivas
nica pode ser minimizado com o uso de dispositivos que di
l atam para clamídia. Contudo, apesar destes dados relativamente tran­
lentamente o colo uterino (Fig. 9-6). Estes dispositivos, chama­ quilizadores, parece prudente adotar uma atitude de irrevogabili­
dos de dilatadores higroscópicos, absorvem a água dos tecidos cervi­ dade quanto à colocação do dilatador e realização do aborto.
cais e se expandem, dilatando gradualmente o colo uterino. Um
tipo de dil atador higroscópico origina-se dos caules da Lamnaria
i Prostaglandinas. Como alternativa aos dilatadores higroscó­
digitata ou Laminariajaponica, uma alga marrom. Os caules são picos,várias preparações de prostaglandinas podem ser colocadas
cortados, descascados, moldados, secados, esterilizados e emba­ no f
órnix vaginal posterior para ajudar a dilatação subsequente.
lados nos tamanhos pequeno (3 a 5 mm de diâmetro), médio Maclsaac e colaboradores (1999) randomizaram mulheres para
(6 a 8 mm ) e grande (8 a 10 mm). As larninárias altamente receberem 400 �g de misoprostol colocado na vagina 4 h antes
higroscópicas supostamente agem absorvendo água dos comple­ do aborto no primeiro trimestre, em comparação com a colo­
xos proteoglicanos, fazendo com que os complexos se dissociem, cação de laminária. O misoprostol foi capaz de realizar dilata­
permitindo, assim, que o colo uterino amoleça e dilate. ção igual ou superior, causou menos dor à inserção e produziu
Os dil atadores higroscópicos sintéticos, tais como o Lami­ efeitos colaterais semelhantes. Convém enfatizar que esta dose
cel e Dilapan-S, também estão disponíveis. Lamicel é uma de 400 � é muito maior do que a dose oral ou a vaginal na
esponja fina de polivinil acetal em forma de bastão, impregnada i dução do trabalho de parto (ver o Cap. 22).
n
com sulfato de magnésio anidro. O Dilapan-S consiste em um
bastão de hidrogel à base de acrílico. Em 1995, o Dilapan foi Técnica para dilatação e curetagem
retirado do mercado norte-americano em razão da preocupação Após o exame bimanual para determinar o tamanho e orienta­
sobre a fragmentação do dispositivo, tendo sido reintroduzido ção do útero, insere-se um espéculo e aplica-se iodopovidona

A B c

FIGURA 9-6 Inserção de laminária antes da dilatação e curetagem. A. Laminária imediatamente após ser corretamente colocada com a sua
extremidade superior através do orifício interno. B. Várias horas mais tarde, a laminária mostra-se aumentada, e o colo do útero dilatado e mole.
C. Laminária inserida excessivamente no orifício interno; a laminária pode romper as membranas.
230 Anteparto

uterina (Fig. 9-8). Quando não há mais


tecido aspirado, uma leve curetagem deve
ser realizada para remover quaisquer frag­
mentos placentários ou fetais (Fig. 9-9).
Como o útero é caracteristicamente
perfurado durante a inserção de qualquer
n
i strumento, as manipulações devem ser
realizadas apenas com o polegar e dedo
i dicador (Fig. 9-7). Sendo após 16 sema­
n
nas de gestação, o feto é extraído geralmente
em partes com o uso da pinça de Sopher e
outros instrumentos de destruição. Os riscos
da pinça consistem em perfuração uterina,
laceração cervical bem como sangramento
uterino em razão de feto e placenta de
grande tamanho e paredes uterinas mais
finas. A morbidade pode ser minimizada se
(1) o colo for dilatado adequadamente antes
da tentativa de remoção dos produtos da
concepção, (2) os instrumentos forem intro­
duzidos no útero e manipulados sem força, e
(3) todo o tecido for removido.

Complicações. A incidência da perfuração


uterina associada à dilatação e curetagem
FIGURA 9-7 Dilatação do colo do útero com um dilatador de Hegar. Observar que o quarto e para o aborto eletivo é variável. Dois deter­
quinto dedos apoiam-se sobre o perineo e nádega em posição lateral à vagina. Esta manobra minantesm i portantes são a experiência do
é uma medida de segurança importante - pois se o colo útero relaxa abruptamente, estes clínico e posição do útero. A probabilidade
dedos impedem o movimento súbito e não controlado do dilatador, uma causa comum da
de perfuração será maior se o útero estiver
perfuração uterina.
retrovertido. A perfuração uterina aciden­
tal geralmente é facilmente reconhecida
ou uma solução equivalente sobre o colo uterino. O lábio cer­ quando o n i strumento penetra profundamente sem resistência
vical anterior é tracionado com um tenáculo com dentes. no ni terior da pelve. A observação poderá ser suficiente se a per­
O colo, vagina e útero são ricamente supridos por nervos do plexo furação uterina for pequena, como a produzida por uma sonda
de Frankenhauser, situado no interior do tecido conjuntivo lateral uterina ou dilatador fino.
aosgamentos
il uterossacrais. Por isso, as injeções paracervicais são Embora possível, Chen e colaboradores (2008) não relata­
mais eficazes se aplicadas imediatamente laterais à inserção dos ram a ocorrência de separação cicatricial uterina em 78 mulheres

ligamentos uterossacrais no útero. Um anestésico local, p. ex., submetidas anteriormente a cesariana ou cesariana miomecto­
5 mf de lidocaína a 1 ou 2%, pode ser n i jetado às 4 e 8 h na base rnia, e que posteriormente foram submetidas a aborto clínico
do colo uterino. Mankowski e colaboradores (2009) relataram ou cirúrgico em razão de falha na gravidez n i icial.
que um bloqueio intracervical com alíquotas de 5 mf de lidocaína Consideráveis lesões intra-abdorninais podem ser causadas
a 1%, ni jetada às 12, 3, 6 e 9 h, foi igualmente eficaz. A vasopres­ por instrumentos, especialmente as curetas de aspiração e raspa­
sina diluída também pode ser adicionada ao anestésico local para gem, passadas através de um defeito uterino para o interior da
diminuir a perda sanguínea (Keder, 2003). cavidade peritonial (Keegan e Forkowitz, 1982). Neste caso, a
Se necessário, o colo uterino pode ser adicionalmente dila­ laparotomia para examinar o conteúdo abdominal é geralmente
tado com dilatadores de Hegar, Hank ou Pratt até que possa o curso de ação mais seguro. Dependendo das circunstâncias, a
i serida uma cânula de aspiração de diâmetro apropriado. A
ser n laparoscopia pode substituí-la. A lesão intestinal não reconhecida
escolha da cânula de tamanho mais adequado leva em conside­ pode causar peritonite grave e sepse (Kambiss e cols., 2000).
ração fatores conflitantes: as cânulas pequenas estão associadas Algumas mulheres podem desenvolver incompetência cer­
ao risco de retenção de tecido intrauterino no pós-operatório, e vical ou sinequias uterinas após a dilatação e curetagem. Rara­
as grandes associadas ao risco de lesão cervical e maior descon­ mente, o aborto realizado por meio de curetagem em gestações
forto. Os quarto e quinto dedos da mão que introduz o dila­ mais avançadas pode induzir à ocorrência de coagulopatia de
tador devem permanecer sobre o períneo e nádega enquanto consumo súbita e grave, podendo ser fatal. Os que contemplam
o dil atador é introduzido no orifício interno (Fig. 9-7). Essa a realização do aborto devem compreender o potencial destas
técnica rninirniza a dilatação forçada e propicia uma proteção complicações raras, porém graves.
contra a perfuração uterina. A sondagem uterina mede a pro­ Se os antirnicrobianos profiláticos forem administrados como
fundidade e inclinação da cavidade uterina antes da inserção da descritos anteriormente, a sepse pélvica diminuirá 40 a 90%, con­
cânula. A cânula de aspiração é movida em direção ao fundo e, forme o procedimento seja cirúrgico ou clínico. A maioria das
a seguir, puxada de volta em direção ao orifício sendo girada infecções que se desenvolve responde rapidamente ao tratamento
circunferencialmente para cobrir toda a superfície da cavidade antirnicrobiano apropriado (Cap. 31). Raramente, pode haver
Aborto 231

infecções, como endocardite bacteriana, as


quais, porém, podem set fatais Qeppson e
cols., 2008).

Aspira�ão menstrual
A aspiração da cavidade endometrial pode
ser completada com o uso de uma cânula
Karman flexível de 5 ou 6 mm conectada
a uma seringa. Quando realizada em 1 a
3 semanas após um período menstrual
não ocorrido, esta é chamada de cctra­
çáo mmstrua4 induçfÍJJ mmstrual, mens­
truação instantânea, aborto traumático e
miniaborto. Nesta fase inicial da gestação,
a gravidez não pode ser diagnosticada
corretamente, um zigoto implantado
-----
pode não ser captado pela cureta, a gra­
videz ectópica pode não ser reconhecida
ou raramente o útero pode ser perfu­
rado. Mesmo assim, Paul e colaboradores
(2002) relataram uma taxa de sucesso de
98% em mais de 1.000 mulheres subme­
tidas a este procedimento. O teste de gra­
videz positivo elimina um procedimento FIGURA 9-8 Uma cureta de aspiração é inserida até o fundo uterino e a seguir de volta ao
desnecessário na mulher não grávida cuja orifício interno. Durante a inserção e retração, a cu reta é simultaneamente girada 360° várias
- -
menstruaçao atrasou por outras razo es. vezes para remover o tecido circunferencialmente a partir das paredes uterinas.
Para identificar a placenta no aspirado,
Maclsaac e Damey (2000) recomendam
que o conteúdo da seringa seja lavado em
um coador, para remover o sangue, e a
seguir colocado em um recipiente plástico
nansparente com solução salina para ser
examinado com iluminação de fundo. Ao
exame macroscópico, o tecido placentário,
apresenta-se mole, macio e brando. Uma
lupa, colposcópio ou microscópio também
podem melhorar a visualização.

Aspira�ão manual a vácuo


&te procedimento, realizado no consultó­
rio, assemelha-se à aspiração menstrual, mas
é usado para as rnlhas no início da gravidez
assim como para a interrupção eleriva até
12 setnanas de gestação. Masch e Roman
(2005) recomendam que a interrupção da
gravidez no consultório com este método
seja limitada a 10 setnanas de gestação ou
menos. Certamente, as perdas sanguíneas
aumentam acentuadamente entre 1O e
"""""--;oo....._
12 semanas (Westfall e cols., 1998).
O procedimento usa uma seringa
manual de 60 mf e uma cânula. O vácuo
- criado na seringa e conectado à cânula,
inserida no útero através do colo uterino
- é ativado, produzindo até 60 mmHg de
aspiração. Embora as complicações sejam
semelhantes a outros métodos cirúrgicos,
não são maiores (Goldberg e cols., 2004). FIGURA 9-9 lntroduçao de uma cureta de raspagem. O instrumento é segurado com o pole·
Nas gravidezes com menos de 8 se­ gar e dedo indicador. No movimento da cu reta para cima, deve-se usar apenas a força destes
manas, não há necessidade de preparo dois dedos.
232 Anteparto

cervical. Após este período, alguns recomendam dilatadores TABELA 9·5 Esquemas terapêuticos para a interrupção clínica
osmóticos colocados no dia anterior ou misoprostol adminis­ da gravidez inicial
trado 2 a 4 h antes do procedimento. O bloqueio paracervical,
Mifepristona /Misoprostol
com ou sem sedação intravenosa, ou a sedação consciente são
Mifepristona•, 100 a 600 mg VO seguida por:
os métodos usados para anestesia.
Misoprostolb, 200 a 600 �g VO ou 800 �g por via vaginal em
múltiplas doses durante 6 a 72 h
Laparotomia
Metotrexato/misoprostol
Em alguns poucos casos, a histerotomia abdominal ou histe­
Metotrexato', 50 mg/m2 1M ou VO, seguido por:
rectomia para o aborto são preferíveis à curetagem ou indução
Misoprostold, 800 �g por via vaginal em 3 a 7 dias. Repetir, se
clínica. Se o comprometimento uterino for significativo, a his­ necessário, 1 semana após a administração inicial de metotrexato
terectomia poderá ser o tratamento ideal. A histerotomia com
Misoprostol isoladamente
ligação tubária ou, posteriormente, a histerectomia podem ser
800 �g por via vaginal, repetidos por até 3 doses
indicadas para as mulheres que desejam a n i terrupção da gra­
videz e a esterilização. Algumas vezes, com a falha de indução •Doses de 200 versus 600 mg são igualmente eficazes.
clínica durante o segundo trimestre, pode ser necessária a histe­ bA via oral pode ser menos eficaz e associada a mais náuseas e diarreia. Pode ser
administrado por via sublingual ou oral. A infecção pélvica pós·procedimento é
rotomia ou histerectomia. significativamente mais comum na via vagina do que na via oral. Possivelmente
mais eficaz quando administrado em 36 a 48 h em vez de 6 h.
'Eficácia semelhante quanto às vias de administração.
Aborto clínico dEficácia semelhante quando administrado no dia 3 em vez do dia S.
Dados do American College oi Obstetricians and Gynecologists (2005); Borgatta
Ao longo da História, muitas substâncias de ocorrência natural (2001); Bracken (2007); Chen (2008); Creinin (2001, 2007); Fjerstad (2009);
Guest (2007); Hamoda (2005); Schaff (2000), Shannon (2006); von Hertzen
foram tentadas como abortivas. Inúmeros casos resultaram em (2007); Wiebe (1999, 2002); Winikoff (2008); e todos os seus colaboradores.
doenças sistêmicas graves ou mesmo a morte em vez de aborto.
Mesmo atualmente, são usados poucos fármacos abortivos efi­
cazes e seguros. a redução de 93% na taxa de infecções graves (de 0,93 por 1.000,
De acordo com o American College of Obstetricians and para 0,06 por 1.000). Por fim, o metotrexato e misoprostol são
Gynecologists (2005b), o aborto clínico ambulatorial é uma teratógenos, requerendo o seu uso o compromisso por parte da
alternativa aceitável ao aborto cirúrgico nas mulheres selecio­ mulher e do cuidador para completar o aborto.
nadas apropriadamente com gravidezes n i feriores a 49 dias de As contraindicaçóes ao aborto clínico evoluíram a partir dos
gestação. Depois disso, os dados disponíveis, embora menos critérios de exclusão de vários estudos sobre esse tipo de aborto.
robustos, defendem o aborto cirúrgico como método preferível Além de alergias contra as medicações, eles também incluíram
de aborto precoce. a presença de dispositivo intrauterino in situ, anemia profimda,
Três medicações parao aborto clínico precoce foram ampla­ coagulopatia ou uso de anticoagulante e patologias clínicas sig­
mente estudadas e usadas: o antiprogestágeno mifepristona, o nificativas, como doença hepática ativa, doença cardiovascular e
antimetabólito metotrexato e a prostaglandina misoprostoL Estes convulsões não controladas. Além disso, como o misoprostol pode
agentes causam aborto, seja aumentando a contratilidade ute­ reduzir a atividade glicocorticoide, as mulheres com doença da
rina seja revertendo a n i ibição das contrações ni duzida pela suprarrenal ou outros distúrbios que requerem tratamento glico­
progesterona (mifepristona ou metotrexato), seja estimulando corticoide devem ser excluídas (American College ofObstetricians
diretamente o miométrio (misoprostol). Além disso, a mife­ and Gynecologists, 2005b). A dose modificada de metotrexato
pristona causa a degradação do colágeno cervical possivelmente deve ser administrada com cautela (se for o caso) em mulheres com
em razão do aumento da expressão da matriz metaloproteinase disfi.mção renal (Kelly e cols., 2006). As mulheres que consideram
2 (Clark e cols., 2006). a realização do aborto clínico devem receber aconselhamento deta­
Vários esquemas posológicos que se revelaram eficazes são lhado sobre as abordagens clínica e cirúrgica.
mostrados na Tabela 9-5. A mifepristona ou metotrexato são Com o uso da mifepristona, de acordo com a rotulagem,
administrados inicialmente, seguidos após um tempo especifico o misoprostol deve ser administrado pelo provedor. A seguir, a
pelo misoprostol. Guest e colaboradores (2007) randomizaram mulher normalmente precisa permanecer no consultório por 4 h,
450 mulheres para receberem 200 mg de mifepristona por via e, se aparentemente a gravidez foi eliminada, a paciente deve ser
oral, seguida por 800 pg de misoprostol por via vaginal após examinada para confirmar a eliminação. Se durante a observação
6 h ou 36 a 48 h. Quando administrados após 36 a 48 h, a taxa a gravidez não parece ter sido eliminada, o exame pélvico deve ser
de sucesso foi de 96% em comparação com 89% no grupo tra­ realizado antes da alta hospitalar e a consulta da paciente reagen­
tado após 6 h (p < 0,05). Como discutido anteriormente, pelo dada para 1 a 2 semanas mais tarde. Nesta consulta posterior, se o
menos nas "fàlhas gestacionais" (gestação anembriônica, morte exame clínico ou a avaliação sonográfica não confirmam o aborto
de embrião ou feto, e aborto incompleto ou inevitável), 800 pg completo, geralmente realiza-se o procedimento de aspiração.
de misoprostol por via vaginal como o único agente foram efi­ Nos esquemas terapêuticos que empregam o metotrexato,
cazes em produzir a expulsão completa até o dia 8 em 84% das as mulheres normalmente são examinadas pelo menos 24 h após
mulheres tratadas (Zhang e cols., 2005). Recentemente, Fjerstad a administração de misoprostol e aproximadamente 7 dias após
e colaboradores (2009) compararam as complicações sépticas em a administração de metotrexato, quando então realiza-se um
mais de 225.000 mulheres submetidas ao aborto clínico. Após exame sonográfico. Persistindo a gravidez, administra-se outra
mudarem a via de administração do misoprostol (de vaginal dose de misoprostol, e a paciente é examinada novamente após
para oral), juntamente com a administração profilática de doxi­ 1 semana se a atividade cardíaca feral estiver presente ou em
ciclina durante 7 dias após o procedimento, eles documentaram 4 semanas se não houver atividade cardíaca fetal. Em caso de na
Aborto 233

segunda consulta o aborto ainda não tiver ocorrido, geralmente uma solução isotônica, como a solução salina normal, e evi­
realiza-se a curetagem por aspiração. tando a administração excessiva de soluções intravenosas diluí­
O sangramento e as cólicas com a interrupção clínica da das, não observamos hiponatremia ou intoxicação hídrica.
gravidez podem ser significativamente piores do que os sinto­
mas que ocorrem durante a menstruação. Deve-se administrar Prostaglandina E2
medicação adequada para a dor, que geralmente consiste em Os supositórios de 20 mg de prostaglandina E2 colocados no
um narcótico. De acordo com o American College of Obstetri­ fórnix vaginal posterior constituem maneira simples e eficaz de
cians and Gynecologists (2005b), a troca de dois ou mais absor­ realizar o aborto no segundo trimestre. Contudo, este método
ventes por hora durante pelo menos 2 horas é o limite em que não é mais eficaz do que a ocitocina em altas doses e causa efei­
a mulher deve ser n i struída a enttar em contato com o médico, tos colaterais mais frequentes, como náuseas, vômitos e diarreia
que irá determinar se ela necessita ser examinada. (Owen e cols., 1992). Caso seja usada a prostaglandina E2, um
O aborto clínico precoce é altamente eficaz - 90 a 98% antiemético, como a metocloprarnida, um antitérmico, como o
das mulheres não precisam de intervenção cirúrgica (Kahn e paracetamol, e um antidiarreico, como o difenoxi l ato/atropina,
cols., 2000). De acordo com Hausknecht (2003), houve apenas devem ser administrados pata prevenir ou tratar os sintomas.
139 complicações relatadas ao fabricante com o uso de mifepris­
Prostaglandina E1
tona quando administrada com misoprostol a 80.000 mulheres
pata o aborto clínico. O misoprostol pode ser usado facilmente e de maneira batata
A intervenção cirúrgica desnecessária em mulheres subme­ como agente único na interrupção da gravidez no segundo tri­
tidas ao aborto clínico poderá ser evitada se os resultados sono­ mestre. Em seu estudo randomizado, Rarnsey e colaboradores.
gráficos forem ni terpretados corretamente. Especificamente, se (2004) administraram misoprostol na dose de 600 llg por via
não houver saco gestacional na ausência de sangramento abun­ vaginal, seguida por 400 � a cada 4 h. Tais autores relataram
dante, a n
i tervenção será desnecessária na maioria das mulheres, que estas doses causaram o aborto de maneira significativamente
que é verdadeiro mesmo quando, comumente, o útero contém mais rápida do que a ocitocina concentrada, administrada em
restos evidentes ao exame sonográfico. combinação com a prostaglandina E2- tempo mediano até
o aborto de 12 h em comparação com 17 h, respectivamente.
Aborto do segundo trimestre O misoprostol causou o aborto em 24 h a 95% das mulheres
em comparação com 85% no outro grupo. Ainda mportante,
i
Os métodos invasivos de aborto clínico no segundo trimestre apenas 2% das mulheres no grupo tratado com misoprostol
encontram-se disponíveis há longo tempo, estando alguns lista­
necessitaram de curetagem em razão de retenção placentária
dos na Tabela 9-3. Entretanto, nos últimos 25 anos a capacidade em comparação com 15% no grupo tratado com ocitocina/
de realizar aborto no segundo trimestre de maneira segura e efi­ prostaglandina �- Kapp e colaboradores (2007) relataram que
caz evoluiu consideravelmente. De grande importância entre os a mifepristona na dose de 200 mg, administrada 1 dia antes
métodos não invasivos, encontram-se a administração n i travenosa
do misoprostol, reduziu o tempo mediano até a expulsão de
de altas doses de ocitocina e administração vaginal de prostaglan­
18 pata 10 h em comparação com o grupo placebo.
dinas, incluindo supositórios de prostaglandina � e comprimi­ O resultado do aborto no segundo trimestre, n i duzido cli­
dos de prostaglandina E1 (misoprostol). Independentemente do nicamente após cesariana anterior, tem sido o assunto de vários
método, a colocação do dilatador higroscópico como mosttada
relatos. Embora alguns relatórios n i iciais fossem desanimado­
na Fig. 9-6 diminui a duração (Goldberg e cols., 2005).
res, as evidências recentes não se mostram tão pessimistas. As
Ocitocina revisões sistemáticas, realizadas por Berghella e colaboradores
(2009) assim como Goyal (2009), revelaram que o risco de rup­
Administrada como agente único em altas doses, a ocitocina
tura uterina nestas mulheres tratadas com misoprostol foi de
efetua o aborto do segundo trimestre em 80 a 90% dos casos.
cerca de apenas 0,3 a 0,4%.
Por mais de 15 anos, o esquema terapêutico mostrado na Tabela
9-6 tem sido usado com alto grau de segurança e eficácia na
Universidade do Alabama (EUA). Misturando a ocitocina em Consequências do aborto eletivo
Mortalidade materna
TABELA 9·6 Protocolo de ocitocina concentrada para o aborto O aborto legalmente induzido, realizado por ginecologis­
no segundo trimestre tas treinados, especialmente quando realizado nos primeiros
2 meses de gravidez, tem uma taxa de mortalidade inferior a
50 unidades de ocitocina em 500 ml de solução salina normal
1 por 100.000 procedimentos (Grimes, 2006; Strauss e cols.,
infundida durante 3 h; diurese de 1 h (sem ocitocina)
2007). Os abortos mais precoces são mais seguros e o risco
100 unidades de ocitocina em 500 me de solucão salina normal
infundida durante 3 h; diurese de 1 h (sem Ócitocina) relativo de morrer como consequência do aborto aproximada­
1 50 unidades de ocitocina em 500 me de solução salina normal mente duplica pata cada 2 semanas após 8 semanas de gestação.
infundida durante 3 h; diurese de 1 h (sem ocitocina) Os CDC registraram 7 mortes relacionadas com o aborto
200 unidades de ocitocina em 500 me de solução salina normal legal em 2004 (Gamble e cols., 2008). De acordo com Horon
infundida durante 3 h; diurese de 1 h (sem ocitocina) (2005), estas mortes são subnotificadas.
250 unidades de ocitocina em 500 me de solucão salina normal
infundida durante 3 h; diurese de 1 h (sem Ócitocina) Impacto em futuras gravidezes
600 unidades de ocitocina em 500 me de solução salina normal Em uma revisão literária sobre o impacto do aborto eletivo no
infundida durante 3 h; diurese de 1 h (sem ocitocina)
resultado da gravidez subsequente, Hogue (1986) resumiu os
Modificada de Ramsey e Owen (2000) com autorização. dados de mais de 200 publicações. Os dados relacionando aborto
234 Anteparto

TABELA 9·7 Resultados na próxima gravidez em 16.883 REFERÊNCIAS


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Parto pré-termo 6,7 5,4 tein-I anribodies markers for recurrem pregnancy loss in lupus amicoagulantl
Peso ao nascimento < 2.500 g 5,1 4,0 anticardiolipn i seronegative women? Am J Reprod Immunol 60:229, 2008
Alijoras-Reig J, Ferrer-Oliveras R, Rodrigo-Anoro J, et ai.: Anti-2-glycoprorein-I
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derando tais limitações. Assim, a fertilidade não parece ser redu­ munizacion. Pracrice Bullecin No. 4, May 1999
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Entretanto, o estudo francês EPIPAGE de caso-controle, encon­ American College of Obsterricians and Gynecologisrs: Anriphospholipid syn­
drome. Praccice Bullerin No. 68, November, 2005a
trou um aumento de 1 ,5 vez na incidência do parto pré-termo
American College of Obsrerricians and Gynecologisrs: Medica! managemenr of
-22 a 32 semanas- em mullieres com história de aborto indu­ aborrion. Praccice Bullerin No. 67, Ocrober 2005b
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