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" A educação depende da união dos saberes, pois o que existe hoje é a total fragmentação,
divisão onde encontramos duas linhas de educação: de um lado a escola, dividida em partes, de
outro lado à vida, onde os problemas são cada vez mais multidisciplinares, globais e
planetários, não podemos dividir a educação do ser humano, porque o ser humano não é
divisível".
Em 1999, a Unesco solicitou ao filósofo francês Edgar Morin a sistematização de um conjunto
de reflexões que servissem como ponto de partida para se repensar a educação do século XXI.
O autor acredita que a educação acontece nas mais variadas esferas da vida do ser humano
desde o seu nascimento passando pelas incertezas, destruições, desenvolvimento, e verdadeiras
metamorfoses das evoluções desorganizadas até sua morte.
É preciso ter uma visão capaz de perceber o conjunto. É necessário dizer que não é a quantidade
de informações, nem a sofisticação, que podem fornecer sozinhas um conhecimento pertinente,
mas sim a capacidade de colocar o conhecimento no contexto. O contexto tem necessidade de
seu próprio contexto. E o conhecimento, atualmente, deve se referir ao global. Por exemplo, os
acidentes locais têm repercussão sobre o conjunto e as ações do conjunto sobre os acidentes
locais. Tudo o que fazemos influencia o outro.
Ensinar a compreensão:
A palavra compreender vem do latim, compreendere, que quer dizer: colocar junto todos os
elementos de explicação, ou seja, não ter somente um elemento de explicação, mas diversos.
A grande inimiga da compreensão é a falta de preocupação em ensiná-la.
Na realidade, isto está se agravando, já que o individualismo ganha um espaço cada vez maior.
Estamos vivendo numa sociedade individualista, que favorece o sentido de responsabilidade
individual, que desenvolve o egocentrismo, o egoísmo e que, consequentemente, alimenta a
auto-justificação e a rejeição ao próximo.
Por isso, é importante compreender não só os outros como a si mesmo, a necessidade de se
autoexaminar, de analisar a auto-justificação, pois o mundo está cada vez mais devastado pela
incompreensão.
Enfrentar as incertezas:
Apesar das escolas ensinarem somente as certezas, como a gravitação de Newton e o
eletromagnetismo, atualmente a ciência tem abandonado determinados elementos mecânicos
para assimilar o jogo entre certeza e incerteza, da microfísica às ciências humanas.
É necessário mostrar em todos os domínios, sobretudo na história, o surgimento do
inesperado.
As duas guerras mundiais destruíram muito na primeira metade do século XX. Três grandes
impérios da época, por exemplo, o romano-otomano, o austro-húngaro e o soviético,
desapareceram.