Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
PROCESSO CIVIL – I
Noções gerais e princípios
Pressupostos processuais
Atos processuais
DGAJ
Centro de Formação - 2019
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 4
6.1.1 Entrega ou remessa a juízo das peças processuais – art.º 144.º .................... 29
2
Manual de apoio / Processo Civil I
6.3.3 Comunicação dos atos .................................................................... 45
3
Manual de apoio / Processo Civil I
NOÇÕES GERAIS SOBRE PROCESSO CIVIL
1. INTRODUÇÃO
Na maioria das vezes, o processo identifica-se com o conjunto dos atos que hão-de
praticar-se em juízo na propositura e desenvolvimento da ação.
Numa aceção mais concreta, o processo significa ainda o mesmo que pleito, litígio,
demanda ou causa – a situação concreta resultante da pretensão de tutela jurisdicional
deduzida por determinada pessoa com oposição ou possibilidade dela por parte duma outra.
Assinale-se ainda que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) definiu processo como uma
organização normativa de atos, cuja essência é a constituição do caminho global tendente à
solução de diferendos e ao respeito pelos valores e interesses legítimos.1
Por outro lado, o Direito Processual Civil é também um ramo de direito instrumental na
medida em que se destina à aplicação do Direito Civil, o qual se afigura como um direito
substantivo ou material, regulador das relações entre os indivíduos ou entre eles e o Estado
(agora, despido do seu “iure imperii”, ou seja, despido do seu poder de soberania, porque
posicionado num plano de igualdade com os demais cidadãos).
1
Cfr. o Assento n.º 12/94, publicado no Diário da República (DR), I série, n.º 167, de 21/7/1994, retificado no DR n.º 186, de
12/8/1994.
2
Lei n.º 41/2013, de 26 de junho, retificada pela Declaração de Retificação n.º 36/2013, de 12/8.
4
Manual de apoio / Processo Civil I
Os direitos e obrigações que regulam as relações entre os indivíduos estão previstos no
Código Civil e cabe ao Direito Processual Civil definir os contornos que materializam tais
direitos.
O direito civil impõe o dever de indemnizar pelos danos causados a quem, com dolo ou
mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem conforme previsto no art.º 483.º do
Código Civil. Mas é o direito processual civil que define o modo de materialização do
correspondente direito à indemnização por parte do lesado. É este ramo do direito que vai
reger a atuação do lesado quando ele recorre aos tribunais para ser ressarcido, bem como a
atuação da contraparte e do tribunal.
Artigo 2.º: prevê que, face à concentração da ação declarativa comum na forma única,
as referências feitas em qualquer diploma aos processos declarativos ordinário, sumário ou
sumaríssimo, se considerem realizadas ao processo declarativo comum. Também, na mesma
esteira, as referências feitas ao tribunal coletivo, em processos não previstos no CPC,
consideram-se feitas ao juiz singular, sem prejuízo das ações pendentes à data de 1 de
Setembro de 2013 em que já tenha sido admitida a intervenção do tribunal coletivo, casos em
que o julgamento é realizado por este tribunal, nos termos previstos na data dessa admissão.
Artigo 3.º: versa sobre a intervenção oficiosa do juiz no decurso do primeiro ano
subsequente à entrada em vigor do novo código. Pretende-se que, durante esse período de
tempo, se previna o erro sobre o regime legal aplicável por força da aplicação das normas
5
Manual de apoio / Processo Civil I
transitórias desta lei, podendo o juiz corrigir o erro ou convidar as partes a fazê-lo. Deve
ainda o juiz promover a superação do equívoco proveniente do erro sobre o conteúdo do
regime processual aplicável, demonstrado pelas partes nas peças processuais apresentadas,
por forma a evitar a prática de ato não admissível ou a omissão de ato que seja devido.
Artigo 4.º: revoga vários diplomas, nomeadamente o Código de Processo Civil de 1961, o
Regime Processual Civil Experimental e o D.L. n.º 4/2013, de 11/1, que procedeu à aprovação
de um conjunto de medidas urgentes de combate às pendências em atraso no domínio da
ação executiva.
O n.º 1 determina como regra geral que o novo Código de Processo Civil é imediatamente
aplicável às ações declarativas pendentes, sem prejuízo do disposto nos números 2 a 6.
O n.º 2 ressalva que no que se refere à forma do processo, as normas relativas à sua
determinação, só são aplicáveis às ações instauradas após a entrada em vigor do novo código,
o que equivale por dizer que, por exemplo, as ações já instauradas mantêm a sua forma
ordinária, sumária ou sumaríssima, apesar de o novo regime não prever já estas formas de
processo.
Parece-nos que o que se pretendeu com esta norma foi determinar tão só que, apesar da
aplicação a todos os processos pendentes do novo código, se mantivesse a possibilidade de
continuarem a existir os articulados previstos para as ações iniciadas antes de 1 de Setembro
de 2013. Em tudo o resto, ou seja, nas normas incluídas nas disposições gerais e comuns, deve
aplicar-se o novo processo civil conforme dispõe o n.º 1. Como exemplo poderemos aqui
referir o caso de uma Ação Ordinária, instaurada no dia 31 de Agosto de 2013, em que a
citação do réu, efetuada em Setembro de 2013, na vigência do novo código, vai ser realizada
de acordo com as novas normas, embora se mantenha sempre a possibilidade de existirem os
articulados previstos para aquela ação. Paradigmático será o caso de a ré ser uma pessoa
coletiva que será citada de acordo com o disposto no art.º 246.º do novo código.
Esta interpretação resulta do facto de entendermos que a citação não se inclui na fase
dos articulados, mas sim nas disposições gerais e comuns, e que quando o legislador se referiu
a ela apenas quis proporcionar às partes a possibilidade de se manterem os articulados
originais da ação. Não nos parece que estaria na sua mente que se pudessem manter em
vigor, para as ações anteriores a 1 de Setembro de 2013, as disposições do código ora
revogado. Não faria sentido que, salvo melhor opinião, sendo a simplificação e a
6
Manual de apoio / Processo Civil I
uniformização processuais uma das linhas orientadoras da reforma, se fizessem citações e
notificações ao abrigo de dois regimes processuais diversos.
Em resumo: parece-nos que esta norma visa apenas manter em vigor a possibilidade de
as partes se servirem dos articulados previstos para as ações intentadas antes de 1 de
Setembro de 2013, e que no mais se aplicam sempre as normas do novo código.
O n.º 4 prevê que, nas ações anteriores à entrada em vigor da nova lei se encontrem na
fase dos articulados, devem as partes, terminada esta fase, ser notificadas para, em 15 dias
apresentarem os requerimentos probatórios ou alterarem os que hajam apresentado. Esta
norma justifica-se uma vez que a lei nova se aplica a todos os processos pendentes, e não
existe hoje norma idêntica à do art.º 512.º do código revogado. Hoje é obrigatória a
apresentação da prova juntamente com os articulados, pelo que naqueles processos terá a
secretaria que proceder, oficiosamente, à notificação aqui prevista.
De acordo com o n.º 5, nas ações em que tenha já sido admitida a intervenção do
tribunal coletivo, o julgamento é realizado por este tribunal.
Art.º 6.º: este artigo versa sobre as disposições transitórias relativas à ação executiva.
O n.º 1 determina que o novo código tem aplicação a todas as execuções pendentes, com
as necessárias adaptações, onde se inserem, naturalmente, as instauradas até 15 de Setembro
de 2003.
No n.º 3 prevê-se que o novo código, no que respeita aos títulos executivos, às formas do
processo executivo, ao requerimento executivo e à tramitação da fase introdutória, apenas se
aplica às execuções iniciadas após a sua entrada em vigor. Justifica-se esta norma em face da
alteração introduzida no elenco dos títulos executivos, nas formas de processo e na
consequente tramitação da fase introdutória. Os títulos executivos viram o seu elenco
alterado no sentido da supressão dos documentos particulares, assinados pelo devedor,
passando a ser contemplados apenas os títulos de crédito, ainda que meros quirógrafos
(obrigação contraída por meio de escrito particular). Quanto à forma, a ação executiva
comum deixa ter a forma única para passar a ser Ordinária ou Sumária. No que se refere à
fase introdutória, ou seja, da apreciação preliminar do requerimento executivo, a escolha
deixa de ser feita sempre pelo agente de execução para passar a sê-lo apenas nas Execuções
Sumárias. Nas Execuções Ordinárias há sempre, nesta fase introdutória, intervenção do juiz.
7
Manual de apoio / Processo Civil I
O n.º 4 versa sobre a aplicação da lei nova aos procedimentos e incidentes de natureza
declarativa, tais como a oposição à execução e à penhora, a reclamação de créditos ou a
caução. Determina que a lei nova apenas se aplica àqueles que forem deduzidos a partir da
data da entrada em vigor do novo código. Quer isto dizer que poderemos ter a correr, em
simultâneo, uma oposição à execução instaurada antes de 1/9/2013 e uma oposição mediante
Embargos de Executado, se instaurada após aquele data, com os efeitos correspondentes e
diversos.
Art.º 7.º: sobre a epígrafe “Outras disposições” o legislador prevê a tramitação dos
recursos e das providências cautelares.
O n.º 1 determina que aos recursos interpostos de decisões que venham a ser proferidas
após 1 de Setembro de 2013, em ações instauradas antes de 1 de Janeiro de 2008, é aplicável
o regime previsto no D.L. n.º 303/2007, de 24 de Agosto, com as alterações da nova lei. De
fora fica apenas o n.º 3 do art.º 671.º. Assim sendo passa a existir uma uniformização no
regime recursório.
A lei processual civil recorre à formulação de princípios gerais para cuja compreensão é
fundamental uma adequada articulação nas tarefas de interpretação e integração das normas
processuais, uma vez que tais princípios se transformam em critérios orientadores da busca
das soluções mais adequadas aos casos concretos.
Princípio da legalidade
A todo o direito, exceto quando a lei determine o contrário, corresponde a ação adequada
a fazê-lo reconhecer em juízo, a prevenir ou reparar a violação dele e a realizá-lo
coercivamente, bem como os procedimentos necessários para acautelar o efeito útil da
ação, o que pressupõe a existência de base legal que preveja tanto o direito reivindicado
como a respetiva ação (cfr. n.º 2 do art.º 2.º).
3
Rita Lobo Xavier, Inês Folhadela, Gonçalo Andrade de Castro (Elementos de Direito Processual Civil – Teoria Geral, Princípios,
Pressupostos; Universidade Católica Editora-Porto-2014; pág. 133).
8
Manual de apoio / Processo Civil I
Este princípio arrasta consigo o da adequação formal segundo o qual é atribuído ao
juiz o poder-dever de adotar a tramitação processual adequada às especificidades da
causa e adaptar o conteúdo e a forma dos atos processuais ao fim que visam atingir,
assegurando, dessa forma, um processo equitativo – art.ºs 547.º; 37.º, n.º 3; 266.º, n.º 3.
Princípio do dispositivo
O tribunal só intervém na resolução do litígio a pedido das partes, que, para o fim em
vista, alegam, no caso do autor, os factos que integram a causa de pedir e o réu os factos
em que suporta a defesa.4
Com base nos factos alegados o juiz profere a sua decisão – art.ºs 3.º, n.ºs 1 e 5.º
Princípio do contraditório
Este é um princípio basilar do direito processual civil. Segundo este princípio, as
decisões dos tribunais devem ser precedidas de audição da parte contrária, salvos os casos
excecionais legalmente previstos – art.º 3.º, n.ºs 2 a 4 - como acontece, por exemplo,
nalguns procedimentos cautelares, em que as decisões são tomadas sem prévia audiência
da parte contrária, respeitando-se, no entanto, o princípio do contraditório a posteriori -
art.ºs 366.º, n.º 1; 378.º e 393.º, n.º 1.
Com o CPC de 2013 este princípio adquiriu uma maior amplitude pois que, além de
estabelecer que o juiz deve observar e fazer cumprir, ao longo de todo o processo o
princípio do contraditório, assegura às partes o direito de serem ouvidas, antes de
qualquer decisão que venha a ser proferida nos autos. Desta forma, acautela a lei que o
juiz não decida questões de direito ou de facto, mesmo que de conhecimento oficioso,
sem que as partes tenham tido a possibilidade de sobre elas se pronunciarem.
4
“Regulando o processo civil a discussão judicial de relações jurídicas privadas e estando estas na disponibilidade das partes,
diz-se que o processo civil é, essencialmente, dispositivo, ou seja, está dependente da livre disponibilidade das partes, podendo
estas instaurá-lo ou não (dominus litis), fazê-lo continuar ou não e mesmo pôr-lhe cobro” – Paulo Pimenta – “Processo Civil
declarativo”, Almedina 2014, pág. 12.
5
Paulo Pimenta, obra citada, pág. 25; a propósito, cfr. Lebre de Freitas (Introdução ao processo civil. Conceito e princípios
fundamentais à luz do código revisto, 3.ª edição, Coimbra 2013, págs. 124-125).
9
Manual de apoio / Processo Civil I
Princípio do inquisitório
Este princípio encontra na atual lei processual um amplo acolhimento, quer no âmbito
do dever de gestão processual, quer no campo da instrução do processo (cfr. art.ºs 6.º e
411.º).
O n.º 2 do mesmo art.º 6.º assegura ao juiz o poder de determinar a realização dos
atos necessários à regularização da instância, de providenciar oficiosamente pela sanação
da falta de pressupostos processuais, ou de convidar as partes ao seu suprimento (cfr.
art.ºs 590.º e 193.º, n.º 3).
Princípio da preclusão
Significa que, ultrapassado certo momento ou certa fase processual, esgota-se o
direito facultado às partes destinado à prática de atos processuais – art.º 139.º, n.º 3.
Princípio da cooperação
O princípio da cooperação assume particular importância no novo processo civil, onde
se apela ao contributo de todos os operadores judiciários e demais intervenientes
processuais, sejam eles acidentais ou não, na realização dos fins do processo,
responsabilizando-os pelos resultados obtidos. A concretização deste princípio determina
deveres processuais de cooperação, tanto para as partes e seus mandatários, como para o
juiz. Devem todos colaborar entre si, contribuindo para se obter a justa composição do
litígio (cfr. art.ºs 7.º, 6.º, n.ºs 2 e 3, 417.º, 590.º, n.º 4).
10
Manual de apoio / Processo Civil I
Princípio da boa-fé processual
Nos termos do art.º 8.º impende sobre as partes um dever geral de boa-fé, cuja
violação poderá consubstanciar litigância de má-fé, nomeadamente no que se refere aos
deveres de cooperação previstos no art.º 7.º.
Este dever de correção é também extensivo aos funcionários judiciais uma vez que,
nos termos do n.º 3 do art.º 157.º “Nas relações com os mandatários judiciais, devem os
funcionários agir com especial correção e urbanidade”.
Por exemplo, a apensação de ações prevista no art.º 267.º, também cabe no âmbito
deste princípio.
4. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Não se verificando algum desses requisitos, como a legitimidade das partes, a capacidade
judiciária de uma delas ou de ambas, o juiz terá, em princípio, que abster-se de apreciar a
procedência ou improcedência do pedido, por falta de um pressuposto essencial para o efeito.
Se a falta de um dos pressupostos não for sanada, o juiz deverá reconhecer a existência de
uma exceção dilatória e proferir uma decisão de absolvição da instância (art.ºs 278.º e 577.º).
6
Antunes Varela, J. Miguel Bezerra, Sampaio e Nora; Manual de Processo Civil, 2.ª edição, pg. 104.
11
Manual de apoio / Processo Civil I
A doutrina distingue pressupostos positivos de pressupostos negativos. Os primeiros são os
requisitos cuja existência é essencial para que o juiz se deva pronunciar sobre a procedência
ou improcedência da ação, tais como a personalidade judiciária, a capacidade judiciária, a
legitimidade, o interesse processual, a competência do tribunal e o patrocínio judiciário. Os
outros são os factos cuja verificação impede o juiz de entrar na apreciação do mérito do
pedido, dos quais se destacam a litispendência e o compromisso arbitral.
Vamos agora estudar brevemente alguns destes pressupostos, nomeadamente aqueles que
requerem a intervenção do oficial de justiça.
***
Por exemplo, os menores têm personalidade judiciária, mas, no entanto, não têm
capacidade judiciária.
Os menores sujeitos ao poder paternal dos pais, enquanto réus, são citados nas pessoas
de ambos os pais (art.º 16.º).
***
12
Manual de apoio / Processo Civil I
4.2 Competência do tribunal
***
A Competência internacional
As questões a dirimir em tribunal podem estar em contacto com mais do que uma ordem
jurídica, caso em que se torna necessário determinar os limites da competência internacional
dos tribunais de cada um dos Estados. A cada Estado corresponde, quer em matéria de
legislação, quer em matéria de jurisdição, uma área de intervenção relativamente restrita.
7
Poder Jurisdicional – Poder de julgar, de proferir uma decisão acerca de um litígio submetido pelas partes à apreciação do
órgão de jurisdição. “Proferida a sentença, fica imediatamente esgotado o poder jurisdicional do juiz quanto à matéria da
causa”, pelo que a partir daí, já só lhe é lícito “retificar erros materiais, suprir nulidades, esclarecer dúvidas existentes na
sentença e reformá-la quanto a custas e multa”, mas não alterar a decisão, ainda que venha a convencer-se de que ela não foi a
mais adequada ou a mais justa. O mesmo princípio se aplica, “até onde seja possível”, aos despachos. - Ana Prata, Dicionário
Jurídico, 3.ª edição, pág. 741.
8
LOSJ-Lei da Organização do Sistema Judiciário, Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto, regulamentada pelo Decreto-Lei n.º 49/2014,
de 27 de março (ROFTJ).
9
É a lei do processo que fixa os fatores de que depende a competência internacional dos tribunais judiciais, como refere o n.º 2
do art.º 37.º da LOSJ.
10
Destacamos, em matéria de regulamentos, o Regulamento (EU) n.º 1215/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de
Dezembro de 2012, relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial
(revogou no seu art.º 66.º (Disposições transitórias) o Regulamento (CE) n.º 44/2001 do Conselho, de 22.12.2000, relativo à
competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial), e o Regulamento (CE) n.º
2201/2003 do Conselho, de 27.11.2003, relativo à competência, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria
matrimonial e em matéria de responsabilidade parental.
13
Manual de apoio / Processo Civil I
A Competência interna (art.º 60.º n.º 2) pode ser atribuída em razão:11
- da matéria
- da hierarquia
- do território
***
A incompetência absoluta é uma exceção dilatória, que pode ser suscitada pelas partes
e deve ser conhecida oficiosamente pelo tribunal em qualquer momento do processo,
enquanto não houver sentença transitada em julgado sobre o mérito da causa (art.ºs 96.º a
101.º, 576.º, 577.º, al. a) e 578.º).
***
***
14
Manual de apoio / Processo Civil I
De um modo geral, o princípio que norteia tais normas é o de que o recurso ordinário
deve ser interposto para o tribunal imediatamente superior àquele que proferiu a decisão
recorrida, sendo também o tribunal imediatamente superior àquele onde exercem funções o
competente para conhecer das ações de indemnização contra magistrados, e igualmente o
tribunal imediatamente superior ao tribunal ou tribunais em conflito que deve conhecer dos
respetivos conflitos de competência (art.ºs 67.º a 69.º e 110.º).
***
12
Cfr. Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro.
A Área Metropolitana de LISBOA integra os seguintes municípios: Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa,
Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Sesimbra, Setúbal, Seixal, Sintra e Vila Franca de Xira
(www.aml.pt).
A Área Metropolitana do PORTO integra os seguintes municípios: Arouca, Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa
de Varzim, Santa Maria da Feira, Santo Tirso, S. João da Madeira, Trofa, Vale de Cambra, Valongo, Vila do Conde e Vila Nova
de Gaia (www.amp.pt).
A sede da sociedade é o seu domicílio, sem prejuízo de no contrato se estipular domicílio particular para determinados
negócios – art.º 12.º, n.º 2 do Código das Sociedades Comerciais integralmente republicado com o Dec. Lei n.º 76-A/2006, de 29
de Março.
15
Manual de apoio / Processo Civil I
Julgada procedente a exceção e transitada a respetiva decisão, o processo é remetido
para o tribunal competente (art.º 105.º, n.º 3).
A constituição de mandatário judicial é obrigatória nos casos previstos nos art.ºs 40.º e
58.º.
Com efeito, o conhecimento destas regras pelos oficiais de justiça assume particular
importância, na medida em que os réus, ao serem citados, deverão ser informados sobre a
obrigatoriedade ou não de patrocínio judiciário na ação respetiva – cfr. art.º 227.º.
Nos casos de constituição obrigatória, não tendo a parte constituído advogado, deve ser
notificada para o constituir, em prazo a fixar pelo juiz, sob pena de o réu ser absolvido da
instância, de não ter seguimento o recurso ou de ficar sem efeito a defesa. Esta notificação
pode ser requerida pela parte contrária ou ser oficiosamente ordenada pelo juiz e deve
conter expressamente a cominação supra referida (art.º 41.º).
16
Manual de apoio / Processo Civil I
Quando, no processo, seja requerida a renúncia ou a revogação de mandato, a secretaria,
independentemente de despacho13, notifica o facto ao mandante (renúncia) ou ao
mandatário (revogação) e em qualquer dos casos, também, à parte contrária, com os efeitos
daí resultantes a produzirem-se somente a partir das notificações.
No que respeita à nomeação oficiosa de advogado, convém referir que, nos casos de
urgência, se aplica, com as necessárias adaptações, o disposto para as nomeações urgentes
em processo penal, conforme determina o n.º 3 do art.º 51.º (cfr. o art.º 39.º da Lei do Apoio
Judiciário e os art.ºs 62.º a 67.º do CPP).
***
13
Esta notificação insere-se nas notificações oficiosas da secretaria previstas no n.º 2 do art.º 220.º.
17
Manual de apoio / Processo Civil I
prática de atos por este delegados, cumprindo-lhe realizar oficiosamente as
diligências necessárias para que o fim daqueles possa ser prontamente
alcançado.
Os oficiais de justiça, no exercício das funções através das quais asseguram
o expediente, autuação e regular tramitação dos processos, dependem
funcionalmente do magistrado competente – art.º 6.º, n.º 3 do Estatuto dos
Funcionários de Justiça, aprovado pelo Dec. Lei n.º 343/99, de 26/08.
Não praticar atos inúteis – para além de ser uma quebra da boa ordem
processual, ofende a economia e celeridade, podendo o oficial de justiça ser
condenado nas respetivas custas (art.ºs 130.º e 534.º, n.º 2);
Os atos deverão ser redigidos em língua portuguesa e ter a forma que, nos
termos mais simples, melhor corresponda ao fim que visam atingir, devendo
o seu conteúdo ser claro e não deixar dúvidas quanto à sua autenticidade
(art.ºs 131.º e 133.º);
A tramitação eletrónica dos processos cíveis é efetuada nos termos da
Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto (cfr. art.º 132.º).
A forma dos atos é determinada pela lei que vigore no momento da sua
prática, ao passo que a lei que vigore à data da propositura da ação
determina a forma do processo (art.º 136.º);
Praticar os atos oficiosos (nomeadamente, art.ºs 220.º, 226.º, 231.º, 232.º,
233.º e seguintes, 246.º e 570.º, n.ºs 5 e 6);
Não praticar atos judiciais nos dias em que os tribunais estiverem
encerrados, nem durante as férias judiciais, à exceção das citações,
notificações, registos de penhora e daqueles que se destinem a evitar dano
irreparável, bem como os atos urgentes (art.º 137.º).
5.1 Impedimentos
Por outro lado, o oficial de justiça encontra na própria lei - art.º 115.º, n.º 1, alíneas
a), b) e i), aplicável por força do n.º 2 do art.º 118.º – impedimentos que lhe vedam o
exercício de funções em determinados processos, de modo a garantir a imparcialidade e
isenção na tramitação processual.
Sempre que tais situações se verifiquem o oficial de justiça que esteja investido em
lugar de chefia, deve fazer o processo concluso e declarar as razões do seu
impedimento para que o juiz dele tome conhecimento e, se for caso disso, designe
outro oficial de justiça para tramitar o processo (art.º 118.º, n.ºs 3 e 4).
18
Manual de apoio / Processo Civil I
Importa agora saber em que momento se considera proposta a ação, atento o regime
regra e as seguintes situações excecionais:
Assim, a ação considera-se proposta num dos seguintes momentos (n.º 1 do art.º
259.º):
Iniciada uma ação, ela poderá ser suspensa nos casos enumerados nos art.ºs 269.º e 272.º,
não podendo, no entanto, a suspensão por acordo das partes ir além de três meses – art.º
272.º, n.º 4.
A suspensão da instância implica a suspensão dos prazos em curso, mas, nos casos de
falecimento ou de extinção de alguma das partes e de falecimento ou impossibilidade
absoluta do mandatário judicial, a suspensão inutiliza a parte do prazo já decorrida (art.º
275.º do CPC.).
Exemplo:
19
Manual de apoio / Processo Civil I
Admitamos que em determinada ação comum e em consequência do falecimento do réu,
foi suspensa a instância quando haviam decorrido dez dias do prazo destinado à contestação.
Esse prazo tanto é marcado por lei como pode ser fixado pelo juiz (art.º 138.º n.º 1).
Em todos os processos é necessário respeitar os prazos fixados por lei ou pelo juiz.
Os prazos processuais são marcados por lei ou fixados pelo juiz e a sua contagem
obedece à conjugação dos art.ºs 279.º e 296.º do Código Civil e 138.º do Código de Processo
Civil, determinando este último que os prazos são contínuos, interrompendo-se, no
entanto, durante as férias judiciais, exceto se forem iguais ou superiores a seis meses.
Em tudo quanto não estiver expressamente previsto no art.º 138.º e no que tange ao
cômputo do termo dos prazos aplicam-se as regras do art.º 279.º do Código Civil, por via do
art.º 296.º do mesmo Código.
Dilatório é o prazo que difere para certo momento a realização de um ato ou início da
contagem de um outro prazo (dilatório ou perentório).
20
Manual de apoio / Processo Civil I
Exemplo dum prazo dilatório é o vulgarmente designado “prazo dos éditos”, que tantas e
tantas vezes é referido no nosso meio profissional. Afixando-se edital e publicado o anúncio
para citação de certa pessoa para contestar uma ação no prazo de 30 dias, este prazo
perentório não se inicia com a publicação do anúncio.
Se o prazo dilatório (o tal prazo dos éditos) for de 30 dias, este sim, inicia-se a partir da
data da publicação do anúncio, logo seguido do prazo perentório de 30 dias, contando-se
como um único - art.º 142.º. Ou seja, o prazo de 30 dias para a parte contestar (perentório) é
“atirado” para momento imediatamente subsequente ao termo do prazo dilatório de 30 dias.
O art.º 140.º prevê a possibilidade de a parte praticar o ato para além do limite do prazo
pré-fixado se o juiz reconhecer verificado o justo impedimento invocado pela parte.
Como vimos, o prazo está delimitado a montante pela data da ocorrência do facto que
lhe dá início e a jusante pela data limite.
De notar que, se o prazo original for prorrogado, seja por acordo das partes nos termos
previstos no art.º 141.º do CPC, seja a pedido de uma das partes (cfr. por exemplo o art.º
569.º, n.º 5), o “prazo da prorrogação” acresce ao inicial e conta-se como um único.
21
Manual de apoio / Processo Civil I
Exemplo:
DO CÓDIGO CIVIL
ARTIGO 296.º
22
Manual de apoio / Processo Civil I
b)- Na contagem de qualquer prazo não se inclui o dia, nem a hora, se o
prazo for de horas, em que ocorrer o evento a partir do qual o prazo começa
a correr;
PRAZOS FIXADOS EM
23
Manual de apoio / Processo Civil I
Prazos fixados em
24 horas 1 dia
48 horas 2 dias
***
Estabelece o art.º 138.º do CPC que os prazos processuais são contínuos e suspendem-se
nas férias judiciais15, à exceção dos que tiverem duração igual ou superior a 6 meses e dos
que se destinem à prática de atos em processos que a lei considere urgentes, como é caso das
ações cautelares comuns, a que faremos referência mais adiante.
14
O disposto nesta alínea está refletido no n.º 2 do art.º 138.º do CPC em conjugação com o art.º 137.º n.ºs 1 e 2 do mesmo
diploma.
15
As férias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro, do domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa e de 16 de
Julho a 31 de Agosto - art.º 28.º da Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto - Lei da Organização do Sistema Judiciário.
24
Manual de apoio / Processo Civil I
SIM - Inferior a 6 meses
O prazo processual
suspende-se
nas férias judiciais
- Igual a 6 meses
NÃO - Superior a 6 meses
- Qualquer duração em processos urgentes
Quando o prazo destinado à prática de atos processuais pelas partes não estiver
fixado por disposição legal ou por despacho judicial, ele tem-se por fixado em 10 dias
(art.º 149.º, n.º 1).
Não sendo paga a multa devida, a secretaria toma a iniciativa de liquidá-la, desta feita,
de valor igual à multa prevista no n.º 5 do art.º 139.º acrescida de 25% deste valor, e
notifica a parte para efetuar o pagamento voluntário da multa no prazo de 10 dias, para o
que lhe envia as guias respetivas (n.º 6 do art.º 139.º), desde que se trate de ato praticado
por mandatário.
Se o ato for praticado diretamente pela parte, desde que a ação não seja de
constituição obrigatória de mandatário, tal pagamento só é devido após notificação efetuada
pela secretaria, para, no prazo de 10 dias, proceder ao pagamento da multa (n.º 7 do art.º
139.º).
25
Manual de apoio / Processo Civil I
Exemplo16:
LIQUIDAÇÃO
Responsável:
Processo: nº
TAXA DE JUSTIÇA
- IGFEJ -
Multa
Pagamento imediato
Observação:
16
Com este exemplo pretende-se apenas ilustrar a liquidação da multa, sendo certo que o impresso tipo consta da aplicação
informática instalada nas secretarias.
26
Manual de apoio / Processo Civil I
A observar:
Exemplo:
Num processo comum de declaração (segue sempre a forma única – art.º 548.º) com o
valor de €24.000,00, o réu apresentou a contestação no 1.º dia útil seguinte ao termo do
prazo, pagando imediatamente a multa devida.
Tal multa, neste caso, teria o valor correspondente a 10% da taxa de justiça devida
pelo ato (10% x €204,00), ou seja, €20,40.
Se o réu não solicitasse as guias ou não pagasse a multa até ao 1.º dia útil posterior
ao da prática do ato, a secretaria, independentemente de despacho, notificá-lo-ia para,
no prazo de 10 dias (art.º 28º do R.C.P.), pagar a multa acrescida de uma penalização de
25% do valor da multa, desde que se tratasse de ato praticado por mandatário, tudo no
valor de €25,50 (€20,40+€5,10), enviando-lhe, para o efeito, as respetivas guias
(Portaria n.º 419-A/2009 de 17 de abril) – n.º 6 do art.º 139.º.
Se o ato fosse praticado diretamente pela parte, em ação que não importe a
constituição de mandatário, a secretaria, independentemente de despacho, notificá-la-
ia para, no prazo de 10 dias, pagar a multa, no valor de €20,40, enviando-lhe, para o
efeito, as respetivas guias (Portaria n.º 419-A/2009 de 17 de abril) – n.º 7 do art.º 139.º.
Não se praticam atos processuais nos dias em que os tribunais estiverem encerrados,
nem durante as férias judiciais, excetuados os casos de citação, notificação, os registos de
penhora e os atos que se destinem a evitar dano irreparável – art.º 137.º, n.ºs 1 e 2.
Quando o prazo para a prática do ato processual terminar em dia em que os tribunais
estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte – art.º
138.º, n.º 2.
27
Manual de apoio / Processo Civil I
As secretarias funcionam nos dias úteis das 09h00 às 12h30 e das 13h30 às 17h00 e
encontram-se encerradas nos sábados, domingos, feriados e tolerâncias de ponto17.
Da conjugação dos preceitos atrás indicados resulta claramente que o ato processual
que se pretender praticar em qualquer dos 3 primeiros dias úteis subsequentes ao termo do
prazo a que se refere o n.º 5 do art.º 139.º, pode sê-lo após o decurso das férias judiciais,
uma vez que, excetuados os casos de urgência, cujos prazos correm também em férias, não
se praticam atos processuais durante as férias judiciais.
1/9/2015 (3.ª Feira), 1.º dia útil após o termo do prazo (após férias).
2/9/2015 (4.ª feira), 2.º dia útil após o termo do prazo.
3/9/2015 (5.ª feira), 3.º dia útil após o termo do prazo.
Sempre mediante o pagamento das multas previstas nos n.ºs 5 e 6 do art.º 139.º.
17
Horário de funcionamento - As secretarias funcionam, nos dias úteis, das 9 às 12 horas e 30 minutos e das 13 horas e 30
minutos às 17 horas. 2- O disposto no número anterior não prejudica a instituição, por despacho do ministro da Justiça, de
horário contínuo. 3- As secretarias encerram ao público uma hora antes do termo do horário diário. 4- As secretarias
funcionam igualmente aos sábados e feriados que não recaiam em domingo, quando seja necessário assegurar serviço urgente,
em especial o previsto no Código de Processo Penal e na Organização Tutelar de Menores.
28
Manual de apoio / Processo Civil I
6 ATOS EM GERAL
Com a entrada em vigor da Lei n.º 41/2013, de 26 de junho (Código de Processo Civil),
tornou-se imperioso adequar a legislação complementar com vista ao enquadramento legal de
diversas matérias, como é o caso da tramitação eletrónica, regulada, até então, pela Portaria
n.º 114/2008, de 6 de fevereiro, e que veio a ser revogada com a entrada em aplicação, em 1
de setembro de 2013, da Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto que regula os vários aspetos
da tramitação eletrónica dos processos judiciais.
Em consequência – nos tribunais de 1.ª instância, nas ações executivas cíveis, nos
incidentes que corram por apenso à execução, nas ações declarativas cíveis, procedimentos
cautelares e notificações judiciais avulsas, com exceção dos processos de promoção e
proteção das crianças e jovens em perigo e dos pedidos de indemnização civil ou dos
processos de execução de natureza civil, deduzidos no âmbito de processo penal - de acordo
com os art.ºs 1.º a 3.º da Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto e n.º 1 do art.º 144.º, como
regime regra, os atos processuais que devam ser praticados por escrito pelas partes são
apresentados a juízo por transmissão eletrónica de dados, valendo como data da prática do
ato processual a da respetiva expedição.
O n.º 7 do art.º 144.º exceciona da obrigação supra referida, as causas em que não seja
obrigatória a constituição de mandatário, permitindo, às partes que não estejam
patrocinadas, o recurso aos seguintes meios:
b) Remessa pelo correio, sob registo, valendo como data da prática do ato
processual a da efetivação do respetivo registo postal;
29
Manual de apoio / Processo Civil I
Art.º144.º Forma de apresentação Data da prática do ato
Transmissão eletrónica de
A Da expedição
dados
D Telecópia Da expedição
Em obediência ao disposto no n.º 4 do art.º 552.º do CPC e no art.º 9.º da Portaria n.º
280/2013, de 26 de agosto, a parte que enviar a petição inicial por transmissão eletrónica de
dados, deverá proceder da mesma forma para a apresentação do comprovativo do prévio
pagamento da taxa de justiça ou da concessão do benefício do apoio judiciário ou somente do
pedido deste benefício nos casos previstos no n.º 5 do art.º 552.º.
o Documentos
Os documentos cujo suporte físico não seja em papel ou cujo papel tenha espessura
superior a 127 g/m2 ou inferior a 50g/m2 ou ainda quando o formato seja superior a A4,
30
Manual de apoio / Processo Civil I
devem ser juntos em suporte físico, no prazo de 5 dias18 (n.ºs 5 e 6 do art.º 6.º da Portaria
280/2013, de 26 de agosto).
A peça processual (Ex: uma petição inicial, um requerimento de interposição de
recurso…) e respetivo formulário ou o conjunto da peça processual e dos documentos, não
pode exceder 10 Mb, nos casos em que este limite seja excedido em virtude da dimensão da
peça processual a sua apresentação bem como dos documentos que a acompanhem, pode ser
efetuada por entrega na secretaria judicial19 ou através de remessa pelo correio, sob
registo20, ou ainda por telecópia21 (n.ºs 1 e 2 do art.º 10.º da Portaria 280/2013, de 26 de
agosto e n.º 7 do art.º 144.º do CPC).
Se o conjunto da peça processual e dos documentos exceder o limite de 10 Mb, em
virtude da dimensão dos documentos, a peça processual será apresentada eletronicamente
via “Citius” e os documentos serão apresentados, no mesmo dia, pela mesma via, através do
menor número de requerimentos.
Se a peça processual for uma petição inicial sujeita a distribuição, a apresentação dos
documentos deve ser efetuada até ao dia seguinte ao da distribuição (n.ºs 3 e 4 do art.º 10.º
da Portaria 280/2013, de 26 de agosto).
No caso de, por si só, os documentos desrespeitarem o limite de 10 Mb, podem estes ser
apresentados, no prazo de 5 dias, após entrega da peça processual (esta já entregue via
Citius) por uma das seguintes modalidades: entrega direta na secretaria judicial, remessa por
correio, sob registo, ou telecópia (n.º 5 do art.º 10.º da Portaria 280/2013, de 26 de agosto).
o Dispensa de duplicados e cópias
18
A este prazo aplica-se o regime previsto nos n.ºs 5 a 7 do art.º 139.º do CPC.
19
Vale como data da prática do ato processual a respetiva entrega.
20
Vale como data da prática do ato processual a da efetivação do respetivo registo.
21
Vale como data da prática do ato processual a da expedição.
31
Manual de apoio / Processo Civil I
n.º 3 e 19.º todos da Portaria n.º 280/2013 e 132.º e 144.º do CPC, com dispensa de remessa
dos originais, duplicados e cópias, sem prejuízo de o juiz o determinar nos termos previstos
nos n.ºs 1 e 2 do art.º 4.º da Portaria n.º 280/2013, de 26/8.
Apresentação em Papel
Artigo 2.º
32
Manual de apoio / Processo Civil I
Artigo 4.º
Força probatória
Por conseguinte, quando as partes praticarem atos processuais por meio de telecópia,
devem apresentar no tribunal, no prazo de 10 dias a contar do envio da telecópia, apenas os
originais das peças que sejam “articulados” (petição inicial, contestação, réplica, articulado
22
Artigo 363.º do Código Civil - Modalidades dos documentos escritos - 1 ... 2 - Autênticos são os documentos exarados, com as
formalidades legais, pelas autoridades públicas nos limites da sua competência ou, dentro do círculo de atividades que lhe é
atribuído, pelo notário ou outro oficial público provido de fé pública; todos os outros documentos são particulares. 3 - Os
documentos particulares são havidos por autenticados, quando confirmados pelas partes, perante notário, nos termos
prescritos nas leis notariais. Cfr. tb. art.º 35.º do Código do Notariado - "Espécies de documentos".
23
Determina o artigo 6.º do Dec. Lei n.º 329-A/95, de 12 de Dezembro, na redação dada pelo art.º 4.º do Dec. Lei n.º 180/96, de
25 de Setembro, que os prazos de natureza processual estabelecidos em quaisquer diplomas a que seja subsidiariamente
aplicável o disposto no art.º 144.º do Código de Processo Civil consideram-se adaptados à regra da continuidade, pelo que, em
tais circunstâncias, o prazo de sete dias fixado nesta disposição passou a ser de 10 dias.
Este regime estendeu-se ao processo penal a partir de 01/01/1999, data em que entrou em vigor a Lei n.º 59/98, de 25/08,
cujo art.º 8.º al. a) revogou o n.º 3 do art.º 6.º do citado DL 329-A/95.
O mesmo aconteceu com os processos regulados pelo CPEREF, visto que o n.º 2 do seu art.º 14.º foi alterado pelo Dec. Lei n.º
315/98, de 20 de Outubro.
24
Artigo 144.º, n.º 7 do Código de Processo Civil – “As partes não representadas por mandatário judicial podem praticar os atos
processuais através da entrega na secretaria judicial, remessa pelo correio, sob registo, ou por telecópia, as duas ultimas
modalidades de envio podem ser praticadas em qualquer dia, independentemente da hora da abertura e do encerramento dos
tribunais.”
Art.º 141.º da LOSJ- 1 - As peças processuais e os processos apresentados nas secretarias são registados nos termos previstos
na lei. 2 - Depois de registados, os suportes em papel das peças processuais e dos processos só podem sair da secretaria nos
casos expressamente previstos na lei e mediante as formalidades por ela estabelecidas, cobrando-se recibo e averbando-se a
saída em suporte eletrónico. 3 - É privilegiado o uso de meios eletrónicos para transmissão e tratamento de documentos
judiciais e tratamento de documentos judiciais e para a sua divulgação, nos termos da lei, junto dos cidadãos.
33
Manual de apoio / Processo Civil I
superveniente) e bem assim dos “documentos autênticos ou autenticados” (cfr. art.ºs 363.º e
seguintes do Código Civil).
Quanto às demais peças processuais e documentos particulares que as devam acompanhar
(ex. alegações, requerimentos), incumbe às partes conservarem em seu poder os respetivos
originais até ao trânsito em julgado da decisão final, podendo o juiz, a todo o tempo,
determinar a respetiva apresentação (cfr. n.ºs 3 a 5 do citado art.º 4.º do Dec. Lei n.º 28/92).
Tratando-se de petição inicial enviada por telecópia, importa, antes de mais, verificar
se ela passa no crivo do art.º 558.º (recusa de recebimento) e se tal acontecer, isto é, se não
houver motivo de recusa, afigura-se-nos que a ausência dos originais não obsta à distribuição
da petição inicial recebida, independentemente do original, tendo em conta a presunção da
fidedignidade das telecópias reconhecida pelo n.º 1 do art.º 4.º do Dec. Lei n.º 28/92.
Sendo a petição inicial entregue diretamente na secretaria judicial, enviada via postal
sob registo ou através de telecópia:
A falta do comprovativo do pagamento prévio da taxa de justiça inicial ou da concessão
do pedido de apoio judiciário - ou se verificada a exceção prevista no n.º 5 do art.º 552.º, do
comprovativo do pedido de apoio judiciário - constitui fundamento de recusa de
recebimento nos termos da al.ª f) do art.º 558.º;
O autor pode, no prazo de dez dias, subsequentes à notificação da recusa, juntar nova
petição inicial ou os documentos em falta - art.º 560.º.
34
Manual de apoio / Processo Civil I
Decorrido que seja o prazo para reclamação da recusa, ou havendo reclamação, após o
trânsito em julgado da decisão que confirme o não recebimento, a secção de processos
desentranha o ato processual em causa, anulando imediatamente o registo da distribuição
desse ato – art.º 17.º da Portaria n.º 280/2013.
Tendo em conta que estamos a analisar a petição inicial, cuja distribuição é efetuada de
forma automática através do sistema informático25, quando a apresentação do comprovativo
da taxa de justiça ou da concessão de apoio judiciário não possa ser efetuada em conjunto
com a peça processual por desrespeitar o limite dos 10MB – cfr. Ar.º 9.º da Portaria n.º
280/2013 de 26 de agosto, deve a apresentação ser efetuada até ao final do primeiro dia útil
seguinte ao da distribuição, por transmissão eletrónica – n.º 4 do art.º 10.º da Portaria n.º
280/2013, de 26 de agosto.
Se o documento em falta for o da concessão do apoio judiciário ou, nos casos previstos no
n.º 4 do art.º 552.º, do pedido de concessão de apoio judiciário, o procedimento será
idêntico.
Tratando-se de outro articulado que não seja petição inicial, a falta de comprovativo de
pagamento ou da concessão de apoio judiciário, não leva ao desentranhamento mas sim às
sanções previstas nos artigos 570.º e 642.º.
RESUMO:
25
Distribuição por meios eletrónicos – art.º 16.º; Publicação da distribuição – art.º 18.º, ambos da Portaria 280/2013, de 26 de
agosto – Sobre a distribuição: – Disposições Gerais - cfr. art.ºs 203.ºa 205.º; -Disposições relativas à 1.ª Instância – cfr. art.ºs 206.º
a 212.º e Disposições relativas aos Tribunais Superiores – cfr. art.ºs 213.º a 218.º, todos do Código de Processo Civil.
35
Manual de apoio / Processo Civil I
Entrega direta
Recusa pela secretaria de recebimento da petição
inicial – art.º 558.º al.ª f).
Via postal registado
* Se a petição der início a processo que deva correr por apenso, não há lugar a
distribuição (ex: Incidentes instaurados por apenso – Habilitação Não Documental; Embargos
de Terceiro, Habilitação do Adquirente ou Cessionário)26.
Sempre que se trate de causa que não importe a constituição de mandatário, e a parte
não esteja patrocinada, por cada articulado27, requerimento, alegação ou documento
apresentado deve a parte apresentar tantos duplicados e/ou cópias (dos documentos)28
quantos os interessados oponentes que vivam em economia separada, salvo se forem
representados pelo mesmo mandatário, e ainda uma cópia para o tribunal quando se trate de
articulados – art.º 148.º.
26
Estas petições, enviadas obrigatoriamente por transmissão eletrónica, nos casos já referidos e nos termos da Portaria
280/2013, de 26 de agosto, são autuadas por apenso, adquirindo automaticamente o n.º do processo a que respeitam acrescido
de uma letra, dependendo do número e data de remessa das petições a apensar (A,B,C…).
27
Os articulados são as peças em que as partes expõem os fundamentos da ação e da defesa e formulam os pedidos
correspondentes – art.º 147.º CPC.
28
Note-se que não estão sujeitas à apresentação de duplicados as peças apresentadas através de transmissão eletrónica de
dados, caso em que a secretaria imprimirá os exemplares necessários – n.ºs 6 e 7 do art.º 148.º.
36
Manual de apoio / Processo Civil I
Esta multa é paga imediatamente, no momento da apresentação dos elementos em falta,
muito embora a apresentação possa ter lugar por telecópia, através do correio ou ainda por
transmissão eletrónica de dados.
Acautelando a possibilidade do envio ser feito pelo correio e para evitar a prática de atos
inúteis, sugere-se que se aguarde por 5 dias a contar do terceiro dia útil após a notificação
postal (art.º 249.º, n.º 3) a receção do expediente eventualmente enviado pela parte, por via
postal, com base no seguinte raciocínio:
Praticado o ato em qualquer dos 2 dias úteis, se, no momento da receção, não forem
solicitadas guias para pagamento imediato da multa, a secção liquida-a e notifica a parte
para proceder ao pagamento respetivo no prazo de 10 dias, enviando-lhe as respetivas guias
(art.º 28º do R.C.P. e Portaria n.º 419-A/2009, de 17/04).
A lei fundamental, enunciando o princípio da tutela jurisdicional efetiva, prevê que todos
os cidadãos têm direito a que uma causa em que intervenham seja objeto de decisão em
prazo razoável e mediante processo equitativo – art.º 20.º, n.º 4 da CRP.
O não cumprimento deste dever implica a chamada denegação de justiça que pode dar
lugar a responsabilidade criminal e civil e, ainda, a responsabilidade disciplinar.
37
Manual de apoio / Processo Civil I
SENTENÇAS: o ato pelo qual o juiz decide a causa ou incidente.
ACÓRDÃOS: decisões de tribunais colegiais.
DESPACHOS:
Despachos de mero expediente são os que o juiz profere para prover ao andamento
regular do processo sem interferirem no conflito de interesses entre as partes, tal como o
despacho que marca dia e hora para a audiência de julgamento – art.º 152.º, n.º4.29
Despachos proferidos no uso legal do poder discricionário são os proferidos pelo juiz,
no uso legal do seu prudente arbítrio (art.º 152.º, n.º 4).30
Devem ser proferidos no prazo de 2 dias e são irrecorríveis (art.ºs 156.º, n.º 3 e 630.º, n.º
1).
Devem ser proferidos no prazo de 10 dias, na falta de disposição especial e podem ser ou
não passíveis de recurso consoante a matéria que versem e o valor da ação, incidente ou
recurso em que se enquadrem – art.º 156.º, n.º 1
O n.º 5 do art.º 156.º vem introduzir uma nova tarefa à secretaria, que se traduz na
remessa mensal ao presidente do tribunal de informação discriminada dos casos em que se
mostrem decorridos 3 meses sobre o termo do prazo fixado para a prática de ato próprio do
juiz sem este o ter praticado ou, ainda que praticado, mas depois do limite imposto pela
norma, por forma a permitir ao presidente do tribunal a remessa do expediente à entidade
com competência disciplinar (CSM).
SENTENÇAS E ACÓRDÃOS
As sentenças e acórdãos distinguem-se, entre si, porque a sentença é o ato pelo qual o
juiz decide a causa principal ou algum incidentes e o acórdão é uma decisão dos tribunais
colegiais31.
29
Exemplo: despacho que designa dia para julgamento – Ac. TRP de 30/01/2007 Proc. n.º 606/07.
30
Exemplos: despacho que ordena a notificação das partes para suprirem irregularidades dos seus articulados, as insuficiências
ou imprecisões na exposição ou concretização da matéria de facto alegada (art.º s 6.º n.º 2 e 590.º, n.ºs 2, 3 e 4.º) ou o
despacho do relator a convidar as partes a aperfeiçoar as conclusões das respetivas alegações (art.º 652.º, n.º 1-b).
31
Os Tribunais superiores são essencialmente colegiais – Ac. do STJ de 25-09-2014, Proc. n.º 97/13.3YFLSB.S1
38
Manual de apoio / Processo Civil I
As sentenças são os atos processuais pelos quais o juiz decide a causa principal ou um
incidente do processo que apresente a estrutura de uma causa regulada pelo direito
substantivo, conforme dispõe o art.º 152.º, n.º 2.
Todas as decisões que conheçam do mérito da causa são sentenças, quer o juiz o conheça
no despacho saneador (art.º 595.º, n.º 1, al. b)) ou na sentença final (art.º 608.º n.º 2).
São igualmente sentenças as decisões em que, mesmo não decidindo sobre o mérito da
causa, o juiz absolve o réu da instância (art.º 608.º n.º 1), bem como as que homologuem
desistências, confissões ou transações (art.º 290.º, n.º 3), e julguem incidentes com estrutura
de ação.
As decisões judiciais são datadas e assinadas pelo juiz, sendo as sentenças e acórdãos
registados em livro especial 32 – art.º 153.º, n.ºs 1 e 4.
Nos termos do disposto no art.º 151.º o juiz deve providenciar pela marcação das datas
de diligências mediante prévio acordo com os mandatários judiciais que devam comparecer,
para o que pode encarregar a secretaria de realizar de forma expedita os contactos prévios
necessários (via telefónica, fax, correio eletrónico, etc.).
Quando a marcação não possa ser feita com o prévio acordo dos mandatários judiciais,
devem estes, se impedidos noutro serviço judicial já marcado, comunicar o facto ao tribunal,
no prazo de 5 dias, propondo datas alternativas, datas estas que deverão ser sugeridas após
contacto com os restantes mandatários interessados.
32
Também os despachos saneadores, bases instrutórias e audiências preliminares devem ser registadas, conforme oficio circular
de 24 de Outubro de 2003, do Conselho Superior da Magistratura “ I - No que respeita ao arquivo informático das mencionadas peças processuais e
perante a inexistência nos tribunais de meios técnicos que permitam a concretização de tal registo em " CD-Rom ", sendo certo que as disquetes também não garantem a
conservação, a longo prazo, da referida informação, atenta a frequente deterioração das mesmas, sugere-se que esse arquivo seja concretizado no disco rígido de um dos
computadores de cada secção do tribunal, de maneira a poder ser copiado, em qualquer altura, para disquete ou outro suporte informático compatível e dessa forma
disponibilizado aos serviços de inspeção dos magistrados judiciais.
II - O Conselho Superior da Magistratura entende que só se justifica registar, nos moldes indicados, as decisões ou despachos judiciais que incidam sobre questões de fundo
ou de mérito e/ou que, na perspetiva dos senhores juízes, devam ser objeto de tal registo, estando excluídas, nomeadamente, as sentenças de preceito.
III - Nos tribunais judiciais onde não há lugar aos atos judiciais mencionados na Circular de 25 de Setembro de 2003 (por exemplo, os Tribunais de Instrução Criminal), serão
arquivados, nos moldes anteriormente referenciados, as decisões, despachos ou atos de natureza judicial que abordem questões de fundo ou de mérito e/ou que, na
perspetiva dos senhores juízes, devam ser objeto de tal registo
39
Manual de apoio / Processo Civil I
Uma vez que o juiz pode alterar a data inicialmente fixada, o despacho que designa dia
para a diligência é necessariamente cumprido a dois tempos, apenas se procedendo à
notificação dos demais intervenientes após o decurso do prazo de 5 dias atrás referido, ou
seja, depois de definitivamente fixada a data.
A programação, após audição dos mandatários, dos atos a realizar na audiência final,
estabelecer o número de sessões e a sua provável duração bem como as datas a designar,
pode ter lugar na audiência prévia - art.º 591.º, n.º 1 al. g) ou, sendo esta dispensada, no
despacho a que se refere a al. d) do n.º 2 do art.º 593.º, n.º 1.
A audiência só pode ser adiada se ocorrer impedimento do tribunal, se faltar algum dos
advogados – por não ter sido providenciado pelo juiz, a marcação mediante acordo prévio ou
pela ocorrência de motivo que constitua justo impedimento – art.º 603.º.
Gravação da audiência final e documentação dos demais atos presididos pelo juiz
Artigo 155.º.
Aglutinou-se nesta norma o anteriormente estabelecido nos art.ºs 522.º-B, 522.º-C e 159.º,
no que se refere aos registos dos depoimentos prestados em audiência, à forma de gravação e
à documentação dos atos presididos pelo juiz.
Estabelece-se a obrigatoriedade da gravação da audiência final das ações, incidentes e
procedimentos cautelares, a forma como é efetuada e o prazo de 2 dias que a secretaria tem
para a disponibilizar às partes.
A gravação é efetuada em sistema sonoro, no caso através do “Habilus media studio”
disponível na aplicação informática Citius em uso nos tribunais.
A secretaria dispõe do prazo de 2 dias a contar do respetivo ato, para disponibilizar às
partes a gravação efetuada.
A falta ou deficiência da gravação deve ser invocada, no prazo de 10 dias a contar do
momento em que a gravação é disponibilizada.
A secretaria dispõe do prazo de 5 dias, a contar do respetivo ato, para proceder à
transcrição de requerimentos e respetivas respostas, despachos e decisões que o juiz,
oficiosamente ou a requerimento tenha determinado. O prazo para arguir qualquer
desconformidade da transcrição é de 5 dias, a contar da notificação da sua incorporação nos
autos.
***
40
Manual de apoio / Processo Civil I
do magistrado competente – art.ºs 6.º, n.º 3 do EFJ (aprovado pelo DL 343/99, na redação
dada pelo art.º 1.º do Dec. Lei n.º 96/2002, de 12/04) e 157.º, n.º 1 do CPC.
Nota:
Dos atos dos funcionários da secretaria judicial é sempre
admissível reclamação para o juiz de que aquela depende
funcionalmente – art.º 157.º, n.ºs 1 e 5;
Os erros e omissões praticados pela secretaria judicial não
podem, em qualquer caso, prejudicar as partes – art.º 157.º,
n.º 6.
41
Manual de apoio / Processo Civil I
Os oficiais de justiça devem assinar os autos e termos que elaborem, juntamente com as
demais pessoas referidas no art.º 160.º. Exceção a esta norma, ocorre sempre que os atos
sejam praticados por meios eletrónicos e estes atos abranjam uma notificação, uma
comunicação interna, a remessa do processo ao Juiz, ao Ministério Público, outra secretaria
ou secção do mesmo tribunal – art.ºs 144.º do CPC e 21.º da Portaria n.º 280/2013, de 26 de
agosto.
Para além disso, devem rubricar as folhas que não contenham a sua assinatura, salvo
os atos praticados por meios eletrónicos (art.º 161.º, n.º 1, do CPC e 21.º, n.º 2 da Portaria).
As partes e seus mandatários têm o direito de rubricar quaisquer folhas do processo físico
(art.º 161.º, n.º 2).
Decorridos 10 dias sobre o termo do prazo fixado para a prática de ato próprio da
secretaria sem que o mesmo tenha sido praticado, deve ser aberta conclusão com a indicação
da concreta razão da inobservância do prazo.
A natureza pública do processo civil traduz-se no direito de exame e consulta dos autos
na secretaria e de obtenção de cópias ou certidões de quaisquer peças nele incorporadas,
pelas partes ou seus representantes, por qualquer advogado ou solicitador, mesmo que não
esteja constituído mandatário das partes, ou por quem revele interesse “atendível” – art.º
42
Manual de apoio / Processo Civil I
163.º, n.º 1 e 2 – e em caso de dúvida, sobre este direito de acesso ao processo, a secretaria
submetê-la-á, por escrito, à apreciação do juiz – art.º 168.º, n.º 1.
O processo civil é público, salvas as restrições previstas na lei, pelo que o acesso é
limitado nos casos em que a divulgação do seu conteúdo possa causar dano à dignidade das
pessoas, à intimidade da vida privada ou familiar ou à moral pública, ou pôr em causa a
eficácia da decisão a proferir, de que são exemplos, não só os processos constantes das
alíneas a), b) e c) do n.º 2 do art.º 164.º:
Com a introdução desta alínea c), a ação executiva passa a ser o processo com maior
restrição à sua publicidade uma vez que ela apenas pode ser facultada aos executados e seus
mandatários após a citação ou notificação, sendo que, além disso, mesmo depois de citados
ou notificados, é-lhes vedado o acesso à informação sobre os bens indicados à penhora e aos
atos instrutórios da mesma, tais como diligências prévias à penhora e consultas às bases de
dados.
33
Aditada pela Lei n.º49/2018, de 14/8.
43
Manual de apoio / Processo Civil I
Parece-nos que só após a realização da penhora o processo se tornará público para o
executado e seu mandatário, sem prejuízo da restrição sobre outros bens indicados à penhora
e aos respetivos atos instrutórios. Existindo mais executados as restrições manter-se-ão para
estes até à realização da penhora.
A secretaria confia o processo pelo prazo de 5 dias, que pode ser reduzido se causar
embaraço grave ao andamento da causa, exceto quando, por lei ou por despacho do juiz, o
mandatário tenha prazo para exame, casos em que lhe será facultado o processo pelo prazo
marcado (exemplos: alegações por escrito dos art.ºs 567.º, n.º 2, 638.º, 643.º) – art.º 165.º,
n.º 3 e 167.º.
Esta recusa é fundamentada e comunicada por escrito ao interessado, que dela pode
reclamar para o juiz nos termos do art.º 168.º, por força do n.º 4 do art.º 165.º.
Sobre a passagem de certidões convém ter presente o que dispõem os art.ºs 170.º e
171.º do CPC e 29.º da Portaria n.º 280/2013. Quanto às certidões electrónicas ter em
atenção o disposto na Portaria n.º 209/2017, de 13/3 na redação da Portaria n.º 267/2018, de
20/9.34
34
Sobre esta matéria consulte o Manual de apoio à formação “Certidão Judicial Eletrónica” que pode obter na plataforma de e-
learning e através deste link
https://e-learning.mj.pt/dgaj/pluginfile.php/22352/mod_resource/content/7/certidao_eletronica_Citius_v2.pdf; e Nota
informativa “Portaria n.º 267/2018” que também pode consultar no mesmo local e através do seguinte link
https://e-learning.mj.pt/dgaj/pluginfile.php/22955/mod_resource/content/3/Portaria_267_2018_20_setembro.pdf.
44
Manual de apoio / Processo Civil I
proferido sobre o requerimento escrito que justifique a sua necessidade, sendo aí fixados os
limites da certidão – art.º 170.º, n.º 2.
Nos restantes casos, é dever da secretaria passar as certidões que lhe forem
solicitadas, verbalmente ou por escrito, sem necessidade de despacho, pelas partes no
processo, por quem possa exercer o mandato judicial ou ainda por quem revele interesse
atendível em as obter – art.º 170.º, n.º 1.
Quando estas certidões tenham por fim a sua junção a processo judicial pendente, são as
mesmas efetuadas eletronicamente, devendo a secretaria enviá-las, sempre que possível
através do sistema informático, para o tribunal onde corre o referido processo, devendo
conter a indicação do processo a que se destina e de quem requereu a mesma (art.º 29.º da
Portaria n.º 280/2013).
35
Nos casos de manifesta impossibilidade, tais como a escassez de funcionários e a consequente acumulação de serviço, que
inviabilizam o cumprimento dos processos nos prazos legalmente fixados, a secretaria deve indicar o dia, atendendo à sua
capacidade de resposta, em que o requerente se deve apresentar a levantá-la. São de evitar respostas vagas que não
permitam ao requerente saber do momento em que poderá obter a certidão requerida, mesmo que tal signifique a passagem
da certidão em prazo pouco razoável, atento o legalmente fixado. Justifica-se este cuidado, por um lado porque a parte final
do n.º 1 do art.º 171.º assim o determina, e por outro porque, assim se procedendo, são evitados constrangimentos e até
possíveis procedimentos de natureza disciplinar em consequência do disposto nos n.ºs 2 e 3 do mesmo normativo.
45
Manual de apoio / Processo Civil I
Contudo, não sendo possível a comunicação nos moldes supra referidos e num âmbito
mais alargado, ou seja, a necessidade de comunicação dos atos judiciais fora do território
nacional, há que distinguir as comunicações dos atos judiciais da seguinte forma:
Com exceção das citações e notificações pelo correio, que são enviadas diretamente ao
citando, se o ato dever ser praticado fora da comarca, solicitar-se-á a sua realização à
entidade competente com jurisdição na área respetiva, através de:
46
Manual de apoio / Processo Civil I
Nota:
6.4.1 Distribuição
A distribuição visa repartir com igualdade o serviço do tribunal. É através dela e das
operações de classificação, numeração e sorteio dos papéis sujeitos a distribuição, que se
designa a unidade de processos, a instância e o tribunal em que o processo vai correr termos
ou o juiz que vai exercer as funções de relator – art.ºs 203.º, 204.º e 213.º.
Estão sujeitos à distribuição na 1.ª instância todos atos processuais que importem
começo de causa, salvo se forem dependência de outras já distribuídas, correndo nos próprios
36
O Decreto-Lei n.º 28/92, de 27/02, disciplina o regime do uso da telecópia na transmissão de documentos entre tribunais e
outros serviços e para a prática de atos processuais, sem prejuízo do disposto no art.º 144.º do CPC relativamente à data dos
atos praticados por esta via.
47
Manual de apoio / Processo Civil I
autos e tramitadas de forma autónoma as execuções fundadas em sentença - art.º 85.º - e
por apenso ao respetivo processo, as execuções por custas e multas – art.º 87.º e 206.º, n.º
2).
A distribuição dos atos processuais realiza-se duas vezes por dia, às 9 e às 16 horas, de
forma automática através do sistema informático (sem intervenção humana) não obstando a
que se proceda a classificação manual prévia dos processos quando não seja efetuada de
forma automática - art.º 16.º, n.º 3 da Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto.
Havendo erro na distribuição procede-se nos termos previstos no art.º 210.º, norma esta
que se aplica, com as necessárias adaptações, à retificação da distribuição, nos termos do
art.º 211.º.
O tribunal não pode resolver o conflito de interesses que a ação pressupõe sem que a
resolução lhe seja pedida por uma das partes e a outra seja devidamente chamada a deduzir
oposição – art.º 3.º, n.º 1.
Este chamamento é feito por meio de citação, ato através do qual se dá conhecimento ao
réu (aqui referido no sentido lato do termo) de ter sido contra si proposta a ação, sendo
admitido a exercer o direito de defesa no próprio processo.
É também pela via da citação que se chama ao processo, pela primeira vez, qualquer
outra pessoa interessada na causa – art.º 219.º, n.º 1.
37
A reforma de 2013 aboliu os atos que não dependem de distribuição constante do anterior art.º 212.º, que constituíam o lote
dos chamados processos “averbados” que passam também a ser distribuídos.
48
Manual de apoio / Processo Civil I
A citação do réu produz os seguintes efeitos:
Podemos afirmar, em síntese, que, em cada processo, a mesma pessoa é citada uma
só vez e notificada tantas vezes, quantas as que se revelarem necessárias.
A notificação é também a forma de comunicação legal que serve para chamar a juízo
qualquer pessoa não interessada na causa, para nela intervir acidentalmente, como é o caso,
por exemplo, de testemunhas e de peritos (art.º 219.º, n.º 2).
Exemplos: art.ºs 139.º, n.ºs 5 e 6; 140.º, n.º 2; 148.º, n.ºs 2 e 3; 176.º, n.º 1; 183.º; 234.º,
n.º 1; 252.º.
49
Manual de apoio / Processo Civil I
pessoa de qualquer empregado; não se encontrando nenhum deles, o representante será
citado em qualquer lugar onde se encontre (art.ºs 223.º).
O réu que seja menor (art.ºs 15.º do CPC e 67.º, 122.º, 123.º e 124.º do Cód.
Civil) e sujeito ao exercício das responsabilidades parentais dos pais, deve ser
citado nas pessoas de ambos os progenitores (art.º 16.º, n.º 3); e
As pessoas coletivas inscritas no ficheiro central de pessoas coletivas (RNPC)
são citadas nos termos do art.º 246.º, como veremos adiante.
6.4.3 Da citação
A citação pessoal pode ser efetuada por via postal mediante entrega ao citando
de carta registada com aviso de receção, seu depósito ou certificação de
recusa de recebimento nos termos do art.º 228.º a 230.º ou por contacto
pessoal do agente de execução ou do funcionário judicial com o citando nos
termos do art.º 231.º.
É ainda possível a citação promovida por mandatário judicial, nos termos dos artigos
237.º e 238.º.
A citação tem-se por efetuada na própria pessoa do citando, mesmo que feita por via
postal, e ou recebida por terceiro (art.º 230.º do CPC.).
50
Manual de apoio / Processo Civil I
Rosto do modelo para a citação via postal – art.ºs 228.º, 229, n.º
1 e 246.º, do CPC.
51
Manual de apoio / Processo Civil I
Modelo para a citação via postal – art.ºs 228.º, 229.º, n,º 1 e
246.º, n.º 1 do CPC.
Quando a citação diga respeito a duas ou mais pessoas ou entidade com a mesma
residência ou sede, devem ser expedidos tantos sobrescritos e AR’s quantos os
destinatários (ofício-circular n.º 5/97, de 16 de Janeiro, da DGSJ).
Na citação efetuada por depósito da carta nos termos do art.º 229.º, n.º 5 ter-se-á
em atenção aos procedimentos definidos na Portaria n.º 953/2003, de 9 de setembro, assim
como à declaração lavrada pelo distribuidor do serviço postal em local próprio do
sobrescrito.
52
Manual de apoio / Processo Civil I
PESSOAL EDITAL
Na própria pessoa
do citando (228.º)
Contacto
pessoal
53
Manual de apoio / Processo Civil I
Casos em que a citação é precedida de despacho - art.º 226.º, n.º 4 CPC
No ato de citação pessoal (seja ela por via postal ou por contacto pessoal) deve ser
remetido ou entregue ao citando o duplicado da petição inicial e cópia dos documentos com
ela juntos, acompanhados de nota de citação de que conste obrigatoriamente (art.º 227.º):
38
Lei da Organização do Sistema Judiciário
54
Manual de apoio / Processo Civil I
6.4.3.2 Citação por contacto pessoal
A “via postal” está na primeira linha da citação (art.º 228.º) e só em caso de frustração é
que entra a modalidade “contacto pessoal” através do agente de execução e residualmente
através do funcionário judicial (art.º 225.º).
O autor declare, na petição inicial, que assim o pretende, pagando para o efeito a
taxa fixada no art.º 9.º do RCP, ou quando;
A citação feita em pessoa diversa do réu obriga ao envio posterior de carta registada,
pela secretaria ou pelo agente de execução, no prazo de 2 dias úteis, comunicando-se-lhe
o modo e a data como a citação foi realizada, assim como os elementos necessários à sua
defesa e as cominações aplicáveis (art.ºs 233.º e 227.º).
Art.º 233.º
Quando o “réu” (expressão aqui referida no sentido mais lato do termo) seja citado em
terceira pessoa - por via postal registada (art.º 228.º, n.º 2) ou por contacto pessoal (art.º
232.º, n.º 2 – hora certa) ou ainda por meio de nota afixada nos termos previstos no n.º 4 do
55
Manual de apoio / Processo Civil I
art.º 232.º, a secção de processos ou o agente de execução notifica o “citado” (note-se que,
neste momento, o réu já se encontra citado), no prazo de 2 dias úteis, comunicando-lhe:
Com esta notificação deve seguir fotocópia do aviso de receção por forma a
transmitir ao réu todos os elementos relacionados com a sua citação.
Porque o réu já se encontra citado, a notificação a que se refere o art.º 233.º integra-se
no grupo de “notificações às partes que não constituam mandatário” prevista no art.º 249.º,
daí que, sendo devolvida a carta “corretamente” enviada ao réu (já citado, repete-se), é
junto ao processo o respetivo sobrescrito, presumindo-se a notificação feita no 3.º dia
posterior ao do registo, tudo isto nos termos do n.ºs 1 e 2 do art.º 249.º.
Vindo o AR assinado, mas não datado, o réu tem-se por citado na data do carimbo da
estação postal reexpedidora, se for visível, ou na data da entrada do AR na secretaria
judicial.
Do agente de execução:
As regras acabadas de enunciar para a citação por contacto pessoal do oficial de justiça
são aplicáveis “mutatis mutandis” ao agente de execução e ao mandatário judicial.
39
A lei n.º 77/2013, de 21 de novembro, instituiu a Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça (CAAJ),
extinguindo a Comissão para a Eficácia das Execuções (CPEE) de que fala a O Estatuto da Câmara dos Solicitadores.
56
Manual de apoio / Processo Civil I
de execução e as demais funções que lhe forem atribuídas e que podem ser exercidas nos
termos daquele estatuto e da lei.
São seus deveres, entre outros, a prática diligente dos atos processuais de que seja
incumbido, a observância escrupulosa dos prazos legais ou judicialmente fixados, prestar ao
tribunal os esclarecimentos que lhe forem solicitados sobre o andamento das diligências,
bem como sujeitar a decisão do juiz aqueles atos que dependam de despacho ou autorização
judicial e cumpri-los nos precisos termos fixados (art.º 123.º do D.L. 88/2003, de 26/4).
Se, decorridos 30 dias o réu ainda não estiver citado, incumbe ao agente de execução
informar o autor das diligências efetuadas, nos termos do n.º 2 do art.º 226.º, por força do
disposto no n.º 11 do art.º 231.º.
Se, decorridos outros 30 dias (60, no total) sem que o réu se mostre citado, deve o
agente de execução informar imediatamente o juiz do processo nos termos do n.º 3 do art.º
226.º. No entanto, se, uma vez terminado o prazo de 60 dias sem que o réu se mostre
citado e o agente de execução não apresentar a informação, a secretaria não pode deixar de
fazer o processo concluso com as indicações que conhecer.
Para que se observe a disciplina do art.º 229.º, a ação declarativa tem que reunir os
seguintes pressupostos:
40
ARTIGO 157.º, Função e deveres das secretarias judiciais.
4. As pessoas que prestem serviços forenses junto das secretarias, no interesse e por conta dos mandatários judiciais, devem
ser identificadas por cartão de modelo emitido pela respetiva associação pública profissional, com expressa identificação do
advogado ou solicitador, número de cédula profissional, bem como, se for o caso, da respetiva sociedade, devendo a
assinatura daquele ser reconhecida pela associação pública profissional correspondente.
57
Manual de apoio / Processo Civil I
Destinar-se ao cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes de
contrato;
O contrato tem que se mostrar reduzido a escrito;
Terem as partes convencionado, no contrato, o local do seu domicílio para
efeito da citação em caso de litígio.
O valor não exceda a alçada do Tribunal da Relação ou, excedendo, a obrigação
respeite a fornecimento continuado de bens ou serviços.
Reunidos que estejam aqueles pressupostos, o réu é oficiosamente citado por via postal
(art.ºs 227.º a 229.º), através de carta registada com aviso de receção expedida para o
domicílio convencionado, contanto que o valor da ação não exceda a alçada do tribunal da
relação ou, se a exceder, a obrigação respeite a fornecimento continuado de bens ou
serviços (art.º 229.º, n.º 1).
Por outro lado, se a carta registada com aviso de receção enviada ao citando for
devolvida por o mesmo não a ter levantado na estação postal, ou por ter sido recusada a
assinatura do AR ou o recebimento da carta por pessoa diversa do citando, na situação
prevista no art.º 228.º, n.º 2, repete-se a citação, enviando-se nova carta (ver modelo a
seguir), que é deixada e depositada na caixa de correio do citando, contendo cópia de
todos os elementos do art.º 227.º, bem como a advertência de que a citação se considera
efetuada na data certificada pelo distribuidor postal ou, no caso de ser deixado aviso, no 8.º
dia posterior a essa data.
58
Manual de apoio / Processo Civil I
Rosto do modelo para a citação via postal nos processos iniciados
a partir de 15/Set/2003 – art.º 229.º, n.º 5 do CPC.
59
Manual de apoio / Processo Civil I
Rosto do modelo de aviso de receção para a citação via postal
com depósito da carta – art.º 229.º, n.º 5 do CPC.
***
60
Manual de apoio / Processo Civil I
6.4.3.4 Citação por mandatário judicial
A citação promovida pelo mandatário judicial segue o regime da citação pessoal por
agente de execução ou funcionário judicial, com as necessárias adaptações.
O propósito de promover a citação por mandatário judicial deve ser por ele manifestada
na petição inicial, indicando se a pretende fazer por si, por outro mandatário judicial, por
solicitador ou por pessoa ao seu serviço, podendo tal diligência ser requerida a todo o tempo,
desde que se verifique a frustração da citação tentada por qualquer outra forma legalmente
prevista – art.º 237.º.
Caso a citação não seja efetuada no prazo de 30 dias, contados da solicitação (petição
ou requerimento), o mandatário comunica tal facto ao tribunal, procedendo-se à citação nos
termos gerais, a começar pela citação postal encetada pela secretaria – art.º 238.º.
Não havendo tratado ou convenção, realiza-se a citação pela via postal, por carta
registada com aviso de receção, observando-se o regulamento local dos serviços postais.
No caso de o réu ser estrangeiro e também no caso de ser inviável a citação de réu
português através de consulado, é ordenada, depois de ouvido o autor, a expedição de carta
rogatória dirigida às autoridades competentes42 (art.º 239.º, n.ºs 2 e 3).
41
Aconselha-se a consulta da legislação, informações, manuais e formulários dos Serviços de Cooperação Judiciária Internacional
da DGAJ disponíveis para download no seguinte endereço: http://www.cji-dgaj.mj.pt/Paginas/default.aspx.
42
Ministério dos Negócios Estrangeiros.
61
Manual de apoio / Processo Civil I
6.4.3.6 A citação pessoal - pessoas coletivas – art.º 246.º
A citação efetua-se por carta registada com aviso de receção, com as formalidades já
referidas para a citação pessoal – pessoas singulares (art.ºs 228.º, n.º 1 e 227.º), contudo,
tratando-se de pessoa coletiva cuja inscrição no ficheiro central de pessoas coletivas
(RNPC) seja obrigatória, previamente à expedição da carta registada com aviso de receção
prevista no n.º 1 do art.º 228.º, deve o oficial de justiça proceder à consulta do ficheiro
central de pessoas coletivas do Registo Nacional de Pessoas Coletivas (RNPC), disponível no
TMENU, com vista a obter o endereço da sede da citanda.
62
Manual de apoio / Processo Civil I
Verso do modelo para a citação via postal nos processos iniciados
a partir de 15/Set/2003 – art.ºs 246.º, n.º 4 e 229.º, n.º 5 do CPC.
Rosto do modelo de aviso de receção para a citação via postal com depósito
da carta – art.ºs 246.º, n.º 4 e 229.º, n.º 5 do CPC.
63
Manual de apoio / Processo Civil I
Verso do modelo de aviso de receção para a citação via postal com
depósito da carta – art.ºs 246.º, n.º 4 e 229.º, n.º 5 do CPC.
43
A inscrição no FCPC não é de facto obrigatória para todas as entidades passíveis de relação jurídica tributária, designadamente
as heranças indivisas e os fundos. Estas entidades são inscritas nos serviços de finanças e os respetivos números de identificação
começam sempre com o número 7.
44
CAPÍTULOII
Número e cartão de identificação
Artigo 13.º
Número de identificação
1 - A cada entidade inscrita no FCPC é atribuído um número de identificação próprio, designado número de identificação de
pessoa coletiva (NIPC).
2 - O NIPC é um número sequencial de nove dígitos, variando o primeiro dígito da esquerda entre os algarismos 5 e 9, com
exclusão do algarismo 7.
3 - A atribuição do primeiro dígito da esquerda é efetuada de harmonia com tabela aprovada por portaria do Ministro da Justiça.
64
Manual de apoio / Processo Civil I
A atribuição do 1º dígito da esquerda é efetuada de harmonia com tabela aprovada por
portaria do Ministro da Justiça, de acordo com as seguintes gamas numéricas:
5 Pessoas Coletivas;
592 Pessoas Coletivas Religiosas não Católicas;
6 Organismos da Administração Pública;
8 Empresários / Comerciantes / E.I.R.L.;
9 Sociedades Civis sem personalidade jurídica, sociedades irregulares e entidades
equiparadas a pessoa coletiva;
98 Entidades equiparadas estrangeiras.
Para as pessoas coletivas cuja citação não pode ser efetuada de acordo com o art.º
246.º do C.P.C., não existe uma norma correspondente ao antigo art.º 237.º, onde se previa a
impossibilidade de citação pelo correio de pessoa coletiva ou sociedade.
Outras situações
Recusa
CARTA
AR ou Carta REGISTADA C/AR
Depositada Sociedade
Citado Sociedade
inscrita no
não inscrita
ficheiro
base dados
Sim Não central do
RNPC ou
RNPC
registo não
Citado Deixa aviso
obrigatório
Envio nova
dilação 30 (229.º nº 5 e
carta com
dias 228.º n.º 5) Regra das
“2.ª tentativa”
(regra domicílio
pessoas
Citado
convencionado) singulares
(art.ºs 225.º
e seguintes)
65
Manual de apoio / Processo Civil I
Na falta de disposição no presente artigo para a citação de pessoas coletivas, aplica-se
o disposto para a citação das pessoas singulares (art.º 228.º), com as necessárias adaptações.
Retomando a regra geral, é de notar que a citação edital é precedida de despacho (cfr.
parte final do n.º 1 do art.º 236.º).
A citação edital:
Se a citação edital for determinada pela incerteza das pessoas45 a citação será feita
também nos termos do disposto nos art.ºs 240.º a 242.º, não havendo, neste caso, lugar à
afixação de edital, exceto se o juiz assim o ordenar no caso concreto, de acordo com os
poderes que lhe são conferidos pelo dever de gestão processual enunciado pelo art.º 6.º e o
princípio da adequação formal previsto no art.º 547.º; o anúncio é publicado no sítio
www.citius.mj.pt – art.ºs 240.º e 24.º da Portaria 280/2013, de 26 de agosto.
٭
45
De notar que para a ação executiva, o art.º 12.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto, prevê que a citação edital do
executado e do cônjuge determinada pela incerteza das pessoas se efetua, além da publicação do anúncio, pela afixação de
edital na porta da casa da última residência do falecido, se for conhecida, no caso de os incertos serem citados como herdeiros
ou representantes de pessoa falecida.
66
Manual de apoio / Processo Civil I
6.4.4 Dilação - Art.º 245.º
5 dias 5 dias 15 dias 30 dias
citação em pessoa citação do réu fora citação do réu fora citação do réu no
diversa do réu (por da área da da comarca: estrangeiro
via postal ou por comarca: citação edital
contacto pessoal). - quando o processo
n.º 5 do art.º
- no continente e o corra no continente
229.º.
processo corra no e o réu seja citado
continente; numa das ilhas ou
vice-versa;
- numa ilha e o
processo corra na - ou o processo corre
mesma ilha. numa ilha e o réu
citado noutra ilha.
Nota: nos termos do art.º 4.º do Decreto-Lei n.º 269/98, de 1 de setembro, não há
dilação nas ações especiais previstas nos art.ºs 1.º a 5.º do anexo ao referido
diploma.
6.4.5 Da notificação
67
Manual de apoio / Processo Civil I
Também as notificações efetuadas entre os mandatários das partes são realizadas pela
mesma via – art.ºs 26.º da referida Portaria e 255.º do CPC.
Seja qual for a comarca onde residam, a notificação das partes que não tiverem
constituído mandatário são feitas por carta registada não deixando de produzir efeito caso
o expediente seja devolvido, desde que a remessa tenha sido feita para a residência ou
sede da parte ou para o domicílio escolhido para o efeito de a receber; nesse caso ou no
de a carta não ter sido entregue por ausência do destinatário, deve ser digitalizado o
sobrescrito para constar do histórico do processo, presumindo-se a notificação efetuada
no 3.º dia posterior ao do registo ou no primeiro dia útil seguinte a esse, quando o não
seja – art.º 249.º.
Porém, se a parte tiver de ser notificada pessoalmente, bem como nos casos
especialmente previstos na lei, aplicar-se-ão as disposições relativas à citação (art.º 250.º),
ou seja, por carta registada com aviso de receção “de citação”.
68
Manual de apoio / Processo Civil I
Exemplos
Notificação por falta de poderes para transigir – art.º 291.º, n.º 3 do CPC.
As notificações que tenham por fim “chamar ao tribunal” intervenientes acidentais, tais
como, testemunhas, peritos, intérpretes e outras pessoas com intervenção acidental são
feitas por meio de “aviso” expedido pelo correio, sob registo46, indicando-se a data, o local e
o fim da comparência – cfr. n.º 1 do art.º 251.º.
Tem-se por efetuada a notificação cuja carta seja devolvida com indicação de ter sido
recusada pelo destinatário (art.º 251.º, n.º 3).
O código não contém norma específica que regule a notificação dos intervenientes
acidentais com outra finalidade que não se destina à “comparência em tribunal”, o que leva a
perguntar, por exemplo: em que termos se processa a notificação dum perito para justificar
as razões pelas quais não apresentou o relatório no prazo que lhe foi fixado pelo juiz?
Esta lacuna da lei preenche-se com o recurso aos casos análogos, nos termos do art.º
10.º do Código Civil, aplicando-se o regime de notificações estabelecido para as partes
sem mandatário judicial constituído.
46
Não é o mesmo que bilhete-postal – cfr. art.º 13.º do Dec. Lei n.º 176/88, de 18 de maio, que aprovou o regulamento do
serviço público de correios.
69
Manual de apoio / Processo Civil I
6.4.5.3 Notificações de Agentes Administrativos ou Funcionários Públicos
Sempre que ambas as partes tenham constituído mandatário judicial, após a notificação
ao autor, por parte da secretaria, da apresentação da contestação, incumbe aos
mandatários das partes notificarem-se reciprocamente dos atos processuais que devam ser
praticados por escrito e apresentados em juízo (cfr. art.ºs 221.º).
As notificações entre os mandatários judiciais das partes são realizadas por transmissão
eletrónica de dados – art.ºs 255.º do CPC e 26.º da Portaria n.º 280/2013.
Além das decisões finais, são sempre oficiosamente notificadas ao Ministério Público
quaisquer decisões, ainda que interlocutórias, que possam suscitar a interposição de recursos
por força da lei – art.º 252.º.
Desde que documentadas no respetivo auto ou ata, são tidas como notificações as
convocatórias e comunicações efetuadas aos interessados presentes em ato processual, por
determinação da entidade que preside ao ato judicial – art.º 254.º.
70
Manual de apoio / Processo Civil I
6.4.5.6 Notificações eletrónicas47
Nestas situações, e caso o limite seja excedido não pela dimensão da peça mas dos
documentos que a acompanham, deve proceder-se do seguinte modo:
a peça deve ser apresentada por via eletrónica, tal como já hoje podia suceder, mas
devendo os documentos ser igualmente enviados por via eletrónica, em requerimentos
sucessivos.
Estes requerimentos, que não podem exceder o referido limite de 10 Mb, devem ser
apresentados no mesmo dia da peça processual a que respeitam, ou, caso esta seja
uma petição inicial ou outra peça que deva ser distribuída, até ao final do dia seguinte
ao da distribuição.
Apresentação a juízo dos atos processuais – no que respeita esta matéria registam-se
algumas alterações, a já ensaiada desmaterialização dos processos, preconiza-se, então, ao
vedar aos mandatários das partes, salvo as exceções previstas na lei, a apresentação dos atos
processuais por entrega na secretaria, remessa por correio e telecópia.
47
São da Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto, as referências legislativas sem menção de fonte, referentes às notificações
eletrónicas.
71
Manual de apoio / Processo Civil I
todos são praticados em suporte informático através do sistema informático “Citius” – art.ºs
19.º e 21.º.
Requisitos:
As notificações às partes são feitas na pessoa do mandatário judicial – art.º 247.º, n.º 1
do CPC.
Detalhes e automatismos
O oficial de justiça não necessita de efetuar nada mais do que fazia antes com as
notificações em papel, exceto anexar os documentos a notificar (ver ponto 6).
72
Manual de apoio / Processo Civil I
Este prazo específico dá cobertura a eventuais percalços entre o envio da notificação
através do sistema informático e a posterior visualização pelo mandatário destinatário.
Exemplo:
Uma notificação elaborada, ou seja, colocada em “versão final” no dia 24, considera-
se expedida no dia 27. Mas, se este dia fosse sábado, a notificação considerava-se
expedida no dia 29.
Os mandatários são notificados pela secretaria por transmissão eletrónica – art.º 21.º -
certificando o sistema informático a data da elaboração da notificação, presumindo-se
esta feita no 3.º dia posterior ao da elaboração ou no 1.º dia útil seguinte a esse,
quando o não seja.
Exemplos:
Exemplo:
73
Manual de apoio / Processo Civil I
- Depois de abertos automaticamente o processador de texto e o documento da notificação,
clicar no botão “versão final”;
74
Manual de apoio / Processo Civil I
Note-se que, por defeito, só é visível o documento principal, ou seja, a notificação gerada.
Para se visualizar(em) o(s) anexo(s) que acompanham a notificação (e que têm a
marca “cópia” na parte superior), vai-se ao histórico, clica-se em cima do ícone do ficheiro e
responde-se afirmativamente à pergunta se o utilizador pretende visualizar os anexos.
75
Manual de apoio / Processo Civil I
6.4.5.7 Notificação avulsa
A notificação avulsa é requerida (em duplicado) no tribunal em cuja área resida a pessoa
a notificar (art.º 79.º).
Do ato de notificação é lavrada certidão, que, depois de assinada pelo notificado e pelo
oficial de justiça, é por este entregue na secretaria, juntamente com o requerimento, para
ser elaborada a conta do ato avulso – art.º 9, n.º 6 do Regulamento das Custas Processuais e
35.º, n.º 1, al. c) do Dec. Lei n.º 49/2014, de 27 de março.
48
Embora já revogado, apenas nos resta hoje, como fonte, o Estatuto Judiciário aprovado pelo Dec. Lei n.º 44278, de 14 de Abril
de 1962, para definir o “Visto em Correição” aposto pelo juiz antes do arquivamento dos papéis, livros e processos, previsto
nas Leis de Organização n.ºs 3/99 e 52/2008: Das correições: Art.º 437.º, 1. Todos os papéis, livros e processos, que estejam
findos serão sujeitos a correição do juiz da comarca antes de serem arquivados, com vista a apurar se há neles faltas ou
irregularidades e a providenciar no sentido de serem supridas as que forem notadas. Antes da apresentação ao juiz é dada
vista ao Ministério Público. 2. Os processos, livros e papéis dos tribunais municipais são apresentados ao juiz da comarca,
para os fins da correição, no mês seguinte àquele em que hajam findado. Art.º 438.º, 1. Se não notar qualquer falta ou
irregularidade, o juiz lança na folha onde esteja exarado o último termo ou ato a nota de «Visto em correição», que pode ser
feita por chancela, devendo, porém, a data e rubrica ser manuscritas.
76
Manual de apoio / Processo Civil I
Coleção: “PROCESSO CIVIL”
Autor:
Titulo:
Coordenação técnico-pedagógica:
Coleção pedagógica:
Centro de Formação
77
Manual de apoio / Processo Civil I