Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Curso de Umbanda
Texto retirado do Livro “Sincretismos Religiosos Brasileiros” de Renato Henrique Guimarães Dias.
4 – SINCRETISMO RELIGIOSO E SUAS ORIGENS NO BRASIL (Parte 2)
Conceitos Básicos
(CONTINUA)
4 – SINCRETISMO RELIGIOSO E SUAS ORIGENS NO BRASIL (Parte 3)
Publicado: 27/02/2009 em Estudo 1 - UMBANDA - Conceitos Básicos
2º- Os Candomblés de Nação Ketu, Efã e Ijexá cultuam um deus supremo chamado de
Olorun ou Olodumaré e a natureza deificada, personificada nas divindades chamadas
Orixás. Um fato que chama a atenção é que algumas divindades que originalmente eram
Voduns na África foram adicionadas ao panteão nagô e passaram a fazer parte do ritual,
sendo inclusive consideradas no Brasil como Orixás. Vejamos então no quadro abaixo
alguns Orixás cultuados nesses Candomblés:
ORIXÁS ATRIBUTOS OBSERVAÇÕES
Olorum ou Olodumaré Deus supremo
Considerado a manifestação jovem de
Orixá da criação da cultura material e Oxalá (ou Obatalá). Originalmente, na
Oxaguiã
da sobrevivência África, é filho de Oxalufã e neto de
Obatalá.
Considerado a manifestação idosa de
Orixá da criação da humanidade, do
Oxalufã Oxalá (ou Obatalá). Originalmente, na
sopro da vida
África, é o filho de Obatalá.
Orixá das grandes águas, do mar e do
Yemanjá oceano, da maternidade, da família e
da saúde mental
Orixá da metalurgia, da agricultura, da
Ogum
tecnologia, das estradas e da guerra
Xangô Orixá do trovão e da justiça
Orixá da fauna, da caça e da fartura de
Oxóssi É também conhecido como Odé.
alimentos
Orixá da vegetação e da flora, da
Ossaim
eficácia dos remédios e da medicina
Orixá da lama do fundo das águas, dos
Originalmente, na África, era um Vodum e
Nanã pântanos, da educação, da velhice e da
não um Orixá.
morte
Orixá das fontes, nascentes e riachos e Originalmente, na África, era um Vodum e
Ewá
da harmonia doméstica não um Orixá.
Logun Edé Orixá dos rios que correm nas florestas
Orixá dos rios, dos trabalhos
Obá
domésticos e do poder da mulher
Orixá do relâmpago, da sensualidade e
Oyá É também chamada de Iansã.
dona dos espíritos dos mortos
Orixá da água doce, do amor, da
Oxum fertilidade, da gestação, dos metais
preciosos e da vaidade
Orixá do arco-íris e da riqueza que
Oxumarê
provém das colheitas
É também chamado de Omulu ou
Xapanã.
Orixá da varíola, pragas, doenças e da Originalmente, na África, Obaluaiê e
Obaluaiê
cura de doenças físicas Omulu é, respectivamente, a
manifestação jovem e velha do Vodum
Xapanã.
Orunmilá-Ifá Orixá do destino
Orixá mensageiro, da transformação e
Exu da potência sexual, guardião das
encruzilhadas e da entrada das casas
Bacuro Orixá
Lunda
(nome original no (nome atual no
(divindades dos Quiôcos)
Omolocô) Omolocô)
Dundu Kianguim Aluvaiá Exu
Angorô Oxumarê
Dandu Kindelé Burunguça Omulu
Caculu ou Cabasa Ibeiji
Cuiganga Ewá
Anili Kindelé Dandalunda Yemanjá
Kindele Ferimã Oxalá
Uisu Kukusuka Inhapopô Iansã
Kianguim Kindelé Jambangurim Xangô
Mulombe Kamba Lassinda Oxum
Kianguim Uisu Kangira Ogum
Karamocê Obá
Katendê Ossaim
Uisi Madé Oxóssi
Diambanganga Pagauô Irôko
Numba Kindelé Querequerê Nanã
Teleku-Mpensu Logun Edé
Kitembu Tempo
Uma possível influência da Umbanda sobre o Omolocô é a existência de uma
separação dos Orixás em duas classes: Orixás Maiores e Orixás Menores. Os Orixás
Maiores, ou apenas Orixás, são entendidos como sendo uma energia emanada de Zambi
e portanto nunca passaram pelo processo de encarnação. São os responsáveis pelo
movimento da natureza e pela formação e manutenção da vida. São considerados
onipresentes e únicos. Os Orixás Menores, por sua vez, são entendidos como espíritos
que passaram pelo processo de reencarnação e que alcançaram uma grande elevação
espiritual e que por isso foram dotados de poderes sobrenaturais pelos Orixás Maiores,
sendo considerados os intermediários entre estes últimos e os demais espíritos. Por este
motivo, eles utilizam o nome do Orixá Maior ao qual estão subordinados seguidos de um
sobrenome, chamado de Dijina8, por exemplo: Ogum Beira Mar, Seria um Orixá Menor
subordinado do Orixá maior Ogum.
No Omolocô não existe incorporação de Orixás Maiores, apenas dos Orixás
Menores e dos espíritos chamados de eguns. Os eguns aqui espíritos que já possuem
certa compreensão espiritual, porém ainda não alcançaram a elevação dos Orixás
Menores. São considerados eguns: os Caboclos, os Preto-Velhos, as Crianças, os Exus e
as Pombas-gira. Existe ainda uma terceira classe de espíritos, chamados de quiumbas ou
kiumbas, que são entendidos como espíritos atrasados e que ainda não alcançaram uma
compreensão das coisas espirituais.
Já a religião sincrética conhecida como “ALMAS E ANGOLA”, que apesar de
ser originária da capital fluminense, atualmente não é mais praticado nesse estado, hoje
em dia podemos encontrá-la quase que exclusivamente na região da grande
Florianópolis, em Santa Catarina.
A religião “Almas e Angola” guarda muita semelhança com o Omolocô e com
algumas vertentes da Umbanda, ela cultua um deus supremo chamado Zambi, mas em
algumas casas também é chamado de Olorum, a natureza deificada personificada nos
Orixás e as entidades conhecidas como Orixás Menores, Caboclos, Preto-Velhos,
Crianças, Exus e Pombas-gira. O Orixá Obaluaiê é considerado a força maior do ritual de
“Almas e Angola”, tendo destaque nos altares dessa religião.
Podemos aqui conhecer, de uma forma bem sintetizada, um pouco sobre a
história do sincretismo religioso no Brasil Podemos também conhecer suas origens,
observar a evolução e a influencia de uma religião sobre outra.
________________________________________________________________________
_________________
1- Antropofagia: Aqueles que comem carne humana
2- Tupã Cinunga: “O trovão”.
3- Tupã Beraba: “O relâmpago”.
4- Tupã: “Golpe estrondeante” ou “Baque estrondeante”.
5- Iurupari: O mártir ou o sacrificado.
6- Quilombo: Um quilombo era um local de refúgio dos escravos no Brasil, em sua
maioria afrodescendentes (negros e mestiços), havendo minorias indígenas e brancas. O
mais famoso na História do Brasil foi o de Palmares.
7- In Loco: Termo do Latim que significa no local.
8- Dijina: Palavra de origem kimbundo “Rijina”, dialeto bantu que significa "nome" ou
“apelido”.