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Koffi Djima Amouzou

Fundamentos de contabilidade

1ª Edição

Brasília/DF - 2018
Autores
Koffi Djima Amouzou

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa...................................................................................................... 4

Introdução.............................................................................................................................................................................. 6

Aula 1
PRINCÍPIOS E CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE ............................................................................ 9

Aula 2
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO............................................ 17

Aula 3
FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS............................................................... 35

Aula 4
MÉTODOS DE CUSTEIO............................................................................................................................................. 49

Aula 5
CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA.............................................................................. 61

Aula 6
MÉTODO DE CONTROLE DE ESTOQUE PERIÓDICO........................................................................................72

Referências...........................................................................................................................................................................82
Organização do Caderno de
Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos,
de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com
questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável.
Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras
e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Cuidado

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

Importante

Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.

Observe a Lei

Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.

4
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Posicionamento do autor

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

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Introdução
O estudo da Contabilidade no curso de Administração e nos cursos de Tecnologia em Marketing,
Recursos Humanos, Gestão Pública, Logística, Gestão Hospitalar e demais deve começar por
Noções de Contabilidade, para permitir aos estudantes dessas áreas adquirirem habilidades
e competências para dialogar com seus colegas de trabalho profissionais de Contabilidade.
Para tanto, estudar Fundamentos de Contabilidade é entender como funcionam as contas do
patrimônio da empresa e ter condições de fazer uma análise econômica e financeira da evolução
do balanço patrimonial da empresa, assim como interpretar algumas das contas do resultado
do exercício de uma empresa e entender os procedimentos de contabilização das operações
de compra e venda da empresa em que trabalha ou pretende trabalhar no futuro, com base em
competências e habilidades que serão desenvolvidas na trilha desta disciplina.

Assim, sejam bem-vindos em seus respectivos cursos e espero que estejam preparados para
aprender e desenvolver as competências e habilidades desejadas na sua formação como futuros
gestores de empresas ao longo desta disciplina. Esta disciplina está dividida em seis aulas de
competências, sendo a primeira aula de princípios, conceitos básicos de Contabilidade, que traz
os conceitos do significativo da Contabilidade e a estrutura das contas do patrimônio trabalhando
as habilidades de análise econômica e financeira do balanço patrimonial de uma empresa.

Na segunda aula você terá a oportunidade de descobrir os critérios de formação das organizações
e os métodos de tributação das pessoas físicas e jurídicas, podendo, assim, conquistar habilidades
de cálculo do imposto devido por uma pessoa física ou jurídica e poder deduzir o lucro tributal
de uma empresa.

Na terceira aula trabalharemos a competência de entender a função de custo na tomada de


decisão de planejamento da empresa uma vez que é importante que os gerentes envolvidos no
planejamento das decisões operacionais das empresas tenham um conhecimento básico dos
custos envolvidos no processo de produção das empresas sejam elas de produtos ou de serviços.

Na quarta aula trabalharemos os métodos de custeio por ordem de produção, tendo em vista que
um sistema de custeio gerencial deve fornecer dados de custo para ajudar os gerentes a planejarem,
controlarem e tomarem decisões. No entanto, exigências de relatórios financeiros externos e
declarações de impostos geralmente influenciam bastante como os custos são acumulados e
resumidos nos relatórios gerenciais. Isso ocorre com o custeio de produto ou de serviço.

Na quinta aula descobriremos a contabilização das operações com mercadorias, mostrando


como os registros dessas contas são necessários à contabilização das operações e a apuração do
lucro líquido de uma empresa comercial.

6
Na última e sexta aula, trabalharemos as competências sobre os métodos de administração e
controle de estoque e chegar ao princípio de que a quantidade e o tempo necessários para se
vender as mercadorias disponíveis em estoque são dois indicadores que são observados de perto,
e que deve ser mantido certo equilíbrio das quantidades em estoque em época de recessão da
economia.

Objetivos

No final desta disciplina de Fundamentos de Contabilidade você será capaz de:

»» Entender as noções e princípios fundamentais da contabilidade.

»» Desenvolver uma análise econômica e financeira das contas do balanço patrimonial

»» Entender a classificação dos custos e os métodos de estimação dos custos de produção.

»» Entender os elementos pertinentes à constituição das empresas comerciais.

»» Entender os métodos de tributação das pessoas físicas e jurídicas.

»» Entender os métodos de contabilização das operações.

»» Entender e analisar as três principais atividades de gestão comercial das empresas:


compra de mercadorias, estoque de mercadorias e venda de mercadorias.

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8
Aula
PRINCÍPIOS E CONCEITOS
BÁSICOS DE CONTABILIDADE 1
Apresentação

Nesta aula apresentaremos as noções e princípios básicos da Contabilidade. São três os principais
itens para compreensão desses princípios básicos da Contabilidade no curso de Administração
e nos cursos de Tecnologia em Marketing, em Recursos Humanos em Logística, em Gestão
Hospitalar e Gestão Pública.

A pergunta que se faz nesse primeiro momento é o que apresentar de Fundamentos de Contabilidade
para um aluno que não é de curso de contabilidade? Daí veio a ideia de que se esse aluno que
não será um profissional de Contabilidade, no final da sua formação, precisa acompanhar o
profissional da área de Contabilidade na empresa em que trabalha. O que será mais importante,
aqui, para ele, é ter elementos relevantes para acompanhar as operações comerciais dentro da
empresa e, para tal, ele precisa das habilidades que serão trabalhadas nesta primeira aula.

Objetivos:

»» Entender o significado da Contabilidade de ponto de vista teórico e prático.

»» Saber classificar as contas do balanço patrimonial em ativos, passivos e patrimônio


líquido.

»» Saber acompanhar a evolução do patrimônio líquido de uma empresa.

»» Identificar as formas de organização de negócios.

»» Identificar as características de cada tipo de organização.

»» Entender as formas de tributação.

»» Calcular os impostos devidos por cada tipo de negócio.

9
AULA 1 • PRINCÍPIOS E CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE

Conceitos básicos de contabilidade

Para um bom aproveitamento desta primeira parte da aula que trata das noções e princípios
básicos de Contabilidade é preciso estar muito bem antenado com os conceitos de Contabilidade,
e, com certeza, de nada adianta perder horas e horas de leitura sobre o tema se você não domina
os conceitos básicos importantes para o entendimento das contas.

Por mais simples e fácil que seja a matéria, é sempre conveniente que se tenha um ponto de
partida. Como diz Osni Moura (2012), em seu livro Contabilidade Comercial “A Contabilidade
é uma matéria fácil de ser entendida e manejada se estudada gradativamente, obedecendo à
sequência lógica que a disciplina exige”.

Dessa forma, iniciaremos com a sequência lógica que deve abranger, principalmente, a parte básica
da matéria, pois, uma vez compreendido com bastante precisão o mecanismo da Contabilidade,
o estudante terá condições de assimilar facilmente qualquer assunto contábil. (MOURA, 2012).

Sabemos que Contabilidade é prática; só é possível compreendê-la e dominá-la se a exercitamos.


Por isso, usaremos muitos exemplos práticos aqui para ilustrar a compreensão dos conceitos
apresentados, além dos principais conceitos em tópicos especiais para facilitar seu aprendizado.

Origem da palavra contabilidade

De acordo com de Almeida (2012), a palavra contabilidade


Atenção
deriva do latim computare (contar, computar, calcular).
Apesar disso, não se deve confundir Contabilidade A Contabilidade, segundo Almeida (2012),
com Matemática. O contabilista não precisa conhecer divide-se em duas áreas: a contabilidade
teórica e a contabilidade prática.
matemática com profundidade. Na maioria das vezes,
bastam-lhe os conhecimentos matemáticos básicos
necessários a qualquer profissional.

Contabilidade Teórica

Quando abordamos a Contabilidade como teoria, procuramos definir aquilo de que ela trata;
estudamos seus princípios e suas possíveis aplicações. Ou seja, a Contabilidade como teoria
estabelece princípios e regras de conduta a serem seguidas pelos profissionais da área contábil
com o objetivo de aprimorar e uniformizar os procedimentos por eles adotados. Como afirma
Almeida (2011):

Diferente da matemática, a contabilidade não é uma ciência exata. Logo, para que as técnicas
contábeis sejam aplicadas de maneira uniforme, faz-se necessário fixar princípios e regras a
serem observados por todos os profissionais da área contábil.

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PRINCÍPIOS E CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE • AULA 1

Importante

A Contabilidade, do ponto de vista teórico, é a ciência que estuda o patrimônio do ponto de vista econômico e financeiro,
bem como os princípios e as técnicas necessárias ao controle, à exposição e a à análise dos elementos patrimoniais e de suas
modificações.

Contabilidade Prática

Do ponto de vista prático, a Contabilidade envolve o uso de técnicas ou procedimentos por


meio dos quais a Contabilidade teórica e seus princípios são postos em prática. A Contabilidade
como prática compreende o registro das operações de uma entidade e livros mantidos com essa
finalidade. Sua função, segundo Almeida (2012), é de controlar o patrimônio de uma empresa,
determinada pessoa ou organização, com o objetivo de fornecer informações sobre esse patrimônio
ao público interessado.

Importante

Dessa forma, do ponto de vista prático, a Contabilidade é o registro das operações em livros para fim de controle do
patrimônio.

Figura 1. Definições da Contabilidade.

Teórico: Estudo econômico e


financeiro do patrimônio

CONTABILIDADE Ponto de vista

Prático: Registro das operações


de uma entidade em livros para
controle do patrimônio

Fonte: Elaborada pelo autor.

Lembrando-se, ainda, que o assunto ou objeto da Contabilidade é o patrimônio de uma pessoa


jurídica ou pessoa física. Sendo assim, no final desta aula, você será capaz também de determinar
seu patrimônio ou da empresa em que trabalha. E será capaz de avaliar seu patrimônio pessoal.

O que é o patrimônio?

Como visto anteriormente, uma das principais funções da Contabilidade é permitir o controle
da movimentação do patrimônio das empresas e das pessoas físicas.

11
AULA 1 • PRINCÍPIOS E CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE

O patrimônio de uma empresa é movimentado em função dos acontecimentos diários, tais


como compras, vendas, pagamentos, recebimentos etc. Registrando esses acontecimentos, a
Contabilidade terá condições de fornecer informações sobre a situação do patrimônio, sempre
que solicitadas.

Importante

Osni Moura (2012) definiu o patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa.

Vejamos o que significa cada um desses componentes:

Figura 2. Estrutura do Patrimônio.


PATRIMÔNIO

Bens
Direitos
Obrigações

Fonte: Elaborada pelo autor.

Bens

Os bens representam o conjunto das coisas capazes de satisfazer as necessidades humanas e


suscetíveis de avaliação econômica.

Importante

Do ponto de vista contábil, bem é tudo o que uma empresa possui; seja para uso, troca ou consumo, podendo ser
classificado em duas categorias: bens materiais e bens imateriais.

»» Bens materiais

Os bens materiais são os bens corpóreos que, por sua vez, são divididos em duas
categorias: móveis e imóveis.

Segundo Moura (2012), os bens móveis são aqueles que podem ser removidos de seu
lugar natural por força própria ou alheia. Ex.: mesa, máquina, veículo etc. E os bens
imóveis: são aqueles que não podem ser removidos do seu lugar natural. Ex.: terrenos,
casas, sítios etc.

»» Bens imateriais

Moura (2011) define os bens imateriais como bens incorpóreos, ou seja, determinados
gastos que a empresa faz que, por sua natureza, devem ser considerados bens. Os mais
comuns são: Gastos de Organização, Fundo de Comércio, Marcas e Patentes etc.

12
PRINCÍPIOS E CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE • AULA 1

Figura 3. Estrutura Contábil de Bens.

Móveis

Bens materiais

Imóveis

BENS Bens imateriais

Fonte: Elaborada pelo autor.

Direitos

Os direitos representam todos os valores que uma empresa tem a receber. De acordo com Moura
(2011), “os Direitos geralmente aparecem registrados com o nome do elemento (quase sempre
um documento) acrescido da expressão a receber”.

Exemplos de direitos:

»» Duplicatas a receber.

»» Promissórias a receber.

»» Contas a receber.

Obrigações

De acordo com Moura (2011), as obrigações são todos os valores que uma empresa tem a pagar.
As Obrigações geralmente são registradas utilizando-se o nome do elemento (quase sempre um
documento) acrescido da expressão a pagar.

Exemplos de Obrigações:

»» Duplicatas a pagar.

»» Promissórias a pagar.

»» Impostos a pagar.

»» Contas a pagar em geral.

Figura 4. Representação Gráfica do Patrimônio.

Fonte: Elaborado pelo autor.

13
AULA 1 • PRINCÍPIOS E CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE

Como vimos anteriormente que, do ponto de vista prático, a Contabilidade é o registro das
operações em livros para fim de controle do patrimônio, no desempenho da sua função de
fornecer informações sobre o patrimônio, a Contabilidade apresenta as informações sobre a
situação patrimonial da empresa em um gráfico em formato de T.

É chamada de conta T justamente porque tem a forma geométrica da letra T em que são
apresentados os elementos do patrimônio de cada lado do eixo central. Assim, os bens e direitos
são apresentados do lado esquerdo do eixo central e as obrigações lado direito do eixo central,
como mostra o gráfico a seguir.

Figura 5. Lançamento de Contas do Patrimônio.

Bens Obrigações
Direitos

Fonte: Elaborada pelo autor.

Entretendo, essas contas, uma vez lançadas, passam a ter um nome específico em cada lado do
eixo central. Sendo assim, do lado esquerdo do eixo chamam-se de contas do ativo e do lado
direito de contas do passivo, o que vamos ver a partir de agora em detalhes.

Contas do Ativo e do Passivo


Figura 6.

ATIVOS PASSIVOS
Bens Obrigações
Direitos

Fonte: Elaborada pelo autor.

Diante a estrutura do patrimônio de uma


Atenção
empresa devemos estruturar o mesmo
gráfico anterior em dois grupos de cada Com base nessa estrutura representada na Figura 6, chamaremos
lado do eixo principal, sendo: do lado de ativos o conjunto dos itens de bens e direitos ou grupo de
elementos positivos da empresa e de passivo o conjunto dos itens
esquerdo agrupamos os elementos
das obrigações ou de contas a pagar formando, assim, o grupo dos
de bens e direitos do patrimônio elementos negativos da empresa.
denominados ativos e, do lado direito,
o conjunto dos elementos das obrigações
denominados passivos.

14
PRINCÍPIOS E CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE • AULA 1

Figura 7. Contas do Ativo e do Passivo.

PASSIVO = OBRIGRAÇÕES = PASSIVO


ATIVO = BENS + DIREITOS
EXIGÍVEL + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Fonte: Elaborada pelo autor.

Ainda assim, existe a conta de resultado que mostra um elemento que chamamos de patrimônio
líquido, cujo desdobramento mostramos a seguir.

Patrimônio Líquido

Como vimos nas figuras que representam o gráfico da estrutura do patrimônio da empresa,
podemos perceber que ainda falta um elemento importante para fazer as contas de ativos se
igualarem às contas do passivo.

Veja bem, no caso das contas do ativo, o total do conjunto dos bens e direitos, que consideramos
como contas positivas da empresa, devem superar sempre as contas negativas da empresa para
que haja um resultado positivo na teoria. E como visto anteriormente, na teoria, a Contabilidade
é vista como o estudo econômico e financeiro do patrimônio e, para tanto, para que possamos
determinar o patrimônio econômico e financeiro da empresa, seremos obrigados a compensar
as contas do passivo com o patrimônio líquido para provocar o equilíbrio. Sendo assim, do ponto
de vista teórico da Contabilidade:

ATIVO = PASSIVO EXIGÍVEL + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Atenção

O patrimônio líquido é o conjunto de três elementos importantes para a constituição da empresa e da sua sustentabilidade:
Capital, Reservas e Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Figura 8. Contas do Patrimônio Líquido.

Capital

Patrimônio líquido Reservas

Lucros ou prejuízos acumulados

Fonte: Elaborada pelo autor.

15
AULA 1 • PRINCÍPIOS E CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE

Agora, vamos voltar a representar a conta do patrimônio completo com o último elemento que
faltava.

Figura 9. Lançamento de Contas do Patrimônio.

ATIVOS PASSIVOS
ATIVO CIRCULANTE Passivo Circulante
ATIVO NÃO CIRCULANTE Passivo Não Circulante
Patrimônio Líquido

Fonte: Elaborada pelo autor.

Lembre-se sempre de que a fórmula final de contas do ativo é igual ao passivo mais o patrimônio
líquido que é o conjunto de três elementos da composição: Capital dos sócios – Reservas – Lucros
ou prejuízos acumulados.

Resumo

Nesta primeira aula você aprendeu as diversas concepções da Contabilidade. Descobriu a estrutura
das contas do balanço patrimonial, viu que no equilíbrio, o ativo é sempre igual ao passivo mais
o patrimônio líquido. Você entendeu as contas do ativo, do passivo e do patrimônio líquido.

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Aula
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO
DE NEGÓCIOS E MÉTODOS
DE TRIBUTAÇÃO 2
Apresentação

Nesta aula analisaremos as formas de organização de negócios e os tipos de tributação importante


para qualquer aluno de curso da área de gestão. Gestão. Inicialmente, é importante saber que
existem três tipos principais de negócios: firma individual, sociedade por cotas e sociedade por
ação. Aqui analisaremos as características de cada uma das formas de organização de negócios
e como elas são regidas pelas normas de tributação.

Objetivos

Após esta aula, você será capaz de:

»» Identificar as formas de organização de negócios.

»» Identificar as características de cada tipo de organização.

»» Entender as formas de tributação.

»» Calcular os impostos devidos por cada tipo de negócio.

Vamos, então, iniciar logo com as características de cada tipo a seguir.

17
AULA 2 • FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO

Firma Individual

Quando caracterizamos uma firma como individual? Essa é a pergunta à qual responderemos
nesta primeira parte da aula. Uma firma individual é, segundo Groppelli (2015), a forma mais
antiga de organização de negócio que pertence apenas a uma pessoa. Assim, qualquer pessoa
com dinheiro pode comprar materiais ou instrumentos básicos para abrir seu próprio negócio
e começar a oferecer um serviço ou, até mesmo, fabricar produtos que possam atender às
necessidades de um grupo de pessoas como seu público-alvo.

A principal vantagem de uma firma individual, segundo Groppelli (2015), é a facilidade de seu
processo de constituição não requerer a aprovação de nenhum órgão regulador. Uma vez que
as condições de funcionamento estejam existentes, o negócio pode iniciar suas atividades. A
única exceção é que algumas atividades econômicas e comerciais requerem licença para seu
funcionamento. Outra vantagem destacada por Groppelli (2015) é que o método de taxação é
direito para a firma individual e explica que, nesse caso, a renda do proprietário é simplesmente
incluída na renda anual da pessoa física para fins de cálculo do imposto de renda.

Como não podem existir somente vantagens para esse tipo de modelo de negócio, Groppelli (2015)
salienta, ainda, que a desvantagem para a firma individual é que o proprietário é responsável
por assumir toda a dívida da empresa em caso de falência, uma vez que sua responsabilidade é
ilimitada, seus bens particulares que não são utilizados no mesmo negócio podem ser perdidos
para os credores.

Outra desvantagem apontada ainda por Groppelli


Atenção
(2015) é que a firma individual não pode utilizar
mercados de capitais organizados como os de Tendo em vista esse tipo de limitação de captação de
ações e de obrigações para captar o capital capital, a firma individual tem oportunidades limitadas
de crescimento, pois seu capital só pode ser expandido
necessário caso desejar aumentar seu negócio.
somente com recursos próprios.

Groppelli (2015) faz a observação relevante em


seus estudos sobre a firma individual destacando o seguinte:

embora mais de 80% dos negócios sejam compostos de firmas individuas, eles
representam apenas 10% do total das vendas de todo o mercado! A razão disso?
As firmas individuais são pequenas empresas com meios limitados para financiar
as operações e com recursos limitados para competir e sobreviver no mercado.

Esperamos que você entenda as características da firma individual assim como suas vantagens
e desvantagens. Cabe, então, a você, analisar bem a situação quando for montar seu negócio,
mas saiba que quase todas as empresas grandes ou iniciaram seus negócios individualmente,

18
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO • AULA 2

como é o caso da Microsoft. Bill Gates, com certeza, iniciou sozinho, assim como a Apple, que
começou também como negócio individual, mas hoje se transformaram em grandes negócios
de sociedade anônima ou por ação.

Vamos continuar vendo as outras formas de negócios.

Sociedade por cotas

A sociedade por cota é definida por Groppelli (2015) como uma forma de organização na qual
dois ou mais indivíduos são proprietários. Pode ser entendida como uma firma individual com
mais de um proprietário.

Ele distingue em seus estudos dois tipos de sociedade por cotas:

»» Sociedades gerais.

»» Sociedades limitadas.

As sociedades gerais, segundo Groppelli (2015)


Atenção
têm responsabilidades ilimitadas quanto
ao funcionamento dos negócios, enquanto Numa sociedade geral todos os sócios têm
as sociedades limitadas são responsáveis responsabilidade ilimitada. Numa sociedade limitada
existe pelo menos um sócio com responsabilidade limitada.
somente até o montante do seu capital ou
por uma quantia específica de dinheiro.

Figura 10. Estrutura de uma Sociedade por Cota.

Sociedade geral Ilimitada

Sociedade por cota Responsabilidade

Limitada até o
Sociedade limitada
montante do capital

Fonte: Elaborada pelo autor.

Publicações especializadas em negócios, como a Gazeta Mercantil, sempre publicam anúncios


sobre sociedades por cotas de responsabilidade limitada no ramo de imóveis. De acordo com

19
AULA 2 • FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO

Groppelli (2015), nesses casos um indivíduo investe certa quantia como propósito de construir
um shopping center, comprar ou arrendar uma empresa de aluguel ou adquirir terrenos.

Atenção

Os lucros da sociedade são divididos entre as sociedades gerais e limitadas, de acordo com taxas predeterminadas. Uma vez
que o risco de um sócio limitado é restrito ao prejuízo do seu investimento, sua parcela do lucro total que cabe a cada sócio
geralmente é menor que a do sócio geral.

Sociedades por Ação

A terceira forma de organização de negócios descrita por Groppelli (2015) é a sociedade anônima
ou por ações a qual em termos monetários domina o comércio mundial atualmente. Uma
sociedade anônima pode ser formada por uma pessoa ou um grupo de pessoas, entretanto a
personalidade da sociedade, segundo a lei, é totalmente separada de seus proprietários.

Atenção

Que a sociedade é

uma entidade legal separada juridicamente de seus proprietários, o que não acontece com
as demais sociedades, em que a figura do proprietário, pessoa física, se confunde com a da
empresa, pessoa jurídica. Assim sendo, a sociedade por ação ou anônima é responsável pelo
pagamento das dívidas e não seus sócios (GROPPELLI, 2015).

O propósito de uma sociedade por ação é aumentar a riqueza dos acionistas, que elegem uma
diretoria entre eles mesmos e pessoas externas à empresa, para estabelecer as diretrizes gerais
desta. Se a empresa for relativamente grande, são contratados administradores profissionais para
atuar como agentes dos acionistas. Esses administradores têm por responsabilidade determinar
uma estratégia de longo prazo para a empresa, especificando os objetivos a serem atendidos no
futuro. Têm também outras responsabilidades, como a contratação de pessoal, a aquisição de
ativos, o levantamento de empréstimos, a emissão de ações, o controle de trabalho de outros
empregados e o relato periódico da situação da empresa à diretoria e aos acionistas. A Figura 11
a seguir ilustra a organização básica de uma corporação, ou seja, de uma sociedade anônima.

20
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO • AULA 2

Figura 11. Estrutura Típica de uma Sociedade por ação.

Junta de Diretores

Presidente

Acessores e Acessores e
conselheiros conselheiros

Vice-Presidente Vice-Presidente
Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente
de Projetos e Administrativo e
Financeiro de Produção de Marketing
Engenharia de RH

Controller Tesoureiro

Fonte: Baseado Groppelli (2015).

Princípios da tributação

A seguir, vamos apresentar a estrutura do regime de tributação no Brasil, mas antes de avançar,
em linhas gerais, abordaremos a tributação sobre a renda e características básicas de alguns
tributos. Os que tiverem maior interesse pelo assunto poderão consultar a o endereço eletrônico
da Secretaria da Receita Federal, que é o órgão central de direção superior da administração
tributária da União.

Com certeza você já deve ter feito a declaração de imposto de renda ou já tenha apenas ouvido
falar de declaração de imposto. Bem, esse é o momento que você deverá procurar entender
melhor de imposto de renda, pois, se você ainda não tem renda suficiente para declarar, quem
sabe no final do seu curso, ao ser promovido e melhorar seu salário, não venha a ser mais um
contribuinte. A seguir, então, introduziremos os conceitos básicos de tributação e ilustraremos
como as leis tributárias funcionam, tanto para a pessoa física como para a pessoa jurídica.

O que é imposto de renda?

Groppelli (2015) aponta Imposto de Renda como de competência privativa da União, incidente
sobre a renda e proveniente de qualquer natureza, que tem como fato gerador a aquisição da
disponibilidade econômica ou jurídica.

21
AULA 2 • FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO

Para o analista financeiro mensurar o impacto das alíquotas dos impostos sobre as decisões
financeiras, precisa conhecer os princípios fundamentais de tributos. Sem um bom entendimento
de tributação, não seremos capazes de chegar a decisões corretas sobre investimentos de capitais
(quais projetos escolher, se aceitamos ou rejeitamos projetos ou não mutualmente excludentes
etc.), sobre arrendamento ou compra, política de dividendos, fontes alternativas de financiamento
e outras situações relacionadas a financiamento e a investimento.

Atenção

O Brasil é considerado um dos países do mundo em que a taxa de tributação é mais elevada. Segue, então, aqui, uma lista
proposta por Groppelli (2015), das principais discussões sobre os impostos que frequentemente dividem as opiniões de
especialistas sobre a forma como os indivíduos devem ser taxados:

»» Escalonamento de impostos ajustados pela inflação: esses ajustes revisam os limites inferiores e superiores de diferentes
escalonamentos de impostos;

»» Deduções padronizadas;

»» Isenções pessoais;

»» Exigências de preenchimento;

»» Tipos e limites de deduções;

»» Proteções fiscais, incluindo formas variadas de planos de aposentadoria privados;

»» Tabelas de depreciação;

»» Definição de ganhos de capital e a alíquota de imposto sobre estes;

»» Impostos sobre autônomos.

Método de tributação das pessoas físicas

Nas pessoas físicas, o fato jurídico


Atenção
que corresponde à aquisição de
disponibilidade econômica ou jurídica As alíquotas de imposto de renda são progressivas, isto é, quanto
de renda ou proventos e o recebimento maior o ganho, maior o percentual do imposto. A tabela de
incidência pode sofrer alterações devido à inflação e com o objetivo
de salários e benefícios, ganhos de
de evitar que o imposto aumente em termos reais. Até 1994, no
investimentos (juros e lucros na venda Brasil, a Receita Federal divulgava sistematicamente as tabelas de
de títulos) e sobre ganhos auferidos nas cálculo. Com a estabilidade monetária, não existem mais alterações.

vendas de ativos.

Impostos sobre receitas de dividendos e juros

Os dividendos recebidos não são tributados, enquanto as receitas de juros, provenientes de títulos
de renda fixa ou aplicações em fundos de investimentos, são tributadas à alíquota de 15%. Essa
tributação é feita na fonte, ou seja, responsável pelo pagamento dos juros deve reter o imposto
correspondente e fazer o recolhimento para o governo federal. O beneficiário receberá o valor líquido.

22
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO • AULA 2

Base de cálculo do imposto


Figura 12. Site do Ministério da Fazenda.

Fonte: Disponível no site: http://www.fazenda.gov.br/

Veja base de cálculo de imposto apurada conforme metodologia a seguir, indicada na tabela. Você
poderá, agora, mesmo baixar os programas de declaração de imposto de renda no site da receita
federal e consultar a base de cálculo de imposto de renda. Você poderá até simular o imposto
que deverá pagar no próximo ano iniciando um pequeno exercício de rascunho nesse instante
mesmo. Então, você está animado?

Figura 13. Base de Cálculo do Imposto de Renda.

RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS
1 Recebidos de pessoas jurídicas

2 Recebidos de pessoas físicas

3 Recebidos do exterior

4 Resultado tributável da atividade rural

5 Total = 1+2+3+4

DEDUÇÕES
6 Contribuição à Previdência Oficial

7 Contribuição à Previdência Privada

8 Dependentes

9 Despesas com instrução

10 Despesas médicas

11 Pensão alimentícia

12 Livro Caixa

13 Total = 6 + 7+ 8 + 9 + 10 + 11 + 12

BASE DE CÁLCULO
LINHA 5 MENOS LINHA 13

Fonte: Elaborada pelo autor.

23
AULA 2 • FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO

Perdas e ganhos de capital

Ativos, tais como ações, títulos imóveis são classificados como ativos de capital. Veja como
acontece nesses casos a tributação nas vendas dos ativos de capital. Se você adquiriu um imóvel
e depois, mais tarde, o revende por um preço maior que o valor pago na aquisição significa que
houve um ganho de capital; se você, ao contrário de um ganho, sofre uma perda, significa que
houve uma perda de capital.

Saiba mais

Assim, a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens ou direito está sujeita ao pagamento do imposto
de renda à alíquota de 15%. Estão excluídos na determinação do ganho de capital aqueles decorrentes da venda do único
imóvel que o titular possua nos últimos cinco anos e o valor não seja superior a R$ 440.000,00.

A legislação brasileira prevê a não incidência do imposto quando o valor recebido pela pessoa física for decorrente de:

»» Indenização de terras por desapropriação para fins de reforma agrária;

»» Liquidação de furto ou roubo, relativo a objeto segurado;

»» Transferências causa mortis e doações em adiantamento da legítima;

»» Ganho de capital auferido na alienação de bens e direitos de pequeno valor R$ 30.000,00

»» A permuta exclusivamente de unidades imobiliárias, objeto de escritura pública, sem recebimento de parcela
complementar em dinheiro.

»» Os ganhos líquidos auferidos em operações em bolsa de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, bem como
aqueles auferidos no mercado de balcão, também estão sujeitos à tributação incidente sobre ganhos de capital.

Tributação das pessoas jurídicas

No caso das pessoas jurídicas, o fato jurídico que


Atenção
corresponde à aquisição de disponibilidade econômica
ou jurídica de renda ou proventos será a existência de Além do imposto de renda, incide sobre o lucro
acréscimo patrimonial, dimensionado pelo lucro do das empresas a Contribuição Social Sobre
o Lucro Líquido, que é uma das fontes de
exercício, ou seja, a obtenção de resultados positivos
recursos previstas para atender ao programa de
(lucros) em suas operações industriais, mercantis e de seguridade social.
prestação de serviços.

A seguir analisaremos o imposto de renda e os métodos de sua apuração no caso das pessoas
jurídicas. Na legislação brasileira existem duas metodologias para se calcular o lucro que será a
base de incidência do imposto de renda:

»» O lucro real.

»» Lucro presumido.

24
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO • AULA 2

Exemplo
O lucro apurado é tributado à alíquota de 15%. A parcela do lucro apurado anualmente, que exceder R$ 240.000,00 sujeita-se
à incidência de adicional do imposto de renda à alíquota de 10%.

Quando o período de apuração for inferior a um ano, o limite será proporcional.

O limite anual é de R$ 240.000,00, consequentemente, o limite mensal é de R$ 20.000,00 com adicional de 10% sobre o que
exceder a R$ 240.000,00 anuais.

Regime tributário do lucro real

A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real deve manter escrituração com
observância das leis comerciais e fiscais.

Saiba mais

Segundo Groppelli (2015), no caso da tributação com base no lucro real, o resultado da tributação é apurado de acordo com
o regime de competência, ou seja, as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização
em moeda; e os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.
(GROPPELLI, 2015).

Em alguns casos é permitido o reconhecimento do resultado em base caixa, atividades imobiliárias,


receitas oriundas de vendas ao governo e contratos com prazo de execução superior a um ano.

Apuração da base de cálculo do imposto de renda

A determinação do lucro real é precedida da apuração do lucro líquido com observância das
leis comerciais.

Atenção

Lucro Real é a regra geral para a apuração do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) da
pessoa jurídica. Ao mesmo tempo em que é o “regime geral” também é o mais complexo.

Olhando somente pelo lado do imposto de renda, para uma empresa que opera com prejuízo, ou margem mínima de
lucro, normalmente optar pelo regime de Lucro Real é vantajoso. Porém, sempre é prudente que a análise seja estendida
também para a Contribuição Social sobre o Lucro e para as contribuições ao PIS e à Cofins, pois a escolha do regime afeta
todos esses tributos.

25
AULA 2 • FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO

Figura 14. Apuração do Resultado do Período.

Resultado Líquido do Período-Base, antes do IR


(+) Adições
(-) Exclusões

Subtotal
(-) Compensação de prejuízos fiscais

(=) Lucro Real

Fonte: Elaborada pelo autor.

O Lucro Real é o lucro líquido do período-base, ajustado pelas adições prescritas e pelas exclusões
ou compensações autorizadas pela legislação do Imposto de Renda. O Lucro Real que servirá de
base para a provisão é o encontrado na demonstração feita na parte “A” do Livro de Apuração
do Lucro Real (LULAR).

A fórmula apresenta algumas consequências que precisam ser destacadas. A seguir, listamos
essas consequências.

A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real deverá apurar a base de cálculo
da contribuição social pelo lucro líquido ou prejuízo contábil, antes da dedução da própria
contribuição e da provisão para o imposto de renda, e após a diminuição das participações
nos lucros.

Consequências da fórmula

»» Se houver exclusão com valor absoluto maior que a soma das demais parcelas, mesmo
partindo de um lucro, será apurado um prejuízo fiscal, assim, não haverá imposto nem
provisão.

»» Se o resultado contábil for prejuízo, mas houver Adições com valor absoluto maior que a
soma das demais parcelas, será apurado um Lucro Real, e, portanto, é cabível a provisão;
nesse caso, a constituição da provisão fará aumentar o prejuízo contábil anterior.

Exemplos de adições

»» Parcelas indedutíveis de custos, despesas e encargos.

»» Valor do lucro inflacionário realizado.

»» Perdas decorrentes da diminuição do valor de investimentos relevantes, avaliados pelo


Patrimônio Líquido da coligada ou controlada.

»» Valor das participações indedutíveis.

»» Resultado negativo encontrado em sociedades e conta de participação.

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FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO • AULA 2

»» Provisão para perdas prováveis na realização de investimentos, quando feitas antes de


três anos, ou quando não comprovada a perda como permanente.

»» Valor das reavaliações realizadas e não tributadas.

»» Prejuízo havido em operações a termo ou futuro em bolsas de mercadorias no exterior,


quando não se caracterizarem como hedging.

»» Amortização de ágios relativos a investimentos avaliados pelo patrimônio líquido.

Exemplos de exclusões
»» Valor do lucro inflacionário do período-base (se a empresa optou por deferi-lo).
»» Lucros e dividendos contabilizados como receita, decorrentes de investimentos avaliados
pelo método do custo de aquisição. (Resultado é tributado quando da venda do
investimento).
»» Ganhos decorrentes do aumento do valor de investimentos relevantes em coligadas e
controladas.
»» Parcela correspondente à depreciação acelerada incentivada.
»» Parcela correspondente à amortização acelerada, de ativos intangíveis, vinculados a
atividades voltadas para desenvolvimento tecnológico aprovadas pelo conselho de
desenvolvimento industrial.
»» Parcela correspondente à exaustão incentivada.
»» Amortização de deságios relativos a investimentos avaliados pelo Patrimônio Líquido.
»» Parcela de lucro não realizado e que possa ser deferida, quando decorrente de contrato
em longo prazo com pessoa jurídica pública ou empresa sob seu controle.

Prejuízo fiscal

De acordo com Groppelli (2015), os prejuízos fiscais podem ser compensados quando da apuração
de lucros. Não existe prazo decadencial para a compensação. A única limitação é que a base de
cálculo dos tributos não poderá ser reduzida em mais de 30%. Por exemplo, se o lucro real antes
da compensação é de R$ 100.000,00, a compensação de prejuízo fiscal não poderá exceder R$
30.000,00.

Obrigatoriedade de apuração de lucro real

De acordo com a legislação atual, estão obrigadas ao regime de tributação com base no lucro
real as pessoas jurídicas:

»» Cujo faturamento (receita total), no ano-calendário anterior, seja superior ao limite de


R$ 48.000.000,00 ou ao limite proporcional de R$ 4.000.000,00 multiplicado pelo número

27
AULA 2 • FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO

de meses de atividade no ano, quando inferior a 12 meses (até o ano de 2002, esse limite
era de R$ 24.000.000,00).

»» Cujas atividades sejam de bancos comerciais, de investimentos, de desenvolvimento,


caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades
de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arredamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades
de previdência privada aberta.

»» Que tiverem lucro, rendimentos e ganhos de capital oriundos do exterior.

»» Que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam benefícios fiscais relativos à


isenção ou redução de imposto.

»» Que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal por estimativa


ou tenham reduzido ou suspendido o pagamento mensal por estimativa, mediante
levantamento de balanço ou balancete específico para esse fim.

»» Que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria


creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas
a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a
prazo ou prestação de serviços (factoring).

»» Que explorem atividades de compras e venda, loteamento, incorporação e construção


de imóveis, enquanto não concluídas as operações imobiliárias e para as quais haja
registro de custo orçado.

Receitas de juros e dividendos

De acordo com Groppelli (2015), a receita de juros de uma empresa faz parte do lucro do exercício,
sendo, consequentemente, tributada. Quando uma empresa recebe dividendos de outra, essa
receita não é tributada no Brasil, ao contrário de muitos países, como Estados Unidos, por
exemplo, onde 70% dos dividendos recebidos estão excluídos do lucro tributável, enquanto os
30% restantes estão sujeitos à alíquota de imposto de renda.

Regime tributário com base no lucro presumido

Regime de reconhecimento da receita

Groppelli (2015) aponta em seus estudos que na metodologia de apuração com base no lucro
presumido, a base de cálculo do imposto é determinada mediante a aplicação de percentual

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FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO • AULA 2

fixado no art. 15 da Lei nº 9.249/1995, de acordo com a atividade da empresa, sobre a receita
bruta auferida no mês. A esse resultado serão acrescidas outras receitas, rendimentos e ganhos
de capital (inclusive o ganho na alienação de bens de ativo não circulante), juros sobre o capital
próprio e os rendimentos e ganhos líquidos decorrentes de quaisquer operações financeiras.
(GROPPELLI, 2015).

Atenção

As vendas canceladas e descontos concedidos incondicionalmente devem ser excluídos na determinação a base de cálculo
do imposto de renda. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não compõe a base do tributo, enquanto o Imposto
sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente na venda de mercadorias ou produtos não poderá ser
deduzido.

Ganhos de capital, demais receitas ou resultados deverão ser adicionados à base de cálculo do imposto.

De acordo com a atividade, sobre a receita bruta será aplicado um dos seguintes percentuais
destacados na figura a seguir:

Figura 15. Percentuais de Alíquota de Imposto de Renda.

ATIVIDADES OPERACIONAIS PERCENTUAL SOBRE A


RECEITA BRUTA
»» Revenda, para consumo, de combustíveis derivados de petróleo e álcool etílico carburante, inclusive gás 1,6%
natural.

»» Comércio e indústria em geral; 8,0%


»» Prestação de serviços de transporte de cargas;
»» Prestação de serviços hospitalares;
»» Construção por empreitada, quando houver emprego e materiais em qualquer quantidade (Ato Declaratório
Normativo Cosit nº 6/1997);
»» Loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda.

»» Prestação de serviços de transporte de passageiros; 16%


»» Instituições financeiras, seguradoras e entidades de previdência privada;
»» Prestação de serviços, cuja receita bruta acumulada no ano-calendário não exceda o limite de R$ 120.000,00.

»» Prestação de serviços em geral, inclusive aqueles relativos ao exercício de profissões regulamentadas e 32,0%
escolas;
»» Intermediação de negócios, inclusive corretagem (seguros, imóveis, dentre outros) e de representação
comercial;
»» Administração, locação ou cessão de bens imóveis;
»» Construção por administração ou por empreitada unicamente de mão de obra;
»» Factoring;
»» Prestação de serviços de gráfica, com ou sem fornecimento de material, em relação à receita bruta que não
decorra de atividade comercial ou industrial;
»» Prestação de serviços de suprimento de água tratada e coleta de esgoto e exploração de rodovia mediante
cobrança de pedágio (Ato Declaratório Cosit nº 16/2000).

Fonte: Baseada em Groppelli (2015).

29
AULA 2 • FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO

Deduções do Imposto de Renda Devido

De acordo com Groppelli (2015), poderão ser deduzidos do imposto apurado:

»» O imposto de renda pago ou retido na fonte sobre receitas que integraram a base de
cálculo correspondente.

»» Incentivos fiscais de dedução do imposto – alimentação do trabalhador, vale-transporte


e atividade audiovisual, observados os limites da lei (5% do imposto devido no PAT e
8% do imposto devido para o vale-transporte e a soma das duas deduções não pode
exceder 8% do imposto devido).

Importante

O imposto de renda na fonte como exclusivo e definitivo não poderá ser compensado porque o rendimento não integrou a
base de cálculo do lucro presumido. O imposto que pode ser compensado é a fonte relativa à prestação de serviços, pois ele
é retido a título de antecipação. A partir de 1/1/1997, o imposto na fonte sobre rendimentos de aplicações financeiras e sobre
os juros sobre o capital próprio passou a ser retido a título de antecipação. (GROPPELLI, 2015).

Distribuição de Lucros aos Sócios

Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir de 1/1/1996 e
distribuídos pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido não estão sujeitos
à incidência do imposto de renda na fonte nem integração como rendimentos tributáveis na
declaração das pessoas físicas beneficiárias.

Obrigações assessorias

Groppelli (2015), ainda destaca em seus estudos sobre regime de tributação, que a empresa não
precisará manter a escrituração contábil nos termos da legislação comercial, desde que escriture
o livro-caixa. Essa desobrigação de escriturar o livro-diário só tem efeitos fiscais, não valendo
para fins de concordata e falência. [Saiba mais]

»» Groppelli (2015) ainda aponta que a empresa deverá escriturar, ao término de cada ano-
calendário, o Livro Registro de Inventário (empresas comerciais e industriais). Manter
documentos que serviram de base para a escrituração. Elaborar a declaração anual
de rendimentos. Em caso em que ocorra uma mudança de regime tributário de lucro
presumido para lucro real, a pessoa jurídica que não manteve escrituração contábil fica
obrigada a realizar levantamento patrimonial no dia 1º de janeiro seguinte ao do último
período-base em que foi tributada com base no lucro presumido.

30
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO • AULA 2

»» Podem optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido as pessoas jurídicas
que não estão obrigadas ao regime de tributação com base no lucro real, conforme
descrito anteriormente.

Contribuição Social ao Lucro Líquido (CSLL)

É uma das fontes de recursos previstas na Constituição Federal para atender ao programa de
seguridade social.

Importante

A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro presumido deverá apurar a base de cálculo da contribuição social
por meio da aplicação de 12% sobre a receita bruta auferida no período, acrescida dos ganhos de capital, rendimentos de
aplicações financeiras e as demais receitas e resultados positivos.

A cobrança da contribuição social não está sujeita ao princípio da anualidade, ou seja, o governo não está impedido de
cobrá-la no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que a instituir ou aumentar.

Saiba mais

A seguir, estão algumas observações relevantes feitas pelo especialista em auditoria contábil e tributação, consultor de
empresas em Paraná, Mauricio Alvarez da Silva, disponíveis no site:

http://www.portaltributario.com.br/artigos/lucro-presumido-2014.htm acessado no dia 25 de março de 2016:

»» Uma questão empresarial relevante e que muitos gestores enfrentam anualmente é a definição do regime de tributação,
para fins de determinação do Imposto de Renda (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

»» Historicamente, mais de 80% das empresas optam pelo Lucro Presumido e o restante pelo Lucro Real (excluem-se desse
número as optantes pelo Simples). Vale lembrar que muitas pessoas jurídicas, por sua natureza, são obrigadas a adotar o
Lucro Real (financeiras, seguradoras, pessoas jurídicas com lucro no exterior, etc.).

»» O limite (teto) anual de receita bruta, para a empresa poder optar pelo Lucro Presumido, por força da Lei nº 12.814/2013,
a partir de 1/1/2014, corresponde a R$ 78 milhões e R$ 6,5 milhões multiplicados pelo número de meses de atividade do
ano-calendário anterior.

»» Com o aumento do teto, novas empresas estão sendo abrangidas pela possibilidade de utilizar ou se manter na sistemática
de Lucro Presumido. Caberá aos gestores analisar esse novo cenário incerto da saída da crise econômica e financeira do
país,incluindo a possibilidade de eventual reorganização societária e desmembramento de atividades.

»» É importante frisar que o regime de tributação definido para o IRPJ e CSLL (Presumido ou Real) também afeta diretamente
os cálculos do PIS e da Cofins (regime cumulativo ou não cumulativo). Portanto, o cálculo do ponto de equilíbrio também
deverá levar em conta os reflexos sobre essas contribuições.

»» Com base em balanços e balancetes, bem como projeção orçamentária de receitas, custos e despesas, uma empresa pode
definir e colocar em prática novas estratégias tributárias, adotando o Lucro Presumido, quando o ônus tributário for
menor, ou Lucro Real, quando obrigada ou, ainda, em relação ao Lucro Presumido, resultar montante estimado de IRPJ,
CSLL, PIS e Cofins a pagar inferior.

31
AULA 2 • FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO

Tributação das Microempresas e Empresas de


Pequeno Porte

A legislação tributária brasileira concede tratamento diferenciado para as microempresas e


empresas de pequeno porte, visando à simplificação de suas obrigações tributárias, como é
feito em outros países.

Na legislação tributária brasileira, microempresa é a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-
calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00.

Empresa de pequeno porte é aquela que tiver auferido, no ano-calendário, receita bruta superior
a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00.

As empresas enquadradas nessas condições podem optar pela inscrição no Simples Federal,
Sistema Integrado de Pagamento de Imposto e Contribuições das Microempresas e empresas
de pequeno porte.

Deve-se observar que essa forma de tributação vigorou até 30 de junho de 2007, tendo, a partir
de 1º de julho do mesmo ano, entrado em vigor o “Simples Nacional” ou “Super Simples”, que
foi instituído pela Lei Complementar nº 123, de 2006.

O Simples Nacional estabelece normas gerais relativas ao tratamento tributário diferenciado


e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação,
inclusive obrigações acessórias.

Valores Vigentes a partir de 1/1/2012

Por meio da Lei Complementar nº 139/2011, o Governo Federal elevou os limites de receita
bruta, para fins de opção pelo Simples Nacional. Os novos limites, válidos a partir de 2012, são:

»» No caso da microempresa, auferirá, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou


inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais).

»» No caso da empresa de pequeno porte, auferirá, em cada ano-calendário, receita bruta


superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00
(três milhões e seiscentos mil reais).

Durante essa mudança de valores vigentes, a empresa de pequeno porte optante pelo Simples
Nacional em 31 de dezembro de 2011 que durante o ano-calendário de 2011 auferir receita
bruta total anual entre R$ 2.400.000,01 (dois milhões, quatrocentos mil reais e um centavo) e
R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) continuará automaticamente incluída no

32
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO • AULA 2

Simples Nacional com efeitos a partir de 1º de janeiro de 2012, ressalvado o direito de exclusão
por comunicação da optante. (MAURICIO, 2016).

A empresa inscrita no Simples pagará, em um único documento de arrecadação, os seguintes


tributos:

»» Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ).

»» Contribuição ao PIS/Pasep.

»» Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

»» Contribuição Social Sobre o Faturamento (Cofins).

»» Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

»» Contribuição Previdenciária a cargo da empresa.

Na guia única será incluído o ICMS, se o Estado onde a empresa tiver estabelecimento assinar
convênio com a União, e o ISS, se o município do local assinar convênio.

Atividades ou Formas Societárias Vedadas do Regime


Super Simples

De acordo com a legislação brasileira de tributação, determinadas atividades ou formas societárias


estão vedadas de adotar o Super Simples – dentre essas vedações, destacam-se:

»» Pessoas jurídicas constituídas como cooperativas (exceto as de consumo).

»» Empresas cujo capital participe outra pessoa jurídica.

»» Pessoas jurídicas cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa
jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de receita.

“Ficaram fora da vedação ao regime as empresas de serviços contábeis que poderão ser optantes
pelo Simples Nacional.” (MAURÍCIO, 2016).

Como calcular a renda tributável

O rendimento tributável é definido como os recebimentos brutos menos as isenções e deduções


que estão contempladas no Regulamento do Imposto de Renda, e que são incluídas na Declaração
de Imposto de Renda, que os contribuintes devem preencher. (GROPPELLI, 2015).

Para chegar à renda tributável, Groppelli (2015) propõe a execução de três etapas:

»» A primeira é determinar a renda total, que inclui todos os tipos de renda menos certas
isenções.

33
AULA 2 • FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E MÉTODOS DE TRIBUTAÇÃO

»» Na segunda etapa, a renda total deve ser reduzida por alguns ajustes, como as contribuições
a planos de aposentadoria e de pagamentos de pensão alimentícia. O saldo é chamado
de renda bruta ajustada.

»» Na terceira e última etapa, subtraímos as deduções padrões ou as deduções relacionadas


(a que for a maior) e as isenções totais da renda bruta tributável.

Tributação das sociedades anônimas

O imposto de renda das sociedades anônimas é cobrado sobre os lucros (vendas menos todas as
despesas e os dispêndios não monetários, como a depreciação) os dividendos são distribuídos
do lucro líquido, após o pagamento dos impostos incidentes.

Essas alíquotas aplicam-se ao lucro ordinário (lucro de operações regulares) de uma empresa.
Caso uma empresa venda um ativo utilizado em suas operações por um valor superior ao contábil
(valor histórico menos a depreciação acumulada), ela obtém um ganho de capital sobre o qual
deve pagar uma alíquota correspondente a lucro ordinário. Se o preço de venda for menor do que
o valor contábil, então a empresa declara uma perda de capital, a qual se torna dedutível para
fins de cálculo do imposto de renda, de acordo com algumas normas fiscais. (GROPPELLI, 2015).

Resumo

Nesta aula, você aprendeu as formas de organização de negócios e os tipos de tributação


importantes. Aprendeu a calcular o lucro tributável de uma empresa. Inicialmente, soube que
existem três tipos principais de negócios: firma individual, sociedade por cotas e sociedade
por ação. Apresentamos as características de cada uma das formas de organização de negócios
e como elas são regidas pelas normas de tributação. Analisar o imposto de renda e os métodos
de sua apuração no caso das pessoas jurídicas. Vimos que na legislação brasileira existem duas
metodologias para se calcular o lucro que será a base de incidência do imposto de renda: o lucro
real e o lucro presumido.

34
Aula
FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE
DECISÕES OPERACIONAIS 3
Apresentação

Nesta aula, apresentamos a importância dos custos nas tomadas de decisão de planejamento da
empresa. Os gerentes tomam suas principais decisões avaliando constantemente os efeitos que
diversas alternativas de corte de custos exerceriam sobre os gastos da empresa. Embora dizer
isso possa parecer algo óbvio e simples de ser feito, nem sempre é fácil identificar ou calcular
os custos relevantes das operações de produção de uma empresa. Como os custos relevantes
relacionam-se com o futuro, e a competitividade da empresa, não é possível conhecê-los
perfeitamente por antecipação.

É importante que os gerentes envolvidos no planejamento das decisões operacionais das empresas
tenham um conhecimento básico dos custos envolvidos no processo de produção das empresas,
sejam elas de produtos ou de serviços. E para entender e prever o comportamento dos custos
operacionais, os gerentes utilizam técnicas de classificação e de estimativa. Com essas técnicas
eles conseguem estimar os custos relevantes cujo conhecimento os ajuda a tomar decisões e
planejar as operações futuras de suas empresas.

Se você está preparado, vamos embarcar agora no conhecimento básico dos custos entender as
funções de custo para estimar o custo de produção das operações e poder ajudar sua empresa a
competir melhor no mercado, como você deve saber, durante os momentos de crise econômica
devido ao alto nível de inflação, as empresas são obrigadas a controlar os custos de produção e
poder garantir um retorno sobre o capital dos sócios ou acionistas, como vimos anteriormente.

Objetivos

Ao final desta aula você será capaz de desenvolver as seguintes habilidades:


»» Entender as diferentes maneiras de descrever o comportamento dos custos operacionais
de uma empresa.
»» Dominar os métodos usados na estimativa dos custos operacionais de uma empresa.
»» Compreender as classificações de custos usadas na tomada de decisões: custos diferenciais,
custos de oportunidade e custos perdidos.
»» Ter uma boa compreensão da estrutura dos custos operacionais de uma empresa.

35
AULA 3 • FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS

Comportamento dos custos operacionais

Os gerentes tomam suas principais decisões avaliando constantemente os efeitos que diversas
alternativas de corte de custos exerceriam sobre os gastos da empresa. Embora dizer isso possa
parecer algo óbvio e simples de ser feito, nem sempre é fácil identificar ou calcular os custos
relevantes das operações de produção de uma empresa. Como os custos relevantes relacionam-
se com o futuro, e a competitividade da empresa, não é possível conhecê-los perfeitamente por
antecipação. Eldenburg (2015), em seus estudos sobre comportamento de custos, sugere que “a
melhor maneira de prevê-los é cuidadosamente identificar e estimar a maneira como eles serão
afetados por uma decisão”.

Para os gerentes, um primeiro passo na avaliação dos custos relevantes é a identificação dos
custos que seriam afetados por uma situação particular de corte de gastos, ou seja, como os
gerentes procuram tratar os custos relevantes.

Objeto de custeio

A expressão objeto de custeio é um objeto ou atividade para o qual medimos os custos. Como
exemplo de objeto de custeio Eldenburg (2015) cita produtos específicos, linhas de produção,
clientes, departamentos e, mesmo, a empresa como um todo. Os objetos de custeio também
incluem atividades como, por exemplo, a colação de pneus como parte de processo de produção de
bicicletas. Os gerentes identificam um ou mais objetivos de custeio baseando-se em informações
que lhe permitem tomar uma decisão particular, fazer orçamentos e planos, ou determinar o
valor de seus produtos ou serviços.

Dessa forma, o objeto de custeio torna-se um instrumento importante para identificar as diferentes
maneiras de se descrever o comportamento de custos em uma organização de produtos ou de
serviços. A seguir, identificamos as diferentes maneiras de acompanhar o comportamento dos
custos relevantes.

Identificação dos custos relevantes por meio do sistema contábil

Uma maneira de identificar os custos relevantes de uma empresa é de buscar no sistema


contábil tipos de custos que podem ser afetados por uma decisão. Entretanto, de acordo com
Eldenburg (2015) nem todos os custos relevantes aparecem no sistema contábil. Por exemplo,
para estimar os custos que serão poupados em função de demissões, os cortes de gastos obtidos
com as demissões somente apareceriam no sistema contábil após a decisão ter sido tomada. Ao
mesmo tempo, certos custos apreendidos pelo sistema contábil são irrelevantes. Por exemplo, os
custos do departamento de recursos humanos não mudariam se somente um pequeno número
de empregados fosse demitido, de modo que esses custos não têm relevância. Na identificação

36
FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS • AULA 3

dos custos relevantes, é preciso cuidado ao se pensar e julgar; não obstante, nossa tarefa fica
facilitada quando sabemos quais são os custos diretos e quais são os indiretos.

Classificações gerais dos custos

A compreensão da classificação dos custos auxilia no crescimento de empresa. Continuamos nossa


discussão sobre custos identificando e exemplificando cada uma das três categorias de custos
fundamentais na produção. Para tanto, concentramos nossa discussão em empresas de manufatura,
pois elas estão envolvidas na maioria das atividades encontradas em outros tipos de organização.
As empresas manufatureiras estão ligadas às atividades de produção, tais como aquisição de
matérias-primas, produção de bens finais, marketing, destruição e faturamento e quase todas as
outras atividades de negócios. Portanto, compreender os custos de uma empresa de manufatura
pode ser muito útil para entender os custos em outros tipos de organização de serviços.

Custos de Produção

A maioria das empresas manufatureiras divide os custos de produção em três amplas categorias:
materiais diretos, mão de obra direta e custos indiretos de produção. Discutiremos cada um
deles a seguir.

Figura 16. Estrutura dos Custos de Produção.

Materiais Diretos

CUSTO DE PRODUÇÃO Mão de obra Direta

Custos Indiretos

Fonte: Elaborada pelo autor.

Materiais diretos

Os materiais diretos são os aqueles que entram no produto final e que são ainda chamados de
matérias-primas. De acordo com Garrison (2015), esse termo é um pouco enganoso porque
parece implicar recursos naturais que não foram processados, como polpa de madeira ou minério
de ferro. Na verdade, as matérias-primas referem-se a quaisquer materiais utilizados no produto
final; e produto final de uma empresa pode se tornar a matéria-prima de outra empresa.

Matérias-primas podem incluir materiais diretos e indiretos. Materiais diretos são aqueles que
se tornam parte integral do produto final e cujos custos podem ser convenientemente associados
ao produto final. Isso incluiria, por exemplo, os assentos que a Airbus compra de subcontratantes

37
AULA 3 • FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS

para instalar em suas aeronaves comerciais, e os pequenos motores eletrônicos que a Panasonic
usa em seus aparelhos de DVD.

Atenção

Os custos diretos são facilmente identificados aos objetos de custeio individuas, uma vez que existe uma clara relação de
causa a efeito entre o objeto de custeio e o custo.

Materiais diretos são materiais que se tornam uma parte integral de um produto final e cujos custos podem ser
convenientemente associados a ele.

Materiais indiretos são itens pequenos de materiais como cola e pregos que podem fazer parte integral de um produto final,
mas cujos custos não podem ser fáceis ou convenientemente associados a ele.

Figura 17. Estrutura de Custos de Materiais Diretos.

Materiais Diretos

MATERIAIS DIRETOS Matérias-primas

Materiais Indiretos

Fonte: Elaborada pelo autor.

Um exemplo dado por Eldenburg (2015) é da Fábrica de bicicletas Magik Bicycles em que ele
suponha que os gerentes desejam se informar mais sobre os custos. Os custos de peças como
pneus, guidões e quadros podem ser diretamente identificados não somente à produção
das bicicletas individualmente, mas, também, aos resultados de toda sua linha de produção.
(ELDENBURG, 2015).

Já Garrison (2015) avançou o argumento de que, às vezes, não vale a pena o esforço de associar
os custos de materiais relativamente insignificantes aos seus produtos finais. Segundo ele, esses
itens de menor importância incluiriam o soldador usado para fazer conexões elétricas em um
aparelho de televisão da Sony ou a cola usada para montar uma cadeira. (GARRISON, 2015).

Assim, materiais como o soldador ou a cola são chamados de materiais indiretos e são incluídos
como parte dos custos indiretos de produção, que serão discutidos mais adiante.

Mão de obra direta

De acordo com Garrison (2015), a mão de obra direta consiste em custos de mão de obra que
podem ser facilmente (ou seja, física e convenientemente) associados a unidades individuais
de produtos. Às vezes, a mão de obra direta é chamada de mão de obra de toque (touch labor)
porque seus trabalhadores tocam no produto enquanto é produzido. Exemplos de mão de obra

38
FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS • AULA 3

direta incluem os trabalhadores da linha de montagem na Toyota, carpinteiros na empresa de


construção civil, e eletricistas que instalam equipamentos em aeronaves na Empresa Brasileira
de Aeronáutica (Embraer).

Os custos de mão de obra que não conseguem ser fisicamente associados a determinados
produtos, ou só podem ser associados a alto custo e inconveniência, são chamados de mão de
obra indireta. Assim como os materiais indiretos, a mão de obra indireta é tratada como parte
dos custos indiretos de produção, e inclui os custos de mão de obra de serventes, supervisores,
funcionários de manuseio de materiais e vigias noturnos. Embora os esforços desses trabalhadores
sejam essenciais, seria impraticável ou impossível associar seus custos com precisão a unidades
específicas de produtos. Logo, tais custos de mão de obra são tratados como mão de obra indireta.
(GARRISON, 2015).

Figura 18. Estrutura de Custos de Mão de Obra.

Mão de Obra Direta

CUSTO DE
Mão de Obra
MÃO DE OBRA

Mão de Obra Indireta

Fonte: Elaborada pelo autor.

Importante

Custo de mão de obra direta consiste em custo de mão de obra de fábrica que pode ser facilmente associado a unidades de
produtos individuais ou objetos de custeio. Também chamado de custo de mão de obra de toque em inglês de touch labor.

Custo de mão de obra indireta consiste em custo de mão de obra de serventes, supervisores, manipuladores de materiais e
de outros trabalhadores da fábrica que não podem ser convenientemente associados a produtos específicos.

Custos indiretos de produção

Os custos indiretos de produção, geralmente terceiro elemento dos custos de produção, incluem
todos os custos de produção, exceto os de materiais diretos e mão de obra direta. Neles, inserem-se
itens como materiais indiretos, mão de obra indireta, manutenção e reparos nos equipamentos
de produção, além de aquecimento e energia elétrica, impostos sobre propriedade, depreciação
e seguro das instalações de produção. Uma empresa incorre em custos de aquecimento e energia
elétrica, impostos sobre propriedade, seguro, depreciação e outros, associados às suas funções de
venda e administrativas, mas eles não são incluídos como parte dos custos indiretos de produção.

39
AULA 3 • FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS

De acordo com Garrison (2015), apenas os custos associados à operação da fábrica integram os
custos indiretos de produção.

Esses custos podem ter vários sinônimos, como custos indiretos de manufatura, custos indiretos
da fábrica e ônus da fábrica.

Atenção

Custos indiretos de produção são todos os custos de produção, exceto materiais diretos e mão de obra direta.

No sistema contábil, todos os custos de produção, com exceção dos custos diretos com matéria-prima e mão de obra,
são frequentemente combinados em grupos (conjuntos de custos), e são chamados de despesas indiretas de fabricação.
Frequentemente, essas despesas são comuns a diversos aspectos das operações e é impossível relacioná-las a produtos ou
serviços individuais.

Custos não relacionados à produção

Garrison (2015), na sua classificação de custos, identifica também os custos não relacionados à
produção que ele considere que são geralmente divididos em duas categorias: custos de venda
e custos administrativos.

Figura 19.Estrutura de Custos não Relacionados à Produção.

Custos de Vendas

Custos não Relacionados


à Produção

Custos Administrativos

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os custos de venda, segundo Garrison (2015), abrangem todos os custos que são incorridos para
assegurar os pedidos dos clientes e fazer o produto final chegar até eles. Eles são chamados de
custos de recebimento de pedidos e custos de cumprimento de pedidos.

Exemplos de custos de venda incluem propaganda, entrega, viagens de venda, comissões de


venda, salários de vendedores e custos dos armazéns de produtos finais.

Os custos administrativos, de acordo com Garrison (2015), incluem todos os custos associados à
gestão geral de uma organização. Alguns exemplos de custos administrativos são: remuneração
de executivos, contabilidade geral, custos de secretaria, de relações públicas e custos similares
envolvidos na administração geral da organização.

40
FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS • AULA 3

Atenção

Custos de venda são todos os custos incorridos para garantir pedidos de clientes e fazer o produto ou serviço final chegar às
mãos do cliente.

Custos administrativos são todos os custos executivos, organizacionais e de escritório associados à gestão geral de uma
organização (apoio à atividade-fim) em vez de à produção ou à venda.

Os custos não relacionados à produção são geralmente chamados de custos de venda, gerais e administrativos ou, apenas,
custos de venda e administrativos.

Custos de Produto versus Custos do Período

Além de custos de produção ou não relacionados à produção, Garrison (2015) encontrou outras
maneiras de classificar os custos, em custos de produto ou custos de período. Para compreender
a diferença entre custos de produto e custos de período. Garrison (2015) parte do princípio da
competência da Contabilidade Financeira. Garrison (2015), explica que, de maneira geral, os
custos são reconhecidos como despesas da demonstração de resultado do período de benefício
dos custos (geração de receita). Por exemplo, se uma empresa paga antecipadamente por um
seguro de responsabilidade civil que usufruirá por dois anos, o valor total não é considerado uma
despesa apenas do ano em que o pagamento é realizado. Em vez disso, metade do custo seria
reconhecida como uma despesa a cada ano. O motivo dessa ação é que ambos os anos e não
somente o primeiro se beneficiam do pagamento do seguro. A fração não imputada do seguro
é mantida no balanço patrimonial como um ativo chamado seguro antecipado.

O princípio de competência, de acordo com Garrison (2015), baseia-se no conceito de acréscimo


ou especialmente por exercício de que os custos incorridos para gerar determinada receita
devem ser reconhecidos como despesas no mesmo período em que a receita é reconhecida. Isso
significa que se um custo é incorrido para adquirir ou produzir algo que será vendido depois,
então o custo deve ser reconhecido como uma despesa somente quando ocorrer a venda, isto
é, quando ocorrer o benefício. Tais custos são chamados custos de produtos.

Custos do Produto

Para fins de Contabilidade Financeira, Garrison (2015) considera custos de produto aqueles
que incluem todos os custos envolvidos na aquisição ou na produção de um produto. No caso
de produtos manufaturados, consistem em custos de materiais diretos, custos de mão de obra
direta e custos indiretos de produção.

Os custos do produto são alocados às unidades de produto ou objeto de custeio à medida que
bens são comprados ou manufaturados e permanecem alocados quando esses bens ou produtos
entram em estoque aguardando a venda. Os custos do produto são inicialmente atribuídos a
uma conta de estoque no balanço patrimonial visto na primeira aula desta disciplina.

41
AULA 3 • FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS

Quando os produtos são vendidos, os custos deixam o estoque como despesa (chamados custos
de produtos vendidos) e passam a integrar a receita de vendas. Como os custos de produto são
inicialmente atribuídos a estoques, eles são conhecidos como custos inventariáveis.

Garrison (2015) enfatiza que os custos de


Importante
produto não são, necessariamente, tratados
como despesas no período em que são Custos de produto são todos os custos envolvidos na
incorridos. Em vez disso, como explicado aquisição ou produção de um produto. No caso de
produtos manufaturados, consistem em materiais diretos,
antes, são tratados como despesas no período
mão de obra direta e custos indiretos de produção.
em que os produtos relacionados são vendidos,
Custos inventariáveis são sinônimos de custos de produto.
respeitando sempre a competência (período
a que compete).

Custos do Período

Os custos do período são todos aqueles que


Importante
não são custos do produto. Todas as despesas
de venda e administrativas são tratadas como O período em que o custo é incorrido não é
custos do período, por exemplo, comissão de necessariamente o período em que o dinheiro troca de
mãos. Por exemplo, como discutimos antes, os custos de
vendas, propaganda, salários de executivas
um seguro financeiro são distribuídos entre os períodos
relações públicas e os custos de aluguéis de que se beneficiam do seguro independentemente do
escritórios administrativos. período em que o prêmio do seguro foi pago.

Custos do período são custos que são levados diretamente


Os custos do período não são incluídos como para a demonstração de resultados como despesas no
parte do custo dos produtos adquiridos ou período em que são incorridos ou acrescidos.

dos produtos manufaturados; em vez disso,


são imputados na demonstração de resultados no período em que são incorridos, usando as
regras usuais da Contabilidade.

Custos primários e custos de transformação

Mais duas categorias de custos são utilizadas na identificação de custos de produção: custos
primários e os de transformação.

»» Custos primários: os custos primários são a soma dos custos de materiais diretos e dos
custos de mão de obra direta.

»» Custos de transformação: são a soma dos custos de mão de obra direta e dos custos
indiretos de produção. O termo custos de transformação é usado para descrever os
custos de mão de obra direta e os custos indiretos de produção porque esses custos são
incorridos para transformar os materiais no produto final.

42
FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS • AULA 3

Figura 20. Resumo dos Termos Relacionados a Custo.

CUSTOS DE PRODUÇÃO

Materiais Mão de Obra Custos Indiretos de


Diretos Direta Produção

Custos Custos de
Primários Transformação

CUSTOS NÃO RELACIONADO À PRODUÇÃO

Custos de Venda Custos Administrativos

Fonte: Baseado em Garrison (2015).

Muitas vezes, é necessário prever como certos custos se comportarão em resposta a uma mudança
nas atividades de produção. Por exemplo, um gerente da Vivo, uma empresa de telefonia, pode
querer estimar o impacto que um aumento de 5% nas ligações de longa distância feitos pelos
clientes teria na fatura total de energia elétrica da empresa. O comportamento dos custos, de
acordo com o Garrison (2015), refere-se a como um custo reage a mudanças no nível de atividades
da empresa. À medida que a atividade da empresa aumenta ou diminui, determinado custo
aumentará e diminuirá, ou poderá permanecer constante. Para fins de planejamento, um gerente
deve conseguir prever qual dessas opções acontecerá; e se é possível que um custo mude, o
gerente deve conseguir estimar o quanto ele mudará. Para ajudar a fazer tais distinções, Garrison
(2015) propõe uma classificação dos custos em três categorias:

»» Custos variáveis.

»» Custos fixos.

»» Custos mistos.

A proporção relativa de cada tipo de custo em uma organização, segundo Garrison (2015) é
conhecida como estrutura de custo. Por exemplo, uma organização pode ter muitos custos
fixos, mas poucos custos variáveis ou mistos. De outro modo, pode ter muitos custos variáveis,
mas poucos custos fixos ou mistos.

43
AULA 3 • FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS

Figura 21. Estrutura dos Custos.

ESTRUTURA DE CUSTO

FIXO VARIÁVEL MISTO

Fonte: Elaborada pelo autor.

Atenção

Comportamento dos custos é a maneira como um custo reage a mudanças no nível de atividades.

Estrutura de custo é a proporção relativa de custos fixos, variáveis e mistos em uma organização.

Custos variáveis

Um custo variável, de acordo com Garrison (2015) varia no total, em proporção direta a mudanças
no nível de atividade da empresa. (GARRISON, 2015). Exemplos comuns de custos variáveis incluem
os custos de produtos vendidos para uma empresa de merchandising, materiais diretos, mão
de obra direta, elementos variáveis dos custos indiretos de produção, como materiais indiretos,
suprimentos e energia elétrica e elementos variáveis das despesas de venda e administrativas,
como comissões e custos de entrega.

Atenção

Para um custo ser variável, ele tem que ser variável em relação a algo, que é sua base de atividades. Uma base de atividades
é uma medida de qualquer coisa que incorra em um custo variável; às vezes, é chamada de direcionador de custo. Algumas
das bases de atividades mais comuns são horas de mão de obra direta, horas-máquina, unidades produzidas e unidades
vendidas. Outros exemplos incluem o número de milhas dirigidas por vendedores, o número de quilos de roupa de cama,
mesa e banho lavada por um hotel, o número de ligações recebidas pela equipe de suporte técnico em uma empresa de
softwares e o número de camas ocupadas em um hospital.

Mesmo que haja muitas bases de atividades dentro das organizações, nesta aula, salvo indicação contrária, você deve supor
que a base de atividades em consideração é o volume total de produtos e serviços fornecidos pela organização.

Especificaremos a base de unidades somente quando ela for algo diferente da produção total.

Custos fixos

Um custo fixo é um custo que permanece constante, no total, independentemente de mudanças


no nível de atividade da empresa. Exemplos de custos fixos incluem depreciação linear, que
veremos nas próximas aulas desta disciplina, seguros, impostos sobre propriedade, aluguéis,
salários de supervisores, salários administrativos e propaganda.

44
FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS • AULA 3

Saiba mais

Ao contrário dos custos variáveis, os custos fixos não são afetados por mudanças nas atividades. Consequentemente, à
medida que o nível de atividade aumenta e diminui, os custos fixos totais permanecem constantes, a menos que sejam
influenciados por alguma força externa, como o proprietário de um imóvel aumentar sua despesa mensal com o aluguel.

Como o total de custos fixos permanece constante para as amplas variações no nível de atividade, o custo fixo médio por
unidade torna-se progressivamente menor com o aumento do nível de atividade.

Garrison (2015) adverte, em regra, contra expressar custos fixos em uma média por unidade em relatórios internos porque
isso cria a falsa impressão de que os custos fixos são como os custos variáveis e que o total dos custos fixos realmente varia
proporcionalmente à mudança nos níveis de atividade.

Para fins de planejamento, Garrison (2015) aponta que os custos fixos podem ser vistos como
comprometidos ou discricionários.

Os custos fixos comprometidos representam investimentos organizacionais com um horizonte


de planejamento de vários anos que não podem ser significativamente reduzidos nem mesmo por
curtos períodos de tempo sem fazer mudanças fundamentais. Exemplos incluem investimentos
e instalações e equipamentos, além de impostos sobre imóveis, despesas com seguros e salários
da alta gerência. Garrison (2015) afirma que mesmo se as operações forem interrompidas ou
diminuídas, os custos fixos comprometidos permanecem praticamente imutáveis em curto prazo,
pois os custos de restaurá-los posteriormente serão muito maiores do que quaisquer economias
que pudessem ser realizadas a curto prazo. (GARRISON, 2015).

Os custos fixos discricionários (geralmente chamados de custos fixos gerenciados) normalmente


são provenientes de decisões anuais tomadas pela gerência para gastar em certos itens de custo
fixo. Exemplos incluem propaganda, pesquisas, relações públicas, programas de desenvolvimento
gerencial e estágios para estudantes. De acordo com Garrison (2015), os custos fixos discricionários
podem ser cortados por curtos períodos de tempo causando mínimos prejuízos aos objetivos
em longo prazo da organização.

Figura 22. Estrutura do Custo Fixo para Fins de Planejamento.

PARA FINS DE PLANEJAMENTO


Custos Fixos
Comprometidos

Custos Fixos

Custos Fixos
Discricionários

Fonte: Elaborada pelo autor.

45
AULA 3 • FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS

Atenção

Custos comprometidos são investimentos em instalações, equipamentos e estrutura organizacional básica que não podem
ser significativamente reduzidos, mesmo que seja por pouco tempo, sem fazer mudanças fundamentais.

Custos fixos discricionários são custos fixos que surgem de decisões anuais da gerência de gastar em certos itens de custos
fixos, como propaganda e pesquisa.

Custos Mistos

De acordo com Garrison (2015), um custo misto contém elementos de custos variáveis e fixos.
Os custos mistos são conhecidos como custos semivariáveis.

Agora, vamos ver quais os métodos utilizados para se prever o comportamento dos gastos de
uma empresa. Então, não é bom saber para ajudar a sua empresa a eliminar alguns gastos se
precisar ou saber de antemão quanto irá gastar para cada nível de atividade programada? Não
é bom saber programar? Então, vamos entender isso! Você está com uma calculadora na mão?
Caso não, que tal adquirir uma para uso pessoal já que não será autorizado a utilizar o celular
na avaliação.

Métodos de Análise e estimação dos Custos Totais de Produção:


custos mistos

Custos totais de produção, os classificados como custos mistos, são muito comuns nas empresas
de produtos ou serviços. Por exemplo, o custo geral de serviços de raio-X a pacientes de um
hospital público da sua cidade, ou de uma clínica ortopedista da sua cidade é um custo misto.
Vamos saber por que classificamos esse custo como misto. Para saber, basta fazer a seguinte
análise: custos de depreciação dos equipamentos usados para realizar o raio-x, e os salários de
radiologistas e técnicos são fixos, mas os custos do filme de raio-x, energia elétrica e suprimentos
são variáveis.

Saiba mais

De acordo com Garrison (2015), a fração fixa de um custo misto representa o custo mínimo de ter um serviço pronto
e disponível para uso. A fração variável representa o custo incorrido para o consumo real do serviço, assim, varia
proporcionalmente à quantidade do serviço realmente consumida.

Existem diversos métodos que os gerentes podem utilizar para estimar os comportamentos fixos ou variáveis de um
custo misto em uma organização:

»» Método de análise contábil: método para analisar o comportamento dos custos no qual uma conta é classificada
como variável ou fixa, dependendo do conhecimento anterior do analista de como o custo se comporta na conta.

46
FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS • AULA 3

»» Método de abordagem da engenharia: método de análise detalhada do comportamento dos custos baseada na
avaliação de um engenheiro industrial dos insumos que são necessários para realizar determinada atividade e dos
preços desses insumos.

»» Método dos pontos extremos: é o método de regressão dos mínimos quadrados que estimam os elementos fixo e
variável de um custo misto, analisando registros passados de dados de custos e de atividades. Esse método prevê o
comportamento linear dos custos de produção em uma empresa.

Usaremos esse método para ilustrar cálculos nos gráficos para comparar as estimativas de custos nos serviços de
raio-x.

Método dos pontos extremos ou método de regressão dos


mínimos quadrados

Estatística e geometricamente falando, o método de regressão do mínimo quadrado ou dos pontos


extremos é um método baseado na fórmula do custo total de produção visto anteriormente que
usa a elevação sobre distância para calcular a inclinação de uma linha reta. Como discutido
anteriormente, se a relação entre custo e atividade puder ser representada por uma linha
reta, então, a inclinação da linha reta será igual aos custos variáveis por unidade de atividade.
Consequentemente, a fórmula a seguir pode ser usada para estimar os custos variáveis:

Elevação Y2 - Y1
Custos Variáveis = Inclinação da linha = =
Distância X2 - X1

Para analisar os custos mistos com o método dos pontos extremos, comece identificando o
período com o menor nível de atividade e o período com o maior nível de atividade. O menor
nível é selecionado como o primeiro ponto na fórmula descrita e o período com maior nível de
atividade é selecionado como o segundo ponto, consequentemente, a fórmula passa a ser:

Y 2 - Y1 Custos no Nível mais Alto de Atividade Y2 - Custos no Nível mais Baixo de Atividade Y1
Custos Variáveis = =
X2 - X1 Nível mais Alto de Atividade X2 - Nível mais Baixo de Atividade X1

Ou ainda:

Variação nos Custos


Custos Variáveis =
Variação nas Atividades

Quando o método de pontos extremos é usado, os custos variáveis são estimados por meio da
divisão da diferença de custos entre os níveis de atividade mais alto e mais baixo pela variação
em atividade entre esses dois pontos.

47
AULA 3 • FUNÇÃO DE CUSTO NA TOMADA DE DECISÕES OPERACIONAIS

Figura 23: Equação de Custo Total.

Custo Total de Produção Custo Variável Unitário

CT = CF + CVU x Q

Custo Fixo Quantidade Total de Produção

Figura 24: Equação de Custo Total

Receita Total Custo Variável Unitário

Equilíbrio
RT = CT PU x Q = CF + CVU x Q

Preço Unitário Quantidade Total de Produção

Resumo

Nesta aula, vimos a função de custo, a estrutura do custo de produção, assim como os métodos de
projeção e estimativa de custos totais de produção. Métodos de Análise e Estimação dos Custos
Totais de Produção: custos mistos. Método de abordagem da engenharia: método de análise
detalhada do comportamento dos custos baseada na avaliação de um engenheiro industrial dos
insumos que são necessários para realizar determinada atividade e dos preços desses insumos.
Classificação de custo para prever o comportamento. Método dos pontos extremos ou método
de regressão dos mínimos quadrados. No equilíbrio, a receita total é igual ao custo total.

48
MÉTODOS DE CUSTEIO
Aula
4
Apresentação

Compreender como os produtos e serviços são custeados é vital para os gerentes porque o
modo como esses custos são determinados pode causar um impacto substancial sobre os lucros
divulgados e sobre as decisões essenciais da gerência.

Um sistema de custeio gerencial deve fornecer dados de custo para ajudar os gerentes a planejarem,
controlarem e tomarem decisões. No entanto, exigências de relatórios financeiros externos e
declarações de impostos geralmente influenciam bastante como os custos são acumulados e
resumidos nos relatórios gerenciais. Isso ocorre com o custeio de produto ou de serviço.

Você deve estar se lembrando da aula anterior em que nos vimos que as empresas classificam
seus custos em três categorias: custos de materiais diretos, custos de mão de obra direta e custos
indiretos de produção. Dessa vez, analisaremos como esses custos são calculados no processo
de produção de uma grade variedade de produtos ou serviços ao mesmo tempo e no caso em
que é produzido apenas um produto. O primeiro caracterizado de método de custeio por ordem
de produção e no segundo caso de custeio por absorção.

Objetivos

Ao término desta aula, você será capaz desenvolver as seguintes habilidades:


»» Calcular uma taxa predeterminada de custos indiretos.
»» Aplicar custos indiretos a ordens de produção por meio de uma taxa predeterminada.
»» Calcular o custo total e o custo médio por unidade de uma ordem de produção.
»» Preparar tabelas de custos de produtos manufaturados e custos de produtos vendidos
e uma demonstração de resultado.
»» Entender o método de custeio por absorção.
»» Entender os métodos de custeio por ordem de produção.
»» Medir os custos de materiais diretos.
»» Medir custos de mão de obra direta.

49
AULA 4 • MÉTODOS DE CUSTEIO

Sistema de Custeio

Você deve estar se lembrando da aula anterior em que nos vimos que as empresas classificam
seus custos em três categorias: custos de materiais diretos, custos de mão de obra direta e
custos indiretos de produção. Dessa vez, analisaremos como esses custos são calculados no
processo de produção de uma grande variedade de produtos ou serviços ao mesmo tempo e no
caso em que é produzido apenas um produto. O primeiro caracterizado de método de custeio
por ordem de produção e, no segundo caso, de custeio por absorção.

No método de custeio por ordem de produção, os custos de produtos incluem todos os custos
de produção. Alguns custos de produção como os de materiais diretos podem ser diretamente
associados a determinados produtos. É usado em situações em que muitos produtos, ordens de
produção ou serviços diferentes são produzidos em cada período.

Figura 25. Sistema de Custeio.

Usado para custo de muitos


CUSTEIO POR ORDEM DE
produtos produzidos em um
PRODUÇÃO
período

MÉTODOS DE CUSTOS

Usado para custo de um


CUSTEIO POR ABSORÇÃO
produto ou serviço

Fonte: Elaborada pelo autor.

O método de custeio por ordem de produção é, portanto, um método de gerenciamento de custos


que permite obter informações sobre todos os custos que entram no processo de produção da
empresa. Assim sendo, ele se distingue em um subsistema considerado método de custeio por
absorção no qual todos os custos de produção, tanto os fixos quanto os variáveis, são atribuídos
às unidades de produção. Diz-se que as unidades absorvem totalmente os custos de produção.

Assim, na figura acima ilustrando o sistema de custeio considere-se, portanto, que o sistema de
custeio envolve a medição dos custos diretos de produção e a medição dos custos de mão de

50
MÉTODOS DE CUSTEIO • AULA 4

obra direto e é constituído de dois métodos: o custeio por ordem de produção, que é usado no
caso em que a empresa produz uma grande variedade de produtos ao mesmo tempo e o custeio
por absorção no caso em que queremos determinar a penas o custo de um produto.

Atenção

»» Método de custeio por absorção: é o método de custeio que inclui todos os custos de produção – materiais diretos, mão de
obra direta e custos indiretos de produção variáveis e fixos no custo de um produto.

»» Método de custeio por ordem de produção: é um sistema de custeio usado em situações em que muitos produtos, ordens
de produção ou serviços diferentes são produzidos em cada período.

Medição de custo de materiais diretos

O sistema de custeio consiste em medição de custos de materiais diretos e custos de mão de obra
direta. Para se medir os custos de materiais diretos precisa-se de uma lista de materiais e de um
formulário de requisição de materiais. A lista de materiais é considerada um documento que
mostra a quantidade de cada tipo de material direto necessário para se produzir um produto. E o
formulário de requisição de materiais é um documento que especifica o tipo e a quantidade de
materiais a serem retirados dos estoques e que identifica a ordem de produção que será cobrada
pelo custo desses materiais. O formulário de requisição de materiais é usado para controlar o
fluxo de materiais que entra na produção e também para fazer registros contábeis.

Quando se fecha um acordo com o cliente sobre as quantidades, os preços e a data de entrega
do pedido é emitida uma ordem de produção.

51
AULA 4 • MÉTODOS DE CUSTEIO

Depois de uma ordem de produção ter sido emitida, o sistema de software de custeio por ordem
de produção do departamento de contabilidade gera automaticamente um relatório de custos
por ordem de produção.

Um relatório de custos por ordem de produção é um formulário que registra os custos de


materiais, os custos de mão de obra e os custos indiretos de produção cobrados de uma ordem
de produção.

Figura 26. Sistema de Ordem de Produção.

Lista de Materiais

RELATÓRIO DE CUSTOS POR


ORDEM DE PRODUÇÃO
ORDEM DE PRODUÇÃO

Formulário de Requisição de
Materiais

Fonte: elaborada pelo autor.

Atenção

Para medição dos custos materiais diretos serão necessários uma lista de materiais e de um formulário de requisição de
materiais.

Saiba mais

»» Lista de materiais: é considerada um documento que mostra a quantidade de cada tipo de material direto necessário para
se produzir um produto.

»» Formulário de requisição de materiais: é um documento que especifica o tipo e a quantidade de materiais a serem
retirados dos estoques e que identifica a ordem de produção que será cobrada pelo custo desses materiais. O formulário de
requisição de materiais é usado para controlar o fluxo de materiais que entra na produção e também para fazer registros
contábeis. Relatório de custos por ordem de produção: é um formulário que registra os custos de materiais, os custos de
mão de obra e os custos indiretos de produção cobrados de uma ordem de produção.

Medição dos custos de mão de obra direta

De acordo com Groppelli (2015), os custos de mão de obra direta consistem naqueles que podem
ser facilmente associados a determinada ordem de produção. Custos de mão de obra que não
podem ser facilmente associados a nenhuma ordem de produção são tratados como parte dos

52
MÉTODOS DE CUSTEIO • AULA 4

custos indiretos de produção. Como discutido na aula anterior, esta última categoria de custos de
mão de obra é chamada de mão de obra indireta e inclui tarefas como manutenção, supervisão
e limpeza.

Hoje, muitas empresas contam com


Saiba mais
sistemas computadorizados em vez de
papel e lápis para manterem as fichas »» Custos de mão de obra direta consistem naqueles que podem ser
de horas dos funcionários. Um relatório facilmente associados a determinada ordem de produção.

de horas completa é um resumo hora »» Custos de mão de obra: que não podem ser facilmente associados

por hora das atividades do funcionário a nenhuma ordem de produção; são tratados como parte dos
custos indiretos de produção.
durante todo dia. Uma abordagem
»» Custos indiretos de produção de mão de obra: são chamados
computadorizada de criação de ficha
de mão de obra indireta e incluem tarefas como manutenção,
de horas utiliza códigos de barras para supervisão e limpeza.
captar dados. (GROPPELLI, 2015).

Taxas Predeterminadas de Custos Indiretos

Os custos indiretos de produção também precisam ser registrados no relatório de ordem de


produção, visto anteriormente. Entretanto, Groppelli (2015), destaca um ponto importante que
é atribuir custos indiretos de produção a uma ordem de produção específica, envolve algumas
dificuldades que se justifiquem por três motivos:

»» Os custos indiretos de produção significa que é impossível, ou pelo menos difícil, associar
esses custos a um produto ou ordem de produção específica.

»» Os custos indiretos de produção consistem em muitos itens diferentes, que vão do óleo
utilizado em máquinas ao salário anual do gerente de produção.

»» Devido aos custos fixos, o total dos custos indiretos de produção tende a permanecer
relativamente constante de um período para outro, embora o número de unidades
produzidas possa flutuar amplamente. Consequentemente, o custo médio varia de uma
unidade para outro.

Segundo Groppelli (2015), dados esses


Atenção
problemas, usa-se a alocação para
atribuir custos indiretos a produtos. A Uma base de alocação é uma medida como horas de mão de obra
alocação é realizada selecionando-se direta (HMOD) ou horas-máquina (HM), que é utilizada para
atribuir custos indiretos a produtos e serviços. As bases de alocação
uma base de alocação que é comum
mais amplamente utilizadas na produção são: horas de ao de obra
a todos os produtos e serviços da direta, custos de mão de obra direta, horas-máquina e, no caso de a
empresa. empresa que possui um produto, uma unidade de produto.

53
AULA 4 • MÉTODOS DE CUSTEIO

Os custos indiretos de produção são normalmente atribuídos a produtos usando-se uma taxa
predeterminada de custos indiretos, calculada dividindo-se os custos indiretos de produção
totais estimados do período pelo valor total estimado da base de alocação, como a seguir:

Custos Indiretos de Produção Totais Estimados


Taxa Predeterminada de custo indireto =
Valor Total Estimado da Base de Alocação

Importante

A taxa predeterminada de custo indireto é calculada em quatro etapas:

A primeira é estimar o valor total da base de alocação de (o denominador) que será necessário para o nível de produção
estimado do próximo período.

A segunda etapa é estimar os custos indiretos de produção fixos totais do período seguinte e os custos indiretos de produção
variáveis por unidade da base de alocação.

Na terceira, é usar a fórmula de custo para estimar os custos indiretos de produção totais (o numerador) do próximo
período:

Y = a + b.X
Nesta equação

Y = Custos indiretos de produção totais estimados

a = Custos indiretos de produção fixos totais estimados

b = Custos indiretos de produção variáveis por unidade da base de alocação

X = Valor total estimado da base de alocação

»» Na quarta e última etapa, a taxa predeterminada de custos indiretos. Observe que o valor estimado da base de alocação é
determinado antes de estimar os custos indiretos de produção totais. Isso precisa ser feito porque os custos indiretos de
produção totais incluem custos indiretos variáveis que dependem do valor da base de alocação.

»» Taxa predeterminada de custos de indiretos: é a taxa usada para cobrar custos indiretos de produção de ordens de
produção que é estabelecida antecipadamente para cada período. É calculada dividindo-se os custos indiretos de
produção totais estimados para o período pelo valor total estimado da base de alocação.

»» Base de alocação: é uma medida de atividade como horas de mão de obra direta ou horas-máquina utilizada para atribuir
custos a objetos de custo.

54
MÉTODOS DE CUSTEIO • AULA 4

Determinação do valor dos custos indiretos de produção: aplicação


de custos indiretos de produção

O processo de atribuir custos indiretos a ordens de produção chama-se aplicação de custos


indiretos. A fórmula para determinar o valor dos custos indiretos a serem aplicados a determinada
ordem de produção é:

Custos Indiretos Aplicados = [Taxa Predeterminada de Custos Indiretos] x [Valor da Base de


Alocação Incorrido pela Ordem de Produção]

Quando a base de alocação é hora de mão de obra direta a fórmula passa a ser:

Custos Indiretos Aplicados = [Taxa Predeterminada de Custos Indiretos] x [Horas Efetivas de Mão
de Obra Direta Cobradas da Ordem de Produção]

Exemplo de cálculo de custos variáveis

Como exemplo de custos variáveis, considere a Memu Excursões, uma pequena empresa que
oferece excursões de um dia inteiro para prática de esporte radical nas montanhas às Agulhas
Negras no Rio de Janeiro. A empresa oferece todo o equipamento necessário e guias experientes,
além de servir refeições para os participantes. As refeições são compradas de um fornecedor a R
$30,00 por pessoa para uma excursão de um dia inteiro. O comportamento desse custo variável,
com base na unidade e com base no total, é exibido a seguir.

Figura 27. Um exemplo de Cálculo do Custo Variável.

Número de Custo das refeições por Custo total das refeições


participantes participante (R$) (R$)

250 30 7.500,00

500 30 15.000,00

750 30 22.500,00

1.000 30 30.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe que mesmo que o total dos custos variáveis mude com o nível de atividade, é importante
anotar que um custo variável é constante se expresso por unidade. Por exemplo, o custo das
refeições por unidades permanece constante a R$ 30,00, embora o custo total das refeições
aumente e diminua com o nível de atividade. O Gráfico 1 ilustra que o custo variável total
aumenta e diminui à medida que a atividade aumenta e diminui. Em um nível de atividade de

55
AULA 4 • MÉTODOS DE CUSTEIO

250 participantes, o custo total das refeições é de R$ 7.500,00. Em um nível de atividade de 1.000
participantes, o custo total das refeições aumenta para R$ 30.000,00.

Figura 28. Gráfico da Curva de Custo Variável.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Exemplo de Cálculo de Custos Mistos

Para continuar o exemplo anterior da empresa Memu Excursões sediada na cidade do Rio de
Janeiro, a empresa incorre em um custo misto chamado taxas ou impostos pagos no Estado do
Rio de Janeiro, que incluem uma taxa de licença ambiental de R$ 25.000,00 por ano mais R$ 3,00
por passeio ecológico realizado pagos ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Se a empresa
fizer 1.000 passeios ecológicos no ano, o total pago em taxas ao Estado seria de R$ 28.000,00
compostos por um custo fixo de R$ 25.000,00 mais um custo variável total de R$ 3.000,00

Figura 29. Gráfico de Custo Misto.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe que mesmo que a empresa não consiga atrair nenhum participante, a empresa ainda
terá que pagar a taxa de licença de R$ 425.000,00. É por isso que a linha de custos na figura
acima intercepta o eixo de custo vertical no ponto R$ 25.000,00.

56
MÉTODOS DE CUSTEIO • AULA 4

Y = a + b.X
Nesta equação
Y = custos mistos totais
a = custos fixos totais (a interseção vertical da linha)
b = Custos variáveis por unidade de atividade (a inclinação da linha)
X = nível de atividade

Para cada passeio organizado, o custo total tem uma inclinação ascendente, assim como o custo
variável de R$ 3,00 por passeio é adicionado ao custo fixo de R$ 25.000,00.

Como os custos mistos são representados por uma linha reta, a equação apresentada pode ser
utilizada para expressar a relação entre os custos mistos e o nível de atividade.

Como os custos variáveis por unidade são iguais à inclinação da linha reta, quanto mais acentuada
for a inclinação, mais altos serão os custos variáveis por unidade.

No caso da nossa empresa de passeio ecológico, a função de custos mistos totais pode se escrever
da seguinte forma:

Figura 30. Equação de Custos Mistos Totais.

Custos Mistos Totais Custos Variáveis por Unidade de Atividade

Y = 25.000 + 3X

Custos Fixos Totais Nível de Atividade

Fonte: Elaborada pelo autor.

Essa equação facilita o cálculo dos custos mistos totais por qualquer nível de atividade dentro do
intervalo relevante. Por exemplo, suponha que a empresa espere organizar 800 passeios ecológicos
no próximo ano. O total a ser pago em taxas ao Estado do Rio de Janeiro seria calculado como
a seguir:

Figura 31. Equação do Custo Total.

Total a ser pago ao Estado por ano Taxa paga por cada passeio ao Inea

R$ 27.400,00 = 25.000 + 3 x 800

Licença anual paga ao Estado Total de passeio estimado

Fonte: Elaborada pelo autor.

57
AULA 4 • MÉTODOS DE CUSTEIO

A empresa, então, recolherá no próximo ano, R$ 27.400,00 para um total de 800 passeios a serem
realizados. Assim, o gerente da empresa poderá, facilmente, a partir da equação geral de custos
totais prever quanto gastará com o governo para garantir o nível de atividade. Dessa forma,
você, agora, será capaz de determinar uma função de custo. Meus parabéns! É sempre bom
fazer um comentário final do resultado achado. Pois o que nos importa é o relatório que você
deverá escrever no final sobre suas previsões de custos. E procure ser sempre elegante em suas
expressões para conquistar o respeito dos seus colegas de profissão e, principalmente, do seu
superior hierárquico.

Análise detalhada dos custos indiretos de produção

Para ilustramos aqui as etapas envolvidas no cálculo e no uso de uma taxa predeterminada de
custos indiretos, vamos considerar o seguinte exemplo de uma pizzaria:Etapa 1:

A empresa estimou que seriam necessárias 40.000 horas de mão de obra direta para dar suporte
à produção de pizza durante o ano.

Etapa 2:

Estimou custos indiretos de produção fixos totais de R$ 220.000,00 para o próximo ano e R$ 2,50
de custos indiretos de produção variáveis por hora de mão de obra direta.

Etapa 3:

A empresa usou a fórmula de custos indicada a seguir para estimar os custos indiretos de produção
totais do ano:

Y = a + b.X
Y = R$ 220.000,00 + (R$ 2,50 por hora de mão de obra direta x 40.000 horas de mão de obra direta)
Y = R$ 220.000,00 + R$ 100.000 = R$ 320.000,00
Y = R$ 320.000,00

Etapa 4

A pizzaria calculou sua taxa predeterminada de custos indiretos totais para o ano de R$ 8,00 por
hora de mão de obra direta, como a seguir:


Custos Indiretos de Produção Totais Estimados
Taxa Predeterminada de custo indireto =
Valor Total Estimado da Base de Alocação

58
MÉTODOS DE CUSTEIO • AULA 4

R$ 320.000,00
Taxa Predeterminada de custo indireto =
40.000 horas de mão de obra direta

Taxa Predeterminada de custo indireto = R$ 8,00 por hora de mão de obra direta

Tabela de Custos de produtos manufaturados e de custos


de produtos vendidos

A tabela de custos de produtos manufaturados contém três elementos de custo de produto:


materiais diretos, mão de obra direta e custos indiretos de produção, e resume as frações desses
custos que permanecem nos estoques finais de produção em andamento que são transferidos
da conta de produção em andamento para a conta de produtos concluídos.

A tabela de custos de produtos vendidos também contém três elementos de custos de produto:
materiais diretos, mão de obra direta e custos indiretos de produção e resume as frações desses
custos que permanecem nos estoques finais de produtos concluídos e que são transferidos da
conta de produtos concluídos para a conta de custo de produtos vendidos.

Existem três aspectos-chave na tabela de custos de produtos manufaturados:

Primeiro: três valores são sempre somados os materiais diretos usados na produção (R$
50.000,00), a mão de obra direta (R$ 60.000,00) e os custos de produção aplicados à produção em
andamento (R$ 90.000,00) – o que fornece os custos totais de produção (R$ 200.000,00). Observe
que os materiais diretos usados na produção (R$ 50.000,00) são incluídos nos custos totais de
produção em vez de nas compras de matérias-primas (R$ 60.000,00). Os materiais diretos usados
na produção normalmente diferem do valor das compras de matérias-primas quando o saldo
dos estoques de matérias-primas muda ou os materiais indiretos que são retirados dos estoques
de matérias-primas.

Segundo: o valor dos custos indiretos de produção aplicados à produção em andamento (R$
90.000,00). É calculado multiplicando-se a taxa predeterminada de custos indiretos pelo valor
eficaz da base de alocação registrado em todas as ordens de produção. Os custos indiretos de
produção efetivos incorridos durante o período não são somados à conta de produção em
andamento.

Em terceiro lugar, os custos totais de produção (R$ 200.000,00) mais os estoques iniciais da
produção em andamento (R$ 30.000,00) menos os estoques finais da produção em andamento (R$
72,000,00) são iguais ao custo de produtos manufaturados (R$ 158.000,00). O custo de produtos
manufaturados representa o custo de produtos concluídos durante o período e transferidos da
conta de produção em andamento à conta de produtos finais.

59
AULA 4 • MÉTODOS DE CUSTEIO

Resumo

Nesta aula aprendemos a usar os métodos de custeio. Vimos que existem dois métodos de
custeio: o custeio por ordem de produção e o custeio por absorção. Utilizamos a equação de
custo indireto e determinamos a taxa predeterminada de custos indiretos.

Chegamos à conclusão de que uma base de alocação é uma medida como horas de mão de obra
direta (HMOD) ou horas-máquina (HM), que é utilizada para atribuir custos indiretos a produtos
e serviços. As bases de alocação mais amplamente utilizadas na produção são: horas de mão de
obra direta, custos de mão de obra direta, horas-máquina e, no caso de a empresa que possui um
produto, uma unidade de produto. Os custos indiretos de produção são normalmente atribuídos
a produtos usando-se uma taxa predeterminada de custos indiretos.

60
Introdução

Aula
CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES
COM MERCADORIA 5
Apresentação

As etapas do ciclo comercial de uma empresa comercial são idênticas às do ciclo contábil de
uma empresa de serviço. As empresas comerciais, porém, utilizam outras contas e registros
necessários à contabilização das operações com mercadorias. A apuração do lucro líquido de
uma empresa comercial é, conceitualmente, a mesma coisa que a apuração do lucro líquido
de uma empresa prestadora de serviços. Ou seja, o lucro (ou prejuízo) líquido de uma empresa
é o resultado de confronto entre receitas e despesas. Em uma empresa comercial, a principal
fonte de receitas é a venda de mercadorias, frequentemente chamada de receitas de vendas ou
vendas. Diferentemente dos gastos de uma empresa prestadora de serviços, os gastos de uma
empresa comercial dividem-se em duas categorias: custo das mercadorias vendidas e despesas
operacionais.

Desta forma nesta aula discutimos como são estimadas as contas de resultado de uma empresa
comercial.

Objetivos

No final desta aula você será capaz de:

»» Analisar o ciclo de operações com mercadorias.

»» Entender as transações com mercadorias: os registros de compras e de vendas.

»» Apurar do lucro líquido.

61
AULA 5 • CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA

Operações com mercadorias

A apuração do lucro líquido de uma empresa comercial é conceitualmente a mesma coisa que a
apuração do lucro líquido de uma empresa prestadora de serviços. Ou seja, o lucro (ou prejuízo)
líquido de uma empresa é o resultado de confronto entre receitas e despesas. Em uma empresa
comercial, a principal fonte de receitas é a venda de mercadorias, frequentemente chamada de
receitas de vendas ou vendas. Diferentemente dos gastos de uma empresa prestadora de serviços,
os gastos de uma empresa comercial dividem-se em duas categorias: custo das mercadorias
vendidas e despesas operacionais.

Figura 32. Estrutura dos Gastos Operacionais.

Lista de Materiais

ORDEM DE PRODUÇÃO

Formulário de Requisição de
Materiais

Fonte: Elaborada pelo autor.

O custo das mercadorias vendidas é o custo total das mercadorias vendidas durante o período.
Esse gasto relaciona-se diretamente com a receita de reconhecida da venda das mercadorias.
As receitas de vendas menos o custo das mercadorias vendidas constituem o lucro bruto sobre
as vendas.

Lucro Bruto = Receitas de vendas de mercadorias - Custo das Mercadorias Vendidas

Por exemplo, quando uma loja de departamento vende uma camisa de R$ 15,00 a R$ 25,00, o lucro
bruto é de R$ 10,00. As empresas comerciais divulgam o lucro bruto das vendas e demonstração
de resultado do exercício.

Após apuração do lucro bruto deduzem-se as despesas operacionais para se determinar o lucro
líquido.

Lucro Líquido = Lucro Bruto - Despesas Operacionais

62
CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA • AULA 5

Despesas operacionais

Despesas operacionais são aquelas em que se incorre em custos durante o processo de obtenção
das receitas de vendas. São exemplos de despesas operacionais:

»» Salário dos vendedores.

»» Despesas de propaganda.

»» Despesas de seguros.

»» Aluguel da loja.

As despesas operacionais de uma empresa comercial englobam muitas das despesas encontradas
em uma empresa prestadora de serviços.

Figura 33.

Menos
Receita de Vendas

Custo das Mercadorias Igual Menos


Lucro Bruto
Vendidas

Despesas Operacionais
Igual

Lucro (ou prejuízo) líquido

Fonte: próprio autor.

Transações com mercadorias


O registro das transações comerciais necessita da análise das aquisições e
vendas das mercadorias. Relacionadas com as compras e vendas estão as
devoluções e os abatimentos, os descontos e os gatos com transporte.

Registro das compras

As compras podem ser à vista ou a prazo (a crédito), e normalmente são registradas quando as
mercadorias são recebidas do fornecedor. Cada compra deverá ter o suporte de documentos

63
AULA 5 • CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA

comerciais para fornecer comprovação escrita da transação. As compras à vista devem ser
acompanhadas de notas fiscais ou tíquetes da caixa registradora, indicando os itens adquiridos
e os valores pagos. As compras a crédito devem ter suporte de uma fatura, que indica os itens
adquiridos e o preço total da venda. Uma fatura é um documento emitido pelo vendedor que
presta informação relevante sobre a venda. Do ponto de vista do vendedor, esse documento é
uma fatura de venda; do ponto de vista do comprador, uma fatura de compra.

No método de controle de estoque permanente as mercadorias adquiridas para venda são


registradas na conta Estoque de mercadorias. Desse modo, a empresa debita Estoque de
Mercadoria pelos valores das mercadorias adquiridas para revenda aos clientes. Entretanto,
nem todas as compras são debitadas nessa conta.

As aquisições de bens para uso próprio e não para revenda, tal como materiais de consumo,
equipamentos e similares, devem ser debitadas em contas específicas do ativo e não em estoque
de mercadorias.

Devolução e abatimentos sobre compras


Figura 34.

Fonte: próprio autor.

Um comprador pode ficar insatisfeito com a mercadoria recebida, seja porque está danificada ou
com defeito, seja porque é de qualidade inferior ou não está de acordo com as especificações do
comprador. Nesses casos, o comprador pode devolver a mercadoria ao fornecedor em troca de
um crédito, no caso de compra a prazo, ou ser reembolsado se a compra tiver sido à vista. Essa
transação é chamada de devolução de compra. O comprador também pode preferir ficar com

64
CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA • AULA 5

mercadoria, se o fornecedor estiver disposto a conceder um abatimento (dedução) no preço de


compra. Essa transação é reconhecida como abatimento sobre compra.

O comprador inicia a solicitação da redução do saldo devido por meio da emissão de um aviso
de débito. O aviso de débito é um documento em que o comprador informa ao fornecedor que
foi feito um débito contra ele (fornecedor) nos Livros do comprador. O original do aviso de débito
é enviado ao fornecedor pelo comprador, que fica com uma cópia.

Como a conta Estoque de Mercadorias foi debitado quando os bens foram recebidos, essa mesma
conta é creditada quando os bens são devolvidos.

Exemplo de Registro de devolução de mercadorias e abatimento sobre compra

Para ilustrar o registro de devolução de mercadorias e abatimento sobre compra, suponhamos


que a K&C tenha emitido um aviso de débito no valor de R$ 300,00 por abatimento de devolução
de mercadorias com defeito no dia 5 de abril de 2016.

Descontos sobre compras

As condições de compra a prazo podem possibilitar ao comprador solicitar desconto no caso


de pagamento imediato do saldo devido. O comprador chama isso de desconto sobre compras.

Essa concessão oferece vantagens às duas partes. O comprador economiza dinheiro e o fornecedor
pode transformar mais rapidamente as contas a receber em dinheiro.

As condições de crédito especificam o montante e o prazo para o desconto à vista. Também


indicam o prazo em que se espera que o comprador pague integralmente o valor da fatura.

Quando o fornecedor prefere não oferecer desconto em dinheiro, para pagamento imediato,
as condições de crédito especificarão somente o período máximo para pagamento do saldo. O
período pode ser estabelecido, por exemplo, como 30 dias, 60 dias ou 10 dias (a contar do fim
do mês).

Quando uma fatura é paga dentro do prazo de desconto, o valor do desconto é creditado em
Estoque de Mercadorias.

65
AULA 5 • CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA

Exemplo de registro de desconto sobre compras

A título de ilustração do registro de desconto sobre compras, suponhamos que a empresa K&C
pague o saldo devido de R$ 3.500,00 (valor bruto da fatura, de R$ 3.800,00, menos R$ 300,00 de
devolução e abatimentos) em 14 de abril de 2016, o último dia do prazo de desconto. O desconto
em dinheiro é R$ 70,00 (R$ 3.500,00 * 2%) e o valor pago em dinheiro pela K&C é de R$ 3.430,00
(R$ 3.500,00 - R$ 70,00). A contabilização para o registro do pagamento de 14 de abril de 2016
da K&C é a seguinte:

Se a K&C não tivesse conseguido o desconto, e o pagamento integral fosse feito em 3 de maio de
2016, a K&C faria a seguinte contabilização:

Gastos com frete

O contrato de vendas deve indicar se o responsável pelo gasto do transporte dos bens até o local
combinado é o comprador ou o vendedor. Quando se utiliza uma empresa de transportes, tal como
uma companhia ferroviária, rodoviária ou uma companhia aérea a transportadora preenche um
conhecimento de transporte muitas vezes chamado de conhecimento de embarque, de acordo
com a proposta da venda. (WEYGANDT; JERRY J., 2016).

66
CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA • AULA 5

Saiba mais

As condições do frete são expressas em FOB no embarque ou FOB no destino. A sigla FOB significa free on board. Assim, FOB,
no embarque, significa que as mercadorias são disponibilizadas para o transporte pelo vendedor, e o comprador paga o valor
do frete. Por outro lado, FOB no destino, significa que as mercadorias são entregues no estabelecimento do comprador, e o
vendedor paga o frete. (WEYGANDT; JERRY J., 2016).

Quando o comprador incorre diretamente nos gastos do frete, debita-se a conta Estoque de Mercadoria.

Exemplo de Registro de Pagamento de Frete, FOB no Embarque

Para ilustrar o registro de pagamento de frete FOB embarque, suponhamos que a K&C paga à
TC Ltda. Transcontinental, uma transportadora de cargas, R$ 150,00 de frete pela entrega das
mercadorias no dia 6 de abril de 2016; o registro nos livros da K&C será:

Em contrapartida, os gastos com o frete em que o vendedor incorre são uma despesa operacional
do vendedor. Esses gastos são debitados em despesas de frete ou despesas de entrega.

Por exemplo, se as cláusulas de frete do pedido tivessem estabelecido destinação FOB e a empresa
fornecedora pagasse os R$ 150,00 de frete, o registro do fornecedor seria:

Quando os gastos com frete são pagos pelo vendedor, este normalmente estabelece um preço
mais alto para as mercadorias para cobrir as despesas de expedição.

Registro das vendas

As receitas de vendas, tal como as receitas de serviços, são registradas quando auferidas, o que
está de acordo com o princípio da Realização da Receita. Em geral, as receitas das vendas são
auferidas quando as mercadorias são transferidas do vendedor para o comprador. Nesse caso,
completa-se a transação da venda e se estabelece o preço da venda.

As vendas podem ser à vista ou a prazo, como é caso das compras também. Qualquer transação
de venda deve ser amparada por um documento comercial que fornece comprovação escrita da
venda. A nota fiscal de caixa evidencia a venda à vista. A via original da fatura de venda é enviada

67
AULA 5 • CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA

ao comprador e uma via é retida pelo vendedor, para o registro da venda. A fatura indica a data
da venda, o nome do cliente, o preço total da venda e outras informações relevantes.

Atenção

Nas vendas à vista, debita-se a conta Caixa e credita-se Receita de vendas; de acordo com o método de controle de estoque
permanente, o custo da mercadoria vendida e a redução do estoque de mercadoria também são registrados.

Assim, são feitos dois registros para cada venda, um pelo valor da venda das mercadorias e o outro pelo custo das
mercadorias vendidas.

Exemplo de Registro de Vendas de Mercadoria à vista

Suponhamos que no dia 4 de abril de 2016, a J&C tenha vendas à vista de R$ 2.200,00 que custaram
R$ 1.400,00. Os registros das vendas do dia são os seguintes:

Nas vendas a prazo debita-se Contas a Receber de vendas; além disso, debita-se Custo das
Mercadorias Vendidas e credita-se Estoque de Mercadorias. Desse modo, pelo método de controle
de estoque permanente, a conta Estoque de Mercadorias apresentará sempre o total de estoque
disponível.

Exemplo de registro de venda a prazo

Para ilustrar esse exemplo, considere que foi feita uma transação de venda a crédito, ao valor
de R$ 3.800,00, efetuada em 4 de abril de 2016, da J&C para a K&C pela seria assim registrada
suponha um custo das mercadorias vendidas no valor de R$ 2.400,00.

68
CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA • AULA 5

Atenção

A conta Receitas de Vendas é creditada somente nas vendas de mercadorias mentidas por revendedores. Vendas de ativos
não destinados à revenda, tais como equipamentos ou terrenos, são creditadas diretamente na própria conta de ativo.

Devolução e abatimento sobre vendas

A devolução e o abatimento sobre compras nos Livros com Comprador são registrados nos Livros
do vendedor como devolução e abatimentos sobre vendas. O vendedor normalmente emite
um aviso de crédito para conceder ao cliente uma devolução ou abatimento sobre vendas. Esse
documento informa ao cliente que um crédito foi efetuado nas contas a receber pela devolução
ou abatimento sobre as vendas.

A via original do aviso de crédito é enviada ao cliente e uma via é mantida com o vendedor,
como comprovante da transação. Os registros da J&C para contabilizar o aviso de crédito pelas
mercadorias devolvidas implicam em:

»» Um débito em devoluções e abatimento sobre vendas e um crédito em Contas a Receber


no valor de R$ 300,00.

»» Um débito em Estoque de Mercadorias (supondo-se um custo de R$ 140,00) e um crédito


em Custo das Mercadorias Vendidas, da seguinte maneira:

69
AULA 5 • CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA

Saiba mais

Quando, nas vendas a prazo, é considerado um abatimento por causa de mercadorias danificadas, não é necessário qualquer
registro em estoque ou custo das mercadorias vendidas, porque o fornecedor não recebe nenhuma mercadoria devolvida,
faz-se um segundo registro debitando-se Estoque de mercadorias e creditando-se pelo cliente.

Quando as mercadorias são devolvidas ou é feito um abatimento em uma venda à vista, o fornecedor normalmente faz o
reembolso em dinheiro, debita Devoluções e Abatimento sobre vendas e credita Caixa.

Se o fornecedor recebe a mercadoria de volta em boas condições, faz-se um segundo registro debitando-se Estoque de
Mercadorias e creditando-se Custo das Mercadorias Vendidas pelo valor de custo.

Se o fornecedor concede um abatimento e a mercadoria não é devolvida, nenhum registro que afete as contas de Estoque de
Mercadorias e Custo das Mercadorias vendidas é necessário.

Devolução e abatimento sobre Vendas é uma conta retificadora de receita de vendas, para evidenciar o total das devoluções
e os abatimentos sobre vendas nas contas e na Demonstração do Resultado do Exercício, porque a evidenciação dessa
informação é importante para a administração.

Abatimento e devoluções em excesso indicam mercadorias inferiores, falhas no preenchimento dos pedidos, erros nos
faturamentos dos clientes e enganos na entrega ou na expedição das mercadorias.

Desconto sobre vendas

Como explicado anteriormente nas transações de compras, o vendedor pode oferecer ao


cliente desconto na compra à vista, chamado, pelo vendedor de desconto sobre as vendas para
pagamento imediato do saldo devido. Tal como um desconto sobre compras, o desconto sobre
vendas baseia-se no preço da fatura menos devoluções e abatimentos, se houver algum.

O desconto sobre vendas é debitado pelos descontos obtidos em dinheiro. O registro do dia
14 de abril de 2016 da J&C, para contabilização do recebimento do dinheiro da K&C dentro do
prazo do desconto, é o seguinte:

70
CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM MERCADORIA • AULA 5

Resumo

Nesta aula sobre contabilização das operações com mercadorias analisamos o lançamento do
registro de contas de compras e vendas de mercadorias e chegamos à apuração do resultado
do exercício. Quando as mercadorias são devolvidas ou é feito um abatimento em uma venda à
vista, o fornecedor normalmente faz o reembolso em dinheiro, debita Devoluções e Abatimento
sobre vendas e credita Caixa. Se o fornecedor recebe a mercadoria de volta em boas condições,
faz-se um segundo registro debitando-se Estoque de Mercadorias e creditando-se Custo das
Mercadorias Vendidas pelo valor de custo. Se o fornecedor concede um abatimento e a mercadoria
não é devolvida, nenhum registro que afete as contas de Estoque de Mercadorias e Custo das
Mercadorias vendidas é necessário.

71
Aula
MÉTODO DE CONTROLE DE
ESTOQUE PERIÓDICO 6
Apresentação

Os estoques são importantes indicadores da atividade empresarial em qualquer economia do


mundo. A Câmara de Comércio do Rio ou de São Paulo, por exemplo, publica mensalmente
uma combinação de dados de estoque para varejistas, atacadistas e fabricantes. A quantidade e
o tempo necessário para se vender as mercadorias disponíveis em estoque são dois indicadores
que são observados de perto. Durante períodos de recessão na economia, como estamos nesse
momento vivendo no Brasil, há uma estocagem inicial de itens à medida que aumenta o tempo
necessário para a venda das quantidades disponíveis. Os efeitos contrários são geralmente
associados a uma retomada da atividade empresarial. Deve ser mantido certo equilíbrio das
quantidades em estoque.

Um comerciante ou fabricante com pouco estoque para atender às demandas terá clientes e
vendedores insatisfeitos. Aqueles que possuem muito estoque incorrerão em altos gastos de
estocagem desnecessários.

Os estoques afeitam tanto o balanço patrimonial quanto a demonstração do resultado do exercício.


No balanço patrimonial de empresas comerciais, seu montante e sua importância relativa podem
variar, inclusive entre empresas do mesmo ramo.

Sendo assim, nesta aula vamos analisar os métodos de controle de estoque de mercadorias e o
impacto do estoque no resultado do balanço patrimonial.

Objetivos

Ao término desta aula você será capaz de:

»» Dominar os instrumentos de classificação do estoque.

»» Descrever as etapas que determinam as quantidades em estoque.

»» Entender os métodos de avaliação de estoque.

»» Determinar o custo das mercadorias vendidas pelo método de controle de estoque.

72
MÉTODO DE CONTROLE DE ESTOQUE PERIÓDICO • AULA 6

Classificação do Estoque

O modo como uma empresa classifica seu estoque depende de ser ela uma empresa do setor
comercial ou do setor produtivo.

Em uma empresa comercial, o estoque consiste em


Atenção
diferentes itens. Por exemplo. em uma mercearia,
enlatados, laticínios, carnes e frutos são apenas Assim, apenas uma classificação de estoque, estoque
de mercadorias, é necessário para descrever os
alguns dos itens disponíveis em estoque. Esses
diferentes itens que compõem o estoque total.
itens têm duas características em comum:

»» Pertencem à empresa.

»» Estão disponíveis para vendas aos clientes no curso normal do negócio.

Em uma empresa industrial, os estoques também pertencem à empresa, mas algumas mercadorias
não estão disponíveis para vendas. Em consequência, o estoque é geralmente classificado em
três categorias:

»» Produtos acabados.

»» Produtos em processo.

»» Matéria-prima.

Por exemplo, a VW classifica os automóveis concluídos e disponíveis para vendas como produtos
acabados. Os automóveis na linha de montagem na imagem ao lado em vários estágios de
produção são classificados como produtos em processo. O aço, o vidro, os artigos de estofamento
e outros componentes que estão disponíveis, aguardando para serem utilizados na produção
de automóveis, são classificados como matéria-prima, conforme mostra a imagem a seguir.

Independentemente da classificação, todos os estoques são apresentados no balanço patrimonial


no ativo circulante.

Os princípios e conceitos de estoque discutidos nesta aula aplicam-se tanto a empresas


comerciais quanto a empresas industriais. Entretanto, vamos concentrar as atenções no estoque
de mercadorias.

73
AULA 6 • MÉTODO DE CONTROLE DE ESTOQUE PERIÓDICO

Figura 35. Classificação do Estoque.

Empresa Comercial Estoque de Mercadorias

Classificação de estoque
Produtos acabados

Empresa Industrial Produtos em Processo

Matéria-prima

Fonte: próprio autor

Determinação da quantidade em estoque

A determinação da quantidade em estoque consiste em duas etapas:

»» Fazer uma contagem física do estoque de mercadorias disponíveis.

»» Determinar a propriedade das mercadorias.

Contagem física do estoque

Fazer contagem de estoques implica contar, pesar ou medir cada tipo de item disponível. Para
muitas empresas fazer contagem física de estoque é uma tarefa árdua. Empresas varejistas como
Lojas Americanas têm milhares de itens diferentes em estoque. A contagem de estoque geralmente
é mais exata quando não se vendem nem se recebem mercadorias durante a contagem. Por esse
motivo, as empresas, muitas vezes, fazem “contagem física de estoque” quando estão fechadas
ou quando as vendas estão em baixa. Muitos varejistas, por exemplo, fecham mais cedo em
determinado dia de janeiro após as vendas e devoluções dos feriados para contar seus estoques.

Assim, para reduzir a incidência de erros na contagem de estoque, a empresa deve adotar o
seguinte procedimento para garantir a exatidão da contagem física e para salvaguardar o estoque:

»» A contagem física deve ser feita por empregados que não têm responsabilidade de
custódio pelo estoque.

»» Cada empregado que conta deve verificar a autenticidade de cada item em estoque, como,
por exemplo, se cada caixa contém de fato um aparelho de televisão de 25 polegadas,
ou se cada reservatório contém gasolina.

»» Outro empregado deve fazer uma segunda contagem física

»» Devem-se utilizar etiquetas de estoque pré-numeradas e todas devem ser registradas.

»» Ao final da contagem, um supervisor deve verificar se todos os itens em estoque estão


etiquetados e se há mais de uma etiqueta em um mesmo item.

74
MÉTODO DE CONTROLE DE ESTOQUE PERIÓDICO • AULA 6

Importante

Feita a contagem de estoque, a quantidade de cada item é listada em formulários de resumo de estoque. Para garantir
a exatidão dos formulários de resumo, a listagem deve ser verificada por um segundo empregado ou supervisor.
Subsequentemente, os custos unitários são aplicados às quantidades para se determinar o valor total o estoque que será
discutido mais em diante.

Determinação da propriedade das mercadorias


Antes de começarmos a calcular valor do estoque, devemos considerar a propriedade das
mercadorias: em termos específicos, precisamos nos certificar de que não incluímos no estoque
mercadorias que não pertence à empresa. Assim, distinguimos dois tipos de propriedade das
mercadorias: mercadorias em trânsito e mercadorias consignadas.

Figura 36.

Mercadorias em Trânsito

PROPRIEDADE DAS
MERCADORIAS

Mercadoria Consignadas

Fonte: próprio autor

Mercadorias em trânsito:

As mercadorias são consideradas em trânsito quando estão em poder das empresas de transporte
ferroviário, rodoviário ou aéreo na data de encerramento. As mercadorias em trânsito devem ser
incluídas no estoque da parte que tem direitos legais sobre as mercadorias. Os direitos legais são
determinados pelas condições de venda, como descrito a seguir:

»» Quando as condições são FOB (free on board) no embarque o direito de propriedade das
mercadorias passa ao comprador quando a empresa de transporte aceita as mercadorias
do vendedor. A contabilização dessas condições, tanto para o comprador quanto para
o vendedor, é vista na aula anterior.

»» Quando as condições são FOB no destino, os direitos legais sobre as mercadorias


permanecem com o vendedor até que as mercadorias cheguem ao comprador.
Figura 37.

FOB no Embarque

Mercadorias em Trânsito

FOB no Destino

Fonte: próprio autor

75
AULA 6 • MÉTODO DE CONTROLE DE ESTOQUE PERIÓDICO

Mercadorias consignadas

Em alguns ramos de negócios, é costume adquirir mercadorias em consignação.

Saiba mais

Em um acordo de consignação, o detentor das mercadorias (chamado de consignatário) não detém a propriedade das
mercadorias.
O direito de propriedade permanece com expedidor das mercadorias (chamado de consignador) até que as mercadorias
sejam realmente vendidas ao cliente.
Como as mercadorias consignadas não pertencem ao consignatário, estas não devem ser incluídas em sua contagem física de
estoque. Ao contrário, o consignador deve considerar a mercadoria mantida pelo consignatário como parte de seu estoque.

Figura 38.

Consignatário

MERCADORIAS
Direito de Propriedade
CONSIGNADAS

Consignador

Fonte: próprio autor.

Método de controle de estoque

Existem dois métodos fundamentais de controle de estoque:

»» Método de controle de estoque permanente.

»» Método de controle de estoque periódico.

As características do método de controle de estoque permanente foram discutidas na aula anterior. Sendo
assim, trabalhamos aqui nesta aula exclusivamente sobre método de controle de estoque periódico e fazer
uma comparação como método de estoque permanente com ilustração de um exercício.
Figura 39.

Método de controle de estoque


permanente

MÉTODO DE CONTROLE DE
ESTOQUE

Método de controle de estoque


periódico

Fonte: próprio autor.

76
MÉTODO DE CONTROLE DE ESTOQUE PERIÓDICO • AULA 6

Algumas empresas julgam desnecessário ou não econômico investir em um método de controle


de estoque permanente computadorizado que mantém registros atualizados de mercadorias
disponíveis e o custo das mercadorias vendidas. Muitos administradores de pequenas lojas,
comerciais, em especial, ainda têm receio de que um método de controle de estoque permanente
tem um alto custo. Esses administradores podem controlar as mercadorias e conduzir as
operações diárias sem registros detalhados de estoque. Eles utilizam o método de controle de
estoque periódico.

Antes de continuarmos, teste suas habilidades e competências

1. Que etapas se deve seguir na determinação das quantidades em estoque?

2. Como é determinado o direito de propriedade de mercadorias em trânsito na data do balanço patrimonial?

3. Quem detém o direito de propriedade sobre as mercadorias consignadas?

4. Cite dois métodos contábeis fundamentais de controle de estoque

5. Considere que uma Lojas Americanas da sua cidade ou do seu bairro concluiu sua contagem física de
estoque, chagando a um valor total de R$ 200.00,0. Você, como auxiliar de gerente da loja, recebeu as
informações mostradas a seguir dos registros da empresa. Discuta como as informações recebidas afetam o
valor de estoque apresentado.

›› Mercadorias em consignação da K&C no valor de R$ 15.000,00, foram incluídas no estoque.

›› Mercadorias compradas por R$ 10.000,00 que estavam em trânsito (condições: FOB no embarque) não
foram incluídas na contagem.

›› Estoque vendido por R$ 12.000,00 que estava em trânsito (condições: FOB no embarque não foi incluído
na contagem).

Resolução

Atenção: para as mercadorias em trânsito, o direito de propriedade é determinado pelas condições do frete.
Para as mercadorias consignadas, o direito de propriedade cabe ao consignador até que as mercadorias sejam
vendidas pelo consignatário.

Solução:

As mercadorias consignadas no valor de R$ 15.000,00 devem ser deduzidas da contagem física de estoque. As
mercadorias no valor de R$ 10.000,00 adquiridas em condições FOB no embarque devem ser acrescentadas à
contagem de estoque. As mercadorias vendidas que estavam em trânsito, nas condições FOB no embarque no
valor de R$ 12.000,00 não devem ser incluídas na contagem física final de estoques.

Método de controle de estoque periódico

Da mesma forma que acontece no método de controle de estoque permanente, as mercadorias


são registradas no método de controle de estoque periódico; as receitas de venda das mercadorias
são registradas quando as vendas são efetuadas. Todavia, não é feita qualquer tentativa, na data

77
AULA 6 • MÉTODO DE CONTROLE DE ESTOQUE PERIÓDICO

da venda, de registrar o custo da mercadoria vendida. Em vez disso, uma contagem de estoque
é feita no final do período pata determinar:

»» O valor da mercadoria disponível.

»» O custo das mercadorias vendidas durante o período

E, no método de controle de estoque periódico, as compras das mercadorias são registradas


em uma Conta de Compras e não em uma Conta de Estoque de Mercadorias. Além disso, no
método de controle de estoque periódico, costuma-se registrar devoluções e abatimentos sobre
compras, descontos e frete de compras em contas separadas a fim de que os valores acumulados
para cada um deles sejam conhecidos.

Métodos estimados de Avaliação de Estoque

Um levantamento das normas contábeis em 21 dos maiores países industrializados mostrou que
existem três métodos estimados de avaliação de estoque:

»» Primeiro a entrar, primeiro a sair – PEPS.

»» Último a entrar, primeiro a sair – UEPS.

»» Custo médio.

Não há exigências contábeis de que a avaliação estimada de estoques esteja em uniformidade


com a movimentação física das mercadorias. A seleção do método estimado de avaliação de
estoque é feita pela direção da empresa. Os diretores das empresas do mesmo setor podem
chegar a diferentes conclusões quanto ao método mais apropriado.

Para ilustrar os três métodos de avaliação de estoque, vamos considerar que a K&C utiliza o método
de controle de estoque periódico e dispõe, para seu gerenciador de estoque, as informações
mostradas a seguir no quadro:

Quadro 1. K&C – Gerenciador de Estoque 2015.

Data Explicação Unidades Custo Unitário Custo Total


1/1 Estoque Inicial 100 R$ 10,00 R$ 1.000,00

15/4 Compra 200 R$ 11,00 R$ 2.200,00

24/8 Compra 300 R$ 12,00 R$ 3.600,00

2/11 Compra 400 R$ 13,00 R$ 5.200,00

Total 1.000 R$ 12.000,00

Durante o ano, 550 unidades foram vendidas e 450 unidades estão disponíveis em 31 de dezembro
de 2015.

78
MÉTODO DE CONTROLE DE ESTOQUE PERIÓDICO • AULA 6

Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair – PEPS

O método PEPS considera que as mercadorias adquiridas há mais tempo são as primeiras a
serem vendidas. O PEPS, frequentemente, se iguala à movimentação física real das mercadorias,
porque geralmente é uma boa prática comercial vender as unidades mais antigas primeiras. Em
consequência disso, pelo método PEPS os custos das mercadorias adquiridas há mais tempo
são os primeiros a serem contabilizados como custos de mercadorias vendidas. A alocação do
custo das mercadorias disponíveis para vendas na K&C.

Quadro 2. K&C – Gerenciador de Estoque 2015.

AVALIAÇÃO PELO MÉTODO PEPS


ETAPA 1 ETAPA 2
ESTOQUE FINAL CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS
DATA UNIDADES CUSTO UNITÁRIO CUSTO TOTAL Custo das mercadorias disponíveis R$ 12.000,00
para venda

27/11 400 R$ 13,00 R$ 5.200,00 Menos: estoque Final (R$ 5.800,00)

24/8 50 R$ 12,00 R$ 600,00 Custo das Mercadorias Vendidas R$ 6.200,00

Total 450 R$ 5.800,00

Atenção

No método PEPS, observe que o estoque final baseia-se nas mercadorias adquiridas por último. Isto é, o custo do estoque
final é calculado a partir do custo unitário da compra mais recente para o custo unitário de compra mais antigo, até que
todas as unidades em estoque sejam custeadas.

Podemos verificar a exatidão do custo das mercadorias vendidas ao reconhecer que as primeiras unidades adquiridas são as
primeiras unidades vendidas.

Último a Entrar Primeiro a Sair – UEPS

O método UEPS considera que as últimas mercadorias adquiridas são as primeiras a serem
vendidas. O UEPS raramente se iguala à movimentação física real de estoque. Pelo método
UEPS, os custos das últimas mercadorias adquiridas são os primeiros a serem reconhecidos
como custo de mercadorias vendidas. A alocação das mercadorias disponíveis para vendas na
K&C pelo método UEPS é mostrado a seguir:

79
AULA 6 • MÉTODO DE CONTROLE DE ESTOQUE PERIÓDICO

Quadro 3. K&C – Gerenciador de Estoque 2015.

AVALIAÇÃO PELO MÉTODO UEPS


ETAPA 1 ETAPA 2
ESTOQUE FINAL CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS
Custo das mercadorias disponíveis
DATA UNIDADES CUSTO UNITÁRIO CUSTO TOTAL R$ 12.000,00
para venda

1/1 100 R$ 10,00 R$ 1.000,00 Menos: estoque Final (R$ 5.000,00)

15/4 200 R$ 11,00 R$ 2.200,00 Custo das Mercadorias Vendidas R$ 7.000,00

24/8 150 R$ 12,00 R 41.800,00 Os custos alocados ao estoque final (R$ 5.000,00)
mais os valores alocados ao custo das mercadorias
Total 450 R$ 5.000,00 vendidas (R$ 7.000,00) deve ser igual ao custo das
mercadorias disponíveis para venda (R$ 12.000,00).

Atenção

No método UEPS os últimos valores a entrar são os primeiros valores a sair no cálculo do custo das mercadorias vendidas.

O método do Custo Médio

O método do custo médio considera que todas as mercadorias disponíveis para venda têm o
mesmo custo (médio) por unidade;, geralmente as mercadorias são similares em natureza (isto
é, são homogêneas). Por esse método, a alocação do custo das mercadorias disponíveis para
venda é feita com base na média ponderada do custo unitário em que se incorreu.

A fórmula da média ponderada do custo unitário é:

Custo das Mercadorias Disponíveis para Venda


Custo Unitário da Média Ponderada =
Unidades Totais Disponíveis para Venda

Quadro 4. K&C – Gerenciador de Estoque 2015.

AVALIAÇÃO PELO MÉTODO DE CUSTO MÉDIO


ETAPA 1 ETAPA 2
ESTOQUE FINAL CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS
Custo Médio = R$ 12.000/1000 = R$ 12.00 Custo das mercadorias disponíveis
R$ 12.000,00
Custo Total = R$ 12,00 x 450 = R$ 5.400,00 para venda

No método de custo médio o valor médio das mercadorias Menos: estoque Final (R$ 5.400,00)
disponíveis para venda durante o período é o valor utilizado
para calcular o custo das mercadorias vendidas. Custo das Mercadorias Vendidas R$ 6.600,00

80
MÉTODO DE CONTROLE DE ESTOQUE PERIÓDICO • AULA 6

Importante

No método de custo médio o valor médio das mercadorias disponíveis para venda durante o período é o valor utilizado para
calcular o custo das mercadorias vendidas.

Resumo

Nesta aula aprendemos os métodos de controle de estoque de materiais e a determinar o custo


de mercadorias vendidas. Entendemos que existem três métodos estimados de avaliação de
estoque: primeiro a entrar, primeiro a sair – PEPS; último a entrar, primeiro a sair – UEPS e, por
fim, o método do custo médio. Vimos que no método UEPS os últimos valores a entrar são os
primeiros valores a sair no cálculo do custo das mercadorias vendidas. E também, o método
PEPS, observe que o estoque final baseia-se nas mercadorias adquiridas por último. Isto é, o
custo do estoque final é calculado a partir do custo unitário da compra mais recente para o
custo unitário de compra mais antigo, até que todas as unidades em estoque sejam custeadas.
No PEPS, podemos verificar a exatidão do custo das mercadorias vendidas ao reconhecer que as
primeiras unidades adquiridas são as primeiras unidades vendidas. No método de custo médio
o valor médio das mercadorias disponíveis para venda durante o período é o valor utilizado para
calcular o custo das mercadorias vendidas.

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Referências
ALMEIDA, Ricardo de. Teoria da contabilidade. São Paulo: Saraiva, 2011.

DOWNES, John; GOODMAN, Jordan Elliot. Dicionário de termos financeiros e de investimentos. São Paulo: Ed.
Nobel, 2014.

GARRISON, Ray H. Contabilidade gerencial. 15ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.

GITMAN, Lawrence J. Princípios da administração financeira. 12ª ed. São Paulo: Ed. Pearson, 2014.

GROPPELLI, A. A. Administração financeira. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos; PEREIRA, José. Dicionário de termos de contabilidade. 2ª ed. São Paulo:
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NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo E. V. Contabilidade avançada e análise das demonstrações financeiras. 13ª
ed. São Paulo: Ed. Frase, 2012.

MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MOURA, Osni. Contabilidade comercial. São Paulo: Saraiva, 2012.

MÜLLER, A. Contabilidade básica: fundamentos essenciais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

MOURA, Osni. Contabilidade fácil. São Paulo: Saraiva, 2012.

WEYGANDT, Jerry J. Contabilidade financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

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