Curricular: Musica, Corpo e Movimento sob orientação do prof. Marcelo Matias Elme.
SÃO PAULO 2018 RESENHA CRÍTICA
REFERÊNCIA:
TATIT, Luiz Augusto M. NÃO NOS PREOCUPEMOS COM A CANÇÃO:
Produção Bibliográfica/ Artigos.
1. CREDENCIAIS DO AUTOR
Luiz Augusto de Moraes Tatit (São Paulo, 23 de Outubro de 1951) é músico,
lingüista e professor universitário brasileiro. É graduado e, Letras (Lingüista) pela faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (1978) e em Música (Composição), pela Escola de Comunicações e Artes (1979) da mesma universidade. É professor titular do Departamento de Lingüística da Faculdade de Filosofia, Letras & Ciências Humanas da USP. Outras Obras: .A canção: Eficácia e Encanto. Ed. Atual, (1986). .Semiótica da Canção: Melodia e Letra. Ed. Escuta, (1994). .O Cancionista: Composição de Canções no Brasil. Edusp, (1996). .Musicando a Semiótica: Ensaios. Ed. AnnaBlume, (1997). .Análise Semiótica Através das Letras. Ateliê Editorial, (2001). .O Século da Canção. Ateliê Editorial, (2004). .Três Canções de Tom Jobim. (com Arthur Nestrovski e Lorenzo Mammi) Cosac e Naify, (2004).
2. RESUMO DA OBRA
O artigo consiste em um posicionamento afirmativo do autor sobre não nos
preocuparmos com a canção frente ao que ele considera como sendo um “equivoco” baseado em um consenso que segundo ele é totalmente desvirtuado de que reina na mídia, nos meios culturais em geral e mesmo no âmbito musical a opinião uniforme de que estamos mergulhados num “lixo” de produção viciada e desinteressante. No primeiro parágrafo TATIT conceitua historicamente a origem da canção, seu surgimento e seu desenvolvimento atrelado a lingüística e a vida comunitária, afirmando que o surgimento da canção se deu juntamente com as culturas humanas, mais antiga que o latim, o grego e o sânscrito, persistindo até os dias atuais impregnada nas linguagens modernas. No segundo parágrafo o autor descreve a metamorfose transcendental da canção através das eras e ciclos humanos comparando seu grau de importância histórica com a fala cotidiana citando que a canção se assemelha ao que fazemos em nossa fala cotidiana, mas com uma diferença de que esta, a fala cotidiana, pode ser descartada depois do uso, aquela não, referindo-se a canção. Justificando a ideologia de alguns gêneros como o Funk e o Rap serem uma forma de canção. No terceiro parágrafo o autor discorre sobre a conceituação da canção classificando como uma habilidade específica, não sendo nem uma formação musical e nem literário classificando o cancionista, aquele que produz canções, como sendo um artesão que trabalha o refinamento simultâneo entre letra e melodia. No quarto parágrafo é tratado dos aspectos da difusão da canção, de sua formulação e processo de criação de sua generalidade descrevendo como breve, com trechos recorrentes de fácil memorização, estimulando a dança espontânea, caracteriza quadros passionais comentando o cotidiano e transmitindo recados. Conceitua a generalidade da canção com: blues, tango, bolero, samba, etc. Afirma ainda que canções-funk e canções-rap passam a representar a mais pura essência da linguagem canção pela sua proximidade com a fala. No quinto parágrafo o autor trata sobre a questão onde, segundo seu ponto de vista, é tratado como um equivoco sobre o fim da canção, desmistificando esta afirmativa através a explicação de que dizer que a canção esta perdendo terreno para o rap seria como dizer que ela esta perdendo terreno para si própria tendo em vista o rap ser considerado uma forma de canção onde se possui uma fala explicita que neutraliza as oscilações “românticas” da melodia conservando uma entonação crua considerada sua matéria-prima. Classifica como sendo uma classe de linguagem que coexiste com a musica e não um gênero, não importando a configuração que a moda lhe atribua ao longo do tempo. No sexto parágrafo TATIT posiciona-se contra aquilo que ele considera outro e talvez um dos mais graves equívocos atuais que seria um consenso totalmente desvirtuado que gera um paradoxo contemporâneo, referindo- se a opinião que circula nas mídias e em meios culturais de que estamos mergulhados num “lixo” de produção viciada e desinteressante, quando na realidade se observarmos sob uma ótica mais critica e fundamentada não apenas nas questões de gosto pessoal conforme ele trata logo mais a frente, será possível entender que o que ocorre é uma descentralização que possibilitou uma gama diversificada e variada e que esta não encontra-se mais atrelada as grandes empresas multinacionais. No sétimo parágrafo o texto trata de explicar sobre a maleabilidade da canção ocupando diferentes faixas de consumo e da desvinculação das grandes multinacionais abrindo veios para produções menores porem sem a perda da qualidade musical e ao mesmo tempo o surgimento de uma maior liberdade de produção. No oitavo parágrafo é justificado a afirmativa do parágrafo anterior fazendo alusão a difusão em massa, ao advento da internet bem como o uso do radio e da própria imprensa, correlacionando este rompimento fronteiristico com o declínio das gravadoras. No nono parágrafo o autor trata de colocar um adendo justificando que a expansão dos selos musicais não afetou de forma alguma bandas e ídolos de multidões os quais possuem seu espaço já consagrado no campo comercial, afirmando que os gêneros não se sobrepõem operando cada um em sua faixa de consumo especifica. O texto exemplifica citando como exemplo a musica desenvolvida na década de 1970 no Brasil e sua transição através da musicas de Roberto Carlos que consolidou as canções brasileiras gerando uma padronização estética das canções dessa faixa de mercado surgindo com isso os rótulos depreciativos. No décimo parágrafo o artigo trata sobre o advento da era digital no país e de como isto auxiliou na difusão de novas bandas e artistas desmistificando um conceito que a produção independente seria uma atitude heróica e altruísta a qual seguia frontalmente marginalizada pelas gravadoras da época. No décimo primeiro parágrafo trata-se da repercussão do rompimento com as grandes gravadoras e da segmentação musical no país os quais ampliaram perspectivas vertiginosamente possibilitando o surgimento de milhares de compositores. No décimo segundo parágrafo é tratado sobre o aspecto da centralização que ocorria na fase anterior e de como o estimulo à rivalidade e constante confrontamento cria um clima totalmente propício para a formação de tendências e configuração de movimentos. No décimo terceiro parágrafo o texto trata sobre o momento atual e sua característica de descentralização, dos resultados ricos e variados alcançados através de recursos atuais os quais eram inimagináveis em décadas passadas. Neste parágrafo é abordado ainda o aspecto de onde se encontram os atuais artistas traçando um paralelo contrastante com os artistas de épocas passadas, bem como do aspecto funcional destes novos artistas que assim como os já consagrados mestres desta seara também encontram seu espaço no mercado em diversas formas de atuação. Neste ultimo parágrafo a obra trata sobre os artistas contemporâneos fazendo alusão ao reconhecimento de excelentes artistas que passaram grande parte de sua carreira ofuscados e que apenas agora passaram a ser “descobertos” pelo publico da TV aberta.