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O ser humano não é dono, mas sim, inquilino da Terra e do sistema solar. A humanidade depende
da disponibilidade de terra, água e ar existente no Planeta. Ultrapassar os limites existentes
significa caminhar para o suicídio e o ecocídio. Qual é a situação atual.
A Pegada Ecológica é uma metodologia utilizada para medir a quantidade de terra e água (em
termos de hectares globais - gha) que seria necessária para sustentar o consumo atual da
população. Considerando cinco tipos de superfície (área cultivada, pastagem, floresta, área de
pesca e áreas edificadas), o planeta Terra possui aproximadamente 13,4 bilhões de hectares
globais (gha) de terra e água biologicamente produtivas.
Segundo dados da Global Footprint Network’s 2010 a Pegada Ecológica da humanidade atingiu a
marca de 2,7 hectares globais (gha), em 2007, para uma população mundial de 6,7 bilhões de
habitantes na mesma data (segundo a divisão de população da ONU). Isto significa que para
sustentar esta população seriam necessários 18,1 bilhões de gha. Ou seja, já ultrapassamos a
capacidade de regeneração do Planeta. No nível médio de consumo mundial atual, com pegada
ecológica de 2,7 gha, a população mundial sustentável seria de no máximo 5 bilhões de
habitantes. A tabela 1 mostra os números da Pegada Ecológica para diferentes regiões do mundo
e qual seria a população que a Terra seria capaz de manter de maneira sustentável.
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Professor titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE. Expressa seus pontos de vista em
caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br. Artigo publicado em 28/11/2010.
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Se a população mundial adotasse o consumo médio do continente africano – com pegada
ecológica per capita de 1,4 gha – a população mundial poderia atingir 9,6 bilhões de habitantes.
Se o consumo médio mundial fosse igual à média asiática (1,8 gha) a população mundial poderia
ser de 7,4 bilhões de habitantes. Com base na pegada ecológica da Europa (4,7 gha) a população
mundial não poderia passar de 2,9 bilhões de habitantes, com a pegada ecológica da América
Latina (2,6 gha), a população mundial não poderia poderia ultrapassar 5,2 bilhões de habitantes.
Com as pegadas ecológicas da Oceania (5,4 gha) e dos Estados Unidos e Canadá (7,9 gha) a
população mudial não poderia ultrapassar 2,5 bilhões e 1,7 bilhão de habitantes, respectivamente.
Segundo os dados da divisão de população da ONU a população mundial, em 2050, deve atingir
8 bilhões de habitantes, na projeção baixa, 9 bilhões, na projeção média, e 10 bilhões de
habitantes, na projeção alta. Segundo dados do FMI, a economia mundial deve crescer acima de
3,5% ao ano de 2010 a 2050. Isto significa que o PIB mundial vai dobrar a cada 20 anos, ou
multiplicar por quatro até 2050. Portanto, o mais provável é que a Terra tenha mais 2 bilhões de
habitantes nos próximos 40 anos e uma economia quatro vezes maior. O Planeta suporta?
Evidentemente que não há como manter este crescimento no padrão de produção e consumo
atuais. Para que a humanidade possa sobreviver e permitir a sobrevivência das demais espécies
do Planeta será preciso fazer uma revolução energética, incentivar a eficiência energética,
reciclar, reutilizar e reaproveitar o lixo; reduzir os desperdícios em todas as suas formas; reforçar
e melhorar o transporte coletivo; incentivar o vegetarianismo, diminuir o consumo de carnes e
reduzir os impactos da agropecuária; reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, outras substâncias
tóxicas; introduzir inovações tecnológicas nos prédios e casas para melhorar o aproveitamento da
energia e a reciclagem de materiais; criar empregos verdes; ampliar as áreas de florestas e matas
e a preservação ambiental; proteger a biodiversidade; desestimular a cultura dos PETs Shops e o
elevado consumismo dos animais de estimação; avançar com a aquacultura e a revolução azul;
reduzir os gastos militares; reduzir o consumo conspícuo e o consumo que provoca maiores
danos ambientais; etc.
Desta forma, mais do que nunca é preciso discutir a alternativa do modelo do “decrescimento
sustentável”, especialmente a redução das atividades mais poluidoras, com mudança no padrão de
consumo e o avanço da sociedade do conhecimento e da produção de bens imateriais e
intangíveis.