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ASSÉDIO SEXUAL
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Mais uma vez o legislador brasileiro trabalhou mal. Buscando conferir proteção à
liberdade sexual das pessoas contra comportamentos indignos realizados no dia-a-dia,
no trabalho e em outras relações interpessoais, a norma não satisfaz aos interesses da
sociedade, dada sua imprecisão técnica, como adiante se demonstra.
3.2 TIPICIDADE
3.2.1 Conduta
O tipo foi mal construído. Seu núcleo é o verbo constranger que, sabe-se,
significa obrigar, compelir, forçar, porém encontra-se desacompanhado de qualquer
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objeto indireto. Quem obriga, quem força, quem compele outra pessoa, constrange-a a
fazer ou a deixar de fazer alguma coisa. O Código Penal, sempre emprega o verbo
constranger (arts. 146, 158, 197, 198, 199, 213, 214) nesse sentido.
Trata-se aqui, portanto, de uma ação realizada por quaisquer outros meios que
não estes, porém, só haverá crime quando o agente importunar a vítima prevalecendo-
se de sua condição de “superior hierárquico” ou da “ascendência” que sobre ela exerce
em virtude do emprego, cargo ou função que exerce.
possível falar em superioridade hierárquica nas relações entre servidores públicos. Não
há hierarquia entre empregador e empregado.
Assim, haverá crime quando o agente sugere à vítima que ela poderá ser
promovida, merecer um aumento de salário, obter algum benefício ou, ao contrário, ter
dificuldades em manter o emprego, ser transferida para outro lugar ou, até mesmo, ser
exonerada ou demitida se não for generosa, concedendo o proveito ou o favor sexual.
O assédio sexual é crime doloso. O agente deve ter consciência de que está
importunando, perturbando, incomodando ou constrangendo a vítima, com seu
comportamento. Por isso será muito difícil reconhecer, na prática, a ocorrência do crime,
pois na maioria das vezes o agente não está convicto de que não está agradando.
Por fim, para a realização do tipo é indispensável o fim de obter uma vantagem
ou um favor de natureza sexual. A importunação é realizada com o fim de quebrar a
resistência da vítima, para que ela preste o favor ou proporcione um proveito de
natureza sexual ao agente.
Além dessa causa de aumento, há outra, contida no art. 226 do Código Penal, com
as modificações introduzidas pela Lei n° 11.106, de 28.03.2005, que manda seja a pena
aumentada em duas situações.
De notar que não se pode fazer incidir o aumento previsto na parte final do inciso
II do art. 226, contido na fórmula “empregador da vítima ou por qualquer outro título
tem autoridade sobre ela”, porque essas circunstâncias já constituem elementos
integrantes do tipo de assédio sexual. Seria bis in idem.
Se sobre o mesmo fato incidir mais de uma dessas causas de aumento de pena o
juiz somente aplicará uma delas, devendo as demais ser levadas em conta no momento
da fixação da pena-base como circunstância judicial.
Dispõe o art. 225 do Código Penal, com a redação dada pela Lei n° 12.015, de
7.08.2009, que a ação penal relativa aos crimes definidos nos Capítulos I e II do Título
VI, dentre os quais o assédio sexual, é, em regra, de iniciativa pública condicionada à
representação, alterando, assim, a regra anterior, que consagrava a ação de iniciativa
privada como regra.
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Estabelece o art. 234-B que os processos nos quais se apuram os crimes definidos
no Título VI tramitarão em segredo de justiça. O fim da norma é, sobretudo, proteger a
vítima e o acusado contra qualquer espécie de sensacionalismo. O segredo de justiça não
alcança os sujeitos processuais e seus advogados.