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Segundo o filólogo Houaiss, o vocábulo estrutura é organização, ordem dos elementos essenciais que
compõem um corpo (abstrato ou concreto).
Pense na palavra “terra” que é primitiva (original) e, com base nela, formemos outras como: “Terra”
(palavra primitiva, de origem), e depois veja as novas palaras a partir de Terra:
Aterrado (a+ terr + ado) Terrinha (terr + inha) Soterramento (so + terr + a + mento) Enterrar (em
+ terr + ar) Terreno (terr + eno) Mediterrâneo (medi + terr + âneo) Aterrissar (a + terr +
issar) Conterrâneo (com + terr + âneo)
Estrutura das Palavras
Ao formarmos com o vocábulo “terra”, um grupo de palavras semelhantes, notamos que há um
elemento comum (terr-) e outros diferentes, os quais se agregaram a ele a fim de estabelecer
diferenças de significado. Por exemplo, o fato de acrescentarmos à palavra terra o elemento –inha
já se criou a ideia de uma terra pequena, isto quer dizer que temos outro significado com base no
elemento comum. Além do exemplo “terrinha”, as outras também estabelecem diferenças de sentido,
em razão dos seus diferentes elementos estruturais.
Esses elementos estruturais são chamados morfemas, que constituem unidades mínimas de
significação, ou seja, não podem mais se dividirem. Estudaremos os seguintes morfemas: radical,
vogal temática, tema, desinências, afixos, vogais e consoantes de ligação.
Radical – Quando analisamos o grupo de palavras anteriores, percebemos que há um elemento
comum a todas elas (terr-), a essa parte comum chamamos radical (R), o qual contém o significado
básico da palavra. Todas essas palavras, que possuem o mesmo radical, são cognatas, pois pertencem
a uma mesma família.
Vogal temática – Existem vogais temáticas (VT) especiais para os nomes e verbos. Elas vêm logo
em seguida de seu radical a fim de que ele acolha as desinências ou sufixos.
Vogais temáticas dos nomes – São vogais temáticas dos nomes as letras –a, -e, -o quando forem
átonas finais logo após o radical.
Exemplos: escada: R = escad- ; VT = -a pente: R = pent-; VT = -e medo: R = med-; VT = -o
Não serão consideradas vogais temáticas as letras –a, -e, -i, -o, -u tônicas finais logo após o radical,
isso significa que fazem parte do próprio radical. Além dessas, possuem o mesmo comportamento as
palavras terminadas em consoantes.
Vatapá = R Café = R Caqui = R Jiló = R Caju = R Veloz = R
Quando as vogais –a e –o tiverem oposição de gênero masculino ou feminino, serão consideradas
desinências e não vogais temáticas. Por exemplo, é possível passar a palavra caneta para o
masculino? Não, essa palavra é do gênero feminino somente, ou seja, não há como falar caneto. Já
em garoto existe a garota, portanto as vogais –o e –a, nesses casos, são desinências de gênero,
respectivamente, masculino e feminino. Quando ocorre a ausência de qualquer elemento mórfico,
nesse caso de vogal temática, representamo-no por um símbolo chamado morfema zero (Ø).
Vogais temáticas dos verbos – Os verbos possuem três conjugações que são determinadas pelas
vogais temáticas –a, representando a 1ª conjugação; -e, a 2ª conjugação; e –i a 3ª conjugação: contar:
R = cont- ; VT = -a- ; Desinência de Infinitivo (DI) = -r fazer: R = faz-; VT = -e-; DI = -
r sorrir: R = sorr-; VT = -i-; DI = -r
Tema – Os temas (T) constituem a soma do radical e a sua vogal temática (R + VT). Quando não
ocorrer vogal temática, não haverá tema.
Palavra Radical Vogal temática Tema
Sonho Sonh- -o Sonho
Nomes Feliz Feliz Ø Ø
Tristemente Trist- -e- Triste-
Atirava Atir- -a- Atira-
Verbos Devemos Dev- -e- Deve-
Parto Part- Ø Ø
Desinências – São morfemas que assinalam as flexões dos nomes e dos verbos. São as flexões
responsáveis pelas concordâncias nominal e verbal nas frases. Veja:
a) O gato dormia com tranquilidade.
b) Os gatos dormiam com tranquilidade.
c) As gatas dormiam com tranquilidade.
Desinências nominais – São responsáveis pela flexão de gênero e número. Em português, as
desinências de gênero (DG) são representadas pelas vogais -o / –a, a primeira para o masculino e a
segunda para o feminino. Lembremos que essas desinências estabelecem a oposição masculino e
feminino. Exemplos: Oitavo oitava Sério séria
As desinências de número (DN) são representadas pelos morfemas -s/ -es, os quais representam o
plural em oposição à ausência de morfema que assinala o singular. Chamamos de morfema zero (Ø)
a ausência de qualquer desinência. Na palavra lápis, a letra –s não pode ser considerada desinência
de número porque não estabelece nenhuma oposição singular/ plural. Exemplos: Oitavo Ø
oitavos Sério Ø sérios Veloz Ø velozes Particular Ø particulares
Desinências verbais – As desinências verbais (DV) constituem dois grupos: modo-temporal e
número-pessoal. Veja a seguir alguns exemplos dessas desinências: Jogássemos = R = jog- VT = -
a- T = joga-
DMT = -sse-: desinência modo-temporal (A desinência –sse– indica que o verbo jogar está no tempo
do pretérito imperfeito do modo subjuntivo, isto quer dizer que não há possibilidade dessa mesma
desinência servir a um outro tempo e modo verbal.)
DNP = -mos: desinência número-pessoal (A desinência –mos indica que o verbo está na primeira
pessoa do plural [nós]. As desinências desse tipo estão presentes em qualquer outro modo e tempo
verbal.
Note o mesmo verbo em outros tempos e modos: jogamos, jogávamos, jogaríamos, jogaremos,
jogarmos, jogáramos, joguemos.)
Quadro de desinências verbais
DMT DNP
I
N Presente Ø o, s, Ø, mos, is, m
D Pretérito perfeito Ø i, ste, u, mos, stes, ram
I
C Pretérito imperfeito va/a Ø, s, Ø, mos, is, m
A Pretérito mais-que-perfeito ra/re Ø, s, Ø, mos, is, m
T
Futuro do presente rá/re i, s, Ø, mos, is, o
I
V
O Futuro do pretérito ria/rie Ø, s, Ø, mos, is, m