Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
e existenciais da migração*
* Uma versão preliminar deste texto foi apresentada no VI Encontro Nacional de Migrações, realizado de 12 a 14 de agosto
de 2009, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Agradecemos as leituras críticas e o incentivo de Fernanda Cristina de Paula,
Ricardo Ojima e, especialmente, Daniel Joseph Hogan.
** Geógrafo, pesquisador colaborador do Núcleo de Estudos de População – Nepo, da Universidade Estadual de
Campinas – Unicamp.
*** Bolsista PIBIC/CNPq, Núcleo de Estudos de População – Nepo, da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp.
outras perspectivas para explicar a lógica termos dos territórios migrantes quanto dos
dos processos de redistribuição espacial da estudos de lugares e espaços específicos
população e suas diferentes consequências. diante do fenômeno migratório (RAFFESTIN,
No entanto, apesar destas bases co- 2003; SAQUET, 2007).
muns, enquanto fenômeno complexo e mul- No entanto, a maior parte desta biblio-
tifacetado, a migração é estudada no con- grafia enfoca o tema pelo viés sociocultural,
texto dos estudos populacionais, recebendo dos grupos e de suas práticas, não estando
a confluência de abordagens e disciplinas direcionada para as questões propriamente
que, cada qual com suas preocupações e existenciais destas transformações. Por
objetos, compõem um grande quadro sobre outro lado, a dimensão espacial, via territó-
o migrante, seus movimentos, os processos rio, continua sendo entendida, sobretudo,
materiais, as consequências e implicações como metáfora, ou por um viés materialista,
em diferentes escalas, os simbolismos e que limita o território às relações de poder
as transformações culturais. Conforme estabelecidas por forças econômicas ou
mostram Brettell e Hollifield (2008), cada políticas.
disciplina possui sua questão de pesquisa, A Geografia é a disciplina em que
os níveis ou unidades de análise, teorias estas abordagens estão potencialmente
dominantes e hipóteses orientadoras das conciliadas. Ela é mais do que o estudo de
investigações. padrões espaciais da migração, envolven-
A intensificação dos fluxos migratórios do uma gama de processos e fenômenos
no período pós-1990, com a crescente mobi- constituintes dos lugares, das redes e dos
lidade planetária e novos desenvolvimentos fluxos (HARDWICK, 2008). Favell (2008)
na área de transportes e comunicação, no chama atenção para o potencial da análise
entanto, tem produzido reflexos diretos contemporânea da Geografia, que conside-
nos estudos e teorias migratórias (FAVELL, ra o lugar enquanto dotado de significado e
2008). A velocidade, intensidade e diver- dinâmica cultural, permitindo um olhar para
sidade contemporâneas dificultam muito as dinâmicas próprias do e no espaço, onto-
a apreensão dos fluxos e das dinâmicas logicamente integrante da população que ali
que têm ritmos espaço-temporais muito vive. Para avançar nesse sentido, é necessá-
variados, além de uma diversidade nunca rio trilhar esta reflexão ontológica de fundo,
vista. Diferente da modernidade sólida, para superando a dissociação moderna espaço-
usar uma expressão de Bauman (2001), na sociedade, em busca de uma abordagem
modernidade líquida a fluidez é a tônica eminentemente existencial-fenomenológica.
das instituições, relações sociais, mercado No contexto dos estudos migratórios, a
e até da esfera cotidiana. Isso deixa os dimensão existencial está parcialmente con-
cientistas sempre num terreno pantanoso templada pelos trabalhos historiográficos,
no que se refere à apreensão da realidade que tomam a migração enquanto narrativa e
e seu estudo. memória (DINER, 2008). Com seus estudos
Esse cenário produziu pelo menos dois clássicos sobre a condição do estrangeiro e
rebatimentos em termos das tendências dos sua adaptação, Georg Simmel (1983; 1994)
grandes paradigmas científicos: a ênfase nos foi pioneiro em trazer a dimensão individual
processos identitários, da esfera do cotidiano para uma análise social dos processos
e dos microprocessos; e a atenção à dimen- ligados à migração e à própria sociedade.
são espacial dos fenômenos (SANTOS, 2000; Outras disciplinas que contribuem para
MASSEY, 2008). Nos estudos migratórios, este olhar são a Psicanálise e a Psicologia,
observam-se alterações nas tradicionais que buscam compreender os impactos do
abordagens explicativas das migrações (es- processo migratório para a identidade e a
truturalistas), com fortalecimento da atenção personalidade (VIANA, 1978; DeBIAGGI;
na identidade e nos elementos simbólicos do PAIVA, 2004; OLIVEIRA, 2005; FUKS, 2005).
processo (AHMED, 1999; PADILLA, 2009). Como uma mobilidade em si, a migra-
Por outro lado, a dimensão territorial das mi- ção é um fenômeno que envolve tanto a
grações tem ganhado importância, tanto em materialidade quanto a produção social e
408 R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010 409
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
410 R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010 411
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
412 R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
e material a que o migrante tem acesso impostos pela nova realidade vivida pelo
no local de destino. É neste sentido que migrante certamente traz mais benefícios
pensamos o papel da rede social e suas do que ações individuais. As redes sociais
relações com a territorialidade e os lugares funcionam para os migrantes como uma
migrantes: em que medida elas conseguem estratégia para sua sobrevivência e susten-
diminuir o impacto da ruptura com o lugar tabilidade (FAZITO, 2002).
de origem, em termos familiares, culturais Para o migrante, essas redes represen-
e existenciais? tam um referencial identitário e um meio
A inserção nas redes sociais possibilita fundamental para orientar seu envolvimento
a identificação e o pertencimento, podendo no local de destino. Em vez de partir de
gerar alívio/amortecimento ao impacto das relações puras (GIDDENS, 2002), sem re-
mudanças espaciais vividas pelos migran- ferenciais prévios, os migrantes possuem
tes, por forneceram um espaço de seguran- uma rede de lugares e relacionamentos
ça onde o seu modo de ser é reconhecido, baseados na confiança alicerçada na origem
ligando-o ao lugar-natal. Em vista disso, comum, sendo o fato de serem conterrâneos
são importantes para amenizar os estresses a base dos laços de confiança e do novo
causados pela migração (PASQUA; MOLIN, processo de territorialização. Seus lugares
2009). são construídos pelos e para os migrantes
A base da rede social é a cooperação a partir de seus aspectos socioculturais.
entre seus integrantes, sendo que a identi- Os migrantes passam a adquirir domínio/
ficação é o que fornece a liga e estabelece controle espacial do local de destino, geran-
a confiança. Essas redes se fundamentam do territorialidades ao recriar seu território
nas relações de amizade, vizinhança, paren- identitário.
tesco, trabalho e origem comum (SOARES, As redes sociais são, portanto, também
2002) entre os migrantes. A reciprocidade redes territoriais, pois são alicerçadas em
garante que a rede social funcione da manei- lugares específicos onde o grupo se encon-
ra mais igualitária/democrática possível para tra, conserva práticas comuns associadas
seus membros, pois permite a troca do capi- ao lugar natal e propaga, a partir dele, sua
tal social entre os membros de forma geral. territorialidade. Em geral, as redes sociais
Fusco (2002) afirma ser a reciprocidade uma mantêm pouca relação com o sistema do
norma de comportamento no interior das lugar (GODOI, 1998), constituindo-se em
redes sociais que funciona como um dos lugares marginalizados ou pouco frequen-
mecanismos da circulação do capital social. tados pelos estabelecidos, o que contribui
Essas redes têm papel central no territó- para a separação entre estes e os migran-
rio dos migrantes. Nelas há o encontro das tes. Não é muito diferente dos enclaves
cosmovisões do migrante com o imaginário étnicos, em que códigos de conduta dos
local, o que produz a recriação de símbolos migrantes e estabelecidos constrangem o
que fazem parte da sua identidade, num uso e a frequência de lugares na cidade,
verdadeiro encontro de culturas (SCALERA, configurando territorialidades distintas entre
2009). As redes sociais representam, então, os grupos (VARADY, 2005). Essa separação,
um suporte importante, uma vez que garan- no entanto, não é monolítica; há os lugares
tem o acomodamento/inserção do migrante, marcados pela permeabilidade entre os ter-
sendo constituídas tanto pelas pessoas e as ritórios e grupos, possibilitando o encontro
relações que desenvolvem entre si como e o compartilhamento do espaço.
pelas organizações e instituições sociais Esta concentração nos territórios e lu-
(SOARES, 2002; 2004). gares migrantes dificulta o estabelecimento
As redes sociais surgem no sentido de de relações/interação com a cidade e seus
recuperar o bem-estar e o sentimento de habitantes, tornando difícil o desenvolvimen-
pertencimento do migrante, constituindo to de laços afetivos com o local de destino,
uma resposta às dificuldades de inserção/ já que esse não é vivenciado livremente.
adaptação encontradas no local de destino. A provável falta de familiaridade com as
A cooperação para enfrentar os desafios estruturas, dinâmica e cotidiano da cidade
R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010 413
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
414 R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
rânea), mas dão soluções analíticas bem micro, na qual um grupo relacional exerce
diferentes à situação das territorialidades no suas práticas sociais e afirma seus aspec-
novo cenário das migrações deste século. tos e atributos identitários, atendendo suas
Como abordagens e conceitos amplos, se necessidades relacionais e preservando sua
prestam tanto às análises mais estruturais identidade (COSTA, 2005). Esta prática aca-
quanto às de trajetórias pessoais, o que nos ba sendo uma saída eficiente para a situação
permite uma ampla discussão sobre suas destes grupos migrantes.
consequências. O território ganha, assim, um desenho
Todas foram pensadas em termos da reticular, fundamentando e sustentando as
migração internacional, em que o controle redes sociais a partir de lugares hierarquiza-
legal do Estado-Nação exerce uma media- dos conectados por uma rede de itinerários
ção essencial para todas estas teorias, pois (BONNEMAISON, 2002). Esta forma de
não se pode esquecer que os vínculos com enraizamento coloca o lugar e o território
o país dependem também de ações e polí- como o principal ponto de suporte da iden-
ticas específicas dos países de origem em tidade, estendendo a relação ser-lugar ao
amparar e promover a integração de seus grupo-lugar.
cidadãos, que estão no exterior, à política e à A estruturação das redes sociais,
vida cultural do país de origem (MENA, 2009). portanto, é fundamental para a identidade
Além disso, situações de ilegalidade não territorial dos migrantes. Identificar-se com
permitem a comunicação ou a visita frequen- um território implica tornar-se parte de
te entre parentes imigrados. Por outro lado, determinados círculos sociais e redes de
os países que têm grandes contingentes de lugares e itinerários e partilhar um sentimen-
cidadãos fora de suas fronteiras desenvol- to coletivo em relação a signos, códigos e
vem mecanismos de mantê-los ligados ao práticas culturais. No caso das migrações
Estado-Nação. Até países como o Brasil, internacionais, associações de emigrantes
tradicionalmente receptor de migrantes, têm formam e articulam muitas destas redes,
alterado sua postura em relação ao cres- funcionando como matricial da própria rede
cente número de emigrantes em diáspora, social (MELNIK et al., 2009; PADILLA, 2009).
promovendo políticas transnacionais que Na construção de suas redes, os migrantes
visam manter estes brasileiros integrados. exercem papel central como parte integrante
Redes de televisão internacionais têm tido e atuante na criação das geoestruturas,
um papel importante nesse sentido, assim além de serem responsáveis por traçar na
como sistemas civis de registro e votação paisagem uma complexa semiografia capaz
no exterior, facilitando a manutenção do vín- de exprimir e representar sua concepção
culo com o país de origem e influenciando de mundo.
a formação das novas territorialidades no Por sua fisionomia, dinâmica e ambiên-
país de destino. cia, o lugar representa um ponto de familiari-
Do ponto de vista existencial, os migran- dade e receptividade para o migrante, onde
tes constroem territorialidades próprias que se encarna sua cultura e se apresentam seus
são verdadeiros microcosmos ou pequenos símbolos, signos e códigos. O lugar é por si
mundos nos quais compartilham lugares, só um referencial identitário, sendo a mani-
paisagens, signos e símbolos. Nos micro- festação espacial dos laços de afetividade
cosmos tem-se uma existência espacial que ligam o grupo a seu território e fundam a
coletiva: o grupo pensa, organiza e vive seu identidade cultural (BONNEMAISON, 2002)
território de maneira semelhante por parti- e territorial.
lhar uma mesma cultura e um determinado Os migrantes tentam recriar, de certa
estilo/modo de vida. forma, seu território perdido no novo lugar.
As redes sociais como uma rede de Para fazê-lo, eles reproduzem os geossím-
lugares-chave (lugares dos migrantes) bolos e a organização socioespacial de seu
podem ser entendidas como microcosmos antigo território, além de garantirem lugares
ou microterritórios, resultantes de uma sin- onde suas práticas possam ser realizadas. Ao
gularização, através de uma territorialização restabelecer os elos espaciais e identitários,
R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010 415
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
o grupo migrante é capaz de se enraizar e que não exige conhecimento da cultura local
dar fundamento à sua identidade que, evi- para entender sua dinâmica. O migrante
dentemente, não será a mesma, pois agora pode ir aos mesmos lugares padronizados
são migrantes num outro lugar e não estão que frequentava em sua terra natal e usu-
isentos das influências locais, incorporando- fruir de uma impessoalidade que lhe dá
as mesmo que parcialmente. Recriar seu segurança. O migrante os frequenta sem
território é uma forma de dar suporte e inibição, pois não há o compromisso de se
manutenção à identidade e à sua forma de envolver com ele.
existir/ser pela presença de referenciais iden- Essas características dos lugares neu-
titários. Nesse sentido, territorializar-se serve tros advêm, em grande medida, de sua
como um mecanismo protetor da segurança relação com os sistemas abstratos, entre os
existencial (MARANDOLA Jr., 2008c). quais estão os chamados sistemas peritos
Fundamentadas na família e nos laços (GIDDENS, 1991).
elementares de parentesco, vizinhança e Esses sistemas tendem a apresentar
amizade, as redes sociais têm a capacidade certa uniformidade em termos de fun-
de oferecer segurança existencial, atuando cionamento, independentemente de sua
como casulo protetor (GIDDENS, 2002), o localidade. Seu funcionamento baseia-se
qual, constituído e construído pelos migran- em alguns procedimentos padrão que, ao
tes, filtra as eventuais ameaças que esses serem cumpridos, permitem sua utilização.
possam sofrer (MARANDOLA Jr., 2008b). A Os sistemas peritos são os principais res-
confluência de “lugares próprios” propor- ponsáveis pelas transformações ocorridas
cionada pelas redes instiga as famílias, os nas relações pessoais, sendo grandes
amigos e conhecidos a se encontrarem e promotores da impessoalidade.
cultivarem seus laços, assim como estabe- A possibilidade de trafegar entre di-
lecerem novos outros. ferentes lugares, independentemente de
O mesmo não pode ser dito com relação seus atributos socioespaciais e sociocul-
ao sistema do lugar, pois a falta de envolvi- turais, tem permitido o deslocamento dos
mento entre os migrantes e a população local indivíduos de forma muito mais fluida, fora
priva o casulo protetor de uma fonte impor- das suas territorialidades. Um processo
tante de confiança e segurança, obrigando-o cada vez mais frequente que tem marcado
a estratégias de segurança desencaixadas, nossas metrópoles corresponde às migra-
que estão diretamente vinculadas à existên- ções espontâneas, marcadas por decisões
cia de uma rede impessoal de instituições, individuais (MARANDOLA Jr., 2008b,c). Em
organizações e empresas, cujo forte é a pa- vez de grupos sociais migrantes, ligados
dronização e dispersão espacial. Paralela às a um lugar específico que operava como
redes sociais, uma nova rede organiza estes lugar de expulsão, hoje temos migrantes
migrantes do tempo da globalização: a rede de grupos difusos espacialmente, que, no
de lugares globais, chamada por Bauman espaço impessoal da metrópole, não têm
(2001) de lugares neutros. se orientado unicamente pela existência de
Segundo o autor, estes lugares envol- redes sociais previamente estabelecidas.
vem certa homogeneização e padronização Torna-se possível viver uma vida inteira
do comportamento social, não exigindo numa cidade ou região sem integrar-se às
envolvimento ou socialização para serem dinâmicas do sistema do lugar. Mesmo
frequentados; pelo contrário, isso é quase após vários anos, a pessoa ainda pode
desnecessário. São os shoppings, as gran- se considerar “de fora”, pois os laços de
des redes de supermercados, lojas multina- envolvimento com o lugar não ultrapassam
cionais e outros serviços similares que estão aqueles ligados à sobrevivência e às práti-
organizados segundo os mesmos códigos cas cotidianas funcionais. Este tipo de expe-
globais associados à vida metropolitana. riência é possível tanto pelos lugares neutros
Esses lugares, ao contrário do sistema quanto pela possibilidade de manter os la-
do lugar ou das redes sociais dos migrantes, ços essenciais com o lugar de origem, o que
são regidos por uma lógica desencaixada, tem acontecido tanto internamente quanto
416 R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010 417
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
418 R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
Referências
AHMED, S. Home and away: narratives of cas socioespaciais. Goiânia: UFG, 2009b,
migration and estrangement. International p. 163-174.
Journal of Cultural Studies, v. 2, n. 3,
p. 329-347, 1999. _________. Diáspora: viver entre-territórios.
E entre-culturas?. In: SAQUET, M. A.;
ALMEIDA, M. G. As ambiguidades do ser ex- SPOSITO, E. S. (Orgs.). Territórios e ter-
migrante: o retorno e o viver entre territórios. ritorialidades: teorias, processos e confli-
In: ALMEIDA, M. G. (Org.). Territorialidades tos. São Paulo: Expressão Popular, 2009c,
na América Latina. Goiânia: UFG, 2009a, p. 175-195.
p. 208-218.
ASCHER, F. Métapolis: ou l’avenir dês villes.
_________. O sonho da conquista do Velho
Paris: Odile Jacob, 1995.
Mundo: a experiência de imigrantes brasi-
leiros no viver entre territórios. In: ALMEIDA, BACHELARD, G. A poética do espaço.
M. G.; NATES CRUZ, B. (Orgs.). Território Trad. Antonio de P. Danesi. São Paulo:
e cultura: inclusão e exclusão nas dinâmi- Martins Fontes, 1993.
R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010 419
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
420 R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010 421
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
422 R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
Resumen
R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010 423
Marandola Jr., E. e Dal Gallo, P.M. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração
Abstract
Migration and mobility are determining phenomena of contemporary experience. Living in today’s
world means having to deal with mobility and migration, with all the implications this process
involves. From an existential point of view, migration is a disconcerting experience where spatial
and sociocultural references must be reconstituted in a process that shakes up the core of an
individual’s personal identity, namely, his or her existential security. We start off here with the
question of “What is it to be a migrant?” From there, we discuss the existential and territorial
implications of migration and look at it as a phenomenon that is experienced on different spatial
and temporal scales. Phenomenologically, this experience has a single constitutive essence
that leads to an ontological way of thinking about the strategies and consequences of the
phenomenon of migration. This, in turn, leads to a reflection on the role of territorial identity and
on involvement with places and social networks when a person leaves her or his place of origin
and settles down somewhere else, that becomes their place of destination.
Keywords: Mobility. Place. Existential security. Phenomenology of migration. Population
geography.
424 R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 407-424, jul./dez. 2010