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Povo Preto, Pan-Africanismo e Poder Preto

Publicado por X · 15 de fevereiro, 2018 · Diáspora Afrikana ·

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Luiza Mahin foi uma Africana do século 19 que, ainda criança, foi sequestrada,
separada do Continente: viveu durante o segundo ciclo de escravidão no Brasil –
período no qual, em se falando da região de onde os traficantes de Africanos
exploravam seu lucro, compreendia toda a região denominada Costa da Mina –
Gana, Togo, Benin e Nigéria – por vezes, Costa do Ouro, ou ainda, Costa da Guiné –
tendo sido escravizada na Bahia; comprou sua alforria por volta de 1812.

Como verdadeiro ícone, por assim dizer, ao longo do tempo, se tornará


personagem heroica, uma figura mítica, em verdade, vulto na história da Diáspora
Africana no Brasil, uma das principais lideranças revolucionárias da história preta
de resistência e luta nessa ‘fazenda’ – para dar uso à expressão de um Mais-Velho...
Mahin, suspeita-se, tomou parte na articulação de muitas das revoltas e levantes
pretos que sacudiram e abalaram, quando não, puseram à prova a então chamada
Província da Bahia , isso lá pelas primeiras décadas do século; suspeita-se ainda
que tenha participado de uma das maiores revoltas nesse cativeiro, conhecida por
Revolta dos Malês (1835), assim como também da Sabinada (1837-1838) etc.

Sobre esse mito em torno de Luiza Mahin, Lélia Gonzalez chega mesmo a afirmar –
baseada nos parâmetros para se fazer história do seu tempo, que não levavam em
conta o fator oral tanto quanto é levado hoje, mas baseava-se apenas nos
“documentos oficiais”, ou aqueles, “legitimados”...: “Na realidade ela nunca existiu,
é apenas uma criação de Pedro Calmon. Essa afirmação é baseada em pesquisas e
mais pesquisas, onde não se tem nenhuma referência à pessoa de Luiza Mahin”.
Historiadores “consagrados” como João José Reis reforçam tal perspectiva, para ele
é “extravagante a ideia de que uma mulher pagã pudesse liderar um grupo de
homens muçulmanos” – palavras de Dulcilei da Conceição Lima em ‘Luiza Mahin:
história, mito, ficção? Repensando uma figura enigmática’ – e, por outro lado, Reis

(...) aponta prováveis responsáveis pelo feito. Reis afirma que Arthur Ramos vai
promover a figura de Luiza Mahin, mas que provavelmente teria se inspirado em
Pedro Calmon que, em 1933, publicou Malês: a insurreição das senzalas , romance
que mistura história e ficção. Calmon fez de Luiza Mahin sua protagonista e a
intitulou princesa, no romance ela é tratada como Luiza Princesa e seria nomeada
rainha após a vitória dos insurretos . Assim como na carta de Luiz Gama, teria
Mahin uma quitanda, onde comercializava verduras. Esse tipo de atividade
permitia uma grande mobilidade e contato com as pessoas, fatores essenciais na
organização da revolta. O autor situa Luiza numa posição central, como uma das
lideranças da revolta, seria ela a responsável pela articulação entre africanos
islamizados, nagôs, minas e outros, tendo portanto acesso a vários espaços e
grupos. Em sua casa estocava armas, fazia batuques do candomblé e organizava
reuniões para preparação da grande rebelião (...)

Trouxemos essa contribuição apenas para revelar o emaranhado de discussões em


torno da “figura enigmática”, Luiza Mahin. Da nossa parte, como bons intelectuais
Pan-Africanistas, faremos valer o relato do próprio filho de Luiza Mahin – pois se
ela “nunca existiu” no sentido dos esquemas elaborados acima, nós, por outro lado,
acreditamos piamente nas palavras dos Ancestrais, quanto mais combativos e
recuados no tempo eles forem; temos em mente que Luiz Gama não mentia quando
dizia que Luiza Mahin “era muito altiva, geniosa, insofrida e vingativa”. É nesta
última definição que queremos nos deter, é com essa imagem que queremos ficar.
Quanto a isso, não levantamos suspeita quanto a Luiza Mahin “envolver-se em
planos de insurreições de escravos” , muito menos que ela estivesse envolvida com
os “amotinados” e “provocadores” – esse é o espírito a resgatar! Luiza Mahin vive!
E sua herança foi perpetuada nas veias de seu filho, Luiz Gama – aos nove anos
separado da mãe pelo pai, dação de um homem branco viciado em jogos. A famosa
carta para um seu amigo e jornalista, Lúcio de Mendonça, traz uma breve biografia,
aquém destas imagens que visitamos, sobre esta Rainha-Mãe, que bem poderia ser
uma Ahosi, uma Guerreira Mino, que lutou tal qual as outrora míticas Amazonas:

Sou filho natural de uma negra, Africana livre, da Costa Mina (Nagô de Nação), de
nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha
mãe era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um preto retinto e sem
lustro, tinha os dentes alvíssimos como a neve, era muito altiva, geniosa, insofrida
e vingativa.

Dava-se ao comércio – era quitandeira, muito laboriosa, e mais de uma vez, na


Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de insurreições de
escravos, que não tiveram efeito.

Era dotada de atividade. Em 1837, depois da Revolução do doutor Sabino, na Bahia,


veio ela ao Rio de Janeiro, e nunca mais voltou. Procurei-a em 1847, em 1856, em
1861, na corte, sem que a pudesse encontrar. Em 1862, soube, por uns pretos
minas, que a conheciam e que me deram sinais certos que ela, acompanhada com
malungos desordeiros, em uma “casa de dar fortuna”, em 1838, fora posta em
prisão; e que tanto ela como os seus companheiros desapareceram. Era opinião
dos meus informantes que esses “amotinados” fossem mandados para fora pelo
governo, que, nesse tempo, tratava rigorosamente os africanos livres, tidos como
provocadores.

Nada mais pude alcançar a respeito dela.

***

Fica aqui nosso Salve às quitandeiras 1 – às matriarcas nascidas livres, escravizadas


pelo sistema de dominação e supremacia branca; que sustentam um legado para
nós, não mais aquele, de apagamento, dado o epistemicídio anti-preto... E, sim,
legado de ternura, de amor preto, no tom preciso da pele e palavras de Luiz Gama –
mas, sobretudo, para os dias de hoje, um legado de autonomia e autodeterminação,
digno de nossas históricas quituteiras, biscates, camelôs – pretos independentes!

Saravá às Rainhas-Mães!

1 QUITANDEIRAS. Negras livres, mais abastadas, que se dedicavam ao comércio de legumes e frutas.
Contavam com a ajuda de um negro livre, operário, para o pagamento do aluguel e das roupas, e com o
restante de seu lucro abasteciam sua mercearia e adquiriam dois moleques que educavam no trabalho ou
no comércio de rua. Na sua maioria, essas negras casavam-se com negros livres operários. MOURA,
Clóvis; Dicionário da escravidão negra no Brasil (Editora da Universidade de São Paulo, 2004).
[abaixo, links ativos para mais sobre Luiza Mahin]

 Heróis de Todos os Tempos – Luiza Mahin

 livro (pdf) sobre Luiza Mahin

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