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EDUCAÇÃO ESPECIAL
Prof.ª Me. Denise Marques Alexandre
Guia da Disciplina
2018
1. AFETIVIDADE E O CONTEXTO ESCOLAR INCLUSIVO
Objetivo
Compreender o conceito de afetividade no contexto escolar inclusivo.
Introdução
Atualmente, vivemos em condições desafiadoras como seres humanos, a rotina
moderna exige estarmos cada vez mais antenados a tudo que nos rodeia, exigindo
grandes resultados, mesmo diante de tantos acúmulos de tarefas e funções.
O contexto do século XXI pautado por novos paradigmas mostra que, cada vez
mais, precisaremos estar preparados para lidar com a diversidade, seja ela, humana,
social ou de opinião.
A diversidade surge como temática para ser desenvolvida na e para a escola,
possibilitando debates, promovendo leis, atividades, congressos e tudo que estimule
os conhecimentos relacionados às pessoas com deficiência.
Porém, para que isso realmente aconteça, nós como educadores precisamos
refletir sobre o novo papel da
escola contemporânea no
processo de inclusão de alunos
com deficiência e que elementos
utilizamos para identificar a
afetividade nos processos Fonte da imagem:
http://jobller.com/aescolanoseculoxxi/wp-content/uploads/2012/09/Capa-
educativos de inclusão.
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Partindo dessas reflexões, cabe ressaltar que por muito tempo estivemos
permeados por uma enorme barreira, a qual promovia a exclusão e perdurou por
longos séculos, ainda deixando alguns vestígios que persistem até os dias atuais.
Sabemos que uma das premissas básicas é: todo o ser humano tem direito a
educação. Para que esse direito fundamental seja assegurado, cabe a nos
educadores lembrarmos de alguns documentos decisivos:
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Declaração de Salamanca (1994) - toda criança tem a educação como direito
fundamental, devendo ser dada a oportunidade de aprender.
A Lei 9394/1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)- a
educação especial será oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino e a Lei 13.146/2015,
Lei Brasileira de Inclusão (LBI) - toda pessoa com deficiência terá direito à
igualdade de oportunidades e não sofrerá nenhuma espécie de
discriminação.
Fonte da imagem:
http://www.eapevirtual.se.df.gov.br/
Fonte da imagem:
http://jobller.com/aescolanoseculoxxi/wp-content/uploads/2012/09/Capa-
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Na teoria de Henry Wallon
(1971), a dimensão afetiva ocupa
lugar central tanto do ponto de
vista da construção da pessoa,
quanto na construção do
conhecimento. Para esse autor, a
formação da pessoa tem seus
aspectos integrados (afetivo,
motor e cognitivo), sendo que a
Fonte da imagem:
afetividade é vista em diferentes http://jobller.com/aescolanoseculoxxi/wp-
das características sociais de cada idade: orgânicas, orais e morais; ou através das
condições de maturação do ser humano: emoções, sentimentos e paixão.
Segundo Wallon (1951), a escola não deveria apenas lidar com a mente, mas
também com o corpo e com as emoções das crianças, fundamentando suas idéias
em quatro elementos básicos:
A afetividade
O movimento
A inteligência
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Segundo Almeida (2012, p.53):
Conclusão
Iniciamos nessa unidade a oportunidade de relembrar que a escola atua como
provedora de acesso a todos para aprendizagem, isso envolve os aspectos cognitivos,
bem como, os aspectos afetivos.
Sabemos que a função da escola é promover a aprendizagem no sentido de
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oportunizar o aluno superar seus próprios limites, estimulando sua permanência na
escola.
No que se refere à educação inclusiva, sabemos que a verdadeira inclusão não
é apenas abrir as portas para todos os alunos, como educadores, devemos
compreender que o ambiente escolar deve apresentar características saudáveis para
cada vez mais estimular confiança e participação dos alunos.
Portanto, redimensionar aspectos na estrutura física, desenvolver adaptações
curriculares e promover as mudanças de atitudes dos educadores fará com que
realmente os alunos ampliem o convívio social e vivenciem uma aprendizagem
significativa.
A oportunidade de ampliar contato social entre toda comunidade escolar,
mostrará que incluir, perpassa pela ressignificação do papel da escola contemporânea
e reforça a importância do afeto, propiciando um ambiente de aprendizagem
acolhedor e produtivo.
Apesar dos contextos
tradicionalistas enraizados, é preciso
acreditar que tal tarefa é possível e
importante para o desenvolvimento
humano, na próxima unidade iremos
compreender mais, que aspectos são
esses que promovem os diferentes
saberes, possibilitando a formação e o
desenvolvimento de um indivíduo capaz
de dialogar com as diferenças e a
Fonte da imagem:
diversidade humana.
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/img
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2. DESENVOLVIMENTO HUMANO, AFETIVIDADE E INCLUSÃO
ESCOLAR.
Objetivo
Compreender as visões de Piaget, Vygotsky e Wallon a respeito do
desenvolvimento humano, suas concepções e aspectos relevantes.
Introdução
Conhecer o ser humano abrange compreender todos os aspectos que envolvem
suas fases de desenvolvimento, partindo do seu nascimento, passando pelo seu
crescimento até maturidade.
A maioria dos estudos e pesquisas evidenciam que de acordo com a faixa etária
podemos perceber, compreender e se comportar de diferentes formas. Quando
estudamos o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns
de várias faixas etárias, sendo assim, permitindo reconhecer as individualidades
O estudo do desenvolvimento humano é considerado um campo repleto de
descobertas, todas as pesquisas resultaram na elaboração de várias teorias que
demonstram diferentes concepções sobre as etapas de desenvolvimento.
PIAGET
VYGOTSKY
WALLON
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Ao iniciar o estudo do desenvolvimento humano, percebemos que seu grande
desafio é compreender o homem em sua totalidade, sendo assim, abordaremos todos
os aspectos que envolvem seu nascimento até a maturidade.
Sabemos que o desenvolvimento humano é vivenciado junto aos
acontecimentos da vida, a cada acontecimento demonstramos aspectos do
comportamento humano que são expressos através dos sentimentos e emoções.
Os estados emocionais e sentimentais formam a afetividade, Mahoney e Almeida
(2007, p.17) afirmam que ‚ a afetividade se refere à capacidade, à disposição do ser
humano ser afetado pelo mundo externo e interno por meio de sensações agradáveis
ou desagradáveis.
Ao estudarmos o desenvolvimento humano, percebemos que nos primeiros
meses de vida, que o bebê usa a afetividade
para se expressar e interagir com as pessoas.
A cada etapa que a criança vai adquirindo
novas experiências, como andar, falar e
manipular objetos sua afetividade está mais
voltada para o exterior, sendo assim, para o
conhecimento.
A afetividade tem um papel
importantíssimo no desenvolvimento
intelectual, pois através da aprendizagem os
vínculos vão sendo construídos e a criança vai
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adquirindo novos conhecimentos ao longo
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do seu desenvolvimento biológico. yzsvw9vpPZ04bIlkw B_30MKdLpL1ZTZrb7_jdRbvw
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considera que o desenvolvimento da pessoa é integrado ao meio que está inserido,
contando com os aspectos afetivo, cognitivo e motor.
QUADRO COMPARATIVO
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Pensando no desenvolvimento do indivíduo para Vygotsky, considera que seu
conhecimento é adquirido através da interação com o meio, processo conhecido como
mediação. O autor ressalta o desenvolvimento do indivíduo apontando o processo
histórico-social e a linguagem, para ele não é suficiente ter todo o aparato biológico
para realizar uma tarefa.
Já a teoria de Wallon, considera o desenvolvimento da pessoa completa
integrada ao meio que está imersa, incluindo os aspectos afetivos, cognitivo e motor.
Nesse caso, a pessoa é vista como um conjunto funcional resultante da integração de
suas dimensões, cujo desenvolvimento se dá na integração de seu aparato orgânico
com o meio e predominantemente com o social.
Conhecer a visão dos autores nos possibilita compreender que todos os seres
humanos são movidos através de seus comportamentos e podem alterar suas ações
devido aos fatores sentimentais, físicos e intelectuais. Agora mais do que nunca,
podemos perceber que o quesito afetividade exerce uma enorme influência no
desenvolvimento cognitivo dos indivíduos em processo de formação.
Com base no que vimos, é essencial que as escolas estabeleçam estratégias
educacionais que permitam mais que o desempenho cognitivo, enfatizando o
desenvolvimento das emoções e sentimentos que tornam a aprendizagem mais
prazerosa e completa.
Conclusão
Como vimos, um processo de inclusão eficaz está intimamente ligado as
relações afetivas, sendo assim, torna-se imprescindível que o aluno esteja rodeado
de atitudes de afeto no âmbito escolar.
Cabe ressaltar, que afeto não é atenção, o aluno necessita sentir-se acolhido.
Criar apenas estratégias de entretenimento e interação não é suficiente para
estabelecer o vínculo de afeto.
O aluno deve ser visto como ser humano dotado de emoções possuindo a
necessidade de manter vínculos de carinho em todo o contexto escolar que ele circule.
O ambiente escolar deve proporcionar alternativas para que esse alunado se
descubra diante do mundo.
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Sabemos que a inclusão social envolve uma postura de aceitação e respeito
pelas diferenças, oportunidade de vivência plena nos diversos contextos: escolar,
familiar, mercado de trabalho e lazer, disponibilizando assim, as mesmas
oportunidades para todos.
PARA REFLETIR!
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3. DEFICIÊNCIA E SEXUALIDADE
Objetivo
Compreender o conceito de sexualidade e as suas implicações na deficiência.
Introdução
Inicialmente é necessário que tenhamos clareza sobre os significados dos
termos sexo e sexualidade, nessa unidade daremos ênfase ao conceito de
sexualidade.
A sexualidade é um fenômeno muito mais abrangente do que a expressão de
práticas sexuais e, em todos os casos, essas expressões sexuais têm representações
a partir de como cada sociedade em diferentes momentos históricos se organiza.
Nesse sentido, embora se revele em sujeitos particulares a sexualidade reflete
questões sociais e culturais, sendo constituída por quatro elementos primordiais:
Potencial Biológico
Processo de Socialização
Capacidade Psico-Emocional
Dimensão Integradora
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desafio que se apresenta para a pessoa com deficiência é superar o estereótipo de
que ela é “incapaz de aprender normas como as outras pessoas”.
As pessoas com deficiência levam mais tempo para aprender a amar a si
mesmas e a seu próprio corpo, sem se
importar com os padrões ideais trazidos
pela mídia, cinema, moda, televisão,
revistas.
Antes de tudo ela faz e refaz um
caminho longo, incluindo fases de
negação. Envolve ainda, um processo
complexo de auto-aceitação da
deficiência, tal processo se apresenta
em três níveis:
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A saída reside na aceitação das limitações que a deficiência impõe às pessoas
que são afetadas diretamente por elas e às pessoas que convivem com as mesmas.
Assim, teremos competência não somente para lutar, mas também, para buscar
ressignificar a diferença como algo inerente à condição humana e distanciar no tempo
o sentimento de ficar pouco à vontade nas situações e vivências em que um fica diante
do outro.
Sabemos que para que o processo de exclusão seja trabalhado e combatido é
imprescindível redimensionar o processo educacional, dando início a um novo
caminho em parceria com todos que fazem a escola.
A escola será o espaço para debater os preconceitos, as limitações impostas
pela deficiência e, ainda, os tabus que são criados; discutir a sexualidade na forma
como se apresenta em uma sociedade e nas possibilidades de ser vivida por cada um
de nós, com nossas características pessoais, apresentem elas deficiências/diferenças
ou não (Costa, 2000, p.54)
Conclusão
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4. SEXUALIDADE E SEXO
Objetivo
Ampliar a compreensão do conceito de
sexualidade, diferenciando do conceito de sexo e seus
desfechos no campo da educação especial.
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Conjunto dos indivíduos que têm o mesmo sexo: reunião para os dois
sexos.
Órgãos da reprodução.
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importante, pois envolve a formação de opiniões, atitudes e comportamentos do
jovem”. Essa ação é informal e os pais geralmente não se dão conta de que já estão
educando, uma vez que transmitem ensinamentos mais pelo que fazem do que pelo
que dizem.
Fonte da imagem:
http://www.cantinhodoscadeirantes.com.br/2015/08/sexualidade-
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Já educação sexual intencional, por outro lado, é aquela que faz parte de uma
proposta sistemática e organizada que ocorre de modo planejado para informar sobre
questões da sexualidade; tendo como objetivo promover o aprendizado formal sobre
sexualidade a partir de ações informativas e formativas (MAIA, 2011; WEREBE,
1998).
Conclusão
Vejam o professor tem esse espaço garantido, para realizar intervenções que
ampliem a autonomia do aluno com deficiência em relação a sua sexualidade,
precisamos nos fortalecer em relação ao tema para utilizar plenamente a função que
ele representa.
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5. SEXUALIDADE, CRENÇAS E ATITUDES
Objetivo
Promover a discussão conceitual sobre a sexualidade, a formação de crenças e
atitudes em relação à educação sexual.
Introdução
Percorrendo os caminhos da sexualidade, percebemos que ela é culturalmente
definida e influenciada por familiares, amigos, religião, leis costumes, conhecimentos
e economia (Roy, 2006). Também pudemos ver que sua função não se restringe ao
ato sexual, pois envolve também o que as pessoas sentem, fazem e pensam sobre si
e as pessoas com quem se relacionam.
Pensando por essa perspectiva, autores como Silva (2013) reforçam a idéia de
superação diante do tema, ele afirma que “sexualidade é um domínio da nossa
existência que merece especial atenção, sendo que o seu desenvolvimento saudável
é imprescindível para o equilíbrio psicossocial de qualquer ser humano,
independentemente da sua condição de vida”.
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Félix e Marques (1995.) atestam que ao proibirem os comportamentos afetivo-
sexuais à população com deficiência, estaremos a impedindo a satisfação de
necessidades fundamentais para o crescimento e desenvolvimento enquanto
pessoas. Sendo assim se reforça como os profissionais exercem um papel
fundamental na educação sexual de cada individuo.
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Compreender a finalidade da educação sexual traz aos profissionais e pais uma
orientação as suas práticas e atitudes em relação à deficiência e a sexualidade. É
possível perceber através das opiniões e pensamentos a formação das crenças em
relação a esse assunto.
Conclusão
Ao longo dessa unidade, vimos que os valores influenciam as atitudes, e estas,
naturalmente, influenciam o comportamento (Kahle, 1988), e conseqüentemente,
podem influenciar o estilo de supervisão e as decisões tomadas das pessoas que
trabalham com indivíduos e a deficiência.
Observando ao longo dos tempos até hoje, os conceitos relativos à deficiência
continuam impregnados por um conjunto de crenças e valores que conduzem a
atitudes negativas face às pessoas com deficiência (Félix, 2003)
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Como vimos alguns estudos (McCarthy e Thompson, 1997; Walcott, 1997;
Wilcox 2001 cit in Swango-Wilson,2008) identificam que os profissionais serão a
chave para reverter esse conjunto de crenças. Sua atuação desenvolverá a formação
do indivíduo com deficiência ampliando suas experiências sociais e de identidade
sexual.
DICA
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6. EDUCAÇÃO SEXUAL E AS ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO
Objetivo
Sugerir propostas para ampliar as oportunidades de orientação e intervenção em
relação a educação sexual.
Introdução
Como vimos anteriormente, o desenvolvimento da sexualidade é uma etapa
fundamental do ser humano. Todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência,
têm direito à sexualidade, considerada parte integrante da personalidade de cada um.
É uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado
dos outros aspectos da vida.
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Tais propostas podem ser feita através de:
debates,
depoimentos,
filmes,
leituras
Alguns autores apontam que oportunizar atividades que os pais participem, faz
com que o tema seja abordado e algumas crenças revistas. As verbalizações indicam
o aumento da percepção dos participantes acerca dos interesses afetivo-sexuais por
parte dos filhos, pois alguns pais que antes não os percebiam passaram a fazê-lo.
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De forma semelhante, Amaral (2004) percebeu que a maior parte dos pais
participantes de seu programa de orientação sexual passou a apresentar indicações
de aceitação e reconhecimento do direito do filho com deficiência intelectual exercer
sua sexualidade.
dentro da programação
extra-programação
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Modelo de Intervenção
Pondo essa última dentro do saquinho, disse: “Olha professora, não parece que
eu estou pondo a camisinha no pênis?” (FIGUEIRÓ, 1999, p.67).
MAS....
“É, parece! Mas vai se sentar, pois isso não é um pênis e nem isso, uma
camisinha!”
Fonte: FIGUEIRÓ, Mary Neide Damico. Educação Sexual: problemas de conceituação e terminologias
básicas adotadas na produção acadêmico-científica brasileira. Semina:Ciências Sociais/Humanas, v.17, n.3, p.5,
set. 1996.
Conclusão
Considerando o professor como um profissional que constrói saber em sua
prática cotidiana, os modelos de estratégias aqui propostos devem ser vistos apenas
como idéias, sugestões.
É importante dizer que, além dos vários resultados positivos obtidos junto e
para os alunos, haverá sempre um ganho pessoal e profissional para o educador que
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se dispuser a ensinar no espaço da escola, pois como diz Naumi de Vasconcelos
(1985), “Falar sobre sexo é a melhor maneira de se vencer a culpa e a vergonha a ele
associadas”. (op. cit., p.59)
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