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A BÍBLIA E A IGREJA

A Bíblia como norma da doutrina foi desde as origens um dos princípios incontestáveis do
Cristianismo. Não foi, portanto, no apelar à sua autoridade que consistiu a inovação dos
Reformadores, mas sim na recusa peremptória em se submeterem à interpretação normativa
dada então pela Igreja e seu Magistério. Com efeito, a referência à Bíblia encontrava-se há
muito obscurecida para o comum dos fiéis pelos decretos dos Concílios, dos bispos e do Papa,
que eram a única autoridade na Igreja.

Quando Lutero, nas suas discussões de 1518 com os doutores da Igreja, invocou o testemunho
bíblico na defesa da sua posição não achou sequer necessário justificar-se visto ser, aos seus
olhos, um direito evidente reconhecido a todos os fiéis. Contudo ouviu como resposta que o
primeiro dever de um crente é o de reconhecer a autoridade da Igreja e submeter-se ao seu
ensino.

Ora Lutero não podia submeter-se. A Escritura, em Si mesma, aparecia-lhe carregada de


autoridade soberana à qual se sentia preso por mais objecções que lhe colocassem.

Quando na Disputa de Leipzig, em 1519, ao ser pressionado por um cerrado interrogatório foi
colocado na necessidade de aprovar a condenação de Jan Huss, pronunciada em 1415 pelo
Concílio de Constança, ele constatou que um simples crente é não só capaz de enfrentar todo
um Concílio, mas tem também o direito de o fazer, desde que a Palavra de Deus a tal obrigue.

Lutero acabava de colocar as bases do princípio que iria ser o motor mais poderoso da
Reforma, e abrir uma etapa irreversível na história da fé: o livre acesso de cada crente à Bíblia,
e sobretudo o direito e o dever do livre exame.

Para os Reformadores a autoridade pertence exclusivamente à Bíblia. A Escritura ilumina-Se a


ela mesma, e é belo vê-La interpretar-Se a Si própria, afirma Lutero. E mais à frente
acrescenta: Mesmo que uma nuvem passe diante do Sol este permanece por trás dela tão
brilhante como dantes. Portanto, se encontrardes na Escritura uma passagem obscura não
duvideis que oculta a mesma verdade que brilha claramente noutros lugares dela. Se não
compreendemos uma passagem mais obscura fiquemos com a interpretação daquelas que são
claras e evidentes.

Mas na realidade a interpretação da Escritura nem sempre é fácil: Quem, então, em última
análise é competente para julgar o sentido correcto da Bíblia?

Ao longo de toda a Idade Média a resposta foi sempre a mesma: é a Igreja!

Os Reformadores, a começar por Lutero, não podiam aceitar esta resposta, pois os Concílios, o
próprio Papa, podiam equivocar-se, e a história demonstrava que se tinham por vezes
equivocado. Então quem julga e decide da Verdade? Ou, retomando os termos usados nessa
época: quem tem a proeminência, a Escritura ou a Igreja?

Em Lausanne foi bem viva a discussão sobre este ponto. Dominique Montbousson, monge
dominicano que nesse mesmo ano de 1536 prégara durante a Quaresma na Catedral, afirmou
a dada altura: A Igreja está acima da Escritura por ser anterior a Ela; de tal modo que a
Escritura não teria qualquer autoridade sem a aprovação da Igreja.

Ao que Pierre Viret respondeu de forma fulminante: Blasfemais grandemente e injuriais a


Deus. Pois o que dizeis é o mesmo que afirmar que Deus não seria verdadeiro, mas mentiroso,
se não fosse aprovado pelos homens, ou seja, é dizer que os homens estão acima da Palavra
de Deus e são maiores do que Ele.

Contudo foi a Igreja que, nota Montbousson, antes mesmo que existisse qualquer livro do
Novo Testamento prégou portanto sem a autoridade da Escritura e depois foi ainda ela quem
escolheu certos escritos, rejeitando outros como apócrifos e assim constituiu o cânon do Novo
Testamento. Ora onde encontrar a causa da rejeição de uns e da aprovação de outros senão na
autoridade da Igreja, pela qual alguns livros são aprovados e outros condenados?

Para fundamentar a sua posição Viret parte do conceito de Igreja. A Igreja é a comunidade dos
crentes. Portanto é necessário que haja fiéis antes que a Igreja possa existir como tal. Mas
para se ser fiel é necessário possuir a fé, crer em Jesus. Como, porém, se crerá em Cristo se
não houver conhecimento d'Ele, se não se tiver ouvido falar d'Ele? Daí S. Paulo concluir que a
fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rom. 10:17). Assim, conclui-se que a Sagrada Escritura é
anterior à Igreja, e visto esta ser gerada pela semente incorruptível da Palavra (I Ped. 1:23) é
necessário também que seja sempre alimentada, conduzida e governada por Ela. Pelo que se
torna uma vez mais evidente que a Escritura é não só anterior à Igreja, mas está também
acima d'Ela. E esta não tem outra autoridade senão a que lhe é conferida pela Escritura.

Contudo, afirmar a proeminência da Escritura sobre a Igreja não explica o critério, ou melhor, a
origem do poder de escolha que levou a Igreja a reter certos livros no cânon do Novo
Testamento e a rejeitar outros.

Viret está cônscio da dificuldade e resolve-a com esta afirmação:

É impossível que a Igreja de Jesus Cristo não receba, nem aprove a Palavra de Deus. Pois quem
é de Deus escuta as Suas Palavras (João 8:47), e as verdadeiras ovelhas de Jesus conhecem a
voz do Pastor (João 10:3); não podia ser de outro modo...

Os Evangelhos de S. Lucas, S. Marcos, bem como todos os demais livros que retemos não são
autênticos porque a Igreja os recebeu e aprovou. Tal como os outros livros também não são
falsos porque Ela os rejeitou. O que acontece é que, porque uns são bons e inspirados pelo
Espírito Santo e os outros são falsos e feitos num outro espírito, a Igreja que é conduzida pelo
Espírito Santo e julga por Ele reconheceu o que é bom e não o pôde rejeitar, e discerniu
também o que é mau.

Pois assim como o fogo não é quente, nem o Sol brilhante em virtude de toda a gente o
afirmar e o ter constatado desde o princípio, mas sim porque são quentes e brilhantes em si
mesmo e ninguém pode dizer o contrário, também a Sagrada Escritura não é verdadeira e
autêntica pelo facto da Igreja a aprovar, mas sim porque Ela é em Si mesma verdadeira e pura,
e não é possível que os filhos de Deus, que amam a Verdade, não aprovem, nem aceitem a Sua
autoridade...
Ao olharmos para o Sol não somos nós que lhe damos o brilho, a luz; é ele que no-la dá, senão
nada veríamos, mesmo com os olhos bem abertos. Do mesmo modo, nós não podemos dar
luz e brilho à Palavra de Deus, nem qualquer autoridade. Pelo contrário é Ela que, quando nós
A ouvimos, expulsa as trevas dos nossos corações e faz com que vejamos a verdadeira Luz que
é Jesus Cristo, o Qual lança pelo Seu Espírito os Seus raios nos nossos corações a fim de nos
iluminar pela fé.

Devemos ainda acrescentar e ter em linha de conta que a fé da Igreja no início não se firmava
só na prégação dos Apóstolos (que depois iria ser por eles escrita), mas também nos escritos
do Velho Testamento, os quais serviam para aferir da autenticidade ou não do testemunho
apostólico (Act. 17:11).

Ora o Velho Testamento é o repositório da Lei dada directamente por Deus a Moisés e das
profecias que os homens receberam também de um modo directo ou indirecto do próprio
Deus.

Portanto, a fé do povo de Deus sempre se alicerçou na autoridade da Palavra que sai da Boca
do Altíssimo.

É Deus Quem chama e atrai a Si pelo poder do Evangelho aqueles que são Seus. Logo, a
Palavra do Senhor tem de estar sempre na origem e ser a causa da congregação do povo de
Deus. Como tal Ela continuará a ser uma luz e um guia para esse povo, a sua suprema
autoridade.

Celestino Torres de Oliveira

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