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1 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, os prejuízos fiscais apurados em determinado período de tributação,
nos termos das disposições anteriores, são deduzidos aos lucros tributáveis, havendo-os, de um ou mais dos cinco
períodos de tributação posteriores.
2 - A dedução a efectuar em cada um dos períodos de tributação não pode exceder o montante correspondente a 75
% do respectivo lucro tributável, não ficando, porém, prejudicada a dedução da parte desses prejuízos que não
tenham sido deduzidos, nas mesmas condições e até ao final do respectivo período de dedução.
3 - Nos períodos de tributação em que tiver lugar o apuramento do lucro tributável com base em métodos indirectos,
os prejuízos fiscais não são dedutíveis, ainda que se encontrem dentro do período referido no n.º 1, não ficando,
porém, prejudicada a dedução, dentro daquele período, dos prejuízos que não tenham sido anteriormente deduzidos.
4 - Quando se efectuarem correcções aos prejuízos fiscais declarados pelo sujeito passivo, devem alterar-se, em
conformidade, as deduções efectuadas, não se procedendo, porém, a qualquer anulação ou liquidação, ainda que
adicional, de IRC, se forem decorridos mais de cinco anos relativamente àquele a que o lucro tributável respeite.
5 — No caso de o contribuinte beneficiar de isenção parcial e ou de redução de IRC, os prejuízos fiscais sofridos nas
respectivas explorações ou actividades não podem ser deduzidos, em cada período de tributação, dos lucros
tributáveis das restantes.
6 — O período mencionado na alínea d) do n.º 4 do artigo 8.º, quando inferior a seis meses, não conta para efeitos da
limitação temporal estabelecida no n.º 1.
7 — Os prejuízos fiscais respeitantes às sociedades mencionadas no n.º 1 do artigo 6.º são deduzidos unicamente dos
lucros tributáveis das mesmas sociedades.
8 — O previsto no n.º 1 deixa de ser aplicável quando se verificar, à data do termo do período de tributação em que é
efectuada a dedução, que, em relação àquele a que respeitam os prejuízos, foi modificado o objecto social da entidade
a que respeita ou alterada, de forma substancial, a natureza da actividade anteriormente exercida ou que se verificou
a alteração da titularidade de, pelo menos, 50 % do capital social ou da maioria dos direitos de voto.
9 — O Ministro das Finanças pode autorizar, em casos especiais de reconhecido interesse económico e, mediante
requerimento a apresentar na Direcção-Geral dos Impostos, antes da ocorrência das alterações referidas no número
anterior, que não seja aplicável a limitação aí prevista.
10 - Quando as alterações previstas no n.º 8 sejam consequência da realização de uma operação de fusão, cisão ou
entrada de activos à qual se aplique o regime previsto no artigo 74.º, o requerimento referido no número anterior
pode ser apresentado até ao fim do mês seguinte ao do pedido de registo da operação na conservatória do registo
comercial.
11 - (Revogado.)
12 - Sempre que estejam em causa prejuízos fiscais relativos ao período imediatamente anterior ao da ocorrência de
alguma das alterações previstas no n.º 8 e esta ocorra antes do termo do prazo de entrega da respectiva declaração
de rendimentos, o requerimento referido no n.º 9 pode ser apresentado no prazo de 15 dias contados do termo do
prazo de entrega dessa declaração ou da data da respectiva entrega, se anterior.
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boletim empresarial
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(*) – O regime específico de dedução de prejuízos fiscais no âmbito do Regime Especial de
Tributação dos Grupos de Sociedades, encontra-se consagrado no artigo 71.º do Código do
IRC.
1 — Quando seja aplicável o regime estabelecido no artigo 69.º, na dedução de prejuízos fiscais prevista no artigo
52.º, observa-se ainda o seguinte:
a) Os prejuízos das sociedades do grupo verificados em períodos de tributação anteriores ao do início de aplicação do
regime só podem ser deduzidos ao lucro tributável do grupo, nos termos e condições previstos no n.º 2 do artigo 52.º,
até ao limite do lucro tributável da sociedade a que respeitam;
b) Os prejuízos fiscais do grupo apurados em cada período de tributação em que seja aplicado o regime só podem ser
deduzidos aos lucros tributáveis do grupo, nos termos e condições previstos no n.º 2 do artigo 52.º;
c) Terminada a aplicação do regime relativamente a uma sociedade do grupo, não são dedutíveis aos respectivos
lucros tributáveis os prejuízos fiscais verificados durante os períodos de tributação em que o regime se aplicou,
podendo, porém, ainda ser deduzidos, nos termos e condições do n.º 1 do artigo 52.º, os prejuízos a que se refere a
alínea a) que não tenham sido totalmente deduzidos ao lucro tributável do grupo;
d) Quando houver continuidade de aplicação do regime após a saída de uma ou mais sociedades do grupo, extingue-
se o direito à dedução da quota-parte dos prejuízos fiscais respeitantes àquelas sociedades.
2 — Quando, durante a aplicação do regime, haja lugar a fusões entre sociedades do grupo ou uma sociedade
incorpore uma ou mais sociedades não pertencentes ao grupo, os prejuízos das sociedades fundidas verificados em
períodos de tributação anteriores ao do início do regime podem ser deduzidos ao lucro tributável do grupo até ao
limite do lucro tributável da nova sociedade ou da sociedade incorporante, desde que seja obtida a autorização
prevista no artigo 75.º
3 — Na dedução dos prejuízos fiscais devem ser primeiramente deduzidos os apurados há mais tempo.
Tendo por referência o período mais antigo que ainda poderá afetar o cálculo da matéria
colectável de 2012, elaborou-se a seguinte tabela que sistematiza o último período de dedução
dos prejuízos apurados em determinado período:
Uma total inovação ao regime foi introduzida pela Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro, com
aplicação a partir de 2012, segundo a qual se limita a dedução a 75% do respectivo lucro
tributável, conforme consagrado no artigo 52.º, nº 2 do Código do IRC:
“A dedução a efectuar em cada um dos períodos de tributação não pode exceder o montante correspondente a 75 %
do respectivo lucro tributável, não ficando, porém, prejudicada a dedução da parte desses prejuízos que não tenham
sido deduzidos, nas mesmas condições e até ao final do respectivo período de dedução.”
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boletim empresarial
De referir também que a lei supra referida veio a revogar, com efeitos retroactivos, o artigo
52.º, nº 11, que obrigava, no caso de sociedades comerciais (por quotas), que deduzissem
prejuízos durante dois períodos consecutivos, à necessidade de no terceiro ano existir a
emissão de uma certificação legal de contas, nos termos e condições a definir em portaria do
Ministro das Finanças.
Exemplo 1:
Resultado
2005 -10.000
2006 -15.000
2007 -20.000
2008 50.000
2009 -12.000
2010 -8.000
2011 5.000
I. Sabendo-se que em 2012, o resultado fiscal foi um lucro tributável de 30.000, qual
o valor da matéria colectável?
1. Os prejuízos de 2005, 2006 e 2007 foram absorvidos pelo lucro tributável de 2008.
3. Em 2011, o lucro tributável de 5.000 é totalmente absorvido pelo prejuízo fiscal de 2009,
ficando ainda um saldo de prejuízo deste ano de 7.000.
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boletim empresarial
II. O lucro tributável em 2012 ascendeu a 15.000, resultando uma matéria coletável
de 3.750:
Exemplo 2:
Todavia, tendo em conta a existência de prejuízos de 2009 disponíveis para dedução em 2015,
uma vez que ainda não se completaram os seis exercícios posteriores, prazo vigente antes de
2010, poderá em 2015 deduzir esses prejuízos ainda remanescentes de 2009.
Doutrina Administrativa
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boletim empresarial
A nova redacção do n.º 1 do artigo 52.º do CIRC, introduzida pelo artigo 87.º da Lei do
Orçamento do Estado para 2010, veio reduzir, de seis para quatro anos, o período durante o
qual os prejuízos fiscais apurados em determinado exercício podem ser deduzidos aos lucros
tributáveis de exercícios posteriores.
Relativamente aos prejuízos fiscais apurados pelos sujeitos passivos em períodos anteriores ao
exercício de 2010, muito embora venham a produzir efeitos já na vigência da lei nova, os
mesmos continuam a poder ser deduzidos aos lucros tributáveis até ao sexto exercício
posterior, uma vez que aquele prejuízo ocorreu sob a vigência da lei antiga, e é esse o facto
relevante para determinar a norma temporalmente aplicável.
O prazo de quatro anos agora concedido para efeitos de dedução dos prejuízos fiscais aos
lucros tributáveis apenas será aplicado a prejuízos originados no exercício da sua entrada em
vigor e nos seguintes, ou seja, a partir do exercício de 2010, inclusive.
Como acima se evidenciou, o prazo de quatro anos aplica-se aos períodos de 2010 e 2011,
tendo sido fixado o prazo de cinco anos para os períodos de 2012 e seguintes.
Exemplo 3:
A empresa X, SA, apurou prejuízos fiscais em 2011, tendo nos períodos seguintes realizado
lucros tributáveis.
Verifica-se assim a extinção do direito à dedução de 1.050, uma vez que os prejuízos de 2011
reportam para a frente quatro anos, no máximo.
Se não existisse a limitação de 75% do lucro tributável como limite de dedução, a totalidade
dos prejuízos fiscais apurados em 2011 teria sido deduzida, pois a soma dos lucros tributáveis
obtidos entre 2012 e 2015 (22.600) é superior ao prejuízo fiscal de 2011.
Nos períodos de tributação em que tiver lugar o apuramento do lucro tributável com base em
métodos indirectos, os prejuízos fiscais não são dedutíveis, ainda que se encontrem dentro do
período de quatro ou cinco anos, acrescente o período em que foram gerados após a sua
ocorrência, não ficando, porém, prejudicada a dedução, dentro daquele período, dos prejuízos
que não tenham sido anteriormente deduzidos (artigo 52.º, nº 2).
Tal significa que no período em que for fixado o lucro tributável por métodos indirectos a
matéria coletável não é passível de qualquer dedução a título de prejuízos fiscais ainda que
disponíveis para efeitos de reporte.
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boletim empresarial
Jurisprudência
O artigo 46º nº 2 (actual artigo 52.º, nº 2) do Código do Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Colectivas não proíbe que, num exercício em que o lucro tributável é apurado a partir
da contabilidade do sujeito passivo, sejam deduzidas perdas de anos anteriores, ainda que
determinadas por métodos indirectos.
Exemplo 4:
A empresa X, Lda, foi tributada em IRC, nos exercícios de 2010 e 2011, beneficiando de um
regime de redução de taxa, temporário, tendo realizado os seguintes resultados fiscais:
Resultado
2010 -50.000
2011 10.000
Em 2012, período em que apurou um lucro tributável de 25.000, passou a ficar enquadrada no
regime geral de determinação do lucro tributável.
Neste período verifica-se um saldo de 40.000 de prejuízo fiscal gerado em 2010, uma vez que
10.000 foram compensados em 2011, que pode ser deduzido ao lucro tributável de 2012, até
ao limite de 75% do lucro tributável.
Doutrina Administrativa
De acordo com o nº1 do artº 47º do CIRC (actual artigo 52.º), os prejuízos fiscais apurados
em determinado exercício são deduzidos aos lucros tributáveis, havendo-os, de um ou mais
dos seis exercícios posteriores (passou a quatro exercícios em 2010, com a redacção dada pelo
artigo 89.º da Lei n.º 3-B/2010, de 28 de abril, e a cinco a partir de 2012, na redacção dada
pela Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro).
Assim, e conforme o disposto na alínea b) do nº3 do artº 17º do CIRC, é necessário efectuar
uma separação dos resultados imputáveis a cada um dos regimes de tributação, de modo a
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boletim empresarial
que os prejuízos apurados em regime de isenção parcial e ou de redução de IRC não poderão
ser deduzidos aos restantes.
Assim, no caso de uma isenção temporária de âmbito geral, não se põe qualquer problema de
reporte de prejuízos pois os prejuízos fiscais verificados durante o período de isenção são
reportáveis aos lucros tributáveis apurados após o termo da isenção, observado o prazo em
que essa dedução é possível.
Esta restrição pode ser afastada por autorização do Ministro das Finanças, mediante
requerimento a apresentar na AT, antes das alterações atrás referidas, somente em casos
especiais de reconhecido interesse económico (artigo 52.º, n.º 9).
Exemplo 5:
A empresa X, SA, em 2009, era detida em partes iguais pelas empresas Y e Z, tendo
apresentado os seguintes resultados fiscais:
Resultado
2009 30.000
2010 -50.000
2011 10.000
2012 20.000
No apuramento do resultado fiscal deste ano, a empresa X, SA pode deduzir 10.000 dos
prejuízos gerados em 2010, ficando com um saldo de 40.000.
Ao lucro tributável de 2012 não podem ser deduzidos os prejuízos restantes de 2010, uma vez
que, em relação a este período, houve uma alteração de mais de 50% do capital social (65%).
Doutrina Administrativa
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boletim empresarial
e) Número de postos de trabalho nos últimos três períodos e estimativa para os três períodos
seguintes ao da verificação da alteração;
Estes elementos são comuns para pedidos decorrentes da alteração do objecto social ou do
capital social.
a) Identificação de relações especiais, nos termos do n.º 4 do artigo 63.º do Código do IRC,
entre as partes envolvidas na operação;
b) Preço previsto para a transação das partes sociais, bem como a data prevista para a
realização da mesma.
Exemplo 6:
A empresa X, SA, no início de 2010, era detida em 100% pela N, SA, tendo apresentado os
seguintes resultados fiscais desde 2010:
Resultado
2010 -50.000
2011 -15.000
2012 20.000
Para efeitos de apuramento da matéria coletável de 2012, pode deduzir somente o prejuízo de
2011, isto porque, por referência a 2012:
Doutrina Administrativa
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boletim empresarial
A limitação de reporte dos prejuízos fiscais, estabelecida no nº8 do artigo 52º do CIRC, tem
subjacente a vontade do legislador em evitar a prática de compra e venda de sociedades com
prejuízos fiscais em reporte, com a finalidade de aproveitamento desses prejuízos por parte
dos novos detentores da maioria do capital.
Numa situação em que não há qualquer transmissão de domínio para outro grupo económico,
verificando-se apenas uma alteração de uma posição de domínio indirecto para uma posição
de domínio directo, a norma prevista no nº8 do artigo 52º do CIRC não é aplicável.
Neste caso, pode-se afastar a priori que a operação tenha tido como um dos seus objectivos o
aproveitamento dos prejuízos fiscais, uma vez que o capital da sociedade a que respeitam os
prejuízos já era detido, ainda que, indirectamente, pelos novos titulares.
E o mesmo acontece nas situações em que há uma alteração da titularidade do capital social
de directa para indirecta.
1. Situação inicial
Considere o seguinte grupo económico, composto por três sociedades, em que A detém
directamente a maioria dos direitos de voto (poder de controlo) das sociedades B e C.
90% 85%
B C
90%
85%
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boletim empresarial
Doutrina Administrativa
A operação pela qual uma entidade não residente com a estrutura jurídica de sociedade de
direito belga, titular de estabelecimento estável em território português, passa a assumir a
situação de entidade residente, com sede e direcção efectiva em território português, sob a
forma jurídica de sociedade por quotas, deve ser enquadrada na figura jurídica da
transformação de sociedades, dado se verificar, em conformidade com o disposto no art. 3º,
nº2 do CSC, que uma sociedade com um certo tipo, ainda que de direito estrangeiro, passa a
adoptar um outro tipo, de direito interno.
Em consequência, neste tipo de situações em que uma sociedade não residente titular de
estabelecimento estável situado em território português adapta os seus estatutos e assume a
condição de sociedade de direito português, residente neste território, continuando a
personalidade jurídica já existente, cabe aplicar o disposto no nº1 do artigo 72º do Código do
IRC.
Por força do determinado nesta disposição, a transformação não implica alteração do regime
fiscal que vinha sendo aplicado nem determina, por si só, quaisquer consequências em matéria
de IRC.
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