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6.1. HISTÓRICO
Para se ter uma idéia da evolução nesses mais de 30 anos, os primeiros prédios eram
projetados com taxas de trabalho de 250 kPa, enquanto hoje já há prédios com mais de 30
pavimentos e taxas de até 700 kPa. Atualmente há várias empresas no nordeste que
executam este tipo de melhoramento.
O processo de melhorar as camadas superficiais com estacas de areia e brita visa elevar
a compacidade proporcionando uma melhoria da resistência do solo, em conjunto com a
redução do nível de deformabilidade, vez que a camada melhorada apresenta uma grande
rigidez.
O objetivo da técnica é densificar o solo através de três efeitos: (i) introdução de
material compactado no terreno; (ii) deslocamento do material do terreno igual ao volume
do tubo introduzido e (iii) o efeito de vibração decorrente do processo de cravação
dinâmica. Todavia, esta técnica apresenta algumas limitações, dentre elas a diminuição da
sua eficiência quando existe uma excessiva presença de finos no solo, geralmente
caracterizada pela percentagem de solo que passa na peneira Nº 200.
Execução
Após a colocação do tubo em prumo sobre o piquete, o processo da técnica executiva de
uma estaca consiste nas seguintes operações (Fig. 6.2):
• Cravação dinâmica de um tubo metálico com uma bucha seca na ponta, até à
profundidade especificada. O volume da bucha deve ser definido pelo executor,
tomando-se por base uma altura de bucha seca equivalente a uma vez e meia o
diâmetro do tubo.
• A bucha é então expulsa, e são introduzidas a areia e a brita no tubo. Este material é
compactado devido à queda livre do pilão, até que seja atingida uma densificação
limite.
• O tubo é levantado, e é feita a compactação de um novo trecho, até ser atingida a
superfície do terreno.
Equipamentos e Materiais
90
80 AMOSTRA
70 OBRA 1
60 OBRA 2
50 OBRA 3
40
30
20
10
Execução
Após a colocação do tubo em prumo sobre o piquete, a execução da estaca deve seguir
as seguintes operações:
• Cravar o tubo pelo processo de bucha seca até a profundidade de abertura de base. O
volume da bucha deve ser definido pelo executor, tomando-se por base uma altura de
bucha seca equivalente a uma vez e meia o diâmetro do tubo (cerca de 32 litros de brita
38 mm) para um tubo de 300 mm.
• Deve-se medir a nega ao final da cravação do tubo para 10 golpes do pilão, com altura
de queda de 1 m.
• A base da estaca deve ser aberta com volume usual de 105 litros, e compactação da
base tal que seja introduzida com uma energia mínima de 1.750 kN.m.
• O fuste da estaca deve ser concretado até o nível do terreno.
Equipamentos e Materiais
8.00
TENSÃO (MPa)
AMOSTRA
4.00 CP-1
CP-2
CP-3
CP-4
0.00
10.00
E = 3 9 k N . m
FATOR DE MELHORAMENTO (K = Nf / Ni)
8.00
6.00
4.00
2.00
0.00
8.00
TIPO DE SOLO
FATOR DE MELHORAMENTO (K = Nf / Ni)
AREIA PURA
6.00 AREIA ARGILOSA
4.00
2.00
0.00
ENERGIA
4.00
2.00
0.00
N-SPT
F1 (ANTES)
1.00 F2
ESTACAS DE
F3
COMPACTAÇÃO F1
F4
2.00
F5 0 1m
PROFUNDIDADE (m)
3.00
4.00
5.00
6.00
7.00
BxL
FOOTING
H
E1
∆σ
E2 << E1 v Z
Estacas de Argamassa
Para uma solução de compactação com estacas de argamassa, PACHECO (2002) sugere
levar em conta os seguintes aspectos:
• O estaqueamento deve ser projetado abaixo da sapata, com espaçamento menor que
duas vezes e meia o diâmetro da estaca e trabalha em grupo, devendo ser considerado
em conjunto como bloco ou tubulão equivalente, com transferência de carga para a
camada de base das estacas.
• A carga na estaca depende do espaçamento entre estacas, taxa de trabalho da sapata e
das condições da ponta da estaca. Após a definição da carga por estaca, é feita a
determinação da pressão máxima a ser transmitida pela sapata.
• O espaçamento das estacas define a geometria da sapata, a qual deve ter todas as
estacas contidas na sua projeção, transmitindo uma tensão total menor do que a
admissível do solo (Fig. 6.11).
Vsap = (q ⋅A ) + (q ⋅A ) (6.1)
est est solo solo
GUSMÃO (2001) desenvolveu uma metodologia para simular a curva carga-recalque
do solo melhorado com estacas de compactação, a partir da curva carga-recalque da placa
sobre uma estaca isolada, e da placa sobre o terreno entre as estacas.
As Figuras 6.12 e 6.13 apresentam os resultados de simulações de ensaios de placa em
terrenos melhorados com estacas de argamassa, e areia brita, respectivamente. Em ambos
os casos, foi ensaiada uma placa de 800 mm de diâmetro sobre uma estaca de compactação
de 300 mm de diâmetro.
Os resultados podem ser considerados satisfatórios até o nível usual de carga de
trabalho que é de 300 kN (pressão de trabalho de 600 kPa). Nota-se, também, que a
simulação da curva carga-recalque da solução em estaca de areia e brita foi melhor que a
de argamassa.
As Figuras 6.14 e 6.15 apresentam a percentagem de carga no solo e na estaca para
diversos níveis de recalques para os ensaios apresentados anteriormente. Verifica-se que
para terrenos melhorados com estacas de areia e brita, as cargas absorvidas pelo solo e pela
estaca variam entre 40 e 60%, ou seja, a parcela de carga absorvida pelo solo e pela estaca
praticamente se eqüivalem com a evolução do processo de recalque, evidenciando uma
proximidade entre a rigidez do solo arenoso melhorado e a rigidez da estaca de areia e brita
executada (PACHECO, 2002).
Vsap
q est
q solo
0.00
ENSAIO DE PLACA
SIMULAÇÃO
RECALQUE (mm)
8.00
12.00
16.00
ESTACA DE ARGAMASSA
20.00
CARGA (kN)
0.00
ENSAIO DE PLACA
PLACA DE 800 mm
2.00
SIMULAÇÃO
RECALQUE (mm)
4.00
6.00
8.00
10.00
Figura 6.14 – Simulação de ensaio de placa – estacas de areia e brita (PACHECO, 2002).
Com relação ao terreno melhorado com estacas de argamassa, pode-se verificar que
inicialmente ao se aplicar carga, a parcela de absorção de carga pela estaca é bastante
superior à parcela absorvida pelo solo. Com a evolução do recalque, observa-se que a
participação do solo na absorção das cargas aplicadas cresce progressivamente.
Este fato está associado à maior rigidez da estaca de argamassa, quando comparado à
rigidez do solo melhorado (PACHECO, 2002).
DISTRIBUIÇÃO DE CARGA (%)
0.00
4.00 DISTRIBUIÇÃO
SOLO
ESTACA
RECALQUE (mm)
8.00
12.00
ESTACA DE ARGAMASSA
16.00
20.00
0.00
DISTRIBUIÇÃO
SOLO
2.00
ESTACA
RECALQUE (mm)
4.00
8.00
10.00
Uma questão que sempre deve ser analisada em um projeto de fundações é a relação
custo-benefício das diferentes opções tecnicamente possíveis. Há um certo sentimento
entre os engenheiros que as fundações superficiais são sempre menos onerosas que as
estacas. A Figura 6.17 apresenta uma comparação de custos entre uma solução com terreno
melhorado e outra com estacas pré-moldadas de concreto (1 US$ = R$ 2,80). Nesta
comparação, foram considerados os custos referentes ao melhoramento (ou estaqueamento)
e ao concreto das sapatas (ou blocos de coroamento).
Observa-se que em terrenos com opções de melhoramento ou estacas de pré-moldadas
de concreto com até 12 m, os custos da solução em estacas são altamente competitivos,
desmistificando a idéia de que as fundações superficiais são sempre mais baratas que as
fundações profundas. Já para o caso de estacas de maior comprimento (acima de 12 m), a
solução é normalmente mais cara que o melhoramento.
200.00 TIPO DE FUNDAÇÃO
ARGAMASSA (L = 5 m)
PRÉ-MOLDADA (L = 18 m)
PRÉ-MOLDADA (L = 24 m)
100.00
50.00
0.00
Estacas de Argamassa
Edifício Residencial
0.00
ATERRO DE AREIA FINA
8.00
ARGILA SILTO-ARENOSA
SONDAGEM
12.00
ANTES
AREIA MÉDIA E FINA,
SILTOSA
APÓS
16.00
20.00
PROF.(m)
Figura 6.18 – Perfil do terreno de fundação com NSPT antes e após o melhoramento.
40.00
5.00
MÁXIMO (P10)
10.00
MÉDIO
MÍNIMO (P2)
15.00
0.00
RECALQUE ABSOLUTO MÉDIO (mm)
5.00
10.00
15.00
5.00
5.00
X (m)
Tanques de Combustíveis
0.00
SONDAGEM
SP-55 (APÓS)
SP-56 (APÓS)
SP-57 (APÓS)
SP-58 (APÓS)
2.00
SP-59 (APÓS)
SP-94 (APÓS)
SP-95 (APÓS)
SP-96 (APÓS)
LENTE
SP-16 (ANTES) ARGILOSA
PROFUNDIDADE (m)
4.00 SP-25 (ANTES)
SP-26 (ANTES)
6.00
8.00
10.00
Foram feitos vários ensaios de placas em diferentes situações: (i) placa de 0,30 m de
diâmetro sobre uma estaca; (ii) placa de 0,80 m de diâmetro sobre o solo entre as estacas;
(iii) placa de 1,10 x 1,10 m sobre o solo mais quatro estacas. A Figura 6.26 mostra os
resultados de três dos ensaios realizados, que mostram que para a taxa de trabalho de
200 kPa o recalque varia de 0,20 a 0,40 % do diâmetro da placa. Estes ensaios serviram de
base para a previsão do recalque final dos tanques após o enchimento.
PRESSÃO (kPa)
0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00
0.00
0.40
RECALQUE NORMALIZADO (%)
0.80
1.20
PROVA DE CARGA
PRESSÃO (kPa)
0.00 50.00 100.00 150.00 200.00 250.00
0.00
TANQUE
TQ-03
TQ-04
4.00 TQ-05
TQ-06
RECALQUE DA CHAPA (mm)
TQ-07
TQ-08
TQ-09
8.00
TQ-10
TQ-11
TQ-12
TQ-13
12.00
TQ-14
TQ-15
16.00
20.00
PRESSÃO (kPa)
0.00 50.00 100.00 150.00 200.00 250.00
0.00
TANQUE
TQ-03
TQ-04
TQ-05
0.02
RECALQUE NORMALIZADO (%)
TQ-06
TQ-07
TQ-08
TQ-09
TQ-10
0.04
TQ-11
TQ-12
TQ-13
TQ-14
TQ-15
0.06
0.08