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CAPÍTULO 6 – MELHORAMENTO DE TERRENOS ARENOSOS

Alexandre Duarte Gusmão


Universidade de Pernambuco e CEFET/PE
gusmao.alex@ig.com.br

6.1. HISTÓRICO

A cidades do nordeste do Brasil, especialmente as capitais, têm experimentado um


expressivo crescimento do setor imobiliário nos últimos 25 anos. A valorização dos
espaços urbanos e a pressão imobiliária têm verticalizado as construções nestas cidades,
que são geralmente assentes sobre sedimentos recentes não consolidados. Além disso,
algumas cidades possuem subsolos reconhecidamente complexos do ponto de vista
geotécnico, como é o caso do Recife (GUSMÃO FILHO et al., 1998).
Neste contexto geológico, o subsolo típico é muito variado, o que aumenta a
importância da prospecção geotécnica para projetos de fundações, bem como ensaios de
laboratório em amostras de solo, ensaios de campo e provas de carga. Além destas
medidas, a prática do monitoramento de prédios para o acompanhamento dos recalques ao
longo da construção tem sido implementada com resultados bastante satisfatórios.
Por tudo isto, a prática atual de fundações no nordeste é fortemente direcionada pelas
características geológico-geotécnicas do subsolo, ainda que outros fatores influenciem na
escolha e sejam, assim, encontrados diversos tipos de fundação nas cidades.
As areias mais superficiais são freqüentemente encontradas com granulometria média a
fina, normalmente siltosas a pouco siltosas, e de compacidade fofa a pouco compacta, com
a espessura podendo ser bastante variável. Estes depósitos têm sido considerados
apropriados para a execução de técnicas de melhoramento com estacas de compactação,
elevando a resistência do solo e reduzindo o nível de deformabilidade dos mesmos.
A implantação da solução de melhoramento da camada superficial através de estacas de
compactação pode viabilizar o uso de fundações superficiais, e reduzir de forma
significativa os custos da fundação. O melhoramento possibilita uma elevação da taxa de
trabalho do terreno, permitindo uma substancial diminuição nos volumes de escavação e de
concreto das fundações projetadas (GUSMÃO FILHO, 1998). O objetivo de melhorar a
camada arenosa superficial é assegurar estabilidade à fundação e evitar recalques
excessivos que possam trazer danos à obra.
Existem várias técnicas para o melhoramento de terrenos arenosos, entre as quais as
estacas de compactação. Essa técnica tem sido bastante utilizada em várias cidades
nordestinas, tais como Recife, João Pessoa, Aracaju, Natal. Em João Pessoa, 90% das
obras de fundações têm sido projetadas em sapatas com melhoramento prévio do solo,
através da técnica de compactação com estacas de areia e brita (PASSOS, 2001).
A técnica vem sendo utilizada com sucesso em Recife desde a Década de 70. Neste
particular, há que se reconhecer a importância do brilhante Engenheiro Dirceu Pereira,
fundador da COPEF Fundações Ltda, que introduziu a técnica na região, e começou a
projetar e executar as estacas de compactação com base em relações empíricas e na própria
experiência acumulada, não havendo, portanto, normalização de procedimentos.

Para se ter uma idéia da evolução nesses mais de 30 anos, os primeiros prédios eram
projetados com taxas de trabalho de 250 kPa, enquanto hoje já há prédios com mais de 30
pavimentos e taxas de até 700 kPa. Atualmente há várias empresas no nordeste que
executam este tipo de melhoramento.

6.2. TIPOS DE MELHORAMENTO

MITCHELL (1968) apresentou um resumo da aplicabilidade de diversas técnicas de


melhoramento, em função da granulometria dos solos (Figura 6.1). Observa-se que as
estacas de compactação têm aplicação restrita aos solos granulares. De fato, GUSMÃO
FILHO e GUSMÃO (2000) mostraram que a presença de finos inibe a compactação do
solo.

6.2.1. Estacas de Areia e Brita

O processo de melhorar as camadas superficiais com estacas de areia e brita visa elevar
a compacidade proporcionando uma melhoria da resistência do solo, em conjunto com a
redução do nível de deformabilidade, vez que a camada melhorada apresenta uma grande
rigidez.
O objetivo da técnica é densificar o solo através de três efeitos: (i) introdução de
material compactado no terreno; (ii) deslocamento do material do terreno igual ao volume
do tubo introduzido e (iii) o efeito de vibração decorrente do processo de cravação
dinâmica. Todavia, esta técnica apresenta algumas limitações, dentre elas a diminuição da
sua eficiência quando existe uma excessiva presença de finos no solo, geralmente
caracterizada pela percentagem de solo que passa na peneira Nº 200.

Figura 6.1 – Melhoramento versus granulometria do solo (MITCHELL, 1968).

Execução
Após a colocação do tubo em prumo sobre o piquete, o processo da técnica executiva de
uma estaca consiste nas seguintes operações (Fig. 6.2):
• Cravação dinâmica de um tubo metálico com uma bucha seca na ponta, até à
profundidade especificada. O volume da bucha deve ser definido pelo executor,
tomando-se por base uma altura de bucha seca equivalente a uma vez e meia o
diâmetro do tubo.
• A bucha é então expulsa, e são introduzidas a areia e a brita no tubo. Este material é
compactado devido à queda livre do pilão, até que seja atingida uma densificação
limite.
• O tubo é levantado, e é feita a compactação de um novo trecho, até ser atingida a
superfície do terreno.

Equipamentos e Materiais

O equipamento básico utilizado é um tripé com pilão de 13 a 18 kN, caindo de uma


altura livre de 3 a 5 m, e tubo com diâmetro interno de 300 mm e comprimento de até 5 m.
Outro equipamento também utilizado é um bate estacas tipo Franki de menor porte, com
pilão entre 15 e 25 kN de peso e altura de queda de 3 a 7 m.
A sua produtividade pode variar bastante em função da resistência inicial do terreno,
comprimento da estaca, peso do pilão, manutenção do equipamento, entre outros. Pode-se,
no entanto, admitir uma variação entre 30 e 90 m/dia.
Vale salientar que um fator importante na eficiência do melhoramento é a energia de
compactação do equipamento. O aumento da energia conduz a uma maior eficiência do
melhoramento. Contudo, o equipamento mais pesado tem sido pouco utilizado, devido à
excessiva vibração durante a cravação das estacas, que pode causar danos em obras
vizinhas.
O material utilizado é uma mistura de pó-de-pedra lavado (Figura 6.3), com brita 50 ou
75 mm. O traço típico em volume é de 3: 1 (pó-de-pedra : brita). O uso de pó-de-pedra, ao
invés de areia, se dá em função de seu menor custo. Normalmente as estacas são
executadas nos vértices de uma malha quadrada com 90 cm de lado. A malha deve se
estender uma ou duas linhas além da projeção da área da edificação. Para fins de
anteprojetos, pode-se tomar uma quantidade de 1,5 a 2,5 estacas por m2 de área da lâmina
do prédio. O preço típico é de US$ 10 por metro, mais uma taxa de mobilização da ordem
de US$ 1000 por equipamento.

Figura 6.2 - Processo executivo de estaca de compactação de areia e brita


(GUSMÃO FILHO e GUSMÃO, 1990).
AREIA
ARGILA SILTE PEDREGULHO
FINA MÉDIA GROSSA
PERCENTAGEM QUE PASSA 100

90

80 AMOSTRA

70 OBRA 1
60 OBRA 2
50 OBRA 3
40

30

20

10

0.001 0.010 0.100 1.000 10.000


DIÂMETRO (mm)

Figura 6.3 – Distribuição granulométrica das amostras de pó-de-pedra


(GUSMÃO et al., 2002).

6.2.2. Estacas de Argamassa

A técnica de melhoramento através de estacas de argamassa é uma variante do uso de


estacas de areia e brita, e foi desenvolvida em virtude das difíceis condições do subsolo do
Recife. O processo apresenta uma concepção inovadora para projetos de fundações, tendo
conseguido pleno êxito de segurança e custo.
O processo de melhoramento de solos, conhecido como “estacas de argamassa”, na
verdade se trata de uma estaca constituída de concreto simples. O seu emprego é
determinado em função da granulometria do terreno superficial e da presença de camadas
argilosas moles superficiais, que devem ser ultrapassadas para redução de recalques. A sua
concepção é semelhante a das “estacas T”, que têm sido estudadas pelo Engenheiro
Luciano Décourt.

Execução

Após a colocação do tubo em prumo sobre o piquete, a execução da estaca deve seguir
as seguintes operações:
• Cravar o tubo pelo processo de bucha seca até a profundidade de abertura de base. O
volume da bucha deve ser definido pelo executor, tomando-se por base uma altura de
bucha seca equivalente a uma vez e meia o diâmetro do tubo (cerca de 32 litros de brita
38 mm) para um tubo de 300 mm.
• Deve-se medir a nega ao final da cravação do tubo para 10 golpes do pilão, com altura
de queda de 1 m.
• A base da estaca deve ser aberta com volume usual de 105 litros, e compactação da
base tal que seja introduzida com uma energia mínima de 1.750 kN.m.
• O fuste da estaca deve ser concretado até o nível do terreno.
Equipamentos e Materiais

O equipamento utilizado para a execução das estacas de argamassa é o mesmo das


estacas de areia e brita.
O preparo do concreto deve ser realizado em uma betoneira com capacidade de rodar
preferencialmente um traço inteiro. O concreto utilizado, devido à grande energia de
apiloamento, tem características próprias, devendo ter um fator água cimento variando de
0,25 a 0,30 com o traço usual em volume de 1 : 8 : 4 (cimento : pó-de-pedra ou areia : brita
38 mm). Este traço geralmente conduz a um fc28 superior a 5 MPa (Fig. 6.4).
Neste caso, as estacas são executadas nos vértices de uma malha quadrada com 80 cm
de lado sob a projeção da sapata. O espaçamento das estacas define a geometria da sapata,
a qual deve ter todas as estacas contidas na sua projeção, transmitindo uma tensão total
menor do que a admissível do solo.
Para fins de anteprojetos, pode-se tomar uma quantidade entre 0,75 e 1,5 estacas por m2
de área da lâmina do prédio. O preço típico é de US$ 13 por metro, mais uma taxa de
mobilização da ordem de US$ 1000 por equipamento.
A Tabela 6.1 apresenta um resumo das principais características das estacas de areia e
brita e das estacas de argamassa.

6.3. FATORES INFLUENTES NO MELHORAMENTO

Dentre os fatores influentes na eficiência do melhoramento com estacas de


compactação, destacam-se: compacidade inicial do solo, granulometria, energia de
compactação e espaçamento entre as estacas.
A figura 6.5 mostra a variação do fator de melhoramento (K), definido pela relação
entre o NSPT antes (Ni) e após (Nf) o melhoramento, com o valor de Ni. Estão plotados
pontos de mais de 20 diferentes obras, sendo, portanto, bastante representativo da
experiência do Recife.
12.00

8.00
TENSÃO (MPa)

AMOSTRA

4.00 CP-1

CP-2

CP-3

CP-4

0.00

0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00

DEFORMAÇÃO AXIAL (%)

Figura 6.4 – Curvas tensão-deformação obtidas em ensaios de


compressão axial simples sob carregamento estático
(PACHECO, 2002).
Tabela 6.1 – Características das Estacas de Compactação.
Características Estacas de Estacas de
Areia e Brita Argamassa
Diâmetro - 300 a 400 mm. - 300 a 400 mm.
Comprimento usual - 4 a 6 m. -4a7m
Materiais - Areia grossa (ou pó-de-pedra) - Cimento, areia grossa (ou pó-
e brita 50 mm, no traço de 3 : 1 de-pedra) e brita 38 mm, no
em volume. traço de 1: 8 : 4 em volume.
Espaçamento da malha - 90 a 110 cm, sendo que a - 80 a 90 cm, sendo que a malha
malha é executada em toda a é executada apenas na projeção
lâmina do prédio, estendendo-se da sapata.
uma ou duas filas além da
projeção das sapatas.
Base - normalmente não há. - 70 a 140 litros
No. de estacas - 2 a 2,5 estacas por m2 de área - 0,75 a 1,5 estacas por m2 de
da lâmina do prédio. área da lâmina do prédio.
Custos - Mobilização: US$ 1000 - Mobilização: US$ 1000
- Execução: US$ 10 / metro - Execução: US$ 13 / metro
Produtividade - 30 a 90 m de estacas / dia por - 30 a 60 m de estacas / dia por
equipamento. equipamento.

Observa-se claramente que o fator K diminui à medida que a compacidade inicial do


solo aumenta, e que a maior parte dos pontos se situa um uma faixa bem definida.
Observa-se, também, que há um limite de compactação, ou seja, para solos com Ni entre20
e 25, o valor de K é próximo da unidade, e o melhoramento não apresenta eficiência. Este
gráfico tem sido bastante utilizado em anteprojetos de fundações de edificações no Recife
e em outras capitais nordestinas.

10.00

E = 3 9 k N . m
FATOR DE MELHORAMENTO (K = Nf / Ni)

8.00

6.00

4.00

2.00

0.00

0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00


N-SPT INICIAL (Ni)

Figura 6.5 – Efeito da compacidade inicial do solo no melhoramento


(GUSMÃO FILHO e GUSMÃO, 2000).
Diversos pesquisadores têm mostrado que a presença de finos reduz sensivelmente a
eficiência do melhoramento (MITCHELL, 1968; GUSMÃO FILHO e GUSMÃO, 1990).
A presença de solo coesivo, ou de uma fração de finos no solo a compactar, cria reação às
vibrações impostas ao terreno. Há um maior efeito de amortecimento nos solos finos sobre
as vibrações horizontais induzidas, reduzindo bastante a eficiência do melhoramento, como
pode ser observado na Figura 6.6.
Um outro fator importante na eficiência do melhoramento é a energia de compactação
do equipamento. O aumento da energia de compactação leva a uma maior eficiência do
melhoramento. Há, no entanto, um limite de compactação, a partir do qual a energia não
mais influencia o melhoramento.
GUSMÃO FILHO e GUSMÃO (2000) mostraram o caso de uma obra em que o
melhoramento foi feito utilizando-se um bate estacas Franki com um pilão de 25 kN caindo
de uma altura de queda de 5 m, ou seja, uma energia de 125 kN.m (cerca de 3 vezes o valor
usual). Foram executadas cerca de 400 estacas de areia de 520 mm de diâmetro e 4 m de
comprimento. A Figura 6.7 mostra a comparação da curva K versus Ni desta obra com
outra feita com energia usual. Observa-se, como era esperado, que os pontos
correspondentes à maior energia de compactação apresentam uma maior eficiência no
melhoramento em comparação com a menor energia.
A Figura 6.8 mostra os resultados de ensaios de SPT realizados a diferentes distâncias
de um grupo de estacas de compactação de 300 mm diâmetro. Observa-se que a execução
de uma estaca promove a compactação do solo circundante em um raio de influência da
ordem de 2 a 2,5 vezes o diâmetro da estaca. Tem-se, portanto, que o espaçamento da
malha de melhoramento deveria ser de 4 a 5 vezes o diâmetro da estaca.
Na prática, os projetos têm sido desenvolvidos para uma malha quadrada com lado igual
a 3 a 4 vezes o diâmetro da estaca. Além disso, a malha deve cobrir toda a área de projeção
da lâmina da edificação, estendendo-se mais uma ou duas fileiras de estacas além da
projeção das sapatas.

8.00

TIPO DE SOLO
FATOR DE MELHORAMENTO (K = Nf / Ni)

AREIA PURA
6.00 AREIA ARGILOSA

4.00

2.00

0.00

0.00 4.00 8.00 12.00 16.00


N-SPT INICIAL (Ni)

Figura 6.6 – Efeito da granulometria do solo no melhoramento


(GUSMÃO FILHO e GUSMÃO, 2000).
8.00

ENERGIA

FATOR DE MELHORAMENTO (K = Nf / Ni)


E = 39 kN.m
6.00 E = 125 kN.m

4.00

2.00

0.00

0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00


N-SPT INICIAL (Ni)

Figura 6.7 – Efeito da energia de compactação no melhoramento


(GUSMÃO FILHO e GUSMÃO, 2000).

N-SPT

0.00 4.00 8.00 12.00 16.00 20.00


0.00
F5 F4 F3 F2
SONDAGEM

F1 (ANTES)

1.00 F2
ESTACAS DE
F3
COMPACTAÇÃO F1
F4

2.00
F5 0 1m
PROFUNDIDADE (m)

3.00

4.00

5.00

6.00

7.00

Figura 6.8 – Influência da distância lateral no melhoramento


(GUSMÃO FILHO e GUSMÃO, 2000).
6.4. ASPECTOS DE PROJETO

Estacas de Areia e Brita

Na fase de projeto de uma solução de compactação com estacas de areia e brita,


GUSMÃO FILHO e GUSMÃO (1994) sugerem levar em conta os seguintes aspectos:

• A malha do estaqueamento deve ser quadrada com lado da ordem de 3 vezes o


diâmetro da estaca.
• A malha projetada deve cobrir toda a área da projeção da lâmina do prédio,
estendendo-se uma ou duas filas de estacas além dos limites da projeção das sapatas,
visando cobrir regiões influenciadas pelo espraiamento das pressões (Fig. 6.9).
• O comprimento da estaca deve ser adotado em função, entre outros fatores, da variação
da compacidade da camada (ou densidade relativa da areia) com a profundidade e da
estrutura projetada. Normalmente varia de 4 a 6 m.
• MITCHELL (1968) propôs uma faixa ideal para o melhoramento por vibração,
caracterizada por uma percentagem de finos inferior a 20%. Sugere-se, em princípio,
que as estacas de areia e brita não sejam utilizadas em terrenos com teor de finos
superior a esta percentagem.
• Quanto maior a compacidade inicial do solo, menor será o efeito do melhoramento.
Para camadas com NSPT inicial superior a 20, verifica-se, para a energia de
compactação utilizada no Recife (E = 39 kN.m), que o efeito de compactação é
praticamente desprezível.
• Um fator importante observado em praticamente todas as obras, é que o melhoramento
apresenta uma baixa eficiência até 1,5 m de profundidade, em função da falta de
confinamento do solo próximo à superfície. Deve-se, portanto, deixar as sapatas com
um embutimento mínimo de 1,5 m em relação à superfície melhorada.

Figura 6.9 – Exemplo de malha de compactação com estacas de areia e brita


(PACHECO, 2002).
Apesar da grande quantidade de informações sobre o NSPT antes e após o melhoramento,
há poucos dados disponíveis que permitam a avaliação do desempenho da obra, tais como
ensaios de placa, medições de recalque, etc. Isto tem dificultado uma maior compreensão
dos efeitos do melhoramento.
Em relação à capacidade de carga, as estacas de compactação promovem um
significativo aumento da capacidade de carga das sapatas. GUSMÃO FILHO e GUSMÃO
(1994) apresentaram resultados de retro-análises em ensaios de placa realizados após a
compactação. Os resultados mostraram que o ângulo de atrito pode ser tomado igual a 40º.
Em função disto, as sapatas têm sido projetadas com taxa de trabalho entre 400 e 600 kPa
para cargas permanentes.
Os autores mostraram também que o método de cálculo de recalques em solos
granulares proposto por PARRY (1978) conduziu a uma satisfatória previsão para taxas de
trabalho de 400 kPa.
No caso do cálculo do recalque de camadas argilosas em profundidade, o acréscimo de
tensões na camada compressível é normalmente calculado através da formulação de
Boussinesq, ou seja, assumindo-se a hipótese do maciço ser homogêneo. A presença de
uma camada superficial significativamente mais rígida (Fig. 6.10), faz com que as tensões
transmitidas às camadas subjacentes sejam menores que no caso do maciço ser
homogêneo. Para o caso de melhoramento de solo no Recife, têm-se como valores típicos
(E1 / E2) = 10 e (B / H) = 3.
GUSMÃO FILHO e GUSMÃO (2000) apresentaram a Tabela 6.2, que mostra a
variação do coeficiente redutor das pressões (Kred), definido pela relação entre o
acréscimo de tensão vertical, na linha do cento da sapata, para o maciço heterogêneo (E1 /
E2) = 10. Os resultados foram obtidos a partir de uma análise numérica para os casos de
sapata circular e corrida. Há uma redução de pressão transmitida na interface das camadas
de até 65%. Na prática de fundações, a estimativa das pressões transmitidas pela edificação
é feita para o caso de maciço homogêneo e depois multiplicadas por Kred.

BxL

FOOTING

H
E1

∆σ
E2 << E1 v Z

Figura 6.10 – Efeito de camada rígida sobre camada fraca


(GUSMÃO FILHO e GUSMÃO, 2000).
Tabela 6.2 – Coeficiente redutor das pressões (GUSMÃO FILHO e GUSMÃO, 2000).
B/H=1 B/H=2 B/H=3 B/H=4
Z/H B/L=1 B/L=0 B/L=1 B/L=0 B/L=1 B/L=0 B/L=1 B/L=0
0 0,35 0,59 0,43 0,69 0,56 0,79 0,70 0,87
0,5 0,45 0,69 0,51 0,74 0,58 0,79 0,70 0,87
1 0,54 0,76 0,57 0,78 0,61 0,81 0,71 0,87
2 0,69 0,84 0,72 0,85 0,68 0,85 0,80 0,89
3 0,80 0,92 0,80 0,91 0,75 0,89 0,86 0,90
4 0,87 1,00 0,88 0,95 0,80 0,92 0,91 0,93

Estacas de Argamassa

Para uma solução de compactação com estacas de argamassa, PACHECO (2002) sugere
levar em conta os seguintes aspectos:

• O estaqueamento deve ser projetado abaixo da sapata, com espaçamento menor que
duas vezes e meia o diâmetro da estaca e trabalha em grupo, devendo ser considerado
em conjunto como bloco ou tubulão equivalente, com transferência de carga para a
camada de base das estacas.
• A carga na estaca depende do espaçamento entre estacas, taxa de trabalho da sapata e
das condições da ponta da estaca. Após a definição da carga por estaca, é feita a
determinação da pressão máxima a ser transmitida pela sapata.
• O espaçamento das estacas define a geometria da sapata, a qual deve ter todas as
estacas contidas na sua projeção, transmitindo uma tensão total menor do que a
admissível do solo (Fig. 6.11).

Figura 6.11 – Exemplo de malha de compactação com estacas de argamassa.


Transferência de Carga

A literatura técnica apresenta várias pesquisas sobre a transferência de carga ao terreno


em fundações por sapatas e estacas. No entanto, há pouca informação disponível sobre este
mecanismo em terrenos melhorados com estacas de compactação.
Sabe-se que parte da carga aplicada pela sapata deve ser absorvida pelas estacas e parte
pelo solo entre as estacas. As parcelas dependem do tipo de estaca (areia e brita ou
argamassa), e das condições de contorno da ponta da estaca.
A pressão de contato solo-sapata não é ser uniforme, em virtude da diferença de rigidez
entre a estaca e o solo entre as estacas (Figura 6.12). Admitindo-se que a sapata seja rígida,
ou seja, que o recalque do solo e da sapata sejam iguais, tem-se que a carga total da sapata
pode ser calculada pela Equação 6.1.

Vsap = (q ⋅A ) + (q ⋅A ) (6.1)
est est solo solo
GUSMÃO (2001) desenvolveu uma metodologia para simular a curva carga-recalque
do solo melhorado com estacas de compactação, a partir da curva carga-recalque da placa
sobre uma estaca isolada, e da placa sobre o terreno entre as estacas.
As Figuras 6.12 e 6.13 apresentam os resultados de simulações de ensaios de placa em
terrenos melhorados com estacas de argamassa, e areia brita, respectivamente. Em ambos
os casos, foi ensaiada uma placa de 800 mm de diâmetro sobre uma estaca de compactação
de 300 mm de diâmetro.
Os resultados podem ser considerados satisfatórios até o nível usual de carga de
trabalho que é de 300 kN (pressão de trabalho de 600 kPa). Nota-se, também, que a
simulação da curva carga-recalque da solução em estaca de areia e brita foi melhor que a
de argamassa.
As Figuras 6.14 e 6.15 apresentam a percentagem de carga no solo e na estaca para
diversos níveis de recalques para os ensaios apresentados anteriormente. Verifica-se que
para terrenos melhorados com estacas de areia e brita, as cargas absorvidas pelo solo e pela
estaca variam entre 40 e 60%, ou seja, a parcela de carga absorvida pelo solo e pela estaca
praticamente se eqüivalem com a evolução do processo de recalque, evidenciando uma
proximidade entre a rigidez do solo arenoso melhorado e a rigidez da estaca de areia e brita
executada (PACHECO, 2002).

Vsap
q est

q solo

Figura 6.12 – Distribuição da pressão de contato solo-sapata.


CARGA (kN)

0.00 200.00 400.00 600.00 800.00 1000.00 1200.00

0.00

ENSAIO DE PLACA

4.00 PLACA DE 800 mm

SIMULAÇÃO

RECALQUE (mm)
8.00

12.00

16.00

ESTACA DE ARGAMASSA
20.00

Figura 6.13 – Simulação de ensaio de placa – estacas de argamassa (PACHECO, 2002).

CARGA (kN)

0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00 600.00

0.00

ENSAIO DE PLACA

PLACA DE 800 mm
2.00
SIMULAÇÃO
RECALQUE (mm)

4.00

6.00

8.00

ESTACA DE AREIA E BRITA

10.00

Figura 6.14 – Simulação de ensaio de placa – estacas de areia e brita (PACHECO, 2002).

Com relação ao terreno melhorado com estacas de argamassa, pode-se verificar que
inicialmente ao se aplicar carga, a parcela de absorção de carga pela estaca é bastante
superior à parcela absorvida pelo solo. Com a evolução do recalque, observa-se que a
participação do solo na absorção das cargas aplicadas cresce progressivamente.
Este fato está associado à maior rigidez da estaca de argamassa, quando comparado à
rigidez do solo melhorado (PACHECO, 2002).
DISTRIBUIÇÃO DE CARGA (%)

0.00 20.00 40.00 60.00 80.00 100.00

0.00

4.00 DISTRIBUIÇÃO

SOLO

ESTACA

RECALQUE (mm)
8.00

12.00

ESTACA DE ARGAMASSA

16.00

20.00

Figura 6.15 – Distribuição da carga no ensaio de placa – estacas de argamassa


(PACHECO, 2002).

DISTRIBUIÇÃO DE CARGA (%)

0.00 20.00 40.00 60.00 80.00 100.00

0.00

DISTRIBUIÇÃO

SOLO
2.00
ESTACA
RECALQUE (mm)

4.00

ESTACA DE AREIA E BRITA


6.00

8.00

10.00

Figura 6.16 – Distribuição da carga no ensaio de placa – estacas de areia e brita


(PACHECO, 2002).

Custo Relativo do Melhoramento

Uma questão que sempre deve ser analisada em um projeto de fundações é a relação
custo-benefício das diferentes opções tecnicamente possíveis. Há um certo sentimento
entre os engenheiros que as fundações superficiais são sempre menos onerosas que as
estacas. A Figura 6.17 apresenta uma comparação de custos entre uma solução com terreno
melhorado e outra com estacas pré-moldadas de concreto (1 US$ = R$ 2,80). Nesta
comparação, foram considerados os custos referentes ao melhoramento (ou estaqueamento)
e ao concreto das sapatas (ou blocos de coroamento).
Observa-se que em terrenos com opções de melhoramento ou estacas de pré-moldadas
de concreto com até 12 m, os custos da solução em estacas são altamente competitivos,
desmistificando a idéia de que as fundações superficiais são sempre mais baratas que as
fundações profundas. Já para o caso de estacas de maior comprimento (acima de 12 m), a
solução é normalmente mais cara que o melhoramento.
200.00 TIPO DE FUNDAÇÃO

ARGAMASSA (L = 5 m)

CUSTO DA FUNDAÇÃO (x 1000 REAIS)


PRÉ-MOLDADA (L = 6 m)
150.00 PRÉ-MOLDADA (L = 12 m)

PRÉ-MOLDADA (L = 18 m)

PRÉ-MOLDADA (L = 24 m)

100.00

50.00

0.00

0.00 4.00 8.00 12.00 16.00 20.00 24.00


NÚMERO DE PAVIMENTOS

Figura 6.17 – Comparação de custos entre fundação superficial com melhoramento e


fundação em estacas pré-moldadas de concreto.

6.5. CONTROLES DE EXECUÇÃO

Estacas de Areia e Brita

O controle antes da execução é realizado com base na granulometria e na compacidade


inicial (NSPT) da camada arenosa a ser melhorada.
Durante a cravação da estaca, devem ser feitos os controles da sua locação,
profundidade atingida, equipamento e energia utilizados, diagrama de cravação do tubo,
quantidade de material introduzido na base (se houver) e no fuste.
Verifica-se que à medida que aumenta o número de estacas executadas, é comum
ocorrer uma redução de material introduzido na estaca. Pois, quanto maior a compacidade
do solo, maior será a resistência que ele oferece à compactação e menor o volume de
material adicionado (PACHECO, 2002).
Posterior à execução do estaqueamento, deve ser realizado o controle através de
sondagens a percussão. Com as sondagens antes e depois do melhoramento, estima-se a
densidade relativa da areia a partir do NSPT obtido e da pressão vertical na cota do ensaio.
Eventualmente, realizam-se provas de carga vertical à compressão em placas.
Finalmente, durante a construção do prédio, deve ser realizado o monitoramento dos
recalques.

Estacas de Argamassa

Durante a execução da estaca, devem ser realizados cinco controles: diagrama de


cravação do tubo, controle dinâmico da cravação, energia de base, volume de fuste e
resistência do concreto.
No diagrama de cravação do tubo, é feita a contagem do número de golpes necessários à
sua cravação de 0,5 m no terreno, tendo como principais objetivos a sua comparação com
as sondagens realizadas, e a verificação do efeito de compactação do terreno.
O controle da cravação do tubo pode ser feito através de fórmulas dinâmicas de
cravação, que permitem estimar a capacidade de carga da estaca do ponto de vista da
resistência do solo. Para determinação do valor da nega admissível, recomenda-se utilizar a
Fórmula de Brix.
Como a energia obtida para a abertura de base é proporcional à resistência do solo na
profundidade da ponta do tubo, normalmente é utilizado o critério semelhante ao da Norma
6122/96 da ABNT para estacas tipo Franki de 300 mm de diâmetro, ou seja, sugere uma
energia de base mínima de 1.750 kN.m para os últimos 105 litros. O controle para
determinar o número mínimo de golpes para a compactação da base é função do peso do
pilão e de sua altura de queda. Em geral a base utilizada varia de 70 a 105 litros.
O controle do volume do fuste tem como objetivos principais a verificação de eventual
estrangulamento do fuste, bem como a verificação do efeito de compactação do terreno.
Vale salientar que é comum ocorrer uma redução do volume de material para as estacas, à
medida que aumenta o número de estacas executadas no terreno.
No controle da resistência do concreto, deve-se considerar que o fator água cimento é
muito baixo (entre 0,25 e 0,30), influenciando a moldagem de corpos de prova, que deve
ser feita de modo semelhante ao utilizado em concreto compactado a rolo.
Posteriormente à execução do estaqueamento, devem ser realizados três controles:
sondagens a percussão; ensaios de placa; e monitoramento de recalques. Os novos furos de
sondagens a percussão, para verificação do aumento da compacidade do terreno, devem ser
realizados preferencialmente próximos aos antigos, para uma melhor comparação.
Eventualmente são realizadas provas de carga vertical a compressão em placas, com o
objetivo de se confirmar a pressão admissível do terreno.
Finalmente durante a construção do prédio, deve ser feito o seu monitoramento com
leituras de recalques.

6.6. CASOS DE OBRAS

Edifício Residencial

A edificação analisada é uma estrutura aporticada de concreto armado com 20 lajes e 20


pilares na lâmina, cujas cargas verticais permanentes variam de 1100 a 6870 kN, sendo a
cota de implantação igual a +0,50 m em relação ao nível do meio fio.
O terreno está localizado em um depósito arenoso pertencente ao terraço marinho
pleistocênico no Bairro de Boa Viagem, Recife, que em geral apresenta boas condições de
subsolo para fins de fundações. Todavia, em virtude da presença de uma camada argilo-
arenosa entre 7 e 11 m de profundidade (Fig. 6.18), foi coletada uma amostra indeformada
de solo, utilizando-se um amostrador tipo shelby de diâmetro 4” na profundidade entre 8,0
e 8,5 m, onde foram realizados ensaios de caracterização, adensamento e triaxiais UU.
Estes ensaios serviram de subsídio à estimativa dos recalques e interpretação do
desempenho da edificação. Os resultados obtidos nos ensaios foram apresentados por
GUSMÃO et al. (2000b).
Na fase de projeto das fundações, foram realizados 04 furos de sondagens a percussão.
Concluído o melhoramento, foram feitas 03 novas sondagens, visando avaliar o aumento
de compacidade do terreno (Fig. 6.18). A comparação com os furos iniciais mostra um
expressivo aumento do NSPT para a camada arenosa melhorada, confirmando a eficiência
do melhoramento executado.
No. GOLPES / 30 cm
0 10 20 30 40 50

0.00
ATERRO DE AREIA FINA

AREIA FINA E MÉDIA,


POUCO SILTOSA 4.00

8.00
ARGILA SILTO-ARENOSA

SONDAGEM
12.00
ANTES
AREIA MÉDIA E FINA,
SILTOSA
APÓS

16.00

20.00
PROF.(m)

Figura 6.18 – Perfil do terreno de fundação com NSPT antes e após o melhoramento.

Para o monitoramento dos recalques do prédio, foram instalados pinos em todos os


pilares da sua lâmina, sendo realizadas seis campanhas de leituras, incluindo o
nivelamento.
O comportamento do edifício foi observado desde quando a estrutura estava com apenas
02 lajes concretadas. Para a avaliação do carregamento médio atuante na estrutura, foi
admitida a distribuição de cargas mostrada na Tabela 6.3. As cargas foram estimadas
proporcionalmente ao número de pavimentos completados (concreto, alvenaria,
revestimentos, pisos, etc). A última medição dos recalques foi feita após um intervalo
acumulado de 795 dias em relação ao nivelamento, com um carregamento médio
correspondente a 45,75 % do total previsto, que correspondia à concretagem de toda a
estrutura, mais 40 % da alvenaria prevista.
A Figura 6.19 mostra a evolução do recalque absoluto médio e carregamento da
estrutura ao longo do tempo. Observa-se que na última medição, os recalques absolutos
variaram de 6,5 a 12,0 mm, com valor médio de 9,4 mm. A velocidade média de recalque
na última medição foi de 13,10 µm/dia, cujo valor depende das propriedades do terreno e
velocidade de carregamento da estrutura (GUSMÃO et al., 2000b).

Tabela 6.3 – Distribuição das cargas na estrutura.


Tipo Carregamento
Parcial (%)*
- Estrutura de concreto armado 40,0
- Alvenarias 20,0
- Revestimento externo 7,5
- Revestimento interno 7,5
- Pisos 10,0
- Sobrecargas 15,0
Total 100,0
*Em relação ao carregamento total.
CARREGAMENTO (%)
80.00

40.00

0 200 400 600 800


0.00
TEMPO (dias)
RECALQUE ABSOLUTO (mm)

5.00

MÁXIMO (P10)
10.00
MÉDIO

MÍNIMO (P2)

15.00

Figura 6.20 – Evolução do carregamento e recalque absoluto ao longo do tempo.

A Figura 6.20 mostra a variação do recalque médio medido versus o carregamento da


estrutura. Observa-se uma relação praticamente linear, que é típica para fundações em
depósitos arenosos, como é o caso. Verifica-se, ainda, que se for admitida esta relação
linear até o final da obra, tem-se que o recalque médio previsto para o prédio acabado e
ocupado é de 20,5 mm, ou seja, muito próximo do valor médio estimado a priori na fase de
projeto (22,6 mm), evidenciando uma boa representatividade dos parâmetros adotados na
fase de projeto.
A Figura 6.21 mostra as curvas de isorecalques correspondentes à última medição.
Observa-se que os recalques diferenciais são pequenos, evidenciando uma boa rigidez da
estrutura. Também a inclinação do prédio (“tilting”) é praticamente nula.

CARREGAMENTO MÉDIO (%)


0 20 40 60

0.00
RECALQUE ABSOLUTO MÉDIO (mm)

5.00

10.00

15.00

Figura 6.21 – Recalque médio versus carregamento da estrutura.


P12 P13
P8
P9

P1 P5 P6 P14 P16 P19


P3 P10 P18
Y (m)

5.00
5.00

P2 P4 P7 P11 P15 P17 P20


0.00
0.00
0.00
0.00 5.00
5.00 10.00
10.00 15.00
15.00 20.00
20.00 25.00
25.00 30.00
30.00

X (m)

Figura 6.22 – Curvas de isorecalques medidos – 5a medição.

Tanques de Combustíveis

Trata-se de um conjunto de 12 tanques cilíndricos com diferentes diâmetros


(até 30 m) localizados no Porto de Suape, Ipojuca/PE, que são usados no armazenamento
de combustíveis.
As sondagens realizadas mostram que o subsolo é preponderantemente arenoso, com
lentes argilosas. A partir dos 5 m de profundidade, a resistência a penetração aumenta
consideravelmente.
Os tanques haviam sido projetados originalmente com uma laje de concreto no fundo
apoiada em estacas. No entanto, em função do elevado custo, a solução de fundação foi
reavaliada, e foi proposta uma nova solução com sapata corrida ao longo do perímetro do
tanque, enquanto que na sua parte central, a chapa metálica de fundo seria apoiada sobre
um colchão de areia compactada, seguido de um lastro de brita corrida.
Além disso, em função da baixa compacidade do terreno natural até cerca de 5 m de
profundidade, foi projetado um melhoramento superficial com estacas de argamassa
(Figuras 6.23 e 6.24). Essa solução permitiu uma substancial redução dos custos da
fundação dos tanques, especialmente devido à eliminação da laje de concreto e das estacas.
As características do melhoramento executado foram:

• Estacas de argamassa com comprimento médio de 6 a 8 m.


• Traço em volume de 1 : 10 : 5 (cimento : pó-de-pedra : brita 50 mm).
• Malha quadrada de compactação sob a projeção do tanque com 1,20 m de lado.
• Taxa de trabalho para o terreno de 200 kPa (tanques com altura de até 20 m).

A Figura 6.25 mostra as sondagens realizadas antes e após o melhoramento em um dos


tanques. De um modo geral há um aumento da resistência a penetração do terreno em toda
a sua profundidade. No entanto, como era esperada, a eficiência do melhoramento se reduz
substancialmente no trecho da lente argilosa.
Figura 6.23 – Detalhe da malha do melhoramento com estacas de compactação.

Figura 6.24 – Detalhe da fundação dos tanques.


N-SPT
0.00 20.00 40.00

0.00
SONDAGEM

SP-55 (APÓS)

SP-56 (APÓS)

SP-57 (APÓS)

SP-58 (APÓS)
2.00
SP-59 (APÓS)

SP-94 (APÓS)

SP-95 (APÓS)

SP-96 (APÓS)
LENTE
SP-16 (ANTES) ARGILOSA
PROFUNDIDADE (m)
4.00 SP-25 (ANTES)

SP-26 (ANTES)

6.00

8.00

10.00

Figura 6.25 – Sondagens a percussão antes e após o melhoramento.

Foram feitos vários ensaios de placas em diferentes situações: (i) placa de 0,30 m de
diâmetro sobre uma estaca; (ii) placa de 0,80 m de diâmetro sobre o solo entre as estacas;
(iii) placa de 1,10 x 1,10 m sobre o solo mais quatro estacas. A Figura 6.26 mostra os
resultados de três dos ensaios realizados, que mostram que para a taxa de trabalho de
200 kPa o recalque varia de 0,20 a 0,40 % do diâmetro da placa. Estes ensaios serviram de
base para a previsão do recalque final dos tanques após o enchimento.
PRESSÃO (kPa)
0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00

0.00

0.40
RECALQUE NORMALIZADO (%)

0.80

1.20

PROVA DE CARGA

PC-2 (SOLO) - TQ08

PC-3 (SOLO+ESTACAS) - TQ08

PC-6 (SOLO+ESTACAS) - TQ04


1.60

Figura 6.26 – Resultados dos ensaios de placa.


A Figura 6.27 mostra o recalque dos tanques durante o teste de enchimento. O máximo
recalque medido foi igual a 17 mm (TQ-06 e TQ-08), evidenciando a eficiência do
melhoramento do terreno.
Finalmente a Figura 6.28 mostra os mesmos testes de enchimento dos tanques, só que
com recalques normalizados (recalque dividido pelo diâmetro do tanque). O máximo
recalque normalizado foi igual a 0,07 % para a taxa de trabalho de 200 kPa, ou seja, bem
menor que os recalques normalizados medidos nos ensaios de placa.

PRESSÃO (kPa)
0.00 50.00 100.00 150.00 200.00 250.00

0.00
TANQUE

TQ-03

TQ-04

4.00 TQ-05

TQ-06
RECALQUE DA CHAPA (mm)

TQ-07

TQ-08

TQ-09
8.00
TQ-10

TQ-11

TQ-12

TQ-13
12.00
TQ-14

TQ-15

16.00

20.00

Figura 6.27 – Ensaios de enchimento dos tanques.

PRESSÃO (kPa)
0.00 50.00 100.00 150.00 200.00 250.00

0.00

TANQUE

TQ-03

TQ-04

TQ-05
0.02
RECALQUE NORMALIZADO (%)

TQ-06

TQ-07

TQ-08

TQ-09

TQ-10
0.04
TQ-11

TQ-12

TQ-13

TQ-14

TQ-15
0.06

0.08

Figura 6.28 – Ensaios de enchimento dos tanques.


6.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Estrutura em um Edifício com Fundação em Solo Melhorado”. Simpósio Interação
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